AVE, O CONTRÁRIO DE EVA
Palavra
Nalgumas regiões da Espanha, os crentes ainda se cumprimentam dizendo “Ave Maria Puríssima” e, recebendo por resposta, “Sem pecado concebida”. É esta também a saudação habitual na confissão. Entre nós, até há poucos anos, o Dia da Mãe era celebrado no 08 de Dezembro mas a proximidade com a época de prendas natalícias sugeriu que era mais rentável a sua transferência para o primeiro Domingo de Maio… A Solenidade da Imaculada Conceição é muito mais do que uma festa dos privilégios de Maria; é outrossim a celebração das maravilhas de Deus na história do Seu povo que é a Igreja, ao qual Deus “deu início na Virgem Maria” a quem destinou como “advogada de graça e modelo de santidade” (Prefácio da Solenidade). Assim, em Maria, louvamos Deus Pai pelo dom do Seu Filho Jesus, através da Virgem Maria a quem Deus “preservou de toda a mancha em atenção aos méritos futuros da morte de Cristo” e, assim, “preparou para o Seu Filho uma digna morada” (Oração Colecta). Este mistério da única criatura humana que não partilhou a nossa condição pecadora desde a concepção é tão grande que muitos santos e importantes teólogos não o consideravam aceitável, entre eles Santo Agostinho e São Tomás de Aquino e, ainda, São Bernardo, o mesmo que disse “de Maria nunquam satis”, isto é, “sobre Maria nunca [se dirá] suficiente”. A grande dificuldade estava em considerar que a concepção imaculada colocava Maria fora da necessidade de redenção operada por Cristo e, ainda, anulava a sua liberdade e mérito na hora de aceitar o anúncio do Anjo. Mas a Imaculada Conceição de Maria é já uma acção de Cristo em ordem à salvação da humanidade e a graça de Deus, quando é dada ao ser humano, nunca o apaga, nunca o dilui mas o eleva, o realiza, o plenifica. A alternativa Deus ou o humano é uma mentira; Deus e o humano é o verdadeiro sentido da existência.
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Mensagem Interparoquial de Outeiro, Painzela e Refojos de Basto - Cabeceiras de Basto
Domingo II Advento SOLENIDADE DA IMACULADA CONCEIÇÃO L1- Gen 3, 9-15. 20 L2- Rom 15, 4-9 Ev - Lc 1, 26-38
O relato simbólico da queda de Eva e o anúncio do Anjo a Maria estão intimamente relacionados. Eva representa toda a humanidade na sua negativa a Deus (“o homem deu à mulher o nome de “Eva” porque ela foi mãe de todos os viventes”); Maria realiza e corrige a opção errada do passado com o seu “faça-se em mim segundo a Tua Palavra”. Por isso, Santo Ireneu chama a Maria “advogada de Eva”: “era justo e necessário que Eva fosse reconstituída em Maria para que uma Virgem, convertida em advogada de uma [outra] virgem, apagasse e anulasse a desobediência de uma virgem com a obediência de uma [outra] Virgem». Uma das versões latinas do hino Ave, Stella Maris (Ave, estrela do mar), tem um lindíssimo e delicioso jogo de palavras que soa assim: “Sumens illud Ave / Gabrielis ore, / Funda nos in pace, /Mutans Hevae nomen”, isto é: “Acolhendo o seu “Ave” / a palavra de Gabriel / confirma-nos na paz / mudando o nome de Eva”. O que quer dizer? Que o gesto acolhedor e disponível de Maria, inverteu o nome de Eva: E-V-A » A-V-E… A Carta de São Paulo aos Efésios recorda-nos que a vocação à santidade é para todos: “Ele nos escolheu, antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis, em caridade, na sua presença”. Por isso, a qualquer cristão que à pergunta “qual é a melhor devoção a Maria?”, lhe possa quase instintivamente sair um “a recitação do terço”, convém recordar as palavras de Paulo VI: “a melhor devoção à Virgem Santa Maria é a imitação das suas virtudes”.
Pablo de Lima, estudioso da Sagrada Escritura em Roma
Horário para o atendimento paroquial no Mosteiro: Para qualquer assunto relacionado com documentação e marcações referentes às 3 Paróquias: 3ª, 5ª feiras e Sábados das 16h às 17h30; 2ª, 4ª e 6ª feiras das 09h às 13h. Contactos: paroquiascbc@hotmail.com Pároco [Pe Baptista]: 969419605|Cartório Paroquial [Eduarda Catarina]:969419606
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Ano III Nº 154
08 de dezembro de 2013
Escutar
«Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palalavra». Reflectir Somos convidados a equacionar o tipo de resposta que damos aos desafios de Deus. Ao propor-nos o exemplo de Maria de Nazaré, a liturgia convida-nos a acolher, com um coração aberto e disponível, os planos de Deus para nós e para o mundo. A primeira leitura mostra (recorrendo à história mítica de Adão e Eva) o que acontece quando rejeitamos as propostas de Deus e preferimos caminhos de egoísmo, de orgulho e de autossuficiência… Viver à margem de Deus leva, inevitavelmente, a trilhar caminhos de sofrimento, de destruição, de infelicidade e de morte. O Evangelho apresenta a resposta de Maria ao plano de Deus. Ao contrário de Adão e Eva, Maria rejeitou o orgulho, o egoísmo e a autossuficiência e preferiu conformar a sua vida, de forma total e radical, com os planos de Deus. Do seu “sim” total, resultou salvação e vida plena para ela e para o mundo. A segunda leitura, tirada da liturgia do 2.º Domingo do Advento, dirige-se àqueles que receberam de Jesus a proposta do “Reino”: sendo o rosto visível de Cristo no meio dos homens, eles devem dar testemunho de união, de amor, de partilha, de harmonia entre si, acolhendo e ajudando os irmãos mais débeis, a exemplo de Jesus.