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Loretando Paulo Sobrinho e Solange - loretando@oi.com.br Loretando

‘Quarentena’ x Pandemia B em amigos do Loreto, parece que o mundo virou de cabeça para baixo de vez esse mês, nesse exato momento a grande discussão é ficar em quarentena, ou voltar a trabalhar. Aqueles voltados para a saúde pública defendem o isolamento voluntário da população, os empresários defendem a volta dos funcionários ao trabalho. Não há consenso, o presidente defende o fim da quarentena, diz que é só uma gripezinha, que todos se contaminarão e não vão sofrer os efeitos nocivos e quem mais vai sentir são os idosos que estão na zona de risco e alguns milhares poderão vir a óbito.

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Beleza, mas peraí! Eu sou idoso, motorista de aplicativo, estarei diretamente em contato com a população, então eu posso ser um dos premiados com a contaminação e a morte, então vamos nos sentar para negociar isso direito. A pandemia é mundial e real, muitos países estão sofrendo muito com suas conseqüências, muitas mortes acontecendo e pelo que li, a preferência para o tratamento são dos mais jovens, pois não há leitos de UTI para todos e os idosos são preteridos e deixados a espera de um milagre, não há leitos, espaço e gente para cuidar deles. Para alguns é a ordem natural da vida; uns nascem, outros morrem, mas precisava ser assim? Enfim, essa pandemia é real e latente e só o tempo dirá qual o melhor remédio. Quem vencerá, a pandemia ou a quarentena? Sobre se a quarentena é válida ou não.

Como disse, sou motorista de aplicativo, não tenho outra renda. Para quem defende o fim do confinamento com a idéia de que muitos serão contaminados, mas só uma minoria morrerá e a economia do país continuará com vento em popa, só posso dizer que estou com medo sim, porque faço parte dessa possível minoria, eu, minha mãe, meus irmãos e diversos amigos que estão na minha faixa de idade. Seria uma roleta russa: pode ser eu, pode ser você. Fazendo a quarentena, eu, minha mãe, meus irmãos e amigos que cumprirem estarão protegidos. Vamos sofrer conseqüências? Claro que sim. O banco não vai me aliviar no atraso das prestações que vierem nesse período, mas creio que tenho disposição para correr atrás e recuperar, morto ou doente com seqüelas, nada poderei fazer. Se existe um caminho seguro ele ainda não foi apresentado, são apenas suposições entre morrer e ficar mais pobre.

Quero muito ver meus netos crescerem, quero muito continuar tomando umas com meus amigos no bar da esquina, quero muito tanta coisa... Prefiro não arriscar, quem garante que eu não estarei na lista desses “poucos” que morrerão? Até agora só grandes empresários defendem a volta dos seus funcionários ao trabalho, nenhum deles disse como fará para protegê-los de uma possível contaminação. Como ficarão suas famílias com a morte de seu líder? Essa queda de braço vai se estender por mais umas semanas e quando olharmos para trás, veremos que esse tempo passou e que a vida está voltando ao normal, dentro do que for possível.

Nossa religião nos ensina a entregar nas mãos de Deus nossos infortúnios e rezar muito, mesmo em casa no confinamento. Com tudo isso, voltei a me reunir com minha família via internet para rezarmos o terço, algo que não fazíamos a um bom tempo, então haverá sempre um lado bom nessa confusão toda. Mesmo de longe estamos juntos e unidos por um Deus que é Pai, Filho e Espírito Santo. É Ele que nos conduz e é assim que está fazendo com nossa comunidade cristã. Unidos em Cristo vamos sair dessa, unidos em Cristo vamos conduzir nosso povo a um porto seguro. Creio num Deus melhor e maior. Creio no universo de coisas boas que Ele prepara para todos nós. Acredito no tudo de bom que Ele tem para nós. Tenho fé que daqui a uns dias vai acontecer como naqueles filmes de catástrofe onde no final os heróis sobreviventes contemplarão o horizonte e uma linda música entrará ao fundo, a câmera vai subindo e se volta para os raios de sol de um novo amanhecer, a música continua e aparecerá em letras garrafais “The End”. Vamos sobreviver para contar essa história aos nossos netos. Beijo no coração de todos, até mês que vem, com certeza.

P.S. Nem tudo que reluz é ouro e nem tudo o que brilha é diamante. É preciso saber diferenciar.

P.S. do P.S. Nesse momento, todo conhecimento é pouco. Caldo de galinha e precaução não fazem mal a ninguém.

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