TRABALHO DE CURSO I ARQUITETURA E URBANISMO
da habitação social como um
Lar
PAULA LORRANE S. GONÇALVES ORIENTADORA: ADRIANE SILVÉRIO NETO
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE PATOS DE MINAS – UNIPAM PATOS DE MINAS – MG 2018
A gente tem que sonhar ~ ~ senao, as coisas nao acontecem Oscar Niemeyer
Aos meus pais, Pelo maior amor do mundo. Ao meu noivo, Por todo auxilio e paciência ~ À populaçao de baixa renda, Pela esperança de uma vida melhor.
AGRADECIMENTOS
“Sei que sou uma gota no oceano, mas sem mim o oceano seria menor.” Madre Tereza de Calcutá
Agradeço à Deus por me fortalecer e me manter sã em todos os momentos de desespero durante o processo de criação deste trabalho e em todo o decorrer desses cincos anos de formação. Meus pais, Sidney e Elisângela, minha fonte de inspiração e meu porto seguro, obrigada por todos os sacrifícios feitos pra que eu pudesse chegar até aqui. Sei que não foi fácil e nunca terei palavras pra dizer o quanto sou grata por ter vocês como meus pais. Minha irmã, Pâmela, que diante de todos os meus surtos de estresse, esteve do meu lado me ajudando e segurando a barra. Meu eterno agradecimento ao meu noivo, Welles, que esteve comigo em todos momentos e me ajudou, na prática, em vários trabalhos e que muitas vezes me impediu de jogar tudo pro alto. Você tornou essa jornada mais leve. Minha tia, Sirlene, pois sem você, não teria ingressado na jornada mais importante da minha vida. Meu tio, Silvio, por ser melhor que o Google e estar sempre disponível para esclarecer minhas dúvidas. Minha tia, Raquel, juntamente com seu esposo (e meu tio), Leonardo, por permitirem a continuação dessa jornada. Minha melhor amiga, desde sempre, Lorranne, por ter me impedido de desistir. Minha orientadora, Adriane, obrigada pela paciência e, principalmente, por todo o conhecimento transmitido, mas acima de tudo, obrigada por me permitir trabalhar no meu tempo, sem pressão (quase sempre, rs). Isso foi fundamental para que eu não surtasse. Você foi nota mil. À toda a minha família e amigos, que sempre acreditaram em mim e torceram para que algum dia eu conseguisse alcançar meu objetivo de tentar mudar o mundo. Esse trabalho é o começo dessa mudança!
RESUMO
A arquitetura só se considera completa com a ~ intervençao do ser humano que a experimenta. Tadao Ando
Através da reflexão sobre as politicas habitacionais no Brasil e sua ineficiência, viu-se a necessidade de buscar alternativas diversificadas que contribuíssem com soluções para as problemáticas existentes, trazendo qualidade para as moradias destinadas à pessoas de baixa renda, atendendo à função de abrigo e levando em consideração às expectativas e necessidades de cada usuário em sua individualidade, mantendo baixo custo em sua produção. Dito isso, esse estudo tem como um dos principais objetivos explorar o uso do container na arquitetura no âmbito da habitação social, explanando suas vantagens, desvantagens e, ainda, as possibilidades de modulação desse sistema. Visando manter um baixo custo na produção de moradias sociais, é imprescindível lembrar que muitos contêineres são abandonados em portos, pois perdem sua utilidade para a função de carga, mas possuem uma longa vida útil, sendo eficiente e economicamente viável reutiliza-los para novas funções, como por exemplo, para habitações. Buscou-se defender, nesse estudo, a necessidade das possibilidades e da liberdade do morador, coletiva e individualmente. Todas as pessoas são diferentes. Por que suas casas tem sido, sempre, todas iguais? Essa é uma problemática que precisa ser resolvida. Não deve-se pensar apenas nos custos de uma habitação ao se construi-la, mas deve-se pensar, principalmente, na sua funcionalidade e seu valor para o seu morador/usurário.
Palavras chave: habitação social; conjunto habitacional; percepção; container; modular;
RESUMO
The architecture is only considered complete with the intervention of the human being who experiences it. Tadao Ando
Through reflection on housing policies in Brazil and its inefficiency, it was necessary to look for diversified alternatives that would contribute to solutions to existing problems, bringing quality to low-income housing, serving the shelter function and leading in consideration of the expectations and needs of each user in their individuality, keeping low cost in their production. That said, this study has as one of the main objectives to explore the use of the container in the architecture of social housing, explaining its advantages, disadvantages and also the possibilities of modulation of this system. Aiming to maintain a low cost in the production of social housing, it is essential to remember that many containers are abandoned in ports, as they lose their usefulness to the cargo function, but they have a long useful life, being efficient and economically feasible to reuse them for new functions , such as for housing. It was sought to defend, in this study, the necessity of the possibilities and the freedom of the resident, collectively and individually. All people are different. Why have your houses always been the same? This is a problem that needs to be resolved. One should not only think of the costs of a dwelling when building it, but one must think mainly of its functionality and its value to its inhabitant / usurer.
Palavras chave: social habitation; housing; perception; container; modular;
SUMÁRIO 07 8 8 8 8
9 10 13
17 18
~ APRESENTAÇAO Justificativa Objetivos Metodologia Introdução
HABITAÇAO SOCIAL NO BRASIL Breve histórico Políticas habitacionais
INDIVÍDUO E ESPAÇO Percepção
23 O CONTAINER 24 25 26
Breve histórico Dados técnicos Vantagens e desvantagens
LEITURA DE PROJETO 27 Quinta Monroy Container Guest house By the woods
28 36 40
LEVANTAMENTO DE DADOS 43 O lugar Áreas de interesse O terreno Analise do entorno
44 47 49 52
O PROJETO 57 Conceito e partido Planta baixa – possibilidades Implantação Plantas
58 59 63 66
CONSIDERAÇOES FINAIS 73 Conclusão Referências Bibliográficas
74 75
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APRESENTAÇAO 7
JUSTIFICATIVA A proposta para o estudo da percepção da habitação social como um lar, surgiu de um desejo de compreender como tantas pessoas, com histórias de vida diferentes, lembranças únicas, preferências específicas e estruturas familiares distintas poderiam viver em habitações iguais, do mesmo tamanho, com as mesmas divisões e sendo impedidas de intervir em seu próprio espaço. O afastamento da população de baixa renda, que depende da habitação social para se ter uma moradia, das áreas centrais da cidade é um aspecto que precisa ser revisto na política habitacional. Visto que especulação imobiliária raramente chega a essas áreas destinadas à implantações de conjuntos habitacionais de interesse social, e que muitas vezes falta a infraestrutura necessária para se viver bem.
OBJETIVOS
METODOLOGIA A metodologia para o desenvolvimento deste trabalho inclui: 1) Pesquisa bibliográfica para compreensão do tema, do histórico da habitação social no brasil e os diversos programas que foram criados, buscando compreender por que a maioria deles não obteve sucesso; 2) Pesquisa bibliográfica para compreensão do termo percepção e as diversas possibilidades que temos dentro de uma analise profunda sobre algo observado; 3) Levantamentos e analises das possíveis áreas de interesse para a implantação do modulo habitacional; 4) Analise de projetos sobre o tema, de arquitetos consagrados;
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INTRODUÇAO
Gerais O presente trabalho tem por objetivo a elaboração de um módulo habitacional de fácil implantação, com diferentes possibilidades de modulação e com materiais pouco explorados para arquitetura com fins habitacionais: o container.
Específicos • Minimizar os problemas com a segregação da população de baixa renda; • Compreender o desempenho do container enquanto habitação; • Propor unidades habitacionais com possibilidades, para atender a todas as estruturas familiares que forem necessárias; • Contribuir para a melhoria da qualidade de vida da população menos favorecida;
Com o passar dos anos, o problema habitacional no país vem se agravando. Não apenas como um problema populacional e territorial, mas também pela qualidade das habitações que vem sendo entregues, sem qualquer preocupação com a estética, com o conforto ou com as reais necessidades dos usuários. As habitações vem sendo construídas em série, com os parâmetros para todas as pessoas – pessoas diferentes, com hábitos, gostos, necessidades diferentes. É importante compreender que a percepção sobre a moradia é diferente para cada indivíduo e que a possibilidade de sua interferência na habitação é essencial para que ela seja vista como um lar e não deve ser entendida como algo degradante, menos ainda deve ser proibida. Buscaremos compreender nesse trabalho todas essas questões, visando projetar um conjunto habitacional onde esses problemas são minimizados.
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Habitaรงao Social no Brasil 9
BREVE HISTÓRICO
Fig. 1 – Imigrantes na cidade de São Paulo Fonte: Mundo Estranho, 2018.
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No final do séc. XIX, o Brasil estava enfrentando um enorme aumento populacional nas cidades, com o fim da escravidão no país e a crescente demanda por mão de obra assalariada, que se intensificou a partir de 1886 com a chegada dos imigrantes europeus, houve uma transformação no mercado de trabalho, que contribuiu para a produção de novas moradias de baixo custo na cidade de São Paulo. (BONDUKI, 2017). O crescimento da cidade deveu-se não só a sua consolidação como grande mercado distribuidor, mas também ao influxo da massa de imigrantes. Apesar da escassez de dados, há indícios de que imigrantes, subvencionados ou não, permaneceram na cidade, onde as oportunidades de ascensão eram maiores. É provável que o fluxo rural-urbano no estado tenha ocorrido já na última década do século, logo após o fim dos primeiros contratos de formação do café. Seja como for, a afirmação da capital como centro integrador regional se deu na medida em que as relações capitalistas de produção se estenderam, intensificando a divisão do trabalho e o consequente crescimento do pequeno comercio, da classe média profissional ou burocrática, dos primeiros núcleos operários. (BONDUKI, 2017, p. 25)
Com o crescimento desenfreado das atividades relacionadas ao complexo cafeeiro e a próspera expansão do mercado de trabalho, Cano (1979) estima que chegaram cerca de novecentos mil estrangeiros ao país em busca de oportunidades, desse modo, houve uma intensa aglomeração de pessoas e trabalhadores, que viviam em condições precárias em alojamentos com pouca, ou nenhuma, infraestrutura e representavam uma enorme ameaça à saúde pública. O problema habitacional já existia há bastante tempo, segundo Bonduki (2017), entretanto, só chamou a atenção das autoridades entre os anos de 1880 e 1890, quando São Paulo estava no ápice da sua primeira crise habitacional, expandindo-se como nunca havia sido visto antes, com lançamentos de novos loteamentos e abertura de novos bairros, o que por sua vez, salientou a necessidade de inúmeros serviços públicos básicos, como o “calçamento de vias,
canalização de córregos, drenagem de brejos e várzeas, controle de enchentes e etc”. (BONDUKI, 2017, p. 27). Na Barra Funda falta tudo. Até nas ruas principais não há um metro de calçamento, nem um palmo de calçada, nem um conduto subterrâneo. Como resultado, a natureza, por conta própria, cavou fossas que margeiam os canais, o que levou os habitantes a construírem pequenas pontes primitivas para entrar na própria casa [...]. É materialmente impossível que o sr. Prefeito municipal conheça o Brás [...] as calçadas não existem e tanto em dias de chuva como em dias serenos as pessoas nem podem transitar senão descalças, com as saias ou as calças levantadas até o joelho. Imaginai agora o cheiro de tais ambientes onde várias vezes por dia entram pés tratados de tal forma, imaginai tudo o mais e tereis uma ideia mais ou menos exata do estado daqueles tugúrios e do dano imenso que disso deve necessariamente derivar para a saúde pública. (BONDUKI, 2017, p. 27).
Fig. 02 - Cortiço em São Paulo (1920) Fonte: Scielo, 2007.
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A deterioração das condições de vida na cidade, provocada pelo afluxo de trabalhadores mal remunerados ou desempregados, pela falta de habitações populares e pela expansão descontrolada da malha urbana, obrigou o poder público a intervir para tentar controlar a produção e o consumo das habitações. [...]. Na habitação, [...] o Estado foi obrigado a atuar de forma mais rigorosa. A (ir)racionalidade da produção capitalista de edifícios, o loteamento indiscriminado e a precariedade dos serviços de água e esgoto, a cargo de empresas privadas, entre outros, passaram a construir séria ameaça à saúde pública. Por isso, o controle estatal da produção do espaço urbano não foi só aceito como também reivindicado. (BONDUKI, 2017, p.35).
Fig. 03 - Cortiço em São Paulo (1920) Fonte: Scielo, 2007.
Fig. 04 - Cortiço em São Paulo (1920) Fonte: Scielo, 2007. Pode-se observar a falta de espaço entre uma habitação e outra. Não havia preocupação com a higiene ou com a individualidade.
O governo brasileiro, a princípio, buscou resolver os problemas habitacionais incentivando empresas privadas a produzir moradias populares, as quais eram alugadas às pessoas, entretanto, devido ao baixo poder aquisitivo da população, a prática das construções informais permaneceu, impedindo o sucesso das empresas, que por fim, passaram a investir, em parcelamento do solo e comercialização de lotes. (MARICATO, 12 2004).
POLÍTICAS HABITACIONAIS
Lei do inquilinato Instituto de aposentadoria ~ e pensao IAP
Companhia de desenvolvimento habitacional e urbano – CDHU (SP) ~ Fundaçao casa popular - FCP
Caixa ^ economica federal
Sistema financeiro de ~ habitaçao SFH
Fundo de garantia por tempo de serviço - FGTS Plano diretor
Programa de ~ aceleraçao do crescimento - PAC
Ministério das cidades
Programa minha casa, minha vida PMCMV
Linha do tempo com os principais programas criados na área de poiticas habitacionais até o ano de 2009. Fonte: Elaborado pela autora.
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Em 1933, houve o primeiro investimento para fins habitacionais por parte de uma instituição pública, entretanto, o Instituto de Aposentadoria e Pensão (IAPS), tinha como principal interesse viabilizar vantagens aos seus afiliados, como por exemplo, assistência médica e benefícios previdenciários. (VILA 2018).. A década de 1940 é [...] crucial no que se refere à ação do Estado no setor habitacional, quando ocorrem as principais intervenções do governo federal – congelamento dos aluguéis, produção em massa de moradias por intermédio dos IAPS e criação da Fundação da Casa Popular. (BONDUKI, 2017, p. 217).
Segundo Bonduki (2017) e Vila (2018) uma das iniciativas tomadas durante o Estado novo por Vargas, em seu governo, e que merece destaque é a Lei do Inquilinato, que dispunha de uma série de normas que regulamentava a relação entre inquilinos e proprietários, além de reduzir a desenfreada produção de moradias de aluguel que, por sua vez, restringia os investimentos em outras áreas. Concomitante a esses acontecimentos do início da década de 1940, devido à desaceleração da produção rentista de moradias pala aluguel, é transferido então, para o governo e os próprios trabalhadores, a responsabilidade da produção de moradias. (BONDUKI, 2017). Nesse contexto, em 1946, cria-se a Fundação da Casa Popular (FCP), um órgão federal, que tinha como principal objetivo atuar nas políticas de habitações populares, voltadas para a população de baixa renda. No entanto, “o projeto fracassou, pois os grupos que seriam mais favorecidos encontravam-se desorganizados ou desinteressados em ser interlocutores do governo na formulação de uma politica social” (VILA, 2018, p. 17). O país passou por diversas transições administrativas após a tomada do poder pelos militares e só então a questão da crise habitacional foi vista como prioridade, sendo tratada de forma enfática, como “um típico produto da ditadura que então se instalou, dadas as características econômicas, políticas e ideológicas de sua atuação”. (VILLAÇA, 1986 apud VILA, 2018, p. 17).
Dito isso, é criado, então, em 1964, o Sistema Financeiro da Habitação (SFH) e o Banco Nacional da Habitação (BNH), que se tornaram os órgãos reguladores da habitação no Brasil, devendo orientar, disciplinar e, inclusive, instituir a correção monetária. (VILLA, 2018). O SFH proporcionou o financiamento de cerca de quatro milhões de habitações, o que era aproximadamente um quarto de todas as construções de moradia entre os anos de 1964 e 1986. (MARICATO, 2004) Segundo Bonduki (2017), a política do SFH consistia em obter êxito na produção padronizada e em grande escala das habitações, o que acabou promovendo uma enorme mudança na paisagem urbana brasileira nesse período. Fig. 5 - Conjunto habitacional Cidade 2000, situado na cidade de Fortaleza, construído com recursos do BNH e inaugurado em 1970, pode-se perceber a ausência de arborização e a padronização das habitações sem qualquer preocupação estética, resultando em baixa qualidade arquitetônica e impessoalidade. Fonte: Nelson Bezerra, 1970.
Em 1986, o BNH foi extinto pelo governo, deixando seu legado e o transferindo para a Caixa Econômica Federal (CEF) com um alto nível de inadimplência e, consequentemente, uma enorme dívida, devido à má gestão. (VILLA, 2018). A Constituição Federal, criada em 1988, confere como dever, a todo município com população superior à 20.000 (vinte mil) habitantes, a elaboração do plano diretor¹, como suporte para conduzir os problemas fundiários. Em 1995, o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), recomeça um novo ciclo de financiamentos habitacionais e saneamento, sendo responsável por 14 financiar, ainda, várias obras de infraestrutura urbana. (MARICATO, 2004).
O Ministério das Cidades, criado em 2003, fez-se com que o país passasse por mais uma mudança nas políticas públicas. Nesse caso, a responsabilidade vai além da gestão democrática das políticas públicas dos setores de habitação, saneamento, transportes e de trânsito, mas o Ministério das Cidades deve garantir a integração desses setores, considerando o uso e ocupação do solo. Sobretudo, o Ministério das Cidades tem como principal objetivo criar um sistema administrativo que se sustente a longo prazo, garantindo a continuidade e sustentabilidade de suas políticas, além de submeter os sistemas de financiamento aos regulamentos das políticas de desenvolvimento urbano. (VILA, 2018). Em 2007, o Governo Federal anunciou a fundação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que retomou grandes obras de infraestrutura social e urbana e contribuiu para o aumento do desenvolvimento sustentável do país, além de influenciar na criação de novos empregos. Em sua segunda fase, a partir de 2011, o PAC se destacava com aproximadamente 37 mil empreendimentos e investimentos expressivos para o país. (VILLA, 2018). O Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV), que teve sua primeira fase em 2009, é uma iniciativa do Governo Federal e, atualmente, o maior programa de financiamento habitacional do país. Seu objetivo é promover a construção de moradias para população de baixa renda, em parcerias com estados, municípios, empresas e entidades sem fins lucrativos, para possibilitar a realização do sonho da casa própria, oferecendo subsídios e facilitando o financiamento do imóvel. (VILA, 2018) Segundo o portal online da CEF², existem quatro classificações de pessoas que podem se encaixar no programa e serem contempladas. Essas divisões são feitas através da renda salarial e determinam o valor das mensalidades, prazos para pagamentos, juros e subsídios.
FAIXA 1 FAIXA 1,5 FAIXA 2
FAIXA 3
Renda familiar até R$ 1.800,00 Financiamento com prazo máximo em até 120 meses. Prestações com valores entre R$ 80,00 e R$ 270,00. Renda familiar até R$ 2.600,00 Financiamento de até 30 anos, com taxa de juros de 5% ao ano. Subsídios de até R$ 47.500,00 Renda familiar até R$ 4.000,00 Subsídios de até R$ 29.000,00
Renda familiar até R$ 7.000,00 Taxas de juros especiais
Apesar do sucesso consolidado do programa, entre a população de baixa renda, o programa também vem sofrendo críticas em relação à qualidade da habitação que é entregue, devido à má qualidade arquitetônica, a baixa durabilidade dos materiais e a localização nas extremidades periféricas da cidade, muitas sem vezes sem a infraestrutura básica necessária. (VILAÇA, 1998 apud VILA, 2018). De acordo com Bonduki (2017), o Governo Federal fracassou em vários programas instaurados por décadas, mostrando sua falta de habilidade na criação de mecanismos eficazes para resolver a questão da moradia no país, ressaltando ainda que a situação é grave e necessita de atenção para que se possa elaborar estratégias eficazes para solucionar os problemas da população menos favorecida financeiramente. 15
Bonduki (2017) vai além e afirma que “o objetivo dos governos desenvolvimentistas era estimular a criação de uma solução habitacional de baixo custo na periferia” (BONDUKI, 2017, p. 12), o que, segundo LEEDS (1978), se devia ao fato de que “a preocupação básica das autoridades era com o perigo que as favelas, cortiços e bairros populares poderiam representar no futuro, em termos de "contaminação", para a parte "sã" da cidade” (LEEDS, 1978, p. 189-98). De acordo com essas afirmações dos dois autores supracitados, a preocupação do governo nunca foi com a dignidade da moradia que é ofertada ao trabalhador de baixa renda, se esta habitação é cômoda, se tem algum tipo de conforto termo acústico, ou se o módulo habitacional conseguiria atender as necessidades espaciais e psíquicas do usuário. Apesar de sustentar discursos que demonstram preocupação e atenção para com os problemas habitacionais da população de baixa renda, é possível verificar que o governo se mostra pouco eficaz nas soluções concretas dos mesmos, pois o que podemos observar são precárias condições de moradia e edificações sem nenhum indício de preocupação com a estética.
NOTAS ¹ O plano diretor, segundo a Constituição Federal de 1988, é um instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana. ² Informações retiradas do site oficial da Caixa Econômica Federal, disponível em <http://www.caixa.gov.br/voce/habitacao/minha-casa-minha-vida/urbana/Paginas/default.aspx>. Acesso em: 22 abr. 2018. 16
Indivíduo e Espaço 17
~
PERCEPÇAO
A arquitetura é como um iceberg a parte ~ visível é muito pequena em relaçao ao que está oculto. O que fica além da fachada de um edifício é a VIDA. (RENZO PIANO apud MOACIR AMÂNCIO, 2001)
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O ser humano busca se abrigar das intempéries desde o início de sua existência e, com o passar dos anos, buscava também por conforto e segurança, fazendo com que a moradia se tornasse algo indispensável. Desse modo, a arquitetura se transformou em uma necessidade, podendo ser vista como um instrumento para a concepção e edificação do maior objeto de desejo para todos os homens: um TETO. (CORBUSIER, 1994). A arquitetura, segundo Gurgel (2013) estuda o homem em toda a sua totalidade, entendendo, não apenas, suas necessidades como individuo, mas também suas relações em grupo, levando em conta todas as suas diferenças e necessidades, o que torna possível inúmeras soluções projetuais, que são únicas em cada problematização. Segundo Reis (2002), a arquitetura deve atender às necessidades de segurança e conforto, além de respeitar as expectativas estéticas, funcionais e culturais em cada projeto. Nessa mesma linha de pensamento, Voordt e Wegen (2013), declaram que “A arquitetura sempre teve como primeiro paradigma o atendimento às expectativas dos seus usuários, desde os aspectos básicos de habitabilidade até a fruição estética que esse abrigo pode proporcionar ao ser humano.” (VOORDT & WEGEN, 2013, p. 5). Ainda segundo Reis (2002, p. 7), “a arquitetura é percebida tridimensionalmente, através da visão (dominante) e demais sentidos, movimento, valores e conhecimento de quem observa”. Entretanto, “o significado simbólico da arquitetura ou estética simbólica pode ser tão ou mais importante do que a estética formal, segundo alguns autores”. (RAPOPORT, 1968 apud REIS, 2002, p. 7). É importante compreender a diferença entre o que é visto e o que é percebido, já que a forma literal é aquilo que podemos enxergar unicamente através da visão, enquanto que o valor percebido, ou significado figurado, está diretamente ligado a todos os nossos sentidos, ao conhecimento e à cultura de cada um. (WEBER, 1995 apud REIS, 2002). Compreender as relações que as pessoas têm com os locais frequenta-
dos é de suma importância, visto que a memória é um dos agentes que pode influenciar em nosso processo de percepção ou significação. Sobre isso, Roth (1993), afirma que: [...] a mente humana é programada para buscar significado e importância em todas as informações sensoriais enviadas a ela. Isso está, sem dúvida, ligado ao instinto de sobrevivência, pois há milênios os olhos, o ouvido e a mente aprenderam a interpretar uma mudança de cor na grama ou o estalo de um galho como indicações de um predador atrás de sua presa. Por mais afastados de nossas origens primitivas que acreditemos estar, o resultado é que a mente tenta organizar todas as informações que recebe em um padrão que faça sentido. A mente não reconhece que os dados que entram não significam nada. Mesmo fenômenos visuais ou auditivos puramente fortuitos recebem uma interpretação preliminar pela mente com base nas informações que ela já armazenou. Portanto, o que percebemos é baseado no que já sabemos. (ROTH, 1993, p. 57).
Diante do que foi abordado, está que claro que nós, seres humanos, nos relacionamos e associamos todas as coisas, seja direta ou indiretamente, com experiências que já tivemos e sentimentos que já conhecemos. Contudo, vale ressaltar que estamos buscando compreender a relação que o ser humano tem com a sua moradia, a casa, e o modo como ele a percebe. De todo modo, pode-se verificar que “o homem e suas extensões constituem um sistema inter-relacionado. É um erro agir como se os homens fossem uma coisa, e sua casa, suas cidades, sua tecnologia, ou sua língua, fossem algo diferente.” (ELALI, 1997 apud MANAIA, 2011, p. 73). Nesse sentido, faz-se necessário compreender que “a casa é o nosso canto do mundo” (BACHELARD, 1993, p. 24), compreendido como nosso refúgio e abrigo. Para Bachelard (1993), a casa pode ser interpretada como um “ninho”, que é sempre simples e tranquilo, para onde sempre queremos voltar. A partir desse momento, interessa-nos entender exatamente essa arquitetura simples, que podemos perceber como ninho. Importa, agora, compreendermos a arquitetura de habitações sociais e suas relações de ninho para seus usuários. É de conhecimento geral que esse tipo de arquitetura, da qual trataremos a partir de agora, 19 não conta, em sua maioria, com grande preocupação estética, ou mesmo funcional.
Le Corbusier (1994), afirmou que a arquitetura já não cumpre mais o seu papel funcional, que é solucionar as problemáticas de uma habitação com soluções projetuais estudadas para cada caso, reiterando ainda que a arquitetura atual “não preenche as condições primordiais e não é possível que intervenha o fator superior de harmonia, de beleza” (CORBUSIER, 1994, p. 73). Este é claramente um problema enfrentado ainda na contemporaneidade, principalmente, quando falamos de habitação social. Buscando compreender os problemas projetuais existentes nas unidades habitacionais que se enquadram no padrão social podemos citar o exemplo existente na cidade de Patos de Minas, em Minas Gerais, onde é encontrado um modelo padrão de habitação social, que pode ser considerado um protótipo, visto que é comumente replicado em várias cidades do Brasil: o Residencial QUEBEC. Localizado na extremidade noroeste da cidade, entre os bairros Sorriso e Coração Eucarístico, encontram-se 845 (oitocentos e quarenta e cinco) unidades habitacionais idênticas, com área construída de 44m² (quarenta e quatro metros quadrados). Na figura 6, um mapa da cidade de Patos de Minas nos permite identificar a localização do Residencial QUEBEC na cidade. Notamos, ainda, a grande distância que existe até o Centro da cidade e o amplo vazio no entorno do condomínio, que podemos interpretar como consequências da segregação social que se dá através da implantação de condomínios de interesse social. A figura 7 mostra a estética gerada pela implantação desses condomínios de habitação de interesse social, onde pode ser observado um enorme padrão de igualdade, repetição e proximidade entre as habitações. Vê-se claramente que não é possível identificar onde começa ou termina o espaço do outro. As unidades, que não variam nem mesmo na cor, deixa claro a despreocupação com a estética. As edificações são dispostas do mesmo modo, sem qualquer preocupação com a insolação ou ventos dominantes.
Figura 6 – Localização do Residencial Quebec na cidade de Patos de Minas. Fonte: Prefeitura de Patos de Minas (2018)
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Banheiro com acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida ~
Projeçao de beiral do telhado
Figura 7 –Residencial Quebec em de Patos de Minas. Fonte: Google Earth (2018)
Com um programa simples, a casa é compartimentada em dois quartos, um banheiro, uma sala de tv conjugada com a cozinha e uma área de serviço externa (Figura 8). Todas as medidas atendem as exigências mínimas especificadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas através da NBR 9050, que garante acessibilidade às edificações, entretanto as divisórias são rígidas alvenarias de concreto armado, que impedem as possibilidades de flexibilidade dos ambientes. A forma arquitetônica descomplicada apresenta quatro lados semelhantes, com ângulos retos e um telhado aparente de duas águas e, segundo o Manual do proprietário, entregue a cada favorecido pela empresa no ato do recebimento das chaves do imóvel, não poderá sofrer qualquer alteração ou ser acrescido de outro elemento arquitetônico no prazo de 10 anos, caso contrário, o imóvel ficará isento de qualquer garantia pela empresa.
Acesso principal
Figura 8 - Planta baixa padrão das habitações do condomínio Residencial Quebec Fonte: : Manual do Proprietário – Grupo Pizolato
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A casa, como o fogo, como a água, nos permitirá evocar [...] luzes fugidias de devaneio que iluminam a síntese do imemorial com a lembrança. Nessa região longínqua, memória e imaginação não se deixam dissociar. Ambas trabalham para seu aprofundamento mútuo. Ambas constituem, na ordem dos valores, uma união da lembrança com a imagem. Assim, a casa não vive somente no dia-a-dia, no curso de uma história, na narrativa de nossa história. Pelos sonhos, as diversas moradas de nossa vida se interpenetram e guardam os tesouros dos dias antigos. [...]. Reconfortamo-nos ao reviver lembranças de proteção. Algo fechado deve guardar as lembranças, conservando-lhes seus valores de imagens. As lembranças do mundo exterior nunca hão de ter a mesma tonalidade das lembranças da casa. Evocando as lembranças da casa, adicionamos valores de sonho. (BACHELARD, 1993, p. 25).
Dito isso, podemos compreender que a mente dos moradores favorecidos estará limitada em seu processo de significação, importância e valor que é gerado através das interpretações sobre a casa, durante dez anos, se quiserem manter o direito à garantia do imóvel. O fundamental à nossa compreensão, é que de fato, nós, seres humanos, somos diferentes em nossos hábitos e recordações, de forma que o objeto arquitetônico deverá ser pensado respeitando essas diversidades, aliandoas com as eventuais emoções que teremos no decorrer do ato de habitar, visto que “a casa é uma das maiores (forças) de integração para os pensamentos, as lembranças e os sonhos do homem”. (BACHELARD, 1993). Nessa linha de pensamento, é plausível dizer que a realidade das habitações sociais hoje no Brasil está precisando sofrer um processo de melhoramento, de forma que a moradia possa significar mais do que apenas a proteção contra intempéries, mas que ela também venha a ser um ambiente que proporcione saúde e bem-estar (NEUFERT, 1999), além de inúmeras possibilidades de vivências e recordações. Como arquitetos, é nosso dever impedir que os moradores se sintam “infelizes por habitar casas indignas” (CORBUSIER, 1994, p. 5), onde haja falta de afeto e desdém, “porque elas arruínam nossa saúde e nossa moral” (CORBUSIER,
1994, p. 5). Ao projetar uma casa, é necessário considerar as várias mudanças futuras, advindas do habitar, visto que elas se originam através do gosto e do tipo de vida de cada um (LENGEN, 2004). É preciso, ainda, compreender que na habitação “o mais importante é que a família desfrute seus espaços e que não tente copiar casas de outras pessoas ou de outras regiões ou cidades. A casa deve ser construída de acordo com o gosto de cada um [...].” (LENGEN, 2004, p. 15).
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O CONTAINER 23
BREVE HISTÓRICO
Figura 9 – Porto da cidade de Santos - SP Fonte: Notícias ao minuto(2017)
Geralmente utilizados para transportes de cargas a longa distância, os containers, são caixas metálicas com grandes proporções e podem ser transportadas por navios, trens ou caminhões. (RAVANELLI, 2015). O acumulo de containers inutilizados nos portos de alguns países se dá, principalmente, graças ao dinamismo entre o comércio internacional e o transporte de mercadorias. Países com altos fluxos de importação, mas que, por outro lado, exportam menos mercadorias, acabam ficando com inúmeras peças metálicas abandonados, já que o retorno de um container vazio ao país de origem custa mais que a produção de um novo módulo. (SUJUKI, 2017).
Figura 10 – Containers em transporte Fonte: Poder naval (2010)
Em função de normas que regulam os transportes internacionais de mercadorias, os containers têm vida útil, para tal funcionalidade, de apenas 10 (dez) anos. Entretanto, segundo Rangel (2015), a vida útil real de um container é de aproximadamente 100 (cem anos), dez vezes o tempo que pode ser utilizado para transportar mercadorias. Portanto, são cerca de 90 (noventa) anos sem usos e destinos de descartes definidos, visto que os containers são grandes estruturas de material não biodegradável. Desse modo, a reutilização dessas estruturas metálicas no ramo da construção civil se 24 torna uma opção cada vez mais atraente e promissora.
Os containers, de modo geral, são compostos por oito vigas, sendo quatro superiores e quatro inferiores, que são interligadas por pilares localizados nas extremidades do módulo. A estrutura rígida possui fechamentos por painéis de chapa de aço e suporta cerca de dez vezes seu próprio peso. (CARBONARI, 2015). Existem diversos tipos de containers, que variam de acordo com as aberturas e sistemas de ventilação, possuem pequenas alterações de dimensões e diferem quanto ao tipo de carga a ser transportada, entretanto, trataremos aqui, dos mais utilizados para a construção civil, que é o foco deste trabalho.
DADOS TÉCNICOS DRY STANDART Conhecido em todo o mundo, esse é o modelo mais utilizado para transportes de cargas em geral. Possui apenas uma abertura, situada em uma das laterais com menor dimensão. Pode ser encontrado com facilidade e em dois tamanhos: 20 pés e 40 pés. (SUJUKI, 2017).
Figura 12 – Container Standart 20’ e suas dimensões Fonte: Santos Container
Figura 11 – Estruturas e revestimentos de um container Fonte: Carbonari (2015)
Figura 13 – Container Standart 40’ e suas dimensões Fonte: Santos Container
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HIGH CUBE Semelhante ao container Standart, porém com uma altura superior, este é o container mais utilizado em projetos de habitações. Também pode ser encontrado nas modulações de 20 ou 40 pés. (SUJUKI, 2017). Esse é o container escolhido para a elaboração do projeto arquitetônico deste trabalho, visto que a legislação vigente em nosso município exige um pé direito mínimo de 2,60m.
Figura 14 – Container High Cube 40’ e suas dimensões Fonte: Santos Container
REEFER Possui isolamento térmico em poliuretano de alta densidade, além de piso em alumínio e painéis de aço inoxidável. Mantem a temperatura interna entre -25°C e +24°C, quando ligado à uma fonte de energia. Pode ser encontrado nas dimensões de 20 e 40 pés. (SUJUKI, 2017).
Figura 15 - Container Reefer 40’ e suas dimensões Fonte: Santos Container
VANTAGENS E DESVANTAGENS VANTAGENS Dentre as principais vantagens de se utilizar o container na construção civil, está sua longa vida útil e a praticidade de uma obra limpa, visto que a modulação impede desperdícios e acúmulos de entulhos e lixos. Além disso, a reutilização do container é uma ótima opção para a construção sustentável e alia economia de custos (comparado à construção convencional) com rapidez na execução da obra.
DESVANTAGENS Entretanto, existem também algumas desvantagens ao se escolher trabalhar com contêineres, uma delas é a necessidade de espaço no terreno para a manobras. Uma das maiores dificuldades ao se construir em container, é a falta de legislação e a demanda por mão de obra especializada, visto que é um método novo e, ainda, pouco utilizado. Além de tudo, caso se trate de um container já utilizado, é preciso ter em mãos os documentos das cargas transportadas para que, se necessário, seja feita a correta higienização do mesmo, a fim de evitar riscos de contaminação.
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Leitura de Projeto 27
QUINTA MONROY
Figura 16 – Conjunto habitacional Quinta Monroy, em Iquique – Chile Fonte: Archdaily (2012)
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Com o propósito de compreender melhor a arquitetura sensível, a qual concluímos que deve ser base para qualquer projeto arquitetônico, podemos citar como exemplo o conjunto de habitação social Quinta Monroy (fig. 16), em Iquique, no Chile, projetado pelo arquiteto Alejandro Aravena³ e seu escritório de arquitetura Elemental S.A. O projeto assumiu uma postura gentil, pode-se dizer, ao colocar o usuário como protagonista da edificação, considerando que cada ampliação tem uma história específica e que estas são diferentes em cada caso (RUBANO et al., 2014), Aravena abriu uma série de possibilidades para os moradores. O projeto consistia em criar habitações para 100 (cem) famílias que ocupavam ilegalmente o terreno central há décadas, e apesar do alto valor e especulação imobiliária, pretendia-se que não houvesse a necessidade de relocação para as periferias da cidade, evitando a segregação urbana. Seria necessário trabalhar de acordo com o programa habitacional Vivenda Social Dinâmica sin Deuda (VSDsD), ou Habitação Social Dinâmica sem Dívida, que disponibiliza o valor de US$ 7500 (sete mil e quinhentos dólares) por família, como subsidio que deverá cobrir todos os gastos, que inclui a compra do terreno, projeto e construção. De acordo com o que foi dito pelo grupo de arquitetos do Elemental S.A, algumas tipologias foram rejeitadas (fig. 19), a fim de não contribuir para o beneficiamento de apenas alguns moradores e ainda evitar a necessidade de buscar um terreno com valor mais baixo, visto que esse só seria possível nas periferias. Se para resolver a equação pensássemos em uma casa por lote, ainda que utilizássemos os pequenos lotes do padrão da habitação social, conseguiríamos alocar somente 30 famílias no terreno. Isto porque com a tipologia de casas separadas, o uso do solo é extremamente ineficiente; a tendência, portanto, é buscar terrenos que custem pouco. Estes terrenos estão, normalmente, nas periferias, marginalizados e distantes das redes de oportunidades que uma cidade oferece. Se para fazermos um uso mais eficiente do solo, reduz-se o tamanho do lote até igualá-lo com a área da casa, o que obtemos, mais que eficiência, é amontoamento. Se para obtermos densidade, verticalizamos, os edifícios resultantes não permitem que as habitações possam crescer. E neste caso, necessitamos que cada moradia amplie-se ao menos o dobro de sua área original. (ELEMENTAL apud DELAQUA, 2012).
Figura 17 – Conjunto habitacional Quinta Monroy antes da entrega aos moradores Fonte: Archdaily (2012)
Figura 18 – Conjunto habitacional Quinta Monroy após a intervenções dos usuários Fonte: Archdaily (2012)
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Desse modo, ao invés de se pensar uma única unidade habitacional e replica-la cem vezes despreocupadamente, buscou-se não bloquear o crescimento das edificações com a verticalização, mas escolher uma tipologia (fig. 20) que possibilitasse um conjunto de diversos desenhos arquitetônicos que possam auxiliar na valorização do imóvel com o passar dos anos. Dito isto, houve o reagrupamento das cem famílias, em grupos menores, de vinte famílias cada (fig. 21), de forma que ao se inserir um espaço para uso coletivo o conjunto de pessoas à utiliza-lo fosse adequado às atividades e evitasse o isolamento social.
Vagas de estacionamento
Módulo entregue ao proprietário
Espaço vazio casa térreo, previsto para futuras ampliações
Espaço vazio casa alta, previsto para futuras ampliações Figura 19 - Tipologias rejeitadas durante a concepção do projeto do conjunto habitacional Quinta Monroy Fonte: Archdaily (2012)
Acesso ao núcleo habitacional Praça central
Figura 20 – Tipologia utilizada na construção do conjunto habitacional Quinta Monroy Fonte: Archdaily (2012)
Figura 21 – Implantação do conjunto habitacional Quinta Monroy Fonte: Archdaily (2012)
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Por último e, talvez, mais importante, está o fato de que, prevendo que parte das edificações seriam construídas por seus moradores (fig. 22), era necessário prever essas alterações e conte-las dentro do espaço de sua própria estrutura, evitando o crescimento excessivo e desordenado. A planta original prevê o aumento que poderá ser feito pelo usuário à posteriori, com linhas restas e sem muitos adornos, a casa é de fácil e rápida instalação, facilitando mais uma vez a vida do usuário.
É possível identificar que tanto a “casa do pátio” (fig. 23), quanto a “casa do alto” (fig. 24 e 25), tem opções de ampliação pelas laterais, onde já existe uma abertura prévia que dará acesso à nova construção. O projeto, ainda conta com modelos diferentes de ampliação, de forma a deixar claro que o usuário poderá utilizar de sua imaginação para sanar suas necessidades.
Figura 22 – Quinta Monroy - Antes e Depois das ocupações, interferências e ampliações feitas pelos usuários Fonte: Archdaily (2012)
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Espaço vazio (casa térreo) previsto para futuras ampliações Estrutura também entregue ao morador
Módulo (casa térreo) entregue ao proprietário sem divisórias rígidas
Figura 23 – Quinta Monroy – Planta baixa térreo (casa do pátio) Fonte: Archdaily (2012)
Espaço vazio (casa térreo) previsto para futuras ampliações Estrutura também entregue ao morador
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Módulo entregue ao proprietário sem divisórias rígidas
Espaço vazio (casa alta) previsto para futuras ampliações Estrutura também entregue ao morador
Figura 24 – Quinta Monroy – Planta baixa segundo pavimento (casa do alto) Fonte: Archdaily (2012)
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Módulo (casa alta) entregue ao proprietário sem divisórias rígidas
Espaço vazio (casa alta) previsto para futuras ampliações Estrutura também entregue ao morador
Figura 25 –– Planta baixa terceiro pavimento (casa do alto) Fonte: Archdaily (2012)
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Podemos concluir que Alejandro Aravena obteve sucesso ao realizar o projeto do conjunto habitacional Quinta Monroy seguindo os preceitos, do que chamaremos aqui, de “boa arquitetura”, mantendo a integridade de seu projeto original aliado às várias arquiteturas elaboradas pelos moradores do conjunto (fig. 26) e ainda superando um obstáculo que não pertence a arquitetura, mas pode ser amenizado através dela: superar a pobreza. Em resumo, a boa arquitetura poderá ser classificada aqui, como a arquitetura que leva em consideração as percepções, as expectativas e necessidades do usuário, e, além da funcionalidade e proteção que a habitação deve alcançar, consideram também o valor de utilidade, cultural e estético. (VOORDT & WEGEN, 2013).
Figura 26 – Quinta Monroy Projeto concluídos com as ampliações previstas em projeto Fonte: Archdaily (2012)
Figura 27 – Croqui Quinta Monroy Fonte: Behance (2016)
NOTAS ³ Alejandro Aravena é arquiteto, nascido no Chile em 1967. Diretor executivo do escritório Elemental S.A., tem maior reconhecimento de seu trabalho devido à sua atuação em projetos de habitação de interesse social. Vencedor do prêmio Pritzker em 2016.
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CONTAINER GUEST HOUSE
Figura 28 â&#x20AC;&#x201C; Container Guest House Fonte: Archdaily (2012)
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Compreender, ainda, que a vida vai além do edifício é fundamental, visto que, a cada dia que passa, as habitações cumprem um programa de necessidades mais básico e essencial. Cabe a nós, enquanto arquitetos, proporcionar as várias possibilidades de vivências no espaço além das paredes da casa. Nesse sentido, o escritório de arquitetura Poteet Architects4 traz um módulo habitacional de 30m² que reutiliza um container marítimo de 40 pés como estrutura principal. Localizada na cidade de San Antônio, no Texas (EUA), em um terreno privado, a singela moradia chama atenção.
Figura 29 – Container Guest House Fonte: Archdaily (2012)
Projetada para ser uma casa de visitas, a habitação conta com uma planta livre que permite que cada hospede tenha uma vivência única de acordo com a sua percepção e a sua própria interferência no local. O banheiro é o único ambiente rígido no projeto e é composto por chuveiro e bacia sanitária.
Figura 30 – Container Guest House Fonte: Archdaily (2012)
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Banheiro Ambiente rígido Paredes mais espessas devido as tubulações
Deck Frontal
Jardim
Painel aramado para crescimento das videiras
Figura 31– Planta baixa da Container Guest House Fonte: Archdaily (2012)
Sistemas de aquecimento, ventilação e ar condicionado
Composteira Armazenamento de águas residuais
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Em busca da sustentabilidade, além do container reciclado para uso permanente, outros materiais também foram aproveitados na construção, como por exemplo as fundações, que foram obtidas a partir da reciclagem de postes de telefone e o deck frontal, desenvolvido a partir de garrafas de refrigerante recicladas. A busca pela integração com o entorno é percebida através de todos os detalhes construtivos da edificação. O deck frontal é um convite para contemplação do espaço externo (fig. 30). Os vidros permitem uma maior aproximação com o exterior da edificação. A natureza também se faz presente no telhado da casa container (fig. 32), auxiliando na manutenção das condições térmicas do interior da habitação. Há, ainda, a captação de águas residuais para a irrigação do telhado, além do uso da técnica da compostagem. Na parte posterior da edificação, foi instalado um painel composto por uma tela, para ser coberto por videiras.
Figura 32 – Interior da Container Guest House Fonte: Archdaily (2012)
O conceito de compor com o existente e o reutilizável se fez presente em todos detalhes do projeto. Além de beleza e do aconchego, o projeto também traz possibilidades.
NOTAS ³ Consagrado escritório de arquitetura, com mais de vinte anos de carreira. Coordenado por Jim Poteet, o escritório é reconhecido por seus inúmeros trabalhos com foco em sustentabilidade. O portfolio da empresa inclui edificações residenciais, comerciais e institucionais, além de projetos de reutilização e adaptação de edifícios existentes.
Figura 33– Detalhes do telhado e tela de videiras Fonte: Archdaily (2012)
Figura 34 – Interior da Container Guest House Fonte: Archdaily (2012)
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BY THE WOODS
Figura 35 â&#x20AC;&#x201C; By The Woods Fonte: ArchDaily (2016)
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Resultado de um concurso, o conjunto habitacional projetado pela White Arkitekter⁵, está localizado na cidade de Allerod, na Dinamarca e intitulado de “By The Woods”, terá 115 (cento e quinze) casas unifamiliares em um novo bairro, completamente envolto por uma floresta. Com previsão para conclusão da obra ainda no de 2018, o novo conjunto habitacional busca quebrar a regra que se instaurou nos típicos projetos habitacionais, de modo geral, onde os limites entre público e privado são muito bem definidos. Existe um estigma infeliz associado a habitações sociais; elas são cinzas, estáticas, genéricas, edifícios colossais circundados por estacionamentos, terrenos baldios e concreto. Para nós, era importante não ter nada disto, então decidimos deixar que a natureza mostrasse o caminho. A natureza é dinâmica e flexível – assim como queremos que seja nosso conjunto. (Morten Vedelsbol apud Lynch, 2016). Floresta
O projeto buscou a consolidação de espaços semi públicos, incentivando os moradores a viver fora do espaço da casa convencional. Não existem muros ou cercas nos limites do conjunto, o que transmite sensação de abertura e inclusão para os moradores. Os poucos limites existentes, são criados através de materiais naturais, como a madeira, por exemplo, que está presente nas fachadas e nas paredes internas das moradias. As unidades habitacionais, que podem ser de dois, três ou quatro quartos, apresentam um terraço individual fechado, que permite que os moradores levem sua casa também para o exterior, de encontro ao ar livre. Criamos deliberadamente a sensação de que a natureza está tomando conta. Queríamos que os moradores tivessem uma experiência sensorial como se estivessem na floresta, tanto ao ar livre como de dentro de suas cozinhas. (Mikkel Thams apud Lynch, 2016). Telhado com cobertura verde
Espaço aberto individual Terraço individual
Espaço semi público
Escada de acesso ao segundo pavimento da habitação unifamiliar
Fachada de madeira da habitação ao fundo
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Acessos
Salão de Festas Comunitário
Espaços semi públicos
Figura 38 – Conjunto Habitacional By The Woods Fonte: Archdaily (2016)
Área de lazer
Figura 39 – Conjunto Habitacional By The Woods Fonte: Archdaily (2016)
Figura 37 – Implantação Conjunto Habitacional By The Woods Fonte: Archdaily (2016)
Estacionamentos
Pista de caminhada
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Levantamento de Dados 43
O LUGAR
Figura 40 – Vista aérea da cidade de Patos de Minas, Minas Gerais. Fonte: Brasil DTV (2013)
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Patos de Minas
Figura 45 - Vista panorâmica da cidade de Patos de Minas. Fonte: Fonte: Patos em Destaque (2016)
Minas Gerais
Figura 41 – Mapa localização país, estado e cidade Fonte: Elaborado pela autora
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Patos de Minas é uma cidade do interior de Minas gerais, localizada entre o Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. Possui cerda de 150.000 (cento e cinquenta mil) habitantes, segundo o censo de 2017 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. O município é majoritariamente urbano, visto que, segundo o censo de 2007 do IBGE, menos que 8% da população ainda residia nas áreas rurais. Com, aproximadamente, 1.200km² de extensão, a cidade de Patos de Minas é , geograficamente, subdivida em distritos menores e alguns povoados, que crescem mais a cada dia, sendo eles: Major Porto, Pindaíbas, Santana de Patos, Chumbo, Bonsucesso, Pilar e Alagoas.
Figura 42 - Coreto da Praça da Avenida Getúlio Vargas. Fonte: Acervo do Museu da cidade)
Com foco em agricultura, a cidade ficou nacionalmente conhecida através da Festa Nacional do Milho – FENAMILHO, que recebeu esse nome graças à sua atividade agrícola mais importante. Com clima tropical de altitude, a temperatura média anual da cidade, permanece em torno de 21°C. Patos de Minas faz parte do bioma do Cerrado, assim como a maioria das cidades do estado de Minas Gerais. Entretanto, a vegetação original do município está praticamente extinta, devido à grande expansão da agricultura.
Figura 43 - Parque municipal do mocambo na cidade de Patos de Minas. Fonte: Fonte: Patos em Destaque (2016)
Figura 44 - Avenida Getúlio Vargas e Igreja Matriz de Santo Antonio. Fonte: Acervo do Museu de Patos de Minas
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ÁREAS DE INTERESSE
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Buscando quebrar a “regra” que se instaurou naturalmente pelo governo brasileiro ao construir novos conjuntos habitacionais de interesse social, que é sempre escolher terrenos afastados do centro da cidade, habitualmente em bairros novos sem uma infraestrutura adequada, escolhemos inicialmente dois bairros consolidados da cidade de Patos de Minas como áreas de interesse. São elas:
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1 – Bairro Lagoinha 2 – Bairro Rosário 3- Bairro Santo Antônio
Figura 46 - Mapa de Patos de Minas Fonte: Prefeitura Municipal de Patos de Minas
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Bairro Lagoinha
POTENCIALIDADES • • • • • •
Terreno com boa topografia, pouco declive. Grande concentração de equipamentos urbanos Predominância residencial Diversidade de comércios, prestações de serviços e institucionais Próximo a área de preservação, muitas áreas verdes próximo ao terreno Não existem edificações com altura que influenciem na permeabilidade visual do novo edifício.
FRAGILIDADES • •
Um dos poucos terrenos não ocupados na região Tráfego intenso na Rua São Geraldo e Ildefonso Bernardes, em horários específicos.
• • •
Bairro Rosário
Bairro Santo Antônio
POTENCIALIDADES
POTENCIALIDADES
Terreno quase plano. Diversidade de comércios, prestações de serviços e institucionais Próximo a Avenida Paracatu, importante via de ligação entre bairros e o Centro da cidade.
FRAGILIDADES
• • • • •
Um dos poucos terrenos não ocupados na região. Tráfego intenso nas proximidades, durante todo o dia e finais de semana. O zoneamento da área não permite verticalizar condomínios residenciais. Dificuldade de acesso, por ser uma vila. Pouca permeabilidade visual, muitas edificações altas nas proximidades.
Diversidade de ocupações: residências, comércios, prestações de serviços e institucionais • Alturas diversificadas das edificações nas proximidades. • Área considerada Centro da cidade • Terreno com grande área • Vários terrenos não ocupados, o que cria inúmeras possibilidades de crescimento para o bairro. •
FRAGILIDADES • • •
Terreno muito acidentado. Tráfego intenso nas proximidades, durante os dias úteis. 48 Poucos equipamentos urbanos.
Na busca pelo terreno ideal, algumas aspectos tiveram que ser considerados, como por exemplo a topografia e as dimensões do mesmo, visto que são denominadores importantes ao se trabalhar com container. A localização, próxima ao Centro e em uma área já consolidada, também foi ponto importante para a escolha. O foco principal era não escolher um único terreno, mas um conjunto deles, o que possibilitaria a criação de um projeto com várias habitações, formando um conjunto/condomínio, que tornaria possível a aproximação dos novos moradores com o bairro. Desse modo, deu-se a escolha do terreno no bairro Lagoinha, área residencial próxima ao Centro da cidade de Patos de Minas, bem localizada e com vários equipamentos urbanos em seu entorno, incluindo a Lagoa com pista de caminhada em sua orla, que é utilizada por pessoas de vários bairros próximos.
Figura 47 – Mapa de localização e condicionantes do terreno Fonte: Elaborado pela autora
O TERRENO
Figura 48 – Foto do Terreno – Rua Cirinos Fonte: Arquivo pessoal, 2018
Figura 49– Foto do Terreno – Rua Santa Lúcia Fonte: Arquivo pessoal, 2018
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O terreno, que na verdade é a junção de cinco lotes, tem uma área total de 1560m². A Lei Complementar 320, da cidade de Patos de Minas, classifica, e seu anexo III, os parâmetros urbanísticos do terreno escolhido, pela sua localização. Nomeado como Zona de Adensamento 2, a LC320 – ANEXO III, determina os seguintes parâmetros para a construção em terrenos nessa região, sendo eles:
RECUO FRONTAL: 3,00m AFASTAMENTOS LAT.: 1,50m
Além disso, determina que a altura da edificação poderá ser no máximo, uma vez e meia a largura da via da fachada principal. Sendo as duas fachadas situadas em vias locais, de 12m de largura, pode-se ter uma altura máxima de edificação, neste terreno, de 18m.
TAXA DE PERMEABILIDADE: 20% ou 312m²
TAXA DE OCUPAÇÃO MÁX.: 70% ou 1092m²
Figura 50 – Condicionantes do terreno Fonte: Elaborado pela autora
Figura 51 – Classificação das vias das fachadas Fonte: LC320 – ANEXO VIII
Outra aspecto importante para a elaboração do projeto arquitetônico nesse terreno, se encontra no anexo 8, da referida LC, que determina a quantidade mínima de vagas de estacionamento que deverão ser destinadas às edificações de uso residencial, que é de 1 por unidade. 50
A linha de transporte público disponível para o bairro é a ROTA 5, que liga os bairros da região ao Centro da cidade, onde é possível pegar uma nova rota, caso tenha necessidade de ir para outras áreas da cidade.
Figura 52 – Mapa com o percurso do transporte público Fonte: Elaborado pela autora
TRANSPORTE PÚBLICO
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Com predominância residencial, o bairro tem a classificação da maioria de suas vias como “local”, sendo apenas a Rua São Geraldo, Idelfonso Bernardes e Anicésio Vieira, consideradas vias coletoras, vias estas que fazem ligação dos bairros com o centro da cidade.
Figura 53 – Mapa de hierarquia do sistema viário Fonte: Elaborado pela autora
HIERARQUIA VIÁRIA
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Apesar da predominância residencial, existem usos diversos, situados principalmente na Rua São Geraldo e Idelfonso Bernardes, devido ao intenso fluxo de pessoas indo e vindo. É possível encontrar diversos comércios, alguns dos quais, recebem público de toda a cidade.
Figura 54 – Mapa de usos Fonte: Elaborado pela autora
USOS
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O entorno do terreno escolhido conta com vários equipamentos urbanos, como já mencionado. A Lagoinha é um ponto forte do bairro, visto que recebe pessoas de vários bairros para caminhadas e utilização da academia. Veja na próxima página, mais detalhes desses equipamentos.
Figura 55 – Mapa de equipamentos urbanos Fonte: Elaborado pela autora
EQUIPAMENTOS URBANOS
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Figura 56 - Estacionamento e praça próx. á Lagoinha Fonte: Arquivo pessoal, 2018.
Figura 59 - Praça próximo à escola Fonte: Arquivo pessoal, 2018.
Figura 57 - Lagoinha e pista de caminhada Fonte: Arquivo pessoal, 2018.
Figura 60 - Escola Municipal Pref. Jacques Corrêa da Costa Fonte: Arquivo pessoal, 2018.
Figura 58 - Academia ao ar livre Fonte: Arquivo pessoal, 2018.
Figura 61 - Estacionamento próx. à escola Fonte: Arquivo pessoal, 2018.
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Conforme as imagens abaixo podem demonstrar, o terreno escolhido tem uma particularidade, ele era comumente utilizado para travessia de pessoas, que queriam cruzar a quadra, da Rua Cirinos para a Rua Santa Lúcia. Esse hábito pode ter sido iniciado pelos estudantes da Escola Municipal Jacques Correa da Costa, localizada na Rua São Geraldo, como meio de “cortar” o caminho entre a casa e a escola. Nos últimos anos, o terreno foi cercado pelo proprietário, com o intuito de mantê-lo limpo, impedindo assim que os pedestres continuassem a utilizar o terreno como meio de travessia. A elaboração do projeto arquitetônico, visa (RE)criar essa cultura dos moradores, visando aproximar a comunidade da nova edificação a ser inserida no espaço, de forma que o edifício seja utilizado em sua totalidade e todos possam usufruis dos benefícios trazidos pelo mesmo.
Área de reserva
Escola M. Jacques Corrêa da Costa
Trilha deixada pela travessia de pessoas
Estacionamento
Figura 62 – Trilha deixada no terreno Fonte: Arquivo do Google Earth
Figura 63 – Trilha deixada no terreno Fonte: Arquivo do Google Earth, 2013 56
O PROJETO
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CONCEITO E PARTIDO É imprescindível dizer, após todo o estudo desenvolvido, que as habitações sociais no Brasil, não têm proporcionado ao usuário nem liberdade e nem independência. Nesse sentido, nasceu a necessidade da elaboração de um projeto arquitetônico que quebrasse esse paradigma instaurado disfarçadamente pelo governo, de que é mais importante “construir mais, do que construir melhor”. O essencial para esse projeto é alcançar o tão sonhado lar e não, apenas, o abrigo. Chegamos a conclusão, de que o reconhecimento da habitação enquanto lar, é peculiar e individual para cada pessoa, podendo ser, muitas vezes, alcançado apenas através da própria intervenção humana na casa. Desse modo, o projeto aqui proposto, tem como conceito principal, a autonomia. Além disso, a aproximação dos moradores do conjunto habitacional com os moradores do bairro em geral, é necessária para que todos se sintam incluídos na comunidade e que o sentimento de pertencimento seja gerado em todas as pessoas ao redor da nova edificação. Buscando solucionar os problemas projetuais encontrados nas habitações de interesse social da atualidade e mantendo a viabilidade econômica para a construção de um projeto com um novo conceito, verificou-se os benefícios da RE-utilização de materiais, como por exemplo, o containter, que é o partido desse projeto. Além de ajudar a manter os custos do projeto viável, a modulação do container auxiliou na premissa de que a intervenção do usuário é necessária, possibilitando espaços vazios para futuras ampliações em cada unidade habitacional. Essas ampliações, poderão ser feitas de acordo com o gosto e necessidade do usuário, no material construtivo que mais lhe agradar e no tempo que lhe for oportuno. Esse é o conceito de lar que buscamos alcançar. Figura 64 – Nuvem de Palavras Fonte: Elaborado pela autora
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Buscando criar possibilidades diversas para os usuários das unidades habitacionais, foram criadas algumas opções de layout para o módulo habitacional padrão a ser proposto: um container high cube, de 40”, ou 12,19m. Com uma área de 29m², o módulo habitacional padrão pode atender a diversos tipos de núcleos familiares, com a possibilidade de ampliação (assim como a família). Uma das propostas que possibilita a transformação do layout da casa, é a repartição de ambientes com divisórias móveis, que podem ser, inclusive, sanfonadas, para a integração dos ambientes quando houver necessidade. Abaixo, podemos observar uma das possibilidades de layout para a habitação com suporte para núcleo familiar de duas pessoas. Outras duas opções são demonstradas a seguir.
Figura 65 – Planta unidade habitacional núcleo familiar de 2 pessoas – layout 01 Fonte: Elaborado pela autora
PLANTA BAIXA - POSSIBILIDADES As paredes devem receber tratamento acústico com lã de pet e acabamento em placas cimentícias
Sala (TV/Estar) Possível quarto de hóspedes
Divisória móvel
Quarto WC – Núcleo rígido
Mesa (retrátil ou não) Sofá cama retrátil
Mesa de centro com puffs ‘guardados’
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Figura 66 – Planta unidade habitacional núcleo familiar de 2 pessoas– layout 02 Fonte: Elaborado pela autora
Figura 67 – Planta unidade habitacional núcleo familiar de 2 pessoas– layout 03 Fonte: Elaborado pela autora
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Figura 66 – Planta unidade habitacional núcleo familiar de 3 ou 4 pessoas – layout 01 Fonte: Elaborado pela autora
Quarto 1
WC – Núcleo rígido
Acima, podemos observar duas possibilidades de layout para a habitação com núcleo familiar de 3 ou 4 pessoas.
Figura 66 – Planta unidade habitacional núcleo familiar de 3 ou 4 pessoas – layout 01 Fonte: Elaborado pela autora
Mesa (retrátil ou não)
Quarto 2
Possibilidade de beliche
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Figura 67 – Proposta de Layout para quarto 1 Fonte: Elaborado pela autora
Figura 69 – Proposta de Layout para Cozinha Fonte: Elaborado pela autora
Figura 68 – Proposta de Layout para quarto 2 Fonte: Elaborado pela autora
Figura 69 – Proposta de Layout para Cozinha Fonte: Elaborado pela autora
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Após vários estudos, verificou-se que a melhor implantação a ser utilizada. Visto que seria necessário incluir 24 habitações no terreno para viabilizar financeiramente esta obra. Desse modo, também seriam necessárias 24 vagas de garagem, o que consome muita área do terreno. Abaixo, alguns modelos rejeitados devido ao espaço necessário para implantação, ao custo com a movimentação de terra no terreno e/ou a inviabilidade de sobrepor contêineres criando 3 pavimentos.
~ IMPLANTAÇAO
01
TERRENO
Em conversa com a vizinhança, descobriu-se que o valor de venda de cada terreno é de R$ 90.000,00, totalizando o valor dos cinco terrenos em R$ 450.000,00.
Para a implantação escolhida, em uma semana será possível fazer a limpeza do terreno e os ajustes necessários na topografia. Estima-se um custo de R$ 10.000,00 para os serviços.
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CONTAINER
Figura 67 – Implantações rejeitadas Fonte: Elaborado pela autora
Como importante fator para a viabilidade da proposta, como já mencionado, está o custo da mesma. Abaixo, algumas informações sobre o orçamento (aproximado) da obra, obtido através de pesquisas de mercado, na cidade de Patos de Minas.
02
TOPOGRAFIA LIMPEZA
Segundo Luciana Sotello, R$ 935,00 seria o valor por m² para a construção em container. Desse modo, um container de 40”, teria um custo de R$ 27.580,00.
Estima-se a porcentagem de 15% do valor total gerado até aqui, para demais finalidades.
04
OUTROS
Segundo os dados coletados, o valor total da obra seria de aproximadamente, R$ R$ 1.290.200,00. Para cada unidade habitacional, de aproximadamente 30m², o valor seria de, aproximadamente, R$ 53.750,00. 63
~ IMPLANTAÇAO - CROQUIS
Figura 68 – Croqui da volumetria final esperada Fonte: Elaborado pela autora
Figura 71 – Croqui de estudos de implantação Fonte: Elaborado pela autora
Figura 69 – Croqui de estudos de implantação Fonte: Elaborado pela autora
Figura 70 – Croqui de estudos de implantação Fonte: Elaborado pela autora
Levando em consideração todas as normas a serem cumpridas das legislações da cidade de Patos de minas e, principalmente, o espaço necessário dentro do terreno para isso, a melhor opção de implantação foi escolhida (fig. 70) tornando possível todas as exigências de projeto, 64 conforme apresentado a partir de agora.
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FACHADA 1 Espaço aberto para futuras ampliações.
Para a arborização do terreno, foi escolhida a Árvore Manacá da Serra, comum em nossa região pela sua linda floração que varia a coloração de suas pétalas do roxo ao branco. De porte médio e fácil manutenção, esta arvore foi escolhida para agregar beleza ao edifício.
Muro de divisa - Lateral
O ferro foi escolhido como o material da escada e dos corrimãos, para seguir a mesma linha industrial do restante da edificação.
Desnível natural do terreno, com 7,9% de inclinação.
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Espaço de relaxamento, onde a cor verde deverá ser predominante, visto que é uma cor que acalma e traz a sensação de bem estar. O fato de estar no segundo pavimento, permite uma vista para a cidade e uma melhor ventilação, motivo pelo qual esse módulo deverá ser aberto em suas duas laterais, mantendo apenas o guarda corpo.
Muro de divisa - Fundos
FACHADA 2 Entre os dois blocos, foi utilizada uma única escada com duplo acesso, com o intuito de ocupar menos espaço entre os blocos e reduzir os custos.
Foi utilizado a herbácea arbustiva Ixora Coccinea, visto que é uma cortina vegetal de médio porte, que não tira totalmente a permeabilidade visual. Fácil manutenção e pode ser cultivada a pleno sol. A cor branca foi a escolhida para compor o volume da fachada da edificação, por representar a cor do bem e da perfeição, sem tirar o foco das habitações.
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CORTE AA
A diferença de altura entre as unidades habitacionais se criou pela necessidade de movimentação de terra no terreno. Várias opções foram estudadas e, analisando os orçamentos e resultados estéticos gerados através dessas decisões, escolhemos manter a movimentação de terra no mínimo possível, aproveitando ao máximo o desnível original do terreno.
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~ ~ SITUAÇAO E LOCAÇAO
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A decisão de utilizar uma lavanderia comunitária, deu-se pela busca em promover o senso de coletividade, trocas de experiências e a aproximação entre os moradores, pois, dessa forma, é possível uma maior socialização entre os membros do condomínio. Foi pensando ainda, um espaço semi-público, onde os usos podem ser variados, desde um playground para crianças até os churrascos de domingos.
Figura 72 – Área de uso comum, proposta de cinema compartilhado e brinquedoteca, ambientes separados por uma parede de cobogós. Fonte: Elaborado pela autora
Figura 72 – Área de uso comum, proposta de área de churrasco compartilhada e playground. Fonte: Elaborado pela autora
AREAS DE USO COMUM
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CONDOMÍNIO MCLEAN
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CONDOMÍNIO MCLEAN
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CONSIDERAÃ&#x2021;OES FINAIS 8
~ CONCLUSAO O presente trabalho, toca em assuntos que são de uma problemática nacional, que há anos vem sendo discutida, entretanto, não se chegou a um resultado satisfatório (ainda), que é a questão da habitação social no Brasil. Embora pareça um problema de difícil solução, é possível compreender, através da analise dos dados aqui descritas, que é apenas uma questão governamental mal tratada. Contudo, a busca pela qualidade de vida na moradia também é responsabilidade dos arquitetos e foi pensando nisso que esse tema foi abordado aqui. Compreender a necessidade do usuário de transformar o espaço habitado em um espaço vivido, é de suma importância para a elaboração do projeto final deste trabalho, que busca alcançar a concepção de um lar para seus moradores. Sabendo que o entendimento de lar é peculiar para cada individuo, o que é proposto nesse trabalho, é bem mais simples do que se poderia imaginar, embora extremamente valioso: a autonomia e liberdade. Poder tornar o seu lar possível. Atrevo-me a dizer, que o objetivo desse trabalho foi alcançado: a habitação social, foi compreendida como lar, muito mais do que coletivamente, mas individualmente. Entretanto, este ainda não é o fim. Pelo contrário, esse é, apenas, o início.
“Mais importante que apenas habitar uma residência, é imprescindível viver. “
9 Paula Gonçalves
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