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Tempo

TEM·PO (latim tempus, oris)

1.Para tudo há uma ocasião certa; há um tempo certo para cada propósito debaixo do Céu.

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“Há alguns anos atrás, eu e minha esposa Edméa, fomos convidados para trabalhar na Pastoral do Dízimo. Inicialmente relutamos e rejeitamos o convite, pois imaginávamos o tamanho da responsabilidade, apesar de anteriormente termos assumido outras responsabilidades, como o EAC, onde fomos por duas vezes tios de círculo, e a Ação Social onde estamos, junto com uma equipe de casais amigos, responsáveis pelo plantão em uma das escalas da cantina. Nunca havíamos pensado em participar da Pastoral do Dízimo, pois além da responsabilidade mencionada, entendía

Odicionário é um instrumento de grande valia para as pesquisas de significado das palavras durante o processo educacional, mas pouco ajuda quando tentamos explicar, de fato, a vivência de alguns termos como por exemplo o tempo. A sociedade em uma época determinada construiu o relógio de sol e dividiu o dia em 12 partes e depois em 24, criando as horas. Com base no sistema numérico sexagesimal, dividiu a hora em 60 partes e fez o minuto e dividindo o minuto em 60 partes, fez o segundo. Pôde-se assim definir os prazos e demoras, já que uma vez estabelecida uma medida para o tempo, ele sempre seria igual para todos. Será? Em um jogo de futebol, temos 2 tempos de 45 minutos, com pequenos acréscimos, mas muitos diriam que o jogo do Brasil e Alemanha em 2002 que contemplou o país como pentacampeão passou rápido demais, enquanto o fatídico 7X1 que tirou o Brasil da Copa do Mundo em 2014 demorou uma eternidade. Percebe-se, então, que a sensação de alegria e tormenta tem a capacidade de modificar a passagem do tempo para os homens, ainda que um segundo dure sempre um segundo. Aproveitando a época de quarentena em que muitos se perdem na contagem dos dias e se assustam ao notar que o dia demorou a passar, mas o mês passou rápido demais, convidamos a nossa comunidade a partilhar como tem sido o tempo da quarentena frente a perspectiva da fé e da meditação da Palavra de Eclesiastes 3. mos que não era hora para assumir tal compromisso. Até que de forma inesperada, recebemos uma ligação telefônica do Padre Sebastião nos fazendo um convite direto, o qual não conseguimos rejeitar. Agora estamos há mais de dois meses fora das atividades, devido ao isolamento social, o que nos deixa com muita saudade da proximidade da igreja, dos amigos e do trabalho. Por outro lado, esse período de afastamento, nos leva a refletir, entre outras coisas, sobre a importância do serviço realizado pelas equipes e pastorais, tanto para o funcionamento da igreja, quanto no processo de evangelização. Termino desejando um breve retorno a todos e que Deus nos abençoe!”

Substantivo masculino

1. Série ininterrupta e eterna de instantes 2. A medida arbitrária da duração das coisas

Fabiano da Edméa.

2.Tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou.

“Acredito que há quase 14 anos atrás quando meu marido escolheu o dia de Nossa Senhora do Carmo para consagrar sua vida, não imaginava o que esta data reservaria para o futuro. 16/07 em 2016, nosso casamento. 16/07 em 2020, a data provável do nascimento de nosso primeiro filho neste mundo. Quanta alegria! Na semana de nosso aniversário de casamento em 2018, perdemos nosso

primeiro filho e Nossa Senhora do Carmo nos amparou. E três meses depois o segundo. Nestes momentos de dor conheci esta frase sobre Chiara Corbella Petrillo ‘A vida é um bordado que olhamos ao contrário, pela parte cheia de fios soltos. Mas, de vez em quando, a Fé nos faz ver a outra parte’. Esta serva de Deus em muito me ajudou a compreender estes momentos e esta frase em especial me marcou profundamente. Essa é a nossa história! Sendo construída com Cristo ao centro e adornada com estes lindos bordados de Nossa Senhora do Carmo. A nossa fé nos permite ver isto! Tamanha é minha gratidão a Deus por tudo que passamos e, em especial por esta grande graça que é gerar esta vida em meu ventre, que vemos nosso filho como um sinal de Deus para nós, porque sabemos que Deus está conosco, nosso Emanuel. Obrigada Senhor pelos nossos 3 filhos, por todo aprendizado e crescimento que tivemos com os dois que já estão no céu, no colo de Nossa Senhora que os segura por nós que não tivemos essa oportunidade, e pela graça de mais este que cresce em mim e com a Tua permissão conheceremos em breve! O Senhor não poderia ter escolhido melhor momento para nos presentear com esta grande graça! Ele é nossa alegria e esperança! E o amamos muito desde o dia que tomamos conhecimento de sua existência, que foi outro grande presente por sinal... bem no inicinho!”

Laís Duran

3.Tempo de matar e tempo de curar; tempo de demolir e tempo de construir.

“Em novembro de 2019, minha mãe descobriu que precisava fazer uma cirurgia de vesícula e foi encaminhada para um cirurgião que só tinha vaga em meados de dezembro. Ela fez todos os exames e levou achando que conseguiria fazer a cirurgia antes do final do ano, mas não conseguiu. A agenda já estava cheia e tinham as festas de final de ano, férias do médico e carnaval, só conseguimos marcar a data para 18 de março de 2020. Claro que a ansiedade por esse dia era grande para ela e toda família. Nesse meio tempo aconteceu a pandemia do Covid-19, mas sempre confiamos em Deus e em Nossa Senhora. O medo e a ansiedade tomavam conta de nós e na semana anterior ficamos naquela expectativa: terá ou não terá a cirurgia? (estávamos na espera do Senhor). Ligamos na sexta anterior e foi confirmada a programação, mas tudo iria depender de como as coisas ficariam naqueles dias devido ao aumento de casos de covid, então, na véspera ligamos novamente e a cirurgia foi confirmada. Chegou o dia e fomos. Meu pai nem saiu do carro, nos deixou e foi para casa e eu fiquei com ela, já que tinha direito a acompanhante. Cenário de guerra... só podia entrar no hospital (particular) quem tinha algum exame marcado, emergência ou cirurgia, todos os funcionários com EPI e ali estávamos confiantes que tudo daria certo, que era para ser naquele dia.

Demos entrada na internação e soubemos que aquele dia seria o último de cirurgias eletivas... a partir do dia seguinte só emergências. Deus sabe de todas as coisas, era para ser aquele dia e graças a Ele, ela operou e tudo deu certo. Os cuidados e prevenções foram tomadas, o médico fez a revisão pela internet para evitar a exposição e só a viu depois de 15 dias para retirada dos pontos. Nesse dia, o hospital parecia um deserto, só entrava o paciente, só atendimento de emergência, os atendentes tentando passar tranquilidade, mas sabemos do medo de todos que trabalham na área médica (eu mesmo trabalho e sei do medo que tive nos dias que trabalhei), até o próprio médico que antes estava tranquilo, dessa vez percebia-se preocupação. Agora, ela está se recuperando, mas não deixo meus pais saírem, temos que esperar isso passar. Então quem puder, fica em casa, isso vai passar e tudo vai dar certo. Depois disso vamos ser pessoas melhores, valorizando as pequenas coisas e a amizade”.

Patrícia do Paço

4.Tempo de chorar e tempo de rir; tempo de gemer e tempo de dançar.

“Faço parte do grupo de teatro da paróquia N. Sra. De Loreto e, desde 2014, vínhamos realizando a encenação da Paixão de Cristo na Sexta-feira Santa. Além da minha responsabilidade na coordenação, sempre participo como dançarina na peça. Não sou profissional, mas conseguir unir a minha arte de dançar com a evangelização me realiza muito. Mas este ano, não foi possível concretizar o que idealizamos. Roteiro pronto. Ensaios iniciados. De repente, nos deparamos com a impossibilidade de continuar... Foi muito difícil aceitar que teríamos que adiar tudo. Afinal, a Paixão de Cristo já se tornou um marco na paróquia por proporcionar um momento especial de fé e reflexão. E agora? A coreografia estava ficando tão linda... traria uma mensagem tão importante abordando o cuidado que devemos ter ao usar a tecnologia, sobretudo as redes sociais. Mas agora era o tempo de parar. Era o tempo de viver a Semana Santa em casa, usando justamente as redes sociais como uma forte aliada para meditarmos a Paixão de Cristo e anunciarmos sua ressurreição. Foi preciso compreender a vontade de Deus. Este ano não foi tempo de dançar...”

Charlene Cidrini

5.Tempo de atirar pedras e tempo de ajuntá-las; tempo de abraçar e tempo de apartar-se.

“A gente sente muita saudade do trabalho na cantina, são 23 anos em que já aconteceram tantas coisas, passaram tantos amigos que até já se foram e deixaram saudades. E, hoje, sentimos saudades de todos os amigos, tem amigos que nem vão na cantina, mas que quando nos veem lá, param para nos abraçar, falar dos filhos... Antes de começar o trabalho na cantina, sempre fazemos uma oração para que possamos ser a face de Deus para as pessoas que irão lanchar. A gente nem sabe com quem está falando lá e tem que tratar bem todas as pessoas porque ali temos contato com Jesus advogado, Jesus negro, Jesus muito pobre, Jesus que doa, Jesus que vai nos visitar de todas as formas. Quando me pediram para fazer esse relato sobre o trabalho na cantina, pensei nesse tempo de atirar pedras, porque as vezes o amigo passa, senta lá e não vê a gente e o que a gente faz? Atira pedra para o amigo nos enxergar lá do outro lado e depois chega o tempo de ajuntá-las para podermos com essas pedras ajudar a casa das pessoas que são assistidas pela ação social em suas necessidades. Nesse serviço, o que mais fazemos é abraçar, tanto os que trabalham conosco quanto os que vão ali para lanchar, mas as vezes também é tempo de nos afastar quando vemos algo que não convém a Igreja, pois muitas vezes do balcão vemos algo que não nos agrada, mas nos apartamos e oramos por aquela situação. Por tudo isso aguardamos o retorno da felicidade desse trabalho que fazemos na Igreja a tanto tempo e que foi o meio que nos entrosamos com a comunidade. ”

Edméa do Fabiano

6.Tempo de procurar e tempo de perder; tempo de guardar e tempo de jogar fora.

“No início desta pandemia já estava com o meu coração um pouco angustiado por saber que estaríamos o tempo todo expostos devido ao trabalho do Filipe no hospital. Na mesma semana, um pouco depois de ter saído de casa para trabalhar, recebi um telefonema dele um pouco assustado pedindo para que eu e nossa filha fôssemos passar um tempo na casa dos meus sogros, pois ele estava chegando em um dos hospitais que, em tempos normais já não tinha estrutura, agora então não havia equipamento algum de proteção aos funcionários. Como temos uma bebê, ele achou que estaríamos mais seguras afastadas dele. Passamos um mês e meio longe um do outro. Até que, por meio de muita oração e reflexão, decidimos voltar para casa. Sabemos que não há uma previsão certa para tudo isso acabar, mas sabemos também que precisamos ficar juntos cuidando um do outro. Agora, tomamos todos os cuidados com maior atenção, mas sabemos que saímos disso fortalecidos, pois estamos juntos e assim permaneceremos até o fim.”

Camilla Rosster

7.Tempo de rasgar e tempo de costurar; tempo de calar e tempo de falar.

“Em 18 de março, na cidade de Reggio Emília, bem pertinho da área mais afetada pela COVID-19, recebi a comunicação do meu desligamento da empresa onde trabalhei por quase cinco anos, o motivo: crise causada pelo vírus. Aeroportos fechando em todo o mundo, voos cancelados, Itália em completo lockdown, ruas vazias, e eu tendo que conseguir voltar para minha casa no Brasil, no meio desse caos. Minha empresa conseguiu um único voo disponível, de última hora, que saía da Itália em direção ao Rio de Janeiro no dia 20 de março, dois dias depois do meu desligamento e pouquíssimos dias antes de anunciarem um possível cancelamento de todos os voos da Europa para o Brasil. Consegui fazer a mala com tudo que eu tinha na Itália, entregar casa, carro, computador e celular da empresa, sem me despedir pessoalmente de ninguém praticamente, me colocaram em um transporte particular até o aeroporto, dado a falta de outras opções de transporte. Três dias depois do meu desligamento eu estava dentro da minha casa no Rio, onde me coloquei em um isolamento total de 14 dias a toda a minha família, até me assegurar que não carregava o vírus. Só saía do quarto para ir ao banheiro e comer na varanda (pulando a janela para não ter que caminhar dentro da casa). Tenho certeza que neste período você já deve ter ouvido muitas histórias de atribulações como esta, possivelmente até piores. Tendo dito isto, assim como me perguntei algumas vezes, você pode ter se perguntando o porquê de Deus estar permitindo tudo isso, já que na sua palavra mesmo diz que nenhum fio de cabelo nosso se perderá sem a permissão Dele. Deus tem falado muito forte no meu coração, uma única frase: “foque nas prioridades”. Mas não qualquer prioridade, e sim as prioridades do ser humano, plantadas nos nossos corações por Deus. Como não acredito em coincidências e sim em obras divinas, quando me pediram para escrever sobre essa passagem, imediatamente percebi que Deus estava me dando a mesma passagem que ele já havia me dado antes

da pandemia, me pedindo para falar sobre esse tema a pessoas já pensadas por ele como um possível target. E dentro dessas pessoas está você, querido leitor. Baseado nesse versículo de Eclesiastes, acredito que é realmente “tempo de rasgar” e “tempo de calar”. É tempo de deixar que Deus rasgue todo o tecido do material que cobria nossas realidades com falsas e supérfluas seguranças, como dito perfeitamente pelo nosso tão querido Papa Francisco durante a quaresma deste ano. É tempo de nos calarmos e, ao invés de nos queixarmos desse período, ainda que seja um período extremamente difícil, tentemos compreender o que é exatamente que nosso Deus está tentando comunicar a cada um de nós e ao mundo como um todo. Dentro dessas águas turbulentas que estamos vivendo, deixemos de nos debater para não nos afogarmos e permitamos que Jesus nos resgate, não somente das águas, mas de nós mesmos e de todas as falsas e supérfluas seguranças, nas quais tenhamos entrado, no meio do caminho até aqui. Fiquemos firmes na fé e confiemos que sairemos dessa pandemia mais resilientes, sábios e o mais importante, focados nas prioridades do Senhor em nossas vidas.”

Lucas Maia

8. Tempo de amar e tempo de odiar; tempo de guerra e tempo de paz.”

“Estava caminhando pelo ‘pátio das mangueiras’ para me exercitar um pouco nesse tempo de sedentarismo mais acentuado, quando palavras de Santa Teresa de Ávila vieram à minha mente. Como gosto de cantar, olhei para um lado e para o outro e comecei: ‘Nada te turbe, nada te espante ... só Deus basta’. Repetidas vezes essa melodia me fez passar aqueles vinte minutos para lá e para cá e, com isso, não é muito difícil ficar mergulhado em Deus e, portanto, a confiança Nele aumenta. Dessa forma, a frase, tantas vezes repetida: ‘Vai passar’ não se torna um lugar comum, porque só Deus não passa, Ele fica conosco para sempre!”

Pe. Luiz Antônio do Nascimento Pereira CRS

Encerramos essa coluna inundados por essa paz inspirada por um dos nossos pastores! Que a Paz de Jesus transborde em seus lares e em seus corações nesse tempo de esperança, nesse tempo que também é de Deus, pois esperamos com confiança e fé a celebração da vida em comunidade, na certeza de que independente da contagem do tempo: tudo passa, só Deus não passa.

Reportagem: Gisele Lopes

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