"Cada qual com seu rabo"

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Aventura nos livros

Cada qual

com seu

RABO Balançar, mostrar alegria, livrar-se do perigo ou se equilibrar. Para que serve o rabo dos animais? PAULA MORAIS

As pessoas vivem inventando maneiras de correr do perigo. Elas contratam guardas, colocam cercas nas casas ou instalam câmeras de segurança. Mas os animais têm um jeito diferente de fazer isso. A lagartixa, por exemplo, assim como a maioria dos lagartos, solta o rabo (também chamado de cauda) quando estão inseguros em relação ao ambiente. A estratégia serve para que eles não virem comida de outros animais. O rabo mexe por alguns segundos e chama a atenção dos predadores. É o tempo certo para que possam fugir. Mas, calma. Essa perda é natural e não dói. Além disso, o rabo da lagartixa cresce outra vez.

A professora de letras da Universidade do Estado da Bahia (Uneb) Luciete Bastos contou que os rabos dos animais são marcantes nas histórias infantis por dois motivos. O primeiro porque meninos e meninas se identificam com contos de bichos e, depois, o rabo é uma marca de cada animal. “Quando lembramos de um cachorro, pensamos também no rabo dele balançando”. Livros como O rabo do macaco, de Monteiro Lobato, e Viva eu, viva tu, viva o rabo do tatu, de Cristina Vilaça, contam histórias sobre aventuras dos bichos e confusões com suas caudas.

Amiga cauda A professora de zoologia da Universidade Federal da Bahia (Ufba) Elizabeth Gerardo explicou que cada animal tem uma maneira diferente de usar a cauda. Os cachorros, por exemplo, comunicam-se com ela. Eles costumam abanar o rabo quando estão felizes e o colocam entre as pernas quando estão tristes. Os gatos e macacos mantêm o equilíbrio com ela; o peixe a usa para nadar. Mas a cauda também serve para conseguir namoradas. Este é o caso do pavão. Quando o macho tem uma cauda grande e bonita significa que ele é saudável. Essa é a receita para conseguir uma boa esposa. Mas não é todo bicho que perde o rabo, como faz a lagartixa, e fica bem. A professora explicou que isso acaba prejudicando a vida de alguns animais. “Eles podem perder algumas de suas características. Principalmente a forma de se comunicar e o equilíbrio”. Mas, para algumas pessoas, é comum e bonito cortar o rabo do cachorro, por exemplo. Os ossinhos da cauda são retirados em uma cirurgia. A professora disse que o processo deve ser feito apenas quando necessário. “Há raças que balançam muito o rabo e acabam batendo em alguns lugares. Isso machuca e causa feridas. Em outros casos, não é preciso a cirurgia”.

Tinha, mas perdeu Alguns animais já tiveram caudas e perderam com o tempo. A cobra e o homem são alguns deles. A professora explicou que isso acontece por conta da adaptação ao ambiente em que se vive. “Quando o lugar se transforma, o animal procura formas de se adequar a ele”. A cobra também tinha patas, mas precisou se adaptar ao ambiente em que vive para sobreviver. Foi mais fácil se arrastar nas florestas e se esconder nas folhas para conseguir alimento do que ter que correr. A evolução de cada animal demora muito tempo. São milhares de anos. A professora Elizabeth contou que só dá para saber disso quando encontram-se fósseis. Aqueles restos de seres vivos que ficam no solo ou subsolo.

4e5

[ leia ] O Rabo do macaco Autor: Monteiro Lobato Editora Construir 14 páginas R$ 10

Viva eu, viva tu, viva o rabo do tatu Autor: Cristina Villaça Editora Escrita Fina 24 páginas R$ 20

Golpe de capoeira Você sabia que o nome do golpe mais conhecido da capoeira se chama “rabo de arraia”? O rabo do peixe arraia contém farpas que servem para se defender dos predadores. O mestre de capoeira Luciano Guimarães contou que o movimento é quase parecido com o do peixe. “Coloca a mão no chão, levanta a perna e gira”.

Ilustrações Bruno Aziz

SALVADOR, SÁBADO, 15 DE JUNHO DE 2013


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