HUMANIZAÇÃO
Casa de Apoio ao Pacientes com Câncer do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto Paula Cury
ARQUITETURA
&
CENTRO UNIVERSITÁRIO BARÃO DE MAUÁ Arquitetura e Urbanismo
Paula Cury 1340421
ARQUITETURA E HUMANIZAÇÃO Casa de Apoio aos Pacientes Com Câncer do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto
Trabalho Final de Graduação apresentado ao Centro Universitário Barão de Mauá, como exigência para a obtenção do Título de Arquiteto e Urbanista. Orientador: Prof. Ms. Roberto Luiz Ferreira
Ribeirão Preto – SP Maio de 2015
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AGRADECIMENTOS A Deus por me manter de pé quando precisei. Aos meus pais Wilson e Maria José Cury pelo amor e apoio incondicional. Ao casal Reginaldo e Neiva de Oste por permitirem que eu continuasse os estudos no momento de dificuldade. Aos professores do Centro Universitário Barão de Mauá, em especial aos professores Flávio e Onésimo que pacientemente, e mais de uma vez, estiveram em contato com este trabalho, e ao meu orientador Prof. Ms. Roberto Luiz Ferreira pelo suporte no pouco tempo que lhe coube, por suas correções e incentivos. A todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu muito obrigado. 6
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Sumário AGRADECIMENTOS ........................................................................................ 6 APRESENTAÇÃO ........................................................................................... 11 CAPÍTULO 1. TEMA ...................................................................................... 13 1.1 O Câncer .......................................................................................... 14 1.1.1 Definição, Causas e Tipologias ................................................. 14 1.1.2 Tratamentos ............................................................................. 15 1.1.3 Problemática da Doença – Paciente e Família......................... 16 1.2 Humanização................................................................................... 18 1.2.1 Humanização Hospitalar .......................................................... 18 1.2.2 Considerações finais sobre a ideia de Humanização ............... 21 1.3 Diferentes Centros de Apoio e Recuperação .................................. 25 1.3.1 Centros de Apoio e Recuperação “Maggie´s Centre” .............. 26 1.3.2 Funcionamento dos Centros de Maggie .................................. 31 CAPÍTULO 2. Leituras Projetuais .................................................................. 34 2.1 Os Centros de Apoio de Maggie ..................................................... 35 2.2 Centro de Apoio e Recuperação Maggie em Newcastle – Arquiteto Ted Cullinan
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2.3 Considerações Finais sobre o Centro de Apoio e Recuperação Maggie em Newcastle – Arquiteto Ted Cullinan ........................................................ 42 2.4 Centro de Apoio e Recuperação Maggie em Glasgow – Reino Unido – Grupo OMA
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2.5 Considerações Finais sobre o Centro de Maggie em Glasgow – Reino Unido – Grupo OMA ......................................................................................... 48 2.6 Centro de Apoio e Recuperação Maggie em Fife – Escócia – Zaha Hadid.
49 2.7 Considerações Finais sobre o Centro de Maggie em Fife, Escócia –
Projeto de Zaha Hadid. ............................................................................................... 55 2.8 Considerações finais – Perspectiva Geral de Conversa entre Referências Projetuais. ............................................................................................... 56 CAPÍTULO 3.Entorno; Demanda .................................................................. 59 3.1 A Cidade de Implantação do Projeto .............................................. 60 3.2 Análise do Entorno .......................................................................... 63 3.3 Caracterização da Área de Projeto ................................................. 68 3.4 Mobilidade Urbana ......................................................................... 78 3.4.1 Sistema Viário .......................................................................... 78 3.4.2 Linhas de Transporte Coletivo ................................................. 81 3.4.3 Sistema Cicloviário ................................................................... 88 3.5 Caracterização do Campus da USP – Ribeirão Preto ...................... 91 3.5.1 Aspectos Históricos .................................................................. 91 3.5.2 Aspectos Ambientais................................................................ 92 3.5.3 USP Ribeirão Preto em Números ............................................. 93 3.5.4 Hospital das Clínicas em Números ........................................... 94 3.5.5 Demanda .................................................................................. 95 9
CAPÍTULO 4. ............................................................................................... 100 Diretrizes – Área de Projeto ...................................................................... 100 4.1 Condições Geográficas da Área de Projeto .................................. 101 4.1.1 Clima e Ventos Dominantes ................................................... 101 4.2 Análise de Insolação...................................................................... 104 4.3 Legislação relevante ao local ........................................................ 107 4.4 Caracterização da Área ................................................................. 109 4.5 Programa de Necessidades ........................................................... 112 4.6 Estimativa de Áreas....................................................................... 113 4.7 Fluxograma.................................................................................... 114 CAPÍTULO 5. O Projeto............................................................................... 115 5.1 Justificativa.................................................................................... 116 5.2 Objetivo Geral ............................................................................... 117 5.3 Objetivo Específico........................................................................ 118 5.4 Conceito e Partido ........................................................................ 119 5.5 Conceituação do Projeto............................................................... 119 5.6 Interior do Projeto ........................................................................ 131 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................ 143
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APRESENTAÇÃO A notícia da enfermidade de câncer carrega em si uma dramaticidade particular: são longos tratamentos, com diferentes profissionais, incertezas de cura, preconceitos e períodos de intensa debilitação física. A adaptação inerente à rotina destes pacientes inclui desde a assimilação do processo a partir de acompanhamento psicológico e psiquiátrico, exames, visitas a médicos e internações hospitalares. Isto é, apoio psicológico, social e prático. Ao longo deste trabalho pretende-se formar um conjunto de informações que permita (ainda que de maneira genérica) reconhecer qual grupo de pessoas o projeto deverão atender, quais programas de humanização hospitalar acontecem no cenário do Hospital das Clínicas, o funcionamento de diversos centros de apoio existentes atualmente no Brasil e o funcionamento dos Centros de Maggie na Europa. Desta maneira, aliando cenário, objetivos e público o projeto deve integrar e ampliar, a partir de um novo espaço arquitetônico os programas de humanização, fisioterápicos e nutricionais já existentes no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto e disponibilizar outras diferentes esferas de trabalho aliando hospitalidade doméstica, com acesso a informação, apoio prático (espaço de cozinha, estar, relaxamento e conversa), cursos, atividades físicas e artísticas, em um local recluso e descaracterizado do ambiente hospitalar. O espaço deverá exercer influências positivas, conforto, introspecção e estímulo aos pacientes oncológicos e seus familiares através do entendimento básico do que é “câncer” e de que maneira ele acomete a vida das pessoas. 11
Este trabalho propõe um diálogo sobre como a arquitetura pode, produzir um espaço de interação, apoio e principalmente identificação dentro destas diversas variáveis emocionais e físicas que acometem tanto enfermo, quanto família e que podem vir a influenciar o processo de recuperação deste paciente. Portanto, este trabalho está preocupado no primeiro momento em entender a complexidade da doença, de quais diferentes maneiras ela pode atingir física e psicologicamente os pacientes, além dos tratamentos realizados. Em seguida, faz-se a caracterização do processo histórico de humanização hospitalar e quais procedimentos são adotados no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto atualmente. A partir destes conhecimentos são caracterizados brevemente os diferentes centros de atendimento existentes no Brasil, o funcionamento dos Centros de Maggie na Europa (que servirão de referência conceitual e projetual) e de que forma o projeto deverá funcionar para seu atendimento na região do HC. Com o entendimento das leituras projetuais o capítulo 3 é aberto para a leitura do entorno, os meios de acesso ao local (sistema viário, transporte coletivo, sistema cicloviário e outros), a caracterização do processo histórico e numérico do Hospital das Clínicas possibilitando assim o cálculo de demanda e montagem da caracterização do público para o desenvolvimento adequado do projeto. Em seguida, serão analisadas as características principais pertinentes à área de projeto, como condições geográficas, clima, ventos, insolação, características pré-existentes, legislação, formando por fim o programa de necessidades, estimativa de áreas e fluxograma de projeto. Por fim, o capítulo 5 apresenta o processo de desenvolvimento do projeto, objetivos, memorial justificativo, material gráfico (planta, cortes, elevações e perspectivas) e maquete eletrônica para ambientes internos e externos. 12
CAPÍTULO 1. 13
TEMA
1.1
O Câncer
1.1.1 Definição, Causas e Tipologias Segundo o INCA (Instituto Nacional de Câncer) “Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado (maligno) de células que invadem os tecidos e órgãos, podendo espalhar-se (metástase) para outras regiões do corpo. Dividindo-se rapidamente, estas células tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, determinando a formação de tumores (acúmulo de células cancerosas) ou neoplasias malignas. Por outro lado, um tumor benigno significa simplesmente uma massa localizada de células que se multiplicam vagarosamente e se assemelham ao seu tecido original, raramente constituindo risco de vida”.
Os casos de câncer podem estar relacionados tanto a fatores externos – aqueles que encontrados no ambiente ocupacional, de consumo (ex.: cigarro) e/ou social e cultural – quanto a fatores genéticos pré-determinados ou simplesmente uma questão de “sorte”. As causas estão, portanto, segundo o INCA, relacionadas: “à capacidade do organismo de se defender das agressões externas. Esses fatores causais podem interagir de várias formas, aumentando a probabilidade de transformações malignas nas células normais.” Fonte: http://www1.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=322 (acessado em 07/11/2014)
As diferentes tipologias da doença são caracterizadas tanto por seu tecido de origem – se tem origem nos tecidos epiteliais como pele ou mucosas recebe o nome de carcinoma, ou se tem origem nos tecidos conjuntivos como osso músculo ou cartilagem são chamados de sarcoma – quanto pela velocidade de multiplicação das células e a capacidade de invadir tecidos e órgãos vizinhos ou distantes (metástase).
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1.1.2 Tratamentos Até meados do século XIX, o câncer era ainda raramente diagnosticado, e quando descoberto pouco se tinha a fazer para combatê-lo, sendo oferecidas apenas medidas de apoio. O primeiro tratamento realizado foi a retirada dos tumores por meio cirúrgico, realizado apenas após a descoberta da anestesia geral no final do século XIX, e mesmo assim não obtendo a “cura” como resultado. Nesta época, a palavra câncer era tão ameaçadora que seu diagnóstico era raramente oferecido aos pacientes, mas somente aos seus familiares, já que a doença estava associada à deformação, dor, odor fétido e inevitavelmente à morte, havendo ainda a desconfiança de que a doença pudesse ser transmissível, fazendo com que o paciente fosse previamente rejeitado. Em torno de 1920 começa a surge a aplicação de radioterapia, utilizada apenas como paliativo quando ocorria a falha do procedimento cirúrgico. Somente em 1940 surgiria a primeira droga “anticâncer”: a quimioterapia. Esta, responsável pelo aumento de prognósticos positivos dos pacientes, especialmente em adultos jovens e crianças. Atualmente são diversas modalidades de tratamento que incluem cerca de 60 substâncias com ação anticancerígena, aplicadas de maneira isolada ou combinada a outros tratamentos como a própria cirurgia, radioterapia, quimioterapia, transplante de medula óssea, Iodoterapia, Hormonioterapia e outros. Os tratamentos podem ocorrer tanto em espaços hospitalares, clínicas de atendimento especializado ou uso residencial, mantendo ainda após a conclusão do processo um longo período de acompanhamento.
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1.1.3 Problemática da Doença – Paciente e Família Quando o corpo humano está saudável, é comum esquecer-se dele e de sua fragilidade, facilmente acredita-se pertencer somente a si o controle sobre ele. Entretanto, é quando o mesmo adoece que se percebe sua fragilidade. Diferente de outras doenças também muito sérias o diagnóstico do câncer pode carregar uma sensação de “culpa sem o motivo”, ou um questionamento de “por que comigo?”. Como destacou Célia Nunes Silva em seu livro “Como o câncer (des)estrutura a família”, página 16: “Normalmente, “o surgimento do câncer em qualquer família é sempre uma catástrofe pelo poder devastador que tem” (Rait & Lederberg, 1990:585), porque sempre provoca uma crise na família. Uma crise é um período de mudança iminente, um ponto em que qualquer situação poderá melhorar ou piorar, mas inevitavelmente alterar-se-á. (...) Na cultura ocidental, o câncer, como exemplo de doença grave, traz consigo o estigma da morte (Sontag, 1984: 13). Quando tal diagnóstico chega ao indivíduo, a primeira reação costuma ser o medo de que, além dele(a) não ficar curado, o câncer possa lhe trazer humilhação, deformação, sofrimento e dor.” Célia Nunes Silva.
A dor está entre os sintomas mais presentes entre os pacientes de caso avançado de câncer, cerca de 60 a 90% dos pacientes terão dor caso não recebam tratamento adequado. Assim como o paciente, seus familiares, entre eles principalmente o cônjuge também precisam receber apoio e proteção, caso contrário podem vir a apresentar outros problemas de saúde. O estilo de vida acaba por modificar-se e as prioridades são alteradas, parece claro, portanto, que o câncer é um dos problemas mais avassaladores, não só
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pela vivência antes, durante e depois do tratamento, mas, sobretudo, pelo ambiente de crise e fracasso que ele gera. A questão psicossocial do câncer tem mudado à medida que tratamentos mais eficazes surgem dentro dos hospitais e desde a resolução número 196/96 (que rege a participação nas investigações clínicas, ficando determinada a revelação de todos os fatos aos envolvidos na pesquisa) o diálogo entre médico e paciente vem sendo ampliado e aprofundado. Esta lei não diz respeito apenas ao aspecto físico da doença, mas também ao impacto dela, do seu tratamento e qualidade de vida. Desde os anos 70, com o avanço da “Psiquiatria de Ligação”, ou seja, a disponibilização do psiquiatra para responder aos problemas emocionais do paciente teve grande influência sob os mesmos, e na atualidade os cuidados psicológicos fornecidos aos pacientes de câncer são fundamentais, havendo inclusive a psicooncologia e uma série de estudos na área e a implantação de diversos programas de humanização hospitalar e o trabalho médico realizado em equipes interdisciplinares, unindo médico, radioterapeuta, psicólogo, fisioterapeuta, nutricionista e qualquer outro que se fizer necessário. É através do avanço desta problemática que novas áreas são, a cada dia, englobadas ao tratamento, que cada vez mais interdisciplinar, traz consigo a necessidade de ampliação e criação de novos espaços especializados em atender com maior qualidade e atenção aos pacientes. Através desta visão, a área da saúde hoje busca agregar cada vez mais valores de humanização tanto para ações quanto para espaços.
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1.2
Humanização
Humanizar, segundo o dicionário Aurélio: 1. Humanar; inspirar humanidade a. 2. Adoçar; suavizar; civilizar. 3. Tornar-se humano; compadecer-se. O conceito de humanização tem, portanto a intenção de buscar igualar os diversos aspectos à altura do homem, tornar algo mais humano, socializar, respeitar, civilizar e reverenciar com educação ou oferecer dignidade, respeito e entendimento das partes em diversas áreas e processos. Outro conceito, ou tentativa de definição de humanização encontrado na literatura é o da Grande Biblioteca Larousse Cultural, 1998: “Humanização é o ato de humanizar, ou seja, dar estado ou condições de homem, no sentido de ser humano.” Entende-se, portanto, que toda humanização tem por intenção oferecer condições ideais em diversos setores que estejam mais próximas às necessidades do homem. É a intenção tornar um processo, espaço ou objeto mais adequado e acessível, ou seja, que produzam resultados mais satisfatórios.
1.2.1 Humanização Hospitalar Ainda que tenha alcançado maior evidência somente nas últimas duas décadas, o conceito/política de humanização na atenção à saúde é atualmente um elemento imprescindível dentro de um adequado planejamento e da prática assistencial que promova o conforto e a qualidade em atendimentos e espaços. A ideia de humanização abrange atualmente diversos setores e programas incluindo nela diferentes iniciativas e sentidos, é, portanto ainda um conceito em evolução.
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Na saúde a humanização adota o significado de um processo que busca a transformação da cultura institucional, tentando reconhecer e valorizar aspectos subjetivos, históricos e socioculturais, tanto dos usuários do sistema de saúde quanto dos profissionais da área, incluindo nesta transformação também os funcionamentos institucionais mais importantes para a compreensão dos problemas e elaboração de ações que promovam boas condições de trabalho e qualidade de atendimento. Trata-se, portanto não apenas de uma palavra carregada de simbolismo, mas sim de uma história de evolução: de publicações às normatizações visando melhoria do atendimento e espaços, ou seja, uma Política de Humanização. Palavra esta adotada em todo processo.
A primeira divulgação encontrada data dos anos 20, e somente no final dos anos 50 – segundo VERDERBER – 2000 em “A Arquitetura dos Ambientes de Saúde numa Era de Transformações Radicais” – que a política de humanização começa a ser entendida como referência de ações a serem aplicadas nos serviços de saúde e em suas instituições. Por volta dos anos de 1945 os hospitais evoluem tecnologicamente com certa agilidade, entretanto os processos de tratamento com a manutenção dos pacientes dentro dos hospitais tornavam-se demasiadamente caros. Foi então em 1946, com a aprovação da Lei Hill-Burton que surgem locais específicos que visavam à prestação de serviços de assistência domiciliar. Desta forma, na busca da consolidação e valorização destes serviços, passa-se a absorver a essência do principal argumento que viria a permitir a aceitação popular da nova modalidade de serviço de saúde, é o atendimento de saúde levada para dentro dos domicílios.
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Ao longo da década de 50, várias críticas e estudos foram realizados a respeito do tema, argumentou-se se efetivamente esta modalidade traria benefícios ou se serviria apenas como método de diminuição de custos na assistência médica. Em 1990 a política de humanização passa a ser citada com ênfase pela OMS – Organização Mundial de Saúde. Em 1991 a França institui a “Reforma Hospitalar pelo Bem Estar da Saúde” que valorizava os direitos dos pacientes, para em seguida, em 1995 ser publicada a “Carta do Paciente Hospitalizado”, referência de diversos programas de humanização em várias regiões do mundo. No Brasil, um dos programas de humanização de maior sucesso é o “Programa de Humanização do Pré-Natal e Nascimento”, elaborado pelo Ministério da Saúde voltando a atenção à mulher e à criança. Diversos programas e projetos que visam favorecer a humanização dentro do ambiente de saúde têm surgido ao longo dos anos no Brasil, assim como inúmeros fóruns e debates têm acontecido com o objetivo de criar discussões sobre o tema. Um exemplo atual é o Manual PNHAH (Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar) de iniciativa do Ministério da Saúde, no ano 2000. Este manual visa servir de referência para novas iniciativas particulares a cada instituição. Desta forma, vê-se ganhar cada dia mais espaço, tanto dentro quanto fora do ambiente hospitalar a política ou conceito de humanização. Na busca da melhor adequação e atendimento às pessoas avança a preocupação da satisfação de outras necessidades mais básicas aliados ao tratamento da saúde. Após este processo, já em 1990 a política de humanização passa a ser citada com ênfase pela OMS – Organização Mundial de Saúde. 20
Em 1991 a França institui a “Reforma Hospitalar pelo Bem Estar da Saúde” que valorizava os direitos dos pacientes, para em seguida, em 1995 ser publicada a “Carta do Paciente Hospitalizado”, referência de diversos programas de humanização em várias regiões do mundo. No Brasil, um dos programas de humanização de maior sucesso é o “Programa de Humanização do Pré-Natal e Nascimento”, elaborado pelo ministério da saúde voltando à atenção à mulher e à criança. Diversos programas e projetos que visam favorecer a humanização dentro do ambiente de saúde têm surgido ao longo dos anos no Brasil, assim como inúmeros fóruns e debates têm acontecido com o objetivo de criar discussões sobre o tema. Desta forma, vê-se ganhar cada dia mais espaço, tanto dentro quanto fora do ambiente hospitalar a política ou conceito de humanização. Na busca da melhor adequação e atendimento às pessoas avança a preocupação da satisfação de outras necessidades mais básicas aliados ao tratamento da saúde.
1.2.2 Considerações finais sobre a ideia de Humanização O desenvolvimento de um projeto arquitetônico que se preocupa em oferecer um atendimento humanizado, assim como qualquer outro estabelecimento assistencial de saúde, já é em si um processo complexo que necessita invariavelmente entender qual diversidade de compatibilidades físico-funcionais e requisitos técnicos deverão ser satisfeitos. Ou seja, solução projetual ainda em sua fase de concepção deve se preocupar em adequar-se às características geográficas regionais, à flexibilidade que cada espaço necessita em relação às diferentes demandas de uso das condições (por 21
exemplo, físicas dos usuários) além de preocupar-se em oferecer conforto ambiental, interação com o local e identificação.
“Eis um dos momentos mais importantes e de fundamental relevância na composição dos conceitos de humanização: a percepção do quanto o conforto dos fatores ambientais pode contribuir. Deve-se considerar que, muitas vezes, esse mesmo ambiente pode tornar-se a residência temporária – ambiente primário – dos seus principais usuários: pacientes e profissionais da saúde.” BITENCOURT, 2003.
Para tanto, várias pesquisas podem ser encontradas em relação à temática da satisfação e conforto, um exemplo que pode contribuir o desenvolvimento adequado de um projeto arquitetônico no âmbito da humanização encontra-se no livro “Além da Psicologia do ser”, do psicólogo norte-americano Abraham Maslow. A pesquisa de Maslow sugere a existência de uma ordem hierárquica de necessidades, através da qual os indivíduos buscam a satisfação destas necessidades e avançam para o próximo grau de hierarquia até que, tendo satisfeitas as necessidades básicas, podem chegar a satisfazer as necessidades das condições motivadoras para a realização pessoal. Abraham Maslow ilustra sua teoria de hierarquias através de gráficos piramidais. Na base destes gráficos encontram-se as necessidades básicas ou primárias humanas (necessidades fisiológicas e de segurança), enquanto na parte superior da pirâmide encontram-se as necessidades secundárias (sociais, de autoestima e de autorealização).
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Figura 1 – Pirâmide desenvolvida por Abraham Maslow, resultante dos conceitos e fundamentos da Teoria da Hierarquia das Necessidades. Fonte: Chiavenato, 2001.
Apesar de evidente para Maslow “que nem todos os seres humanos consigam alcançar o sucesso global na satisfação de todas as necessidades”, o conceito de humanização passaria, portanto, pelo fortalecimento dos valores paradigmáticos do foco do paciente, satisfazendo as necessidades de acordo com o tempo que elas se apresentam.
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A teoria faz ligação também com os estudos realizados pelo psicólogo americano Frederick Herzberg, que cita que “o comportamento humano está diretamente vinculado aos elementos de satisfação das necessidades pessoais que se tornam mais importantes na medida em que as pessoas amadurecem” (HERZBERG apud HERSEY, 1969, P.69). Ao avaliar as teorias de Maslow e Herzberg trazendo a compreensão para o campo da arquitetura é possível acrescentar ao campo das necessidades pessoais os critérios de do conforto térmico, acústico e visual e entende-los como necessidades intrínsecas à humanização. Assim destacam-se estas necessidades que se mantém também ao usuário do projeto – no momento crítico (enquanto enfermo) – a ser proposto de maneira que este pretende através do projeto de arquitetura possibilitar meios para que o apoio e satisfação sejam facilitados através do espaço e das atividades à que ele se propõe, atendendo tanto as necessidades fisiológicas, quanto de segurança (sentir-se seguro), necessidades sociais, autoestima e auto-realização. Desta forma, um projeto arquitetônico poderia oferecer espaços para atendimento desde as necessidades fisiológicas – sede, fome, abrigo – até necessidades de segurança – sentir-seguro, ou encontrar um espaço para sentir-se abrigado – e necessidades sociais que permita a promoção de atividades que também forneçam vínculos de amizade e a sensação de pertencente a um grupo de pessoas no qual tem suas dificuldades compreendidas. Desta forma, o termo humanização é utilizado dentro de diferentes campos, mas sempre no incentivo de que atos e espaços tornem-se cada vez mais adequados a atender as necessidades humanas de maneiras mais justa e completa.
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1.3
Diferentes Centros de Apoio e Recuperação
Atualmente é possível encontrar uma gama bastante diversificada quando se fala em grupos, casas ou centros de apoio aos pacientes com câncer. Cada um deles possui um objetivo próprio e uma maneira específica de agir. Algumas organizações, como as Casas Hope, oferecem suporte de estadia, alimentação e traslados aos Hospitais para famílias de crianças e adolescentes com câncer e transplantados atendidos por ela assim como apoio biopsicossocial e educacional. Outras como a ABRAPEC (Associação Brasileira de Assistência às Pessoas com Câncer) oferecem apoio social e terapêutico aos pacientes e familiares através do fornecimento de medicamentos, materiais curativos, suplementos nutricionais, informação dos direitos do pacientes, fisioterapia e outros serviços necessários. Cada organização, entendendo a dificuldade da realidade da doença, de garantir o melhor tratamento e muitas à dificuldade financeira que isso envolve, oferece apoio em determinadas áreas com intuito de garantir que o tratamento de câncer seja realizado como necessário e com a maior garantia possível.
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1.3.1 Centros de Apoio e Recuperação “Maggie´s Centre”
O projeto arquitetônico para a Casa de Apoio aos Pacientes com Câncer do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto tem origem no conceito de edificações e atendimentos realizados pelos Centros de Apoio e Recuperação de Maggie.
Figura 2 - Foto de Maggie Keswick Jencks, idealizadora do projeto Maggie´s Centre. Fonte: https://www.maggiescentres.org/&prev=search
Idealizadora deste conceito, Margaret Keswick Jencks (Maggie) era escritora. A ideia para criação destes centros surge em maio de 1993 quando recebe o diagnóstico do retorno de um câncer de mama agressivo, seu prognóstico lhe daria neste momento apenas mais dois ou três meses de vida.
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Em seus arquivos Maggie narra que estava sentada em um corredor sem janelas de um pequeno hospital escocês à espera deste resultado e que sentia que a espera neste ambiente drenavam suas energias. Ao longo dos próximos dois anos ela conseguiria sobreviver, retornando a este ambiente diversas vezes para as sessões de quimioterapia. Diante daqueles espaços tão negligenciados e impensados, falava que parecia que pacientes como ela “eram deixados ao léu para “murchar” sob o brilho dessecante das luzes fluorescentes”. MAGGIE Atualmente o questionamento que os Centros de Maggie conduzem é sobre a qualidade dos ambientes: se a existência de espaços privativos com luz natural, onde se pode esperar pela próxima sessão de quimioterapia, contemplando, em silêncio não seria favorável?
Ou seja, se a arquitetura pode desmoralizar os pacientes – “contribuindo para um nervosismo extremo”, como observou Keswick Jencks (seu marido e historiador de arquitetura) – não poderia ela também se mostrar restauradora?
Este questionamento foi o que movimentou seus últimos anos de vida. Sua proposta era desenvolver espaços ou centros de cuidado, com características opostas às do hospital, carregados de significados, em que nenhum espaço seja idealizado sem propósito.
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A ideia começa a se concretizar depois de sua morte, através de seu marido, o historiador de arquitetura Charles Jencks. O objetivo seria fornecer gratuitamente cuidados através de espaço e atividades para pacientes com câncer. Atualmente já são mais de 17 centros, tanto em processo de construção quanto em funcionamento. Cada centro é projetado por um arquiteto diferente, entre eles estão Rem Koolhass, Richard Rogers, Zaha Hadid, Frank Gehry e outros. Gehry era amigo íntimo de Maggie e seu marido e foi responsável pelo projeto do terceiro centro. Localizado em Dundee, na Escócia, em 2003.
Figura
3
–
Maggie´s
Centre
em
Dundee,
Escócia.
Projeto
de
Frank
Gehry,
2003.
Fonte:
http://img1.adsttc.com/media/images/534f/379d/c07a/801c/dd00/0049/medium/dundee_exteriorandlandscape2. png?1397700504
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O projeto de Gehry ampliou a visibilidade dos centros, foi citado inclusive em documentários como “Arquitetura da Felicidade – Episódio 1 – A Morada de Hoje” realizado pelo escritor e filósofo Alain de Botton. Documentário em que Botton defende sua argumentação de
Figura 4
que as casas devem refletir os valores e a época atual, e sugere novas formas de habitar. Como adquirida
resultado
através
do
da
projeto
visibilidade de
Gehry,
aumentaram as doações para os centros de
Figura 5
Maggie, e com o resultante aumento da renda possibilitou a construção de novos centros espalhados, em sua maioria, pelo Reino Unido. Um dos centros mais atuais está localizado em Newcastle e foi projeto pelo arquiteto
Ted
Cullinan,
no
parque
de
Figura 6
estacionamento do Hospital Freeman (Figura 4). Figura
4
–
Maggie´s
Centre
em
Newcastle,
Inglaterra.
Projeto
de:
Ted
Cullinan,
2013.
Fonte:
https://www.maggiescentres.org/our-centres/maggies-newcastle/architecture-and-design/ Figura 5 – Maggie´s Centre em West London, Inglaterra. Arquiteto Rogers Strik Harbour + Partners. 2008. Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/601650/a-historia-dos-centros-maggie-como-17-arquitetos-se-uniram-paracombater-o-cancer Figura 6 – Maggie´s Centre em Edinburgh. Projeto de: Richard Murphy Architects. https://www.maggiescentres.org/media/cache/41/89/41898d0b0cfa1f55a334a0bc6d31852e.jpg
29
Fonte:
É preciso destacar que a ideia central não é a cura do câncer através da arquitetura, mas sim a formação de um centro de apoio ao tratamento através do conforto e diversas atividades que o espaço
Figura 7
possibilita oferecer com maior qualidade. O projeto arquitetônico para os centros
de
Maggie
são
definidos
por
qualidades positivas básicas como privilegiar a iluminação natural, oferecer espaço de interação
e
projetos
que
também
de
expõem
Figura 8
recolhimento, aberturas
que
emolduram paisagens ao mesmo tempo em que geram intimidade e conexão com a natureza,
criando
um
contraponto
ao
ambiente hospitalar padrão existente no entorno,
para
o
qual
os
Figura 9
centros
invariavelmente servem de apoio.
Figura 7 – Maggie´s Centre em Oxford. Projeto de: Wilkinson https://www.maggiescentres.org/media/cache/67/45/67453f992e45ed66e9d8b5f961df796f.jpg
Eyre.
Fonte:
Figura 8 - Maggie´s Centre em North Lanarkshire. Projeto de: Reiach and Hall Architects. Fonte: https://www.maggiescentres.org/media/cache/ac/5f/ac5f836f6adb6a9fabb99fe381beb74e.jpg Figura 9 - Maggie´s Centre em Cheltenham. Projeto de: Sir Richard MacCormac. Fonte: https://www.maggiescentres.org/media/cache/f1/30/f1308f4023bf9a5ee4c9a08b2e8ad1e9.jpg
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1.3.2 Funcionamento dos Centros de Maggie Os Centros de Maggie são instalados sempre em áreas ao redor de Hospitais de referência de tratamento do câncer, diferente de oferecer hospedagem estes centros fornecem informação sobre o tratamento, atendimento psicológico e alívio emocional, além de apoio financeiro ao fornecer um conjunto de informações e ajuda em relação a programas e direitos existentes para os pacientes no seu país ou município que reside. São construídos em escala doméstica centrados em torno de uma cozinha de acesso livre (uso irrestrito) aos pacientes e familiares que estão de passagem em tratamento.
Figura 10 – Centro de Maggie em Gartnavel, Escócia. Projetado por: OMA, 2011. Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/601650/a-historia-dos-centros-maggie-como-17-arquitetos-se-uniram-paracombater-o-cancer/534f37e9c07a805d8a000048
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Trabalham gratuitamente, através da arrecadação vinda de doações tanto de pacientes, pessoas comuns e empresas. Oferecendo apoio em três núcleos distintos de apoio:
Apoio Emocional: realizando oficinas de “como gerir o stress”, oficinas de “arte expressiva”, o suporte “além do câncer”, presença de psicólogos, especialistas da área, terapeutas ocupacionais, gerenciamento de desafios pós-tratamento, workshops, apoio a perda de cabelo e ao luto.
Apoio Prático: existem atividades de exercício adaptadas às necessidades dos pacientes, caminhadas, yoga, tai chi e outros, mantendo o foco na necessidade de manter as pessoas ativas. Também existem atividades de nutrição realizadas na cozinha como aulas sobre uma alimentação leve e saudável mais adequada durante o tratamento, respondendo dúvidas sobre as dietas de cada paciente, receitas e recomendações.
Apoio Social: Visa oferecer aconselhamento sobre como obter os benefícios que todos pacientes têm direito, desde licenças de estacionamento até acesso a programas sociais.
32
O conjunto de atividades oferecidas pelos Centros de Maggie visa agir sob o paciente como uma “terapia secundária” ou mesmo um “efeito placebo”. Desta forma, mesmo que comprovadamente não possua o poder de cura, devem oferecer espaços humanizados que possibilitem o mínimo de alívio durante a jornada.
Figura 11 – Maggie´s Centre em Fife, Escócia. Projetado por: Zaha Hadid, 2006. Fonte: http://img3.adsttc.com/media/images/534f/37c4/c07a/801c/dd00/004a/medium/fife5(1).png?139770 0541
33
CAPĂ?TULO 2. 34
Leituras Projetuais
2.1 As
referências
projetuais
Os Centros de Apoio de Maggie para
o
desenvolvimento deste trabalho são, portanto, retiradas todas de projetos realizados para esta organização, buscando manter a essência destes projetos existentes para os Centros de Maggie. Foram escolhidos atributos distintos de três diferentes Centros de Maggie, para que adaptando à leitura do entorno, dados de programas e atendimentos realizados pelo Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (Hospital de Referência ao qual o projeto deverá oferecer suporte) e adaptações ao terreno, acessos e leituras de insolação e vento o projeto realizado no Brasil possua características adaptadas a esta realidade. Maggie´s Centre em Newcastle – Ted Cullinan: mecanismos de interação com o projeto e adequação da insolação. Maggie´s Centre em Glasgow – Grupo OMA: aberturas e interação com ambiente externo pré-existente. Maggie´s Centre em Fife – Zaha Hadid: balcão voltado para a vegetação que favorece a transição do ambiente hospital à receptividade do centro.
35
2.2
Centro de Apoio e Recuperação Maggie em Newcastle – Arquiteto Ted Cullinan
O Centro de Apoio e Recuperação de Maggie, Newcastle, está localizado no entorno do Hospital de Referência Freeman, em Melville Grove, Newcastle, Reino Unido. Foi projetado dentro do terreno deste Hospital, rodeado por diferentes espécies de vegetação que mudam com as estações do ano. Tanto os espaços internos e externos projetados por Cullinan são calmos e cheios de luz. O conforto é conseguido a partir do uso de materiais como madeira e telhas de barro, quentes e táteis, para uma região onde o frio predomina. Os espaços variam conforme os graus de interação e intimida de, com aberturas que invadem o
pátio de jardim. Figura 12 – Conjunto de Imagens do Centro de Maggie em Newcastle. Arquiteto: Ted Cullinan. Fonte: https://www.maggiescentres.org/our-centres/maggies-newcastle/architecture-and-design/
36
O Centro de Maggie de Newcastle mantém a essência de todos os outros centros ao redor do mundo ao manter que a área mais importante do projeto seja a cozinha e sua área de convivência caracterizadamente doméstica em torno de uma grande mesa de jantar.
Figura
13
–
Cozinha
de
Centro
de
Maggie
Newcastle.
Arquiteto:
Ted
Cullinan.
Fonte:
http://www.archdaily.com/415127/maggie-s-newcastle-cullinan-studio/520a468ee8e44e8d40000059_maggie-snewcastle-cullinan-studio_maggies_-paulraftery_06-jpg/
37
O edifício é organizado em forma de L, e as duas alas se encontram em uma biblioteca de pé-direito duplo com um pátio para atividades ao ar livre para onde as aberturas convergem.
Figura 14 – Planta pavimento principal de atividades de Centro de Maggie Newcastle. Arquiteto: Ted Cullinan. Imagem editada pela autora. Fonte: http://www.archdaily.com/415127/maggie-s-newcastle-cullinanstudio/520a468ee8e44e8d40000059_maggie-s-newcastle-cullinan-studio_maggies_-paulraftery_06-jpg/
38
Por sua vez, a escada que leva até o mezanino com acesso ao telhado, ganha destaque – para uso como referência projetual – por suas aberturas que se assemelham a uma estante, mas servem de ambientes íntimos para conversas particulares ou momentos de relaxamento.
Figura 15 – Conjunto de imagens da íntima com foco na escada de Maggie´s Centre Newcastle. Fonte: http://assets1.wallpaper.com/wallpaper/live/galleryimages/17053959/gallery/06_Maggies_Newcastle.jpg
39
O projeto arquitetônico é concebido como se emergisse do terreno, e a própria topografia junto do telhado verde torna-se parte do projeto. Maggie Newcastle também responde bem aos caprichos do clima e oferece um ambiente confortável durante todo ano. A cobertura mais alta está virada para a maior incidência solar, assim, toda luz absorvida é transformada em energia, fazendo com que alcance um baixo consumo de energia.
Figura 16 – Corte de Centro de Maggie Newcastle com alteração da autora. Arquitetura de: Ted Cullinan. Fonte: http://www.archdaily.com/415127/maggie-s-newcastle-cullinan-studio/520a468ee8e44e8d40000059_maggie-snewcastle-cullinan-studio_maggies_-paulraftery_06-jpg/
40
Por se tratar de uma região de inverno mais rigoroso, não somente a orientação da cobertura, mas toda a orientação do prédio busca maximizar a recepção de calor do inverno do baixo sol, sendo este absorvido pela massa de concreto pesado e mantido dentro do próprio prédio resultado conseguido pelo isolamento por espessura e os montes de terra e circundam o projeto.
Figura 17 – Demonstração dos espaços, isolamento térmico, vegetação e orientação solar de ambientes e coberturas. Imagem editada e traduzida pela autora. Fonte: http://www.edwardcullinanarchitects.com/project/maggies-newcastle
41
2.3
Considerações Finais sobre o Centro de Apoio e
Recuperação Maggie em Newcastle – Arquiteto Ted Cullinan
Para o projeto, será retirada como referência projetual a preocupação de Cullinan com a adequação de insolação no projeto, o conforto térmico e os mecanismos internos de relacionamento com o projeto, por exemplo, a criação de espaços íntimos através de vãos na escada. E fortalecer a característica doméstica do interior do projeto.
Figura 18 - Imagem de como a insolação incide pela cobertura fotovoltaica. Fonte: http://www.edwardcullinanarchitects.com/uploads/projects/Maggies_inline1.png
42
2.4
Centro de Apoio e Recuperação Maggie em Glasgow – Reino Unido – Grupo OMA
O projeto arquitetônico do Centro de Maggie localizado em Glasgow, no Reino Unido, foi idealizado pelo grupo OMA em 2008 para estar nas proximidades do Hospital Gartnavel.
Figura 19 – Centro de Maggie em Glasgow, Reino Unido. Projetado por Grupo OMA. 2008. Fonte: http://www.oma.eu/projects/2008/maggie-s-centre-gartnavel/
Este Centro de Apoio e Recuperação de Maggie, em Glasgow mantém a também característica fundamental da organização que é a de proporcionar um ambiente de apoio prático e emocional às pessoas com câncer, seus familiares e amigos; oferecendo um espaço em que as pessoas se sintam em casa, cuidadas, bem recebidas e acolhidas. 43
O grupo OMA, dos parceiros de projeto Rem Koolhass e Ellen van Loon, foi chamado pela organização dos Centros de Maggie no ano de 2007 para a realização do projeto para um novo centro, desta vez para o Hospital de Gartnavel, Escócia. Construído no ano de 2008, OMA idealizou um projeto em um único pavimento com vários espaços formados por uma sequência de figuras em forma de L que circundavam um pátio formando a espécie de um anel.
Figura 20 - Centro de Maggie em Glasgow, Reino Unido. Projetado por Grupo OMA. 2008. Fonte: http://www.oma.eu/projects/2008/maggie-s-centre-gartnavel/
44
Apesar da divisão de espaços parecer formada ao acaso o edifício é na verdade uma composição cuidadosa dos espaços, que visam responder com qualidade às necessidades para que um Centro de Maggie seja concebido. Os espaços formados pelas paredes em formas de L formam ambientes claramente distintos, mas de forma que não seja uma série isolada de quartos. Esta concepção elimina a necessidade de corredores e proporciona fluidez ao projeto.
Figura 21 - Biblioteca e espaço multiuso do Centro de Maggie em Glasgow, Reino Unido. Projetado por Grupo OMA. 2008. Fonte: http://www.oma.eu/projects/2008/maggie-s-centre-gartnavel/
A flexibilidade para de abertura dos ambientes para interior ou exterior do projeto também possibilita e formação de novos espaços mais amplos e permite que as pessoas se sintam a vontade para interagir com o espaço. Elas fazem parte do projeto e o modificam de acordo com seu desejo. Assim se identificam com o edifício e sabe que podem usufruir dele tanto de maneira
45
mais introvertida com os planos de vidro fechados, quanta extrovertida criando diálogos entre espaço interno e externo.
Figura 22 - Centro de Maggie em Glasgow, Reino Unido. Projetado por Grupo OMA. 2008. Fonte: http://www.oma.eu/projects/2008/maggie-s-centre-gartnavel/
Localizado em um ambiente natural, os ambientes lançam suas aberturas por vezes para o pátio interno e em outras para a floresta no exterior e a variação de nível é sutil acompanhando o terreno, algumas leituras o descreve como “Pavilhão na Floresta”.
46
O arranjo espacial interliga área de alimentação, escritórios, espaços de múltiplas funções e uma série de pequenas salas de aconselhamento através de fronteiras permeáveis de vidro que dão acesso ao jardim. Por se tratar de uma região com extremos de temperatura mais frios se comparado à região de Ribeirão Preto, existe uma maior preocupação em proporcionar conforto interno através de elementos com características formais mais quentes. Esta preocupação reflete-se através do teto baixo revestido em madeira, da iluminação natural intensa e constante resultante dos fechamentos em vidro.
Figura 23 - Conjunto de imagens do espaço interno do Centro de Maggie em Glasgow. Fonte: http://www.metalocus.es/content/en/system/files/file-images/ml_maggie_oma_03.jpg
47
2.5
Considerações Finais sobre o Centro de Maggie em Glasgow – Reino Unido – Grupo OMA
No novo projeto da Casa de Apoio aos Pacientes com Câncer do Hospital das Clínicas provavelmente serão agregadas enquanto referência projetual a maneira como o projeto de Glasgow se relaciona e tira partido do verde ao ser redor. Desta maneira é possível agregar ao projeto, tirando partido do aglomerado de árvores existentes na área e em diferentes níveis a paisagem que a região oferece a sensação de interação com a natureza agregando a sensação de recolhimento e liberdade que o espaço recolhido por entre árvores pode oferecer.
Figura 24 - Ligação por paredes de vidro para área externa de Maggie´s Centre em Glasgow. Fonte: http://assets.wallpaper.com/wallpaper/live/images/283_maggies_gartnavel_sa051011_f.jpg
48
2.6
Centro de Apoio e Recuperação Maggie em Fife – Escócia – Zaha Hadid. O Centro de Apoio e Recuperação de Maggie, projetado por Zaha Hadid foi
seu primeiro projeto realizado no Reino Unido, na cidade de Fife, Escócia. O projeto de 2004 entregue em novembro de 2006 está localizado nas dependências da sede do Hospital de referência Kirkcaldy ou Victoria. De modo geral a preocupação em oferecer um projeto com ênfase na transição entre o NATURAL e o ARTIFICIAL, ou mesmo entre HOSPITAL e CASA é latente. Para tanto Zaha desenvolve um projeto arquitetônico com características completamente distintas ao hospital, tirando partido do uso de vidros transparentes e translúcidos, e de uma forma similar a uma dobradura em concreto armado negro.
Figura 25 – Conjunto de imagens de Maggie´s Centre em Fife, Escócia. Projeto arquitetônico de Zaha Hadid. Fonte: http://archivoarq.clarin.com/files/fotos/1309298418_foto181_5.jpg
49
O projeto tira partido da topografia dramática do local criando um balcão em concreto (1) que parece saltar do barranco e voltar-se para toda a vegetação do bosque local (2). A base dobra para tornar-se teto e proteger do sol as fachadas com maior insolação (3).
Figura 26 - Conjunto de imagens de Maggie´s Centre, Fife, Escócia. Projeto Arquitetônico de Zaha Hadid. Fonte: http://archivoarq.clarin.com/files/fotos/1309298350_foto181_1.jpg
50
Zaha Hadid acredita que as características formais do edifício, de confrontamento externo entre duas paredes em vidro e quatro paredes principais em concreto que parecem se dobrar como um origami reforça a ideia de diferenciação com a arquitetura do hospital. As fachadas em vidro são ambivalentes, uma permite privacidade enquanto a outra se volta para a paisagem e entrada da luz natural. Internamente a essência de todos os Maggie´s Centre é mantida: o projeto é executado em escala residencial, somando são 250 m². A parte central do edifício está na cozinha aberta, possui salas para oficinas, biblioteca e uma sala de convivência e relaxamento voltada para o bosque, além de um sistema de portas e persianas de correr que permite articular os diferentes espaços, permitindo mais privacidade ou mais abertura para os outros ambientes.
Figura 27 - Planta de Maggie´s Centre em Fife. Projeto de Zaha Hadid. Imagem editada pela autora. Fonte: http://archivoarq.clarin.com/files/planos/1309298581_plano181.jpg
51
Figura 28 - Conjunto de Imagens do interior do Centro de Maggie projetador por Zaha Hadid em Fife, Esc贸cia. Fonte: http://archivoarq.clarin.com/
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O formato triangular da planta também é repetido em pequenas aberturas espalhadas pela fachada Nordeste, Noroeste e cobertura fornecendo iluminação natural e singularidade ao projeto.
Figura 29 - Conjunto de imagens com foco para as pequenas aberturas triangulares do edifício de Zaha Hadid para Maggie´s Centre. Fonte: http://archivoarq.clarin.com/
Figura 30 - Elevação Noroeste do projeto de Zaha Hadid para Maggie´s Centre. Figura editada pela autora. Fonte: http://archivoarq.clarin.com/files/planos/1309298588_plano181_0.jpg
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A elevação Nordeste mostra a fachada que fornece entrada para quem vem do estacionamento, a extensa abertura em vidro aqui é protegida pela “dobradura” formada pela extensão do telhado, que protege principalmente o ponto de entrada e mantendo a vista para quem está nas salas destinadas às oficinas e atendimentos.
Figura 31 - Elevação Noroeste do projeto de Zaha Hadid para Maggie´s Centre. Figura editada pela autora. Fonte: http://archivoarq.clarin.com/files/planos/1309298588_plano181_0.jpg
Enquanto isso na fachada sua a cobertura seleciona a entrada da luz para determinados horários, de maneira a proteger todo espaço interno que estaria completamente permeável pelo fechamento completo em vidro. Desta maneira, sala, cozinha e biblioteca mantém toda a paisagem emoldurada pela abertura completa, favorecendo a fachada que possui a vista voltada para o bosque e tirando partido do desnível em barranco do terreno.
Figura 32 - Elevação Noroeste do projeto de Zaha Hadid para Maggie´s Centre. Figura editada pela autora. Fonte: http://archivoarq.clarin.com/files/planos/1309298588_plano181_0.jpg
54
2.7
Considerações Finais sobre o Centro de Maggie em Fife, Escócia – Projeto de Zaha Hadid. Do projeto de Zaha Hadid para a organização dos Centros de Maggie
destacou-se, para levar como características ao Projeto Final de Graduação, a preocupação em oferecer um espaço que “promove” a transição entre a arquitetura de o ambiente hospitalar para um espaço de escala residencial com uma série de características e cuidados direcionados a este público específico, que são os pacientes de câncer do Hospital. Da mesma forma, propõe-se em usar como referência projetual a maneira como arquiteta tira partido do terreno com uma tipologia mais dramática projeta a fachada orientando-se para a vista exuberante, mas privativa, do bosque existente no local. Assim, o projeto deverá possibilitar visão refugiada para vista do exterior, ou seja, aproveitando da topografia local, o projeto desenvolve-se voltando suas aberturas para um aglomerado de pinheiro e um aclive acentuado que isola e dificulta a visão para o exterior.
Figura 33 - Vista para o bosque a partir do balcaneado do edifício de Maggie´s Centre. Projeto de Zaha Hadid. Fonte: https://www.maggiescentres.org/media/cache/4d/11/4d11c6f3bd563db56fa690da8f24602f.jpg
55
2.8
Considerações finais – Perspectiva Geral de Conversa entre Referências Projetuais.
A partir das três leituras projetuais destaca-se como essência nos Centros de Maggie a mesma linha de raciocínio, sendo ela mantida, indiferente da localização do edifício. Ou seja, é possível destacar itens que invariavelmente estão presentes em toda leitura projetual e deverão estar presentes na apresentação deste Projeto Final de Graduação:
O projeto deverá ser realizado com escala residencial, ou seja, adotando
padrões de medida que se assemelhem a uma residência com área interna média de 400m²;
Deverá possuir uma cozinha ampla, que permita atividades em conjunto,
interação entre pessoas, e sirva de apoio para pequenos lanches ou refeições a serem executados pelos próprios usuários;
O projeto deve possuir diferentes espaços que permitam interação entre
pessoas, mas também o recolhimento e introspecção se assim desejar o paciente.
Entretanto, cada uma das três referências lidas, especificamente, possuem características próprias de design e conceito, tendo chamado atenção e optado por estas características a serem agrupadas de maneira adequadas no novo projeto.
56
Figura 34 - Tabela de leitura das referências projetuais. Fonte: Autora.
Ou seja, como no projeto de Ted Cullinan, a preocupação com a eficiência energética em termos do excesso de insolação (como acontece na região de Ribeirão Preto) ao a falta dela (como acontece na Inglaterra) deverá estar presente, junto da criação de mecanismos de interação com o edifício, por exemplo, quando Cullinan se preocupa em projetar nichos espalhados pelo centro, até mesmo na parede que faceia a lateral de sua escada. No projeto para Casa de Apoio em Ribeirão Preto é possível observar esta leitura ao adotar amplas aberturas voltadas para área onde há proteção pela sombra dos pinheiros, artifícios arquitetônicos de proteção horizontais e verticais, como brises e paredes que se estendem do interior do projeto. O projeto do grupo OMA demonstra de que maneira é possível evidenciar a paisagem verde pré-existente e tirar partido para propiciar a interação do edifício e automaticamente de seus usuários com ela, utilizando-se assim de panos de vidro 57
quase sempre permeáveis, ou seja, que podem movimentar e criar espaços abertos para o exterior sempre que desejado, ampliando-os e permitindo a ventilação constante do projeto. Ou seja, para a edificação as maiores aberturas principais estão todas voltadas para a paisagem de pinheiros pré-existente ou para o jardim de inverno criado para trazer mais interação do projeto com uma paisagem mais natural, além da implantação de uma pérgola no final da extensão do calçamento que vai em direção ao aglomerado de pinheiros e consequentemente cria um refúgio na parte mais interna da paisagem. Zaha Hadid mantém sua linha de projetos que com design que já parece por si próprio sua assinatura. Aliando forma e função, em Maggie, ela tira partido do terreno com barranco, direciona aberturas para a paisagem desejada e preocupa-se em oferecer um local que permita um contraponto total entre ele e o hospital ao qual serve de apoio. Seu espaço permite a transição entre as duas tipologias de projeto, de maneira que intencionalmente oferece acolhimento. Este espaço de transição por si próprio já serve como apoio, permitindo em partes a mudança de humor dos pacientes, que mais dispostos também poderão usufruir com maior qualidade das propostas a serem sugeridas no projeto final que este caderna irá apresentar. Todas estas características juntas deverão ajudar a compor o projeto de Centro de Apoio e Recuperação para o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, sendo baseado nas características locais.
58
CAPĂ?TULO 3.
Entorno; Demanda
59
3.1
A Cidade de Implantação do Projeto
A área destinada ao projeto está localizada na no município de Ribeirão Preto, a noroeste do estado de São Paulo - Brasil, noroeste da capital do estado com área total de 650,955 km², sendo 127,309 km² dentro do perímetro urbano e 523,051 km² dentro da zona Rural. Fundada em 1856, Ribeirão Preto possui a população com renda per capita cerca de três vezes superior à média dos municípios brasileiros, teve população estimada em 2014 de 658.059 habitantes pelo IBGE. Entre as cidades do interior do estado de São Paulo foi o município que manteve o maior crescimento populacional (1,3%), e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) na casa de 0,8, também maior em relação ao Brasil. Sua temperatura acima da média – de clima tropical úmido – mantém a cidade sempre no ranking das cidades mais quentes do estado em diversas épocas do ano. Junto dos municípios de: Barrinha, Brodowski, Cravinhos, Dumont, Guatapará, Jardinópolis, Luís Antônio, Pontal, Pradópolis, Santa Rita do Passa-Quatro, Santa Rosa de Viterbo, São Simão, Serra Azul, Serrana e Sertãozinho, Ribeirão Preto forma a Microrregião de Ribeirão Preto, com população estimada em mais de um milhão de habitantes (1.123.155), e área total de 6.007,036 km², segundo IBGE.
60
Figura 35 – Imagem referente à localização da microrregião de Ribeirão Preto em relação ao Estado de São Paulo e ao Brasil. Fonte:http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/d/dd/SaoPaulo_Micro_RibeiraoPreto.svg/280pxSaoPaulo_Micro_RibeiraoPreto.svg.png
Em relação ao município, o projeto será realizado dentro da área do Campus da USP de Ribeirão Preto.
Figura 36 – Localização do Campus USP – Ribeirão Preto em relação ao município. Fonte da Imagem: Google Earth. Edição de localização: Autora.
61
Esta região, por sua vez está inteiramente locada dentro do subsetor O 11 segundo mapa de Setores e Subsetores fornecido pela Secretaria de Planejamento e Gestão Pública do Município de Ribeirão Preto. Já em relação ao mapa de Macrozoneamento, também da Secretaria de Planejamento e Gestão Pública, a área está localizada segundo análise da legenda a partir da leitura do mapa, na Zona de Urbanização Preferencial (ZUP), que de acordo com a Lei Complementar 2505/2012 é uma zona detentora de adequada infraestrutura e condições geomorfológicas que permitem urbanização com densidade demográfica de média a alta.
Figura 37 – Localização da área no mapa de Macrozoneamento do município de Ribeirão Preto. Imagem: Autora.
Ao realizar análise da área dentro do Mapa de Áreas Especiais do município de Ribeirão Preto é possível observar a ausência de qualquer classificação para a 62
região no âmbito desta legislação. Desta forma, foi possível concluir e identificar que esta área, por ser de controle da Universidade de São Paulo, possui legislação própria, que vai além da legislação municipal. Sendo esta também analisada em itens posteriores.
Figura 38 – Localização da área no mapa de Áreas Especiais do município de Ribeirão Preto. Imagem: Autora.
3.2
Análise do Entorno
Dentro do mesmo Mapa de Áreas Especiais do município de Ribeirão Preto (Figura 7), cedido pela Secretaria de Planejamento e Gestão Pública, porém para análise das áreas do entorno da USP é possível observar que elas estão localizadas principalmente áreas Especiais Estritamente Residenciais e áreas Especiais de Interesse Social, ocorrendo também alguns pontos de áreas de uso misto.
63
Figura 39 – Fragmento do Mapa de Áreas Especiais do Município de Ribeirão Preto mostrando o entorno da região. Fonte: Autora.
Além da análise dos mapas, mas também através de imagens e visita ao local é possível constatar que a área em estudo possui forte predominância residencial com característica bem destacada para edificações de baixo gabarito, com média de um ou dois pavimentos. É possível observar o contraste que existe entre o adensamento das edificações nas duas áreas mais próximas, a de uso estritamente residencial, bairro Cidade Universitária, menos densa e a área de interesse social, Bairro Jardim Paiva e Alto do Ipiranga, mais denso.
64
Figura 40 – Vista aérea do entorno da área com destaque para área do projeto e área de uso estritamente residencial. Fonte: Autora.
Portanto, repete-se contraste entre os perfis dos moradores, onde no primeiro existe maior concentração de pessoas ligadas à USP, principalmente repúblicas, enquanto ao redor trata-se de uma área que atende às famílias mais humildes do município. Além das atividades oferecidas pelo Campus da USP – Ribeirão Preto como: ensino superior – graduação e pós-graduação – atividades sociais, atendimento médico para casos de maior complexidade, prestação de serviços – como bancos
65
localizados no entorno – existe também a disponibilização da área do campus para caminhadas e outras atividades mediante cadastramento pessoal, a região do município também conta com outros equipamentos que atendem as regiões circundantes do campus.
Figura 41 – Fragmento do Mapa de Equipamentos Urbanos do município de Ribeirão Preto. Fonte: Autora.
No fragmento do Mapa de Equipamentos Urbanos (figura 41) é possível observar que estão implantados na região diversos equipamentos responsáveis pelo atendimento da região, são escolas de ensino de 1˚ e 2˚ graus do governo do estado, equipamentos de educação pré-escolar pertencentes/de responsabilidade do município, além de escolas de 1˚ e 2˚ graus particulares e unidades de saúde como
66
uma Unidade Básica de Saúde (UBS) na rua João Alves Pereira (Bairro Jardim Antártica). A qualidade e dimensionamento quantitativo dos equipamentos podem ser considerados como minimamente suficientes, e atendem a região com qualidade mínima necessária. Entretanto é também importante destacar que a demanda e análise mais profunda para formação da necessidade e escala do projeto arquitetônico em questão se justificará mediante a caracterização e dados do fluxo de pessoas que transitam e usufruem diariamente no Hospital das Clínicas, com foco no setor de atendimentos oncológicos.
Esta demanda, por se tratar de um hospital que atende a toda microrregião do estado de São Paulo e ainda outras cidades de fora além das pessoas residentes no próprio município descaracteriza parcialmente a análise de informações exclusivas de levantamento do entorno, tornando-se necessária uma análise mais profunda baseada em dados fornecidos do próprio Hospital das Clínicas.
67
3.3
Caracterização da Área de Projeto
O projeto arquitetônico a ser elaborado neste Trabalho Final de Graduação está, portanto, inserido dentro da área pertencente à instituição de ensino e pesquisa USP, campus de Ribeirão Preto.
Figura 42 – Vista aérea do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. Fonte: http://www.hcrp.fmrp.usp.br/sitehc/ Acessado em 18/09/2014
Trata-se de uma área disponível próxima a entrada do Hospital das Clínicas, não excedendo o limite aproximado de 500m de caminhada estipulado pela autora, entendendo que assim a área se mantém acessível também através de pequenas caminhadas entre o local de tratamento (Hospital das Clínicas) e o projeto arquitetônico, localizado, portanto, ao lado do estacionamento principal de pacientes e funcionários. 68
Figura 43 – Vista aérea da região do terreno para projeto com terreno em destaque. Fonte da Imagem: Fonte: http://www.hcrp.fmrp.usp.br/sitehc/ Acessado em 18/09/2014
O terreno está localizado em área bastante arborizada – no cruzamento das ruas Prof. Hélio Lourenço e Tenente Catão Roxo – de controle da USP, próximo, à área destinada à construção do Parque Linear do Córrego dos Campos e da Avenida Parque do Córrego Santa Adelaide. Com acesso viário feito pela via expressa (segundo Mapa Viário de Hierarquia Física em anexo ao Plano Diretor do município) Avenida Bandeirantes, também pelas Avenidas do Café e Governador Lucas Nogueira Garcez (que também faz acesso/pertence ao bairro Cidade Universitária) que é por onde passa a maioria dos ônibus.
69
Figura 44 – Fragmento do Mapa Viário de Hierarquia Física do município de Ribeirão Preto (Implantadas e Previstas).
Já observando as instalações mais próximas à área é possível destacar o Centro de Reabilitação, Bancos, o Hemocentro, Pontos de ônibus (um menor e mais precário, porém com cobertura e bem identificado na própria calçada do terreno e outro ponto de ônibus mais próximo ao acesso do Hospital das Clínicas, com maior adensamento de pessoas e alto fluxo de ônibus, maior estrutura física, mais indicações, uma banca de jornal e uma cabine de informações), Escola de Enfermagem e outras instalações da própria USP; como é possível observar nos esquemáticos a seguir. 70
Figura 45 – Esquemático referente à localização das instalações do entorno do terreno. Fonte: Autora.
71
Figura 46 - Esquemático referente à localização das instalações do entorno do terreno. Fonte: Autora.
72
Figura 47 - Esquemático referente à localização das instalações do entorno do terreno. Fonte: Autora.
73
O terreno possui área parcialmente coberta por um aglomerado de árvores da espécie Pinus (Pinheiros), que será mantida completa ou parcialmente e utilizada como condicionante do projeto em sua maior parte. Segundo código ambiental desenvolvido pela própria CMA da USP (comissão do meio ambiente da USP) fica estipulado que para cada árvore com diagnóstico sadio que seja extraída outras vinte e cinco deverão ser plantadas em novas áreas.
Figura 48 – Imagem aérea de aproximação do terreno em relação ao Campus da USP. Fonte da imagem editada: Autora.
Entretanto, por se tratar de uma espécie de crescimento rápido e abundante, a área, apesar de ter identificada a aglomeração de pinheiros, está definida como área edificável.
74
Segundo análise do mapa do plano diretor pertencente à instituição a área não é considerada em nenhuma instância em qualquer grau de proteção ambiental, devendo ser levado em consideração apenas o manejo das árvores pré-existentes registradas neste trabalho.
Figura 49 – Fragmento aproximado para área do terreno do Mapa do Plano Diretor do Campus USP – Ribeirão Preto. Fonte: Autora.
Nas imagens seguintes é possível observar mais claramente o aglomerado de árvores Pinus existente no terreno.
75
Figura 50 – Conjunto de imagens referente à localização do terreno e árvores existentes. Fonte: Autora.
76
Figura 51 - Imagem referente à localização do terreno e árvores existentes. Fonte: Autora. E Imagem referente ao terreno e o aglomerado de árvores. Fonte: Google street view.
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3.4
Mobilidade Urbana 3.4.1 Sistema Viário
A área que será destinada ao projeto encontra-se próxima a duas importantes vias da região que são utilizadas como acesso: Avenida Luigi Rosiello e Avenida Governador Lucas Nogueira Garcez. Elas dão acesso às vias da área de USP por onde se tem acesso ao terreno.
Figura 52 – Imagem aérea do entorno e seus principais acessos em destaque. Fonte da imagem editada: Autora.
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Na imagem aérea a seguir é possível visualizar os nomes das principais via de acesso citadas acima.
Figura 53 - Imagem aérea do entorno e os nomes dos principais acessos em destaque. Fonte da imagem editada: Autora.
O acesso à área é realizado, portanto por estas ruas e avenidas. As avenidas estão em bom estado, a identificação do local é adequada e possui bastante placas de orientação.
79
Figura 54 – Rua Prof. Hélio Lourenço de acesso ao Hospital das Clínicas. Fonte: Autora.
Já a Rua Tenente Catão Roxo imediatamente a frente do terreno é uma via de mão dupla, bastante utilizada por carros, vans e ônibus de outros municípios que vêm trazendo pacientes e ficam paradas no estacionamento localizado logo a frente da área.
Figura 55 – Imagens referentes respectivamente à área do estacionamento livre e ao acesso do mesmo estacionamento. Fonte: Autora.
80
Esta via em relação às outras é a que está em pior qualidade, sendo que o acesso ao estacionamento é feito sem calçamento, com uma pequena quantidade de pedras de basalto comumente utilizadas em construções e em seguida a área onde os veículos ficam estacionados com o chão todo em terra.
3.4.2 Linhas de Transporte Coletivo No
município
de
Ribeirão
Preto,
o
transporte
coletivo
é
de
responsabilidade da empresa RITMO, e através da página web da empresa, portal do sistema ponto a ponto é possível descobrir com facilidade quais linhas de ônibus circulam pela região e qual caminho elas fazem. A área escolhida para projeto é atendida por uma farta quantidade de ônibus, justificada pela demanda que o campus da USP e o Hospital das Clínicas ocasionam, são todos os dias milhares de estudantes, funcionários, médicos, pacientes, familiares e visitantes circulando todos os dias na região.
Figura 56 – Tabela referente aos códigos e nomes das linhas de ônibus que passam na área de projeto. Fonte: Ribeirão Ponto a Ponto.
81
Todas as linhas são com veículos adaptados e abrangem todas as regiões de Ribeirão Preto, mas atendem principalmente as regiões norte, oeste e central do município contando inclusive com uma linha própria de percurso mais reduzido, com foco no Hospital das Clínicas.
As linhas que passam pela área são: N 207 – Hospital das Clínicas; N 307 – Cidade Universitária; N 370 Jd. Recreio; U 199 – Circular 1; U 299 – Circular 2; U 399 – Circular 3; U499 Circular 4; V 178 – D. Mielle – HC; V 187 – Heitor Rigon – HC e V 217 – Quintino – HC.
Figura 57 – Imagem esquemática para visualização das regiões atendidas pelas linhas de ônibus que passam pela área de projeto. Fonte: Ribeirão Ponto a Ponto com interferência da Autora.
82
Além de bem servida de linhas de ônibus a região conta com alta concentração de pontos também. Cada um deles possuem características específicas e apesar de não oferecer conforto adequado, são em sua maioria cobertos, com assento e placas de identificação das linhas que passam no local.
Figura 58 - Localização dos pontos de ônibus no entorno da área de Projeto. Imagem: Google Earth. Com Interferência da Autora.
83
Nas imagens a seguir é possível visualizar a situação atual dos pontos mais próximos à área, todos na Rua Prof. Hélio Lourenço, que também dá acesso ao Hospital das Clínicas e à USP.
Figura 59 – Ponto de ônibus principal da rua Prof. Hélio Lourenço. Fonte: Autora.
O ponto de ônibus principal da rua Prof. Hélio Lourenço é aquele mais próximo à guarita de acesso ao campus da USP e também mais próximo ao acesso do próprio Hospital das Clínicas.
84
Possui a maior estrutura física, que inclui cobertura mais ampla, lixeira, sinalização, áreas de acento, banca de jornal e um posto da própria empresa de ônibus onde é possível recarregar o cartão do transporte. Nele também é possível observar o maior fluxo de veículos do transporte coletivo como o maior fluxo de pessoas entre os outros pontos da região. O ponto de ônibus observado abaixo está localizado na quadra da região onde estão instalados os edifícios de prestação de serviços bancários. Ele possui cobertura, acentos, sinalização e na frente ainda é possível observar a existência de uma ciclovia de mão dupla.
Figura 60 – Ponto de ônibus rua prof. Hélio Lourenço. Fonte: Autora.
85
O ponto de ônibus da próxima foto está localizado está localizado quase à frente ao edifício onde funciona o Hemocentro, e está do lado oposto da rua em relação ao projeto.
Figura 61 - Ponto de ônibus rua prof. Hélio Lourenço. Fonte: Google Earth.
86
Figura 62 - Ponto de ônibus rua prof. Hélio Lourenço. Fonte: Google Earth.
Já o ponto de ônibus acima, trata-se do ponto imediatamente à frente à área destinada ao projeto (que é possível ver ao fundo), possui cobertura, bancos, e sinalização referente às linhas de ônibus que circulam no local. De maneira geral, devido à alta demanda a região conta com boa estrutura de transporte público, possui pontos de ônibus que atendem às necessidades dos usuários oferecendo bancos, sinalização e o mínimo de sombra em todos eles.
87
3.4.3 Sistema Cicloviário Implantado em 2007, o plano viário de Ribeirão Preto conta com um Mapa de hierarquia cicloviária que estipula uma série de ciclovias e ciclofaixas a serem implantadas. Entretanto atualmente o município conta com uma quantidade implantada bastante inferior ao desejável, sendo que várias nem ao menos funcionam de maneira fixa, já que a maior parte do circuito é montada apenas aos finais de semana e atendem apenas a ciclistas de passeio.
Figura 63 – Fragmento do mapa de hierarquia cicloviária com foco no entorno da área de projeto.
Na imagem aérea a seguir é possível observar parte do circuito de ciclovias e ciclofaixas que funcionam em Ribeirão Preto aos finais de semana.
88
Figura 64 – Vista aérea distante do entorno do projeto para visualização da malha cicloviária completa. Fonte: Google Mapsengine. Com alteração da autora.
Entretanto na malha viária implantada na área de propriedade da USP é possível observar já instaladas e em funcionamento algumas áreas com ciclovias mão dupla, sinalizadas e pintadas. Apesar de ainda possuir pouca quantidade instalada e a identificação no solo não ser de grande destaque, é possível perceber já um ensaio de implantação, mesmo que por iniciativa da própria instituição, onde principalmente tratando-se de uma área de circulação de jovens universitários possui grande potencial de uso.
89
Figura 65 – Imagem para destaque da ciclovia instalada em frente aos edifícios de prestação de serviços (bancos) no entorno da USP. Fonte: Autora.
Figura 66 – Imagem para destaque das ciclovias instaladas no entorno do campus da USP. Fonte: Autora.
90
3.5
Caracterização do Campus da USP – Ribeirão Preto 3.5.1 Aspectos Históricos
O Universidade de São Paulo – Campus Ribeirão Preto (USP-RP) ocupa hoje a antiga área da Fazenda Monte Alegre. A Fazenda foi formada pelo plantador de Café, criador de gado e comerciante de escravos: João Franco em 1874. Já no ano de 1890, problemas políticos e de saúde fizeram com que João Franco abrisse mãos das terras e as vende-se ao imigrante alemão Francisco Schmidt, este, comerciante de café e de secos e molhados. Por volta de 1913, década de 20 do século passado, Schmidt já era considerado como um dos maiores produtores de café em escala mundial, sendo intitulado “Rei do Café”. As terras foram desapropriadas para a implantação da Escola Prática de Agricultura Getúlio Vargas somente em 1940, sendo desativada em 1948, sendo criada no local a primeira unidade de ensino do Campus USP, a Faculdade de Medicina, que passa a iniciar suas atividades em 1952. Assim, com o passar dos anos, outros institutos como a Faculdade de Farmácia e Odontologia (FORP, criada em 1924) passam a ser incorporados ao Campus. Já em 1986, é criada a PCARP (Prefeitura do Campus Administrativo de Ribeirão Preto), tornando-se responsável pela: infraestrutura, setores de serviços e administrativos. Em 1992 é criado o curso de Economia, Administração e Contabilidade da USP em Ribeirão Preto, utilizando-se do corpo docente da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP São Paulo (FEA) e a Faculdade criada em 2002, a FEARP/USP. 91
Também em 2002, mas ainda sob os moldes da Escola de Comunicação e Artes - ECA/Campus USP São Paulo – é criado o curso de música. Crescendo ano a ano a quantidade de cursos dentro do Campus. O aspecto histórico do campus também é bastante significativo pois possuí diversos patrimônios históricos tombados pelo CONDEPHAAT, como algumas áreas verdes, sistema viário projeto nos anos 40, o Museu Histórico Municipal e edificações remanescentes do período da Fazenda Monte Alegre, cujo alguns passam atualmente por restauração.
3.5.2 Aspectos Ambientais Além do caráter acadêmico, o Campus da USP Ribeirão Preto, possui condição ecológica particular, suas áreas verdes naturais e artificiais inspiram cuidados especiais, já que possuem grande significado para a manutenção da diversidade biológica regional e nacional. Segundo o Relatório de Qualidade Ambiental do Estado de São Paulo, o município de Ribeirão Preto conta com aproximadamente 3,3% de vegetação nativa natural, sendo que o mínimo previsto em lei federal seria a manutenção de 20%. O campus da USP de Ribeirão Preto também está incluído no domínio da Mata Atlântica: “Por estar incluído no domínio da Mata Atlântica, de acordo com o Decreto Federal n˚. 750, de 10/2/1993, campus da USP de Ribeirão Preto é também considerado como “um espaço territorialmente protegido”, juntamente com o Bosque Municipal Fabio Barreto, Morro do Cipó, Mata de Santa Tereza e matas ciliares do município, de acordo com o parágrafo 1˚. /do Capítulo IV do Meio Ambiente, dos Recursos Naturais e do Saneamento Ambiental, da Lei Orgânica Municipal, de 5/4/1990.” Segundo comissão do Meio Ambiente da USP, link: http://ccrp.usp.br/pages/cma/missao.asp
92
É também considerado como “sitio significativo” segundo o Código Municipal do Meio Ambiente, Lei complementar n˚1616 de 9/1/2004, estando sujeito a restrições de uso, assim como sujeito a restrições antrópicas, em relação ao saneamento. No final de 1999, a PCARP (Prefeitura do Campus Administrativo de Ribeirão Preto) fora autuada pela Polícia Florestal e de Mananciais em decorrência de manejos inadequados de algumas áreas verdes e algumas queimadas, motivando então a criação da Comissão de Meio Ambiente (CMA), com a finalidade de monitorar o patrimônio arbóreo-florestal do Campus.
3.5.3 USP Ribeirão Preto em Números O campus USP de Ribeirão Preto, localizado na área da antiga Fazenda Monte Alegre possui área de terreno total de 5.746.368,00 m² (5 milhões 746 mil e 368 metros quadrados), sendo que área edificada totaliza 219.123,79m² (219 mil e 123 metros quadrados). Nesta área, no ano de 2013 o Campus USP de Ribeirão contava com cerca de 30 cursos de graduação, 54 de mestrado e 44 de doutorado, totalizando 6.530 alunos de graduação e 3.880 de pós-graduação (segundo tabela 1.03 de indicadores importantes que caracterizam as Unidades da USP, distribuídas por Campus), estando os cursos distribuídos nas áreas de ciências biológicas, exatas e ciências humanas, totalizando oito unidades de ensino e pesquisa (segundo relatório anual de atividades de 2013 fornecido pela Prefeitura do Campus USP de Ribeirão Preto). 93
3.5.4 Hospital das Clínicas em Números Só no município de Ribeirão Preto, no ano de 2013, foram realizados 38.232 procedimentos oncológicos (registrados no relatório anual da secretaria municipal da saúde). Grande parte destes procedimentos acontece no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (HCFMRP-USP). O HCFMRP-USP é uma autarquia pública estadual vinculada à Secretaria do Estado da Saúde de São Paulo e associado à Universidade de São Paulo; ele proporciona assistência à saúde em nível ambulatorial e hospitalar de alta complexidade, trata-se de um “Hospital de Nível Terciário”, pelo Sistema Único de Saúde – SUS – para região Nordeste do Estado de São Paulo (que engloba cerca de quatro milhões de habitantes), designado a cuidar de pacientes - encaminhados até ele através de outras unidades de atendimento - portadores de doenças complexas que não puderam ser resolvidas nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) de sua localidade. A estrutura total do HCFMRP-USP oferece atualmente 704 leitos, entre ele: leitos gerais, de UTI, de recuperação, de Hospital-Dia e particulares (1). Esta quantidade de leitos oferecidos atendeu apenas no ano de 2013 o total de 26.151 internações
(2),
sendo a grande maioria oferecida ao Sistema Único de Saúde (SUS), a particulares e conveniados a percentagem de 3% do total de internações
(3).
Dos pacientes do
hospital, 74,5% residem no município de Ribeirão Preto, 21,3% residem dentro da região atendida, e o restante vem de fora do estado de São Paulo (3). Dentro do recorte do setor oncológico para atendimentos dentro do HCFMRP-USP, é possível verificar valores totais para o ano de 2013, como: 7.964 consultas oncológicas radioterapia
(5),
(4);
413 internações apenas no setor
(5),
96.953 aplicações de
além de 400 aplicações mensais de quimioterapia, segundo dados 94
retirados do site do ONCO, referente ao Setor de Oncologia Clínica do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de medicina de Ribeirão Preto
(6).
Portanto, em média
são 20 aplicações diárias de quimioterapia e 150 pacientes também diários para aplicação de radioterapia, com previsão para expansão de atendimento em 2015 com a instalação de mais uma máquina para o procedimento.
3.5.5 Demanda Fazendo um recorte para a demanda dentro do setor oncológico do Hospital das Clínicas (HCFMRP-USP), é possível verificar valores totais para o ano de 2013, como: 7.964 consultas oncológicas
(4);
96.953 aplicações de radioterapia
além de 400 aplicações mensais de
(5),
413 internações apenas no setor
(5),
quimioterapia, segundo dados retirados do site do ONCO, referente ao Setor de Oncologia Clínica do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de medicina de Ribeirão Preto (6). Portanto, em média são 20 aplicações diárias de quimioterapia e 150 pacientes também diários para aplicação de radioterapia, com previsão para expansão de atendimento em 2015 com a instalação de mais uma máquina para o procedimento.
São atendidos, portanto, cerca de 170 pessoas já em tratamento oncológicos, e aproximadamente 30 consultas diárias com médicos da área, totalizando em média 200 pessoas ao longo de um dia de funcionamento completo (das 8:00 as 18: hras). (1)
Segundo “Relatório de Atividades 2013” do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto. Pág. 47
(2)
Segundo “Relatório de Atividades 2013” do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto. Pág. 55
(3)
Segundo página eletrônica do setor de oncologia do hospital. Acessado em: 17/09/2014.
Link: http://oncologia.fmrp.usp.br/index.php?option=com_content&view=article&id=4&Itemid=
95
A partir da compreensão que temos uma média de passagem de 20 pessoas por hora para o local, os gráficos a seguir apontam para uma caracterização mais precisa deste público. Quanto a idade (faixa etária), o gráfico a seguir torna possível identificar que quase a totalidade de pacientes são adultos acima de 31 anos.
Faixa etária da população em tratamento oncológico atendida pela ABRAPEC - Ribeirão Preto em 2011
18 a 30 - 4% 31 a 50 - 18% 51 a 65 - 42% 66 a 75 - 22% acima 76 - 14%
Figura 67 - Gráfico referente à faixa etária da população em tratamento oncológico, atendidas pela ABRAPEC, no município de Ribeirão Preto. Fonte de Dados: Página web ABRAPEC. Acessado em 23/09/2014. Link: http://www.abrapec.org/index.php/servicos/graficos Geração do Gráfico: Autora.
96
Através da visualização do gráfico de gêneros é possível observar o equilíbrio com que ocorrem os casos de câncer em ambos os sexos. A maior quantidade de mulheres sendo atendidas pode ser resultante da maior ocorrência em mulheres, ou resultante de uma procura maior por médicos pelas mulheres já nos primeiros sintomas das doenças, ou ainda se considerarmos que o número delas é maior na cidade. De qualquer forma, o público que é encaminhado para o tratamento no Hospital das Clínicas de Ribeirão é basicamente equilibrado no que se refere à gênero.
Gênero da população em tratamento oncológico atendida pela ABRAPEC - Ribeirão Preto em 2011
feminino - 55% masculino - 45%
Figura 68 - Gráfico referente ao gênero da população em tratamento oncológico, atendidas pela ABRAPEC, no município de Ribeirão Preto. Fonte de dados: Página web ABRAPEC. Acessado em 23/09/2014. Link: http://www.abrapec.org/index.php/servicos/graficos Geração do Gráfico: Autora.
97
Em seguida, é possível fazer um detalhamento ainda maior em relação aos tipos da doença que mais afetam as pessoas atualmente.
Ocorrência dos tipos de câncer entre pacientes atendidos pela ABRAPEC - Ribeirão Preto em 2011 mama - 25% próstata - 11% pele - 7% linfoma - 4% reto/intestino - 8% estômago - 6% esôfago - 4% fígado - 1% cabeça/pescoço - 17% rim - 1% cerebral - 2% tireóide - 1% leucemia - 1% ovário - 1% pulmão - 3% útero - 3% mieloma - 2% bexiga - 1% outros - 2% Figura 69 - Gráfico referente aos tipos de câncer que mais atingem a população atendida pela ABRAPEC, no município de Ribeirão Preto. Fonte de dados: Página web ABRAPEC - Acessado em 23/09/2014 Link: http://www.abrapec.org/index.php/servicos/graficos Geração do Gráfico: Autora.
98
Assim é possível tirar conclusões como: Apesar da quantidade de mulheres em tratamento ser maior que a quantidade de homens (também em tratamento) os valores são bastante equilibrados. É possível perceber também que a grande maioria dos pacientes são adultos, principalmente na faixa etária dos 51 aos 65 anos, ou ainda, se considerar (qualquer gênero) acima dos 31 anos estes serão 96% do total de pessoas em tratamento; sendo que mais da metade dos pacientes (53%) estão enfrentando: ou o câncer de mama (25%) ou câncer de cabeça e pescoço (17%) ou o câncer de próstata (11%).
Desta forma, é possível caracterizar genericamente que a maioria das pessoas a serem atendidas pelo projeto arquitetônico são adultos, com idade entre 31 anos e entrando na terceira idade, divididos quase que equilibradamente entre homens e mulheres e lutando contra o câncer de mama, cabeça, pescoço ou câncer de próstata.
99
CAPÍTULO 4. Diretrizes – Área de Projeto 100
4.1
Condições Geográficas da Área de Projeto 4.1.1 Clima e Ventos Dominantes
É comum encontrar reportagens tratando do calor pelo qual o município de Ribeirão Preto passa na maioria dos dias do ano, isso porque, Ribeirão possui como clima característico o Tropical Úmido, caracterizado por duas estações definidas pelo verão chuvoso e pelo inverno bastante seco. A temperatura média alcançada durante os meses de verão é de 32˚C com picos de superiores a 40˚C, índices pluviométricos de 200 mm/mês e umidade relativa do ar que pode chegar até 70%. Já nos invernos secos, mesmo a temperatura não sendo extremamente baixas, as mínimas podem chegar a 16˚C, índices pluviométricos que se mantém entre 20 e 30 mm/mês e umidade relativa do ar que geralmente não passa de 40%. Segundo o sistema de classificação de Köppen, Ribeirão Preto está inserido na modalidade Aw: clima tropical com estação seca no período de Sol baixo, e dias mais curtos. Já em relação aos ventos entende-se que predominante no município, em qualquer época do ano eles mantém a direção origem Sudeste, mais precisamente: Leste-Sudeste segundo informações da base de monitoramento do Aeroporto Leite Lopes fornecidas ao Windfinder e recolhidas pela autora no site.
101
Figura 70 – Tabela referente à direção, velocidade dos ventos e temperatura média ao longo do ano no município de Ribeirão Preto. Fonte: Adaptada da original do Windfinder pela autora.
Em relação à direção e velocidade dos ventos, o gráfico anual gerado pelo órgão de monitoramento (localizado na região do aeroporto do município, local de edificações com baixos gabaritos e plano) reforça a informação da tabela acima. Os ventos, ao longo do ano mantém-se predominantemente na direção origem SUDESTE, ou seja, LESTE-SUDESTE.
Figura 71 – Gráfico de velocidade e direção média de ventos no município de Ribeirão Preto. Fonte: http://pt.windfinder.com/windstatistics/ribeirao_preto?fspot=aeroporto_ribeirao_preto_sbrp Acessado em: 12/11/2014
102
Portanto, a partir da análise das informações anteriores é possível gerar um gráfico comparativo entre a velocidade dos ventos e a temperatura encontrada ao longo do ano no município de Ribeirão Preto.
Figura 72 – Gráfico comparativo de velocidade de ventos e temperatura durante todos os meses do ano no município de Ribeirão Preto. Fonte: Autora.
Observando o gráfico comparativo (Figura 72), entende-se, portanto que Ribeirão Preto ao longo do ano possui ventos que mantém uma velocidade média entre 11 e 13 km/h com um pouco mais de velocidade durante os períodos de maior temperatura, mas mantendo a pouca quantidade de ventos e variação de velocidade o que colabora para a manutenção do clima quente da cidade.
103
4.2
Análise de Insolação
A análise de insolação pretende colaborar para a obtenção dos requisitos básicos arquitetônicos que serão necessários para seu controle, entendendo que por se tratar de uma região de alta insolação seu controle é fundamental para a eficiência deste projeto e qualquer outro. A partir da localização geográfica do terreno, obtemos algumas direções para as quais as fachadas serão voltadas e quais tipos de materiais e/ou aberturas poderão ser trabalhadas. É importante destacar que apesar das análises de regiões de maior insolação e ventos, as características do próprio terreno (como as árvores) interferem nestas características, pedindo até menos artifícios arquitetônicos em possíveis locais de alta insolação, não fosse a proteção da sombra das árvores.
Figura 73 – Representação gráfica de direção e insolação de fachadas na área. Fonte: Autora.
104
Fachada Oeste: As fachadas voltadas para a direção oeste serão as mais críticas, recebendo alta radiação ao longo de todo ano, desta maneira é essencial o uso de artifícios arquitetônicos para sua proteção. Também segundo aconselhamento do código de obras da USP, fachadas como esta deverão ser cegas dependendo do uso que os ambientes ser destinam. Fachada Noroeste: As fachadas voltadas a noroeste recebem insolação alta, mas com maior intensidade durante o Sol alto da tarde, necessitando, portanto de proteção vertical e horizontal. Fachada Norte: A fachada norte recebe radiação solar de grau moderado a alto, dependendo da estação do ano. Assim. No Outono e Inverno que o Sol está mais baixo no horizonte, estas fachadas deverão receber proteção horizontal e vertical. Fachada Nordeste: As fachadas que por ventura ficarem voltadas para a direção nordeste terão a insolação incidente ainda intensa, pois recebe a irradiação solar ainda ascendente e caminhando lateralmente em direção a pino. Desta forma solicita tanto proteção arquitetônica externa vertical quanto horizontal, protegendo do sol já baixo e lateral.
105
Fachada Leste: No terreno de projeto, dependendo da localização deste tipo de fachada voltado a leste, esta, já receberá por si só a proteção do aglomerado existente de árvores Pinus, entretando, àquelas fachadas que direcionadas à esta direção não receberem esta proteção receberão radiação solar moderada, variando um pouco dependendo da época do ano. Entretanto, trata-se de uma fachada que solicita o mínimo de interferência, já que estas aberturas, no momento de maior incidência solar podem tirar proveito da iluminação natural do nascer do Sol. Fachada Sudeste: As fachadas sudeste estão entre aquelas que recebem menor incidência solar, já que toda insolação é recebida apenas no Sol nascente, fazendo com que seja possível a aplicação mais intensa de amplas aberturas e panos de vidro como fechamentos externos. Fachada Sul: A fachada sul receberá a menor radiação durante o ano, recebendo um pouco mais (mas ainda em grau leve) de radiação no período do verão. Portanto, nenhuma instalação de proteção faz-se necessária, possibilitando também a aplicação de amplas aberturas. Fachada Sudoeste: Diferente das fachadas Sul e Sudeste, a fachada voltada a Sudoeste solicita a aplicação de proteções no sentido vertical. Estes solicitados pela incidência da luz solar que predomina em altura baixa, no período da tarde, entre 15 e 18 horas.
106
4.3
Legislação relevante ao local
Para identificação de legislações e normas existentes para a área foram coletadas desde aquelas válidas para ao município até chegar naquelas específicas da Universidade, passando pelas características ambientais, de saúde e acessibilidade. Portanto, vários itens foram apontados para a realização do projeto, adotando enquanto parâmetros legislativos, principalmente:
Plano
Diretor
de
Ribeirão
Preto:
para
identificação
de
características da área em diversos aspectos; Código de obras da cidade (posteriormente substituído pelo próprio código da USP); A norma RDC 050: adotada para dimensionamento básico de áreas específicas (como sala de observação) da arquitetura hospitalar; O mapa e Plano Diretor desenvolvido pela própria instituição de ensino para a sua área; O guia de Diretriz Ambiental da USP Ribeirão Preto; Diretrizes Gerais de Projeto – Anexo 1 . Implantação de Edifícios – fornecido pela Superintendência do Espaço Físico da Universidade de São Paulo; O código dos bombeiros; E a NBR 9050 referente às normas da ABNT para acessibilidade em projeto arquitetônico.
107
A partir deste ponto a USP estabelece em relação aos recuos e posicionamento: Recuo mínimo entre prédios de 3 metros para passagem livre de pedestres com condições de ventilação e iluminação adequadas; Em relação a vias principais de acesso o recuo deverá respeitar um espaço de 15 metros até o edifício; Em relação a vias locais deverá ser considerado um recuo mínimo de 10 metros até o edifício; O recuo em relação à altura do edifício é calculado pela fórmula:
r> ou 2/3 h e no mínimo 5 metros (sendo r = recuo e h = altura)
Em relação à “implantação ótima” considerada pela USP as faces predominantes do edifício (faces na direção do comprimento) serão paralelas à linha EO, resultando em fachadas para Sul e Leste.
108
4.4
Caracterização da Área
A área de projeto por não se tratar de uma resultante de parcelamento do solo e de difícil medição in loco teve suas medidas adotadas retiradas, a partir do Plano Diretor do Campus USP Ribeirão Preto, e aproximadas. Atualmente sua topografia está aparentemente nivelada e com terraplenagem realizado em toda área edificável. Como é possível observar nas imagens abaixo.
Figura 74 - Conjunto de imagens que mostram a topografia do terreno voltado para a Rua Professor Hélio Lourenço. Fonte: Google Streetview. Seleção: Autora.
109
Externa a área edificável existe um desnível acentuado com cerca de 25% de aclividade na Rua Prof. Hélio Lourenço em direção para dentro do terreno, e 25% de declive em relação à Rua Ten. Catão Roxo também em direção para a área interna do terreno. Como é possível ver nas imagens da página anterior.
Figura 75 – Esquema de caracterização da área. Fonte: Autora.
110
A área aproximada é, portanto de 4.800m² e a área edificável será de 3.200m² (~66% do espaço) considerando neste valor a área total incluindo as árvores pré-existentes. Se considerarmos as medidas aproximadas do terreno teremos que cerca de 2/3 de sua área total edificável seja realmente livre e o restante (1/3) será de reserva das árvores pré-existentes. Em metros quadrados seria o equivalente à: 2.134 m² de área livre para edificação; 1.066 m² de ocupação das árvores pré-existentes.
Figura 76 - Marcação de área edificável livre no terreno para projeto. Fonte: Autora
111
4.5
Programa de Necessidades
Entendendo a essência dos Centros de Maggie em oferecer atividades como cursos, sessões de alongamento, relaxamento, atividades ao ar livre, acesso à internet, biblioteca, cozinha e aliando aos programas interdisciplinares já existentes dentro do HC para estes pacientes em específico, como: aula de culinária leve que facilitam a ingestão de alimentos nos dias após a quimioterapia, atividades de fisioterapia, aconselhamento e atendimento psicológico, foi possível definir o seguinte programa de necessidades.
Figura 77 – Imagem referente ao programa de necessidades gerado para o projeto. Fonte: Autora.
112
4.6
Estimativa de Áreas
A partir da percepção que o projeto exige dimensões que se aproximem a escala residencial, este projeto resultará em um total de áreas internas que irá de 300 m² a 400 m². Mesmo que os terrenos (assim como o selecionado para desenvolvimento deste trabalho) possuam dimensões muito maiores e cercam os projetos gerando interação, vistas e conforto tanto visual, introspectivo quanto de controle da insolação. O projeto terá áreas estimas então em:
Figura 78 - Tabela referente a estimativa de metragem (áreas) para projeto. Fonte: Autora.
113
4.7
Fluxograma
O fluxograma visa demonstrar algumas direções e organização a ser tomada de um ambiente à outro, qual sua escala em termos de facilidade de acesso e processo de conhecimento do interior do projeto.
Figura 79 – Fluxograma gerado a partir do programa de necessidades e diretrizes de projeto. Fonte: Autora.
114
CAPÍTULO 5. 115
O Projeto
5.1
Justificativa
Todos os anos, milhares de pessoas recebem o diagnóstico de câncer, provavelmente um dos diagnósticos mais difíceis de serem recebidos e muitas vezes carrega a certeza de um tratamento longo, doloroso, repleto de reações e incertezas. Estas pessoas, que passando por um período de difícil adaptação, fazem do hospital sua rotina mensal, semanal, ou até mesmo diária, dentro de um período de luta, necessitam tanto de apoio social, quanto emocional e prático. Este trabalho tem como foco, aliar diferentes ideais (como citados acima) e disciplinas para contribuir à melhor qualidade de vida, descaracterizando o ambiente hospitalar e criando um ambiente assistencial em contraponto à dificuldade da realidade (necessária) hospitalar, projetando um ambiente arquitetônico “de cuidar” em diferentes esferas, englobando, ampliando e dignificando a cada passo, mais projetos de humanização hospitalar que começam a fazer parte do hospital. Este espaço entende a necessidade de compreensão e consideração das limitações humanas neste período de enfermidade, e busca atender a necessidade de oferecer um espaço que garanta a possibilidade do desenvolvimento de uma melhor qualidade de vida.
“Eu sustento que a única finalidade da ciência está em aliviar a canseira da existência humana”. Bertolt Brecht, dramaturgo e poeta alemão (1898-1956).
116
5.2
Objetivo Geral
O objetivo geral para a produção deste objeto é, portanto, a realização de um projeto arquitetônico que através de qualidades formais de humanização do espaço apoiado nos conceitos básicos do conforto físico e psicológico, aliado a uma estrutura funcional se adeque harmonicamente na obtenção de um espaço de hospitalidade doméstica, com capacidade informativa, contemplativa, sensorial e emocional. O projeto não visa à cura, mas o fornecimento de meios para a contribuição e apoio ao tratamento, garantia de realização adequada além de apoio físico e emocional. Parte então de um ideal de projeto arquitetônico para ser receptivo, sereno e irreprimível. O ambiente deve ser favorável, oferecer segurança em um espaço de propósito conjunto que através do uso da forma como instrumento permite oferecer características de identificação pessoais aliando-se aos três princípios básicos da oncologia: curar e devolver o paciente à sociedade, longa remissão e satisfatória (na preocupação de manter o paciente otimista na maior parte do tempo) controlando a doença e seus sintomas com o uso correto das terapias, e o terceiro princípio que está na melhora de vida do paciente. “Quanto mais influência pudermos exercer pessoalmente sobre as coisas à nossa volta, mais nos sentiremos emocionalmente envolvidos com elas, mais atenção daremos a elas e mais inclinados estaremos a trata-las com cuidado e amor. Só podemos desenvolver afeição pelas coisas com as quais nos identificamos – coisas sobra as quais podemos projetar nossa própria identidade e nas quais podemos investir tanto cuidado e dedicação que elas se tornam parte de nós mesmos, absorvidas pelo nosso próprio mundo pessoal.” HERMAN HERTZBERGER. Lições de Arquitetura. 1996.
117
5.3
Objetivo Específico
Para atingir o objetivo geral do projeto proposto se faz necessário o entendimento básico sobre o câncer, os tratamentos e duração aliado às necessidades e caracterização de quem são estes pacientes. Entender a problemática gerada no paciente e na estrutura familiar, aliado a uma compreensão psicológica básica das necessidades e em conformidade com o entendimento sobre a política de humanização, projetando assim um espaço flexível e de características próprias que forme um contraponto ao hospital, mas que ao mesmo tempo cumpra com o objetivo de atender ao ideal de projeto na área assistencial de saúde na identificação das necessidades reais dos pacientes. A arquitetura do espaço deve transbordar a paisagem, oferecendo características humanitárias, acessíveis e que aliem um espaço de cozinhar como apoio físico irrestrito aos pacientes usuários do projeto a espaços de convivência, conversas informais, micro cursos em diversas áreas relacionadas ao tema. O projeto deverá possuir um caráter formal que ofereça oportunidade de introspecção, interagindo com o meio e o ambiente pré-existente. Sua característica formal não será projetada para ser externamente exuberante, mas que os espaços internos ofereçam funcionalidade, privacidade e conforto. Em escala residencial deverá ser ofertado cozinha, salas de televisão e estar, biblioteca e espaço virtual, sala para cursos, atividades artísticas e físicas, ambientes de relaxamento e salas de atendimento psicológico. Possibilitando que o usuário possa: “se afastar do mundo para ter uma ideia do todo” e aumentar o entendimento da realidade
118
5.4
Conceito e Partido
Este projeto adota como CONCEITO a apreciação e interação com a natureza e a sua utilização enquanto proteção do usuário, no sentindo de oferecer “proteção” de isolamento do mundo externo. Desta forma possibilita que o usuário possa, junto da arquitetura participação de uma situação de introspecção desejada. Para tanto são utilizadas amplas aberturas sempre voltadas e próximas à vegetação existente, estas podem se abrir o grau de interação.
5.5
Conceituação do Projeto
De acordo com Othero (2010) o câncer é uma doença grave, com altas taxas de incidência e prevalência, e responsável por muitas mortes todos os anos. Portanto é essencial que seja oferecido um serviço integrado capaz de contemplar todos os níveis de assistência em equipe multiprofissional. O projeto para casa de apoio ao pacientes com câncer do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto atende ao programa mencionado anteriormente, que se desenvolve a partir do objetivo de integrar os:
1° - Programas de humanização hospitalar
“Fazendo Arte na Oncologia”
culinária para pacientes em tratamento,
as sessões de atendimento psicossocial.
E fisioterapia que hoje acontecem no interior do hospital
119
2° - Conceito de funcionamento dos Centros de Maggie na Europa
Apoio Prático
Apoio Social;
Apoio Emocional.
3° - Características Arquitetônicas Presentes nos Centros observadas nas Referências Projetuais
Projetos e Espaços que criam um contraponto aos ambientes hospitalares;
Ambientes que trazem como referência as residências como cozinha, sala e jardim.
Assim o projeto da Casa de Apoio para o HC de Ribeirão Preto está implantado no terreno em um único volume longitudinal com diferentes distanciamentos de aberturas em relação ao jardim externo (área originalmente arborizada já mencionada). Seu volume faceia a lateral esquerda do terreno, a fachada de acesso principal, voltada para Rua Professor Hélio Lourenço está posicionada logo acima de um talude (já pré-existente realizado pela USP) e possui largura construída de 12 metros, na intenção principal de mostrar-se em escala similar a residências de medidas padrão adotadas para terrenos atualmente. Possui área projetada total de aproximadamente 675 m², sendo 420 m² de área interna e 240 m² de área externa projetada.
120
Na IMPLANTAÇÃO é possível observar a localização da área em relação às ruas que dão acesso, assim como o posicionamento da Casa de Apoio do HC no terreno.
Figura 80 - Planta de Implantação do projeto da Casa de Apoio do HC. Fonte: Autora
121
Na planta com LAYOUT é possível observar que, apesar do projeto ser pensado em um volume único, possui aberturas que permitem diferentes níveis de contado com a paisagem externa, seja de visão e acesso fácil através das Portas Camarão em folhas de vidro amplas até fechamentos que não permitem fluxo, mas visa a proteção da insolação sem causar prejuízo à circulação dos ventos, estas fachadas são protegidas por cobogós e panos de vidro que deslizam horizontalmente. Estas fachadas, voltadas para a paisagem natural pré-existente também estão voltadas propositalmente para outro talude, mas este em aclive em relação à direção projeto -> ruas que isola a visão do usuário do projeto em relação à rua e a movimentação urbana.
Figura 81 - Planta de Layout com gráficos para esquematizar aberturas do projeto. - Fonte: Autora.
Os grandes panos de vidro das portas camarão também implantados no interior do projeto, oferecem acesso e circulação ampla entre o jardim de inverno e as áreas principais de convivência: cozinha e sala de TV. 122
Figura 82 - Esquemático Simples de uma Porta Camarão - Fonte: http://static.ekohaus.com.br/img/portas/14.jpg - Acessado em 25/05/2015
Já o jardim de inverno, com a cobertura total na sua parede de fundo, resulta em um jardim vertical com mais de 37 m², produz continuidade da visão da paisagem natural do lado externo do projeto para o lado interno, ou seja, trazendo ao projeto a sensação de que este espaço está inserido completamente no interior da paisagem natural, ou melhor, protegido por ela. O projeto para este jardim vertical foi inspirado no sistema projetado pelos arquitetos do estúdio Penteado Arquitetos, instalado em 2011, está localizado na Clínica Coração Sagrado USP, na cidade de Sevilha, na Espanha.
123
A irrigação funciona em sistema de circuito fechado e com controle de temperatura e umidade, otimizando o consumo de água do jardim.
Figura 83 - Conjunto de imagens que demonstram a montagem do Jardim Vertical. Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/01-84048/em-detalhe-jardim-vertical-na-clinica-usp-sagrado-corazonsevilla-terapia-urbana/50a2b95bb3fc4b4ec20000a4 - Acessado em: 25/05/2015
As coberturas recebem um jogo de volumes, mas se mantém com linhas simples, mantendo o conceito inicial de similaridade com residências. Desta maneira se mantém em harmonia e não atrai mais atenção para cobertura, e sim para o espaço como um todo.
124
A cobertura foi projetada para ser construída em telhas metálicas, termo acústicas, protegidas por platibandas ao redor do projeto. As telhas também minimizam as trocas térmicas, protegendo ainda mais o espaço interno da insolação e contribuindo para a economia de energia elétrica do projeto com climatização. Os painéis pré-fabricados também reduzem o desperdício de materiais, colabora com a limpeza e a rapidez na execução, e a inclinação ideal da cobertura de 8% indicada pelo fabricante permite flexibilidade na formatação da cobertura.
Figura 84 - Telha Termo acústica. Fonte: http://www.forumdaconstrucao.com.br/materias/imagens/00327_02.jpg - Acessado: 25/05/2015
Enquanto isso o projeto foi pensado ainda para ser construído
125
Na PLANTA DE COBERTURA é possível visualizar a aplicação de materiais como telhas metálicas termo acústico (Sanduíche), que alia conforto acústico ao térmico, gerando economia de energia com equipamentos de refrigeração.
Figura 85 - Planta de Cobertura. Fonte: Autora
126
Estas características restas das coberturas também é possível observar nas
ELEVAÇÕES do Projeto e nas vistas da Maquete Eletrônica a seguir. ELEVAÇÃO FRONTAL
Figura 86 - ELEVAÇÃO FRONTAL. FONTE: AUTORA
ELEVAÇÃO POSTERIOR
Figura 87 - Elevação Posterior. Fonte: Autora
127
ELEVAÇÃO LATERAL ESQUERDA
Figura 88 - Elevação Lateral Esquerda. Fonte: Autora.
E por fim, a elevação que volta-se para as árvores do terreno.
ELEVAÇÃO LATERAL DIREITA
Figura 89 - Elevação Lateral Direita. Fonte: Autora
128
Figura 90 - Fachada Frontal - Maquete eletr么nica. Fonte: Autora.
Figura 91 - Fachada Frontal em Perspectiva - Maquete eletr么nica. Fonte: Autora.
129
Figura 92 - Fachada Lateral Esquerda - Maquete eletr么nica. Fonte: Autora.
Figura 93 - Fachada Lateral Direita - Maquete eletr么nica. Fonte: Autora.
130
Figura 94 - Detalhe Cobertura Externa - Maquete eletrônica. Fonte: Autora.
5.6
Interior do Projeto
O Projeto para casa de apoio ao pacientes com câncer do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto atende ao programa de necessidades, formando um único volume ortogonal que faceia a lateral esquerda do terreno de projeto. Para melhor entendimento pode ser setorizado em três partes. SETOR 1 – AZUL SETOR 2 – ROSA SETOR 3 – AMARELO
131
132
SETOR 1 No setor um (1) estão localizados elementos de recepção, de contato inicial com o espaço, onde começa a se conhecer o local. São, portanto, sala de observação (para qualquer pré-atendimento de emergência que possa ocorrer dentro do centro) com um anexo de apoio a sala, com titula de almoxarifado, com tamanho mínimo exigido pela norma 050 já citada acima, recepção para cadastramento e acesso a informações sobre o local. Espaço virtual, hall de entrada e área de boas vindas, onde podemos encontrar uma série de informações sobre o funcionamento do centro, cursos, palestras e horários e ter acesso à internet.
Figura 95 – Recpção. Fonte Autora.
133
Figura 96 - Espaço Virtual. Fonte: Autora
SETOR 2 Já no setor dois (2) está localizado o maior elemento de integração e área central do projeto, a COZINHA e SALA DE TV, está área é o maior espaço aberto, flexível para receber os usuários que podem utilizar seus elementos livremente, mas também para que ocorram algumas palestras pequenas e aulas de culinária para os usuários.
134
Figura 97 - Cozinha Multifuncional. Fonte: Autora.
Figura 98 - Jardim de Inverno. Fonte: Autora
135
Figura 99 - Cozinha Multifuncional. Fonte: Autora.
Figura 100 - Jardim de Inverno. Fonte: Autora
136
SETOR 3 No setor 3 estão os espaços que pedem maior desinibição para aulas de alongamento, atividades com fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais, além de introspecção como espaços íntimos e as salas para atendimentos individualizados ou conversas mais íntimas. As áreas para atividades físicas como alongamento pode ser aberta para a área externa, produzindo assim uma área muito maior. A sala para atividades de expressão artística possui uma parede em L vazada, imitando uma estante, que permite a exposição dos trabalhos que foram produzidos anteriormente nos cursos de trabalhos manuais. Esta parede expositora forma uma galeria, decora e traz identificação do usuário com o espaço. O setor 3 possui ainda uma sala de estar e biblioteca. Ao fundo no lado direito temos acesso ao pátio externo. Toda a área também pode ser acessada a partir da área externa arborizada, favorecendo assim a interação com o ambiente externo e o projeto arquitetônico. Externamente o projeto conta ainda com um pergolado em estrutura metálica escura, que pode ser acessado através de uma extensão do calçamento em direção ao centro do terreno. Este espaço resulta no total interação com a paisagem, localizando-se literalmente dentro dela.
137
Figura 101 – Espaço para atividades físicas. Fonte: Autora
Figura 97 - Espaço para integração. Fonte: Autora
138
Figura 102 – Vista Externa da Sala de expressão artística. Fonte: Autora
Figura 103 – Vista Interna da Sala de expressão artística. Fonte: Autora
139
Figura 104 – Espaço de Leitura, Biblioteca e sala de estar. Fonte: Autora
Figura 105 – Espaço de Leitura, Biblioteca e sala de estar. Fonte: Autora
140
141
142
BIBLIOGRAFIA ABNT – NBR9050 Plano Diretor de Ribeirão Preto Livro: A Ideia de Conforto Livro: Lições de Arquitetura Livro: Saber Ver a Arquitetura http://maggiescentres.org Relatório de Atividades 2013 – Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto Relatório de Atividades Financeiras – Ribeirão Preto - 2014 Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto. Link: http:// Site Escritório MMBB. Link: www.mmbb.com.br http://ccrp.usp.br/pages/cma/missao.asp http://oma.eu http://www.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=103 http://www.arcspace.com/features/gehry-partners-llp/maggies-centreninewells-nhs-hospital/
143
ARQUITETURA E HUMANIZAÇÃO Casa de Apoio aos Pacientes com Câncer do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto “Quanto mais influência pudermos exercer pessoalmente sobre as coisas à nossa volta, mais nos sentiremos emocionalmente envolvidos com elas, mais atenção daremos a elas e mais inclinados estaremos a trata-las com cuidado e amor. Só podemos desenvolver afeição pelas coisas com as quais nos identificamos – coisas sobre as quais podemos projetar nossa própria identidade e nas quais podemos investir tanto cuidado e dedicação que elas se tornam parte de nós mesmos, absorvidas pelo nosso próprio mundo pessoal.” Herman Hertzberger. Lições de Arquitetura. 1996.
Paula Cury Centro Universitário Barão de Mauá Arquitetura e Urbanismo Trabalho Final de Graduação – BANCA 3
144
FACHADA POSTERIOR
2.00 m
FECHAMENTO
SALA DE
JARDIM DE INVERNO
ALMOXARIFADO
WC
ALMOXARIFADO
ALMOXARIFADO
SALA DE ATENDIMENTO INDIVIDUALIZADO
VIRTUAL
MATERIAL PARA ATIVIDADES TANQUE
3.15 m
SALA DE ESTAR GALERIA
BIBLIOTECA E BOAS VINDAS
SALA DE TV
LEITURA INTERNO
HALL DE ENTRADA
ACESSO PRINCIPAL
COZINHA MULTIFUNCIONAL
WC
WC
5.75 m
WC
SALA DE ATENDIMENTO INDIVIDUALIZADO
FECHAMENTO
ACESSOS
8.25 m
WC
ACESSOS
BIBLIOTECA E EXTERNO
ACESSOS
LEITURA
FECHAMENTO
1m
2m
3m
ATIVIDADES EXTERNAS
ATIVIDADES EXTERNAS
ACESSOS SALA DE ESTAR
WC
WC
WC GALERIA
3.15 m
TANQUE
PASSARELA DE ACESSO
FECHAMENTO
ALMOXARIFADO
4.00 m
FECHAMENTO 2.00 m
3.10 m
MATERIAL PARA ATIVIDADES
ALMOXARIFADO
10.15 m
WC
SALA DE ESTAR
3.40 m
10.65 m
3.15 m
BIBLIOTECA E
SALA DE TV
HALL DE ENTRADA
LEITURA INTERNO
COZINHA MULTIFUNCIONAL
2.00 m
A
3.40 m
8.17 m
BOAS VINDAS
3.80 m
3.15 m
ACESSO PRINCIPAL
TANQUE
3.00 m 3.00 m
4.70 m
A
3.00 m
FECHAMENTO
FECHAMENTO
3.40 m
2.00 m
ALMOXARIFADO
GALERIA
1.70 m
SALA DE ATENDIMENTO INDIVIDUALIZADO
VIRTUAL
3.15 m
FACHADA LAT. DIREITA
ACESSOS
3.00 m
ALMOXARIFADO
MATERIAL PARA ATIVIDADES
RUA DE ACESSO AO CER (SEM NOME)
7.50 m
SALA DE ATENDIMENTO INDIVIDUALIZADO
2.50 m
1.50 m
4.40 m
5.25 m
7.35 m
ACESSOS
FECHAMENTO
ACESSOS EXTERNO
5.30 m
2.50 m
3.00 m
FECHAMENTO
1m
3m
2m
ATIVIDADES EXTERNAS
ACESSOS
EXTERNO
COZINHA MULTIFUNCIONAL
ACESSOS
WC
4.00 m
2.30 m
FECHAMENTO
3.50 m
WC
8.25 m
3.40 m
5.75 m
JARDIM DE INVERNO
9.50 m
SALA DE ATENDIMENTO INDIVIDUALIZADO
WC
3.00 m
SALA DE TV
WC
7.00 m
1.60 m
24 m
SALA DE
FECHAMENTO
WC
ALMOXARIFADO
BOAS VINDAS
VIRTUAL
WC FECHAMENTO
HALL DE ENTRADA
A
A
3m
ACESSO PRINCIPAL
2m
1m
PASSARELA DE ACESSO
ESCADA DE ACESSO
2m
3m
5.00 m
6.00 m 3.60 m
2.10 m
2.10 m
0.50 m
3m
3m
2m
1m
7.50 m
2m
5.00 m
6.00 m
1m 3m 3m
2m
1m
2m
1m
2m
3m
2.10 m
1.50 m
3m
0.50 m
3.50 m
3.50 m
4.00 m 4.00 m
3.55 m
4.50 m
4.15 m
3m
3.40 m
4.15 m
5.00 m
5.00 m
5.00 m
6.00 m
6.00 m
6.00 m
7.50 m
7.50 m
1m
3.60 m
4m
4.50 m
3.50 m
4m
4.51 m
5.00 m
6.00 m
7.50 m
1m
FACHADA FRONTAL
3.50 m
FACHADA LAT. ESQUERDA
ALMOXARIFADO
SALA DE ATENDIMENTO INDIVIDUALIZADO
2.15 m
JARDIM DE INVERNO
SALA DE
INTERNO
2.85 m
2.00 m 2.00 m
FECHAMENTO
ARQUITETURA E HUMANIZAÇÃO
Casa de Apoio aos Pacientes com Câncer do HC Ribeirão Preto
“Quanto mais influência pudermos exercer pessoalmente sobre as coisas à nossa volta, mais nos sentiremos emocionalmente envolvidos com elas, mais atenção daremos a elas e mais inclinados estaremos a trata-las com cuidado e amor. Só podemos desenvolver afeição pelas coisas com as quais nos identificamos – coisas sobre as quais podemos projetar nossa própria identidade e nas quais podemos investir tanto cuidado e dedicação que elas se tornam parte de nós mesmos, absorvidas pelo nosso próprio mundo pessoal.” Herman Hertzberger. Lições de Arquitetura. 1996.
Paula Cury Centro Universitário Barão de Mauá Arquitetura e Urbanismo Trabalho Final de Graduação Maio de 2015