Edição 24
FEVEREIRO/22
ECONOMIA BRASILEIRA .......................................................................2 DADOS IMPORTANTES ............................................................................3 DADOS MACRO AMÉRICA LATINA ............................................................3 ÍNDICES DE CONFIANÇA ..........................................................................4
INDÚSTRIA DO TURISMO ....................................................................5
PRINCIPAIS FATOS A economia brasileira começa 2022 com sinais não tão positivos. Antes da chegada da variante Ômicron no país, no mês de janeiro, alguns setores, como o comércio, já demonstravam perda de fôlego. No último bimestre, por exemplo, as vendas recuaram 2,8% em relação a 2020, embora o ano tenha fechado no positivo em 4,5%, de acordo com dados do IBGE. Esse desempenho foi aquém do esperado. Até porque, houve uma geração de 2,7 milhões de empregos formais no ano passado, o que por consequência, mais trabalhadores receberam o 13º salário nos últimos dois meses do ano, o que poderia animar o varejo. Porém, os consumidores não estavam numa situação favorável para expandir o consumo. O percentual de famílias endividadas atingiu recorde em dezembro de 73,6%, segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC). Além disso, a inflação oficial do país, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerrou 2021 com alta de 10,06%, a maior alta desde 2015. Não fosse o suficiente esse aperto na renda, a taxa básica de juros, a SELIC, subiu de 2% ao ano para 9,25% ao longo do ano passado, encarecendo o crédito e o financiamento para o consumidor. Da mesma forma a indústria que fechou o ano com desempenho positivo, alta de 3,9%, mas registrou queda de 4,7% no último bimestre de 2021. Com a redução da demanda e o aumento dos juros seria natural esperar um esfriamento da produção industrial. O setor de serviços, por outro lado, despontou com alta de 10,9% no ano passado e de 10,3% no último trimestre. Além de ter tido uma base fraca de comparação em 2020, com retração de 7,8%, dois grupos contribuíram bastante pra o avanço do segmento que corresponde a mais de 70% do PIB: turismo e TI (tecnologia da informação). Embora o primeiro tenha mostrado crescimento de 22,1%, ainda não superou o patamar pré-pandemia de 2019. E o segundo, além de ter crescido 9,4% no ano passado, chegou ao maior nível da série no mês de dezembro. Desta forma, os serviços têm resultados distintos em relação a série histórica, mas o mais importante é que mostra uma retomada mais consolidada. Ainda falando sobre turismo, no levantamento da FecomercioSP, o turismo nacional faturou R$ 152 bilhões no ano passado, alta de 12%. No entanto, esse montante está 24,2% abaixo do nível de 2019. É necessário destacar que o segmento conseguiu se recuperar mais na segunda etapa de 2021, por conta do arrefecimento da segunda onda do Covid e do ritmo da vacinação, variável fundamental para a retomada do turismo. No entanto, entrando em 2022, com a explosão de casos da variante Ômicron, os setores de turismo e eventos são novamente impactados com cancelamentos e remarcações, além da postergação das festas de Carnaval que, a princípio, aconteceriam no início de março. O cenário para este ano é desafiador. A necessidade de subir a taxa de juros para conter a inflação terá um efeito danoso para a economia. É importante ressaltar que esse movimento não é exclusivo do Brasil, a inflação sobe no mundo todo e os bancos centrais estão seguindo na tendência de elevação da taxa de juros. No Brasil, a SELIC passou de 2% para 9,25% no ano passado, subindo, neste mês, na última reunião do Conselho de Política Monetária (COPOM), do Banco Central, para 10,75% e se encaminha para 12%. Normalmente, os ciclos de expansão ou contração monetária são longos. Contudo, com a pandemia, os movimentos foram mais acentuados e certamente dará um freio na demanda agregada, investimentos e consumo. Ao mesmo tempo, a inflação não deve ceder. A expectativa é de um aumento de preços de 6% este ano.
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O choque de oferta causado pela pandemia ainda gera resquícios para a cadeia produtiva global, preços de commodities e que acaba chegando ao consumidor. O problema é o quadro de estagflação, crescimento nulo com inflação alta. Com menor incentivo ao investimento produtivo, dado o aumento de juros, o mercado de trabalho tende a esfriar e, com isso, reduz a possibilidade de recuperação da renda. Desta forma, o comércio deve sofrer com ritmo menor de consumo. O dólar mais barato poderia contribuir para amenizar a inflação. Recentemente oscilando próximo a R$ 5,20 por cada dólar, ainda desceu pouco para compensar o avanço das commodities que, por exemplo, o petróleo que saiu da casa dos 80 dólares o barril Brent e superou os 90 dólares, nos últimos meses. Contudo, a taxa de juros indo próximo a 12% e inflação buscando os 6%, vai tornar o Brasil atrativo para capital especulativo externo. Ou seja, mais dólares entrando na economia, menor tende ser a cotação. Porém, como a economia e política do país oscilam demasiadamente, sempre mantendo as incertezas, isso exerce uma pressão contrária evitando uma valorização ainda maior da moeda nacional. Portanto, 2022 será mais um ano de crescimento fraco, inflação alta e juros nas alturas. Novamente, não é exclusivo do Brasil, mas são os desafios que os países enfrentarão neste terceiro ano de pandemia no mundo. DADOS IMPORTANTES: A taxa de desemprego entre os meses de setembro a novembro foi de 11,6%, muito abaixo dos 14,4% do mesmo período de 2020. Atualmente, são 12,4 milhões de pessoas procurando emprego, 2 milhões a menos do que um ano antes.
n
A expectativa para a safra de grãos no Brasil é muito positiva. Segundo o IBGE, deve haver neste ano uma produção de 138 milhões de toneladas da soja, 2,4% a mais em relação a anterior. O milho tem crescimento projetado de 24,1% com a produção de quase 110 milhões de toneladas. n
O preço da gasolina tem subido no mundo todo. No Brasil, o combustível subiu 42,71% no acumulado em 12 meses até janeiro, segundo o IBGE. n
A taxa de juros média de mercado cobrada do consumidor atingiu 45,1% ao ano em dezembro. Um ano antes, a taxa era de 37,2%. Se o consumidor não pagar, por exemplo, a fatura do cartão de crédito, pagará uma taxa média de 349,6% ao ano. n
Dados Macro América Latina
Argentina
Brasil
Chile
Colômbia
México
Peru
Taxa de desemprego
8,20%
11,60%
7,20%
11,00%
4,00%
10,70%
Taxa básica de juros
40,00%
10,75%
5,50%
4,00%
5,50%
3,00%
Inflação (LTM - out *)
50,90%
10,38%
7,70%
6,94%
7,07%
6,33%
*LTM - Últimos doze meses até dez Legenda: Verde, Vermelho e Preto Os dados ficam melhores, piores e iguais do que no mês anterior.
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ÍNDICES DE CONFIANÇA: O Índice de Confiança do Consumir volta a recuar influenciado pelos efeitos da variante Ômicron. Em janeiro, o ICCF atingiu 108,4 pontos, queda de 3,3% em relação a dezembro e retração de 6,7% no contraponto anual. Além disso, tem a redução da confiança por conta da inflação alta e do recorde de famílias endividadas. O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) atingiu o maior patamar desde março de 2020 com 119,6 pontos, alta mensal de 2,1% e crescimento de 21,8% na comparação anual. Importante ressaltar que os empresários ficaram otimistas em relação as vendas de final de ano, mas que nãos se confirmaram. Desta forma, a tendência é de redução da confiança nos próximos meses devido a restrição de renda pelo consumidor. Índice de Confiança do Consumidor (ICC) e Empresário Comercial (ICEC)
Consumer Confident Index (ICC) and Comerce Businessman (ICEC) 150 140 130 120 110 100 90 80
CCI
Nov-21
Aug-21
May-21
Feb-21
Nov-20
Aug-20
May-20
Feb-20
Nov-19
Aug-19
May-19
Feb-19
Nov-18
Aug-18
May-18
Feb-18
Nov-17
Aug-17
May-17
Feb-17
Nov-16
Aug-16
May-16
60
Feb-16
70
ICEC
Nota: O ICC e ICEC variam de 0 a 200. De 100 a 200 pontos é considerado um patamar otimista, e abaixo dos 100 pontos pessimista. Apesar dos indicadores serem da cidade de São Paulo, eles seguem na tendência do que está acontecendo no resto do País já que a cidade, maior do Brasil, representa 11% do PIB nacional.
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INDÚSTRIA DO TURISMO A despeito do impacto da ômicron e enfraquecimento da economia do Brasil neste início de ano, grande parte dos brasileiros mantém as viagens como uma das prioridades de consumo e pretendem tirar uns dias fora de casa pelo menos uma vez em 2022. O avanço da vacinação tornou os consumidores mais confiantes em enfrentar a pandemia e colocar em execução os planos represados durante o período de isolamento. Quase metade (43%) das pessoas estão poupando para viajar nos próximos seis meses, mostra um estudo publicado pela Plataforma Gente, da Rede Globo, em busca de bem-estar e distração dos percalços pessoais e profissionais gerados pela crise. E é o lazer doméstico que deve continuar conduzindo o setor nos próximos meses. A oferta aérea internacional ainda não alcançou o volume pré-pandemia, o câmbio brasileiro está desfavorável e, de maneira geral, o consumidor parece estar mais seguro em viajar dentro de seu próprio país. Viagens a lazer atraem 83% dos brasileiros que pretendem embarcar, sendo 71% deles atraídos pelo preço como fator principal. Uma das maiores OTAs do Brasil, a ViajaNet, apontou que a compra de voos domésticos cresceu mais de 76% em 2021 Ainda assim, a tendência é de aumento nos embarques internacionais no Brasil, conforme os países mais almejados pelos consumidores já têm fronteiras abertas, como Estados Unidos, França, Espanha, Portugal e Argentina, muitos dos quais vão flexibilizando suas regras de entrada e protocolos. A hotelaria brasileira apresentou sinais de recuperação em 2021. Cresceu 47,9% em ocupação e 46,2% em receita por apartamento na comparação com 2020, mas ainda está abaixo do pré-pandemia: 32,8% menos ocupação e 37,5% menos receita por apartamento versus 2019. Os dados são do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB). A CVC Corp, maior empresa de Turismo do País, atingiu, no ano passado, metade da vendas de 2019 e embarcou 7,7 milhões de clientes no período. Os R$ 9 bilhões de receita em 2021 superaram os R$ 6,4 bilhões em 2020. Outro índice que aponta para um aquecimento do Turismo brasileiro em 2021 é o de empregos. O setor foi responsável por 5,76% das novas vagas registradas no País, o que representa 162,6 mil das 2,82 milhões registradas como saldo positivo no ano. Os dados são da Monitora Turismo.
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No corporativo, que tem a curva de crescimento mais tímida nesta pandemia, há esperança de que as TMCs alcancem os números pré-pandemia já em julho deste ano. Os dados são da Abracorp, a principal associação das agências de viagens corporativas do País, que se respalda na soma de R$ 4,3 bilhões em 2021, o que representa 40% do volume de 2019. Dois dos registros mais negativos destas primeiras semanas de 2022 são as incertezas sobre o Imposto de Renda Retido na Fonte sobre Remessas ao Exterior, uma taxa que impacta profundamente as vendas de viagens internacionais para players brasileiros, deixando a competição com fornecedores e OTAs estrangeiras com uma disparidade amarga. O Ministério do Turismo garante que busca uma solução, mas depende de outras pastas, principalmente do Ministério da Economia, para poder encontrá-la. Por fim, a temporada de cruzeiros, que foi paralisada em 4 de janeiro e após vários adiamentos sobre seu retorno, segue causando prejuízo para o setor. Ao que tudo indica há uma disputa política nos Estados para que a volta seja confirmada. É ano de eleição no País. Relatório produzido pela PANROTAS e pela FecomercioSP com o objetivo de servir como norteador de decisões para destinos e empresas nacionais estrangeiras. Para mais informações ou esclarecimentos, entre em contato com ri@fecomercio.com.br ou redacao@panrotas.com.br.
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