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ou
mais
Sentidos
Sentidos 5
ou
mais
Sabes tu o que é cegueira? Não vemos com os olhos!
Uma janela mesmo em frente
Talvez… com a força do pensamento,
Empurrada firmemente contra os teus olhos
Com toda aquela intensidade,
Com tantas cores aos molhos
Com que sopra no norte, este vento.
A divagar lentamente Nesse carrossel alucinado
Não sabemos se são cores…
Que é a tua mente
E quem tem daltonismo? Será o mesmo aquele ramo de flores?
O que é o azul? Alguém define o brilho?
Aquele, que se apanha no caminho…
E aquele caminho ali? Alguém descobre este trilho?
O vazio do céu e o imenso do ar Mesmo que não lhe possas tocar
E a luz que não se vê
O que está em cima,
Em lado nenhum do caminho
Ou mesmo aqui à beira,
Mas que tem cor para quem lê
Que consegues mesmo ver
E sabe ver
Acompanhado ou sozinho
E quando tem fim
Abres e as ausência de estrelas
Cor brilho intensidade
Fechas e o universo está lá
Percepção mordaz da realidade
Escondido
Ou cegueira tremenda da verdade
E timidamente diz olá
Tão pouco concreta E muito, muito discreta
Com luz ténue e misteriosa
Talvez ausente
A essa nossa vertente curiosa
E sempre sempre presente
Que está à espreita e logo abre
Nos olhos que não escutam
Os olhos para logo os fechar
Na boca que não vê
E sonhar
Mas em todo o lado Para quem lê
É escuro e é breu
Com os olhos ou os dedos
E visto por alguém que sou eu
O que importa é ver
Neste mundo dos olhos pra mim
E essa é a melhor forma
Que decide quando começa
Para se conseguir
Conhecer Definido pela ciência Com odes de mil e um poetas Com escritos de todos os profetas E afinal? O quê? Quem vê? Sabe o que significa cor Tal como se define o que é amor? São tudo conceitos Concretos ou abstratos Tão belos às vezes e tão chatos Que são apenas factos Tão pouco exactos Prefiro o mistério com a razão Que nos dizem que os olhos da alma São o teu, o meu, o nosso coração…
Mesmos nos momentos em que é ausente. Escutar ou ouvir
Agudo ou grave
Ouvir ou escutar
Intenso ou quem sabe suave
Quem está para ali a falar
Murmúrio
De tudo ou nada
Ou talvez um lamúrio?
E diz tamanha trapalhada Ouvindo os sons do mundo
Ai! Como se pode entender?!
Mas escutando muito pouco os do silêncio
Ouvindo o que se pode pode ler E sentir e escutar
Quem os escuta sabe
E quem sabe gritar sem falar
Como os guardar na memória E construir a algo sonora
com o vibrar das ondas do momento
Que não é mais do que a nossa história
que ondulam e oscilam no pensamento
Escutada e sentida no vibrar
que é talvez piano
Que se escuta mentalmente
mas também muito forte
E está presente
ás vezes sonoro e com vida
outras vezes negro a lembrar a morte…
e é o teu estribo a funcionar
segreda-se ao ouvido
Ei!
gritando-se lá de longe
Sim, sou eu, eu sei..
ouvindo-se algum estalido
Ai! Ou será aí?
até escutando o canto de algum monge
Sou mesmo eu quem ri…
ou será todo aquele coro?
Ena! E então
Vem, que eu não demoro
Escuta o silêncio desta emoção
A mostrar-te como a audição
Basta!
Te enche o peito de lume
Dir-me-ás
de anseio ou de queixume
E dir-te-ei eu: Não vás!!!
e de ternura e de saudade
Ufa! E consegui. Com estes sons
como dormes ou acordas
Ficar perto de ti…
com os sons
E sussurrar ao ouvido
com os maus e com os bons
O que sabe bem ouvir,
e ouves a vida a vibrar
…………………………………………..
Mesmo que se saiba que é sentido! Tenta não ouvir E não consegues Porque mesmo de ouvidos tapados Há sons em ti Mesmo que leves
Ficas no silêncio E é um som que ouves Vindo de qualquer lado Que não sabes de onde vem Para onde vai E o que vem fazer
E sabes que os teus ouvidos Te mostram o mundo
Aquele mais profundo…
Hummmmm! Lá vai mais um pitéu… Hummmm!
Paladar
Azedo, doce ou picante
Já imaginei o que será sentir insípido
Amorfo ou estimulante
O nem saborear de todo
Fresco e leve
E sinto terror
Pesado e saboroso
Porque comparo o gosto ao amor
Hummmm!
Ao intenso sentir e vibrar
Lambendo os lábios
E podes sentir tudo isso
E sentindo na boca
No paladar
E sentindo que sou sábia
Se gostas ou nem por isso
Dos prazeres talvez louca.
Como uma rodela de chouriço
Hummmm!
Se gosto muito ou detesto
É um prazer saborear
Como um vinho branco bem fresco
Fechar os olhos e sentir e imaginar
E não consegues parar de pensar
Com sabores que são cores e sons
Na falta que sentirias
E lembram o mar e o céu
Desse sentido tão denso
O paladar
Porque te sentes saborerar…
Podes sentir o gosto dos beijos
Se não tivesses o gosto?!
Podes sentir o salgado da pele
…………………………………………….
Ou quem sabe
Imagina fazer vinho
Daquelas tostas saborosas com mel
Teres as uvas sem o mosto
E trincar os lábios gulosos
Moer farinha
A lembrar morangos saborosos
E não fazer pão
E teres na memória o sabor
Engolires em seco
Do que é o amor
Sem saberes os gostos que lá estão. Imagina não gostar
Podes lembrar o gosto
Não saborear
Que te deixa a salivar
Não apreciar
De querer mais e viciar
O gosto almiscarado do caril
E ter o sabor a flutuar
Um bom peixe grelhado
E queres mais e
Aquele aroma a baunilha, subtil…
Simplesmente não consegues parar
Não conseguires distinguir
Era como viver, sem sorrir… Ora vem doce E porque não salgado O gosto seco e também molhado Aquele que está na tua língua Que passa pelos teus lábios E te faz pensar Que sábios Os alquimistas do sabor Que te aguçam o paladar E te fazem vibrar e pecar Pela gula E pela inveja também Quando vês saborear alguém E também queres E ali não pode ser
E aquele pedaço, não podes morder….
E o tacto não nos deixa sós Não posso fugir à sensação
Uma mão na areia e sabes que é areia
De querer tocar na tua mão
E sabes definir a textura
Gostar do tacto
Tirar do pé a confortável meia
De apenas tocar no teu fato
E ficar com a sensação mais pura
De tecido macio
De sentir pelo toque
Como a tua pele
O que vive e existe lá fora Identificas
Sentir o calor que emana em ti
E podes saber também se está lívida
E te faz brilhar de suor
Ou em então se cora
Que pega, sujo, meloso
Apenas sentindo o calor
E que sei de cor
Que indica, amor, rubor, dor
De sentir na minha pele
Porque é um sentido Este tremendo tacto
O arrepio que percorre veloz
E com os olhos torna talvez exacto
E de sentir sabemos que somos nós.
O turbilhão das sensações
Que nos desperta tamanhas emoções
Um são todos e todos nenhum
Consegues sentir a brisa nos teus braços
Redondo quadrado rectangular
Os pelos a levantar pelo leve ondular
Ou outra forma angular
Do ar que desloca no caminho
Consegues desenhar apenas no ar
Sem ir a lado nenhum
Sentido a fluidez do tacto Sentido o ar compacto
Consegues sentir o arrepio Que tanto materializa frio e calor
Que estupidez pra aqui digo
Consegues tocar na alma
Quanto o tacto é tocar-te
Só de tocares com amor
E sentir-te quando estou contigo
Um abraço e um beijo são tacto
Um encostar, um tocar de leve
Contudo este sentido
Uma sensação de pluma
Nada tem de exacto e comum
Que me faz sentir uma
Não há um sentir igual
E chamo-te: Vem, pra junto de mim
Não há um
Quero sentir o toque da tua pele
Simplesmente porque sim
Exala um único de distinto odor… Sente a mãe o seu filho
Penso aqui e agora, de facto
Pelo único e inconfundível odor
Qual o impacto
Que materializa o amor
Deste sentido do olfacto?
Entre o ser humano que gera o outro
E se eu não tivesse cheiro
E dá â luz
E não de destacassem do mundo inteiro Entraria na sala e não haveria perfume
Sente-se o cheiro que entranha
E ninguém lembrar-se-ia
E é único
Não existiria lume
Evocando uma sensação tamanha
Nem queixume
Sem ser possível descrever concretamente
E quem presume
Sem que os aromas se apoderem
Que este sentido do olfacto
Desta vasta mescla de odores
Nos identifica a cada um
Que temos sempre presente
Porque o aroma e o cheiro que temos Não existe em perfume nenhum
E um gesto de amor
E neste caso é mesmo um facto
É deveras importante, ele, o olfacto.
E completam no fim, este tema.
Alecrim salsa e rosmaninho
Estou para aqui a pensar
São elas as ervas de cheiro
No que será o cheiro em concreto
Que nos enchem o peito
O odor? O olfacto
E nos perfumam o dia inteiro
O que é em concreto O que tem afinal de tão secreto?
Salva manjericão E sente-se o doce
O que cheira bem a mim
Que nos sobe da mão e nos inunda
A ti pode cheirar mal
Através do nariz
E o que o define afinal
Trespassando até
Conexões nervosas complexas
A sensação mais nauseabunda
Ou apenas atitudes reflexas
E porque não coentros e alfazema
E porque não apenas o olfacto
Só porque afinal
Que por si só
Ficam bem no poema
É uma marca profunda destes sentidos
E os cheiros, são cheiros, sempre tão indefinidos… Os cheiros de que eu mais gosto Aquele a erva molhada Acabada de cortar Ou cheiro a roupa lavada E o cheiro a pêssegos no pomar
E de batido de morango Acabado de fazer Aquele cheiro secreto Quando se arrancam as pétalas Ao malmequer
O cheiro daquele perfume Apenas na tua face O cheiro do azeite e do vinagre
A regar a salada de alface…