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Fé e Política

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Padre Fernando Capra Ascética cristã

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Oponto de partida para desenvolver a nossa São Paulo, “habita corporalmente a plenitude da divinascética é o fato histórico da pessoa de Jesus dade” (Cl 2,9). Esta compreensão de Nosso Senhor Jede Nazaré. Vemos, todavia, que, em Paulo de sus Cristo transcende qualquer conteúdo da Revelação Tarso, o progresso espiritual se deu porque, ao abraçar profética do Antigo Testamento. Aliás, permite até a a fé em Jesus Cristo, sob a iluminação do Espírito San- compreensão da condição perfeita da humanidade que to, o conheceu pelas Escrituras, que ele perfeitamente o Unigênito Deus assumiu com a encarnação. Tornadominava. Vemos, neste caso, repetir-se aquilo que João do em tudo igual a nós, exceto o pecado, Jesus Cristo é Evangelista observa quando nos fala de André e do ou- o nosso Redentor. Na condição de pessoa divina, pela tro discípulo que, sob indicação do precursor, seguiram imolação de Cruz, possível somente por estar a sua huJesus. Tendo constatado que ele era o Cordeiro que tira manidade hipostaticamente unida à divindade, não só o pecado do mundo, “ficaram com ele naquele dia” (Jo nos reconciliou com Deus, como, também, em virtude 1,39). Quando, pois, André procura Pedro, assim escla- do Espírito merecido, nos santificou, a ponto de terrece as suas convicções: “Encon- mos em nós a condição da nossa trarmos o Messias” (v.41). Mais tarde, Felipe, quando encontra Jesus é a revelação da participação à vida divina, pela ressurreição da carne no último Natanael, lhe diz: “Encontra- Glória e, para nós, a dia, que o próprio Cristo Jesus mos aquele de quem falam as Escrituras” (v.45). Consequen- esperança da Glória. Nele realizará. Na condição, portanto, de filhos adotivos, nos será dado temente, entendemos que a compreensão da pessoa de Jeestão todos os tesouros participarmos, de modo consciente, da própria glória de Deus. sus, que nós já reconhecemos na da sabedoria e da ciência Paulo, que chegou à compresua condição divina em virtude ensão de todos os mistérios de da graça recebida do Espírito Santo pela qual demos a Deus, na condição de quem vivia em perfeição a vida nossa adesão de fé ao primeiro anúncio dos Apóstolos, cristã, para resumir, num único termo, a grandeza dideve ser aprofundada através da Profecia. Isto pode ser vina do Filho de Deus, que por ele se imolou, o declaconfirmado pelo fato que o próprio Deus preparou a ra mistério de Deus. Jesus é a revelação da Glória e, vinda do Redentor através de múltiplas revelações dida- para nós, a esperança da Glória. Nele estão todos os ticamente distribuídas ao longo da história do povo de tesouros da sabedoria e da ciência. Em Jesus, Paulo Israel. Comprova a oportunidade deste conhecimento encontrava toda a motivação de entregar a sua vida à profético o próprio fato da compreensão que, por meio causa do Evangelho. Aliás, considerava o seu apostoladele, Maria pôde ter da sua maternidade divina. Ela se do condição decisiva da sua eleição, a ponto de exortar reconheceu na condição da virgem de Is 7,14, diante das os fiéis a praticar a propagação do Evangelho: “Cingi palavras pronunciadas por Gabriel. Mais precisamente, vossos rins com o cinto da verdade, vesti a couraça da todavia, devemos dizer que a narrativa da anunciação justiça, calçai vossos pés com as sandálias da pregação é fruto da convicção pessoal do redator judeu cristão do Evangelho da salvação, empunhai o escudo da verque, segundo a tradição da reflexão sapiencial judaica, dade contra os dardos inflamados do maligno, ponde soube deduzir, por aquilo que Maria afinal revelou, das o capacete da salvação, empunhai a espada do Espírito próprias escrituras. que é a palavra de Deus” (Ef 6,14-17).

A compreensão da pessoa do Senhor através das Não há motivação mais profunda do que esta comEscrituras é fundamental para valorizarmos, em toda preensão da pessoa do Filho que, “realizada a redena sua grandeza, a novidade que Jesus apresentou com ção, sentou-se à direita da Majestade, nos Céus” (Hb a sua encarnação, sobretudo no que diz respeito à sua 1,3). É por ele que Deus nos fala “nos últimos tempos condição divina. Na descendência prometida, nos diz que são os nossos” (v.2).

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