Edição 23
novembro/21
PRINCIPAIS FATOS ..............................................................................2 DADOS IMPORTANTES ............................................................................3 DADOS MACRO AMÉRICA LATINA ............................................................3 ÍNDICES DE CONFIANÇA ..........................................................................4 VIAGENS E TURISMO..............................................................................5
PRINCIPAIS FATOS Para enfrentar o desafio de controlar a inflação, vários países têm seguido pelo caminho do aumento dos juros. E o Banco Central do Brasil tem feito um grande esforço neste sentido, elevando a SELIC, taxa básica de juros da economia, em 1,50 ponto percentual, ao passar de 6,25% para os atuais 7,75% ao ano. O ritmo que o BC imprimia nas reuniões anteriores era de aumento de um ponto em cada. Porém, como a inflação brasileira tem ficado acima das expectativas e resistente num patamar elevado, o remédio dosado ficou mais amargo. Na última reunião do ano, na primeira semana de dezembro, espera-se a taxa de juros nos 9,25% ao ano. No entanto, é sabido que o atual processo inflacionário no mundo é de oferta e não de demanda. Com a pandemia, houve uma desorganização na cadeia produtiva global. Os estímulos dados para reaquecer a economia pegou o setor produtivo de surpresa, não tendo condições, de maneira geral, de ofertar na quantidade pré-pandemia. E esse desequilíbrio foi passado para os preços, como foi visto na escalada das commodities. No Brasil, há algo mais específico que tem sido relatado nos BOMR anteriores, sobre a escassez hídrica e a consequência no preço da energia elétrica. A necessidade de geração de energia das termelétricas já traz, tradicionalmente, um custo mais elevado do que pela fonte hidrelétrica. Agora, o custo é potencializado por conta dos insumos, gás e óleo diesel, por exemplo, que tiveram uma disparada de preços no último ano. Desta forma, o aumento de juros no país não tem efeito sobre as chuvas, os preços das commodities no mundo, etc. Porém, o caminho que o Banco Central tem buscado é subir a SELIC na tentativa de redução da taxa de câmbio, que segue resiliente oscilando próximo ao nível de R$ 5,50 por dólar. E por que a taxa de câmbio não tem cedido como esperado após aumentos sequenciais de juros? Porque há incertezas sobre a política fiscal, do cumprimento do teto dos gastos. Esse é o assunto do momento no Brasil. O governo deseja implementar o programa social Auxílio Brasil, uma versão atualizada do Bolsa Família. O valor do benefício deve ser de R$ 400 por mês (aprox. US$ 70) para aquelas famílias em situação social vulnerável. No entanto, para colocar o programa de pé, o custo ultrapassaria o limite máximo de gastos, cerca de R$ 30 bilhões (aprox. US$ 5,5 bi) além do permitido. A saída encontrada foi a articulação para aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios. Resumindo, são dívidas já decididas pela justiça que o governo tem que pagar a cidadãos e empresas, mas que poderão ser pagas mais a frente, caso a proposta seja aprovada, abrindo espaço no orçamento no momento para implementar o programa social por completo. A PEC passou pela Câmara e está em negociação no Senado e encontra dificuldades. Portanto, a incerteza sobre a responsabilidade fiscal é o que tem gerado a instabilidade na economia e que tem reflexo na taxa de câmbio. Assim, a inflação no Brasil continua muito acima do patamar razoável. Somente em outubro a alta do IPCA, índice oficial do país, foi de 1,25% e acumula 10,67% em 12 meses, segundo o IBGE. O que tem pesado para o aumento de preços é o grupo Transportes, sobretudo, os combustíveis, com alta mensal de 3,10% da gasolina, 5,77% para o óleo diesel e 3,54% para o etanol. Os alimentos e bebidas também pressionam a inflação com aumento, em outubro, de 1,17%. Incorporando o turismo na análise de preços, as passagens aéreas tiveram aumento no mês de 33,86% e acumulam 50,11% em 12 meses. Além da demanda reprimida da pandemia, os custos operacionais dispararam, como é o caso do querosene de aviação que subiu 90%, segundo a Agência Nacional do Petróleo. As famílias brasileiras estão sentindo fortemente o impacto da inflação no bolso. Até porque o mercado de trabalho apesar de estar melhorando, segue num ritmo lento. A taxa de desocupação no país está em 13,2%. Embora seja um resultado mais favorável em relação a 2020, de 14,4%, o patamar ainda é muito elevado, com mais de 13 milhões de pessoas em busca de um trabalho. E o emprego seria a melhor forma
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para dar segurança e conforto para as famílias poderem se proteger num cenário de alta de preços. E os setores também demonstram perda de fôlego nos últimos dados disponíveis do IBGE. A indústria, por exemplo, retraiu 3,9% em setembro ante os -0,7% de agosto, sempre comparando com o mesmo mês do ano anterior. O comércio varejista registrou queda de 4,2% em setembro contra os -0,1% do mês anterior. Esse setor tende a ter o último bimestre favorável por conta da injeção do 13º salário, que traz um alívio pontual para o orçamento das famílias e contribui para as vendas da Black Friday e do Natal. Por outro lado, o turismo segue crescendo forte. Em setembro, o setor apontou alta anual de 26,2% e acumula 8,5% no ano, segundo dados da FecomercioSP. Alguns fatores explicam esse resultado, o primeiro dele é a base frágil de comparação, pois o faturamento ainda está 20% abaixo do prépandemia, setembro de 2019. Porém, há uma demanda reprimida significativa e que deve trazer um excelente final de ano e início de 2022 para o setor. A aviação, por exemplo, deve chegar ao final do ano com 90% do número de assentos que se ofertava antes da pandemia. O turismo também tem se desdobrado para encontrar caminhos de ser mais rentável diante do aumento dos custos dos combustíveis, energia elétrica e alimentação. Para os próximos meses ainda há a onda positiva da demanda reprimida, mas que ao longo de 2022 deve perder parte deste fôlego em decorrência do cenário econômico desfavorável. Portanto, o que se desenha para o futuro próximo é um quadro de aumento de juros, um freio na economia e com inflação elevada. O ano de 2022 terá a eleição presidencial que trará uma nova turbulência para a economia, pressionando o câmbio e exigindo um esforço maior do Banco Central no aumento da taxa de juros. O Brasil sofre como todo mundo pelas consequências da pandemia, porém há um sofrimento a mais por não ter a casa um pouco mais organizada na questão fiscal, mantendo níveis de incertezas e imprevisibilidades, tudo que o empresário e investidor não gosta.
DADOS IMPORTANTES: n Em setembro, foram gerados 314 mil empregos formais no Brasil, e acumula um saldo de 2,5 milhões no ano. Quem se destaca no mês é o setor de serviços com a criação de 143,5 mil empregos, seguido da indústria (76 mil), do comércio (61 mil) e da construção (24,5 mil) n O setor de Serviços apontou crescimento de 11,4% em setembro quando comparado com igual período de 2020. Enquanto segmentos ligados a comunicação e tecnologia superam o volume de 2019, os serviços prestados às famílias, com alojamento e alimentação, ainda estão 16% abaixo do nível pré-pandemia. n Boas projeções do agronegócio brasileiro. Segundo o IBGE, a safra agrícola de grãos e cereais para 2022 deve ser recorde com 271 milhões de toneladas, alta de 7,8% em relação a 2021. O destaque n O número de famílias endividadas no país atinge novo recorde de 74,6% em outubro, de acordo com dados da Confederação Nacional do Comércio (CNC). O percentual de famílias com dívidas em atraso, os inadimplentes, é de 25,6%. Latin America Macro Data
Argentina
Brasil
Chile
Colômbia
México
Peru
Unemployment rate
9,60%
13,20%
8,40%
12,10%
3,90%
10,00%
Basic interest rate
38,00%
7,75%
2,75%
2,50%
5,00%
2,00%
Inflation (LTM - oct*)
52,10%
10,67%
6,00%
4,58%
6,24%
6,13%
*LTM - Last Twelve Months Until October Legenda: Verde, Vermelho e Preto Os dados ficam melhores, piores e iguais do que no mês anterior.
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ÍNDICES DE CONFIANÇA: O Índice de Confiança do Consumir registra a primeira queda após a sequência de cinco altas consecutivas. Em outubro, o ICC atingiu os 109,4 pontos, queda mensal de 4,6%, porém está 1,6% acima do patamar de outubro de 2020. O ciclo positivo dos últimos meses foi reflexo da redução das restrições e da ampliação rápida da vacinação. Porém, a inflação está apertando e o crédito está mais caro por conta do aumento da taxa de juros. Esses fatores pressionam a confiança do consumidor. O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) ficou praticamente estável com alta ligeira de 0,3% em outubro, ao passar de 113,5 pontos em setembro para os atuais 113,9 pontos. No entanto, na comparação anual o avanço foi expressivo, de 18,6%. Mesmo com o cenário de inflação, o empresário está mais confiante pela vacinação e reabertura integral da atividade, permitindo recuperar as perdas durante a pandemia e traçar estratégias para o futuro próximo com mais clareza.
Índice de Confiança do Consumidor (ICC) e Empresário Comercial (ICEC)
Note: O ICC e ICEC variam de 0 a 200. De 100 a 200 pontos é considerado um patamar otimista, e abaixo dos 100 pontos pessimista. Apesar dos indicadores serem da cidade de São Paulo, eles seguem na tendência do que está acontecendo no resto do País já que a cidade, maior do Brasil, representa 11% do PIB nacional.
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VIAGENS E TURISMO A Retomada das Viagens é uma realidade no Turismo brasileiro e o lazer vai se beneficiar enormemente da vontade de viajar dos brasileiros. Ainda mais forte no doméstico, mas já com a maioria das fronteiras abertas para o viajante do Brasil (exceção à Itália e alguns países que ainda não reconhecem todas as vacinas autorizadas pela Organização Mundial da Saúde). Já vemos incentivos claros de países como Argentina e Chile; vemos a Europa mais agressiva e presente que os Estados Unidos; e países distantes, mas com potencial de visita por brasileiros, como os Emirados Árabes, Egito e Turquia, fazendo promoções especialmente via empresas aéreas. É um recomeço lento o das viagens internacionais e será preciso um esforço maior para fazer o brasileiro realizar a viagem desejada (sim, o desejo de viajar para fora está mais forte que nunca), apesar das exigências sanitárias, do dólar alto em relação ao real e das incertezas que ainda permeiam nossas mentes, sejam elas econômicas ou de saúde. Uma família de quatro pessoas indo aos Estados Unidos gastará cerca de R$ 600 em testes no Brasil e outros US$ 600 (sim, dólares) para voltar para casa. Além disso, há o processo burocrático de fazer o exame, esperar o resultado e preencher um monte de formulários. Como nos fazer esquecer do câmbio e dos momentos chatos e burocráticos? 1 – Agregar valor à viagem, apostando em experiências e combos de produtos. 2 – Facilitar a burocracia, fornecendo lista de laboratórios, indicando onde fazer os testes de graça e ajudando com todos os formulários. 3 – Promover os novos produtos e atrações, os novos hotéis e os roteiros e experiências alinhados com o pós-pandemia. Informar os profissionais de Turismo, treiná-los, se fazer presente no Brasil, estimular os clientes... São dois anos sem viajar, há muito o que ver e fazer, então mostrem isso aos profissionais e viajantes. 4 – Apostar em parcerias. Todas as empresas da cadeia de Viagens e Turismo devem se unir para uma jornada única e completa ao passageiro. Não fique focado apenas no seu produto, na sua etapa da viagem. Veja como pode interagir com os demais players e ajudar a entregar uma experiência mais fluida e sem estresse. 5 – Investir em facilidades de pagamento, em produtos e serviços que podem ser reservados e garantidos a partir do Brasil, fazer acordo com mais operadoras de viagens e oferecer mimos ao cliente nesse momento delicado de retomada. 6 – Fazer lobby pela aceitação de todas as vacinas aprovadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), pela facilidade de vistos e processos de imigração, pela agilidade nas fronteiras e aeroportos, por tudo que possa fazer com que o viajante entre no seu país com segurança, mas também com conforto e agilidade. 7 – Comunicar-se em português com profissionais de Turismo e viajantes, de forma frequente e consistente, gerando confiança, troca de informações e uma relação que se estenderá até depois da viagem. 8 – Ressaltar os novos produtos (ou roteiros e destinos menos conhecidos dos brasileiros), explicitar que nichos, personalização e novos propósitos estão dentro da sua oferta e saber o que oferecer a que tipo de viajante. Juntos, vamos voltar a viajar pelo mundo, como já estamos fazendo dentro do Brasil. É mais lento, mais difícil, mais complicado, mas os viajantes estão dispostos a tentar. E vocês? O que podem fazer para ajudá-los?
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