O Mensageiro - Março 2019

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Ano XXXV - nº 412 Março de 2019 Distribuição gratuita

Informativo da Paróquia e Santuário Nossa Senhora de Loreto Fundada em 6.3.1661 www.loreto.org.br


Índice Expediente EDITOR CHEFE: Pe. Sebastião N. Cintra DIREÇÃO ESPIRITUAL: Pe. Sebastião N. Cintra COORDENAÇÃO emérita: Hélia Fraga COORDENAÇÃO E EDIÇÃO: Ana Clébia FOTOS: Pascom Loreto CAPA: Corredeira COMERCIAL: Bira e Claudete DIAGRAMAÇÃO: Lionel Mota IMPRESSÃO: Gráfica SILPIN Tiragem: 2 mil exemplares

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Editorial................................................................................................................................ 3 Temas Bíblicos.................................................................................................................... 4 Oração Cristã...................................................................................................................... 5 Espaço teológico ................................................................................................................ 6 Loretando............................................................................................................................. 7 Campanha da Fraternidade �������������������������������������������������������������������������������������������� 8 Coluna Cultural...................................................................................................................................13 Loreto em Ação - Paixão de Cristo ������������������������������������������������������������������������������14 Loreto em Ação - Doe Sangue ��������������������������������������������������������������������������������������15 Colaboração do Leitor....................................................................................................16 Bem-Estar...........................................................................................................................18 Coluna Jovem....................................................................................................................19 Santuário de Loreto.........................................................................................................20 São Patrício........................................................................................................................21 Santuário da Adoção.......................................................................................................22 Pé na estrada, terço na mão ������������������������������������������������������������������������������������������23 Fé e Política........................................................................................................................24 Anote em sua Agenda......................................................................................................25 Loretinho............................................................................................................................26

Expediente Paroquial MATRIZ PARÓQUIA NOSSA SENHORA DE LORETO End.: Ladeira da Freguesia, 375 - Freguesia Jacarepaguá - RJ - CEP 22760-090 Tel.: 3392-4402 e 2425-0900 Emails: adm@loreto.org.br (Administração) secretaria@loreto.org.br (Secretaria) Site: www.loreto.org.br

NOSSA SENHORA DO AMPARO Est. de Jacarepaguá, 6883 Anil - Tel: 2447-6802

4ª18h Sáb 16h (catequese) Dom 7h30

HORÁRIO DA SECRETARIA Segunda a Domingo das 08:00 às 20:00 horas HORÁRIO DAS MISSAS Segunda a sexta7h e 19h30. Sábado7h e 18h30. Dom7h; 8h30 (crianças); 10h30 e 19h.

marcar) Sábado de 9 às 11h na secretaria

CONFISSÕES 3ª a 6ªde 9 às 11h e de 15 às 17h 3ª a 6ª das 20h às 22h. (Ligar antes para

BATISMO Atendimento na Sacristia Inscrições - 5ª e Sábado9h às 11

CAPELAS Endereços das Capelas e os Horários das Missas NOSSA SENHORA DE BELÉM

SANTO ANTONIO

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EUCARISTIA para doentes Atendimento domiciliar e hospitalar. Marcar por telefone com a Secretaria.

Seg. a Sábado 7h30 Domingo 9h

Terça a sexta 18h Sábados 18h Domingos 10h30

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Dom 11h


Campanha da Fraternidade

Editorial Pe. Sebastião Noronha Cintra*

Querido paroquiano, prezado leitor. Estamos começando a Quaresma, esse tempo especial que nos leva todos os anos a renovar a nossa vida. Não podemos celebrar a Páscoa da Ressurreição sem nos preocuparmos com o olhar para o irmão, como fez Jesus. Ele morreu e ressuscitou para nos libertar da força do pecado e da morte. A proposta da Igreja são as obras de misericórdia, tão lembradas pelo Papa Francisco. A Campanha da Fraternidade quer nos ajudar mais uma vez neste ano a descobrir “como tocar a carne de Cristo nos irmãos e nas irmãs necessitados de serem nutridos, vestidos, alojados, visitados.” (Papa Francisco). Queremos olhar e aprender o que significam as Políticas Públicas na nossa sociedade e como temos que participar no processo de sua elaboração. Veja a reportagem sobre o lançamento da Campanha da Fraternidade na nossa Arquidiocese. O evento que aconteceu na semana passada no Edifício João Paulo II mostra como vamos desenvolver na Igreja do Rio de Janeiro a nossa Quaresma. A Arquidiocese fez a opção de trabalhar a área da saúde. Participar das atividades ligadas às Políticas Públicas dentro da sociedade no âmbito da saúde da cidade do Rio de Janeiro. Assim deverá ser a vivência da atividade quaresmal este ano. A nossa revista trata do tema da Campanha da Fraternidade também na reportagem sobre o Teatro da Paixão que será apresentado na sexta feira santa e que deverá abordar, como vem acontecendo nos outros anos, o tema da Campanha da Fraternidade. Também as páginas “Fé e Política” e o “Loretinho” abordam o tema das Políticas Públicas. Esse é o nosso tema de capa desse mês. Um gesto concreto que faremos na paróquia será a campanha de doação de sangue que deverá expressar essa obra de misericórdia que a doação representa. Doar a vida pelos irmãos. Será no dia 6 de abril, um dos sábados da quaresma. “Santuário da Adoção” propõe este mês uma reflexão essencial para todos os casais. “Só os filhos adotivos são amados. Mesmo os filhos biológicos são adotados por seus pais biológicos quando há amor e cuidado”. Grande verdade! A Comissão do Santuário comemora o mês do aniversário da paróquia com uma belíssima página com um resumo essencial da história do nosso Santuário. Vale a pena aceitar o convite para visitar o Corredor Cultural. Nossa Senhora de Loreto, rogai por nós.

A Campanha da Fraternidade quer nos ajudar mais uma vez neste ano a descobrir “como tocar a carne de Cristo nos irmãos e nas irmãs necessitados de serem nutridos, vestidos, alojados, visitados.” (Papa Francisco)

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Temas bíblicos

O Evangelho de São Marcos

Marcos (12) Mc 9,30-50

Padre Fernando Capra

A

comentariosbiblicospadrefernandocapra.blogspot.com.br

abertura desta perícope de Marcos nos apresenta Jesus repetindo os termos do primeiro anúncio da sua Paixão e Morte, enquanto faz um esclarecimento importante: Jesus quer falar somente ao grupo dos Apóstolos. Isto porque aquilo que está anunciando e explicando somente poderia ser entendido e divulgado depois da sua ressurreição dos mortos. Os Apóstolos, de fato, embora escutem Jesus profetizar a sua morte, mostram claramente que nada estão entendendo. A morte ignominiosa do seu Mestre è repudiada como inaceitável, diante das suas expectativas de triunfo do reino que estava por instaurar. É até recriminada abertamente por Pedro, a ponto de Jesus dizer que ele estava se tornando uma pedra de escândalo, o próprio satanás, o diabo. Também, o anúncio da sua ressurreição dos mortos, é para eles algo inexplicável. Diante de tudo isso, é claro que Jesus, com a sua instrução em particular, visa simplesmente colocar as bases sobre as quais, mais tarde, os discípulos poderão fundamentar a sua fé na sua ressurreição. Este intuito de Jesus nos é claramente explicado pelo que diz aos discípulos de Emaús frustrados diante dos acontecimentos que tinham precedido a páscoa: “Não devia o Cristo sofrer para entrar na glória”? A total incompreensão dos Apóstolos acaba comprovada pelo que confessaram quando Jesus indagou sobre o quê estavam discutindo no caminho. Este abismo que separava os Apóstolos de Jesus está a indicar quanto a Igreja acabou enriquecida pelo dom do Espírito Santo que Jesus mereceu com os mistérios da sua imolação e glorificação. Indica, ao mesmo tempo, quanto nós podemos ser enriquecidos, quando, atentos aos ensinamentos dos evangelhos, que sintetizam a catequese apostólica, avançamos sempre

mais na compreensão que Jesus alcançou para a sua humanidade enquanto observava os preceitos do Pai. Os ensinamentos que se seguem aos anúncios que Jesus faz da sua Morte e Ressurreição visam, exatamente, ilustrar os passos que o discípulo é chamado a dar se quer salvar a sua vida e ser reconhecido pelo Filho do Homem; e brilhar como o sol diante do Pai, no Céu. Esta catequese que Marcos apresenta de forma resumida, é amplamente desenvolvida no grande bloco de Lc 9,51-19,28. Marcos, aqui, a desenvolve partindo da tipificação que Jesus apresenta para indicar quem é realmente o maior no Reino do seu Pai, que nos ensinou a invocar na oração do Pai nosso (Lc 11,2-4). “O último de todos e o servo de todos” (v.35) é aquele que é o maior no Reino dos Céus (Mt 11,11). No número destes que poderiam ser considerados insignificantes na sociedade, como o são as crianças, estão os que colaboram, simpatizando com a sua causa, diz Jesus, até quando, simplesmente contribuem com um copo de água. Fundamental é, também, evitar escandalizar os outros membros da Igreja: “os pequeninos que creem em mim” (Mt 18,6), diz Jesus. Para ressaltar a gravidade do seu ensinamento, Jesus utiliza sentenças proverbiais, as mesmas que encontramos em Mt 18,8-10. É tão grave a culpa de quem escandaliza que seria melhor para ele aceitar perder um membro do seu corpo que o leva a pecar, porque isto o salvaria do fogo eterno. Agrada a Deus aquele que torna o seu corpo uma vítima oferecida em sacrifício que, quando bem salgada, agrada a Deus em virtude do suave odor que ela exala. Este é o sentido final do ensinamento de Jesus: “Tende sal em vós mesmos e vivei em paz uns com os outros” (v.50. Cf. Mt 5,13; Ef 4,3).


Oração cristã Jane do Térsio

A Oração da Igreja Guias para a Oração Uma Nuvem de Testemunhas As testemunhas que nos precederam no Reino, especialmente as que a Igreja reconhece como “santos”, são os nossos modelos de oração. Os santos já eram, durante a sua vida terrestre, incandescentes e contagiantes pessoas de oração. Agora eles contemplam a Deus, louvam-no e não deixam de velar por aqueles que deixaram na terra. A intercessão deles, junto à Santíssima Trindade é o mais alto serviço que prestam ao plano de Deus. Podemos e devemos pedir-lhes que intercedam por nós e o pelo mundo inteiro. Nós nunca adoramos os santos, mas os veneramos e devemos seguir o exemplo deles. Na Comunhão dos santos, desenvolveram-se, ao longo da história da Igreja, diversos tipos de espiritualidade, que ensinam a viver e a praticar a oração. À volta de alguns santos surgiram escolas especiais de religiosidade, cada uma salientando um aspecto originário da fé. Por exemplo, a espiritualidade franciscana realça a pobreza em espírito, a beneditina frisa o louvor de Deus e a inaciana sublinha a decisão e a vocação, e assim por diante. Se, com o nosso estilo pessoal, nos sentirmos atraídos por uma forma de espiritualidade, ela torna-se para nós uma escola de oração, guia precioso para a vida espiritual. Servidores da Oração A família cristã é o primeiro lugar da educação para a oração. Fundada sobre o sacramento do matrimônio, ela é “a Igreja doméstica”. Particularmente, para as crianças, a oração familiar é o primeiro teste-

munho da vida de oração da Igreja. Os ministros ordenados são responsáveis pela formação para a oração de seus irmãos e irmãs em Cristo. Eles são ordenados para guiar o povo de Deus às fontes vivas de oração: a Palavra de Deus, a Liturgia, a vida teologal, o Hoje de Deus nas situações concretas. Muitos religiosos consagram toda a vida à oração. Monges e monjas consagram seu tempo ao louvor de Deus e à intercessão por seu povo. Esta é uma das fontes vivas da contemplação e da vida espiritual na Igreja. Catequese das crianças, dos jovens e adultos procura fazer com que a Palavra de Deus seja meditada na oração pessoal, atualizada na oração litúrgica e interiorizada em todo tempo, a fim de produzir seu fruto de vida nova. Os grupos de oração e escolas de oração são hoje um dos sinais e molas da renovação da oração na Igreja, contanto que se beba nas fontes autênticas da oração cristã. O Espírito santo dá a certos fieis dons de sabedoria, de fé e discernimento em vista do bem comum, são os diretores espirituais. Lugares Favoráveis à Oração Os lugares mais favoráveis à oração são o oratório pessoal ou familiar – recanto de oração; os mosteiros – favorecem a partilha da Oração das Horas com os fiéis; os santuários de peregrinações – evocam nossa caminhada pela terra em direção ao céu. E, sobretudo a igreja, que é o lugar próprio da oração litúrgica para a comunidade paroquial e o lugar privilegiado da adoração eucarística.

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Espaço teológico Michele Amaral - Bacharel em Teologia – PUC-Rio

Quaresma é tempo de se examinar

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este mês de março iniciamos a quaresma, tempo litúrgico que a Igreja nos convida a nos examinar e a meditar. Muitas das vezes esse período importante do Ano litúrgico passa e alguns não dão a devida importância. Quando paramos para pensar sobre esse período especifico, vêm em nossa mente algumas palavras pouco usadas, como jejum e abstinência. Os mais antigos iram se lembrar de que as imagens eram cobertas nesse período com um pano roxo (isso ainda é feito em algumas igrejas). Mas ao que somos convidados nesse momento? Nesse período somos convidados a vivenciar a Paixão de Cristo em nossa vida, é momento de silencio e total reflexão. Não devemos nos preocupar com Ovos de chocolates e ceias exuberantes, mas procuremos vivenciar o amor de Cristo por nós meditando a sua morte no alto da cruz, para que possamos na manhã de Páscoa procurá-lo como Maria. Mas como vivenciar a Paixão? Desde a imposição das cinzas na quarta-feira, vivemos dois momentos, o da Fragilidade e o do convite. No momento da fragilidade somos lembrados que somos frágeis, “Todos vão para um lugar, todos foram feitos do pó, e todos voltarão ao pó” (Ecle 3,20). Não podemos ficar com a nossa soberba, ela deve cair por terra. Com a cinza na fronte somos convidados a prestar mais atenção ao compromisso com Jesus, recebemos com esse sacramental o convite de mudar de vida, a rasgar o nosso coração. O coração contrito e humilde é a única porta por onde a Graça penetra. Quaresma, tempo de examinar nosso coração e nossas intenções. “Tudo tem o seu tempo determinado” (Ecle 3,1) É tempo de olhar para o outro, tempo de deixar a mentalidade mundana. Logo no início da Quaresma somos chamados a estar com Jesus no deserto, no silencio,

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onde damos espaço às coisas que nos foram ditas e deixar as coisas se assentarem. É tempo de escutar o Filho amado: “Este é o meu Filho muito amado. Ouvi-o” (Mt 3,17). Tempo de olhar para a cruz e lembrar que o amor levou o Filho Amado, ao gesto de amor supremo. Não devemos para nas cruzes artificiais, pois cruz é sempre cruz. Lembremos que a cruz é renúncia, é o esquecimento de si. Por isso é tempo de recordar, de renovar os compromissos batismais e morrer a si mesmo para que a Luz da Ressurreição possa nos dar um novo significado e um novo propósito para a nossa vida. O amor deve ser amado.

“Converter-se significa não fechar-se na busca do próprio sucesso, do próprio prestígio, da própria posição, mas fazer de modo que todos os dias, nas pequenas coisas, a verdade, a fé em Deus e o amor se tornem a coisa mais importante”.

(Bento XVI)


`Loretando Loretando Paulo Sobrinho e Solange - loretando@oi.com.br

Adeus Meninos...

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em amigos do Loreto, hoje, exatamente hoje, oito de fevereiro de 2019, aconteceu uma tragédia sem precedentes, uma daquelas que a gente fica sem entender. Hoje pegou fogo no dormitório dos jogadores das categorias de base do Flamengo, meu time do coração e de muitos pelo mundo. Dez jovens morreram neste incêndio, dez jovens que poderiam ser meus filhos e meus netos, dez jovens com futuros promissores e com muita vida pela frente. Eu sempre ficou muito baqueado quando essas coisas acontecem, não tenho facilidade de lidar com a morte, principalmente quando acontecem com crianças. Muita coisa ainda vai ser dita, muitas especulações, mas seja lá o que for que tenha acontecido, não diminuirá a dor de parentes, amigos e torcedores, pois vários desses jovens que de foram já eram ídolos em sua categoria, muitos já eram vistos e reconhecidos pela torcida. Hoje não há muito o que dizer; depois de uma noite de terror com as fortes chuvas que também levaram vidas e deixaram muitos feridos e desabrigados. Uma noite de fortes ventos e chuvas pesadas que alagou

ruas e fez despencar barrancos. Ainda não havíamos sido refeitos dessa noite turbulenta e amanhecemos com a notícia de outra tragédia. Sobra muito pouco para falar, falta muita coisa para se dizer, mas em tudo ainda temos espaço para agradecer a Deus, pois com as fortes chuvas, poderia ter sido muito pior, poderíamos ter revivido o temporal de 1996 que inundou e acabou com nosso bairro. Também poderia ter sido pior com os meninos, pois vários se salvaram ilesos e bem ao lado deste alojamento havia o depósito de gás GLP, quatro botijões enormes que se explodissem levaria a uma tragédia descomunal sem precedentes.

Haverá sempre uma oração de agradecimento por não ter sido pior. Isso não minimiza a dor dos que se foram, essa dor será com certeza infinita, pois não estamos preparados para perder nossos filhos, pela regra do jogo, eles é quem devem se despedir dos pais e não o inverso. Fico por aqui, um pouco sem palavras, um pouco ainda tentando me refazer da noite de terror de chuvas e ventos. Não consigo me alongar muito, não consigo estender um assunto tão doloroso, mas que eu não poderia deixar de comentar. Fiquem com Deus meninos, divirtam-se no céu. Descansem em paz. Hoje não tem P. S.

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Campanha da Fraternidade 2019 Fraternidade e Políticas Públicas “Serás Libertado Pelo Direito e Pela Justiça” (Is 1,27)

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oi em um sábado de chuva fina, que a Arquidiocese do Rio de Janeiro, reuniu padres, religiosos e leigos para um seminário de apresentação do tema da Campanha da Fraternidade 2019. A chuva deste dia 16/02, não atrapalhou nem um pouco, pois todos os vicariatos estavam bem representados e o auditório do Edifício São João Paulo II, ficou lotado. O início se deu pontualmente às 9 horas, com a Santa Missa em Ação de Graças, presidida por D. Orani Tempesta, que foi transmitida pela Rede Vida, WebTV Redentor e Rádio Catedral. Na homilia, D. Orani explicou que o seminário, que se daria logo após a Missa, foi organizado com o objetivo de nos fazer entender os nossos direitos e deveres como cidadãos e elevar a nossa compreensão à amplitude do tema e sua aplicação prática em nossa vida, tendo como ponto de partida, na nossa Arquidiocese, a questão da saúde pública. D. Orani prosseguiu, dizendo que a Quaresma é o momento para vislumbrarmos uma sociedade mais justa e mais fraterna, pois ela nos convoca a reflexão das nossas próprias atitudes. Lembrou a primeira leitura, do livro do Gênesis 3,9-24, e ressaltou que o pecado 8

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é o responsável pelo fechamento da árvore da vida, por isso a nossa atitude de conversão deve vir ao encontro de uma sociedade plural, que necessita de leis justas que levem em consideração o bem comum. Lembrou a importância de cada um, em ser multiplicador, nas paróquias, nas famílias e em todos os grupos, dos caminhos que podem ser traçados para promovermos ações que levem a sociedade a descobrir o seu papel. Logo após a Missa, deu-se inicio ao seminário com a apresentação da mesa, composta pelo bispo referencial para a Caridade Social, Dom Joel Portella Amado e os professores Fernando Tenório e Maria do Carmo Leal. O professor Fernando Tenório iniciou o debate, recomendando a todos a leitura do texto-base da CNBB sobre o tema da CF, dizendo que ele foi feito com muito esmero e que aponta às questões do nosso cotidiano brasileiro que nunca vamos encontrar em meios de comunicação, chamada de grande imprensa. Em seguida explicou a diferença entre políticas pública de estado e políticas pública de governo, dizendo que o Brasil é uma República Federativa, ou seja, o Brasil é um Estado formado por outros

estados. Por isso, muitas vezes as políticas públicas de Estado, que são decididas na esfera federal, não tem o mesmo significado nos estados e municípios. As políticas publicas de Estado são as ações permanentes, que vêm ao encontro do cumprimento constitucional a moradia, educação e saúde, por exemplo. Essas políticas são implementadas e recebem o investimento financeiro para que se cumpram e devem visar principalmente às pessoas que vivem às margens da sociedade ou mesmo excluídas. Já as políticas públicas de governo são aquelas ligadas a um determinado executor, como prefeitos e governadores e seguem por base as suas plataformas de ação partidária e programas de governo, que vão acontecer pelo tempo determinado de cada mandato. Ressaltou ainda que seja qual for à origem do planejamento da política pública, ela deve sempre ter o bem comum como base e meta. Insistiu que é indispensável separarmos a ideia de política partidária ou de políticos, do que se pretende alcançar com o tema da CF, que está além e aquém deles, pois visa o interesse coletivo, da prática do bem comum, já que vivemos em uma República e queremos exercer a política como expressão da caridade. (ler sobre o Ser e Agir como Republicanos, em O Mensageiro, Ed. Nov/2018). Dessa forma, levantou os pontos de ação que podem ser exercidos pelos cidadãos, garantidos


pela Constituição de 1988, que prevê a participação do cidadão, não só com o voto, mas de forma direta, utilizando-se, como por exemplo, dos conselhos gestores municipais, para a saúde, educação, segurança pública, etc. Disse que infelizmente esses conselhos são compostos por pessoas indicadas, mas lembrou de que isso ocorre pela nossa ausência e desinteresse em participar e lembrou que ser patriota é mais que vestir a camisa da seleção brasileira de futebol, mas se preocupar se as políticas

publicas estão indo ao encontro do bem comum, como já foi dito. Em seguida, a professora Maria do Carmo Leal, servidora da Fio Cruz, convidada a falar sobre a saúde, dentro das políticas públicas, introduziu sua explanação falando do importante papel da pastoral da saúde. Em seguida explicou que o SUS - Sistema Único de Saúde é um órgão que reúne a implementação de toda política publica de saúde do Brasil. O SUS é o maior sistema de saúde do mundo e também o mais complexo. É

responsável desde o acompanhamento de uma pressão arterial, até um transplante de órgãos. Por ser tão grande, do tamanho do Brasil, embora tenha as responsabilidades divididas com os estados e municípios, tem enorme dificuldade de acompanhar o que acontece em cada recanto do país e garantir a qualidade desse atendimento dentro de um mesmo padrão. O SUS, disse ela, é responsável pela assistência integral à saúde, que significa cuidar do brasileiro desde a gestação até o fim da sua

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vida, mas também dos mecanismos de prevenção de doenças e promoção da saúde, que representa a melhoria da qualidade de vida. A promoção da saúde está interligada a outras políticas, pois o bem estar do cidadão depende de fatores como renda e emprego, educação etc. Dessa forma a promoção da saúde é intersetorial, ou seja, que se relaciona com outras políticas publicas. Continuou dizendo que a constituição cidadã de 1988, determina a saúde como direito de todos, porém o Brasil é um país desigual com diferenças estruturais sérias, também do ponto de vista ao acesso a saúde. Então no conceito de saúde e de constituição do SUS, nós temos o que chamamos de equidade, que visa tratar desigualmente os desiguais, investido mais onde a carência é maior, por isso o programa saúde da família que estruturou a atenção básica da saúde no Brasil nos últimos anos, foi implantado prioritariamente no norte e nordes10

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te do país, que são as regiões mais pobres. A ideia da igualdade, não é fazer igual para todos, mas fazer mais para quem precisa mais. Em seguida explicou sobre a divisão das responsabilidades na execução das políticas publicas dentro da federação, exemplificando o papel do ministério da saúde, dos estados e municípios, frisando, no entanto, que o município é o executor de todo o processo, pois é lá onde moram as pessoas que vão utilizar o sistema e é lá onde as pessoas podem participar do conselho de saúde, é lá que ele vai reclamar e exigir que o sistema atenda de forma adequada às necessidades daquela região. Denunciou que o SUS vem sendo desmontado: Hoje o SUS atende 80% da população, em torno de 180 milhões de brasileiros, e recebe 45% das verbas destinadas a saúde, quando o sistema privado, que atende 20%, recebe 55% das verbas em investimentos indiretos, citando como exemplo os programas de

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vacinação, que é todo garantido pelo SUS, o atendimento a acidentados pelo SAMU e muitos outros exemplos. Com esse “desfinanciamento”, é óbvio que apresentará problemas, pontuou. Falou em seguida dos programas de prevenção e mostrou um gráfico indicando de que quando as políticas publicas foram usadas de forma correta, houve retorno positivo, como por exemplo, a diminuição de traumas e mortes em acidentes de trânsito com a campanha do uso do cinto de segurança, a proibição do uso de álcool com direção e a campanha para a diminuição dos casos de câncer e doenças do coração causadas pelo tabagismo, além de uma série de outros programas que foram realizados e resultaram em grande melhora da condição de saúde e perspectiva de vida saudável dos cidadãos. Apresentou um vídeo sobre o SUS, que deu aos presentes uma enorme clareza da dimensão desse patrimônio nacional, que deve ser


cuidado e defendido pelos cidadãos, mas exaltou a necessidade da população exercer o seu papel de protagonista nas políticas publicas para a saúde, como propõe a nossa arquidiocese, dentro do tema da CF de 2019. Passando a palavra para D. Joel Portella, para as considerações finais, que agradeceu a presença dos acadêmicos, elogiando a atuação deles para a melhora da vida das pessoas. Em seguida, ele chamou a atenção dos presentes para o grande desafio de não esquecermos o tema da CF logo após a quaresma, pois é assim que vem ocorrendo. Colocou pontos relacionados às Campanhas da Fraternidade: 1- Não perder a ligação entre quaresma e campanha da fraternidade: Proposta de transformação. Tomar consciência dos dados, e usá-los como base para transformar a realidade constatada. 2- Característica da CF: Integra a fé com a vida através de uma pedagogia própria, que interpela o conjunto de corações, sociedade e relação com meio ambiente a partir de uma questão concreta. Escolhe um assunto, um tema, mas na verdade a cada ano a pergunta permanece: que sociedade nós estamos construindo?

3- Os temas têm tido conexão entre o ano anterior com o ano seguinte. Percebeu-se que os temas precisam de desdobramento. O deste ano vem complementar o de 2018 que falava sobre a superação da violência, que nos ensinou que a violência não pode ser apenas identificada com criminalidade, mas que tudo aquilo que agride a dignidade da pessoa é violência, e quando ao final nos perguntamos como agir concretamente, o tema desse ano, vem nos responder. 4- O tema desse ano precisa ser bem trabalhado, pois não é percebido de imediato. É um tema urgente, mas requer que ouçamos

especialistas para aprender e entender os níveis de responsabilidades, as engrenagens etc. 5- O que a Igreja entende por políticas publicas: Está no texto básico da CNBB. O lema é muito interessante, fala do direito e da justiça, que é eminentemente evangélico. O julgar no texto-base nos apresenta essa temática fundamentalmente cristã. O desafio é para que as comunidades se debrucem sobre o texto. 6- Não é um tema para resultados imediatos, mas precisamos dá os primeiros passos. 7- O que cabe às comunidades (paróquias, movimentos, gru-

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pos): transmitir o que aprendeu aqui hoje, evitar o preconceito sobre a CF, buscar especialistas para oferecer formação, chamar representantes para conversar sobre as necessidades do bairro. A CF é um local de diálogo, que chama o leigo a responsabilidade de batizado à construção do reino de Deus. 8- A CF é indutiva. Quando recebemos o tema, o governo da Arquidiocese passou a conversar e pensar por qual política publica devíamos propor o aprofundamento e exercício do tema. Discutimos entre educação e saúde, qual apresentava problemas mais graves. Escolhemos a saúde. Devemos avaliar a situação da saúde, no nosso bairro, no nosso município, identificar as soluções possíveis, chamar a atenção dos gestores públicos para essas so-

luções, enfim são metas a serem cumpridas, não até a Páscoa, mas como desafio para alcançarmos a longo prazo, o direito e a justiça, concluiu. Em seguida os palestrantes res-

ponderam a perguntas e o encontro foi finalizado, em um clima de muito otimismo entre os presentes. Reportagem: Ana Clébia Fotos: João Medonho

Este espaço pode ser seu!

3392-4402 / 2425-0900 / 99916-9699 Acesse nosso site e saiba de tudo que acontece no Santuário: www.loreto.org.br

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Coluna Cultural

Ninguém fica sem cantar Com o Cantai, você reza, se alegra e louva a Deus Segundo o saber popular: “Quem canta reza duas vezes”. E dizem ainda: “Quem canta seus males espanta”. Para atender o clamor do povo e, claro, crescer na vida de oração por meio dos cânticos, a Edições Shalom publica a nova edição do Cantai a Deus com Alegria, em livro e CD. O livro é também um forte instrumento de evangelização, um auxílio para os grupos de oração e celebrações e dá aquela situada em quem se perde nas letras. Afinal, ninguém pode ficar sem cantar! A nova edição do Cantai a Deus com Alegria 2019 traz mais de 1.200 músicas, as cifras do novo CD, as orações eucarísticas e dois índices: temático e alfabético. As letras dos CDs, lançados ano passado, também estão no Cantai, como Só Tenho Hoje, Do Meu Jeito e os singles do MSH (DNA, Eis-me aqui, Suficiente para mim e Parapapa). O Cantai reúne vários cantos de louvor, fraternidade, Adoração, clamor ao Espírito, músicas vocacionais, marianas, cânticos para celebrações, Seminário de Vida no Espírito Santo e para os tempos litúrgicos. Para comprar o livro: http://bit.ly/2WCNfOD Para comprar o CD: http://bit.ly/2WzIDZr

cer, retiro de Carnaval da Comunidade Shalom, realizado em diversas cidades do País, de 3 a 5 de março. Em algumas cidades, o retiro recebe o nome de Reviver. Sobre a Edições Shalom A Edições Shalom atua como editora, produtora, gravadora e distribuidora dos produtos de evangelização da Comunidade Católica Shalom. Seus produtos são desenvolvidos para quem deseja se aprofundar na fé católica, no conhecimento de Deus e no Carisma Shalom. São produzidos livros, cadernos de oração, estudos bíblicos, CDs musicais e oracionais, DVDs de palestras e shows, camisas, e a liturgia diária Pão da Vida. A Edições Shalom também gerencia os artistas da Comunidade: Missionário Shalom, Davidson Silva, Ana Gabriela e Suely Façanha. Os produtos estão disponíveis nas Livrarias Shalom, localizadas nos Centros de Evangelização Shalom em todo o Brasil, no site livrariashalom.org e nas lojas católicas.

O novo CD traz 10 novas canções, compostas pelos missionários da Comunidade Shalom, entre eles: Gustavo Osterno, Susi Castro, Guilherme Pontes, Keciane Lima, Eduardo Cardoso, Pedro Ivo, Laura Salvador, Nicodemos Costa, Jorge Bonini, Evacy Costa. O lançamento do Cantai 2019 será no RenasQue tal partilhar conosco sua sugestão para a Coluna Cultural?! Envie sua sugestão (texto e uma foto) para pascom@loreto.org.br com o título “Coluna Cultural”, participe!

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Loreto em Ação

Encenação da Paixão de Cristo 2019

O

Momento da Encenação da Paixão de Cristo, em 2018

grupo de teatro Nossa Senhora de Loreto, desde 2014, encena a Paixão de Cristo tendo como inspiração o tema da Campanha da Fraternidade. Cada ano é sempre um desafio adaptar questões sociais atuais ao percurso doloroso de Jesus, que por amor a nós, se entregou com absoluta liberdade. Neste ano de 2019, a Campanha da Fraternidade “Fraternidade e políticas públicas” nos alerta para a prática do bem comum. Muitas pessoas não sabem definir os principais valores que norteiam suas vidas e, a consequência disso, é uma sociedade sem justiça e direitos. Na flagelação de Jesus, sua coroação de espinhos e crucificação, estão refletidos todos os apelos de nossa sociedade. Os sofrimentos causados pela falta de 14

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políticas que priorizem saúde, moradia, educação, segurança, trabalho, entre outros, fazem com que a vida de muitas pessoas se torne um verdadeiro calvário. É papel de todo cristão participar da construção de um mundo mais justo e mais digno: “Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados” (Mt 5,6). Colocando em evidência os mandamentos da lei de Deus mais importantes: “Amar ao Senhor Deus com todo o coração, com toda a alma, com todo o espírito e com todas as forças” e “Amar ao próximo como a si mesmo” (Mc 12, 29-31), a encenação busca fazer com que o público sinta verdadeiramente o amor pleno de Deus e seu desejo de que todos os homens se salvem por intermédio da morte e ressurreição de seu filho Jesus. É

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a vitória do Amor! Serás liberto pelo direito e pela justiça (Is 1, 27). E principalmente pelo amor! A Encenação da Paixão de Cristo 2019 será no dia 19 de abril (Sexta-Feira Santa), a partir das 18h, na frente do Santuário Nossa Senhora de Loreto, Freguesia, JPA. Convidamos toda comunidade para participar de mais um momento de fé e emoção através da arte. Coordenação Grupo de teatro – Charlene, Miriam e Thiago. Para conhecer mais ou participar do grupo, curta nossa página no Facebook www.facebook.com/ grupodeteatroloreto/ ou @ grupodeteatroloreto e entre em contato conosco


Sirva aos irmãos doando vida Vamos doar sangue JUNTOS? Dia 06 de abril de 2019, das 9:00 às 15:00 horas convidamos a nossa comunidade, pastorais, movimentos e grupos da nossa Paróquia, para um gesto concreto de amor para com nossos irmãos doentes através da doação de sangue. A HEMORIO, com sua equipe e equipamentos estarão nesse dia em nossa paróquia, no salão CEPAR. Contamos com a generosa colaboração de todos. Que Deus os abençoem e que Nossa Senhora de Loreto interceda por todos nós. PAZ E BEM

“Nisto conhecemos o que é o amor: Jesus Cristo deu a sua vida por nós, e devemos dar a nossa vida por nossos irmãos.” 1 João 3:16

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Colaboração do Leitor

O Cristo Negro de Portobelo no Panamá

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m janeiro a Cidade do Panamá recebeu dezenas de milhares de cristãos católicos onde celebraram a JMJ 2019. Porém o país e a cidade tornaram-se centro das atenções no Rio também neste mês de março devido ao enredo “A Fé que Emerge das Águas” onde o GRES Estácio de Sá – a 1ª escola de samba fundada no Rio de Janeiro¹ – levou ao Sambódromo, tendo sido a 3ª escola do Grupo de Acesso a desfilar no sábado 2 de março. Mas qual a história do Cristo Negro de Portobelo²? A legendária representação de Jesus Cristo conhecida como Cristo Negro de Portobelo, mistura temas de raça e religião, juntamente com uma história com origem mítica, criando um dos muitos objetos de fé e devoção cristã do mundo. As verdadeiras origens do Cristo Negro são na verdade desconhecidas. Existem 3 lendas, conforme a seguir. A caixa e a tempestade: A versão mais difundida é a de que a estátua vinha sendo trazida da Europa, quando o mau tempo teria obrigado o navio a aportar em Portobelo. Por cinco dias, os marinheiros tentaram seguir viagem, o que sempre era impedido pela fúria das águas. Até que eles cismaram que o problema era a presença da estátua e jogaram-na ao mar. Segundo a versão, após tal providência, finalmente veio a calmaria e eles seguiram viagem. O ano era o de 1658 e o mês de outubro onde, de acordo com a história, um escravo negro estava pescando na cidade quando viu um grande objeto flutuando na água. Depois de arrastar o objeto misteriosamente embrulhado para o chão, ele desembrulhou-o na visão de várias testemunhas e 16

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apareceu a figura do Cristo Negro. A estátua foi recuperada e levada até uma capela onde ficou até a construção da Igreja de San Felipe, onde está hoje. Sua cor escura vem da madeira original na qual foi entalhada por um artesão espanhol. A caixa e a epidemia: Outra importante versão foi a que muitos moradores locais sentiram através de sua fé que a aparição da estátua era um sinal de que Jesus estava com eles em um sentido muito mais amplo e concreto. Essa veneração foi recompensada e verificada quando a praga que assolava a região foi desaparecendo, assim que a imagem do Cristo Negro chegou à cidade. Troca das imagens: Uma terceira lenda assegura que a Igreja de Taboga (uma ilha do Pacífico), ordenou a imagem de um Jesus Nazareno a um fornecedor da Espanha. Por outro lado, a Igreja de Portobelo pediu ao mesmo artesão uma imagem de São Pedro. Houve um erro ao enviar as imagens havendo a troca no envio das mesmas, sendo que a de São Pedro foi para Taboga e a do Cristo Negro acabou em Portobelo. Todos os esforços que foram feitos para tentar corrigir o erro não obtiveram sucesso, porque sempre acontecia algo que impedia a imagem de deixar a cidade. Desta forma, a comunidade interpretou as dificuldades como uma mensagem divina e abandonou a ideia de trocar imagens. O manto da estátua é trocado duas vezes por ano, durante a Semana Santa e no festival em outubro. Desde então e para honrar as ações miraculosas do Cristo, uma procissão é celebrada todo dia 21 de outubro. Durante a procissão, os peregrinos caminham por vários quilômetros pela cidade, muitos vestindo


Celebridade Internacional esteve no desfile da Estácio de Sá Panamá e Brasil estiveram reunidos no desfile de 2019 da Estácio de Sá através de um dos nomes mais celebrados e queridos hoje na América Latina. Filha de uma brasileira e nascida no Panamá, Érika Ender aceitou o convite da primeira escola de samba do Brasil e foi destaque no desfile que celebrou a fé e devoção do povo panamenho ao Cristo Negro de Portobelo. Símbolo pop, a cantora coleciona vários Grammy, Billboard, entre outros. No Brasil, seu hit Despacito foi cantado por artistas de diferentes segmentos e até Roberto Carlos se rendeu ao talento, carisma e beleza da artista. Atualmente, a estrela da música pop latina, tem o seu mais novo hit “Dónde” – dueto com o grupo cubano Gente de Zona –, que foi incorporado a trilha sonora da novela “O Tempo Não Pára” da Rede Globo de Televisão.

mantos cerimoniais homenageando à figura do Cristo até chegar a igreja. É levada sobre os ombros dos fiéis por uma distância, representando o caminho que ele andou arrastando do mar. A procissão segue um conjunto de passos – quatro passos à frente, três passos para trás e ao ritmo de música típica – que vai se prolongando durante toda cerimônia e por horas. À meia-noite a imagem retorna ao seu lugar na Igreja. Durante o Festival do Cristo Negro, milhares de peregrinos chegam a Portobelo. Histórias mágicas e milagres são contados em torno da imagem numa atmosfera onde se mistura todo o fervor religioso com a festividade. São vendidos diversos artigos religiosos e por tradição os fiéis colocam cera quente sobre seus corpos durante a procissão. Esse ritual faz com que estas pessoas sintam um pouco de dor como forma de penitência e purificação. Ao mesmo tempo, a música ao vivo é tocada durante o festival.

Colaborou com o texto (adaptado): Paulo Renato PASCOM Fontes: Sites da Estácio de Sá, Enroute Blog (em espanhol) e Blog do Mestre Carnaval. Fotos: Wikipédia, Estácio de Sá, Seracat e perfil do Facebook oficial da Érika Ender. Pai Nosso que emerge das águasPerdoai as ofensas daqueles que não o entendem Daqueles que não compreendem que sua cor é negra Um Cristo que carrega a cruz das três raças Ó, Cristo Nazareno Negrón Nesta noite te oferecemos flores em devoção Que seja feita, aqui e aí, a tua vontade Assim na Terra como no céu: Glória e prosperidade ao Panamá E alegria a nosso povo da Estácio de Sá Amém. (Trechos retirados da sinopse do Enredo)

¹ A “Deixa Falar” foi fundada em 12/08/1928. Em 1955 passou a chamar-se “Unidos de São Carlos” e em 1983 mudou novamente para Estácio de Sá. ² Portobelo é uma cidade panamenha situada na província de Cólon, ao norte do Canal do Panamá.

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Bem Estar

Como manter hábitos saudáveis em dias quentes?

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urante a estação mais quente do ano, o verão, mas não menos nas demais, já que vivemos em um país ensolarado e em uma Cidade, das mais quentes do território nacional, é fundamental termos alguns cuidados com a alimentação, ingestão hídrica e os exercícios físicos que serão praticados! Devido a isso, separei algumas dicas que podem ajudar você a manter a saúde nos dias quentes. yy Aposte em refeições coloridas e ricas em frutas e hortaliças (verduras, legumes e tubérculos). São leves, nutritivas, digestivas e ajudam a manter o corpo hidratado. yy Aumente o consumo de alimentos de tom avermelhado: açaí, ameixa, amora, blue berry, gogi berry, morango e tomate. São excelentes fontes de antioxidantes que retardam o envelhecimento precoce, contribuindo, dessa forma, na redução de doenças como a de pele. yy Invista em legumes e frutas de coloração amarela, por exemplo, abóbora, cenoura, laranja e manga. Elas apresentam a substância, beta-caroteno (pró-vitamina A), capaz de proteger a visão e manter a pele bronzeada. E o melhor, de forma natural e saudável! yy As frutas podem ser ingeridas e preparadas na forma de sucos/vitaminas/ smoothies/shakes, sacolé e sorvete caseiro. Dando preferência a ingestão in natura (natural) e sem adição de açúcar, creme de leite ou leite condensado. yy Reduza o consumo de alimentos gordurosos e frituras! Ambos dificultam a digestão e prejudicam a saúde quando consumidos frequentemente e/ou em excesso, principalmente, em épocas de altas temperaturas. yy A insubstituível água mineral é essencial para manter o corpo hidratado. Sendo assim, invista nessa bebida, ingerindo, em média, de 2,0 a 3 litros de água por dia. Para lembrar de bebê-la, ande com uma garrafa (510ml) na bolsa/ mochila ou programe o despertador de qualquer aparelho eletrônico. 18

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yy Outra opção é a introdução de água aromatizada para dar um leve sabor e frescor. Exemplo de preparação: água aromatizada feita com limão, laranja, morango, hortelã e pepino. yy A água de coco é uma excelente opção para ajudar na hidratação corpórea. Contribui na reposição de nutrientes como os minerais, perdidos com o suor gerado pelo corpo. yy Evite bebidas artificiais como refrigerantes, sucos artificiais, guaraná natural e chá preto (industrializado) para «matar» a sede, pois são ricos em açúcar refinado, sódio e de baixo valor nutricional. yy Ao realizar atividades físicas, evite praticá-las em jejum, principalmente, no verão! Consuma alimentos leves (frutas, por exemplo) antes de iniciar os exercícios. Dependendo do alimento, dê intervalos de 30› a 60› minutos antes de praticá-las. yy Lembre-se de manter o corpo hidratado e dê preferência aos horários das 6:00 às 10:00 horas da manhã ou no final da tarde para se exercitar. Isso reduz a ocorrência de desidratação e o desgaste físico ocorre lentamente.

Nutricionista: Érika Mendes Ramos CRN:18100508 Telefone: (21) 98190-0722 erikamendesnutri.05@gmail.com


#ColunaJovem Agora é a vez dos patrícios!

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uem lembra a alegria de ouvir em 2011 do Papa Bento XVI o anúncio de que a Jornada Mundial da Juventude seguinte seria no Rio de Janeiro? Pois os portugueses acabaram de viver esse momento inesquecível. Mas quem lembra cada partilha, sacrifício, dedicação, alegria, milagres e providências dos 2 anos que se seguiram de preparação até 2013? Eles ainda não fazem idéia disso tudo! É oficial: a próxima JMJ, em 2022, será em Lisboa. Portugal que virou destino queridinho de todos agora tem mais um motivo para acolher o mundo, a Jornada Mundial da Juventude. Já começaram as escalas na cantina da paróquia? Cadê a rifa? Vambora que essa Jornada tem tudo para ser única! O país lusitano é quintal dos demais europeus quando se trata de viagem, pelos seus preços mais atrativos que o resto da Europa, o clima agradável, tanta beleza e boa comida faz com que os gringos se reunam por lá – e acredita-se que não será diferente em 2022. Quanto a nós, todo mundo conhece alguém que já foi, alguém que lá mora e já prometeu um cantinho, afinal, se eles nos “descobriram”, podemos nós fazer o caminho de volta! E muitos não sabem, mas por ter tido também tantas colônias africanas, Portugal ainda preser-

va laços fortíssimos com vários países do continente e, o que pensamos sobre a facilidade do brasileiro se sentir em casa por lá, vale para eles também. Com tanto brasileiro, a promessa dos europeus mais que frequentadores, os demais latinos apaixonados pelo Papa e os africanos que vão marcar presença, vai sim ser uma Jornada mesmo mundial. E aqui vai o apelo: rezem pela juventude e pela Igreja em Portugal. Sim, a tradição católica tem raízes profundas e a Fatinha “segura as pontas” por lá. Mas estamos diante de uma “igreja de cabelos brancos”, extremamente envelhecida e de uma atual geração atéia. Agradeçamos pelos movimentos e comunidades católicas que animam os portugueses. Agradeçamos pelos escoteiros, que são uma enorme comunidade católica acostuma-

da a apoiar a Igreja em grandes eventos, com sua logística e autêntica felicidade. Agradeçamos e peçamos pelos bispos patrícios que se rejuveneceram no Sínodo dos bispos sobre a Juventude e estão com bastante gás pra mudar esse cenário português! E por último: você aí que foi voluntário, que foi família de acolhida, ou que quis ser mais e não conseguiu... que tal ser um voluntário internacional e dividir com a terrinha toda a sua energia brasileira de ser católico? No Panamá nosso Francisco afirmou que não somos o amanhã, somos o AGORA! A JMJ te chama, a JMJ precisa de você! Cantamos e cantamos diversas vezes, pode ser essa a sua hora, “Cristo nos envia, sejam missionários”!

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Flávia Fittipaldi O Mensageiro

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Santuário de Loreto Mês de março é mês de festa para nós, afinal dia 6 de março comemoramos o aniversário de criação de nossa Paróquia! Vamos celebrar relembrando a sua história desde a fundação. Na época da criação da Freguesia (Paróquia) de Nossa Senhora de Loreto em Jacarepaguá as terras locais eram consideradas extremamente férteis e a região onde seria construída a Igreja de Loreto era denominada Planície dos Onze Engenhos. A concentração populacional estava crescendo na área, fruto da instalação de engenhos nas fazendas, da plantação de canaviais e da fabricação de açúcar. Essas terras faziam parte da Freguesia (Paróquia) de Nossa Senhora da Apresentação de Irajá. A Matriz de Irajá, muito distante da extensa baixada de Jacarepaguá, implicava em grandes dificuldades para a administração dos Santos Sacramentos, razão porque tornou-se necessária a criação de uma nova Paróquia. Assim, em 06 de março de 1661, foi criada a Freguesia (Paróquia) de Nossa Senhora de Loreto e Santo Antônio de Jacarepaguá, na Fazenda do Padre Manoel de Araújo. Acompanhe um pouco da linha do tempo de nossa Igreja com alguns fatos que marcaram sua história: 1661 - Em 6 de março: Criação da Paróquia. 1664 - Construção da primitiva igreja Matriz na Fazenda do Pe. Manuel de Araújo, que pediu ao Bispo, em nome dos moradores, a fundação da Paróquia. 1667 - Construção de novo tem20

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plo, no mesmo lugar, visto que o anterior estava em ruínas. 1730 - Início da construção da Igreja atual, na Ladeira da Freguesia. Em 1797 já existiam a atual Capela-Mor, a atual Sacristia e os corredores laterais. 1920 - O Papa Bento XV proclama Nossa Senhora de Loreto, Padroeira Universal da Aviação. 1921 - Em 06 de janeiro: Os Padres Barnabitas assumem a direção da Freguesia de Nossa Senhora de Loreto. Foram os grandes evangelizadores da região com a implantação de uma catequese mais consistente e contínua, criando núcleos de catequese nas escolas públicas e comunidades distantes, implantaram uma Ação e Assistência Social, difundiram não só a doutrina católica, mas assistência religiosa, providenciando alfabetização e instrução dos paroquianos. 1922 - Início da construção do prédio para a instalação da Escola Apostólica Sagrado Coração de Jesus (Seminário Barnabita). 1958 / 1961 - Restauração da Igreja por ocasião da comemoração

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dos 300 anos da fundação da Paróquia, com a construção da 2ª torre da Igreja e dos mezaninos dos corredores e do coro, em concreto armado, substituindo a madeira atacada pelo cupim. 1970 - Em 17 de outubro - Promulgação do Decreto de Santuário e, em 10 de dezembro, foi feita a Proclamação, por Dom Jaime de Barros Câmara, do título de Santuário Nacional à Igreja de Nossa Senhora de Loreto 1984 – Em 24 de dezembro Inauguração do ginásio polivalente (Loretão) 2000 – Em 13 de maio - Inauguração do CEPAR (Centro de Estudos Paroquial) 2001 – Em 14 de agosto - Tombamento da Igreja pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural INEPAC 2006 - Transformação do Ginásio (Loretão) em Templo Para conhecer mais sobre a história de nossa Paróquia e Santuário, além da devoção a N. Sra de Loreto, visite o Corredor Histórico no corredor lateral do Santuário.


São Patrício - 17/03

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ão Patrício, o “Apóstolo da Irlanda”, nasceu na Inglaterra, numa rica família romanizada, provavelmente entre os anos 385 e 390. Com a idade de 16 anos foi capturado por um grupo de piratas irlandeses, levado para a Irlanda e vendido como escravo a um chefe de clã irlandês. Nesse país ele viveu seis anos, sofrendo fome e nudez e trabalhando como guardador de porcos. Durante esse período aprendeu a língua e assimilou os costumes dos habitantes do lugar, mas sobretudo aprendeu a amar, como seu, aquele povo. Certo dia, animado por um sonho que teve, mas sem dinheiro para a passagem, procurou alguns mari-

nheiros de um navio, contou-lhes sua história, e eles, embora pagãos, se comoveram e o transportaram para sua terra. Atendendo à inspiração de uma voz interior que lhe dizia que ele devia levar a fé cristã aos irlandeses, São Patrício atravessou novamente o mar e foi para a França a fim de estudar teologia sob a orientação de São Germano. Foi ordenado diácono, e depois o próprio São Germano lhe conferiu a sagração episcopal. Durante algum tempo trabalhou em seu país, mas depois, a pedido seu, foi enviado pelo próprio Papa de volta à Irlanda. Tinha então 50 anos de idade. A história da conversão da Irlanda gira inicialmente em torno das conversões operadas entre os familiares e chefes dos clãs, que exerciam o poder de modo absoluto sobre seus grupos. São Patrício fundou mosteiros que se tornaram verdadeiros centros de evangelização e cultura, incentivou e formou um clero local, criou pequenas comunidades e organizou um tipo de pastoral adaptada aos costumes e tradições populares do país. Os irlandeses, tocados pelo carinho e dedicação de São Patrício, converteram-se em grande número. Ao morrer, 30 anos mais tarde, por volta do ano 461, quase toda a Irlanda já se havia convertido. Embora de São Patrício até nossos dias mais de 15 séculos se tenham passado, sua experiência missionária chega até nós com a mesma força e vigor. Com ele aprendemos que o missionário autêntico é transparente, paciente, simples, humilde, compartilha dos sentimentos e emoções do povo, não se considera representante de uma cultura superior, mas valoriza e se identifica com a cultura do povo que adota. O verdadeiro missionário não procura mudar o povo, mas apenas amá-los em nome de Deus, porque ele sabe que só o amor transforma, só o amor converte. São Patrício, rogai por nós!

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Santuário da Adoção

Sobre as pré-concepções da adoção Há quem cogite longinquamente a possibilidade de adotar uma criança, mas esbarra em contraindicações socialmente difundidas, oriundas de um profundo preconceito que permeia o tema. As dúvidas que surgem nem sempre são teoricamente complicadas, mas antes passam por pré-concepções tão batidas em nossa vivência cotidiana, por nossos familiares, amigos e pela própria mídia. É a cultura do “filho de criação”, alguém acolhido materialmente por uma família, mas que não ostenta todos os requisitos inerentes a um filho de verdade, não se mistura no carinho integral os membros da família se concedem mutuamente. Deste vício inicial surgem muitas incompreensões que vão sendo tomadas como verdades eternas, sabedoria ancestral, que seguem a lógica falsa da prudência, apontando seu dedo torto para problemas inexistentes. São miragens míopes, que os moribundos do deserto da falta de afetividade pensam ser reais. Como os sedentos esfomeados na areia escaldante, as pessoas que estão privadas de conviver com o amor pleno têm também delírios: enxergam oásis inexistentes de vidas absolutamente seguras, longe de qualquer risco ou improviso. E com a visão entorpecida por esta ingênua pretensão, privam-se do melhor da vida e continuam sua viagem trôpega pelo deserto de afeto. O filho adotivo é tão amado como o biológico? É essa a primeira dúvida que surge quando alguém pensa em adotar. Não se deve pensar que é crime ter tal insegurança, já que ela faz parte de nosso ideário social há décadas. Crime é não superá-la, pelo espírito de amor revolucionário que existe em potencial em cada um de nós. Amor divino, que não se submete às lógicas egocêntricas e a determinismos cafonas, fora de época. O filho adotivo é uma dádiva: um ser que o pai adotivo não poderia nunca ter gerado, por advir biologicamente de outros cromossomos, mas que permite que ele destine a jazida de afeto que estava ociosa em seu peito. Na verdade, só os filhos adotivos são amados. Mesmo os filhos biológicos são adotados por seus pais biológicos, quando há amor e cuidado. O psicólogo Luiz Schettini 22

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Filho costuma dizer que todo filho é biológico e adotivo: biológico porque é o único meio de se vir ao mundo e adotivo por que precisa ser amado, amparado e criado. Assim, para crescer em segurança emocional todo ser humano precisa ser adotado. Daí inexistir distinção entre a filiação biológica e adotiva, em relação ao amor que se sente. O amor é adotivo. Se há amor, é caso de adoção, mesmo que o filho tenha sido gerado pelo pai. Podemos, então, esquecer completamente o mito da filiação biológica como passaporte garantido para uma relação amorosa entra pais e filhos. Os abrigos abarrotados de filhos biológicos que não foram adotados por seus genitores são um testemunho trágico de que ter sido gerado por alguém não importa necessariamente na existência de amor. Os adolescentes de classe média, andando de moto e fumando maconha, largados nas cidades por pais desleixados também demonstram o mesmo. Pois então podemos ser livres para amar o diferente e celebrar os encontros de alma. Não precisamos imitar o que a natureza eventualmente negou. Pode o branco amar o negro e vice-versa, na qualidade ímpar de pai e filho, fazendo das famílias uma dádiva da brasilidade, famílias coloridas e amorosas, que escolheram o amor como elemento de liga. Quem ama adota. Sávio Bittencourt (Pai Adotivo, Procurador de Justiça - RJ, Autor e Escritor de diversos livros)


Pé na estrada Terço na mão

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ma das grandes vantagens de morar no Rio é que não precisamos viajar pra turistar, afinal, mesmo depois de tantos desgovernos, nossa cidade segue linda e maravilhosa. Como boa carioca “da gema”, que sou, adoro mostrar meus cantinhos preferidos da cidade aos meus amigos não cariocas. Na minha empreitada mais recente, acabei entrando numa rua errada e para não perder tempo no trânsito de segunda-feira, estacionei e resolvi completar meu caminho andando até a praia da Urca. Qual não foi minha surpresa ao encontrar uma igreja em estilo neocolonial que nunca tinha reparado ao passar

apressadamente de automóvel... Não resisti, pedi licença às minhas amigas que já estavam encantadas com a vista da mureta da Urca e entrei na Paróquia Nossa Senhora do Brasil. É uma igreja é pequena, mas extremamente aconchegante e estava tocando bem baixo um hino a Maria. Sentei ali e rezei... Numa paz única e reparadora que há muito não encontrava, já que usualmente vou à igreja nos horários em que ela está cheia. Sai dali revigorada e ainda fui contemplada com um belo pôr do sol. Como Deus é bom né?! Giselle Lopes A Igreja Nossa Senhora do Brasil,

localizada no bairro carioca da Urca, foi construída em 1929, tendo sido a primeira igreja no Brasil dedicada a Nossa Senhora do Brasil. Endereço: Av. Portugal, 772 - Urca, Rio de Janeiro.

Você já viveu uma experiência parecida? Encontrou em suas andanças uma igreja ou uma devoção local, que pode ser indicada a outros “viajantes”? Partilhe conosco, enviando texto e foto para a nossa coluna Pé na Estrada, Terço na Mão, pelo e-mail: pascom@loreto.org.br.

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Fé e Política Robson Leite

“Fraternidade e políticas públicas: o que eu tenho a ver com isso?”

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os últimos dois meses, eu tenho realizado uma série de palestras e formações, como faço todos os anos, sobre a campanha da fraternidade. A desse ano, em especial, possui uma característica que se aproxima bastante da minha área de pesquisa acadêmica: políticas públicas. Porém, não se pode fazer nenhuma reflexão sobre a campanha da fraternidade sem que antes se aborde o importante histórico das campanhas e os reais motivos que levaram a Igreja Católica no Brasil a se debruçar sobre os temas sociais e políticos no período da quaresma. O período quaresmal, que nos leva à penitência em preparação para a Páscoa do Senhor, é tempo de reflexão e conversão. Tempo de mudança. E é exatamente nesse momento que a Igreja no Brasil, desde o encerramento do Concílio Vaticano II, promove a reflexão de temas de cunho social e político. Entretanto, com a profunda mudança que o Vaticano II propôs à Igreja, a CNBB, à luz das constituições apostólicas do concílio, debruçou-se primeiramente em algumas questões internas ligadas à sua renovação. Isso fica claramente demonstrado nas campanhas que vão de 1964 a 1972. Temas como: “Igreja em renovação”, “Paróquia em Renovação”, “Participação” e “Serviço e Vocação” sinalizam o início de um novo tempo. Um tempo onde a participação do leigo dentro da Igreja passa a ser muito mais ativa do que tinha sido até então. Após esse período, a CNBB passa, a partir de 1972 e seguindo a mesma orientação conciliar e evangélica do ciclo anterior, a se concentrar nas graves questões sociais que afetam até hoje o nosso país: moradia, saúde, educação, meio ambiente, juventude, exclusão, pobreza, reforma agrária, segurança pública e a política propriamente dita foram, por mais de uma vez, temas das campanhas da fraternidade. E alguns frutos estão aí até hoje. O ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente –, foi fruto de uma grande mobilização iniciada com uma campanha da fraternidade. Há diversos outros exemplos que demonstram a importância e a efetividade desse valoroso trabalho da CNBB em nosso país. O Evangelho é muito claro e contundente sobre a urgente necessidade da participação do leigo na política, para atuar na transformação da sociedade rumo a civilização do amor. Em Mateus, 25, 31-46, Jesus deixa muito clara a opção preferencial pelos pobres e marginalizados. “Quem fizer ao mais pequenino desses 24

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irmãos, foi a mim que o fizeste”. E é nessa perspectiva que a Igreja do Brasil nos lembra que é incoerente ser cristão e se omitir frente as realidades perversas e socialmente injustas que estão ao nosso redor. Além do mais, é sempre bom lembrar que o posicionamento e as ações de Jesus e seus discípulos tinham uma clara opção: os excluídos. E isso o levou à morte de cruz, pois essa posição incomodava profundamente o poder político de sua época – que condenou, torturou e matou injustamente Jesus Cristo. A campanha desse ano não é diferente. Ela apresenta a necessidade de se colocar as políticas públicas à serviço da construção do Reino. E para isso, a participação efetiva da Igreja – povo de Deus – é indispensável. Há instrumentos para isso, como os conselhos garantidores de direitos, os conselhos de representação, os sindicatos, as associações de moradores e a própria política partidária. Todos eles são meios importantes que precisam ser utilizados pelos leigos nesse sentido. Sabemos que a intolerância, fomentada na incapacidade de ouvir o diferente, tem, lamentavelmente, influenciado demais as pessoas em nosso país, sobretudo na política. E isso, infelizmente, só atrapalha. O respeito ao diferente e a capacidade de ouvir mais do que falar são elementos fundamentais para a democracia. Política não é futebol, por isso jamais deve haver a figura “pejorativa” dos “vitoriosos e derrotados”. Claro que governo e oposição são indispensáveis no processo democrático, mas a campanha da fraternidade desse ano cria uma ótima oportunidade de se refletir sobre projetos e propostas políticas ao invés de se debater sobre nomes e partidos – o que deve ser feito também, mas na eleição. Esse é o caminho. Aproveitar a campanha da fraternidade desse ano e recordar o que nos sugeriu o Papa Francisco em 2013 aqui no Brasil acerca de como resolver os nossos problemas políticos para, dessa forma, juntos construirmos a civilização do amor: “Diálogo, diálogo, diálogo”. (*) Robson Leite é professor, escritor, membro da nossa paróquia, Ex-Superintendente Regional do Ministério do Trabalho e Emprego no RJ e foi Deputado Estadual de 2011 a Janeiro de 2014. Site: www.robsonleite.com.br Página do Facebook: www.facebook.com.br/robsonleiteprofessor


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As demais atividades do mês estão em: www.loreto.org.br

Março

DATA

HORÁRIO

EVENTO

08/03

16:00hs

MISSA NO CATI

12/03

19:30hs

MISSA NUCLEO INDEPENDÊNCIA

15/03

15:00hs

MISSA NA ESTANCIA SÃO JOSÉ

22/03

15:00hs

MISSA NO HOSPITAL RIO’S DOR

DATA

HORÁRIO

PASTORAL

LOCAL

EVENTO

06/03 06/03 10/03 12/03 24/03 31/03

20H00 20H00 07H00 às 19H00 20H30 07H00 às 12H00 07H00 às 12H00

TODAS TODAS COMISSÃO SANTUÁRIO TODAS FÉ E DONS AÇAO SOCIAL

LORETÃO LORETÃO SANTUÁRIO SCJ ZACCARIA ZACCARIA

ANIVERSÁRIO DA PARÓQUIA - 358 ANOS ABERTURA DA CF 2019 SANTUÁRIO ABERTO REUNIÃO DO CONSELHO PASTORAL PAROQUIAL APROFUNDAMENTO ENTREGA DAS CESTAS AOS ASSISTIDOS

Este espaço pode ser seu! 3392-4402 / 2425-0900 / 99916-9699 Acesse nosso site e saiba de tudo que acontece no Santuário:

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loretinho

Elaborado pelas Irmãs de Belém

CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2019

Tema: Fraternidade e Políticas Públicas Lema: “Serás libertado pelo direito e pela justiça” (Is 1, 27) O cartaz representa o desejo da Igreja do Brasil de ajudar a sociedade a refletir sobre a importância das políticas públicas, como meio de assegurar as condições mais elementares para construção e manutenção da sociedade, de modo que as pessoas possam viver dignamente nas suas várias realidades. “Por meio de silhuetas, busquei de alguma forma, representar a presença de algumas das categorias que considero fundamentais para a discussão das políticas públicas, questões relacionadas à educação, saúde, meio-ambiente e desenvolvimento.” Pe. Erivaldo Dantas (Autor do cartaz) A cada ano, por ocasião da Quaresma, a Campanha da Fraternidade vem nos lembrar de algum aspecto da vida social que está sendo esquecido, como: paz, saúde, educação, respeito, etc. Qual será a causa de tanta violência, desordem, acidentes? Aprendemos na catequese que Deus criou-nos para a felicidade, porém, o pecado entrou no coração do ser humano, e com ele o egoísmo,

a inveja e a indiferença. Nosso Senhor Jesus Cristo vem, vence o pecado, nos oferece a salvação, a paz e os meios para segui-Lo. Para sermos bons temos que exercitar nosso coração e nossa alma todos os dias, praticando atitudes de atenção, respeito e ajuda ao próximo, fraternidade e justiça. A fraternidade só acontecerá quando eu e você sairmos de nossa acomodação e formos ao encontro do próximo para ajudá-lo em sua necessidade.

“Jesus Cristo me espera no meu irmão.” Madre Maria Helena Cavalcanti Palavras-Cruzadas Complete as frases e preencha a cruzadinha. 1) A Quaresma tem duração de ______ dias. 2) Nós revivemos os sofrimentos de ___________. 3) São dias de espera e ORAÇÃO. 4) É a ____________ para a Páscoa. 5) Lembra os dias que Jesus passou no ________orando. 6) Um dos gestos da Quaresma é a ____________. 1 5 E

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SIM

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NÃO

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Um bom cristão deve esforçar-se para viver em fraternidade com todos.

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Desobedecer aos pais e aos professores são atitudes fraternas.

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Quando ajudo as pessoas que precisam sou fraterno.

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Refletir... 2

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Sim ou Não

O Mensageiro

O R A Ç A O

3

Março 2019

“Senhor Jesus que dissestes: “Sou Eu mesmo não temais”, quisera que todos descobrissem na minha fisionomia, o traço característico de fraternidade da grande Família de Deus”! (Madre Maria Helena Cavalcanti)



São Patrício


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