Oração cristã Jane do Térsio
Pai Nosso — Os sete pedidos Santificado seja o vosso Nome (continuação) Venha a nós o vosso reino Na água do Batismo fomos “lavados, santificados, justificados em nome do Senhor Jesus Cristo e pelo Espírito de nosso Deus” (1 Cor 6,11). É de se desejar que a consagração batismal vivifique toda a nossa vida, pois durante toda nossa vida, Nosso Pai “nos chama à santidade” (1 Ts 4,7). Contribui para sua Glória e para nossa vida o fato de seu nome ser santificado em nós e por nós. Além disso, é pedir, com a nossa vida e a nossa oração, que o Nome de Deus seja conhecido e bendito por todos os homens, Essa é a urgência de nosso primeiro pedido. Em Lv 11,44 lemos: “Sede santos porque eu sou Santo”. Então nós pedimos que, como fomos santificados pelo batismo, consigamos perseverar naquilo eu começamos a ser. Mas... nós cometemos faltas todos os dias... e uma maneira de nos purificarmos de nossos pecados por uma santificação retomada sem cessar, é a nossa dedicação à oração para que esta santidade permaneça em nós, como nos ensina São Cipriano. Quando dizemos “santificado seja o vosso Nome”, pedimos que ele seja santificado em nós que estamos nele, mas também nos outros que a graça de Deus ainda aguarda, a fim de conformar-nos ao preceito que nos obriga a rezar por todos, mesmo por nossos inimigos. É por isso que não dizemos expressamente: vosso Nome seja santificado “em nós”, porque pedimos que ele o seja em todos os homens, como nos ensina Tertuliano. Este pedido, que contém todos os pedidos, é atendido pela oração de Cristo, como os seis outros que seguem. A oração ao nosso Pai é nossa oração se for rezada “no Nome” de Jesus. Jesus pede em sua oração sacerdotal: “Pai santo, guarda em teu Nome os que me deste” (Jo 17,11). Venha a nós o vosso Reino O Reino de Deus existe antes de nós. Aproximou-se no Verbo encarnado, é anunciado ao longo de todo o Evangelho, veio na Morte e na Ressurreição de Cristo. O Reino de Deus vem desde a santa Ceia e na Eucaristia: ele está no meio de nós. O Reino virá na glória quando Cristo o restituir ao seu Pai. Independente do pedido da Oração, por nossa própria iniciativa teríamos gritado “Marana Tha”, o
grito do Espírito e da Esposa: “Vem, Senhor Jesus”. Na Oração do Senhor, trata-se principalmente da vinda final do Reino de Deus mediante o retorno de Cristo. Mas este desejo não desvia a Igreja de sua missão neste mundo, antes a empenha ainda mais nesta missão. Pois a partir de Pentecostes a vinda do Reino é obra do Espírito do Senhor “para santificar todas as coisas, levando à plenitude a sua obra. O Reino de Deus é justiça, paz e alegria no Espírito Santo (Rm 14,17). Os últimos tempos que estamos vivendo, são os mesmos da efusão do Espírito Santo. Só um coração puro pode dizer com segurança: “Venha a nós o vosso Reino”. Diz François Fénelon: “O Reino de Deus, que é totalmente interior, é querer tudo o que Deus quer, é querê-lo em todas as circunstâncias e sem limitações. Num trabalho de discernimento segundo o Espírito, devem os cristãos distinguir entre o crescimento do Reino de Deus e o progresso da cultura e da sociedade em que estão empenhados. Esta distinção não é separação, A Igreja reza para que o Reino de Deus cresça desde já graças à santidade dos homens no Espírito e, graças ao empenho deles, a serviço da justiça e da paz, segundo as Bem-aventuranças. “Deus quer que todos se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade” (1 Tm2,4). O Reino de Deus começa com aqueles que se deixam transformar pelo amor de Deus. Segundo a experiência de Jesus, isso acontece sobretudo com os pobres e os pequenos. No Sermão da Montanha, são os pobres e os aflitos, as vítimas da perseguição e da violência, todos os que procuram Deus de coração puro, todos os que buscam a sua misericórdia, a justiça e a paz... têm acesso prioritário ao Reino de Deus. Com o segundo pedido, a Igreja tem em vista principalmente a volta de Cristo e a vinda final do Reino de Deus, rezando também pelo crescimento do Reino de Deus no “hoje” de nossas vidas. São palavras do Papa emérito Bento XVI: “O Reino de Deus é o centro do Seu (de Jesus) anúncio, ou seja, Deus, fonte e centro da nossa vida. É como se nos dissesse: Deus é redenção do ser humano! E podemos verna história do século passado como nos Estados onde Deus tinha sido abolido que não só a economia foi destruída, mas sobretudo as almas”. Março 2020
O Mensageiro
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