Edição 27
MAIO/22
ECONOMIA BRASILEIRA .......................................................................2 DADOS IMPORTANTES ............................................................................4 ÍNDICES DE CONFIANÇA ..........................................................................5
PRINCIPAIS FATOS Passados dois anos de pandemia do coronavírus, quando a situação parecia já está relativamente superada em grande parte do mundo, aparece, mais especificamente na China, novas restrições, lockdowns em cidades importantes, como é o caso de Xangai. Embora o Brasil esteja voltando a sua normalidade, com a eliminação da necessidade de uso de máscaras e circulação sem restrições, os efeitos das paralisações das empresas e atrasos nos portos daquele país terão efeitos muito negativos para a economia brasileira, em relação a inflação e ao crescimento econômico. Adiciona a esse cenário negativo a guerra na Ucrânia, que parece não estar perto do seu fim, mantendo a pressão sobre os preços das principais commodities. Essa elevação do risco e instabilidade mundial têm impactado nas moedas mundo à fora e o real segue a tendência. Houve novamente uma desvalorização da moeda brasileira, voltando a superar os R$ 5 por cada dólar, mesmo com o Banco Central subindo novamente a taxa básica de juros, a SELIC, em um ponto percentual, de 11,75% para 12,75% ao ano. A tendência é de novos aumentos, com a expectativa de chegar próximo a 14% ao ano até o final do ano. O aumento de juros é uma forma de política para tentar conter a inflação. No entanto, o aumento de preços é global, ou seja, tendo a SELIC poder reduzido de interferência na solução do problema. E no Brasil, a inflação oficial acelerou em março em 1,62% e, apesar da desaceleração em abril, segue com variação superior a 1% no mês, com 1,06%, maior variação para o mês desde 1996. No acumulado de 12 meses está em 12,13%, de acordo com o IBGE. O destaque tem sido dos combustíveis, aumento da gasolina e óleo diesel, com interferência direta no bolso dos consumidores ao abastecer o seu veículo e indireta através do encarecimento do frete rodoviário e que chega impactando os preços nas gôndolas dos supermercados, por exemplo, grupo que também tem pressionado a inflação geral. Produtos derivados de soja e trigo, como óleo de soja e pão francês, também tem tido forte aumento para o consumidor em decorrência das commodities em expansão. As variáveis inflação e o juros altos têm limitado a capacidade de consumo das famílias. Soma-se a isso, o nível recorde de famílias com contas em atraso, três a cada dez famílias brasileiras segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC). Tanto que as vendas do comércio têm sido mais fracas que o esperado. No acumulado de janeiro a março, a alta foi de 1,1%. Desta forma, no sentido de estimular o consumo e dar condições para que as famílias
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consigam pagar suas dívidas em atraso, o governo federal tomou duas medidas relevantes: a liberação de parte do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e antecipou o 13º salário para aposentados e pensionistas. No caso do FGTS, até meados de maio, foram sacados R$ 124 bilhões (aprox. US$ 25 bi). Esse montante representa pouco mais de 5% do total das vendas do comércio. No entanto, sabe-se que nem todo esse recurso será destinado ao comércio, parte dele será usado para pagamento de dívidas e contas do dia a dia. De qualquer forma, terá um efeito de tração de consumo e de vendas no curto prazo. A maior movimentação no comércio contribuirá para reaquecer a indústria, que acumula queda de 4,5% no acumulado do primeiro trimestre. Já o setor de serviços foge da tendência geral, de uma economia mais fraca e segue em expansão, com alta de 9,4% nos três primeiros meses, sendo que março foi o melhor resultado para o mês desde 2015. Entrando nos segmentos dos serviços, o turismo é o destaque nos números. Segundo levantamento da FecomercioSP, o setor faturou 44,6 bilhões de reais no primeiro trimestre deste ano, alta de 27,5% na comparação com igual período do ano passado. As atividades que estão mais influenciando o desempenho do turismo são: transporte aéreo (72,6%) e alojamento e alimentação (25,9%). Outra área da economia que tem tido bons ganhos é o do agronegócio, impulsionada pelo aumento dos preços das commodities no mercado internacional. A safra de grãos no Brasil, por exemplo, será recorde com 262 milhões de toneladas. Apesar dos custos estarem subindo também, o quadro ainda é favorável incentivando investimentos e criação de empregos, estimulando economias regionais. A economia brasileira vive momentos distintos dependendo do setor e da variável econômica. De maneira geral, a inflação e juros elevados evitam um crescimento maior da economia. A indústria amarga retrações consecutivas e comércio segue de forma lenta. Por outro lado, a geração de emprego continua positiva consistente, mas não suficiente para recompor a renda da família pela perda da inflação. E o agronegócio e turismo, por exemplo, se beneficiam por diferentes razões e registram fortes elevações. Mesmo que haja uma recuperação lenta da economia brasileira neste ano, é necessário ficar em alerta com os possíveis novos aumentos de juros no Estados Unidos. Se houver um freio muito forte lá para contar a inflação, a maior em 40 anos, o mundo todo sentirá os reflexos e o Brasil ainda mais por ser uma economia mais fragilizada e em crise desse 2015.
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DADOS IMPORTANTES: n
A inflação de abril foi de 1,06% puxada por dois grupos: Alimentação e Bebidas (2,06%) e
Transportes (1,91%). Esses foram responsáveis por 80% da elevação do índice geral no mês. No caso de alimentação, a inflação está espalhada por cerca de 70% dos itens de consumo. Sobre transportes, a gasolina encareceu 2,48%, esse é item que tem o maior peso no indicador de inflação. n
As vendas no comércio varejista cresceram 4,5% em março na comparação anual. Somente
um dos grupos analisados pelo IBGE não teve crescimento no mês. O destaque vai para o setor de vestuário e calçados com alta anual de 81,3% e para as vendas de veículos (7,3%). n
O dado de emprego de março aponta criação de 136 mil novas vagas formais, acumulando
615,2 mil no primeiro trimestre. Enquanto o setor de serviços lidera a geração de emprego nos três primeiros meses (433 mil), o comércio teve fechamento de 54,1 mil vagas. .
Latin America Macro Data
Argentina
Brazil
Chile
Colombia
Mexico
Peru
Unemployment rate
7,00%
11,10%
7,80%
12,10%
3,50%
9,40%
Basic interest rate
47,00%
12,75%
8,25%
6,00%
6,50%
4,50%
Inflation (LTM - apr*)
55,10%
12,13%
10,50%
9,23%
7,60%
8,62%
*LTM - Last Twelve Months Until April (Except Argentina) Legend: Green, Red and Black The data get better, worse and equal than the previous month.
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ÍNDICES DE CONFIANÇA: O Índice de Confiança do Consumir volta a apontar queda. Em abril, o indicador atingiu os 104,3 pontos, 0,7% a menos do que março e -0,6% no contraponto anual. Os consumidores têm sentido o impacto da inflação no orçamento doméstico e com os juros mais altos, está mais difícil contrair crédito para tentar manter o consumo. O cenário não é mais negativo por conta da geração de emprego positiva desde o ano passado, contribuindo para a proteção contra o aumento de preços. O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) fica praticamente estável em abril com variação de 0,4% e registrando 114,9 pontos. Na comparação anual, no entanto, há crescimento de 28,2%, quando nesse mesmo período do ano passado a economia brasileira sofria várias restrições diante a segunda onda da pandemia do coronavírus. Com a injeção de recursos na economia, dinheiro do FGTS e do 13º salário, a tendência é que as vendas se aqueçam, favorecendo o humor do empresário na capital paulita.
Índice de Confiança do Consumidor (ICC) e Empresário Comercial (ICEC)
Nota: O ICC e ICEC variam de 0 a 200. De 100 a 200 pontos é considerado um patamar otimista, e abaixo dos 100 pontos pessimista. Apesar dos indicadores serem da cidade de São Paulo, eles seguem na tendência do que está acontecendo no resto do País já que a cidade, maior do Brasil, representa 11% do PIB nacional
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Relatório produzido pela PANROTAS e pela FecomercioSP com o objetivo de servir como norteador de decisões para destinos e empresas nacionais estrangeiras. Para mais informações ou esclarecimentos, entre em contato com ri@fecomercio.com.br ou redacao@panrotas.com.br.
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