Pós-Graduação em Jornalismo Literário Especialização – Lato Sensu ABJL / FAVI
PAULA CABRAL GOMES
ϟ A magia de Hogwarts ϟ Saga Harry Potter chega ao fim, mas Escola de Magia e Bruxaria sempre estará aberta para receber os fãs Trabalho de Conclusão de Curso
São Paulo Abril 2012
Pós-Graduação em Jornalismo Literário Especialização – Lato Sensu ABJL / FAVI
PAULA CABRAL GOMES
ϟ A magia de Hogwarts ϟ Saga Harry Potter chega ao fim, mas Escola de Magia e Bruxaria sempre estará aberta para receber os fãs Trabalho de Conclusão de Curso
Trabalho
de
Conclusão
de
Curso
apresentado como exigência parcial para obtenção do título de Especialista em Jornalismo Literário pela Faculdade Vicentina de Curitiba, em convênio com a ABJL, sob orientação do Prof. Dr. Celso Falaschi.
São Paulo Abril 2012
ϟ A magia de Hogwarts ϟ Saga Harry Potter chega ao fim, mas Escola de Magia e Bruxaria sempre estará aberta para receber os fãs Paula Cabral
ϟ O fim ϟ 22h 10. 14 de julho de 2011. Shopping Eldorado. São Paulo, capital. — E o que eu faço com esse sentimento de luto, hein?! Com os olhos vermelhos e o semblante sério, Verônica Gallo Petrelli, 22 anos, voltou a ser criança, mesmo com 1,77 metros de altura. Com seu cachecol vermelho e amarelo da Grifinória em seu pescoço e sua fênix Fawkes em seus braços, a menina mal piscou para não perder um detalhe sequer das cenas projetadas. Além de Verônica, mais de duas mil pessoas permaneceram em silêncio absoluto por mais de duas horas seguidas. O único ruído a quebrar a escuridão eram soluços de um choro que fugia, ora sorrateiro, ora compulsivo. As lágrimas caíam sem aviso prévio. Nenhum movimento. Nenhuma palavra. Após os créditos subirem – eles nunca foram tão rápidos –, toda e qualquer imagem sumir da tela e as luzes se acenderem lentamente – parecendo respeitar o ritmo de toda a sala –, os mais de 250 corpos colados às poltronas da sala 5 começaram a se movimentar. Em passos lentos e pesados, Verônica e seus amigos saíram do cinema, mas o momento clamava por mais alguns minutos de tranquilidade e inércia total. Uma semana se passou e a sensação de que nossa essência havia sido dizimada tornou-se mais intensa. Acabou! E agora, o que faremos? Pelo que aguardar? Quais figurinhas colecionar? Fazer previsões sobre o quê?
Ah, se tivéssemos um vira-tempo! Só assim poderíamos reviver os momentos inesquecíveis. No entanto, a única coisa que podemos fazer agora é guardar em uma câmara secreta cada lembrança mágica e usar a penseira para, sempre que necessário, deixar a alma e o coração se encherem de feitiços de alegria e saudade. Os mistérios da floresta proibida e cheia de segredos foram desvendados. Todos os feitiços foram ensinados. As poções estão preparadas. O torneiro de quadribol chegou ao fim. A sala precisa desapareceu. Nos corredores da escola, apenas fantasmas. No salão principal, o céu nublado permite a passagem de poucos raios de luz. A plataforma 9 ¾ da estação de trem está vazia. “Tudo estava bem.” (Última frase do sétimo e último livro da saga Harry Potter.) Agora a saga não possui apenas um órfão. Verônica, seus amigos, eu e cada fã de Harry Potter e admirador de J. K. Rowling não contamos mais com mãos mágicas para nos guiar pelas dificuldades da vida. Já passamos por todos os desafios apresentados e aprendemos o que é maldade, coragem, valentia, integridade, respeito, amor e, mais do que tudo, o verdadeiro valor da legítima amizade.
ϟ A origem ϟ 1965. Dia 31 de julho. Yate, Inglaterra. Na cidadezinha do interior, nascia a pequena Joanne, filha de ingleses simples que foram buscar no campo uma vida tranquila, bem diferente da encontrada nas grandes cidades, para oferecer às suas filhas. Entretanto, anos após terem chegado à Yate, Anne e Pete, vendo que a simples cidade escolhida não estava mais tão pequena e calma quanto antes, mudaram-se para Winterbourne. Anne passou seu amor por literatura para suas duas filhas, Joanne, a primogênita, e Dianne. A caçula da família foi a primeira a ouvir as histórias
escritas pela a irmã e, assim, Dianne se divertia e incentivava a criatividade de Joanne. Já com os vizinhos Ian e Vikki Potter, brincavam de bruxas e mago, usando vassouras e as roupas do baú de Anne. Cada momento da infância e da juventude de Joanne a inspiraram na hora de escrever a história que a transformaria em uma das pessoas mais amadas e ricas do mundo. Não só as experiências vividas na juventude como também as da fase adulta deram a Joanne bagagem suficiente para criar suas histórias. O início de seus estudos acadêmicos em Letras, com especialização em francês, ocorreu na Universidade de Exeter, com 18 anos, quando a adolescente nerd deu lugar à jovem adulta com vida social. Em 1987, Joanne se formou. Depois disso, a vida da escritora ficou sem rumo certo, e, mesmo com diploma, não se sentia realizada. Tentando encontrar um destino, fez curso de secretariado para pessoas que falam dois idiomas, mas este também não era o caminho certo. Ainda não... O passo seguinte foi mudar de cidade. Novo destino: Clapham. Meta: dividir apartamento com amigas e encontrar um rumo agradável para a sua vida. Com um trabalho temporário aqui e outro acolá, conseguia pagar suas contas. A próxima parada foi Londres, onde trabalhou por um tempo na Anistia Internacional. No começo, Joanne estava animada com a possibilidade de ajudar a combater abusos contra os Direitos Humanos em países pobres, porém não foi isso que aconteceu e a jovem precisava de mais, muito mais. Nos horários de almoço, ao invés de sair com seus colegas, buscava um lugar tranquilo para dar continuidade à escrita de um romance para adultos. Em um dia aparentemente calmo, após passar o final de semana em Manchester buscando apartamento, Joanne voltava de trem para Londres. Em meio a olhares perdidos em uma paisagem bucólica, de repente, um menino sendo transportado para uma escola de magos surgia da imaginação da sonhadora escritora.
Sem papel nem caneta, caso raro na vida de quem vive de palavras escritas, a jovem fechou os olhos e pensou no máximo de detalhes possível. Chegando em casa, papéis baratos registraram as primeiras ideias de um mundo mágico. Assim surgia o embrião de Harry Potter, em junho de 1990. Sete anos depois, Joanne, já conhecida como J. K. Rowling, recebia todos os cumprimentos pelo lançamento de seu primeiro livro, Harry Potter e a Pedra Filosofal. Quando começou a criar o instigante mundo de Harry Potter, não imaginava que se tornaria uma das autoras mais admiradas da Inglaterra e de muitos outros países e que, querendo ou não, daria origem a uma legião de magos e bruxas por todos os cantos do mundo. Inclusive daqueles que nasceram em uma cultura completamente diferente da inglesa e que não viram esse “detalhe” como obstáculo para se encantar profundamente por Hogwarts e toda a magia que a rodeia. Joanne Kathleen Rowling plantou um desejo em milhares de pessoas: receber a cartinha de admissão de Hogwarts e tomar o trem direto para a incrível Escola de Magia e Bruxaria na plataforma 9 ¾, na estação King’s Cross, em Londres, junto de seus colegas bruxos. Sete livros depois e mais de 450 milhões de exemplares vendidos pelo mundo, todos transformados em blockbusters do cinema – oito filmes, o sétimo livro foi dividido em duas partes –, o fim da saga não foi triste apenas para os impacientes fãs, mas também, principalmente, para a criadora de Harry, seus amigos e inimigos. Além de chorar muito ao escrever os últimos momentos dos personagens que a acompanharam desde 1990, a escritora não segurou a emoção ao se despedir dos profissionais e dos fãs da saga que a consagraram. No dia 7 de julho de 2011, a grande première de Londres marcou o fim de uma era, o fim de uma espera de anos, com o lançamento do filme Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 2, baseado no último livro da saga. Joanne só podia terminar tudo de uma forma:
— Nenhuma história vive a menos que alguém queira ouvi-la. Obrigada a todos vocês... Obrigada por fazerem filas para comprar os livros no decorrer de todos esses anos. Obrigada por acamparem em uma molhada Trafalgar Square. E quer saber... – todos os fãs começam a gritar: Obrigado, obrigado! – Não, não... Eu já estou chorando. Eu sei que há pessoas em todo o mundo agora, esperando nos cinemas que o filme comece. Mas o Dan [Daniel Radcliffe, intérprete de Harry Potter nos cinemas] já disse: “As histórias que mais amamos vivem dentro de nós para sempre”. Então, sempre que você ler um livro ou assistir a um filme, Hogwarts sempre estará lá para recebê-lo! Ser fã de Harry Potter virou sinônimo de fazer amigos para a vida toda, tornar-se um leitor voraz e gastar bastante dinheiro em livros, revistas, DVDs, capas, varinhas, chaveiros, cachecóis, álbuns de figurinhas etc. Sou prova viva desse fato e conheço vários outros admiradores da história do bruxinho, coincidentemente, amigos meus. Lemos até rótulo de xampu por gostarmos tanto de leitura e, às vezes, andamos pela cidade com capas de veludo bordô e varinhas empunhadas. Hoje a autora continua seu trabalho como escritora, preparando um novo romance para adultos, lançando e-books e um site com conteúdos exclusivos sobre Harry Potter e, inevitavelmente, vivendo à sombra de sua grande criação.
ϟ O princípio do fim ϟ 7 de julho de 2011. Trafalgar Square e Leicester Square. Londres, Inglaterra. Milhares de pessoas juntas pela mesma razão, pela mesma paixão. Noites de acampamento, enfrentando chuva, para garantir um bom lugar no ritual de passagem, na marca do fim de uma era. O céu cinza não foi suficiente para ofuscar luzes, telões, banners, tapete vermelho, cobertura especial da imprensa local e de outros países, muitas celebridades e fãs oriundos de diversos lugares do mundo, inclusive do Brasil. Não era nenhum show de banda de rock internacionalmente famosa, era
a celebração de um fim. Fim, o único que poderia fazer nascer a esperança de ver novos projetos mágicos, a maior e talvez exclusiva solução para suprir a falta que as aventuras de um pequeno bruxinho faz na vida daqueles que o acompanham em seus desafios e suas aventuras há mais de dez anos. Não importa a idade do fã, a admiração pela história criada por uma britânica – até 1997, comum – é enorme. Diferentes gerações se unem no mesmo local e todos viram alunos da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, vestidas com capas pretas com amarelo, vermelho, azul ou verde, cada cor representando uma casa da instituição de ensino – Lufa-Lufa, Grifinória, Corvinal e Sonserina – inventada pela criadora da história. — Todos já estavam exaustos. De repente, começaram a colocar o tapete vermelho no lugar, chegaram mais policiais e começou a tocar a trilha do filme no fundo, bem alto. Foi uma histeria geral, todos chorando e sorrindo ao mesmo tempo. Desde os 10 anos de idade, Lara Mendonça, hoje com 20 anos, tinha um sonho: ver uma première de um dos filmes de Harry Potter. Em julho de 2011, seria sua última chance. Uma notícia na televisão sobre o último filme de sua saga favorita foi mais que suficiente para fazê-la disparar a chorar sem parar. — Minha mãe ficou muito triste, porque ela sempre disse que eu iria a uma première e acabou nunca acontecendo. Então, falei para ela que eu trabalhava e que daria um jeito de realizar meu sonho, meu delírio de infância. Passagem e hospedagem: R$ 4.000. Gastos em Londres: R$ 3.500. Como Lara conseguiu esse dinheiro em menos de três meses? Juntando economias, salário de alguns meses e pegando uma parte emprestada com a avó. Seu coração batia forte e as mãos tremiam. Estava preocupada com a dívida? Nem um pouco. Era ansiedade, era ter em mãos a passagem do voo direto para o paraíso. Mesmo gastando quase R$ 8.000, Lara fez uma viagem que não tem preço, que sem dúvida valeu a pena cada centavo, cada esforço e suor. De
qualquer forma, tudo foi quitado pouco tempo depois de ter retornado ao Brasil, mas a dívida com o coração se manteve grande. Lara nunca mais choraria por não ter ido a uma première. A última première. A Trafalgar Square recebeu aqueles envolvidos, de todas as formas, no processo de transformação de palavras em imagens. Escritora, produtores, diretores e, principalmente, atores, os que deram vida aos personagens complexos de Harry Potter, o centro de toda a saga mágica criada por J. K. Rowling. A première de Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2 foi o marco do fim de uma era, o ponto final de uma espera, até então constante, por livros e filmes com mais detalhes sobre Harry, seus amigos e inimigos. A superprodução do evento, além de ter permitido exibir o evento em displays instalados nas principais estações de metrô de Londres, permitiu o envio de mensagens em tempo real para as telas. Foi a primeira transmissão ao vivo em painéis digitais do Reino Unido, com a interação dos fãs. Além de Lara, outros brasileiros estavam em Londres, tanto fisicamente quanto por meio do mundo virtual (nada como acompanhar o que ocorre em Londres diretamente do computador do trabalho no Brasil). Muitos não se conheciam, porém, no dia 7 de julho de 2011, compartilhavam sentimentos semelhantes e vibravam com o privilégio de participar de um grande momento para os milhares de fãs de todo o mundo: a chegada do fim da saga que tanto amam. — Eu estava bem ao lado da porta de entrada do cinema e tinha um trecho bem grande de rua entre a entrada do cinema e a saída da Leicester Square. Quem estava lá na frente, perto da Square, podia ver quem chegava antes... E os gritos vinham primeiro daquele lado. Aplaudiam para qualquer um que passasse no tapete vermelho, fosse ator, convidado ou bombeiro. Quando criança, Cláudia Oliveira, de 23 anos, viu algumas pessoas vestidas de bruxo e com caldeirões na frente da porta de uma livraria e ficou com um misto de curiosidade e medo. Essa confusão de sensações virou
fanatismo e depois voltou a ser uma confusão novamente e, por isso, a jovem escritora foi parar em Londres em julho de 2011. — Foi tudo bem calculadinho. Minha família já estava planejando uma viagem para a Europa há vários meses. Fizemos tudo para estar em Londres bem no dia do lançamento. Isso acabou complicando algumas coisas no roteiro da viagem e ficamos menos tempo do que o previsto em outro país, mas nem preciso dizer que valeu cada segundo, né?! A fanática que leu 24 vezes Harry Potter e o Cálice de Fogo, quarto livro da saga, e viu Harry Potter e a Pedra Filosofal, primeiro filme (e livro), todos os dias por mais de três meses, a ponto de saber 99% do filme de cor, não viu o último filme com seus amigos, seguindo a tradição de fazer cosplay (usar as roupas de algum personagem) e ir a um cinema cheio de fãs. Cláudia ficou em Londres após o evento e, dia 15 de julho, levou a família inteira para frente das telonas. — Depois do último livro e da première, acho que o pior já tinha acontecido: eu já tinha passado por muitas despedidas para ficar realmente arrasada. Acho que eu soube deixar o Harry ir! Estando na Inglaterra, a terra natal do bruxinho, ou no Brasil, a um oceano de distância da ilha, todo e cada fã teve sensações mistas, fortes e parecidas. — Acho que estava esperando o que está rolando agora: muito carinho da parte dos fãs, muita saudade e muita felicidade pelos anos incríveis do auge da “pottermania”. Quem viveu a “pottermania” durante a adolescência, como eu, vai ter lembranças queridas para sempre, porque foi realmente fenomenal e divertidíssimo. Foi mesmo o marco de uma geração, foi mundial. Somos tão órfãos quanto o Harry e, como ele, aprendemos a aceitar o fim de certos ciclos. Aquela criança que tinha medo de bruxos e caldeirões se encantou com a história de Harry Potter e com o trabalho de J. K. Rowling. O encantamento foi tão grande que a paulistana Cláudia voltou para a Inglaterra para fazer pós-graduação em Literatura de Ficção Científica e Fantasia. Liverpool é sua
atual fonte de inspiração e, quem sabe, não aparecerão novos magos em breve?
ϟ Baile do adeus ϟ 19 de junho de 2011. Saúde. São Paulo, capital. A preparação para o baile começou bem antes do grande dia. Ingresso comprado, cabeleireiro marcado, sapatos separados e roupa reservada. Vestido de festa longo com vários tons de rosa – na parte de cima mais claro, escurecendo para baixo. Cabelos louros presos em um penteado elegante. Maquiagem discreta. Assim que entrou no salão, a jovem de 17 anos foi reconhecida. Era Hermione Granger, a melhor amiga de Harry Potter. Com movimentos rápidos, quase atrapalhados, a garota conversava alegremente e balançava as mãos a cada palavra dita. A todo o instante era interrompida por um dos fãs admirados. — Posso tirar uma foto com você? — Claro que pode! – respondia a jovem empolgada. — Você está linda! Hermione, neste dia representada por Gabriela Iared Stampachio, não conseguia esconder a euforia de estar em um evento cheio de pessoas com sentimentos parecidos com os dela, as únicas que podiam compreender como é possível estar contente e inconsolável ao mesmo momento. Em meio a tantos sorrisos, o rosto delicado de Gabriela ganhou traços discretos de desespero e um brilho a mais nos olhos quando a verdadeira razão por existirem tantos fãs de Harry Potter reunidos no mesmo lugar veio em sua mente. — Eu estou triste. Dá um aperto no peito, porque não é uma história qualquer, é algo que acompanhou a minha infância e adolescência inteiras. No entanto, ao mesmo tempo, dá um alívio. Finalmente saberemos o que acontecerá,
quem será feliz, quem não será. Mas... – diz de forma pensativa – estou feliz e triste ao mesmo tempo. Agora não haverá mais espera. A mãe de Gabriela, que leu os cinco primeiros livros para a pequena filha, já plantou a semente da leitura, a paixão por histórias fantásticas e os valores importantes da vida, muitos sufocados pelos tempos modernos. — Harry Potter trouxe um monte de valores que estavam perdidos e a J. K. conseguiu agregar todas essas coisas boas, como amizade, bondade e lealdade, nos livros. Isso que podemos passar para frente! Assim acredita Ninfadora Tonks, também presente para celebrar a paixão pelo mundo mágico criado por J. K. Rowling, nesse baile representada por uma professora de inglês, com seus 30 e poucos anos, cabelos roxos e capa preta e amarela da Lufa-Lufa, uma das casas de Hogwarts. Elaine Cristina Bothmann, diferente de Gabriela, entrou para a Escola de Magia e Bruxaria já adulta, o que não diminui a falta que ela sentirá dos momentos de espera infinitos por novos livros e filmes. — Dá um aperto no coração. Não queria que acabasse assim. É muito tempo. Dá um negócio... Acho que independe de idade, depende de você gostar. Tenho mais de 30 e gosto demais, e está me dando tristeza. Vai ser difícil. Não vai ser fácil a passagem! Vai ser complicado! E tocar no assunto só fez a agonia aumentar, porém os movimentos desesperados das mãos deram lugar ao conforto que a eternidade pode trazer; que a possibilidade de passar a história para filhos, netos e bisnetos pode dar. — Harry Potter não vai acabar. Ele só nasceu, não morreu! E não tem como matar mais! Ele é um fenômeno e não tem como você afogar, ofuscar Harry Potter. É algo que chegou para ficar, mesmo acabando os filmes! Em meio a música, alunos e professores de Hogwarts, elfo doméstico, guloseimas do mundo mágico – encontrados na Dedos de Mel, em Hogsmeade –, brincadeiras e muita conversa, o clima de “o fim está próximo” não passava
imperceptível. Alguns até que conseguiam disfarçar, mas outros mantinham o semblante tenso, como Rafael Nonato de Oliveira, de 17 anos, que usava trajes de gala. — Sempre que passo em frente ao shopping Eldorado penso: É aqui que tudo vai terminar! É aqui que eu vou perder a minha alma! Isso porque parece que eu tenho planos de vida apenas até o dia 15 de julho. Eu não sei o que vou fazer depois. Vou perder realmente uma grande parte de mim. Muita coisa eu vivi por causa dessa série, então... A cada palavra emocionada, meu coração recebia o feitiço petrificus totalus (que paralisa). Mãos geladas e gestos nervosos, assim como o longo vestido de festa verde, a capa de veludo bordô e a varinha empunhada a todo o momento, entregavam o desespero que sentia e um dos motivos de estar no evento, trocando ideias com colegas ansiosos e eufóricos. Para tentar tranquilizar os ânimos, praticamente todo fã de Harry Potter seguiu a risca, como Hermione Granger faria, a receita da poção do “acalma corpo” (inventado por mim): ver amigos e conversar sobre as expectativas para o último filme e ajeitar todos os detalhes para os dias 14 e 15 de julho de 2011, dias da pré-estreia da Warner Bros., produtora do longa, e dos cinemas da cidade e do mundo, respectivamente.
ϟ Para sempre ϟ 10h. 14 de julho de 2011. Shopping Eldorado. São Paulo, capital. Logo pela manhã, ao abrirem as portas do Shopping Eldorado, fãs de Harry Potter já estavam de plantão, formando fila em frente ao cinema. As redes sociais ferveram durante o dia todo, lotadas de mensagens de agradecimento, saudade, ansiedade e desespero. Os telefones também trabalharam bastante, fazendo ligações para combinar horário de encontro e ajustar os últimos detalhes para tudo ser perfeito no grande dia. Entre os primeiros da fila estava o estudante Gilbran Mohamed Ismaia
Arroio, 17 anos, que enxergou nas palavras de J. K. Rowling e nos erros cometidos pelos personagens criados por ela conselhos para dar valor ao que realmente importa na vida, como a verdadeira amizade. — Cada ano, cada filme, cada livro, cada página, teve uma emoção, um sentimento. Foi marcante poder olhar para trás e ter visto que tudo valeu a pena e foi importante. A série, em si, vai além da magia. A mensagem e os valores que passaram são verdadeiros e é isso que importa! Junto à ansiedade de Gilbran, estava, paradoxalmente, a segurança de ter a oportunidade de guardar em sua memória mais um momento inesquecível e cheio de emoção. — Não tem um ponto final, são reticências que a J. K. Rowling deixou para nós. Todas as cenas podem ser esquecidas pós-filme, porém o mais importante é estar com os amigos e viver mais um momento proporcionado por Harry Potter. Gilbran, mesmo aguardando para ver o último filme da saga que o acompanhou desde a infância, com os olhos brilhando de emoção e rodeado de amigos impacientes e eufóricos, mantinha uma postura firme e tranquila, por saber que seus livros e as palavras que tanto o ajudaram e encantam permanecerão por perto sempre que sentir a necessidade de buscar aconchego. — Tenho o livro como um amigo naquela estante e, sempre que eu precisar, ele estará lá. Sempre será o meu refúgio. A plataforma 9 ¾ já está aberta para mim!
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ϟ Compartilhar uma perda ϟ Making of comentado
Com 18 anos, fui apresentada à história de um menino órfão que, aos 11 anos de idade, descobre que possui poderes mágicos e que a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts o convocava para iniciar seus estudos. Bastaram poucos parágrafos do livro Harry Potter e a Pedra Filosofal, o primeiro de toda a saga do bruxinho, para me encantar. O efeito imediato foi devorar as páginas em poucas horas e sair correndo para a locadora perto de casa para alugar o filme baseado no primeiro livro. No dia seguinte, foi a vez do segundo livro... E assim o processo ocorreu, de livro em livro, de filme em filme, até chegar ao último, até então, lançado. Assim parti para a espera interminável por novidades. Cada lançamento virou um evento especial, com livrarias e cinemas enfeitados e cheios de fãs com roupas de bruxos. Passei a visitar vários sites sobre Harry Potter, a conferir informações sobre as próximas produções, a conhecer mais os atores e os produtos da saga. Pronto! Virei fanática! Enquanto outro livro não era lançado, buscava outras leituras que me satisfizessem. Quando o último livro, Harry Potter e as Relíquias da Morte, chegou às prateleiras, comprei e li rapidamente, chorando a cada cena emocionante. E agora? O que fazer? Tive que correr atrás de outra saga. Ou seja, virei uma leitora assídua. Acabaram os livros da saga, mas não os filmes, então a espera continuava. Quando faltava apenas um filme, tristeza, ansiedade, desespero e euforia, tudo misturado, começaram a me deixar inquieta e logo percebi que não acontecia só comigo, porém também com outros fãs brasileiros e de outros países. A vontade de registrar esse momento foi imensa, sendo assim resolvi juntar uma paixão à outra e fazer uma grande reportagem temática para registar e homenagear a saga e a autora da maneira que estava ao meu alcance. O problema seguinte, por estar muito envolvida, foi tentar encontrar um
fio condutor e o estilo certo; descobrir como contar, da melhor forma possível, a intensidade de cada sensação dos fãs; e conseguir mostrar que, por mais diferentes que sejam as culturas de cada país, todos estavam em sintonia, passando pelo mesmo momento difícil: o fim da saga. “Certas coisas da vida (simples ou complexas) se tornam encantadoras pelo prazer do trajeto, não pelo foco no destino.” Este trecho, retirado do texto “Ah, o jornalismo e a literatura”, de Sergio Villas-Boas, me leva a vários pensamentos. O primeiro é o por que eu escrevo, o prazer que sinto em transformar palavras em histórias, em sentimento registrado em papel. O segundo é o que a saga Harry Potter significa para os fãs. A leitura de todos os livros, até chegar ao último foi maravilhoso. No entanto, o fim foi um misto de satisfação com tristeza, por não ter mais pelo que esperar. O terceiro é por tudo que a J. K. Rowling passou até chegar à perfeição: uma das histórias mais famosas do mundo. O que me remete ao seguinte parágrafo: Sem papel nem caneta, caso raro na vida de quem vive de palavras escritas, a jovem fechou os olhos e pensou no máximo de detalhes possível. Chegando em casa, papéis baratos registraram as primeiras ideias de um mundo mágico. Assim surgia o embrião de Harry Potter, em junho de 1990. As protagonistas da reportagem são Lara Mendonça e Cláudia Oliveira, que possuem a mesma paixão, sentimento que surgiu de formas diferentes, mas que foi crescendo com o passar do tempo e chegou a um momento em que, ambas, que não se conhecem, estavam no mesmo lugar se despedindo da saga que as acompanhou por cerca de dez anos. Os coadjuvantes são Verônica Gallo Petrelli, Gabriela Iared Stampachio e Gilbran Mohamed Arroio, fãs que começaram a ler mais por causa de Harry Potter, fizeram grandes amigos devido ao amor pela história do bruxinho, encontraram nas palavras de J. K. conselhos para a vida toda, se emocionaram muito a cada livro e filme lançado e se despediram da saga com muita tristeza e tranquilidade, por saberem que seus livros preferidos sempre estarão os
esperando para levá-los a um lindo mundo mágico. Os figurantes são Elaine Cristina Bothman e Rafael Nonato de Oliveira, que fazem parte de gerações diferentes, mas que creditam à saga boa parte das emoções vividas no decorrer de anos e dão à história valor inestimável. Por ser apaixonada por Harry Potter há anos e fazer parte da grande legião de fãs que sofria com a aproximação do fim da saga, o estudo preliminar foi um processo natural de busca por informações em diversos sites (nacionais e internacionais) e em conversa com os amigos. No entanto, para obter informações mais detalhadas, busquei livros que contam melhor a história da autora (J. K. Rowling: Uma biografia do gênio por trás de Harry Potter, de Sean Smith) e do grupo de fãs mais conhecido na Inglaterra, o The Leaky Cauldron (Harry e seus Fãs, de Melissa Anelli). As entrevistas foram feitas pela internet e pessoalmente em eventos, pré-estreias e conversas informais de amigos. As sensações, os detalhes dos ambientes e os fatos ocorridos foram obtidos por análise do meu dia a dia, presença e observação em eventos e depoimentos. A tentativa foi de humanizar cada fã, a autora e a própria saga de Harry Potter, personagem que fez tanto sucesso, atingindo diferentes gerações de leitores, justamente devido à sua grande humanização, mesmo vivendo em um mundo mágico. A humanização foi feita por meio da descrição física e psicológica das pessoas, o que pode ser visto principalmente no início do texto: — E o que eu faço com esse sentimento de luto, hein?! Com os olhos vermelhos e o semblante sério, Verônica Gallo Petrelli, 22 anos, voltou a ser criança, mesmo com 1,77 metros de altura. Com seu cachecol vermelho e amarelo da Grifinória em seu pescoço e sua fênix Fawkes em seus braços, a menina mal piscou para não perder um detalhe sequer das cenas projetadas.
Da grande reportagem, a tentativa foi criar narrativas humanizadas. De acordo com o visto em aula: “A humanização do relato jornalístico se concretiza na medida em que o fato é relatado por alguém que, além de testemunhar a ação, também participa dos fatos. “O repórter deve estar presente, diminuindo a distância entre o leitor e o acontecimento.”
A ideia principal era mostrar que a história criada por J. K. Rowling usou o mundo mágico apenas como cenário para colocar as dificuldades e os valores humanos em discussão e que ela realmente conseguiu, encantando milhares de pessoas, algumas delas presentes na reportagem. Em Psicologia Humanista para Escritores da Vida Real, há a definição de arquétipo: “O arquétipo é um dinamismo que se faz presente pelo poder numinoso e fascinante de uma imagem arquetípica. São predisposições inatas que surgem na consciência como imagens, padrões ou motivos recorrentes e universais que representam e simbolizam a experiência típica humana universal de diferentes maneiras. São estruturas primordiais da psique humana.”
Essa definição se encaixa na identificação forte dos fãs pela história de Harry Potter. Agora a saga não possui apenas um órfão. Verônica, seus amigos, eu e cada fã de Harry Potter e admirador de J. K. Rowling não contamos mais com mãos mágicas para nos guiar pelas dificuldades da vida. J á passamos por todos os desafios apresentados e aprendemos o que é maldade, coragem, valentia, integridade, respeito, amor e, mais do que tudo, o verdadeiro valor da legítima amizade. A voz autoral, meu estilo de escrita, tentei apresentar, principalmente, em parágrafos mais descritivos, com características dos personagens, com
emoção do momento em que os entrevistei, brincando um pouco com o fã que se veste como um dos personagens da saga e assume algumas características dele. Hermione, neste dia representada por Gabriela Iared Stampachio, não conseguia esconder a euforia de estar em um evento cheio de pessoas com sentimentos parecidos
com
compreender
os
como
dela, é
as
únicas
possível
que
estar
podiam
contente
e
inconsolável ao mesmo momento. Em meio a tantos sorrisos, o rosto delicado de Gabriela ganhou traços discretos de desespero e um brilho a mais nos olhos quando a verdadeira razão por existirem tantos fãs de Harry Potter reunidos no mesmo lugar veio em sua mente. (...) Agora não haverá mais espera. A mãe de Gabriela, que leu os cinco primeiros livros para a pequena filha, já plantou a semente da leitura, a paixão por histórias fantásticas e os valores importantes da vida, muitos sufocados pelos tempos modernos. A precisão de dados está presente, por exemplo, no parágrafo abaixo: Sete livros depois e m ais de 450 milhões de exemplares vendidos
pelo
mundo,
todos
transformados
em
blockbusters do cinema – o ito filmes, o sétimo livro foi dividido em duas partes –, o fim da saga não foi triste apenas
para
os
impacientes
fãs,
mas
também,
principalmente, para a criadora de Harry, seus amigos e inimigos. Além de chorar muito ao escrever os últimos momentos dos personagens que a acompanharam desde 1990, a escritora não segurou a emoção ao se despedir
dos profissionais e dos fãs da saga que a consagraram. Cada um dos personagens presentes em meu texto fez algumas loucuras não por alguém específico, mas por uma história, por algo bem maior, muitas vezes, inexplicável. Optei por não seguir o tempo cronológico natural para enfatizar, logo no começo, que a perda foi bastante significativa para os fãs e utilizar umas das melhores declarações das pessoas entrevistadas. Logo na primeira parte coloquei a sensação de luto sentida por Verônica e descrevi como os espectadores se comportaram na sala do cinema na pré-estreia. Em algumas partes do texto, inseri minhas sensações e um pouco de minha história com relação à saga. Esse recurso foi usado para mostrar que compartilho a perda com os milhares de fãs e estava presente em momentos importantes. Para conseguir dar o pontapé inicial, pensei nos eventos a que tinha ido e como poderia ligá-los. Para isso, fiz o mapa mental, visitando o jardim da criatividade. Com base no mapa, montei o esquema do texto, coloquei cada parte e suas características em um quadrado colorido e prendi uma folha de papel em meu guarda-roupa para todos os dias ver o esquema e tentar bolar parágrafos bem estruturados. Foi um desafio imenso escolher um tema pelo qual sou extremamente apaixonada e que possui uma importância muito grande em minha vida. O que atrapalhou um pouco foi justamente a vontade de transmitir toda a intensidade com que me relaciono com a saga Harry Potter e os personagens da história. Passei esse dever para os personagens e vibrava a cada frase bonita e extremamente significativa dita por eles. Na aula de Criatividade, vimos os seis passos (questionamento, preparação,
incubação,
iluminação,
verificação
e
comunicação).
Do
questionamento, faz parte ter um interesse intenso por um tema, o que sinto pela saga. Na preparação, temos os relatórios do processo de captação, que fiz em cada evento a que fui (baile e pré-estreias). A incubação foi grande,
muitas ideias surgiram, o que gerou um pequeno problema na hora de escrever. A iluminação acabou aparecendo em alguns momentos essenciais. A maior das fases foi a de verificar ideais e organizá-las. Por fim, a superação do julgamento externo. O gostar muito do tema, a imersão intensa, está representado na seguinte parte: Ser fã de Harry Potter virou sinônimo de fazer amigos para a vida toda, tornar-se um leitor voraz e gastar bastante dinheiro em livros, revistas, DVDs, capas, varinhas, chaveiros, cachecóis, álbuns de figurinhas etc. Sou prova viva desse fato e conheço vários outros admiradores da história do bruxinho, coincidentemente, amigos meus. Lemos até rótulo de xampu por gostarmos tanto de leitura e, às vezes, andamos pela cidade com capas de veludo bordô e varinhas empunhadas. O que quis fazer está descrito nos parágrafos seguintes, do texto “Ah, o jornalismo e a literatura”, de Sergio Villas-Boas: “O bom repórter narrativo é aquele que une duas qualidades aparentemente distantes uma da outra para fazer com que uma reportagem
(temática
ou
biográfica)
se
torne
durável,
não-descartável. De um lado, ele/ela precisa usar o melhor de sua inteligência racional para estudar, levantar informações e interpretações básicas, compreender com profundidade e analisar o assunto que tem pela frente. “De outro, precisa utilizar sua inteligência emocional (incluindo a tal da intuição) para se deixar tocar sensorialmente pelo tema que aborda, pela ressonância interior causada pelas pessoas com as quais irá lidar (tête-à-tête), pelas características subjacentes, sutis, dos cenários por onde circulará para levantar dados objetivos e subjetivos. O importante é, deveria ser, a busca de conteúdo e forma ancorados no real, mas expressos de maneira tão fascinante quanto a dos melhores
textos de ficção.”
E uma das partes que mais representam, para mim, o Jornalismo Literário está no final da reportagem. Gilbran, mesmo aguardando para ver o último filme da saga que o acompanhou desde a infância, c om os olhos brilhando de emoção e rodeado de amigos impacientes e eufóricos, mantinha uma postura firme e tranquila, por saber que seus livros e as palavras que tanto o ajudaram e encantam permanecerão por perto sempre que sentir a necessidade de buscar aconchego. — Tenho o livro como um amigo naquela estante e, sempre que eu precisar, ele estará lá. Sempre será o meu refúgio. A plataforma 9 ¾ já está aberta para mim! A pós-graduação me mostrou como aprimorar minha escrita, valorizar a história das pessoas, ser mais (muito mais) observadora, dar atenção redobrada à escolha das palavras e a ser muito mias que jornalista, a ser humana. O amor que sentia pelo Jornalismo Literário cresceu e agora sinto que, com muito mais treino, estudo e dedicação, poderei ficar ao lado daqueles jornalistas/escritores que tanto admiro. Eu sou capaz! Muito obrigada por tudo!
ϟ Referências bibliográficas ϟ
ϟ Livros ϟ ANELLI, Melissa. Harry e seus Fãs: A verdadeira história de um menino-bruxo, seus leitores e os detalhes da vida dentro do fenômeno Harry Potter. Tradução: Ana Deiró. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 2011. JENKINS, Henry. Cultura da Convergência: A colisão entre os velhos e novos meios de comunicação. Tradução: Susana Alexandria. São Paulo: Editora Aleph, 2009. LIMA, Edvaldo Pereira. Páginas Ampliadas: O livro-reportagem como extensão do Jornalismo e da Literatura. Barueri: Manole, 2009. MARTINEZ, Monica. Jornada do Herói: A estrutura narrativa mítica na construção de histórias de vida em jornalismo. São Paulo: Annablume, 2008. ROWLING, J. K. Harry Potter e as Relíquias da Morte. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 2008. SMITH, Sean. J. K. Rowling: Uma biografia do gênio por trás de Harry Potter. Tradução: Carlos Irineu, Flávia da Rocha Pinto e Iva Sofia Gonçalves Lima. Rio de Janeiro: Editora Sextante, 2003. VILLAS-BOAS, Sergio. Introdução. In: BRITO, José Domingos de (Org.). Jornalismo e Literatura, volume 3. São Paulo: Editora Novera, 2008.
ϟ Sites ϟ Blog Hogwarts. Disponível em: <http://bloghogwarts.com/> Clube do Slugue. Disponível em: <http://www.clubedoslugue.com/> J. K. Rowling. Disponível em: <http://www.jkrowling.com/> Oclumência. Disponível em: <http://www.oclumencia.com.br/> Potterish. Disponível em: <http://potterish.com/> Scarpotter. Disponível em: <http://www.scarpotter.com/> The Leaky Cauldron. Disponível em: <http://www.the-leaky-cauldron.org/>