Edição 29
JULHO/22
ECONOMIA BRASILEIRA .......................................................................2 DADOS IMPORTANTES ............................................................................3 DADOS MACRO AMÉRICA LATINA ............................................................3 ÍNDICES DE CONFIANÇA ..........................................................................4
INDÚSTRIA DO TURISMO ....................................................................5
PRINCIPAIS FATOS As notícias da economia mundo à fora não estão seguindo um rumo favorável. A corrida dos bancos centrais para subir taxa de juros visando combater a inflação tem criado um forte temor de uma recessão global. Soma-se a isso, o receio do enfraquecimento da economia europeia diante dos desafios energéticos, com possíveis problemas de fornecimento de gás natural russo no futuro próximo. A cautela está tomando conta e é possível detectar através duas tendências: a valorização da moeda americana e o recuo gradativo no preço das commodities. Por exemplo, o preço do barril de petróleo, tipo Brent, que chegou a bater os 120 dólares, tem atingido um patamar abaixo dos 100 dólares. Trazendo a análise para o Brasil, o Banco Central subiu novamente a taxa de juros, de 12,75% para os atuais 13,25% ao ano. Mesmo com um juro real, acima da inflação, muito favorável e atrativo para o capital estrangeiro, o real não tem conseguido se valorizar. Pelo contrário, a onda é tão grande de busca pela segurança no dólar, que o real retomou um nível próximo a R$ 5,40, antes oscilando ao redor dos 5 reais. Apesar com a escalada dos juros, a inflação continua bem alta para os patamares desejados pelo Banco Central. Segundo o IBGE, os preços sobem 11,89% em 12 meses até junho. Contudo, a tendência é de arrefecimento nos próximos meses. Isso porque houve uma medida de limitação máxima da alíquota em 17% do principal imposto estadual, o ICMS, sobre combustíveis. O intervalo cobrado nos estados era de 25 a 34%. A redução foi imediata e logo na primeira semana de julho o preço médio da gasolina no país caiu quase 10%, segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo). Esse combustível é o que mais pesa individualmente no índice de preços ao consumidor. A queda nos preços das commodities, como é o caso do milho, soja e trigo, também deve contribuir para amenizar a inflação ao longo do semestre deste ano. Isso será importante para recompor o poder de compra da população. Para se ter uma ideia, o rendimento médio real dos trabalhadores brasileiros está em R$ 2.613, 7% abaixo em relação ao mesmo período do ano passado (R$ 2.817), embora a taxa de desemprego tenha atingido o menor patamar desde o final de 2016, com 9,8%. Ou seja, o mercado de trabalho está aquecido, porém, a recolocação no trabalho está sendo com salário menor e a inflação tem corroído os ganhos. Além do emprego, outras variáveis têm mostrado o caminho de recuperação da economia brasileira. O destaque vai para o setor de serviços que cresceu 9,2% em maio no comparativo anual, segundo o IBGE. O turismo, em específico, registrou aumento de 41,8% no mês de maio e acumula alta de 34,2% no ano, segundo dados da FecomercioSP. Dentre os setores analisados pela Entidade, o transporte aéreo é o que mais cresce, 131,9% no último mês pesquisado. Pelo lado do comércio, apesar da queda de 0,7% em maio, o saldo no ano é positivo em 1%. Vale destacar o desempenho assimétrico do segmento. Por exemplo, no campo positivo, os setores de vestuário e calçados e farmácias que cresceram 8,3% e 9,2% em maio, respectivamente. Já entre os setores que registraram queda, chama a atenção dos móveis e eletrodomésticos (-12,6%) e de materiais de construção (-7,7%). Os dados indicam o desgaste das atividades que dependem do crédito, dado o aumento importante da taxa de juros. E a indústria, por fim, apresentou leve aumento de 0,5% em maio na comparação com o mesmo período do ano passado. Da mesma forma como o varejo, há resultado desiguais quando olhado no detalhe, como, por exemplo, a queda de -8,2% para a indústria extrativa e elevação de 15,3% da indústria de derivados de petróleo.
P. 2
Olhando um pouco mais a frente, o que deve colaborar para aquecer a economia doméstica no segundo semestre é a injeção do Auxílio Brasil de R$ 600 entre outros benefícios sociais, no sentido de amenizar os impactos da inflação aos mais pobres, contidos na proposta do governo e aprovado pelo Congresso. São pouco mais de R$ 40 bilhões para atender os objetivos da proposta. Contudo, liga um alerta para o aumento da dívida, uma vez que esse montante não estava previsto no orçamento federal. Os números, neste momento, são positivos para a economia brasileira. A questão é que a probabilidade da recessão econômica em 2023 ganha cada vez mais força. Com a inflação americana atingindo o maior nível em 40 anos, superando os 9%, forçará o Federal Reserve a frear mais a economia com o aumento de juros, o que trará efeitos para a economia global. E o Brasil não sairá ileso, pois é um grande exportador de commodities, ou seja, tendência de vender menos e a um preço menor. Portanto, é comemorar os bons dados do momento, mas com o radar ligado para os inúmeros desafios pela frente que o Brasil e o mundo terão que enfrentar no futuro próximo. DADOS IMPORTANTES: A inflação foi de 0,67% em maio. Todos os nove grupos pesquisados pelo IBGE registraram aumento no mês. A maior variação foi do setor de vestuário com 1,67%, seguido dos 1,24% do grupo saúde e cuidados pessoais. Alimentos e bebidas ainda estão pressionados, com alta superior a inflação geral, de 0,80% no mês e acumulando 8,42% no primeiro semestre. No próximo mês já deve vir uma deflação por conta da redução do preço dos combustíveis, gasolina e etanol.
n
A inflação do turismo foi de 41% nos últimos 12 meses até junho, de acordo com cálculos da FecomercioSP. O índice foi puxado pelo aumento das passagens aéreas em 122,40%. Esse item tem sofrido por conta do aumento do preço do querosene de aviação.
n
Em junho, o percentual de famílias brasileiras com contas em atraso foi de 28,5%, a primeira queda após 8 meses de altas consecutivas. De acordo com os dados da Confederação Nacional do Comércio (CNC), A inflação alta e o crédito mais caro têm dificultado o acerto de contas das famílias. n
O mercado de trabalho formal, com carteira assinada, segue aquecido no Brasil. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), do Ministério da Economia, de janeiro a maio, houve a abertura de pouco mais de um milhão de vagas, com destaque para o setor de serviços (658 mil) e a indústria (175 mil).
n
Dados Macro América Latina
Argentina
Brasil
Chile
Colombia
México
Peru
Taxa de desemprego
7,00%
9,80%
7,80%
11,60%
3,40%
7,20%
Taxa básica de juros
52,00%
13,25%
9,75%
7,75%
7,99%
6,00%
Inflação (LTM - Jun )
60,70%
11,89%
12,50%
9,67%
7,65%
9,32%
*
*
LTM - Últimos doze meses
até Junho Legenda: Verde, Vermelho e Preto Os dados ficam melhores, piores e iguais do que no mês anterior.
P. 3
ÍNDICES DE CONFIANÇA: O Índice de Confiança do Consumir recuou 2,1% no mês de junho e atinge 103,6 pontos ante 105,9 pontos de maio. Na comparação com o mesmo mês de 2021, queda é de 3,5%. Por um lado, o mercado de trabalho aquecido segura o nível de confiança no patamar de otimismo, acima dos 100 pontos, mas por outro, a inflação tem tirado o poder de compra das famílias na cidade e limita o avanço do indicador. A tendência é de aumento nos próximos meses dada a redução importante no preço da gasolina. O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) registrou elevação de 2,1% em junho ao passar de 117,5 pontos em maio para os atuais 120 pontos. No contraponto anual, o avanço foi de 32,4%. As vendas no comércio, sobretudo no mês de maio, período do Dia das Mães, foram positivas e animaram os empresários do setor. A injeção dos recursos do Auxílio Brasil deve manter aquecidas as vendas no setor e, por consequência, a confiança do empresário.
Índice de Confiança do Consumidor (ICC) e Empresário Comercial (ICEC)
Consumer Confident Index (ICC) and Comerce Businessman (ICEC)
150 140 130 120 110 100 90
ICC
mai/22
fev/22
nov /21
ago/21
mai/21
fev/21
nov /20
ago/20
mai/20
fev/20
nov /19
ago/19
mai/19
fev/19
nov /18
ago/18
mai/18
fev/18
nov /17
ago/17
mai/17
fev/17
nov /16
ago/16
60
fev/16
70
mai/16
80
ICEC
Nota: O ICC e ICEC variam de 0 a 200. De 100 a 200 pontos é considerado um patamar otimista, e abaixo dos 100 pontos pessimista. Apesar dos indicadores serem da cidade de São Paulo, eles seguem na tendência do que está acontecendo no resto do País já que a cidade, maior do Brasil, representa 11% do PIB nacional.
P. 4
VIAGENS E TURISMO Um levantamento do Conselho de Turismo da FecomercioSP revelou que o preço das passagens aéreas no Brasil aumentou 122,4% em um ano. O estudo também mostra que os serviços ligados ao Turismo estão 41,39% mais caros do que em 2021, quando se compara a inflação para o setor no mês de junho. A passagem aérea é a que mais contribui para esse encarecimento, com alta de 122,4% em 12 meses. Embora o momento seja de alta temporada no Brasil (férias de junho/julho), fator que já contribui para o aumento do valor dos bilhetes, há outras questões influenciando os números. Dentre elas, o aumento do querosene de aviação (70% este ano) e do dólar (R$ 5,4 = US$ 1), além da limitação do aumento da oferta de assentos e da dificuldade de recomposição de mão de obra. Porém, ainda que haja uma demanda reprimida pressionando os preços em função da temporada de férias, a elevação é reflexo, principalmente, da inflação nos custos das empresas, após dois anos de dificuldades e falta de apoio governamental, de acordo com a presidente do Conselho de Turismo da FecomerioSP, Mariana Aldrigui. Esse é o grande desafio do Turismo neste momento no País: está mais caro viajar e o consumidor precisa de formas de pagamento facilitada, valor agregado aos produtos, preços atraentes (e até financiamento), e facilidades no processo. O caos aéreo que vemos nos Estados Unidos e Europa, com muitos cancelamentos e atrasos em voos, não chegou no Brasil, que experimentou algo similar apenas em janeiro deste ano, devido ao afastamento de tripulantes por conta da ômicron. Por aqui, os desafios da aviação, além dos custos, incluem decifrar como será a volta de 100% das viagens corporativas (o setor parece não ter entendido ainda como esse viajante está se comportando), acertar no retorno da oferta adequada dos voos internacionais (algo que acontecerá por completo entre dezembro de 2022 e o começo de 2024, dependendo da companhia aérea) e retomar a conectividade pelo Brasil, já que a malha está muito concentrada na região Sudeste, onde estão São Paulo e Rio de Janeiro. Em julho de 2023, o Brasil conta com 826 voos internacionais por semana, sendo que 71% das saídas estão concentradas em São Paulo, especialmente no GRU Airport. ALÉM DA AVIAÇÃO Em outros setores, como de operadoras e agências de viagens, os desafios dos custos também são grandes, e o viajante conta com a expertise desses profissionais para conseguirem encaixar a viagem em seu orçamento. Em ano de Copa do Mundo, espera-se uma parada nos negócios durante o torneio (novembro/dezembro), com as férias de janeiro e fevereiro prometendo um retorno à normalidade. Se os custos das viagens internacionais continuarem disparando, o doméstico absorverá essa demanda, mas também com preços que há tempos não se via em resorts, hotéis e atrações nacionais.
P. 5
EVENTOS O segundo semestre tem alguns dos mais importantes eventos da indústria no Brasil, com destaque para o Visit USA em agosto (São Paulo e Campinas), Abav Expo em setembro (Pernambuco, Nordeste do Brasil), BTM (Fortaleza, em outubro) e Festuris Gramado (novembro, no Rio Grande do Sul). A PANROTAS terá estandes em todos esses eventos e ainda organiza, em outubro, o almoço dos 100 Mais Poderosos do Turismo 2023.
Relatório produzido pela PANROTAS e pela FecomercioSP com o objetivo de servir como norteador de decisões para destinos e empresas nacionais estrangeiras. Para mais informações ou esclarecimentos, entre em contato com ri@fecomercio.com.br ou redacao@panrotas.com.br.
P. 6