Patrícia Sperandio Cordeiro
Jardim Botânico Dimerandra Contribuição ao estudo para implantação de um Jardim Botânico em Vila Velha - ES
ARQUITETURA E URBANISMO
PATRÍCIA SPERANDIO CORDEIRO
JARDIM BOTÂNICO DIMERANDRA: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO PARA IMPLANTAÇÃO DE UM JARDIM BOTÂNICO EM VILA VELHA – ES
VILA VELHA 2015
PATRÍCIA SPERANDIO CORDEIRO
JARDIM BOTÂNICO DIMERANDRA: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO PARA IMPLANTAÇÃO DE UM JARDIM BOTÂNICO EM VILA VELHA – ES
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Vila Velha, como requisito para a obtenção do título de Arquiteto e Urbanista. Orientador: Prof. Me. Luiz Marcello Gomes Ribeiro.
VILA VELHA 2015
PATRÍCIA SPERANDIO CORDEIRO
JARDIM BOTÂNICO DIMERANDRA: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO PARA IMPLANTAÇÃO DE UM JARDIM BOTÂNICO EM VILA VELHA – ES
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Vila Velha, como requisito para a obtenção do título de Arquiteto e Urbanista.
COMISSÃO EXAMINADORA Prof.º Me. Luiz Marcello Gomes Ribeiro Universidade Vila Velha Orientador
Prof.º Esp. Clóvis Aquino Cunha Universidade Vila Velha Membro Avaliador Interno
Arquiteto Henrique Amblard Membro Avaliador Externo
Parecer da Comissão Examinadora em ________ de ______________________________ de 2015.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, minha fortaleza, minha fonte de renovação e perseverança, por ter me dado discernimento para chegar até aqui.
A minha família, base de tudo, por todo amor, zelo, apoio e por te me passado todos os valores.
Ao meu noivo, peça fundamental nesta conquista, meu grande companheiro e amigo, por todo o amor, força, compreensão e paciência.
A todos os meus amigos, de faculdade ou não, que me deram apoio direta ou indiretamente para a realização deste trabalho.
Aos meus professores, tanto da FINAC quanto os da UVV, que contribuiram para o meu conhecimento nesta trajetória.
Ao professor Luiz Marcello Gomes Ribeiro, meu orientador, por todo o auxílio, aprendizado e atenção que me foi dado neste projeto.
Ao meu coorientador Clóvis Aquino, pelo carinho e ensinamentos.
No mais, agradeço a todos que entenderam minha ausência e permaneceram comigo nesta caminhada.
“Os jardins focam a arte de construir lugares ou a arquitetura paisagística da mesma forma que a poesia consegue focar a arte de escrever.” John Dixon Hunt
RESUMO
Este trabalho tem por objetivo, oferecer diretrizes para a implantação de um jardim botânico em Vila Velha – ES, haja vista a cidade ser um local em expansão, e sofrer por carência de espaços públicos de qualidade. Sugere-se a implantação nesse município visando preencher essa lacuna. Muitos jardins foram criados ao longo da história, dentre as diferentes tipologias criadas pelo homem, destaca-se o jardim botânico, que possui funções: científicas, educacionais, sociais, medicinais, ambientais e culturais. Este trabalho, buscou apresentar critérios para a implantação de um jardim botânico, apresentando conceitos legais necessários para esta implementação, além de contar um pouco da história do surgimento dos jardins botânicos no Brasil e no mundo; elencando suas principais propriedades e peculiaridades. Descreve ainda algumas características como local de pesquisa e ensinamentos científicos, que colaboram para a perpetuação de diversas espécies, algumas até em extinção, contribuindo assim para a preservação dos ecossistemas regionais, aliado ao ensino ambiental, e instrumento de cultura e lazer para propiciar a interação instituição-sociedade, visando a difusão do conhecimento para o público em geral e agregar qualidades ao turismo da cidade, instalando-se como um equipamento que gere renda ao município. Buscou também uma análise comparativa de alguns estudos de casos, tais como os dos jardins botânicos de Curitiba, Plantarum e Inhotim, a fim de embasar o projeto elaborado. Por fim, verifica-se a disponibilidade e a viabilidade para implantação dessa instituição no local, conhecido como Morro do Marista, que é um espaço situado no centro da cidade, com excelente localização, fácil acesso, além do forte potencial ambiental que oferece.
Palavras-Chave: Jardim Botânico. Vila Velha. Educação Ambiental. Turismo.
ABSTRACT
This paper aims to offer guidelines for the implementation of a botanical garden in Vila Velha - ES , due to the city being a place to expand, and suffer from lack of quality public spaces. It is suggested the implementation in this municipality aiming to fill this gap. Many gardens were created throughout history. Among the different typologies created by man, a botanical garden has such as functions: scientific, educational, social, medical, environmental and cultural. This work aimed to present criteria for establishment of a botanical garden, presenting legal concepts necessary for this implementation. In addition to review some history of the botanical gardens in Brazil and abroad; Explaining its main properties and peculiarities. It also describes some features like local research and scientific teachings collaborating to the perpetuation of various species, some to extinction. Thus contributing to the preservation of regional ecosystems coupled with environmental education and the instrument of culture and leisure to foster interaction institution and society in order to disseminate the knowledge to the general public and add qualities to the city's tourism, setting up as a device that generates income to the municipality. It also sought a comparative analysis of case studies, such as the botanical gardens in Curitiba, Plantarum and Inhotim in diming a future project to be developed. Finally, it seeks verification and analysis for the implementation of this institution in place, known as the Morro Marista, which is a hill located in the city center, with excellent location, easy access, in addition to offer a strong environmental potential.
Keywords: Botanical Garden. Vila Velha. Environmental Education. Tourism.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Mapa de Localização de Vila Velha no Estado do Espírito Santo .............. 11 Figura 2: Localização de Vila Velha em relação aos municípios vizinhos ................. 16 Figura 3: Convento da Penha.................................................................................... 17 Figura 4: O instrumento casaca no congo da Barra do Jucu .................................... 18 Figura 5: Área portuária em Vila Velha ..................................................................... 21 Figura 6: Orla litorânea .............................................................................................. 22 Figura 7: Ponte Deputado Darcy Castello de Mendonça (Terceira Ponte)................ 23 Figura 8: Vista de Vila Velha do alto do Morro do Jaburuna, ao lado Centro, adensamento e tipologias construtivas ..................................................................... 24 Figura 9: Mapa de Vila Velha com densidades construtivas ..................................... 25 Figura 10: Jardin des Plantes em Paris. Cartão Postal de 1911 ............................... 27 Figura 11: Jardim Botânico de Pádua, em 1545, ao fundo a Basílica de Santo Antônio ...................................................................................................................... 28 Figura 12: O antigo Palácio e jardins de Kew, a casa dos reis George II e George III, em 1780 .................................................................................................................... 30 Figura 13: Vista superior do Kew Garden, em 2003.................................................. 30 Figura 14: Palácio de Friburgo - Recife, há 400 anos atrás ...................................... 32 Figura 15: Cartão postal em comemoração aos 150 anos do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 1958........................................................................................................ 35 Figura 16: Passeio Público, Salvador, Bahia em 1858.............................................. 36 Figura 17: Jardim da Luz – SP em 1910 ................................................................... 37 Figura 18: A ilustração do pintor alemão Johann Moritz Rugendas (1802-1858) registrou a plantação chinesa de chá na região do Jardim Botânico ........................ 38 Figura 19: Jardim Botânico de Curitiba ..................................................................... 43 Figura 20: Estufa em vidro ........................................................................................ 44 Figura 21: Jardim geométrico em estilo francês ........................................................ 44 Figura 22: Jardim das sensações.............................................................................. 45 Figura 23: Espaço Cultural Frans Krajberg ............................................................... 46 Figura 24: Mapa do jardim......................................................................................... 47 Figura 25: Jardim Botânico Plantarum ...................................................................... 48 Figura 26: Lagos do jardim botânico ......................................................................... 49
Figura 27: Jardins temáticos ..................................................................................... 49 Figura 28: Mapa do jardim......................................................................................... 50 Figura 29: Inhotim ..................................................................................................... 51 Figura 30: Algumas espécies de palmeiras ............................................................... 52 Figura 31: Circuito “Entre Borboletas” ....................................................................... 53 Figura 32: Narcissus Garden..................................................................................... 54 Figura 33: Mapa do local ........................................................................................... 55 Figura 34: Educação Ambiental na Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul... 57 Figura 35: Áreas Prioritárias para a Conservação, Uso sustentável e Repartição de Benefícios da Biodiversidade Brasileira .................................................................... 60 Figura 36: Poder de Atração da Região Metropolitana ............................................. 63 Figura 37: Poder de Atração da Região Metropolitana ............................................. 64 Figura 38: Morro do Marista ...................................................................................... 65 Figura 39: Área cedida pela Prefeitura de Vila Velha ao Colégio .............................. 66 Figura 40: Colégio Marista e ao fundo o Sítio de Batalha ......................................... 68 Figura 41: Mapa de Zoneamento Urbano – Sitio do Batalha .................................... 71 Figura 42: Mapa 01 – Figura - Fundo ........................................................................ 74 Figura 43: Mapa 02 – Uso do Solo ............................................................................ 77 Figura 44: Gráfico com alguns serviços públicos ...................................................... 78 Figura 45: Mapa 03 – Potencialidades de Usos e Funções ...................................... 80 Figura 46: Mapa 04 – Vias de Circulação ................................................................. 83 Figura 47: Mapa 05 – Sistema Viário ........................................................................ 84 Figura 48: Mapa 06 – Ciclovia e Ciclofaixas.............................................................. 85 Figura 49: Gabarito da Rua Armando Rosemberg .................................................... 86 Figura 50: Gabarito da Rua Antônio Ataíde .............................................................. 87 Figura 51: Gabarito da Rua Professor Telmo de Souza............................................ 87 Figura 52: Gabarito da Avenida Champagnat ........................................................... 88 Figura 53: Mapa 07 – Gabarito.................................................................................. 89 Figura 54: Teatro Municipal de Vila Velha ................................................................. 90 Figura 55: Biblioteca Municipal.................................................................................. 91 Figura 56: Visual do Morro do Marista para o Shopping Praia da Costa................... 91 Figura 57: Visual da Praça Duque de Caxias para o Convento da Penha. ............... 92 Figura 58: Visual da Rua Professor Telmo de Souza para o Convento da Penha. ... 93 Figura 59: Visual da Rua Armando Rosemberg o Morro do Marista ......................... 93
Figura 60: Visual do novo viaduto da Terceira Ponte o Morro do Marista ................. 94 Figura 61: Visual do Morro do Marista para a cidade ................................................ 94 Figura 62: Mapa 08 – Visuais e Elementos da Paisagem ......................................... 96 Figura 63: Acesso pela Rua Antônio Ataíde ............................................................ 100 Figura 64: Acesso pela Rua Professor Telmo de Souza ......................................... 100 Figura 65: Acesso por baixo da Alça da Terceira Ponte ......................................... 101 Figura 66: Pórtico de entrada em Aço Corten ......................................................... 101 Figura 67: Detalhe em Aço Corten na Estufa .......................................................... 102 Figura 68: Paisagismo do Jardim Botânico ............................................................. 103 Figura 69: Jardim Sensorial..................................................................................... 105 Figura 70: Lago Ornamental.................................................................................... 105 Figura 71: Banco Leman ......................................................................................... 107 Figura 72: Banco Alea ............................................................................................. 108 Figura 73: Vasos em Aço Corten ............................................................................ 108 Figura 74: Lixeira Fija .............................................................................................. 109 Figura 75: Bebedouro Atlas ..................................................................................... 109 Figura 76: Postes .................................................................................................... 110 Figura 77: Balizadores ............................................................................................ 111 Figura 78: Espécie de orquídea Dimerandra ........................................................... 112 Figura 79: Espécie de orquídea Dimerandra ........................................................... 113 Figura 80: Orquidário do Museu de Biologia Professor Mello Leitão....................... 114 Figura 81: Museu de Biologia Professor Mello Leitão ............................................. 114
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Jardins Bot芒nicos Hist贸ricos .................................................................... 29 Quadro 2: Tipologia de Jardins ................................................................................. 41 Quadro 3: Quadro Comparativo dos Estudos de Casos ........................................... 56
SUMÁRIO
1
2
3
INTRODUÇÃO ................................................................................................... 16 1.1
UM POUCO DE HISTÓRIA .......................................................................... 16
1.2
VILA VELHA HOJE ...................................................................................... 19
1.3
VILA VELHA AMANHÃ ................................................................................ 20
JARDINS BOTÂNICOS. CONTEXTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS ......... 26 2.1
HISTÓRICO DO SURGIMENTO DE JARDINS BOTÂNICOS NO MUNDO . 26
2.2
O SURGIMENTO DOS JARDINS BOTÂNICOS NO BRASIL ...................... 31
2.3
DIRETRIZES PARA IMPLANTAÇÃO DE UM JARDIM BOTÂNICO ............ 39
2.4
ESTUDOS DE CASOS ................................................................................ 42
2.4.1
JARDIM BOTÂNICO DE CURITIBA – PR ...................................................... 43
2.4.2
JARDIM BOTÂNICO PLANTARUM – SP ....................................................... 47
2.4.3
JARDIM BOTÂNICO DE INHOTIM – MG ....................................................... 51
O JARDIM BOTÂNICO E SUAS APLICAÇÕES ............................................... 57 3.1
JARDIM BOTÂNICO COMO ESPAÇO DE PESQUISA E EDUCAÇÃO
AMBIENTAL .......................................................................................................... 57 3.2 4
O JARDIM BOTÂNICO COMO ATRATIVO TURÍSTICO ............................. 61
CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE ESTUDO ..................... 66 4.1
ANTECEDENTE HISTÓRICO ...................................................................... 66
4.2
LEGISLAÇÃO .............................................................................................. 70
4.3
MORFOLOGIA URBANA ............................................................................. 72
4.4
USO DO SOLO ............................................................................................ 75
4.5
POTENCIALIDADES DE USOS E FUNÇÕES ............................................. 78
4.6
VIAS DE CIRCULAÇÃO............................................................................... 81
4.7
GABARITO................................................................................................... 86
4.8
ELEMENTOS DA PAISAGEM ..................................................................... 90
4.9
CONCLUSÃO DO DIAGNÓSTICO .............................................................. 97
5
MEMORIAL JUSTIFICATIVO ............................................................................ 99
6
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 116
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 118 APÊNDICES ........................................................................................................... 127
11
APRESENTAÇÃO
Vila Velha está localizada na Região Metropolitana de Vitória, capital do Estado do Espírito Santo (figura 1). Segundo dados de 2014 do IBGE, possui uma área territorial de 210,067 km², com população estimada em 2014 de 465.690 habitantes.
É uma cidade caracterizada por uma forte vertente voltada ao lazer e ao turismo. Considerada a origem do Estado do Espírito Santo, devido sua formação histórica. Possui diversas características marcantes como a grande oferta de trabalho para pessoas qualificadas, sendo o nono colocado no país como município que oferece qualidade de vida atrelada a oportunidades de trabalho com uma alta remuneração, não considerando as capitais (REVISTA VEJA, 2013), porém possui também diversos problemas que necessitam de atenção como alagamentos, violência e infraestrutura. Figura 1: Mapa de Localização de Vila Velha no Estado do Espírito Santo
Fonte: WIKIPÉDIA, 2014.
12
O crescimento urbano no município se fez de forma desordenada, ocupando áreas planas sujeitas a alagamentos e promovendo o estreitamento e o assoreamento de canais, córregos e rios. Além disso, as construções de moradias e de prédios de uso comercial e a pavimentação de vias promovem a impermeabilização do solo, ocasionando alagamentos, um dos maiores problemas no município.
Além das questões ambientais, a cidade hoje necessita de atenção especial para seus espaços públicos. A Secretaria de Serviços Urbanos da Prefeitura de Vila Velha está realizando um levantamento das praças, parques e jardins do município para poder fazer a revitalização destes espaços1. Ao todo a cidade conta com noventa e duas praças.
Visando contribuir para uma melhoria contínua do espaço público, tanto na questão ambiental, quanto na lacuna de equipamentos públicos voltados ao lazer e entretenimento, esta pesquisa busca, com a implantação de um jardim botânico, um espaço que possa atender as demandas da população por espaços abertos com qualidade, pesquisa e difusão da paisagem natural, lazer, além de contribuir como atrativo turístico.
Segundo a RESOLUÇÃO do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) nº 339, de 25 de setembro de 2003, p.01, que dispõe sobre a criação, normatização e o funcionamento dos jardins botânicos, define como jardim botânico: A área protegida, constituída no seu todo ou em parte, por coleções de plantas vivas cientificamente reconhecidas, organizadas, documentadas e identificadas, com a finalidade de estudo, pesquisa e documentação do patrimônio florístico do País, acessível ao público, no todo ou em parte, servindo à educação, à cultura, ao lazer e à conservação do meio ambiente.
Os jardins botânicos diferem dos parques públicos, não só por oferecerem lazer especializado, mas também por manterem um acervo de plantas ordenadas e classificadas, devidamente registrado e documentado (COSTA, 2004).
1
Praças vão passar por manutenção e reforma - SEMSU - 13 set. 2013 – Disponível em: http://www.vilavelha.es.gov.br/noticias/pracas-vao-passar-por-manutencao-e-reforma-4236. Acesso em: 14 set. 2014
13
Segundo o Diretório dos Jardins Botânicos Brasileiros (2000), novos jardins botânicos são criados anualmente, porém no Brasil ainda se tem poucos devidamente registrados, cerca de cinquenta, conforme dados da Rede Brasileira de Jardins Botânicos. Desta forma, a instalação e o funcionamento de um jardim botânico, em Vila Velha, garantiriam a preservação ou regeneração de uma extensa área específica no município, além de contribuir para o patrimônio florístico do Estado,
estimulando ainda a
educação
ambiental,
programas
culturais
e
socioambientais, visando o desenvolvimento sustentável no contexto regional.
Como referencial teórico adotou-se a bibliografia de Segawa e Sanjad, importantes escritores da área, que são referenciais de conhecimento na área histórica do surgimento dos jardins em geral, houve também a contribuição do documento emitido pela Rede Brasileira de Jardins Botânicos, que fornece diretrizes, objetivos e estrutura necessária para a criação, implantação e legalização de jardins botânicos no Brasil. Complementam a metodologia, referenciais de planos elaborados pelo Governo, além de demais documentos que norteiam todo o trabalho.
Tal projeto se justifica na medida em que, considerando toda a biodiversidade brasileira existente, o número restrito jardins botânicos, em todo o país, revela-se pequeno e o incremento de novos estudos e propostas nessa área se faz necessário. Verifica-se ainda que não existe nada deste tipo no Estado do Espírito Santo, tornando esta premissa relevante.
Outro ponto a destacar é que em diversas cidades brasileiras os jardins botânicos funcionam como referencial na paisagem, tornando-se marcos arquitetônicopaisagísticos. Assim, esta pesquisa propõe meios para viabilizar a criação de um jardim botânico no município de Vila Velha, região metropolitana de Vitória, garantindo a preservação de espécies vegetais nativas da região, assim como outras exóticas voltadas ao estudo e compreensão do nosso ecossistema.
Como objetivo geral, propõe-se um espaço de convivência social, voltado para a população local, caracterizando-o ainda como um atrativo turístico, criando novas oportunidades para a sociedade, assim como visitantes. Este local poderá ser um
14
ponto de encontro de grande diversidade paisagística e infraestrutura com finalidade de pesquisa em espécies floríferas, notadamente as orquídeas (Orchidaceae).
Já como objetivos específicos pretende-se: introduzir uma coleção de plantas identificadas
adequadamente,
principalmente
as
espécies
nativas;
assumir
compromissos de longa duração, tornando-se um local auxiliar nas pesquisas no campo da botânica, trabalhando de forma conjunta com universidades e centros de pesquisa do Estado; desenvolver atividades de educação ambiental, através de parcerias e incentivo a visitas guiadas; oferecer um local para divulgação de arte e cultura, por meio de apresentações e exposições; oferecer ao público um local para convivência social, e lazer.
Esta pesquisa se desenvolve nas seguintes etapas: Estudo inicial - estudo documental e descritivo com a revisão bibliográfica. A primeira etapa consiste na construção de bases teóricas, conceitos e contextualização do tema. As fontes que possam contribuir de alguma forma com o projeto, como publicações científicas sobre os temas e seus correlatos, tais como botânica e história do paisagismo e artigos.
Estudos de casos - a segunda etapa consiste de estudos de casos, selecionados através das pesquisas em dados bibliográficos. O critério para a escolha dos estudos de casos pesquisados considerou jardins botânicos que se enquadram em casos de sucesso, e que pelas características venham corroborar na implantação de um jardim botânico em Vila Velha. Considerou-se o caso do Jardim Botânico de Curitiba, localizado no Paraná, por ser referência em turismo e lazer, o Jardim Botânico Plantarum, localizado em São Paulo, por seus aspectos de pesquisa e cultura e o Jardim Botânico de Inhotim, localizado em Minas Gerais, por seu paisagismo singular e sua contribuição à arte.
O desenvolvimento está estruturado da seguinte forma: uma parte introdutória que caracteriza o município de Vila Velha, local escolhido para a implantação do projeto, mostrando suas potencialidades e problemas. No primeiro capítulo, encontram-se a parte histórica do surgimento dos jardins botânicos, no mundo e no Brasil, as diretrizes necessárias para a implantação e os três estudos de casos escolhidos
15
para elucidar o tema. No segundo capítulo, conceitua-se a importância dos jardins botânicos na esfera ambiental e turística, reconhecendo-o como um importante agregador na paisagem cultural. Por fim, nos capítulos finais, estão o diagnóstico da área e a realidade encontrada no local, o memorial justificativo que explica as bases projetuais e o projeto como apêndice.
16
1
1.1
INTRODUÇÃO
UM POUCO DE HISTÓRIA
Em 23 de maio de 1535, Vasco Fernandes Coutinho, primeiro donatário da Capitania do Espírito Santo, em sua Caravela Glória, ancorou na enseada, que viria a ser mais tarde, a Prainha da Vila Velha do Espírito Santo (figura 2). Foi o primeiro desembarque de europeus em solo capixaba depois da descoberta do Brasil pelos portugueses em 1500. Portanto, o Espírito Santo nasceu em Vila Velha (OLIVEIRA, 2008). Figura 2: Localização de Vila Velha em relação aos municípios vizinhos
Fonte: Figura elaborada pela Autora com base no documento de Estudo Integrado de Uso e Ocupação do solo e Circulação Urbana da Região Metropolitana da Grande Vitória, 2014.
A região da Prainha, berço da colonização, é considerada um sítio histórico e guarda forte simbolismo e valor histórico para Vila Velha. Ela fica situada entre duas áreas de preservação da mata atlântica, o Morro do Convento e o Morro de Jaburuna. No Morro do Convento está localizado o principal ponto turístico do Estado, o Convento
17
de Nossa Senhora da Penha (figura 3). Sua primeira capela foi construída entre 1566 e 1570, tendo o Convento sido construído entre 1652 e 1660. Depois ao longo dos séculos passou por várias ampliações e restaurações (OLIVEIRA, 2008). Figura 3: Convento da Penha
Fonte: PMVV, 2013.
No sítio histórico da Prainha estão localizados ainda outros monumentos: a gruta de Frei Pedro Palácios, a Capela de São Francisco de Assis, situada no campinho do Morro do Convento e construída em 1562; e a Igreja de Nossa Senhora do Rosário construída pelo Padre Afonso Brás em 1551. Esta igreja é considerada marco da colonização do Espírito Santo sendo tombada pelo IPHAN em 1950. Encontra-se inscrita nos Livros de Tombo Histórico e das Belas Artes (VISITE VILA VELHA, 2011).
18
Outros importantes pontos turísticos e atrativos culturais podem ser encontrados em Vila Velha, tais como: o Farol de Santa Luzia, a Casa da Cultura, o Museu Ferroviário da Vale, o 38º Batalhão de Infantaria, a Ponte da Madalena, na Barra do Jucu. No campo das tradições imateriais a tradicional Festa da Penha é uma grande homenagem à padroeira do Estado, considerada a segunda maior celebração mariana do Sudeste brasileiro. Complementa este quadro as manifestações culturais do congo, com sua casaca (figura 4), dentre inúmeros outros. Figura 4: O instrumento casaca no congo da Barra do Jucu
Fonte: PMVV, 2013.
19
1.2
VILA VELHA HOJE
Vila Velha é o município mais populoso do Estado, superando a capital Vitória, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010), em sua maioria, moradores na área urbana. Sua economia cresce e se diversifica, especializando-se crescentemente em comércio e serviços.
Vila Velha tem um território com características particulares. Mais de 95% é constituída por áreas planas. As áreas elevadas têm altitudes abaixo de 200 metros, estão concentradas na faixa litorânea próximas à baia de Vitória e apresentam bom estado de preservação da cobertura florestal, estando todas protegidas pela legislação ambiental (PMVV, 2013).
Segundo dados da Prefeitura Municipal de Vila Velha (PMVV), a indústria é a principal atividade econômica adjacente ao setor portuário. Outro forte potencial é ser uma cidade litorânea, grande atrativo turístico e potencial desenvolvimento imobiliário. Além disso, outro fator turístico crescente é o agro turismo, que reúne diversos restaurantes, fazendas e pousadas, na zona rural, que oferecem à população e ao turista contato direto com a natureza, além da oportunidade de conhecer história e culinária local. A zona rural em Vila Velha compreende cerca de 60% do município.
O Plano de Desenvolvimento Sustentável da Região Turística, elaborado pelo Governo do Estado do Espírito Santo, relatou que o crescimento das atividades, equipamentos e serviços ligados ao turismo ganharam destaque, principalmente em Vitória e Vila Velha, onde os recursos e atrativos se potencializam a medida que o centro de negócios ganha expansão, devido as atividades econômicas existentes.
O desenvolvimento das atividades de exportação e a construção de ferrovias, ao final do século XIX e início do XX, com a expansão da cafeicultura, gerou grande impulso de crescimento no local. Foram criadas duas grandes ferrovias do Estado, as atuais Ferrovias Centro Atlântico (FCA) e a Estrada de Ferro Vitória a Minas. Na década de 1920, com a construção da Ponte Florentino Avidos, também chamada de Cinco Pontes, a região teve novo guinada no crescimento, por estar situada muito
20
próxima da capital (PMVV, 2013).
O Plano de Desenvolvimento Sustentável de Vila Velha, elaborado em 2010 pela Associação dos Empresários de Vila Velha (ASEVILA) afirma que Vila Velha sofreu com a falta de planejamento urbano e o rápido crescimento populacional, o que ocasionou uma ocupação desordenada do território urbano, em detrimento da reserva de espaços livres para implantação de áreas de lazer.
1.3
VILA VELHA AMANHÃ
Conforme SCHLEE et al. (2009), os espaços livres urbanos constituem um sistema complexo e entre seus múltiplos papéis estão: circulação, drenagem, lazer, conforto, preservação, conservação, requalificação e convívio.
A partir dos anos 1960, com a aceleração do crescimento econômico metropolitano, o fluxo populacional acabou estendendo-se da capital para os municípios vizinhos, o que gerou grande crescimento populacional em Vila Velha, anteriormente utilizada apenas para moradia. Contudo, a partir do esgotamento de áreas livres para ocupação em Vitória, o município tornou-se uma alternativa de localização, não só de população moradora, mas também de atividades econômicas voltadas para o atendimento desta população e de atividades de natureza metropolitana (PMVV, 2013).
A cidade chamada de dormitório foi gradativamente se tornando centro urbano dinâmico, conectado à região metropolitana, mas com relativa autonomia econômica e com capacidade de geração de significativo número de empregos para seus habitantes (PMVV, 2013).
Por sua situação geográfica particular, Vila Velha apresenta duas características marcantes: a primeira é o seu limite ao norte com a baía de Vitória, região própria para instalações portuárias (figura 5) e vocacionada para o comércio exterior; a segunda, seu limite a leste com o Oceano Atlântico, que apresenta uma extensão de 36 quilômetros de praias e balneários. Assim, formam-se atividades portuárias, lazer e turismo (PMVV, 2013).
21
Figura 5: Área portuária em Vila Velha
Fonte: PMVV, 2013.
Associado ao desenvolvimento portuário surge um complexo de logística, envolvendo ferrovias, rodovias e transportadores de cargas. E anexo ao uso das praias (figura 6) se desenvolveu uma dinâmica atividade de construção imobiliária e de serviços de turismo (PMVV, 2013).
22
Figura 6: Orla litorânea
Fonte: PMVV, 2013.
Outras atividades econômicas ocorreram em Vila Velha, como a criação da fábrica de Chocolates Garoto, implantada em 1929 e o polo de confecções da Glória/Santa Inês, que agrupa várias pequenas fábricas e lojas de comércio de confecções, que recebem clientes de todo o Espírito Santo e de vários estados brasileiros.
Segundo o IBGE (2011), Vila Velha ocupa a 3ª posição no PIB (produto interno bruto), atrás de Vitória e Serra. Este valor indica a predominância de atividades econômicas de pequeno valor agregado.
O município de Vila Velha apresenta necessidades de investimentos estratégicos na modernização e manutenção de vias e de sua mobilidade para atendimento das necessidades impostas pelo crescimento populacional. Importantes vias cortam a cidade, tais como: Rodovia do Sol, ES-060 que liga o município ao Sul do Estado
23
pela BR-101 nas proximidades de Guarapari e ao Norte pela da Terceira Ponte (figura 7), que após atravessar parte da cidade, também dá acesso à BR-101, responsável por fazer a ligação ao Norte do Estado e do País, a Rodovia Carlos Lindemberg, que se inicia no centro comercial do Bairro da Glória em Vila Velha e liga a cidade à capital Metropolitana e à BR-262, responsável pela saída para o oeste e a Rodovia Darly Santos, que faz a ligação entre a Rodovia Carlos Lindemberg e Rodovia do Sol, local hoje de crescimento industrial. Figura 7: Ponte Deputado Darcy Castello de Mendonça (Terceira Ponte)
Fonte: ARQUIVO PESSOAL, 2014.
Nas diferentes regiões do município, há predominância do uso residencial, dividido em tipologias que incluem palafitas, barracos, autoconstruções, sobrados, conjunto de casas e edifícios, prédios de diversos padrões, apart-hotéis, mansões e chácaras, com preponderância de alta verticalização na faixa litorânea que parte desde a Ponte Deputado Darcy Castello de Mendonça (Terceira Ponte) até Praia da Costa, Itaparica e Itapuã. Na região central há predominância de casas e baixa verticalização (figura 8) nas demais regiões da cidade (NOÉ, 2008).
24
Figura 8: Vista de Vila Velha do alto do Morro do Jaburuna, ao lado Centro, adensamento e tipologias construtivas
Fonte: FÓRUM SSC, 2014.
Segundo Portuguez (2011 apud PORTUGUEZ, 2011, p.308): Vila Velha é uma cidade moderna, complexa, pujante e com expressivo desenvolvimento industrial e comercial. Porém, este desenvolvimento econômico não foi acompanhado de planejamento físico-territorial adequado, o que tem resultado em sérios problemas relacionados à mobilidade, índices de criminalidade, dificuldade de acesso à educação pública em especial para etapa da educação infantil, atendimento primário de saúde ainda frágil, condições precárias de moradia em diversos bairros, ocupação irregular do solo urbano e degradação ambiental.
Entende-se, desta forma, que a cidade se configura num aglomerado urbano de grandes proporções (figura 9), com grande complexidade e muitos desafios urbanísticos e sociais. Diferentes ações serão necessárias, sobretudo para atender às demandas de infraestrutura, de serviços, ações de regulação, lazer e entretenimento para a população visando seu desenvolvimento e a sua ordenação.
Considerando-se a importância do município, sua forte tendência ao turismo e a proximidade com outros centros, percebe-se a oportunidade de criação de um jardim botânico, como âncora para uma parcela deste desenvolvimento ordenado. Como
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premissa, se faz necessário o avanço desta pesquisa e a compreensão de um espaço adequado para esta implantação, assim como, incentivos ao crescimento regional e acessos entre outros. Figura 9: Mapa de Vila Velha com densidades construtivas
Fonte: Figura elaborada pela Autora com base no documento de Estudo Integrado de Uso e Ocupação do solo e Circulação Urbana da Região Metropolitana da Grande Vitória, 2014.
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2
2.1
JARDINS BOTÂNICOS. CONTEXTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS
HISTÓRICO DO SURGIMENTO DE JARDINS BOTÂNICOS NO MUNDO
O primeiro jardim botânico ocidental, de acordo com Cerati (2006) foi o Jardim Botânico de Theophrasto criado por volta de 370-285 A.C. em Atenas, Grécia. Theophrasto é considerado o “pai da botânica” e foi quem começou os estudos científicos das plantas (CERATI, 2006).
Os primeiros jardins botânicos criados no final da Idade Média e início da Idade Moderna, época de grandes transformações políticas, econômicas, culturais e sociais, sendo também a época dos descobrimentos, representavam um elo entre as práticas da medicina monástica e o interesse sobre as espécies recolhidas nas viagens exploradoras ao Oriente e América (SEGAWA, 1996).
Segundo
Segawa
(1996),
alguns
estudos
foram
desenvolvidos
sobre
o
desenvolvimento urbano da Europa, observa-se que entre a segunda metade do século XXV e o século XXVIII, significativas intervenções transformaram as paisagens das principais cidades.
Muitos jardins botânicos foram construídos naquele período, a fim de serem locais destinados para o recolhimento e o ordenamento de produtos naturais, para a experimentação agrícola, para a sociabilidade da elite e para a educação da população. Alguns países como: França, Holanda, Inglaterra, Áustria e Espanha instalaram redes de jardins botânicos nos seus territórios nacionais e coloniais, articuladas a partir de um estabelecimento central, em busca de interesse econômico, domínio do conhecimento sobre o cultivo de espécies, pelo controle de rotas comerciais e pelo abastecimento de mercados consumidores (SANJAD, 2010).
A natureza intacta americana se tornou um estoque de potencial aproveitamento, sobretudo na botânica, na busca de plantas medicinais, variedades de especiarias e repertório para produção agrícola e, posteriormente, ornamental (SEGAWA, 1996).
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Várias expedições surgiram na época, com o intuito de exploração econômica e apropriação de bens naturais, dessas coletas e de reconhecimento científico, resultaram em milhares de amostras da flora e fauna americana para a Europa — no âmbito botânico, para os grandes jardins botânicos, como os de Madri, Lisboa, Viena, o Jardin des Plantes de Paris (Figura 10) e o Kew Garden de Londres, entre outros recintos. Muitas dessas coletas também se efetivaram fora da ordenação das grandes explorações científicas. Um esforço cotidiano e regular se operou com a criação de jardins botânicos na América — constituindo um lugar específico na urbanização colonial (SEGAWA, 1996). Figura 10: Jardin des Plantes em Paris. Cartão Postal de 1911
Fonte: GIRAFA MANIA, 2014.
Segundo Segawa (1996 p.58): O jardim botânico representava o elo entre as práticas medicinais monásticas da Idade Média e o interesse sobre as novas espécies intercambiadas ou recolhidas nas viagens e explorações ao Oriente e à América. Os jardins botânicos americanos estabeleceram o elo entre os mistérios exóticos do Novo Mundo e a curiosidade do espírito renascentista. O jardim botânico não pode ser considerado, a priori, um espaço de deleite, contemplação, a recriação do Éden monitorada pelos humanos. Ao contrário, sua formulação recorre a um esforço racional, funcionalista, de coletar, ordenar, preservar e reproduzir espécies vegetais raras para o seu contexto fitogeográfico.
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O primeiro jardim botânico moderno a se estabelecer na Europa, foi o Jardim Botânico de Pisa na Itália, fundado em 1543 por Lucca Ghini e ligado a universidade local. Em seguida vieram o Jardim Botânico de Pádua (figura 11) e de Florença (1545). Esses jardins caracterizavam-se por serem instituições de caráter médico e farmacêutico com o objetivo de cultivar as plantas medicinais nas universidades. O sucesso dos jardins botânicos italianos foi imediato, logo outros países, como França, Alemanha, Holanda começaram a criar seus hortos botânicos nas universidades (ZAIDAN, 2008). Figura 11: Jardim Botânico de Pádua, em 1545, ao fundo a Basílica de Santo Antônio
Fonte: JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO, 2014.
No quadro 01 uma listagem com alguns jardins botânicos mais antigos e importantes criados nos séculos XVI e XVII:
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Quadro 1: Jardins Botânicos Históricos
Fonte: ZAIDAN, 2008.
No século XVIII, em 1730 na Filadélfia surge o primeiro jardim botânico norteamericano, criado pelo médico John Bartram. Os franceses, ao final do século XVIII, mantinham em Caiena (capital da Guiana Francesa) o jardim botânico La Gabrielle, que reunia todas as espécies vegetais almejadas pelos portugueses. Este jardim foi de grande importância para a criação do Jardim Botânico de Belém, devido à enorme quantidade de espécies enviadas, dentre estas, a noz-moscada, a caneleira, a caramboleira, o cravo da Índia, a pimenteira, a bananeira d'Otaiti, o sapoti, e, pela primeira vez introduzida no Brasil, a cana d'Otaiti, que passou a ser conhecida como cana caiena ou caiana, totalizando 82 espécies embarcadas em seis caixas (SANJAD, 2014).
Em 1736, surge o Jardim Botânico de Gottingem, Alemanha; em 1755, o de Madri, na Espanha; em 1759, surgiria aquele que hoje é o maior jardim botânico do mundo; o Kew Royal Botanic Garden (figuras 12 e 13), na Inglaterra; em 1768, o Jardim
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Botânico da Ajuda em Lisboa, Portugal; em 1772 o de Coimbra em Portugal, e em 1779 o de Palermo na Itália (ZAIDAN, 2008). Figura 12: O antigo Palácio e jardins de Kew, a casa dos reis George II e George III, em 1780
Fonte: THE GUARDIAN, 2014.
Figura 13: Vista superior do Kew Garden, em 2003
Fonte: THE GUARDIAN, 2014.
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A coroa portuguesa não se manteve afastada desse circuito e também desenvolveu significativos estudos sobre o interesse botânico e o desenvolvimento da agricultura nas colônias além-mar (SEGAWA, 1996).
A partir de 1764, os ingleses já haviam estabelecido jardins botânicos nas ilhas caribenhas de Saint Vincent e Saint Thomas, subordinados ao Kew Garden de Londres (SEGAWA, 1996).
Na proposta para a Real Expedição Botânica à Nova Espanha em 1787, previa-se a criação de um jardim botânico e uma disciplina de botânica na Cidade do México. O arquiteto Miguel Costanzó projetou a construção de um edifício com salas de aula, herbário, museu, biblioteca, e supostamente, o jardim. Os terrenos se revelaram inadequados para a prática botânica, por serem locais alagáveis, por consequência nenhum edifício proposto foi executado. Costanzó sugeriu a transferência do jardim botânico para o Morro de Chapultepec, distante cerca de 5,5 quilômetros do centro da cidade, com a ideia de se criar um grande jardim público, mas esse jardim também não se concretizou (SEGAWA, 1996).
2.2
O SURGIMENTO DOS JARDINS BOTÂNICOS NO BRASIL
A coroa portuguesa, ao final do século XVIII, com a preocupação de alavancar o conhecimento sobre as possibilidades econômicas da fauna e flora brasileira começou a organizar jardins no território brasileiro. A iniciativa tinha um caráter científico, agrícola e econômico: o objetivo era implementar hortos botânicos em que se pudessem adaptar as plantas úteis ao desenvolvimento do comércio de especiarias na Europa e ampliar o conhecimento sobre novas variedades nativas que pudessem competir com as culturas tradicionais cultivadas no Oriente. O interesse português na flora e fauna americana vem do século XVII, mas como uma ação mais estratégica, visando atribuir às terras da América portuguesa um papel alternativo de local produtor de especiarias, já que houve a perda do monopólio do Oriente. O conhecimento científico e a aplicação prática no campo das ciências naturais era que ditaria a ação da coroa portuguesa (SEGAWA, 1996).
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Entre os anos 1600 a 1644, em Pernambuco, através de Maurício de Nassau, durante o período de ocupação holandesa, deu-se início à história dos jardins botânicos no território brasileiro. Surge então o primeiro jardim botânico construído na ilha de Antônio Vaz, atual bairro de Santo Antônio, no Recife (PE). Os objetivos da sua construção foram o fornecimento de alimentos e o sombreamento local, além da questão estratégica de disfarçar a cidade evitando, assim, sua visualização por possíveis invasores. Sua concepção paisagística seguia os estilos do renascimento, variando entre o italiano ao francês, conservando elementos dos jardins medievais, com pomares e hortas, plantas medicinais e aromáticas (ZAIDAN, 2008).
A fim de viabilizar o objetivo de implantar o jardim, Nassau trouxe o cientista alemão George Marcgrave, em 1636, para executar a primeira expedição científica zoobotânica e astronômica no Brasil, cujas espécies nativas coletadas foram incorporadas aos jardins do Palácio de Friburgo (figura 14). O palácio foi utilizado por Nassau como museu e seus terrenos vizinhos como jardim zoobotânico (VEIGA, et al., 2003). Figura 14: Palácio de Friburgo - Recife, há 400 anos atrás
Fonte: FOTOLOG, 2014.
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Uma forte corrente de incentivo a criação de jardins botânicos, foram os ideais iluministas, os quais valorizavam as ciências naturais, e também a criação de espaços públicos ajardinados para fruição pública, seriam lugares de investigação, culto à natureza, e propagação do conhecimento científico (SEGAWA, 1996).
No século XVIII, a coroa portuguesa começa a estruturar uma rede para o cultivo de espécies vegetais, a partir da década de 1760 quando foi criado o Jardim Botânico da Ajuda, com o fim explicito de coordenar a coleta e a classificação dos produtos naturais provenientes das colônias (SANJAD, 2010).
Sob as ordens de D. Maria I, foi criado, em 1798, o primeiro jardim botânico na América portuguesa, o Jardim Botânico de Belém do Pará, devido à proximidade com a Amazônia, que vinha sendo alvo de inúmeros estudos relacionados à botânica. De acordo com Segawa (1996), a Carta Régia de 4 de novembro de 1796, dirigida ao governador do Pará, concedia o pioneirismo na criação de um jardim botânico e "inaugurava oficialmente a política de implantação na colônia de uma série de estabelecimentos botânicos voltados para o intercâmbio de plantas úteis à economia portuguesa" (p.113).
O Aviso Régio de 19 de novembro de 1798, remetido aos capitães-generais das capitanias de Pernambuco, Bahia, Minas Gerais e São Paulo, ressaltava a importância da criação de estabelecimentos tendo como modelo e repertório de plantas o horto de Belém. Entretanto nenhum dos jardins recomendados foi completamente organizado. Somente mais tarde, com a invasão napoleônica a Portugal e a chegada da corte portuguesa em 1808, voltava-se a falar da implementação de recintos botânicos em várias partes do Vice-Reino do Brasil (SEGAWA, 1996).
Em 1811, o estabelecimento do Jardim Botânico de Pernambuco é retomado, e também se regularizava o Horto Botânico do Rio de Janeiro, criado em 1808. Esses jardins, junto com o pioneiro Jardim Botânico de Belém do Pará, beneficiaram-se da invasão das tropas de D. João a Caiena em 1809, com o controle do estratégico jardim botânico francês de La Gabrielle, então fornecedor de inúmeras mudas (SEGAWA, 1996).
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O jardim botânico paraense possuía dois mapas das plantas existentes, ambos os mapas são divididos em duas seções: "Dentro do cercado" e "Madeiras de construção e mais fruteiras fora do cercado". Dentre as preciosidades vindas de Caiena para Belém, constam abricós, frutas-pão, abacateiros e cravos da Índia.
Outras espécies exóticas também vieram como os jasmins do Cabo da Boa Esperança, os jasmins da Itália, as goiabeiras do Mato Grosso e as jacas da Bahia.
Ao lado das exóticas, aparecem as plantas nativas da Amazônia, como a baunilha, o cacau, o cravo da terra, a seringueira e muitos outros vegetais conhecidos pelo uso na farmácia, alimentação, construção e indústria. Na segunda seção do mapa, a grande maioria das 58 espécies é nativa e fornecedora de madeira. Provavelmente foram plantadas fora do cercado pelo tamanho que as árvores iriam adquirir. No total, o jardim possuía 2.805 plantas de 140 espécies diferentes (SANJAD, 2010).
Acreditava-se que as primeiras espécies de palmeiras teriam sido trazidas do Jardim La Gabrielle, principalmente durante o período em que Caiena esteve sob domínio português em retaliação à ocupação de Portugal pelos franceses. Todavia, vieram do Jardim La Pamplemousse, nas Ilhas Maurício, pertencentes à França, trazidas por Luiz de Abreu Vieira e Silva. As mudas foram oferecidas ao príncipe regente D. João. VI. Conhecida como palmeira imperial (figura 15), sua propagação pelo país deveu-se aos escravos que, descumprindo ordens roubavam suas sementes à noite para vendê-las (NEPOMUCENO, 2008).
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Figura 15: Cartão postal em comemoração aos 150 anos do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 1958
Fonte: BEDIAGA, Begonha, 2014.
Juntamente com essas ações a Impressão Régia editou em 1810 o “Discurso sobre a utilidade da instituição de jardins nas principais províncias do Brasil”, do pernambucano Manuel Arruda da Câmara, uma apologia aos benefícios econômicos que hortos espalhados no Brasil trariam para a coroa portuguesa. Manuel era naturalista e fazendeiro de Pernambuco. Em sua obra, ele indicava a necessidade de realizar trocas de vegetais, e também, a importação de animais para auxiliar o país a gerar riquezas. E isso só se daria com a criação de hortos ou jardins. Arruda apontava que os estabelecimentos botânicos dessem prioridade à função econômica: “a instituição de semelhantes hortos não tem por objeto só o agradável e o aumento da botânica, mas o seu principal fim é útil” (AGUIAR, 2011).
A partir de 1817, o intercâmbio entre os jardins foi reduzido em razão de mudanças políticas na corte, o que levou a perda de interesse do governo central pelos jardins de Belém e de Olinda. Entretanto, contribuíram para a transformação de hábitos culturais da população, principalmente a alimentação. No início do século XIX, as
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maiores influências vieram dos franceses e ingleses, por obra do arquiteto francês Grandjean de Montigny, através desses estudiosos o Brasil introduziu inúmeras frutíferas exóticas em seus jardins, tais como: abacate, carambola, fruta-pão, jambo, jaca, lichia, noz-moscada e tamarindo (SANJAD, 2010).
Embora houvesse propostas para a criação de jardins botânicos, nenhum deles contemplava a questão do uso público, só tinha acesso, eventualmente, os interessados em conhecer a cultura de vegetais economicamente significativos. Entretanto, a sua concepção física atraia a oportunidade de associações públicas (SEGAWA, 1996).
Com base nessa nova situação, Segawa (1996) relata que o Jardim Botânico de Salvador, foi transformado em passeio público entre 1810 e 1813 (figura 16). Já o Jardim Botânico de Olinda, efetivado em 1811, aparentemente não conseguiu atingir o objetivo de funcionar como um espaço de recreação. Ao contrário, o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, contemporâneo ao de Olinda, obteve aproveitamento recreativo, que seria incrementado ao longo da história de crescimento urbano da cidade, fazendo a ligação da Lagoa Rodrigo de Freitas e da vida na capital. Figura 16: Passeio Público, Salvador, Bahia em 1858.
Fonte: OCUPA SALVADOR, 2014.
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No final do século XVIII também foram criados vários “Jardins de Plantas”. Destes, o primeiro a ser estabelecido, foi em 1796, no Pará (Belém), seguido pelos da Bahia (Salvador), no Mato Grosso (Cuiabá), em Minas Gerais (Ouro Preto), em Pernambuco (Olinda) e em Sergipe, sendo que nem todos vingaram como o planejado (SANJAD, 2010).
Seguindo a trajetória de instalações desses jardins, em 1825, dois jardins botânicos foram inaugurados, o de Ouro Preto, que serviu como estabelecimento relacionado à botânica e agricultura e o de São Paulo que cumpriu o papel de ser um horto botânico e local de passeio público. Em sua origem, denominou-se Horto Botânico, depois Jardim Público e, finalmente, Jardim da Luz (figura 17), abrigando plantas de chá e arbustos raros (SEGAWA, 1996).
Figura 17: Jardim da Luz – SP em 1910
Fonte: SAMPA HISTÓRICA, 2014.
Os Jardins Botânicos de Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba, foram preservados pelo uso público. O jardim de Olinda hoje é um espaço privado e o de
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Ouro Preto foi revitalizado e o de Belém, o pioneiro, de 1796, apagou-se sem deixar registros; o das Caneleiras foi arrasado pelo progresso (SEGAWA, 1996).
Do ponto de vista local, os jardins instalados em Belém, em Olinda e no Rio de Janeiro (figura 18) tornaram‑se marcos urbanos para os habitantes dessas cidades, assim como importantes espaços de sociabilidade. No caso de Belém, a construção do jardim deu abertura para uma reforma urbana que permitiu a interiorização da cidade (SANJAD, 2010). Figura 18: A ilustração do pintor alemão Johann Moritz Rugendas (1802-1858) registrou a plantação chinesa de chá na região do Jardim Botânico
Fonte: LEITURAS DA HISTÓRIA, 2014.
A história de nossos jardins passa por uma renovação, no segundo quarto do século XX, por intermédio de Roberto Burle Marx, mundialmente reconhecido por seu trabalho paisagístico, no qual busca uma integração com a natureza local, acrescido de uma associação de espécies tropicais, predominando formas assimétricas e o agrupamento de espécies em harmonia paisagística com as matas nativas locais. O resultado dessa história pode ser observado por sua influência no paisagismo empregado nos atuais jardins botânicos brasileiros (VEIGA, et al., 2003).
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Conclui-se que ao longo da história os jardins botânicos passaram por mudanças em suas funções, primeiramente foram criados e usados para fins medicinais, posteriormente passaram a ser dedicados à aclimatação de plantas, principalmente visando o comércio e mais tarde a pesquisa científica. Atualmente, devastações e extinção de espécies fazem com que os jardins botânicos assumam, cada vez mais, o importante papel de conservação da biodiversidade, educação ambiental e desenvolvimento sustentável em escala local.
2.3
DIRETRIZES PARA IMPLANTAÇÃO DE UM JARDIM BOTÂNICO
A resolução do CONAMA, nº 339, de 25 de setembro de 2003, define através do artigo 2 sobre os objetivos que os jardins botânicos deverão possuir, tais como: promover a pesquisa, educação, preservação e lazer compatibilizado ao interesse do estudo das plantas; proteger as espécies ameaçadas, reabilitando o ecossistema local; manter um acervo para fins de pesquisa e estudo; e, promover intercâmbio científico, técnico e cultural com entidades e órgãos nacionais e estrangeiros. O artigo 3, define que todo jardim botânico deverá ser registrado no Ministério do Meio Ambiente, que supervisionará o cumprimento da resolução.
Já o Artigo 5 classifica o jardim botânico em três categorias denominadas "A", "B" e "C", observando-se critérios técnicos que levarão em conta a sua infraestrutura, qualificações do corpo técnico e de pesquisadores, objetivos, localização e especialização operacional. Para se enquadrar no grupo A, deverão atender algumas exigências estipuladas, como: possuir um quadro técnico especializado; possuir serviços gerais de manutenção do local; além de um corpo administrativo e logístico; deverão desenvolver programas de pesquisa, a fim de preservar as espécies; possuir coleções da flora nativa, armazenadas em locais correto; possuir infraestrutura básica para atendimento aos visitantes, desenvolver programas na área de educação ambiental; dispor de herbário2; possuir sistema de registro informatizado para seu acervo; além de uma biblioteca própria especializada;
2
Herbário é uma coleção onde são preservadas plantas desidratadas (secas) que são colhidas na natureza e formam uma coleção botânica destinada à pesquisa da sua origem e classificação. Disponível em: http://ccw.sct.embrapa.br/?pg=bloguinho_default&codigo=131. Acesso em: 11 nov. 2014.
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elaborar publicações técnico-científicas; manter banco de germoplasma3, entre outros. Para se enquadrarem na categoria B, os jardins botânicos deverão possuir as mesmas exigências da categoria A, exceto manter o banco de germoplasma. Já a categoria C, não necessita de uma biblioteca própria especializada, nem elaborar publicações técnico-científicas e manter banco de germoplasma.
A Rede Brasileira de Jardim Botânico define que o local que abrigará um jardim botânico deve ser definido em conformidade com um plano de manejo para esta área. O mínimo que se espera para se constituir um bom jardim botânico de caráter regional, é que ele possua um quadro técnico-científico, disponha de serviços de vigilância e jardinagem e mantenha área para produção de mudas. O planejamento físico ideal para implantação do mesmo deve observar a paisagem local, as condições especiais de relevo, cursos d’água naturais e artificiais, áreas naturais remanescentes e a integração com o entorno. Já as coleções devem possuir um local para exposição, a possibilidade de lagos ou cursos hídricos com plantas aquáticas compondo a paisagem, área de reserva natural, viveiro para produção de mudas, sistema de tombamento e documentação do acervo, além de outras medidas que agregam ao conjunto. O quadro de funcionários ideal deve possuir botânicos, ecólogos, biólogos, agrônomos, horticultores, arquitetos, jardineiros, educadores e administradores.
A Rede Brasileira de Jardim Botânico em seu documento diz ainda que os jardins botânicos possuem características diversas, e muitos deles são diferentes entre sim, mesmo assim continuam sendo considerados como tal. De maneira geral os jardins botânicos podem ser classificados tipologicamente, conforme o quadro 2:
3
Germoplasma são unidades conservadoras de material genético com fins de utilização para a pesquisa em geral, especialmente para o melhoramento genético. Disponível em: http://www.seednews.inf.br/portugues/seed63/artigocapa63.shtml. Acesso em: 11 nov. 2014.
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Quadro 2: Tipologia de Jardins
Fonte: REDE BRASILEIRA DE JARDIM BOTÂNICO, 2013.
Seja qual for a tipologia escolhida, os novos jardins ou os já existentes vêm se reformulando para atender estes critérios gerais e as normas internacionais para a conservação da biodiversidade (TOLEDO, 2013).
Apesar de todas as características necessárias, toda sua importância, a manutenção de uma instituição como um jardim botânico se torna difícil. Estudos relatam que caso a estrutura esteja vinculada e dependente apenas de recursos públicos para o seu funcionamento, o mesmo enfrentará problemas sérios para sua manutenção. O apoio privado e doações regulares, assim como a criação de mecanismos que garantam a sustentabilidade de um jardim botânico (cobrança de ingressos, aluguel do espaço para festas, formação de associações de colaboradores regulares), mostram-se fundamentais. Um grande problema enfrentado quando a manutenção de um jardim botânico é dependente de dinheiro público, está na conservação do quadro de pessoal, que então será mantido ou renovado com dificuldades, o que compromete o desenvolvimento dos objetivos da estrutura. O planejamento proporciona a base para a administração e durabilidade dos jardins botânicos, ajudando-os a se anteciparem a eventuais problemas e tendências futuras (KUPPER, 2005).
Alguns jardins botânicos enfrentam dificuldades quanto à limitação de espaço, por ser, a maioria, em meio urbano, o que compromete o alcance da diversidade
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genética representada nas coleções, outros apesar do elevado número de coleções, não atendem aos requisitos necessários para que se possa considerá-las como coleção de conservação. No entanto, atualmente todos estão se adequando às recomendações dos instrumentos normativos no sentido de dar enfoque à conservação da flora local, e coleções com bases científicas para conservação já se fazem presentes em alguns jardins botânicos (COSTA, 2010).
A Rede Brasileira de Jardins Botânicos (RDJB) estabelece diretrizes para criação, registro e enquadramento, implantação e operação, tais como: para a criação é necessário, fazer a regularização fundiária, elaborar um memorial descritivo da área a ser implantada, definição de parâmetros legais, mobilização e articulação, a fim de receber apoio da sociedade e demais esferas. Para o registro e enquadramento de jardins botânicos é essencial que se acompanhe o processo legal, faça um memorial da área já vinculada a lei, além da elaboração de um planejamento global, contendo a proposta, projeto de pesquisa, declaração da missão, gestão de coleções, juntamente com toda documentação solicitada pela prefeitura e demais órgãos. Para implantação e operação de jardins botânicos se faz indispensável à elaboração de um masterplan, projetos arquitetônicos, complementares, contratação de mão de obra, aquisição de equipamentos, materiais, bens móveis, e divulgação de concurso para preenchimento das vagas.
2.4
ESTUDOS DE CASOS
Abaixo foram estudados alguns exemplos de jardins botânicos de sucesso, a fim de embasar o projeto futuro, e pontuar a necessidade de determinados programas e espaços inerentes ao local. Tais estudos foram escolhidos, devido o Jardim Botânico de Curitiba, possuir um ícone arquitetônico com valor simbólico muito forte, que atrai muitos turistas a cidade, portanto esse jardim possui uma forte vocação turística. Já o Jardim Botânico Plantarum, trabalha com uma linha de pesquisa ambiental, com estudos, e publicações científicas importantes. O Jardim Botânico de Inhotim foi selecionado, devido seu enorme valor cultural, agregando arte e lazer em um único espaço.
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2.4.1 JARDIM BOTÂNICO DE CURITIBA – PR
O Jardim Botânico de Curitiba (figura 19) foi inaugurado em 5 de outubro de 1991, e é considerado um dos principais pontos turísticos da capital paranaense. Esse jardim botânico recebeu o nome da urbanista Francisca Maria Garfunkel Richbieter, pioneira no planejamento urbano da capital paranaense. Na sua criação destacaram-se dois objetivos: a preservação de um remanescente florestal típico da região (Floresta Araucária) e a incorporação do Museu Botânico Municipal. Sua missão é torna-se um centro de referência da vegetação nativa regional; formar coleções significativas; além de jardins ornamentais; implementar ações de educação ambiental (RBJB, 2004). Figura 19: Jardim Botânico de Curitiba
Fonte: SKYSCRAPERCITY, 2014.
O espaço conta com uma área total de 278 mil m² e é conhecido por sua estufa (figura 20) e seu jardim geométrico em estilo francês (figura 21). A estrutura metálica e as três abóbodas com arcos plenos foi projetada pelo arquiteto Abrão Assad e foi
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inspirado no Palácio de Cristal de Londres, do século 19. Essa principal estufa, feita em vidro, tem acesso ao público, a estufa é climatizada e mantém espécies da Floresta Atlântica como caraguatá, caetê e palmito. A outra estufa, destinada a pesquisas, é restrita à pesquisa botânica (MILIAUSKAS ARQUITETURA, 2014). Figura 20: Estufa em vidro
. Fonte: ARQUIVO PESSOAL, 2012.
Figura 21: Jardim geométrico em estilo francês
Fonte: ARQUIVO PESSOAL, 2012.
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Além das estufas o espaço ainda conta com um jardim das sensações (figura 22), que é um espaço delimitado por cerca viva, onde uma sequência de sensações, experiências e impressões são sentidas por meio do contato direto com plantas de diferentes formas, texturas e aromas. O percurso pode ser feito com os olhos vendados ou não. O jardim ainda possui um bosque de araucárias, lago, cascata, além de área para prática de exercícios físicos, trilhas e um velódromo. Também conta com o Museu Botânico Municipal, incorporado em 1992, que oferece serviços de educação ambiental, além de um auditório, centro de pesquisas, espaço para biblioteca especializada e salas, de exposições temporárias e permanentes. Hoje, o museu possui cerca de 330 mil exsicatas – plantas secas preparadas para coleção botânica – além de coleção de amostras de madeiras e frutos. Com esse rico material de pesquisa botânica o Museu Municipal de Curitiba é considerado um dos maiores herbários do Brasil e o maior do Estado do Paraná (JARDIM BOTÂNICO DE CURITIBA, 2011). Figura 22: Jardim das sensações
Fonte: G1, 2014.
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Atrás da estufa principal está situado o Espaço Cultural Frans Krajberg, com a exposição permanente “A Revolta”. A exposição do artista plástico polonês radicado no Brasil, Frans Krajcberg, apresenta a coleção de 110 esculturas feitas de madeiras queimadas (figura 23) retiradas de áreas devastadas pela ação predatória do homem (JARDIM BOTÂNICO DE CURITIBA, 2011).
O local possui mais de 330 mil exsicatas (plantas secas preparadas para coleção botânica) – Floresta Araucária – Madeiras de lei – Ornamentais – Frutíferas, e conta com Duas estufas – Jardim das sensações – Bosque de araucárias – Lago – Cascata – Área para prática de exercícios físicos – Trilhas – Velódromo – Museu Botânico Municipal – Auditório – Centro de pesquisas – Espaço para biblioteca especializada – Salas de exposições temporárias e permanentes – Espaço Cultural – Sanitários – Guarda Municipal – Administração (figura 24). Figura 23: Espaço Cultural Frans Krajberg
Fonte: ARQUITETURA ENE, 2014.
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Figura 24: Mapa do jardim
Fonte: ARQUIVO PESSOAL, 2012.
2.4.2 JARDIM BOTÂNICO PLANTARUM – SP
Situado na área urbana de Nova Odessa (figura 25), é um centro de referência em pesquisa e conservação da flora brasileira. Foi idealizado a partir de 1990, por iniciativa do engenheiro agrônomo e botânico brasileiro Harri Lorenzi. O espaço possui 10 mil m². Com objetivo de contribuir para a conservação da flora brasileira, o pesquisador Harri Lorenzi percorre a maior parte dos ecossistemas da América do Sul, em expedições científicas, por fim publicou seu acervo botânico vivo. É uma organização não governamental, de caráter privado, sem fins lucrativos, cujos objetivos são o estudo e a preservação da biodiversidade vegetal brasileira e do meio ambiente, através de ações de pesquisas e educacionais (JARDIM BOTÂNICO PLANTARUM, 2013).
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Figura 25: Jardim Botânico Plantarum
Fonte: JARDIM BOTÂNICO PLANTARUM, 2014.
Atualmente o acervo botânico vivo é constituído por mais de 3500 espécies vegetais, predominantemente de plantas nativas do Brasil, 15 mil exsicatas, 300 famílias de angiospermas, gimnospermas e pteridófitas, 1000 amostras de madeira, 500 cadastros de frutos, dentre outros (JARDIM BOTÂNICO PLANTARUM, 2013).
Sua infraestrutura conta com Recepção – Centro Administrativo – Lagos (figura 26) – Bosques – Jardins temáticos (figura 27) – Estruturas Técnicas – Empório – Loja de souvenirs – Centro de Eventos – Auditório – Centro Cultural – Restaurante – Herbário – Carpoteca4 – Xiloteca5 – Sementeca.
4
Carpotecas são coleções cientificamente identificadas, além de catalogadas e organizadas de maneira simples, mas, sobretudo sistemática. Disponível em: http://www.plantarum.org.br/jardimbotanico. Acesso em: 28 out. 2014. 5 Xilotecas são coleções botânicas constituídas por amostras de madeira obtidas, catalogadas e armazenadas segundo técnicas específicas. Disponível em: http://www.plantarum.org.br/jardimbotanico. Acesso em: 28 out. 2014.
49
Figura 26: Lagos do jardim botânico
Fonte: JARDIM BOTÂNICO PLANTARUM, 2014.
Figura 27: Jardins temáticos
Fonte: JARDIM BOTÂNICO PLANTARUM, 2014.
O Grupo de Educação Ambiental do Jardim Botânico Plantarum (JBP) (figura 28) tem como missão: “Sensibilizar pessoas para a importância da conservação das
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plantas e para o uso parcimonioso dos recursos ambientais”. O JBP possui uma forte vocação para as questões ambientais, tanto que dentre seus principais objetivos estão os de divulgar amplamente o Programa de Educação Ambiental da instituição, avaliar continuamente as atividades, visando sua melhoria, produzir relatórios e demais trabalhos técnicos relativos ao programa, proporcionar ao público momentos de interação, sensibilidade, criatividade e formação crítica, motivando as pessoas a assumir sua condição de sujeito integrante e transformador, do ambiente, da sociedade e da realidade (JARDIM BOTÂNICO PLANTARUM, 2013). Figura 28: Mapa do jardim
Fonte: JARDIM BOTÂNICO PLANTARUM, 2014.
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2.4.3 JARDIM BOTÂNICO DE INHOTIM – MG
O Instituto Inhotim (figura 29) começou a ser idealizado na década de 1980. Mas só em 2010 se deu o reconhecimento da Reserva Particular do Patrimônio Natural Inhotim (RPPN) pelo governo federal. O local singular, conta com acervos de arte contemporânea do mundo e uma coleção botânica que reúne espécies raras e de todos os continentes. Possui uma área de visitação de mais de 110 mil m² (INHOTIM, 2014). Figura 29: Inhotim
Fonte: BLOUIM ARTINFO, 2014.
O jardim botânico propaga e propicia estudos com as espécies botânicas de seu acervo de aproximadamente 5.000 espécies, representando mais de 28% das famílias botânicas conhecidas no planeta. A introdução de espécies pouco conhecidas de forma paisagística é uma das estratégias utilizadas para divulgar e sensibilizar os visitantes sobre a importância da biodiversidade vegetal para a sobrevivência humana. Conta com uma área de Reserva Particular do Patrimônio Natural Inhotim (RPPN), de 145 hectares, situada no domínio da Mata Atlântica.
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Possui uma coleção de 181 famílias botânicas - 953 gêneros - 4.200 espécies de plantas vasculares - 1.400 espécies de palmeiras (figura 30) - 330 espécies de orquídeas. Essa diversidade do Jardim Botânico Inhotim (JBI) o caracteriza como possuidor da maior coleção em número de espécies de plantas vivas entre os jardins botânicos brasileiros. O paisagismo de Inhotim prioriza o uso de grandes manchas de espécies, curvas ou passagens. Possui, nos jardins, o espaço do viveiro educador, onde são realizadas atividades, pesquisa científica, conservação e educação ambiental, essa área possui aproximadamente 25 mil m² (INHOTIM, 2014). Figura 30: Algumas espécies de palmeiras
Fonte: ECOLÓGICO, 2014.
O jardim ainda possui um circuito “entre borboletas” (figura 31) elaborado a partir de dados obtidos em projeto científico, no qual permite que os visitantes tenham contato com as borboletas do parque. Os projetos de pesquisas são voltados principalmente para conservação de espécies ex situ (fora de seu ambiente) para o uso sustentável de componentes da biodiversidade (INHOTIM, 2014).
53
Figura 31: Circuito “Entre Borboletas”
Fonte: INHOTIM, 2014.
Além disso, a produção de conhecimento no Inhotim busca o desenvolvimento de tecnologias ambientais e o planejamento para a conservação do meio ambiente. Seus objetivos são manter, propagar e propiciar estudos com espécies botânicas, além de criar um acervo artístico e de definir estratégias museológicas que possibilitem o acesso da comunidade aos bens culturais. Outro grande diferencial de Inhotim são suas galerias e pavilhões com obras de arte e esculturas expostas ao ar livre (figura 32), aproximando-se do público em geral (TV BRASIL, 2014).
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Figura 32: Narcissus Garden
Fonte: INHOTIM, 2014.
Sua infraestrutura conta (figura 33) com: Lagos - Jardins - Administração - Recepção - Viveiro Educador - Teatro - Sanitários - Restaurantes - Galerias - Bilheteria - Lojas Fraldário - Vandário6 - Pavilhões - Circuito Entre Borboletas.
6
Vandário é um espaço temático dedicado a um grupo de orquídeas da espécie vandáceas, originárias do Sudeste Asiático e da Austrália. Disponível em: http://www.inhotim.org.br/blog/novovandario-no-inhotim/. Acesso em: 11 nov. 2014.
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Figura 33: Mapa do local
Fonte: INHOTIM, 2014.
Conclui-se ao analisar os três casos, que os jardins botânicos, possuem programas bem diferentes entre si, o de Curitiba com uma linha mais geométrica em seu desenho de jardins, o Plantarum com um jardim botânico numa escala menor e mais simples e o de Inhotim, com uma escala muito grande, com amplitude de serviços e diferentes ofertas culturais. No quadro comparativo 3, alguns itens foram pontuados com essas características peculiares de cada um. O que pode ser apresentado no estudo em questão para implantação em Vila Velha, é o fato de todos possuírem alguns itens comuns, como áreas administrativas, estufas e lojas. Outros itens específicos de cada jardim, podem ser aplicáveis ao projeto do Jardim Botânico Dimerandra, tais como: a tentativa de se criar uma estufa que sirva como um ícone arquitetônico, semelhante ao de Curitiba; os lagos e o desenho do paisagismo do Plantarun e a inclusão de um elemento de arte, como legado de Inhotim.
QUADRO COMPARATIVO - JARDINS BOTÂNICOS ANÁLISE
JARDIM BOTÂNICO DE INHOTIM - MG JARDIM BOTÂNICO DE CURITIBA - PR
JARDIM BOTÂNICO PLANTARUM - SP
CONTEXTO E SITUAÇÃO
OBJETIVOS
O Instituto Inhotim começou a ser idealizado a partir de meados da década de 1980. Local O Jardim Botânico de Curitiba foi inaugurado em 5 singular, com acervos de arte contemporânea de outubro de 1991, e é considerado um dos do mundo e uma coleção botânica que reúne principais pontos turísticos da capital. O espaço espécies raras e de todos os continentes. conta com uma área total de 278 mil m² e é Possui uma área de visitação de mais de 110 conhecido por sua estufa e seu jardim geométrico mil m²
Situado na área urbana de Nova Odessa, é um centro de referência em pesquisa e conservação da flora brasileira. Foi idealizado a partir de 1990, por iniciativa do engenheiro agrônomo e botânico brasileiro Harri Lorenzi. O espaço possui 10 mil m²
Manter, propagar e propiciar estudos com espécies botânicas, além de criar um acervo Preservação de um remanescente florestal típico artístico e de definir estratégias museológicas da região (Floresta Araucária) e a incorporação do que possibilitem o acesso da comunidade aos Museu Botânico Municipal bens culturais
Sensibilizar pessoas para a importância da conservação das plantas e para o uso regrado dos recursos ambientais
181 famílias botânicas - 953 gêneros - 4.200 espécies de plantas vasculares - 1.400 espécies de palmeiras - 330 espécies de orquídeas
330 mil exsicatas (plantas secas preparadas para coleção botânica) - Floresta Araucária - Madeiras de lei - Ornamentais - Frutíferas
3500 espécies vegetais, predominantemente de plantas nativas do Brasil - 15 mil exsicatas - 300 famílias de angiospermas, gimnospermas e pteridófitas - 1000 amostras de madeira - 500 cadastros de frutos
ESPÉCIES
PROGRAMA
Duas estufas - Jardim das sensações - Bosque de araucárias – Lago - Cascata Lagos - Jardins - Administração - Recepção - Área para prática de exercícios físicos – Trilhas – Recepção - Centro Administrativo - Jardins temáticos Viveiro Educador - Teatro - Sanitários Velódromo - Museu Botânico Municipal – Auditório Lagos - Bosques - Estruturas Técnicas - Empório Restaurantes - Galerias - Bilheteria - Lojas - Centro de pesquisas - Espaço para biblioteca Loja de souvenirs - Centro de Eventos - Auditório Fraldário - Vandário - Pavilhões - Circuito Entre especializada - Salas de exposições temporárias e Centro Cultural - Restaurante - Herbário - Carpoteca Borboletas Xiloteca permanentes - Espaço Cultural - Sanitários Guarda Municipal - Administração
Linhas mais retilíneas nos caminhos e orgânicas no desenho de paisagismo
Linhas orgânicas em alguns locais, e geometrizadas na área do jardim principal
Linhas orgânicas fazem a composição de todo o desenho do jardim
Composição paisagística diverisificada, com maciços de vegetação
Composição geometrizada e uniforme dos jardins
Composição mais simétrica em seus jardins, com uma maior delimitação
Os pontos focais encontrados são as esculturas e galerias, que possuem uma arquitetura específica
Destaca-se a estufa como ponto focal
Não há um ponto focal na paisagem, todos os jardins fazem uma composição uniforme
FLUXOS
COMPOSIÇÃO
HIERARQUIA
Diferentes composições de materiais e texturas O vidro como material das estufas, esculturas em seu paisagismo, com cores, espécies clássicas, espelhos d'água e chafariz, a água e o mobiliário rústico, se contrapondo com verde como elemento central esculturas modernas
MATERIAIS E TEXTURAS
Massas de vegetações coloridas, lagos com plantas aquáticas, e edificação em estilo mais clássico
57
3
3.1
O JARDIM BOTÂNICO E SUAS APLICAÇÕES
JARDIM BOTÂNICO COMO ESPAÇO DE PESQUISA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Os jardins botânicos desempenham um papel claro e essencial na conservação vegetal, mas esses locais não serão bem-sucedidos sem a ajuda da educação. Tanto que muitos jardins botânicos foram criados essencialmente para ensinar botânica. Algumas instituições europeias têm tradição no ensino da biologia e medicina. Ao chamar a atenção para as ameaças que os vegetais e os ecossistemas enfrentam, os jardins botânicos podem ajudar a sociedade a pensar em formas de proteção da biodiversidade (WILLISON, 2003).
Os mais de 1.600 jardins botânicos espalhados pelo mundo recebem mais de 150 milhões de visitantes por ano, e com o uso da interpretação ambiental (figura 34), podem atrair o interesse para questões relacionadas às plantas e à diversidade vegetal, contribuindo assim para o processo de conscientização (HONIG, 2005). Figura 34: Educação Ambiental na Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul
Fonte: GOVERNO DO RIO GRANDE DO SUL, 2014.
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A interpretação ambiental aplicada aos jardins botânicos tem avançado à medida que as crises no mundo aumentam. Para algumas dessas pessoas, que estão passeando nesses locais, os jardins botânicos representam uma oportunidade única de estar perto da natureza e aprender mais sobre as plantas. A existência de uma grande variedade de espécies permite usar as qualidades vegetais em todos os aspectos, possibilitando a adaptação a diversas circunstâncias e às transformações do meio ambiente e nesse contexto que a educação ambiental está incorporada a todas as principais estratégias internacionais para conservação da biodiversidade e desenvolvimento sustentável (WILLISON, 2003).
Com esse fim em 1987 foi criada a Botanic Gardens Conservation Secretariat (BGCS), com o objetivo de implantar uma estratégia a fim de reunir jardins botânicos de todo o mundo, para juntos constituírem uma organização global pela conservação de plantas (NORMAS, 2001).
Segundo as Normas Internacionais para conservação de jardins botânicos, em 1989, foi publicada a Estratégia de Conservação para Jardins Botânicos, com os objetivos de delinear o motivo do envolvimento dos jardins botânicos como elemento essencial para um desenvolvimento sustentável; propor meios efetivos nos quais os jardins botânicos do mundo possam trabalhar juntos e prover um conjunto coeso de princípios e procedimentos que permitam aos jardins botânicos planejarem a sua parte ao lado de outras instituições, conseguindo um total máximo de conservação, através de exibições e programas educacionais apropriados.
Segundo a RDJB, para desenvolver um projeto de educação ambiental eficaz, o jardim botânico deve definir que tipos de projetos realizará, quem deseja atingir e em que aspectos específicos da conservação e da consciência ambiental pretende se concentrar. Se assim optar em criá-lo, cada jardim deve elaborar um plano escrito com fins educacionais e de conscientização, identificando e priorizando as mensagens de conservação a serem veiculadas pelo jardim botânico, os gruposalvos, as instalações necessárias e disponíveis e os projetos a serem desenvolvidos.
Um dos principais objetivos de um jardim botânico é conservar a flora da região em que está instalado, seja através de pesquisas, seja na restauração de sistemas
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ambientais. Mas não apenas isto: a missão de um jardim botânico também passa por apoiar e colaborar com seus semelhantes de outros locais, em especial os que possuem alta diversidade biológica.
Os jardins botânicos, estimulados pela necessidade de diminuir a redução da diversidade nos ambientes terrestres, estão tendendo suas linhas de pesquisas para a solução de problemas ambientais. Testes com novas espécies de plantas, como as bio-indicadoras de poluição atmosférica, ensaio para armazenamento a longo prazo de sementes de espécies ameaçadas e estudos de resgate e reintrodução de espécies de ambientes relictuais ameaçados, estão sendo feitos (COSTA, 2010).
Tais estudos beneficiam não somente a comunidade acadêmica mais também a população local, pois resultam na introdução de novas espécies de plantas econômicas, na criação de ambientes que propiciem bem-estar e segurança, na contribuição para o progresso e o embelezamento das cidades, e na promoção da educação continuada e da conscientização pública (COSTA, 2010).
Os jardins botânicos desempenham diferentes papéis na conservação das espécies, mas estão todos conectados. Em alguns países, são a principal instituição envolvida nacionalmente na pesquisa, coleta, manutenção e conservação de espécies silvestres a flora. Outros trabalham com conservação de plantas de relevância para alimentação e agricultura, assim como aquelas de proveito para muitos outros propósitos econômicos. Além disso, jardins botânicos incorporam, em seus programas e atividades, informações sobre plantas, meio ambiente, sistemas ecológicos e sustentabilidade. Se tornando também importantes aliados na demonstração da relação entre a sociedade e a natureza, e ajuda as comunidades a viverem de maneira sustentável (NORMA, 2001).
Os jardins botânicos no Brasil, atualmente, totalizam cerca de mais de 50 unidades oficiais, número considerado insuficiente para atender à demanda de conservação das espécies ameaçadas pela devastação dos biomas e expansão das fronteiras urbanas e agrícolas e garantir a proteção das espécies nativas em seus habitats naturais (RBJB, 2015).
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A maior parte dos jardins botânicos brasileiros está situada em área de ocorrência da Mata Atlântica, considerado um hotspot7. Uma proporção menor de jardins botânicos está estabelecida nos biomas da Amazônia e do Cerrado, sendo este considerado também um hotspot. Para os demais biomas não há registro de jardins botânicos (COSTA, 2010).
A definição pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) das áreas prioritárias (figura 35) para conservação, uso sustentável e repartição de benefícios da biodiversidade nos biomas brasileiros constitui um importante instrumento de orientação, não só para a criação de novos jardins botânicos como também para o fortalecimento das ações daqueles já estabelecidos. Tal definição embasou-se no mapa de biomas criados pelo IBGE, e incorporou princípios de planejamento para conservação e utilização sustentável da diversidade biológica. Figura 35: Áreas Prioritárias para a Conservação, Uso sustentável e Repartição de Benefícios da Biodiversidade Brasileira
Fonte: MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2006.
7
Hotspot é toda área prioritária para conservação, isto é, de alta biodiversidade e ameaçada no mais alto grau. É considerada Hotspot uma área com pelo menos 1.500 espécies endêmicas de plantas e que tenha perdido mais de 3/4 de sua vegetação original. Disponível em: http://www.conservation.org.br/como/index.php?id=8. Acesso em: 31 out. 2014.
61
3.2
O JARDIM BOTÂNICO COMO ATRATIVO TURÍSTICO
As áreas verdes na cidade valorizam muito o ambiente e a estética urbana, contribuindo para melhoria na qualidade de vida nas cidades, além de promoverem atividades para a comunidade, criando espaços e oportunidades de recreação e educação (HILDEBRAND, GRAÇA, & MILANO, 2001).
Essas áreas ganharam amplitude por se transformarem em locais com funções recreativas,
sociais,
culturais,
econômicos,
educacional
ou
ambiental
(HILDEBRAND, GRAÇA, & MILANO, 2001 apud RIBEIRO, 1998). As mesmas geram empregos, turismo e atraem investimento (HILDEBRAND, GRAÇA, & MILANO, 2001 apud GANGLOFF, 1996).
Segundo Ribeiro (2006 apud DUMAZEDIER 2000, p. 34): Lazer é o conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode se integrar de livre vontade, seja para divertir-se, recrear-se ou ainda, para desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua livre capacidade criadora, após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais.
Assim, as ações de planejamento na cidade devem beneficiar a população local além de contribuir para que a atividade turística potencialize novas alternativas para a economia local. As ações para o desenvolvimento do lazer e do turismo devem contemplar primeiramente o atendimento das necessidades de uma população cujo processo de urbanização e comunicação massificada influencia o lazer e o comportamento das pessoas que vivem nas cidades (RIBEIRO, 2006).
Ainda segundo Ribeiro (2006 apud PERLOFF 1973, p.05): A qualidade do meio ambiente no qual a pessoa vive, trabalha e se diverte, influi consideravelmente na própria qualidade de vida. O meio ambiente pode ser satisfatório e atrativo e permitir o desenvolvimento individual, e pode ser nocivo, irritante e atrofiante.
Considera-se então, que a criação desses espaços verdes, tais como jardins botânicos, criados primeiramente para atender as demandas da população, acaba
62
contribuindo para a que a paisagem urbana se torne valorizada e contemplada de modo a atender novos públicos, advindos de outras localidades e que expressam interesse em conhecer tais espaços (RIBEIRO, 2006).
A transformação dos espaços cria condições para que o turismo se estabeleça nas cidades e para suas populações. Esses novos espaços construídos, ou preservados ou revitalizados, contribuem para uma vivência mais rica na cidade estabelecendo pontos de referência e vínculos afetivos. Valoriza-se a vida cotidiana da população e resgata da qualidade de vida e o bem-estar urbano. Com a criação desses novos espaços, no caso em questão um jardim botânico, o consumo desse espaço passa a integrar os espaços de consumo já estabelecidos e, neste ambiente, novas formas de trabalho podem ser criadas e proporcionar a diversificação da economia e, neste caso, o turismo poderá encontrar condições ideais para sua consolidação (RIBEIRO, 2006).
Conforme Molin e Oliveira, 2008 apud Yázigi, 2002 a paisagem interessa primeiramente a seus próprios habitantes, e essa relação de estima deles com ela que desperta a atenção de transeuntes, visitantes e turistas, pela diferença do cotidiano ao qual pertecem, desempenhando várias funções: espaço mediador da vida em sociedade, referencial (geográfica, psicológica, entre outras) fonte de contemplação e inspiração.
Além de aspectos específicos das inter-relações das pessoas pelos deslocamentos geográficos, criam-se os deslocamentos e redefinições de significados e interesses que se reproduzem ou que se modificam. E nesse aspecto, os lugares são transformados onde a natureza permanecia estática, para ser contemplada e admirada pela sua exuberância nativa. Esse marco possibilita compreender que à medida que as pessoas reencontram seus espaços como prolongamento de sua própria
identidade
individual
ou
coletiva
as
relações
são
intensificadas,
interiorizadas, gerando processos combinados e simultâneos de construção, destruição ou recuperação da paisagem dando assim valor e sentido ao lugar. As pessoas passam a enxergar e a perceber o lugar como prolongamento de suas vidas, estabelecem assim um novo espaço que a partir de então consolida-se como espaço de turismo (RIBEIRO, 2008).
63
Segundo o Plano de Desenvolvimento Sustentável da Região Turística (GOVERNO DO ESPÍRITO SANTO, 2006), a fim de coordenar o processo de desenvolvimento turístico de forma regionalizada e integrada, cita Vila Velha como uma região “recortada por sua orla marítima de diferentes tonalidades e pelos inúmeros morros e elevações que contornam a região metropolitana, possibilitando assim uma infinidade de mirantes naturais”. A vegetação original que é a mata atlântica foi quase extinta, e o governo entende que são áreas que mereçam ações urgentes de fiscalização e aproveitamento do recurso para uso turístico e educativo. Desta forma, acredita-se que a criação de um jardim botânico em uma área de mata atlântica ajudaria nessa percepção.
Embora na Região Metropolitana estejam inseridos os municípios com maior índice de desenvolvimento, o principal fator de atração para a região foi à existência de atrativos naturais (figura 36). Isso só vem a demostrar o forte potencial de instalação de um equipamento como o proposto no estudo. Figura 36: Poder de Atração da Região Metropolitana
Fonte: GOVERNO DO ESPÍRITO SANTO, 2006.
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Segundo a Organização Mundial de Turismo (OMT, 2003), o turismo é definido como: Um conjunto de atividades que as pessoas realizam durante suas viagens e estadias em lugares distintos a seu entorno habitual por um período de tempo inferior a um ano, com fins de lazer, negócios e outros motivos não relacionados com o exercício de uma atividade remunerada no lugar visitado.
Com isso o Governo do Estado também criou um Plano de Desenvolvimento Sustentável do Turismo do Estado Espírito Santo com metas a serem alcançadas até 2025, dentre elas considera o turismo, como um fenômeno econômico, que gera riqueza, emprego e renda e também como um fenômeno social. Isso significa a inclusão de valores além do o fluxo monetário, como o intercâmbio de ideias, de visões de mundo e de culturas. Ou seja, valores tangíveis e intangíveis. Essa nova percepção, nos leva a entender a que as pessoas estão buscando novas formas de turismo e com outros intuitos.
Como vemos na figura 37, o Estado possui vocação para turismo cultural. Com a criação de um jardim botânico em Vila Velha, este agregaria, além do fator da pesquisa, um ponto de encontro de disseminação de práticas culturais e lazer. Figura 37: Poder de Atração da Região Metropolitana
Fonte: GOVERNO DO ESPÍRITO SANTO, 2006.
65
Os jardins botânicos desempenham múltiplos papéis e também participam do desenvolvimento do país, contribuindo diretamente para a prática da convenção sobre a diversidade biológica, a transformação desses espaços cria condições para que o turismo se estabeleça.
Com foco neste objetivo, propõe-se a criação de um jardim botânico na área conhecida como Morro do Marista, local hoje subutilizado, cujo entorno vem sofrendo pressões imobiliárias por estar situado em um dos principais polos de atividades econômicas do Estado. A área em questão é um dos poucos refúgios verdes no centro da cidade (Figura 38). Figura 38: Morro do Marista
Fonte: GAZETA ONLINE, 2012.
Considerando as características ambientais, culturais e turísticas apresentadas, percebe-se que o projeto tem forte potencial de ser efetivado, visto que a proposta se adequa a demanda que hoje Vila Velha necessita e o local escolhido, o Morro do Marista, apresenta essas propriedades necessárias, aliando centralidade e ecossistemas já existentes.
66
4
4.1
CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE ESTUDO
ANTECEDENTE HISTÓRICO
O “Morro do Sitio Batalha” conhecido como Morro do Marista, localizado em área central de Vila Velha (figura 39) possui cerca de 48 mil m² e foi cedido pela PMVV aos irmãos Maristas na década de 1950 (FGV GVces, 2009). Figura 39: Área cedida pela Prefeitura de Vila Velha ao Colégio
Fonte: JORNAL PRAIA DA COSTA, 2014.
No livro Ecos de Vila Velha (Setúbal, 2001), relata que o então prefeito de Vila Velha, Domício Ferreira, percorreu diversas localidades do município com os
67
representantes do Colégio Marista, afim de implantar um estabelecimento de ensino, mas nenhuma área agradou os visitantes. No entanto, os Maristas apontaram um terreno que não tinha sido apresentado: o Sítio do Batalha. As autoridades ficaram espantadas com o local apontado, pois não estava nas opções apresentadas. Porém Vila Velha necessitava da construção e instalação de um colégio de ensino com o porte do Marista. Ainda segundo o autor, o local seria então vendido, após negociações por trezentos mil cruzeiros. Cerca de duzentos mil cruzeiros já estavam garantidos, mas os cem mil restantes o município teria que bancá-lo. Consciente da sua responsabilidade, o prefeito tratou de elaborar um projeto de lei, decretando a aquisição do Sítio do Batalha e promovendo neste mesmo projeto a autorização para a doação da área à União Brasileira de Educação e Ensino8 (UBEE). O projeto foi submetido à apreciação da Câmara Municipal, que por sua vez fez pequenos reparos e o votou.
A UBEE cumpriu as determinações legais de prazo e também a de concessão, colocando gratuitamente à disposição da prefeitura em cada série do ginásio três matrículas e duas no curso colegial. Ficou estabelecida, na lei, uma cláusula penal de reversão do bem doado com todas as benfeitorias caso não se cumprissem as determinações de destinação da área em questão, dos prazos e da concessão das cinco matrículas gratuitas (Setúbal, 2001).
O local possuía uma faixa plana onde o gado pastava, funcionando ainda como opção de lazer entre os jovens das décadas de 1930 e 1940, pois possuía vários acesso em meio a vizinhança, tornando-se um local acolhedor e democrático (Setúbal, 2001).
No “Morro do Sitio Batalha” os alunos do colégio no início, plantavam árvores cítricas. Com a desativação do ensino dos moldes antigos, em meados da década 1970, ali plantaram eucaliptos, em meio a algumas porções de Mata Atlântica, surgindo ainda o mato em áreas que já haviam sido modificadas. Por volta da década de 70, os Irmãos Maristas promoveram benfeitorias e aterraram a área que 8
O Instituto Marista no Brasil, conta com a ajuda de algumas mantenedoras para apoiá-la administrativamente. São estruturas responsáveis pelo gerenciamento de suas diversas frentes de atuação, dentre elas está a União Brasileira de Educação e Ensino (UBEE). Disponível em: http://www.grupomarista.org.br/institucional-maristas-no-brasil/D4/. Acesso em: 06 abr. 2015.
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ia da colina, até a parte sul, caracterizado como um trecho de manguezal degradado. Ali criaram três vias periféricas e venderam lotes nestes arruamentos. Em torno de 1981 o “Morro do Sitio Batalha” foi invadido, sendo a área loteada com barbantes, cordas (registro oral)9.
Grande parte dessa área doada para o Colégio Marista (figura 40), que só poderia ser utilizada para a construção de uma escola, foi transformada em lotes e comercializados com a conivência das administrações públicas. Áreas como o estacionamento do Supermercado Carone, na Avenida Champagnat e o Mc Donald’s, ao lado do Colégio Marista, na mesma avenida, totalizam mais de 100 mil metros quadrados já negociados dentro da mesma gleba (Jornal Praia da Costa, 2014). Figura 40: Colégio Marista e ao fundo o Sítio de Batalha
Fonte: CASA DA MEMÓRIA DE VILA VELHA, 2015.
A doação do patrimônio público municipal à União Brasileira de Educação e Ensino, não teve respeitadas as condições previstas na Lei nº 85 (que definia a UBEE deveria conceder a prefeitura em cada série, três bolsas no curso ginasial e duas no 9
Informação fornecida pelo Eng° Civil Roberto Brochado Abreu. Fundador e membro da diretoria da Casa da Memória de Vila Velha - 31/03/2010.
69
colegial). Identificou-se um desvio de finalidade, pois a UBEE desvirtuou e descaracterizou a doação do seu fim específico, fugindo do objetivo real, dando destinação diferente àquela contida na referida lei. Essa violação e inobservância do disposto na lei sujeitou a entidade à reversão de todo o patrimônio ao município, com as devidas indenizações a serem negociadas pelo Ministério Público (ou Poder Judiciário). Porém a nenhuma conclusão se chegou, várias atas foram publicadas no diário oficial, mas o assessor jurídico da UBEE, diz que a lei que a prefeitura pretende criar para retomar a área não poderia cancelar a doação que foi feita (Gazeta Online, 2009).
Ao longo desta trajetória, o Governo do Estado do Espírito Santo iniciou uma demanda para obter uma fatia do “Morro do Sitio Batalha” para nele passar um viaduto para a saída sul da Terceira Ponte e facilitar acesso ao bairro de Itapoã. O Ministério Público firmou um Termo de Ajustamento de Conduta em 21 de outubro de 2009 envolvendo 8.390,52 m², que a UBEE doou ao Governo do Estado para construção da “alça da Terceira Ponte”, e 38.609,48m², para ser ocupado por um parque municipal, sob gestão exclusiva da UBEE e participação da comunidade.
Este caso do Colégio Marista de Vila Velha assemelha-se a uma situação ocorrida no Estado do Paraná, porém, o Colégio Marista de Londrina doou ao Governo Estadual um terreno de aproximadamente 20 hectares para a implantação do Jardim Botânico da cidade. A partir deste exemplo, compreende-se a vocação natural e histórica desses espaços nas cidades e busca-se a implantação de um jardim botânico em Vila Velha.
Para que seja implantado um jardim botânico, como afirma COSTA (2010), se faz necessário o reconhecimento da importância e responsabilidade do mesmo, na tarefa de conservar a flora brasileira, por parte de instituições governamentais, não governamentais e privadas, sendo fundamental a formação dessas parcerias.
70
4.2
LEGISLAÇÃO
A área do “Sítio do Batalha” conhecida também como “Morro do Marista”, está inserida na Zona de Proteção Ambiental e Cultural 3 (ZPAC3), segundo o Plano Diretor Municipal de Vila Velha (figura 41). Tal zona define, segundo o artigo 81, “áreas centrais destinadas à proteção do patrimônio ambiental, histórico e cultural, com o objetivo de garantir a preservação e proteção dos bens existentes” (LEI Nº 4.575, de 26 de novembro de 2007).
Os objetivos da Zona de Proteção do Ambiente Cultural – ZPAC são: • Proteger os remanescentes florestais e afloramentos rochosos que integram a área urbana; • Preservar os locais de interesse cultural e a configuração da paisagem urbana; • Incentivar e orientar a recuperação dos imóveis de interesse de preservação; • Garantir a ambiência dos cones visuais do Convento da Penha; • Regulamentar e disciplinar a ocupação das faixas ao longo da via da Terceira Ponte; • Incentivar a instalação de atividades complementares ao turismo em suas várias modalidades; • Introduzir novas dinâmicas urbanas. A ZPAC 3 em especial define que o coeficiente de aproveitamento e verticalização são limitados em decorrência da proteção das áreas de encostas no Morro do Moreno, Morro da Igreja de Ponta da Fruta e aproveitamento da infraestrutura urbana instalada.
71
Figura 41: Mapa de Zoneamento Urbano – Sitio do Batalha
Fonte: PLANO DIRETOR MUNICIPAL, 2011.
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4.3
MORFOLOGIA URBANA
Através do Mapa 01 – Morfologia Urbana (figura 42) percebe-se nas áreas mais planas, oriundas de aterros, que a malha viária se estabeleceu de forma mais ortogonal e com vias mais amplas. Este tipo de traçado também contribuiu para a implementação da infraestrutura urbana, ora existente.
Observa-se ainda que a maioria das edificações no local utilizam da porção do lote como um todo, não respeitando afastamentos mínimos e outros coeficientes urbanísticos.
A topografia da faixa perimetral ao local é predominantemente plana, o que faz com que os lotes resultem regulares; somente a parte do “Morro do Sítio Batalha” oferece uma topografia mais elevada chegando cerca de 30m em sua altitude.
No Mapa 01, observa-se ainda a relação entre os cheios e vazios, com uma estrutura morfológica concentrada, que nos diz que os lotes são bastante ocupados, e há poucos lotes vazios no local. Isso demonstra a relativa valorização do local e seu adensamento.
A parte central da Área de Estudo apresenta forma mais heterogênea, com lotes de maior dimensão e a parte periférica, que rodeia o “Morro do Sítio Batalha”, apresenta um micro parcelamento mais homogêneo. Novamente se percebe o adensamento da Área de Estudo e a ausência de áreas livres.
Segundo Kevin Lynch, no livro Imagem da Cidade, as vias “são canais de circulação ao longo dos quais o observador se locomove de modo habitual, ocasional ou potencial. Podem ser ruas, calçadas, linhas de trânsito, canais, estradas de-ferro” (LYNCH,1997, p. 52). Observa-se, de forma acentuada, esta situação na Avenida Champagnat, que atrai diferentes públicos para o passeio que por ali trafegam seja em seus veículos ou a pé.
Ainda a partir de Lynch (1997), identifica-se os limites, aqui melhor representado pela Praça Duque de Caxias para onde converge vários usos, funcionando também
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como um ponto nodal, pois é um local estratégico dentro da cidade, com vários pontos de ônibus, táxi e próximo a uma variedade de serviços e comércios.
MAPA 01 - FIGURA FUNDO
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4.4
USO DO SOLO
O Mapa 02 – Uso do Solo (figura 43) revela que o principal uso da Área de Estudo é residencial, seja ele unifamiliar ou multifamiliar, seguido de usos institucionais e comerciais, principalmente na Avenida Champagnat. Apresentam uma diversidade de equipamentos institucionais, considerando principalmente Escolas e Igrejas. O uso misto aparece principalmente relacionado a pequenos comércios que atendem a demanda local no térreo, e residências nos pavimentos superiores. E edifícios com toda sua ocupação comercial, com escritórios, lojas. Percebe-se como um todo que o local é bem diversificado, tanto com presença de residências como oferta de serviços.
Quanto a legislação vigente, segundo o PDM, a Área de Estudo, está inserida em três zonas, a ZPAC 1 e 2, ZEE 4, ZEIA B. Que em sua maioria, estão de acordo com o que a legislação solicita.
A ZPAC - Zona de Proteção do Ambiente Cultural “constitui-se de áreas centrais destinadas à proteção do patrimônio ambiental, histórico e cultural, com o objetivo de garantir a preservação e proteção dos bens existentes.” (Plano Diretor de Vila Velha, 2007). A ZPAC 1, em especial, define que o coeficiente de aproveitamento deverá ser compatível com a baixa verticalização e proteção do ambiente cultural unidades de conservação ambiental e cones visuais do Convento da Penha. Isso não ocorre em sua totalidade, visto que se encontram no local, edificações com gabaritos altos, que possivelmente podem atrapalhar o cone visual para o Convento da Penha.
A ZPAC 2 – diz que o “coeficiente de aproveitamento e verticalização são limitados em decorrência da proteção dos cones visuais do Convento da Penha e aproveitamento da infraestrutura urbana instalada” (Plano Diretor de Vila Velha, 2007). Observa-se nesses locais edifícios com gabaritos mais altos, mas que não se assemelham aos gabaritos encontrados na orla, por exemplo, que possuem mais de 10 andares.
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Já a ZEE - Zona de Equipamentos Especiais é composta “por áreas do território municipal de Vila Velha destinadas a abrigar atividades econômicas e funcionais, especialmente as de natureza portuária, que gerem impactos urbanos e ambientas” (Plano Diretor de Vila Velha, 2007). A ZEE 4, que aparece na Área de Estudo, correspondente à área de equipamentos educacionais do Colégio Marista.
A ZEIA - Zonas de Especial Interesse Ambiental “são parcelas do território municipal, de domínio público ou privado, onde é fundamental a proteção e a conservação dos recursos naturais, com sua adequada utilização visando a preservação do meio ambiente” (Plano Diretor de Vila Velha, 2007). Na Área de Estudo, tem-se a ZEIA B – “áreas verdes e paisagísticas públicas, praças, mirantes e parques urbanos situados nas zonas urbanas, cujas funções são proteger as características ambientais existentes e oferecer espaços públicos adequados e qualificados ao lazer da população”, neste local representada pela Praça Duque de Caxias.
De forma geral, entende-se a maioria dos locais estão de acordo com o que o Plano Diretor da cidade define, e que existe uma necessidade de dinamização de usos, trazendo para o local uma maior oferta de lazer, já que a área possui uma grande quantidade de edifícios comerciais e residenciais.
MAPA 02 - USO DO SOLO
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4.5
POTENCIALIDADES DE USOS E FUNÇÕES
Observa-que o local é bem servido de diversas ofertas de comércios e serviços, porém não se encontram equipamentos de lazer e cultura, a Praça Duque de Caxias, que possui uma excelente localidade, devido sua centralidade, é um exemplo de local que merece ser revitalizado, no qual poderia abrigar inúmeros eventos de qualidade, o que não ocorre.
Percebe-se (figura 44) que toda área é servida de energia, água e tratamento de esgoto, as ruas são asfaltadas e/ou pavimentadas, sendo um local de boa qualidade de vida. Figura 44: Gráfico com alguns serviços públicos
Fonte: PERFIL SOCIOECONÔMICO POR BAIRROS, 2013.
A centralidade dessa Área de Estudo, conforme observa-se no Mapa 03 – Potencialidades de Usos e Funções (figura 45), facilita no acesso a grande demanda de ofertas ali existentes. O público que frequenta o local, é atraído pelos supermercados que ali existem, como o Carone, o McDonald’s, que atrai um público mais jovem e infantil, as lojas de sapatos, roupas, atrai a família como um todo, o local ainda abriga importantes bancos, como a Caixa Econômica, Itaú, Banestes, dentre outros, além de importantes escolas estão presentes como o Marista, Contec, Vasco Coutinho, a Praça Duque de Caxias, que abriga um comércio informal,
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também atrai um público que por ali circula. Tem-se no local também, espaços de compras como o Shopping Praia da Costa e o Shopping Center de Vila Velha. Enfim, o local já atrai diversos públicos e oferece condições variadas para uma demanda complementar em torno do lazer, convivência e entretenimento.
A Área de Estudo também possui uma importante função de ser trajeto das procissões que fazem parte dos festejos da Festa da Penha. A Praça Duque de Caxias, também abriga algumas feiras no local, como feira das flores, desfiles de carnaval, feiras de adoção de cachorros, dentre outros.
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4.6
VIAS DE CIRCULAÇÃO
Pode-se concluir, conforme o Mapa 04 – Vias de Circulação (figura 46), que as ruas Antônio Ataíde, Sete de Setembro e Avenida Champagnat são as que possuem maiores fluxos, tanto de pedestres como de veículos, devido à oferta de diferentes serviços naqueles locais. A Rua Antônio Ataíde apresenta um médio fluxo de pessoas e veículos nos dias de semana, atraídos pelos serviços ali oferecidos, possivelmente porque nesta rua, há uma mescla maior entre residências e comércios, além de alguns lotes e edificações desocupadas.
Já a Avenida Champagnat possui grande fluxo de pedestres e veículos durantes todos os dias, pois no local há ofertas de farmácias, restaurantes, lanchonetes, supermercados que atraem o público para o local em qualquer horário ou dia da semana. Esse eixo de circulação metropolitano, Avenidas Champagnat e Luciano das Neves, liga a um importante terminal de ônibus, o Terminal de Vila Velha.
As demais ruas que circundam o Morro do Marista, tais como: Armando Rosemberg Menezes e Professor Telmo de Souza, que são vias locais, são tranquilas e possuem pouco movimento, pois apresentam predominância do uso residencial, portanto com menor fluxo de veículos e pedestres.
Observa-se ainda um ponto de conflito, no cruzamento entre a Avenida Champagnat e Luciano das Neves, conexão de duas importantes vias para a cidade, e local de travessia de pedestres. Esta situação, também chamada de ponto nodal, (Lynch, 1997), caracteriza-se como ponto de confluência do sistema de transporte, sendo assim um importante ponto de partida e chegada do público usuário. Outro ponto nodal observado, são os pontos de ônibus localizados na subida e descida da Terceira Ponte, nesses locais, há uma convergência e distribuição de pessoas, muitas dessas pessoas moram ou trabalham no entorno, além de estar próximo a um importante banco, a Caixa Econômica Federal e também às torres comerciais, do Shopping Praia da Costa que abrigam diversos serviços.
Pode-se destacar a presença de importantes vias arteriais, conforme Mapa 05 – Sistema Viário (figura 47), que alimentam a Área de Estudo, são elas a Avenida
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Champagnat, Avenida Luciano das Neves e Avenida Antônio Ataíde, de relevância metropolitana. Este fato faz com que a área estudada possua infraestrutura para convergência de público e possibilite fácil acesso ao novo equipamento urbano ora proposto. Tais vias também possuem ciclovias, como mostra a Mapa 06 – Ciclovias e Ciclo faixas (figura 48) que facilitam na mobilidade e acesso ao local. Percebe-se com mostra a foto no Mapa 06, que o Plano Diretor informa que possui uma ciclo faixa na Avenida Carioca, o que, de fato, não ocorre. Já a Avenida Champagnat é toda servida por ciclovia.
A Área de Estudo apresenta estacionamentos com sistema de controle rotativo através de parquímetro. Tal sistema representa comodidade ao possível visitante do Jardim Botânico, que poderá contar com local para estacionamentos. Conforme observado ainda, quanto ao fluxo de transportes coletivos, a mobilidade poderá ser viabilizada, através de diversos pontos de ônibus e ciclo faixas existentes, o que facilitará o acesso ao novo equipamento urbano, permitindo alguns pontos de acesso ao futuro Jardim Botânico, como visto no Mapa 03.
Fonte: ARQUIVO PESSOAL, 2015.
Fonte: ARQUIVO PESSOAL, 2015.
Fonte: ARQUIVO PESSOAL, 2015.
Fonte: ARQUIVO PESSOAL, 2015.
Fonte: ARQUIVO PESSOAL, 2015.
Fonte: ARQUIVO PESSOAL, 2015.
MAPA 06 - CICLOVIA E CICLOFAIXAS
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4.7
GABARITO
A Área de Estudo apresenta, conforme o Mapa 07 – Gabarito (figura 53), de maneira generalizada, a predominância de gabarito baixo, entre 01 e 03 pavimentos. Percebe-se ainda a presença de edificações com, no máximo, 06 pavimentos, concentradas na Avenida Champagnat, sendo em sua maioria de usos mistos, ocorrendo uma verticalização nas quadras mais próximas a Avenida Champagnat, local com maior atrativo comercial.
Na Rua Armando Rosemberg Menezes (figura 49), observa-se a predominância de edificações de 01 e 02 pavimentos, sendo em sua maioria residenciais, o que comprova a tradição histórica do lugar que diz que os lotes foram parcelados para abrigar residências. Figura 49: Gabarito da Rua Armando Rosemberg
Fonte: ARQUIVO PESSOAL, 2015.
Na Rua Antônio Ataíde (figura 50), encontram-se uma maior diversificação de gabaritos, de 3 ou mais pavimentos, nesta rua observa-se muita diversificação de usos e funções.
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Figura 50: Gabarito da Rua Antônio Ataíde
Fonte: ARQUIVO PESSOAL, 2015.
Na Rua Professor Telmo de Souza (figura 51), observa-se uma maior homogeneidade quanto ao gabarito, com predominância de residências de 01 e 02 pavimentos. Figura 51: Gabarito da Rua Professor Telmo de Souza
Fonte: ARQUIVO PESSOAL, 2015.
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Já na Avenida Champagnat (figura 52), a predominância é de maiores gabaritos, sendo esta uma importante via da cidade, com alta valorização e consequentemente ofertas de serviços. Figura 52: Gabarito da Avenida Champagnat
Fonte: ARQUIVO PESSOAL, 2015.
Pode-se considerar, de maneira geral, é que as ruas mais valorizadas (Antônio Ataíde e Av. Champagnat) possuem gabarito mais elevado, proporcionando múltiplos e diferentes usos.
MAPA 07 - GABARITO
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4.8
ELEMENTOS DA PAISAGEM
No entorno próximo à Área de Estudo encontram-se elementos importantes na paisagem do local, tais como: a praça Duque de Caxias, com o Teatro Municipal de Vila Velha (figura 54) e a Biblioteca Pública Municipal de Vila Velha, popularmente conhecida como Titanic (figura 55); o Shopping Praia da Costa (figura 56), assim como alguns enquadramentos visuais importantes, como para o Convento da Penha, patrimônio histórico nacional tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN. Figura 54: Teatro Municipal de Vila Velha
Fonte: ARQUIVO PESSOAL, 2015.
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Figura 55: Biblioteca Municipal
Fonte: ARQUIVO PESSOAL, 2015.
Figura 56: Visual do Morro do Marista para o Shopping Praia da Costa
Fonte: ARQUIVO PESSOAL, 2015.
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Segundo Lynch (1997) os marcos e visuais são elementos pontuais nos quais o observador não entra. Podem ser de diversas escalas, e sua principal característica é a singularidade, algum aspecto que é único ou memorável no contexto. Na Área de Estudo em questão, temos alguns enquadramentos nos locais próximos, como na Praça Duque de Caxias (figura 57) e na Rua Professor Telmo de Souza (figura 58), que propiciam um cone visual importante para o Convento da Penha.
Observa-se no entorno, como mostra o Mapa 08 – Mapa de Visuais e Elementos da Paisagem (figura 62), importantes edificações para a cidade, tais como o Santuário Divino Espírito Santo, conhecido como Santuário de Vila Velha, fundado em 1967, o Shopping Praia da Costa, inaugurado em 2002, a Escola Estadual Vasco Coutinho, inaugurado em 1931, a Praça Duque de Caxias, e a Ponte Deputado Darcy Castello de Mendonça, mais conhecida como Terceira Ponte, concluída em 1989. Tais elementos na paisagem consolidam a presença e fruição dos moradores da cidade assim como agregam interesse em um possível público de turismo para o local. Figura 57: Visual da Praça Duque de Caxias para o Convento da Penha.
Fonte: ARQUIVO PESSOAL, 2015.
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Figura 58: Visual da Rua Professor Telmo de Souza para o Convento da Penha.
Fonte: ARQUIVO PESSOAL, 2015.
O que se percebe através das imagens do local, é que alguns enquadramentos visuais da cidade para o “Morro do Sítio Batalha” ou “Morro do Marista” estão perdidos (figura 59); muitos desconhecem tal área de preservação e muitas edificações encobrem a leitura e percepção do espaço pelo público em geral. Figura 59: Visual da Rua Armando Rosemberg o Morro do Marista
Fonte: ARQUIVO PESSOAL, 2015.
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Figura 60: Visual do novo viaduto da Terceira Ponte o Morro do Marista
Fonte: ARQUIVO PESSOAL, 2015.
Figura 61: Visual do Morro do Marista para a cidade
Fonte: ARQUIVO PESSOAL, 2015.
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Ainda segundo Lynch (1997), tais elementos, em uma área urbana, criam o conceito de imageabilidade: Qualidade de um objeto físico que lhe dá uma alta probabilidade de evocar uma imagem forte em qualquer observador. Refere-se à forma, cor ou arranjo que facilitam a formação de imagens mentais do ambiente fortemente identificadas, poderosamente estruturadas e altamente úteis. (LYNCH, 1997, p. 11).
Tais elementos podem ser explorados, tanto a fim de atrair novos públicos como elemento de requalificação e valorização do entorno.
MAPA 08 - VISUAIS E ELEMENTOS DA PAISAGEM
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4.9
CONCLUSÃO DO DIAGNÓSTICO
Conclui-se com este diagnóstico da Área de Estudo, que o “Morro do Sítio Batalha” ou “Morro do Marista”, se revela como um local favorável para a instalação de um Jardim Botânico, haja vista sua centralidade, sua localização que propicia diferentes acessos; além de estar inserido em um sítio adensado (como visto no Mapa 01 – Morfologia), organizado e com toda infraestrutura necessária a locomoção e saneamento básico.
Observou-se em visitas locais e através da representação nos mapas que o espaço possui um público predominantemente residencial (vide Mapa 02 – Uso do Solo), atraindo assim a presença de famílias, além de pessoas que trabalham no local, para um momento de lazer e descanso para na hora do almoço ou nos fins de semana. Com a elaboração do Mapa 03 – Potencialidades de Usos e Funções, pode-se observar que a presença de importantes escolas, bancos e supermercados qualificam o espaço. Já com Mapa 04 – Vias de Circulação, percebe-se as ruas e avenidas com maior fluxo de veículos e pessoas, o que leva à proposição de acessos variados para o Jardim Botânico, como na Rua Antônio Ataíde, onde hoje já existe um acesso, local esse de maior visibilidade e demanda de fluxo, além do acesso pelo espaço localizado abaixo da alça da Terceira Ponte, que poderá atrair, através da visibilidade, o público que por ali passa de carro e/ou ônibus, além de estar perto de um ponto nodal, encontrado em frente à Caixa Econômica Federal.
Outro ponto de acesso possível, será na Rua Professor Telmo de Souza, área de perfil mais residencial, de pouco movimento, o que facilita o acesso das pessoas dos bairros mais ao leste, diga-se Praia da Costa, além de ser um provável local com maior facilidade para estacionamentos. Com o Mapa 05 – Sistema Viário e Mapa 06 – Ciclovias e Ciclofaixas, observou-se que o local possui importantes vias que o circundam, vias estas de relevância, além de possuírem ciclovia o que facilita o acesso, como um todo. O Mapa 07 - Gabarito, mostra um perfil de gabarito mais alto ao norte e ao leste um perfil menos elevado, o que reproduz bem o desenvolvimento da cidade, com espaços mais mistos nas avenidas de maior importância. Já com o Mapa 08 – Elementos da Paisagem, percebe-se a presença de importantes elementos na paisagem do entorno, que trazem um dinamismo ao local, além de
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importantes visuais tanto para o Convento da Penha, como para o próprio Morro do Marista, e do mesmo para a cidade.
Outros fatores colaboram para esta percepção positiva, tal como o fato de inserir novamente no cotidiano dos moradores locais, uma presença de paisagem natural, dando uma nova ocupação a uma área atualmente esquecida pela população da cidade.
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5
MEMORIAL JUSTIFICATIVO
Os jardins botânicos, como visto anteriormente, contribuem para o desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida local e/ou regional, além de colaborar para o desenvolvimento do turismo e educação ambiental.
Com base nessa premissa, elaborou-se um estudo para implantação de um Jardim Botânico, que atenda as demandas locais, por espaços públicos de qualidade, no qual se torne um local de convívio social, divulgação da cultura e pesquisa ambiental, contribuindo assim para a sociedade em geral, aliando a sustentabilidade ao estudo e conservação da flora e ajudando na requalificação urbanística da área de intervenção.
O local escolhido, o antigo Morro do Sítio Batalha, mais conhecido como Morro do Marista, local atualmente, sem uso, que, no entanto apresenta enorme potencial, tanto devido sua centralidade, ocupando um importante lugar na cidade.
Com base no diagnóstico realizado, observou-se três potenciais acessos ao Jardim Botânico. Assim, propõe-se um acesso pela Rua Antônio Ataíde (figura 63), que visa atrair o público das escolas localizadas próximas, e dos bairros localizados a oeste, sendo possivelmente o acesso de maior visibilidade e importância.
Outro acesso proposto será pela Rua Professor Telmo de Souza (figura 64), uma rua de menor movimento, mais residencial e que trará uma facilidade maior para estacionamentos, e atrairá o público dos bairros a Leste. Uma opção de acesso também se dará pelo ponto localizado embaixo da “alça” da Terceira Ponte (figura 65), local atualmente ermo e sem uso definido, que atrairá o público que por ali transita de carro e ônibus.
Em todos os acessos propostos haverá um portal feito em aço corten que se assemelha a uma trama de raízes (figura 66), que é um aço que apresenta em média três vezes mais resistência à corrosão que o aço comum. Esse aço também será utilizado nos vasos decorativos posicionados nos lobbys de entrada e no detalhe arquitetônico da estufa (figura 67).
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Figura 63: Acesso pela Rua Ant么nio Ata铆de
Fonte: ARQUIVO PESSOAL, 2015.
Figura 64: Acesso pela Rua Professor Telmo de Souza
Fonte: ARQUIVO PESSOAL, 2015.
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Figura 65: Acesso por baixo da Alça da Terceira Ponte
Fonte: ARQUIVO PESSOAL, 2015.
Figura 66: Pórtico de entrada em Aço Corten
Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA, 2015.
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Figura 67: Detalhe em Aço Corten na Estufa
Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA, 2015.
Através das pesquisas, estudos de casos e leituras especializadas, propôs-se o projeto com diversificações de jardins (figura 68), em que seus desenhos se ajustam à topografia local, seguindo assim as curvas de níveis existentes, também foram propostos, setores para blocos administrativos, com centro de pesquisas, espaços para restaurantes, lanchonetes e banheiros, centro de eventos e um atrativo especifico, uma estufa no ponto mais alto do morro, visando abrigar diversas espécies de orquídeas. Além desses equipamentos, foram propostos um lago ornamental e um jardim de sensações, bem como, trilhas para os praticantes de exercícios. Por todo passeio, o local será contemplado com bebedouros, bancos e lixeiras.
Para orientar a formação de uma coleção, foi pensada a criação de jardins com diversas espécies paisagísticas da Mata Atlântica, visto que hoje só restam 12,5% de remanescentes florestais deste bioma, sendo esta uma das áreas mais ricas em biodiversidade e também decretada Reserva da Biosfera pela Unesco e Patrimônio Nacional, na Constituição Federal de 1988 (SOS MATA ATLÂNTICA, 2015).
A Área de Estudo foi dividida em treze jardins, que se subdividem nas seguintes coleções:
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1. IPÊS 2. ROSAS 3. JARDIM DAS SENSAÇÕES 4. LAGO ORNAMENTAL 5. FORRAÇÕES 6. FRUTÍFERAS 7. ORNAMENTAIS 8. GRAMA AMENDOIM 9. JARDIM DAS BORBOLETAS 10. JEQUITIBÁ 11. BROMÉLIAS 12. PALMEIRAS 13. JARDIM TROPICAL Figura 68: Paisagismo do Jardim Botânico
Fonte: ELABORAÇÃO PROFESSOR LUIZ MARCELLO, 2015.
Em todo o Jardim Botânico, se propôs uma composição harmônica e diversificada integrando as novas espécies as remanescentes no local; buscando-se assim a associação dos gêneros, preservando a história do local e não sua completa
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devastação. O plantio de cada espécie necessitará de um estudo mais detalhado, com atuação multidisciplinar de um botânico, especialista na área, que irá definir melhor a composição e integração das espécies propostas e das existentes.
Quanto à disposição dos jardins, considerou-se a luminosidade que cada espécie suporta, privilegiando assim, a Oeste, as famílias e espécies que suportam sol pleno e a Leste aquelas que necessitam de meia sombra.
Na concepção do projeto, visando caracterizar os arranjos jardinísticos, tentou-se ilustrar os jardins, com a escolha de três espécies de cada, visando assim compor a identidade do local. Em todos os jardins, foram pensadas espécies que suportassem as condições físicas e ambientais do local.
No Jardim 01, dos Ipês, optou-se por espécies como o Ipê de Jardim (Tecoma stans), o Ipê Roxo (Tabebuia impetiginosa) e o Ipê Branco (Tabebuia roseo-alba), todas de grande porte, com estrutura frondosa e grande floração.
No Jardim 02 encontram-se as Rosas, um jardim romântico e perfumado, com variações de porte, nele estão presentes o Marmelinho Oriental (Chaenomeles speciosa), a Dália (Dahlia pinnata) e o Buquê de Noiva (Spirea cantoniensis).
Para o Jardim 03, foi proposta a criação de um Jardim Sensorial (figura 69), que se propõe a aguçar os sentidos, através da textura das folhas, do cheiro das flores, do som dos pássaros, da interação com uma escultura. Esta proposta objetiva ainda a criação de um circuito, onde os visitantes passeiem por diversas espécies, tais como a Camomila (Matricaria recutita), Sálvia (Salvia officinalis) e Manjericão (Ocimum basilicum), caminhando sobre um deque em madeira e ao final do percurso, colocado sob outro piso encontre uma escultura no qual possa interagir, brincar. Esse jardim, não busca apenas oferecer sensações aos que possuem algum tipo de deficiência, mas sim de forma lúdica a todos, crianças, adultos e idosos. Desta forma, o Jardim Sensorial oferecerá os recursos para que ocorra uma aprendizagem significativa, pois o visitante poderá construir ideias baseando-se em suas experiências, criando uma relação entre o que ele sabia anteriormente e o que ele está aprendendo (BAPTISTA; EL-HANI, 2006).
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Figura 69: Jardim Sensorial
Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA, 2015.
No Jardim 04 haverá o lago ornamental (figura 70), já que existe uma tendência atual no paisagismo com o uso da água em jardins, seja em forma de fontes, chafarizes, lagos, espelhos-d’ água ou cascatas. Além da valorização local, este proporcionará melhor sensação térmica, atrairá pássaros, podendo ainda formar um local de descanso e meditação com o barulho da água. Para esse local optou-se por usar a Vitória Régia (Victoria amazonica), que é uma planta aquática gigante. Figura 70: Lago Ornamental
Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA, 2015.
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No Jardim 05 encontram-se as forrações, que também ajudam a compor os outros jardins. Buscou-se trabalhar com as espécies Perpétua (Gomphrena globosa), Vedélia
(Sphagneticola trilobata) e Capuchinha (Tropaeolum majus), que trarão
colorido ao jardim e possuem diversas funções paisagísticas.
No espaço reservado para o Jardim 06 estarão às árvores frutíferas, Pitanga (Eugenia uniflora), Seriguela (Spondias purpurea) e Araçá (Psidium cattleyanum); espécies que além de muito decorativas, são atrativas aos visitantes e os animais, por serem árvores que se adaptam a diferentes tipos de solo e resistem bem as diferenças climáticas, não devendo faltar em programas de recuperação de áreas degradadas da Mata Atlântica.
No Jardim 07 encontram-se as espécies ornamentais, como a Escova de Garrafa (Callistemon spp), Gabiroba (Campomanesia pubescens) e Lilás (Syringa vulgaris), tal floração será responsável por trazer ao local, um espaço de beleza singular e delicadeza.
No Jardim 08 estão dispostas, próximos aos espaços construídos, a grama amendoim (Arachis repens), em canteiros, que é uma opção de forração com textura diferente e com delicadas flores amarelas. Essa espécie também estará salteada em outros canteiros fazendo composição com as floríferas e árvores de maior porte.
Para o Jardim 09, foi pensado um espaço para atrair borboletas e beija-flores com espécies de plantas adequadas, como o Cambará (Lantana camara), a Helicônia – Papagaio (Heliconia psittacorum) e Jacobínia (Justicia carnea), que são decorativas e seu colorido se torna atrativo à fauna.
No Jardim 10, estarão dispostos, na periferia da área de estudo, os Jequitibás Rosa (Cariniana legalis) que é considerada a maior árvore nativa do Brasil, e o Rosa em especial é considerado o símbolo do Estado do Espírito Santo.
No Jardim 11, encontram-se as bromélias, como a Quesnelia (Aechmea distichantha), a Neoregelia (Neoregelia sp) e a Porto Seguro (Aechmea blanchetiana), que são espécies de fácil cultivo e resistentes.
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No Jardim 12 estarão as Palmeiras, tais como: o Jerivá (Syagrus romanzoffiana), o Buriti (Mauritia minor) e a Palmeira Azul (Bismarckia nobilis). Estas são palmeiras de grande beleza e imponentes devido ao seu porte.
Por fim, na Jardim 13. Encontram-se o Jardim Tropical com as espécies Estrelítzia (Strelitzia
reginae),
Agave-dragão
(Agave
attenuata) e
Samambaia-paulista
(Nephrolepis pectinata), que são plantas bem resistentes, e muito utilizada no paisagismo.
Para os mobiliários e equipamentos, o projeto propõe equipamentos modernos, atuais e sustentáveis, para tanto foram pesquisados diferentes fornecedores, com representação nacional, recaindo a escolha sobre o fabricante Benito.
Os bancos em madeira e alumínio (figura 71) possuem o selo de certificação florestal FSC e foram dispostos em diversos pontos dos caminhos. Os pés são undidos em alumínio de segunda fusão (material reciclado e reciclável) e a madeira tropical procedem de manejo controlado. Outro banco (figura 72) também foi utilizado para áreas de convívio, sob decks juntos de vasos (figura 73) em aço corten, aliando conforto e beleza, possuem pés e encosto
em aço galvanizado
tratado, acabamento epóxi e assento formado por três tábuas de madeira tropical tratada. Figura 71: Banco Leman
Fonte: BENITO, 2015.
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Figura 72: Banco Alea
Fonte: BENITO, 2015.
Figura 73: Vasos em Aço Corten
Fonte: BENITO, 2015.
As lixeiras (figura 74), subdivididas em cores, permitem a coleta seletiva, visando à reciclagem dos resíduos, e foram colocadas em diversos pontos do Jardim Botânico.
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Figura 74: Lixeira Fija
Fonte: BENITO, 2015.
Também estão presentes os bebedouros (figura 75) ao longo dos caminhos. Possuem uma estrutura de ferro e uma grelha que evita que a água se acumule à sua volta. Figura 75: Bebedouro Atlas
Fonte: BENITO, 2015.
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Para a iluminação de todo o Jardim Botânico, foi proposto a utilização de postes (figura 76) ecologicamente corretos, uma inovação proposta pela marca Philips que durante o dia, absorve toda energia solar e eólica, e à noite, seus LED’s espalham a luminosidade “acumulada”, evitando-se assim o uso de cabeamento, já que são capazes de produzir sua própria energia elétrica. Para demarcação geral dos jardins, foram utilizados balizadores (figura 77) em aço inoxidável e iluminação em led, com bateria recarregável através de foto sensor e o painel solar embutido capta a energia solar e transforma em elétrica. Figura 76: Postes
Fonte: PHILIPS, 2015.
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Figura 77: Balizadores
Fonte: PHILIPS, 2015.
A maioria dos caminhos propostos são acessíveis, pois consideram inclinações máximas de 8,33%. A pavimentação pensada pelo projeto será de piso intertravado, cor camurça, material bastante usual, de fácil manutenção, além de não ser totalmente impermeável. Estes trajetos permitirão que todos os visitantes percorram todos os espaços e tenham acesso aos diferentes jardins e equipamentos cujas edificações deverão ser plenamente acessíveis. Além deste material, foram especificados decks em madeira cumaru, que possui alta resistência e durabilidade, para demarcar as edificações que prestam algum tipo de serviço.
No topo do Morro do Marista, será necessário um pequeno desmonte de terra, para nivelar e propiciar a instalação da estufa. Em todo o Jardim Botânico será necessário a execução de escavações, aterros e reaterros para a criação dos
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canteiros e jardins. Algumas rochas já existentes no local serão preservadas, a fim de manter características do espaço junto com algumas trilhas que foram propostas, permitindo aos praticantes de atividades físicas, transitar por diferentes acessos.
A estufa será elemento principal do Jardim Botânico Dimerandra, visto que o Estado do Espírito Santo, possui a maior concentração de espécies de orquídeas do Brasil (CBN, 2006). Com base nessa classe, surge o nome do Jardim Botânico Dimerandra, espécie de beleza singular encontrada no Estado (figura 78). Figura 78: Espécie de orquídea Dimerandra
Fonte: ORQUIDÁRIO VIRTUAL, 2014.
O partido para esta construção parte dos estudos de casos elaborados. Surge uma estufa (figura 79), em estrutura metálica na cor branca, em balanço, envidraçada, com cortina e espelho d’água em uma face e um detalhe, em aço corten, na outra face fazendo a composição. Dentro da estufa estarão expostas, de diferentes maneiras, diversas espécies de orquídeas, e uma fonte de água, coordenada com um mobiliário para que os visitantes possam relaxar e apreciar a beleza das
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orquídeas. A disposição da estufa foi pensada para que os usuários possam sentar em baixo da parte em balaço e apreciar a paisagem que o local proporciona, tanto das visuais construídas como das existentes, visto que a estufa se encontra no ponto mais alto do Jardim Botânico. Figura 79: Espécie de orquídea Dimerandra
Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA, 2015.
O piso do deck da estufa, remete ao formato de uma orquídea, com inspiração direta no primitivo orquidário (figura 80) do Museu de Biologia Professor Mello Leitão (MBLM)10 e homenagem a primeira obra de Augusto Ruschi dedicada ao Museu; o único do estado cadastrado pela Rede Brasileira de Jardins Botânicos (figura 81). O MBLM também serviu com orientação na escolha do tema central deste Jardim Botânico, no caso as orquídeas, no qual Ruschi foi capaz de identificar 45 novas espécies (ALMANAQUE FOLHA, 2015).
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O Museu está localizado na cidade de Santa Teresa - ES, e tem 77.000 m². O principal tema das pesquisas apoiadas pelo Museu, é a biodiversidade (variedade de seres vivos) da Mata Atlântica no estado do Espírito Santo. Na área de botânica, são realizados estudos visando inventariar a flora da região, associados a pesquisas mais específicas, sobre espécies de palmeiras, orquídeas e bromélias. Disponível em: http://www.museudebiologiamelloleitao.gov.br/. Acesso em: 05 jun. 2015.
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Figura 80: Orquidário do Museu de Biologia Professor Mello Leitão
Fonte: MUSEU DE BIOLOGIA PROFESSOR MELLO LEITÃO, 2015.
Figura 81: Museu de Biologia Professor Mello Leitão
Fonte: MUSEU DE BIOLOGIA PROFESSOR MELLO LEITÃO, 2015.
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Estas são as propostas centrais desenvolvidas como um master plan pelo presente Projeto, caberá ainda que o município, em parceria com outros órgãos e iniciativa privada, venha desenvolver e implantar este equipamento com as contribuições de outras áreas do conhecimento, notadamente a biologia, através da botânica, com seus profissionais especializados no manejo e comportamento das espécies vegetais.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A motivação para esse estudo, surge do questionamento sobre a falta de espaços públicos para o lazer e entretenimento na cidade. Para além da orla, quando encontrados, geralmente são praças ou parques públicos em mau estado de conservação. Através da pesquisa, observou-se que apesar de pouco divulgado, encontram-se cerca de cinquenta jardins botânicos no país, número considerado pequeno se levado em consideração as reservas naturais que o Brasil possui. Observa-se ainda que os Jardins Botânicos estão presentes nas principais capitais; diante dessa informação, percebe-se a necessidade da proposição de um equipamento como esse para a cidade de Vila Velha, cidade essa em franca expansão na Grande Vitória, conforme demonstrado. Através deste estudo, foi possível perceber que a cidade não trata seus espaços públicos, de interesse coletivo, como deveriam, visto o caso escolhido do Morro do Marista, importante ponto na cidade, hoje está totalmente esquecido pela população, por muitos nem conhecido. Considerando os argumentos e fatos apresentado, a principal contribuição desse trabalho visa atender a criação de espaços públicos de qualidade para a população, aliado ao caráter da preservação ambiental, tema muito importante e discutido na atualidade. O Jardim Botânico, enquanto instituição, é um dos patrimônios ambientais, que possui grande importância como centro de informação da flora e estudos de botânica. É um museu vivo a céu aberto, no qual seu conjunto arquitetônico, de construções espalhadas pela área do jardim, pode fazer deste um atrativo mais interessante aos olhos de estudantes e apreciadores de cultura e história, além dos próprios frequentadores e visitantes da área. Nessa configuração, percebe-se claramente a importância do papel que o Arquiteto Urbanista pode desempenhar para cidade, cumprindo uma função social, ambiental e cultural.
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Portanto, conclui-se que o objetivo do projeto foi alcançado visto que foi apresentado uma solução de projeto, em forma de master plan, no qual demostra não só os benefícios da criação de um Jardim Botânico, como elemento dinamizador de cultura, pesquisa e turismo, mas também como elemento arquitetônico para a cidade, demostrando assim, os resultados de um trabalho conjunto com arquitetos, urbanistas, paisagistas e afins. Fica aqui, uma pequena opção de desenho apresentado, como forma de atender as necessidades locais, que poderão ser estudas e aprofundadas com o passar do tempo.
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APÊNDICES
Prancha 1: Implantação Geral Prancha 2: Paginação de Piso Prancha 3: Mobiliário e Equipamentos Prancha 4: Paisagismo Prancha 5: Espécies Paisagísticas Prancha 6: Espécies Paisagísticas Prancha 7: Cortes Prancha 8: Estufa Prancha 9: Ampliações – Jardim Sensorial Prancha 10: Perspectivas