ONDE EU COLOQUEI? Todo mundo já perdeu alguma coisa na escola, no ônibus ou até dentro de casa. Mas nem sempre perder é ruim
PAULA MORAIS
T
odos os dias o aeroporto internacional de Salvador recebe muitas pessoas. Só em 2012, foram quase nove milhões, segundo a Infraero, empresa que administra os aeroportos do país. Salvador precisaria ser triplicada para caber tanta gente de uma vez só. Nessas idas e vindas, os passageiros carregam roupas, saudade, alegria ou diversão na mala. O problema é quando esquecem dela. Diariamente, no aeroporto, são perdidos de 16 a 20 objetos nos embarques de Salvador. São mais de sete mil por ano, contou o gerente de operações de aeroportos, Carlos Antônio.
Vê se não esquece Não dá para perder a cabeça quando não lembrar onde colocou algo. O neurologista Leandro Telles disse para ter calma. Ele explicou que a falta de atenção é o que faz esquecer algo e achar que perdeu. “A dica é falar o que vai fazer em voz alta para o cérebro guardar aquela informação”. O cérebro separa o que é ou não importante. Se você fizer duas ações ao mesmo tempo, ele vai separar quais devem ser lembradas e perdidas. “É mais fácil ele guardar as informações emocionais, uma alegria ou tristeza forte do que se lembrar que você colocou a caneta atrás da orelha”, disse o neurologista.
SALVADOR, SÁBADO, 26 DE OUTUBRO DE 2013
Pedir para achar
Perdeu. Será que achou?
Lado bom
Cada pessoa tem uma forma de achar o que perdeu. Uma delas é recorrer a São Longuinho e seus três pulinhos. O historiador e folclorista Carlos Carvalho contou que não há registros sobre o santo. A história é a de que se chamava Longuinus e era um soldado de Roma com problemas de visão. “Um dia ele foi mandado para castigar Jesus. Quando enfiou a lança, o sangue de Jesus espirrou nos olhos doentes e eles ficaram bons”, explicou Carlos Carvalho. O milagre fez com que Longuinus se arrependesse e mudasse o nome. Ele passou a ajudar as pessoas a achar os objetos em troca do reconhecimento dele como santo.
A Infraero criou em 1992 o setor de “achados e perdidos” para atender os esquecidinhos e encontrou foi coisa. “Já encontramos bengala, muleta e até duas malas cheias da mesma pessoa”, disse Carlos Antônio. Não é difícil ter o pertence de volta. O gerente explicou que é só você ir ao balcão de informações e dizer tudo sobre o objeto perdido. Só não vale esquecer como ele é.
Ninguém gosta de perder, mas nem sempre isso é ruim. Perder o medo é algo positivo, por exemplo. Reginaldo Aguiar é psicólogo e disse que a perda pode se transformar em um ganho. “Às vezes, a gente perde, mas algo novo vem no lugar. Quando o dente cai, vem um que dura mais”.
4e5
Achou o perdido O que você faria se achasse algo que não é seu? Na dúvida, o psicólogo Reginaldo Aguiar dá uma dica. “Se coloque no lugar do outro”. Ele falou que não há motivo para ficar com o objeto, caso seja possível identificar quem é o dono. “Você tem que pensar que quem perdeu pode estar infeliz por isso. E se fosse você?”. Caso você tenha ido atrás e não achou o esquecido, o psicólogo falou que não tem problema em ficar com o objeto. Mas não esqueça: nem sempre quem perde algo é uma pessoa desastrada.