Projeto Fundão [do Jardim Ângela] | TFG Urbano

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Trabalho Final de Graduação Campinas, Dezembro de 2016 Barbara Titoto | Branca Bacci-Brunelli | Camila Pereira | Daiane Fontes | Diego Pereira | Flavia Carneiro | Gabriel Rios | Grabiela Cardim | Helena Amaral | João Gabriel Minosso | Mariana Amparo | Maria Rubio | Marina Cintra de Almeida | Michelle Wakatsuki | Paula Pereira | Stephanie Ribeiro Orientado por: Prof. Antônio Fabiano Junior e Profa. Dra. Vera Santana Luz Banca examinadora Maria Beatriz de Camargo Aranha Maria Eliza de Castro Pita Camille Bianchi Andre Graziano Pontifícia Universidade Católica de Campinas Centro de Ciências Exatas, Ambientais e de Tecnologia Faculdade de Arquitetura e Urbanismo 2


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Agradecimentos

Gratidão: o que sentimos a cada dia, cada ritual, cada conexão com tudo que envolve este trabalho. Tudo isso que nos tornou, agraciou com a verdadeira riqueza: o poder de ser sensível. Sensível ao perceber que a terra é mais do que o chão, que o vento que toca sua pele pode ser sua inspiração diária, que caminhar de olhos fechados para o desconhecido pode ser muito difícil, mas não se você tem alguém que acredita em você, e te vê do outro lado da corda bamba. Obrigado, Antônio e Vera por nos tornar pessoas melhores. Antônio Norbeto Martins, Shirlei do Carmo e Mariana Antunes, obrigado por nos mostrar que o que fazemos não é em vão, e que se somos loucos, então não estamos sozinhos. Juntos tornamos os sonhos uns dos outros possíveis. Agradecemos a contribuição dos professores Fábio Boretti e Oswaldo Pizolatto. Não poderíamos esquecer dos nossos queridos amigos da FAU-Puccamp, professores, funcionários e todos aqueles que de certa forma fizeram parte do nosso mundo chamado Fundão. Obrigado mais uma vez. Torna-se impossível não agradecer a todos os integrantes dessa equipe, que com toda sua diversidade conseguiu unir forças por uma causa que sensibilizou a todos: o próximo. 4


Projeto Fundão

Baseado no tripé da Requalificação, Recriação e Ressignificação o projeto tem por objetivo apresentar proposta urbana para o Fundão do Jardim Ângela, localizado às margens da represa Guarapiranga, zona sul da cidade de São Paulo, trazendo diretrizes, estratégias e desenho urbano a fim de transformar o território aproximando-o do homem que ali habita e co-existe. Para tanto é importante frisar a não distinção ou articulação entre os territórios urbano e rural pois é fato que a organização dos homens e a produção de bens para uso e consumo assim separados de modo estanque estão em desequilíbrio perante os recursos naturais do mundo. É nesse impasse e acreditando na relação intrínseca entre homem-natureza e centro-periferia nas grandes metrópoles, que o projeto se insere. Para tanto, são propostas hipóteses de autonomia e independência a este homem com melhoria da qualidade de vida, participação social e valorização da cidadania, respeito aos tempos e formas do território, valorização de sua história e uso racional de recursos ambientais. A estrutura metodológica de levantamentos, análises, diagnósticos, prognósticos, diretrizes e ações projetuais foram divididas em quatro partes: Uma História, Uma Realidade, Um Plano e Um Sonho.

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Índice 4 5 8 12 14 16 19 20 22 22 25 25 26 32 34 34

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Agradecimentos Projeto Fundão Introdução São paulo A água Dados censitários Índice Paulista de Vulnerabilidade Social Morfologia Urbana Geomorfologia Risco geológico e Favelas Infraestruturas Marcos Referenciais Vazios Urbanos Tripé Inicial e Pactos Aplicações do pacto 1 Reinserir o sistema de trocas


34 34 39 39 41 41 44 44 46 46 50 53 54 60 62 64 74

Aplicações do pacto 2 Sistema de Mobilidade Aplicações do pacto 3 Requalificar o Sistema de Geração e Uso de Energia Elétrica Aplicações do pacto 4 Valorização dos recursos hídricos Aplicações do pacto 5 Expansão e Adensamento Controlado Aplicações do pacto 6 Vazios e Micro Infraestruturas Proposta urbana Mapa dos Programa de Necessidades Gerais Programa de Necessidades Gerais Recorte da área de intervenção Levantamento casa a casa Área de intervenção exemplar Bibliografia

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Introdução O Fundão do Jardim Ângela é a periferia da periferia da cidade de São Paulo. Se Carolina de Jesus já dizia que a favela é o quarto de despejo da cidade, então neste momento estamos olhando para falar do quartinho dos fundos, bem nos fundos da cidade mais rica e populosa do país. Estamos à margem das linhas políticas, sociais, físicas, econômicas, e infra-estruturais da cidade. Estamos à margem de tudo, no limite do município, no ponto do território esquecido, da gente esquecida, das coisas esquecidas. Estamos quase em Itapecerica da Serra ou em EmbuGuaçu. Logo mais, a Sul, nas frondes da Serra do Mar. O Fundão do Ângela compreende os bairros Jardim Vale Verde, Parque do Lago, Jardim Aracati, Vila Gilda, Cidade Ipava, Chácara Flórida, Jardim São Pedro, Parque das Cerejeiras, Jardim Tamara, Parque Santa Bárbara, Jardim Capela, Vila Guiomar, Vila Dom José, Vila Nova Cidade, Vila do Sol, Vila Calu, Chácara Sonho Azul, Comunidade João Cândido, Vila Zélia, Bairro Chácara Bananal, Comunidade dos Bombeiros, Jardim do Éden, Bairro Chácara Balbina, Jardim Sonia, Jardim Vera Cruz, Chácara Enseada, Jardim Jacira, Jardim do Carmo 8

I e II, Jardim Horizonte Azul, Morro da Mandioca, Parque São Francisco, Parque São Lourenço, Três Chaves, Jardim Analândia I e II, Jardim Horacina, Jardim Nogueira, Conjunto Habitacional (MCMV) Jardim Horizonte Azul e o Parque da ilha dos eucaliptos. Em um primeiro contato, quando visualizamos esse território, a primeira noção é que estamos na mesma paisagem o tempo todo. Não existe lado para onde se olhe sem casas de alvenaria de tijolos ausentes de revestimento e pintura, gatos de fios elétricos, mangueiras improvisadas clandestinas de água potável e inexistência, em muitos momentos, de pavimentação em suas vias. Essa é uma situação cotidiana da periferia de qualquer cidade. Estamos no Fundão mas podemos reconhecer os mesmos traços em todas as periferias do mundo. O Fundão não foge à cruel regra de uma área periférica com configuração tradicional perversa. As consequências são óbvias: um grande deslocamento populacional ocorre da área ao restante do município à procura de trabalho, mas de estudo, equipamentos de utilidade básica como hospitais e postos de saúde, atividades de lazer e culturais,


O quartinho dos fundos da periferia. “Cidade é um produto resultante das relações sociais…” Ermínia Maricato.

entre outros. Mas um olhar minimamente atento é capaz de enxergar subjetivas particularidades em cada canto, mesmo com a visível inexistência de infraestrutura, a falta de recursos e a presença maçante da violência do descaso e da negligência mesmo por um viver mínimo quiçá digno. A grande particularidade do território estudado inegavelmente está no fato de que estamos diante de uma área fundamental para a Região Metropolitana de São Paulo, por suas nascentes de água, caracterizada como região de mananciais. Estamos às margens da represa Guarapiranga e em todo o território brotam nascentes como é o caso da área da escola EMEI Chácara Sonho Azul, nosso ponto de partida e porta de entrada para o Fundão. Foi olhando para essa microescala, a das não infraestruturas metropolitanas e dos não grandes equipamentos, que o projeto enxergou a possibilidade de retomar um contato direto, sensível, tátil, olfativo, sonoro, saboroso e visual com o espaço da natureza potencializando o caráter corriqueiro de passar por um local e perceber o pequeno barulho de um rio nascendo.

Foi através dessa “escala marginal” urbana que foi possível tentar vislumbrar com a possibilidade de virarmos agentes ativos da criação de um lugar, seja ele a casa, a parede de um beco, a calçada ou a pequena praça onde todos podem, através da arquitetura como meio institucional, experimentar o modo de dar forma ao mundo e buscar formas alternativas para o suprimento das necessidades fundamentais do que define a cidade, ou seja, não apenas um aglomerado e moradias mas sim a vida com suportes infraestruturais. “ao invés de um cenário de passagem entre um ponto e outro de um deslocamento, o espaço da cidade passa a ser um espaço vivido. É evidente que a cidade, tal qual se organiza hoje, é absolutamente hostil a essa prática, uma vez que claramente a prioridade no espaço público é a circulação e, particularmente, a circulação de automóveis. Entretanto, quem busca conhecer a cidade a pé tem a oportunidade de se reconectar com a cidade, sendo capaz de fazer a crítica desse modelo e exigir outro, no qual estar será tão importante – ou mais – do que passar!” (ROLNIK, 2013). 9


UMA HISTÓRIA... A criação de um espaço é a soma de pessoas, ações que colocam essas pessoas lá e uma boa dose de bom senso. Sem bom senso criamos lugares sem escala, sem vida, esquecidos e fragmentados. Somos seres humanos, Homo sapiens sapiens, expressão latina que significa literalmente “homem sábio sábio”. Infelizmente, guardamos o saber no bolso e desviamos o olhar ao nos depararmos com paisagens como as do Fundão. Um lugar que expressa tão bem a formação de uma periferia desigual, uma morfologia urbana proveniente de políticas de segregação espacial e da histórica inexistência de um planejamento urbano capaz de se articular adiante das forças de mercado ou luta de classes, área exemplarmente excluída da cidade formal e do mercado e das oportunidades sociais. Para se entender a extensão dos problemas enfrentados diariamente pelos moradores do Fundão, é necessário olhar para trás e compreender quais ações ajudaram a construir o cenário atual. Podemos começar em 1906, quando os interesses específicos do setor privado subjugaram o Estado, fazendo-o responder por demandas criadas pela iniciativa privada, durante o represamento do Rio Guarapiranga pela São Paulo Tramway, Light & Co. 10

Com o intuito de regularizar a vazão do rio Tietê e alimentar as turbinas na usina de Santana do Parnaíba para geração de energia, a represa fomentou o crescimento da Vila de Sto. Amaro e a busca por chácaras para produção agrícola. Assim, a região recebeu linhas de bonde instaladas pela própria Light, tornando o percurso para Interlagos muito mais rápido, incentivando o uso recreativo de suas margens. Alguns anos mais tarde, em 1929, a Repartição de Água e Esgotos começou a explorar o potencial de abastecimento da represa, transformando-o em um reservatório de água para tratamento e potabilização. Infelizmente, as terras das bacias de contribuição não foram desapropriadas, resultando em um trágico futuro para a proteção dos mananciais. Os caminhos rurais, que se tornaram a Estrada de Itapecerica e a Estrada do M’Boi Mirim, tiveram grande influência na mudança da paisagem, sendo os principais vetores de urbanização da região do Campo Limpo, Capão Redondo e Jardim Ângela. Estas ligações foram maximizadas com a política de transporte rodoviarista, o aumento da especulação imobiliária e a explosão demográfica da capital. Incentivou a criação de loteamentos de alto padrão na região de Interlagos e empurrou grandes contingentes de trabal-


hadores para as franjas de sua ocupação territorial. Não podemos esquecer da incapacidade do planejamento urbano fazer frente à voracidade deste processo e da carência de infraestrutura básica em uma região ambientalmente sensível. Em 1975, a Lei de Proteção aos Mananciais criou critérios rígidos para a ocupação das áreas de contribuição do reservatório por loteamentos na represa. Porém, a falta de fiscalização somada ao aparecimento de uma grande quantidade de loteamentos clandestinos tornaram mais grave a precariedade da infraestrutura urbana, a falta de equipamentos públicos e a ausência do poder público, criando uma periferia extremamente excluída e a aceitação do descumprimento da legislação. Atualmente, a região que cerca a Estrada do M’Boi Mirim é uma amostra da ineficiência do planejamento como agente urbanizador das as regiões periféricas e de um adensamento que não teve o acompanhamento de uma política eficaz de transporte, deixando-se adensar ao longo e a partir das margens da via, configurando eixos como o de uma “espinha-de-peixe” onde grandes loteamentos clandestinos surgem sem conexão alguma a não ser com a própria estrada.

“Eu conto histórias das quebradas do mundaréu Lá de onde o vento encosta o lixo e as pragas bota os ovos Falo da gente que sempre pega a pior Que come da banda podre Que mora na beira do rio e quase se afoga toda vez que chove E que só berra da geral sem nunca influir no resultado Falo dessa gente que transa pelos estreitos, escambosos Esquisitos caminhos do bossado do bom Deus Falo desse povão Que apesar de tudo É generoso, apaixonado Alegre e esperançoso E crente numa existência melhor na paz de Oxalá” “Cidade com nome de Santo”, Rodrigo Ogi 11


UMA REALIDADE...

São paulo

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A água A primeira fase de levantamento - a partir de temas de investigação a serem aprofundados e articulados em um sistema único - constitui diagnósticos e prognósticos com o objetivo de estabelecer diretrizes metropolitanas, regionais, de escala intermediária e local. Estes temas contemplam água, dados censitários, morfologia urbana, riscos geológicos e favelas, geomorfologia, infraestruturas e vazios urbanos a fim de constituir bases para a determinação de um recorte urbano, para a realização de projeto urbano em escala aproximada e mais pormenorizado, compreendendo a envoltória imediata deste perímetro de tecido delimitado e suas conexões.

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A região Sul da cidade de São Paulo conta com grande abundância de córregos e nascentes. Parte do território da cidade está em meio à área de proteção dos mananciais; o distrito do Jardim Ângela possui cerca de 90% do seu território inserido nesta região de proteção ambiental. Mesmo estando nesta plaga de mananciais, o Jardim Ângela possui regiões urbanas extremamente densas e consolidadas, o que gera consequências negativas como o depósito e descarte de lixo e despejo de esgoto nos cursos d’água e a construção de ocupações sobre as margens dos córregos e sobre as envoltórias das nascentes. A situação de degradação hídrica varia de in-


tensidade nas sub-bacias do distrito. Segundo o diagnóstico realizado pelo ISA - Instituto Sócio Ambiental em 1998 a sub-bacia com maior índice de degradação é a Guavirutuba, seguidas das sub-bacias Embu Mirim e Córrego Itupu. Apesar do grande adensamento urbano na região, ainda existem grandes áreas livres. Para garantir uma certa preservação destas áreas o Governo do Estado criou o Parque Ecológico do Guarapiranga, que oferece oportunidade de recreação além de proteger parte do Rio Embu Mirim e uma extensão da represa Guarapiranga. O parque, apesar

destes esforços, sofre por pouco uso especialmente por seu difícil acesso. O bairro, situado sobre a sub-bacia do Sapato Branco, não apresenta uma situação hídrica tão crítica quanto outras sub-bacias próximas, citadas acima, mas ainda assim possui grandes problemas de contaminação, ocasionada principalmente pela ausência de infraestrutura de saneamento para a comunidade local. Característica importantíssima da região é a presença da Represa Guarapiranga, responsável por parte do abastecimento hídrico da cidade.

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Dados censitários O distrito do Jardim Ângela possui 313.015 habitantes (censo 2014), com uma taxa de crescimento anual de aproximadamente 4,42%. Aproximadamente 3.240 pessoas migram para esse distrito todos os anos. O Jardim Ângela apresenta características de urbanização altamente densa de edificações de gabarito baixo sobre parte da área de proteção aos mananciais. Existe uma diferença entre as regiões Norte e Sul do distrito, onde a porção Norte é mais de urbanização mais antiga e consolidada, com população com maior poder aquisitivo, embora ainda seja basicamente bastante carente. O distrito do Jardim Ângela possui 313.015 habitantes (censo 2014), com uma taxa de crescimento anual de aproximadamente 4,42%. Aproximadamente 3.240 pessoas migram para esse distrito todos os anos. O Jardim Ângela apresenta características de urbanização altamente densa de edificações de gabarito baixo sobre parte da área de proteção aos mananciais. Existe uma diferença clara entre as regiões Norte e Sul do distrito, onde a porção Norte é mais de urbanização mais antiga e consolidada, com população com maior poder aquisitivo, embora ainda seja basicamente bastante carente. 16


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Índice Paulista de Vulnerabilidade Social O Índice Paulista de Vulnerabilidade Social (IPVS) é composto por dezesseis indicadores, estruturados por três dimensões principais: infraestrutura urbana, capital humano e renda e trabalho. A definição de vulnerabilidade social é basicamente a falta de acesso ou a insuficiência dessas três dimensões. Quanto mais alto o índice, mais vulnerável socialmente é a região. O sub-índice infraestrutura urbana é composto por indicadores que analisam os serviços de saneamento básico – como o abastecimento de água, a coleta de lixo, a infraestrutura de esgotos - e tempo de deslocamento gasto até o trabalho. O sub-índice capital humano contempla os temas saúde e educação determinados tanto pela situação atual quanto pelas perspectivas futuras e o sub-índice vulnerabilidade de renda e trabalho agrupa indicadores relativos à insuficiência de renda e outros fatores associados ao fluxo de renda como a desocupação de adultos, trabalho infantil e ocupação formal de adultos pouco escolarizados, por exemplo. Este índice permite um mapeamento mais amplo, que vai além da pobreza entendida como falta de recursos monetários, permitindo um olhar mais abrangente sobre o desenvolvimento social. O IPVS pode auxiliar no desenho de propostas das políticas públicas no âmbito social, colocando em evidência a responsabilidade do Estado sobre o bem-estar dos cidadãos. No Jardim Ângela é possível observar o índice de vulnerabilidade social baixo apenas no extremo norte, onde se concentram as áreas mais antigas e consolidadas. No restante o IPVS é mais alto, e atinge seu ápice nas áreas onde existem favelas, na maioria das vezes muito adensadas. Ao sul do bairro o alto índice de vulnerabilidade social predomina, especialmente na área do Fundão. 19


Morfologia Urbana A morfologia urbana do Jardim Ângela é o típico padrão de formação das periferias devido ao seu crescimento espontâneo, resultado das políticas deliberadas de segregação espacial e da ineficiência do planejamento urbano. Sua ocupação se deu ao longo dos dois principais eixos viários de acesso ao distrito, a Estrada do M’Boi Mirim e a Estrada da Baronesa, tendo a malha viária um papel importante na ocupação, densidade e uso do solo. A – Ao Norte do Jardim Ângela há uma ocupação densa e homogênea. Por ser uma consolidação mais antiga, não se observam muitas glebas vazias. B – Região da Cidade Ipava é uma área ambientalmente frágil por conter várias nascentes primárias da represa, além de quadras bem homogêneas e pouco adensadas, devido à dificuldade de acesso a essa região.

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C – Área bastante consolidada que ainda sofre com o crescimento populacional. Aproximando-se da Estrada do M’Boi Mirim o tecido urbano começa a ficar fragmentado devido à irregularidade da topografia e pela existência de um córrego. D – Região do “Fundão do Jardim Ângela” com a ocupação mais recente, é uma área extremamente fragilizada por suas as altas declividades e pela existência de duas nascentes no local. Possui um tecido segmentado e é um dos assentamentos mais precários, sem infraestrutura e com crescimento acelerado devido a sua localização lindeira à Estrada do M’Boi Mirim.


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Geomorfologia O Jardim Ângela possui altitudes de variam de 840 à 736m da cota máxima do nível do mar. Nesse cenário existem quatro situações: 1- Áreas com declividade < 5% Compostas pela planície aluvial com característica de baixa declividade e pouca profundidade do lençol freático fazendo com que o solo tenha baixa capacidade de suporte. Essas áreas são de severa restrição devido as suas características e a possibilidade de solapamento do solo e recalque das fundações (as áreas de várzea do rio Embu Mirim, do Guavirutuba e do córrego Itupu). 2- Áreas com declividade até 20% tipificando colinas de amplitude de 40m Solo composto por Sedimento Terciário com fenômenos erosivos naturais de pouca intensidade, caracterizado por uma topografia suave ideal para urbanização (Região da cidade Ipava, Acarati, Recreio e Vila Gilda). 3- Áreas com declividade de 20% configuram morrotes de altura de 60m Formados por Gnaisses, um solo de alta densidade de drenagem e alta susceptibilidade à erosão causada por ações humanas, como cortes e aterros, que gradativamente resultam em sulcos e ravinas, caracterizando uma área com restrições localizadas em toda a região do “Fundão” do Jardim Ângela. 4- Áreas com declividade de 30% configuram morros baixos com altura de 100m Áreas de severa restrição devido à declividade, 22

sendo constituídas pelo solo Maciço Xisto, apresentam uma erosão laminar e sulcos profundos além de possuírem baixa resistência ao cisalhamento, propiciando o desabamento das encostas dos morros, abrangendo toda área norte do distrito.

Risco geológico e Favelas “O Jardim Ângela possui 153 favelas. A maior parte delas, 80%, estão localizadas na região mais consolidada do distrito, a norte, quase sempre nas áreas públicas dos loteamentos ou nas áreas que não foram ocupadas por terem altas declividades ou risco ambiental: nascentes e beiras de córregos. Cerca de 35% das favelas estão em beiras de córregos ou nascentes e 75% estão em áreas públicas. ”

Em torno de 10 a 20% das favelas listadas pelas pesquisas do Instituto de Pesquisas da USP, apresentam-se em situações de risco ambiental. Grande parte das situações de risco geológico e geotécnico são causadas por intervenções antrópicas e/ou pela ausência de infraestrutura. Nessas áreas as ocorrências mais graves são os escorregamentos de encostas ocupadas e de solapamento de margens de córregos.


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Infraestruturas

Marcos Referenciais

O Fundão é circundado por diferentes modais de infraestrutura como o Rodoanel em sua extremidade Oeste. Apesar de estar geograficamente localizado próximo à área não há conexões diretas, dado o caráter de articulação estritamente rodoviária deste modal. Outros modais são o Ferroanel, ainda em projeto, que estabelecemos como diretriz regional, em nosso projeto, por linhas de passagem de carga (a Sul), entroncamentos às linhas da CPTM (a Leste da represa Guarapiranga) e, futuramente, às linhas de transporte fluvial previstas no Projeto Metrópole Fluvial , hidroanel desenvolvido sob coordenação do arquiteto Alexandre Delijaicov, em grupo de trabalho da FAUUSP. A área de intervenção estudada para a proposta de reorganização do projeto urbano se situa em meio a estas diversas ferramentas de infraestruturas urbanas e elementos naturais, que são barreiras físicas e dificultam a circulação direta da população residente e dos usuários da região, tornando a área em potencial ‘isolada’ da rede de conexões de acesso comuns à metrópole. Um exemplo destas barreiras é o Rodoanel que apesar de ser uma importante infra estrutura de circulação periférica da metrópole não possui acessos diretos para a escala do bairro, neste caso. Ou a própria represa, que por não possuir um transporte que a utilize acaba ela mesmo sendo uma barreira para circulação e para o acesso das infraestruturas e equipamentos de uso público.

Muitas vezes um simples bar ou pequena loja pode ter a potência de constituir referência local mais clara que eventualmente o próprio nome da rua. “Fulano mora na rua do bar x”, pode-se ouvir em comunidades semelhantes à de estudo. A área não dispõe de marcos relativamente imponentes, mas de espaços próprios de conhecimento dos moradores. A EMEI Chácara Sonho Azul, por seu projeto pedagógico e coordenação ampliada no sentido de estabelecer a relação escola-comunidade, atua de forma importante como referência local, transcendendo aos limites formais da região como exemplaridade reconhecida. Pequenos centros comunitários organizados por uma rede de lideranças locais são muito importantes como reforço de alianças. Aparentemente invisível em grande parte do território a Represa Guarapiranga é um marco referencial metropolitano, símbolo máximo da tessitura de mananciais, em grande parte despercebida, cujo suporte ainda mais oculto é a vegetação nativa da Mata Atlântica e a potência das áreas rurais, quase imediatas, logo além das franjas do território urbanizado.

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Vazios Urbanos

Identificamos no recorte urbano de projeto as áreas sem função social e sem ocupação nos limites do Fundão do Jardim Ângela. Temos grandes vazios permeados numa área urbana densamente construída. O tecido urbano das áreas de favelas sobretudo em periferias, tende a ser denso pela demanda e urgência de moradia. Estes vazios não são perceptíveis visualmente numa primeira análise. As áreas não tendem a ser rapidamente ocupadas. Contudo, uma investigação mais aprofundada revelaram a presença de vazios de médio e grande porte. Há também vazios perenes como os cruzamentos de vias formando bolsões que seriam propícios para ocupações sazonais. As manchas de cor verde (vide mapa) indicam os vazios de médio/grande porte que poderiam ser utilizados para fins diversos. Já os pontos brancos interligados são as áreas que podem ser ocupadas sazonalmente. O pacto fundamental do projeto prevê a manutenção da população atual residente, porém prevê adensamento zero, dada a fragilidade do território predominantemente de mananciais – marco referencial em potência cuja efetividade procuramos evidenciar. Todos os vazios remanescentes serão mantidos e potencializados por meio da restauração da mata nativa ou por áreas permeáveis destinadas a pomares e hortas comunitárias, de subsistência, trocas ou venda do excedente produzido, ou para confecção de insumos a partir dos vegetais, sendo que além das realocações de habitações em áreas de risco geológico, apenas algumas edificações novas poderão ser realizadas, com programas relacionados às carências de equipamentos coletivos ou públicos, com baixa taxa de ocupação e grande taxa de permeabilidade, conforme será explicitado adiante.

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UM PLANO...

O Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo (Lei nº16.050, 31 de Outubro, 2014), é uma lei municipal elaborada com a participação da sociedade, que busca e garante, em teoria, o desenvolvimento de todo o município de forma planejada por um período de tempo longo. Este Plano define os instrumentos de planejamento urbano para reorganizar os espaços da cidade, e melhorar a qualidade de vida da população, além de direcionar as ações do poder público e da iniciativa privada visando o equilíbrio humanizado do município São Paulo através de cinco dimensões projetuais: social, ambiental, imobiliária, econômica e cultural. Para tanto, o Plano Diretor estrutura o

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território em Macrozonas e Macroáreas: sistemas organizadores do ordenamento territorial, sendo áreas relativamente homogêneas que orientam objetivos específicos de desenvolvimento territorial urbano e a aplicação dos instrumentos urbanísticos e ambientais, a partir da Constituição de 1988 e da Lei Federal do Estatuto da Cidade. Há duas classificações de Macrozona: a Macrozona de Estruturação e Qualificação Urbana e a Macrozona de Proteção e Recuperação Ambiental, onde se encontra O Fundão do Jardim Ângela, nas bordas da área urbanizada do território municipal. As macroáreas que compõem a Macrozona de Proteção e Recuperação Ambiental são: a Macroárea de Controle e Qualificação Urbana e


Ambiental e a Macroárea de Redução da Vulnerabilidade e Recuperação Ambiental, onde há predominância de elevados índices de vulnerabilidade socioambiental, baixos índices de desenvolvimento humano, assentamentos precários e irregulares, como: favelas, loteamentos irregulares e conjuntos habitacionais, além do déficit de serviços, equipamentos e infraestrutura urbana, com predominância de população de baixa renda que, em alguns casos, vivem em áreas de riscos geológicos e inundações.

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O Eixo da Estruturação da Transformação Urbana propõe otimizar o aproveitamento do solo nas áreas próximas à rede de transporte, com as seguintes medidas: • • • • •

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● Promover o adensamento habitacional e de atividades urbanas ao longo do sistema de transportes públicos; ● Qualificar as centralidades existentes e estimular a criação de novas;w ● Ampliar a oferta de habitações de interesse social e equipamentos urbanos e sociais próximos ao sistema de transporte; ● Qualificar a vida urbana: ampliar calçadas, estimular o comércio, serviços e equipamentos urbanos voltados para a rua; ● Desestimular o uso de garagens;

A análise do Plano Diretor foi de extrema importância para entendermos como poderíamos transitar de um levantamento de dados: geológicos, censitários, hidrológicos, urbanos e infra estruturais, em tantas escalas diferentes da Metrópole, para a proposição dos projetos para a área. O Plano foi a base, o primeiro estudo de como podemos trabalhar a realidade do Jardim Ângela para alcançarmos o que chamamos de “Um Sonho”.


UM SONHO... “A maioria fala do amor no singular Se eu falo de amor é de uma forma impopular Quem não tem amor pelo povo brasileiro Não me representa aqui nem no estrangeiro Uma das piores distribuições de renda Antes de morrer, talvez você entenda Confesso para ti que é difícil de entender No país do carnaval o povo nem tem o que comer Ser artista, popstar, pra mim é pouco Não sou nada disso, sou apenas mais um louco” - Só Deus pode me julgar, MV Bill

Quando nos referimos ao nosso projeto urbano como “Um Sonho” não estamos falando de algo intangível, inalcançável ou até mesmo utópico. Estamos sim defendendo um projeto simples, que busca a delicadeza e uma certa invisibilidade, iluminando alguns pontos e incrementando sistemas. Queremos realizar o sonho de quem mora lá e convive com a violência diariamente; que vai muito além do tráfico de drogas, do PCC e da violência doméstica. Estamos tratando da afronta que é acordar e não ter água encanada, não ter transporte, escola e saúde. Queremos mostrar que é possível reverter este cenário caótico em algo harmonioso e único, reforçando laços existentes na população e a sensação de pertencimento e posse. No território não há propriedade da terra nem garantia de posse, quase que homogeneamente. Para tanto, é preciso entender que cada ação está diretamente vinculada ao dia-a-dia dessas comunidades. Sua relação com a água é intensa e precária. Convivem há anos com enchentes, deslizamentos de terra e a sensação constante de serem marginalizados e esquecidos. A falta de projetos e infra estruturas criaram nessas pessoas medo e desdém perante os recursos hídricos. Melhor para elas, é “tapar os rios e esquecer que um dia estiveram ali, causando tantos problemas”. 31


Tripé Inicial e Pactos Requalificar

dar qualidade a tudo aquilo que nunca teve, ou que perdeu a mesma ao longo do tempo;

Recriar

usar a criatividade para criar espaços sem ignorar o potencial do existente;

Ressignificar

dar novo significado aquilo que hoje é negligenciado, reintegrando o sistema de posse e pertencimento;

A favela periférica possui características diferentes do Centro em diversos aspectos. Não há praticamente quase nenhum serviço público a não ser algumas escolas e postos de saúde e a infraestrutura é praticamente inexistente. As ocupações não obedecem ao parcelamento ou planejamento prévio, respondendo à urgência primeira de habitação. Buscamos técnicas alternativas de infraestrutura, energia e esgoto para serem implantadas. Para alcançarmos esse objetivo criamos uma cartilha, e a nomeamos de “Pactos”. Os pactos são atitudes amplas trabalhadas na pequena, média e grande escala. Um conjunto de ações pontuais que unidas poderão constituir grandes modificações no espaço, com potência de transformação do território dessas comunidades negligenciadas, em espaços fortes e de características únicas. A autossuficiência é a palavra chave para o desenvolvimento do projeto. Todas as ações foram pensadas para trazer comodidade aos moradores, interrompendo o ciclo da busca, ou ao menos diminuindo a necessidade única de trabalho e infra estruturas no centro da cidade. O Projeto Fundão anseia por um lugar onde o espaço respeite a vida e, assim, a comunidade possa evoluir lado a lado com a natureza. Baseado em um tripé inicial foram desenvolvidos 5 grandes pactos que dão início a uma série de ações voltadas à transformação local. 32


1- Reinserir o sistema de trocas 2- Instalar sistema de mobilidade intermodal 3- Requalificar o sistema de geração e uso de energia elétrica 4- Expansão e adensamento controlados 5- Valorização dos recursos hídricos 6- Vazios e micro infraestruturas

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Aplicações do pacto 2 Aplicações do pacto 1 Reinserir o sistema de trocas Sistema de Mobilidade A Economia Colaborativa mudou o modo como entendemos a nossa relação com os bens materiais e também nossas relações pessoais. Essa base, diferentemente do capitalismo, está em compartilhar, alugar e trocar. O pensamento coletivo vem antes do individual. O modelo, já implantado em algumas cidades, visa reduzir o desperdício, aumentar a eficiência dos recursos naturais e reduzir a desigualdade social. Tendo como objetivo a autossuficiência do Fundão, foi fundamental a implantação desse modelo de economia e a criação de uma moeda local (os Fundos). Cada morador teria uma carteirinha pessoal, e ao prestar algum serviço para a comunidade (por exemplo: conceder um curso nos Centros Rotativos ou levar o lixo orgânico na composteira) créditos (Fundos) seriam adicionados a sua carteirinha. Estes fundos poderiam ser utilizados para várias finalidades como: participar de um curso nos Centros Rotativos ou Fixos, comprar frutas e vegetais nas feirinhas, andar nos tuk-tuks etc.

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Buscando a transformação e melhoria da área foi realizada uma revisão do atual modelo de mobilidade. A mobilidade urbana foi tratada de forma a priorizar a reunião e articulação entre diferentes meios de transporte, implantados em três diferentes escalas: Macro, Média e Micro.

Ferrovia + rodovia (macro) A área possui um grande potencial agrícola, por seus vazios e por estar nas franjas finais de urbanização, portanto, uma forma de escoamento dessa produção será através de um entroncamento entre os projetos do Hidroanel, advindo do sistema Metrópole Fluvial, a partir de grupo de estudos da FAUUSP, coordenado pelo arquiteto Alexandre Delijaicov, do Ferroanel, não implantado mas em germe de projeto, aqui pensado no projeto urbano como lindeiro à face externa do eixo do Rodoanel e do Rodoanel, já implantado nos seus setores Oeste, Sul e Leste e em execução em seu setor Norte. A ideia é intervir no trecho Norte do Ferroanel, já que esse fragmento passaria pelo Parque Estadual da Cantareira, e criar dois “braços” ferroviários cuja origem vem de Jundiaí – prevista a extensão até Campinas - e Engenheiro Manoel Feio, com o intuito de impedir esse impacto no


Parque, e articula-lo com o sistema do Rodoanel, com centros de distribuição próximos a suas rótulas. Assumindo a importância da Estrada M’Boi Mirim, que mais à frente se torna Embu Guaçu, e posteriormente Rodovia José Simões, a qual se liga à Estrada de Ferro Sorocabana, foi prevista no projeto uma estação de passageiros e de cargas neste entroncamento intermodal, que terá acesso ao Porto de Santos.

Hidrovia (média) A questão da Água é primordial, haja vista a presença da Represa Guarapiranga que abraça

toda a área do Fundão e articula extenso território metropolitano às suas margens. Um dos meios de acesso à área será através do transporte fluvial e lacustre, por meio de escalas de médio e pequeno porte e portos associados, potenciais polarizadores territoriais, seguindo as premissas preconizadas pelo Hidroanel Metropolitano já citado, estendendo e articulando-o até a Represa Guarapiranga. A organização dos portos, foi, por consequência, pensada em diferentes escalas. Foram estabelecidos dez novos Portos Locais e linhas correspondentes que conectam os cinco bairros do Jardim Ângela. Todos estão alocados em lugares de acesso conveniente.

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Foram propostos dois portos a leste da Guarapiranga, os quais farão a conexão às linhas de ônibus que alcançam as linhas extremas da CPTM, a Sul (Estação Grajaú e Estação Interlagos). Em escala Macro, o Porto projetado a leste da Guarapiranga está em conexão direta com os demais portos do Projeto do Hidroanel Metropolitano. Todos os Portos operarão para três funções: triagem de lixo, escoamento de cargas e de passageiros.

dores de placas solares, um sobre cada torre, que manteriam o funcionamento do sistema sem a necessidade de outra fonte de energia. As linhas de teleféricos serão conectadas entre si e seus pontos de chegada e partida serão ligados aos pontos de linhas de ônibus, tuk tuks e funiculares.

Teleférico

Requalificação o sistema tronco

Devido à grande variação no relevo do território, foram propostas linhas de teleféricos na região do Fundão conectando os pontos mais altos entre si, e ligando-os à represa Guarapiranga. A proposta de teleféricos pretende facilitar o atual deslocamento que os moradores para transitarem de uma área a outra pelos pontos mais elevados do território. Além de um recurso de mobilidade, os teleféricos também servirão como pontos nodais ou referenciais de escala média devido à sua localização, geralmente implantados em pequenas praças e parques. A energia para o funcionamento de toda a rede teleférica seria fornecida por balões carrega-

O sistema de transporte público tipo tronco alimentado visa a racionalização do sistema viário através do uso de veículos de maior capacidade, da redução da frota e como consequência, redução dos custos operacionais. Reduzindo o número de linhas em circulação nas áreas de maior congestionamento, esse sistema contribui para o tráfego da cidade. Além disso, com uma melhor articulação da rede, ele oferece mais opções de viagens que o sistema direto. Porém ele possui suas desvantagens. Uma das mais significativas é o chamado transbordo compulsório, ou seja, o passageiro deve desembarcar em determinado local e embarcar num segundo ônibus para chegar ao seu destinado

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final (diferentemente do sistema direto, no qual se utiliza um único ônibus). Essa questão é vista com um certo desconforto aos usuários que, muitas vezes, tem de esperar um longo período entre as trocas de ônibus. Alguns pontos negativos do sistema direto são: a ociosidade da frota (pois a demanda diária é distribuída de forma irregular durante o dia), falta de integração operacional e grandes intervalos entre as viagens.

Veículos elétricos leves sobre pneus (VLP) O sistema de Veículos Leves sobre Pneus (VLP) terá grande importância para o transporte integrado à área pois substituiria o ônibus que é atual meio de transporte de massa. A linha do VLP partiria da Estação Capão Redondo, passando pelo atual terminal Jardim Ângela e seguiria até o final da Estrada M’boi Mirim. Embora possua menor capacidade para transportar passageiros e velocidade inferior à do Metrô, entendeu-se que a melhor opção seria o uso do VLP pois este produz menos poluição e menor intensidade de ruído, adaptando-se melhor ao meio urbano existente e proposto, especialmente pelo baixo impacto que ele poderia causar na área.

Linhas de ônibus e vans As linhas de ônibus e vans propostas conectarão o eixo principal da Estrada do M’Boi Mirim, onde circula o VLP, aos bairros lindeiros a essa via. A proposta prevê a imwplantação de ônibus, micro-ônibus ou vans, a depender das circunstâncias e necessidades de cada porção do bairro. As linhas foram pensadas a partir de características particulares da malha urbana de cada bairro, da largura de vias e da densidade demográfica de cada área. Ainda que as linhas de ônibus e vans tenham um alcance intra-bairro superior ao VLP, elas não são suficientes para atingir todas as localidades onde há a necessidade de transporte, assim os pontos de ônibus serão conectados diretamente aos pontos de funiculares e tuk tuks.

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Funiculares Foi adotado o sistema de Funiculares - transporte sobre trilhos em planos inclinados, ao longo de encostas. É formado por eixos gêmeos com cabines correspondentes, localizadas uma a cada extremo da linha que deslizam aproveitando o contrapeso mútuo, conectadas entre si por um cabo de aço. Este sistema funcionará neste caso a partir do contrapeso de água. Cada cabine possuirá um depósito preenchido quando se encontrar no nível superior e esvaziado no inferior. Esta quantidade de água é calculada de acordo com o número de passageiros a cada viagem. A diferença de peso permite o deslocamento do sistema.

Tuk tuk Tuk tuk, veículo composto por uma motocicleta acoplada a uma cabine com banco acolchoado, para até três passageiros, surgiram no projeto como opção de transporte público devido às características da área: terreno com aclives e declives acentuados e larguras de calhas estreitas, dificultando a locomoção dos moradores. Serão a alternativa de transporte em escala mínima. Os pontos de parada dos tuk tuks estarão diretamente articulados aos centros rotativos, hortas comunitárias e florestas de bolso. 38

Ciclovia A bicicleta, meio de transporte barato e já muito utilizado na comunidade, permite uma fácil circulação por ruas mais estreitas e irregulares. Foi preconizada a implantação de uma ciclovia principal, importante para o transporte da comunidade, tornando a circulação dos ciclistas mais segura e eficaz. Propusemos a construção de uma extensa ciclovia na região do Fundão para proporcionar uma maior qualidade e variedade no transporte. Para a criação do trajeto, buscamos por rotas com declividade mais amenas conectando o eixo da Estrada M’boi Mirim até as margens da Represa Guarapiranga. A ciclovia margeará grande parte das ocupações das comunidades, como a do Bananal, a do Bombeiro e a Vila Calú, com conexões entre elas e os pontos mais significativos da região.


Aplicações do pacto 3 Requalificar o Sistema de Geração e Uso de Energia Elétrica Entendemos a geração de energia como um dos pontos chave para a autossuficiência do Fundão, cujo suprimento é extremamente deficitário. Para tanto, foram propostas diversas formas limpas de geração de energia que poderiam ser implantadas na região com um baixo custo. Todas as formas de energia proposta são eficazes e já foram aplicadas em situações similares, a não ser a energia por balões de hélio, ainda é experimental. Balões de hélio

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Ginastica da energia

Aquecedor solar de garrafa pet

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Aplicações do pacto 4 Valorização dos recursos hídricos

Em nossas visitas à área foi possível perceber que mesmo com a grande abundância de água na região, em estado subterrâneo que aflora em inúmeras nascentes, córregos e riachos, quase que totalmente invisível aos olhos da população ou do visitante incauto. Grande parte dos córregos que possuem suas nascentes no local estão canalizados e/ou cobertos por ocupação irregular. Mesmo estando em uma região de grande riqueza hídrica a população do Fundão não tem meios e incentivos para aproveitar este importante recurso natural, do qual deve ser a guardiã. Nosso trabalho tem como prioridade o enaltecimento, preservação e utilização sustentável dessas águas e sua reconexão com a população local. Ocupar as margens da represa trazendo usos recreativos para a Guarapiranga.

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Afloramento dos rios Conscientização das nascentes Valorizar os recursos hídricos dentro das comunidades criando espaços de permanência com qualidade, melhorando consequentemente a relação da população com as águas ocultas. Anunciar e zelar as nascentes, aumentando a conscientização da população.

Biomatrix, wetlands e tanques de evapotranspiração Foram buscadas formas alternativas e autônomas de limpeza e tratamento dos córregos e rios, além do tratamento dos esgotos sanitários domiciliares. Wetlands: Os sistemas “wetlands” – terras úmidas – ou jardins filtrantes artificiais têm os custos de implantação e operação inferiores aos sistemas convencionais de tratamento de águas e esgotos. Têm como característica importante o uso de plantas macrófitas, enraizadas em um substrato, composto de vários tipos de britas ou pedras. O uso de plantas torna esse tipo de tratamento estet42

icamente agradável e exemplar. Vantagens do tratamento de efluentes por meio de “Wetland”: requisitos energéticos praticamente nulos; sem necessidade de uso de produtos químicos; produção de água para reuso; construção e manutenção mais simples quando comparadas aos meios convencionais; relação com paisagem natural; ausência de odores e ruídos e autonomia imediata da comunidade. Biomatrix: uma tecnologia que trabalha para revitalizar córregos e rios, com o uso de plantas filtrantes aliadas à biodiversidade aquática.


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Aplicações do pacto 5 Expansão e Adensamento Controlado Na área do Fundão muitas residências se encontram em áreas de risco geológico, grande parte com risco de desabamento e à beira de córregos e rios ou em áreas de declividade acentuada. A região da comunidade Chácara Bananal por exemplo, possui aproximadamente 91 residências em área de risco, instalada em um território de topografia muito íngreme ou próximo a uma nascente ou curso d’água. Na comunidade do Bombeiro a topografia é menos acidentada, porém um córrego passa ao longo da área e muitas casas estão no limite de sua margem, podendo despencar para dentro da água. No total são 237 residências nesta área de risco. Estes são exemplos que se repetem por todo o território. Foi realizado levantamento e mapeadas habitações em risco baixo, risco médio, risco alto e risco muito alto. Foi determinada no projeto a retirada apenas das residências localizadas nas regiões de risco alto e muito alto, para evitar um número excessivo de pessoas realocadas. Foram retiradas 2194 residências, totalizando 8799 pessoas. A população realocada foi distribuída em 3 diferentes regiões: nas regiões centrais de São Paulo por possuírem infraestrutura completa, no cinturão agrícola por sua capacidade de abrigar populações em sistema de cinturão agropecuário próximo a sul, leste e oeste, com baixa densidade e baixa ocupação do solo, e na própria região do Fundão. O centro de São Paulo possui muitos imóveis desocupados, já existem propostas de reabilitação de edifícios para moradias de interesse social, graças a nova Lei do Consórcio Imobiliário 44


de Interesse Social (Lei 16.377/16), que vigora desde o dia 1.º de fevereiro de 2016: “A Prefeitura incorpora o imóvel, constrói apartamentos de interesse social e paga ao proprietário o custo do terreno em unidades no empreendimento, um expediente conhecido dos negócios no setor privado - quando o dono do terreno recebe apartamentos como pagamento na venda do imóvel.” (PEREIRA; ESTADO DE SÃO PAULO,2016, texto digital) Por meio desse instrumento, forma destinadas as porcentagens de 30% da população realocada das áreas de alto risco (aproximadamente 2640 pessoas) para a região central da cidade. Essa proposta beneficiaria parte da população que trabalha nesta área. Outros 30% dos realocados serão instalados no cinturão agrícola. Nessa região a prioridade seria a simbiose entre o urbano e o rural, com lotes com cada vez menos área construída, tornando-se conforme a distância, uma área estritamente agrícola. (explicar o cinturão agrícola, com a sua taxa de ocupação e como pretendemos que ele controle a expansão urbana. Onde uma comunidade de famílias trabalharia junta em uma grande plantação, etc.) A proporção de 40% (aproximadamente 3519 pessoas) se manterá na área urbana do Fundão. Nessa área foram designados 3 grandes vazios urbanos, que permitem esta população se manter próxima as residências de origem. 45


Aplicações do pacto 6 Vazios e Micro Infraestruturas A natureza é um ciclo fechado e tudo que retiramos dela precisa voltar para sua origem. Assim, adotamos métodos e práticas para que isso ocorra nos sistemas artificiais: todo lixo orgânico produzido deverá se transformar em adubo, voltando para a terra e fazendo com que novos alimentos sejam produzidos; todo lixo reciclável deverá ser recolhido e conduzido às oficinas ou centro de triagem, para tornar-se um produto final. Para isso, apontamos cada micro vazio existente no Fundão do Jardim Ângela e estudamos a possibilidade de implantar hortas, quando não fossem implantadas. As Florestas de Bolso (apresentadas a seguir). Em cada horta haverá uma composteira e local para recolhimento dos recicláveis, estes serão recolhidos por tuk tuk e conduzidos ao centro de triagem. O lixo orgânico será depositado em composteiras e o adubo produzido será utilizado na própria horta, para consumo dos moradores locais. Adotando que a velocidade média do caminhar de uma pessoa e de 1,5m/s, e o tempo confortável para ela se locomover com os resíduos domésticos acondicionados em mãos para o local de depósito em 5 minutos. Este ato ocorreria pelo menos três vezes por semana, assim as hortas foram implantadas com um raio de cerca de 450 metros, facilitando para que cada morador consiga devolver à natureza o seu próprio lixo produzido. Para incentivar a população a adotar este hábito, além de produzir e disponibilizar seu próprio alimento, adotamos a política dos Fundos (dinheiro local disponível para cada morador do Fundão, conforme descrito anteriormente). Ao depositar o lixo orgânico e reciclável correspondente, o morador receberá fundos, que poderão ser utilizados na troca de mercadorias, tanto na agropecuária como por produtos produzidos no local, tal como carne, ovos, bolos e etc.

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Florestas de bolso Metodologia engendrada pelo botânico Ricardo Cardim, onde todo pequeno ou grande espaço, paredões e lajes recebem plantas do bioma da Mata Atlântica, restaurando um tecido próximo da originalidade e rico em biodiversidade, articulado a áreas urbanizadas.

Hortas comunitárias

Além de ser um meio de produção do próprio alimento, as Hortas Comunitárias, serão também uma fonte de renda, de onde seriam retirados a matéria prima para confecção semiartesanal ou manufatureira de alguns produtos. Exemplo: Bolo de Cenoura da Dona Funfa. As Hortas estariam sob cuidados dos próprios moradores, de modo comunitários, podendo intensificar a relação social da comunidade. 47


Centros rotativos e centros fixos Foi possível notar uma grande carência em relação aos espaços reservados para a Cultura e Lazer. Em busca da valorização e expansão da cultura local, foram propostos dois tipos de Centros Culturais: Centros Fixos e Centros Rotativos.

Centros Rotativos: são espaços formados a partir de infraestrutura mínima instalada (banheiros e cozinha de apoio), estrutura básica e cobertura, a fim de obter apenas uma sombra. Estes Centros foram localizados ao longo do Jardim Ângela em terrenos de fácil acesso, com distância máxima de 10 minutos a pé um do outro e têm como objetivo abrigar diferentes atividades a partir de uma rede. Esta rede seguirá um calendário onde diversos cursos, workshops e atividades poderão ser realizados por um certo período de tempo e, rotacionados, passariam por todas as unidades. Um dos projetos de arquitetura desenvolvidos exemplificam essa possibilidade. O objetivo principal é que a população se entenda parte desses centros, com atividades a serem organizadas e realizadas pelos próprios moradores, tanto por parte de quem irá ensinar como quem irá aprender. Dessa forma, poderá haver uma integração geral das pessoas principalmente devido à troca de experiências entre elas reforçando os laços e potencialidades locais ou constituindo novas, com pertencimento e solidariedade. Centros Fixos: são espaços organizadores fixos projetados para atender um maior número de pessoas oferecendo cursos e workshops de maior duração definidos a partir de atividades relacionadas ao lazer, cultura e educação. Cada centro terá um projeto desenvolvido especialmente para seu próprio uso, com toda estrutura e apoios necessários. garagens (aqui ou no recorte ?) AQUI

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Estruturas verdes Foi estabelecida uma articulação entre as áreas verdes integrando os bairros, comunidades e a Represa Guarapiranga através do diagnóstico de vazios urbanos e áreas de maciços arbóreos existentes; mediante mapeamento constituímos dois eixos principais, um deles lindeiro à via estrutural, Estrada do M´Boi Mirim. Entre as estruturas verdes desenvolvidas estão praças, parques lineares e áreas de reflorestamento e o outro é o próprio Parque Guarapiranga que se estende ao longo da margem oeste da represa. O que antes era considerado barreira urbana com difícil transposição funcionará como eixo estruturador com identidade na escala metropolitana. Esta faixa do território contará com exemplares nativos da mata atlântica restituindo uma grande área com cobertura vegetal e destinada à preservação. Foram estabelecidos ao longo da represa equipamentos esportivos e de lazer pontuados ao longo das margens de maneira estratégica para garantir o acesso da população local e resgatar a relação com a água e valorizá-la. A conexão dos eixos se dá a partir de braços secundários e as estruturas verdes permitem a interligação entre todo o território do projeto desenvolvido.

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Proposta urbana

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Mapa dos Programa de Necessidades Gerais

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Programa de Necessidades Gerais Casas da Letras (por Gabriela cardim) A Casa das Letras tem a missão de fomentar o desenvolvimento local por meio de ações socioeducativas e de articulação comunitária, tendo como base a EMEI Chácara Sonho Azul, referência da região em termos de escola-comunidade. Com objetivo de honrar a comunidade em diversas áreas educacionais, artísticas, culturais e de lazer, o projeto tem como foco de seu programa o universo das publicações independentes e sua reflexão, a partir da integração de autores da região e da criação de livros e artes impressas no próprio local. Contará com o apoio de grupos de estudo e cursos em áreas criativas (escrita criativa, design de livros e produção gráfica por exemplo) que irão estimular a troca de experiências entre a comunidade e seu contato com os livros no dia-a-dia. Como um exemplar de Centro Fixo, o projeto foi pensado a partir de um módulo formado por materiais símples, possíveis de se encontrar em qualquer lugar, e que pode ser facilmente replicado em outras periferias, a fim de produzir uma rede literária que irá circular todas as produões e permitir que as pessoas tenham acesso às diferentes identidades. ECO (por Daiane Fontes) ECO A Ladeira do Fundo do Morro que está lo54

calizada próximo à EMEI Chácara Sonho Azul é na verdade um grande palco aberto, onde o cenário principal é o Fundão do Jardim Ângela. Além de ligar duas ruas locais, o Projeto conta com espaços de estar e criação. O objetivo principal do projeto é transmitir a ideia de que os Restos também podem ser aproveitados. Desde a formação do terreno, que é composto por espaços que restaram entre as centenas de construções ali existentes, a escolha dos materiais para a execução, até os produtos das oficinas de criação. Os quinze metros de declividade do terreno, são vencidos por escadarias e patamares suaves, formando pequenas e invisíveis praças que podem ser utilizadas por qualquer um, para qualquer coisa. O espaço conta também, com ateliês de múltiplos usos e oferece oficinas para elaboração de instrumentos musicais e cenários para dança e teatro. Um Funicular foi implantado ao lado da Escadaria para que o acesso seja possível à todos, em todos os níveis. Ágora Agora (por Flávia Carneiro) O projeto do Agora, baseia-se no conceito de Cidade Educadora, onde o espaço é compreendido como local de aprendizagem. Tendo em vista que a construção da cidadania é diretamente afetada pela concretude da arquitetura e pelas ações que ocorrem no meio urbano, buscou-se desenvolver um projeto que


fosse democrático e não segregador, por esta razão é um espaço livre público. Procurou-se retomar em certa medida a essência da Ágora Grega, no sentido de propor espaço público qualificado para que hajam manifestações políticas ou artísticas, debates, e qualquer tipo de interação social, visando uma maior participação dos cidadãos na esfera política. Está localizado dentro do recorte do projeto urbano, próximo à EMEI Chácara Sonho Azul e a ela articulado. Espaço Criar ( por Maria Rubio) O projeto espaço criar está localizado no Fundão do Jardim Ângela, interligando a comunidade do Bombeiro e a estrada M’Boi Mirim, próximo a Emei Chácara Sonho Azul. O objetivo do projeto é resgatar uma memória comunitária a partir do brincar com a encenação, sendo a brincadeira também uma forma de atuação, ilustrando que a liberdade e o aprendizado estão conectados e livres em tudo e em todo o território. O projeto é composto por uma articulação de três coberturas que abrigam as atividades de confecções de fantoches, marionetes, cenários, brinquedos, vídeos e tudo vinculado ao âmbito do atuar e do brincar. São implantados de maneira que o rio existente e todos os espaços sejam pequenos palcos para qualquer tipo de representação. Projeto Suor (por Barabara Titoto) Trata-se de um espaço de tratamento de reabili-

tação química. De um problema social. Buscando a inserção na sociedade, o reconhecimento desta e o respeito. Propiciando que os dependentes sejam vistos com outros olhos. Trabalhando, cuidando da terra, produzindo nosso alimento, construindo espaços. Seres necessários para todos nós. Um modulo que se repete, conecta e multiplica. Feito semente que se espalha pela cidade e cria diferentes espaços. Com diferentes funções. Cheios e vazios, onde o coletivo e o privado se relacionam. Respeitando a individualidade, mas mostrando que ninguém está sozinho nesta luta. Todos se observam, todas e cuidam, se respeitam e se protegem. LAR (por Marina Franco) O QUE É O LAR? O LAR vai muito além do teto sobre nossas cabeças. LAR é onde nos sentimos acolhidos. É para onde voltamos. Um cheiro. Um abraço. Uma rede. Um canto. LAR é onde nos sentimos felizes. Somos o LAR daqueles que queremos bem. Centro de Atenção Pscicossocial (porGabriel Rios) O projeto do Centro de Atenção Pscicossocial assume uma postura política frente à questão dos tratamentos relacionados à saúde mental 55


no Brasil. Em um contexto de luta antimanicomial, visa atender as necessidades de um novo modo de tratamento democrático, em que os egressos possam ter um lugar de encontro de trabalho. Esse espaço não objetiva ser, de maneira alguma, uma espécie de berço caritativo. Busca estabelecer uma ponte que leva o sujeito em sofrimento mental de volta aos compactos duros com a vida e ao trabalho, para sentir-se um membro da sociedade. Como referência de tratamento, o projeto se baseia em conceitos da médica psiquiatra brasileira Nise da Silveira (1905-1999), que em sua trajetória se mostrou contrária às formas agressivas de tratamento de sua época, tais como o confinamento em hospitais psiquiátricos, eletrochoque, insulinoterapia e lobotomia. Nesse local as pessoas podem diariamente expressar sua criatividade, sendo tratados não como pacientes confinados, mas sim como indivíduos que buscam uma possibilidade para sua reintegração à vida em sociedade. Portanto, para cada expressão, seja ela uma pintura, escultura em argila, artesanato, abre-se a possibilidade para a compreensão mais profunda do universo interior das pessoas. Considerando essa intenção, o projeto investiga uma estrutura-suporte para as variadas formas livres de manifestação. JANELA ITINERANTE (por Stephanie Ribeiro) Quando pensamos na periferia a nossa cabeça sintetiza a ideia de um espaço homogêneo, assim como a subjetividade do indivíduo periférico é negada, a subjetividade do território ao qual 56

ele pertence também é. É nesse sentido que pré-conceitos são constituídos e reafirmados. O Mobiliário Urbano tem sua necessidade prática, mas também representa a identidade do meio urbano. Portanto o mobiliário urbano desse espaço não teria que possuir uma multiplicidade de uso assim como o Fundão se apresenta. A busca pela efemeridade tornou-se um painel viajante capaz de criar espaços funcionais e cenográficos em diversos ambientes. A moldura nada mais é que uma ‘janela viajante’. A janela é um vão que nos permite olhar de dentro para fora e de fora para dentro. A periferia precisa ser vista nas suas multiplicidades e se ver como o agente principal das mudanças que pleiteia e necessita. O fato do objeto ser itinerante é para que em todo espaço que está, ele criar e recriar novas possibilidade a partir dos seus usuários. E do seu interior que soma diversas funções conforme a necessidade de quem usa e do ambiente que está sua riqueza. O vazio se torna forma, a forma cria espaços e o espaços possibilitam interações. É disso que nasce a integração com os indivíduos possibilitando vivências e experiências que são múltiplas da simples desde uma divisória de tecido a uma biblioteca urbana. Píer Guarapiranga (por Mariana Amparo) O parque Guarapiranga, e todo o seu complexo de portos e áreas de lazer têm a intenção de trazer a represa de volta ao morador do Fundão. O projeto é um espaço onde o indivíduo pode espairecer, nadar e se integrar a natureza. O programa é simples, composto de um píer que pos-


sui uma piscina flutuante que será filtrada de modo natural, se utilizando da água da própria represa. O projeto possui também um anexo com uma área de sombra, com espaço para lanchar, jogar cartas, ping-pong, ou simplesmente descansar, além da área molhada de duchas externas, e do vestiário. O importante neste trabalho não é a arquitetura em si, mas o território e a grande imensidão da represa, a arquitetura está lá para se complementar, se entregar/integrar a natureza. Casa da água (por Helena Amaral) Por meio de estudos realizados no território do Fundão foi possível chegar a uma questão que se vê bastante recorrente nos cenários brasileiros: a desvalorização das riquezas naturais, especialmente dos recursos hídricos. A região do Jardim Ângela situa se em área de mananciais, com um grande número de nascentes, rios e córregos que cortam todo o território. Porém apesar dessa abundancia hídrica, os moradores da região desconhecem sua presença. A grande maioria das cidades brasileiras tem seus rios canalizados e escondidos do olhar da população. O projeto tem como principal intuito recuperar a relação da água com o homem, fazendo-a imergir de seus esconderijos. A proposta é desenvolver um pequeno “Casa da Água” no trajeto entre as nascentes no fundão e as margens do Guarapiranga. A região escolhida se encontra totalmente in natura, com seus lagos e córregos intactos, logo, a função deste projeto é de preservar este espaço, criando uma

arquitetura silenciosa que eterniza a importância desta natureza e principalmente, destas águas. O projeto não termina em um único lugar, esta pequena “Casa da Água” é apenas uma dentre várias outras pelo mundo, que cumprem com o mesmo objetivo. A intenção é criar uma rede de “Casas da Água” por todo o globo, celebrando uma água que não pode ser considerada menos do que mundial. Andarilho (por Diego Almeida) Após a análise urbana do Fundão foi identificado que, assim como em outros lugares no mundo, o homem civilizado tem degradado os rios e a Fauna e Flora para suprir às necessidades de sobrevivência. Assim, de acordo com o projeto urbano proposto, a ideia principal do projeto Andarilho é a reconexão do ser humano, de forma simbólica, com o que existia antes da degradação do território em que vive. O projeto, localizado na ilha dos Eucaliptos, na represa Guarapiranga, propõe fazer os usuários, ao caminhar, se questionarem sobre a linha tênue que os separa dos outros elementos da vida, indicando assim a sua devida importância. Propõe também, através de experiências espaciais, conectar o usuário com os elementos que o circulam e conectá-lo com ele mesmo. Comunidade Agrícola Guarapiranga: A Casa Rural.(por Camila Pereira) Casa, pois se trata de um projeto de habitação 57


comum, coletiva, comunitária. Rural pois tem como premissa a restauração do cinturão agrícola em franja urbana. Deste modo este rural é urbano, possuindo necessidades espe cíficas de urbano mas tendo uma dinâmica rural. Agrícola pois, por meio da implantação dos sistemas agroflorestais é possível manejar juntamente espécies agrícolas (agro) e arbóreas (florestais) e assim recriar uma “floresta” e garantir a proteção deste manancial tão importante. Porto de pedestres (por João Minosso) O Porto de Pedestres do Fundão, foi instalado para que supra a necessidade de locomoção da população local, em pequenas distancias. É um dos equipamentos que fazem parte desta rede de transporte hidroviário da represa Guarapiranga. Faz conexão a última escala do bairro do Fundão da Linha Vermelha, na Escala Bairro. Tem proporções reduzidas, a fim de suprir apenas a demanda local dos moradores e suas necessidades de transporte. A instalação da Garagem de Barcos tem como função principal, ser um objeto de apoio para estes moradores, para que estes possam armazenar e fazer as devidas manutenções básicas em suas embarcações. Em paralelo, a Garagem de barcos foi projetada também, para que crianças, jovens e adultos, possam ter um equipamento de recreação, e de convívio com a represa em momentos de diversão. Tem a capacidade também de armazenar 58

caiaques e embarcações de recreação, o que possibilita aulas e cursos aquáticos. Projeto Marias (por Paula Pereira) Trabalhar a cidade como espaço educador, são princípios das Cidades Educadoras e eixos norteadores deste ensaio projetual cujo desejo é o respeito à mulher e à vida. A gravidez, o parto e o nascimento, são acontecimentos da vida de todas as pessoas e da natureza do corpo feminino. O projeto tem como bases o valor da cultura como forma agregadora de um novo nascimento e a experiência cultural da transformação como um ato. Busca ensinar ao usuário como e porque devemos respeitar a mulher em todas as suas esferas sociais, e ancora dois programas de urgência: uma Casa de parto e um Lar temporário. O Projeto Marias é em primeira instância um espaço público no Fundão do Jardim Ângela, periferia da Zona Sul de São Paulo, que busca transmitir uma gradativa mudança de consciência. Seu raciocínio arquitetônico expansivo tem início de dentro para fora, assim como o começo da vida, e trabalha o primeiro ato descobridor do mundo como estopim para mudanças significativas na vida de todos. Afinal, onde nós queremos nascer?


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Recorte da área de intervenção

Após análise geral da região do Fundão, passamos a examinar o local para o desenvolvimento do projeto em escala mais aproximada. Foi necessário estabelecer um recorte sobre a área onde realizase o desenvolvimento de projeto mais específico para o território, por meio de desenho urbano em escala mais aproximada e pormenorizada. Por meio desse recorte tornou-se possível o desenho de ruas e calçadas bem como a estruturação de áreas comuns. Inicialmente, para a definição desse recorte, foram considerados quatro perímetros que, apesar de apresentarem algumas características comuns, se destacaram por peculiaridades próprias, apresentando potencial para projetos específicos. Estes são: perímetros na comunidade do Bombeiro (1), na região da comunidade do Bananal (2), área envoltória abrangendo a escola EMEI Chácara Sonho Azul (3) e a área que compreende a comunidade da Vila Calu (4). Todas as quatro áreas têm conexão com o principal eixo viário, a Estrada M’Boi Mirim. 60


1 - Comunidade do Bombeiro. 2 - Comunidade do Bananal. 3 - Área com a Escola Chácara Sonho Azul. 4 - Comunidade Vila Calu.

No perímetro da comunidade do Bombeiro (área 1) as habitações foram instaladas de maneira totalmente espontânea, tendo, consequentemente, um tecido urbano desordenado com habitações que algumas vezes se instalam sobre os córregos; na região do Bananal (área 2) o cenário é de ocupações mais recentes que cresceram se apoiando em terrenos extremamente íngremes, com habitações mais precárias; o perímetro selecionado é um dos mais íngremes devido ao curso d’água que a atravessa gerando um pequeno lago que é utilizado como pesqueiro; a comunidade da Vila Calu (área 4) possui um tecido urbano mais organizado e planejado pois trata-se de uma área de realocação de população expulsa da região da Barra Funda. A

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área que abrange a escola EMEI Chácara Sonho Azul, (área 3) selecionada para o desenvolvimento do desenho urbano é um território exemplar por conter este potente equipamento público catalizador de mudanças sociais e espaciais para o território. Definido o recorte de intervenção urbana, a partir de um estudo de campo fez-se um mapeamento da área com as habitações existentes e suas características. A partir desse estudo tabelas foram desenvolvidas com essas informações. Alguns aspectos reconhecidos após a escolha da área foram: as diferentes tipologias de moradias, possíveis explorações de áreas vazias de fundos de lotes, transposição existente pelos miolos intersticiais das quadras vencendo grandes desníveis de uma rua para a outra, possibilidade de explorar o córrego existente na composição da paisagem.

Levantamento casa a casa Após definição da área de recorte para o desenvolvimento do projeto urbano, foi realizado, como metodologia, levantamento de campo mais específico. A região a ser levantada foi dividida em quatro áreas (fig.1), sendo designado um grupo para cada área. Cada grupo se responsabilizou por catalogar todas as casas de suas respectivas áreas, descrevendo-as uma a uma e realizando diversas fotos. Foram realizadas entrevistas com alguns moradores a fim de reconhecer melhor os principais pontos locais bem como as dificuldades e potencialidades da área. Todos os dados registrados foram organizados em tabelas para o mapeamento dos conteúdos (fig.2). Com as informações e dados coletados e organizados, foi possível dar início ao projeto para a região, a partir de sua análise e fundamentação de princípios. 62


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Área de intervenção exemplar

São apenas pequenos vazios com bancos improvisados de madeira ou pedra, meia dúzia de árvores, uma graminha no canto e um espaço para o encontro no meio de um monte de quarteirões lotados de tijolos, de gente, de tudo. São apenas vazios que não aguentaram tijolos, gente e tudo. São apenas respiros de uma cidade lotada e desordenada e que assustadoramente não para de crescer. Olhando para os íngremes e difíceis vazios as perguntas que surgem indagam sobre a complexa ideia de plano para o futuro da cidade. Qual será a forma de democracia que conseguiremos expressar, aceitando a ideia de que nos próximos 20 anos as áreas urbanas continuarão a crescer a um ritmo ao menos igual aos atuais? A intenção do projeto busca uma nova maneira de enxergar as áreas já existentes e, sem a remoção de nenhuma casa, recriar lugares. A urgência pode fazer com que, a qualquer momento e muitas vezes em horas, possam se introduzir alterações abrindo vãos, criando cômodos, arrancando tudo, evidenciando dessa forma a necessidade absoluta de um espaço para se viver. O projeto procura a simplicidade e indicar uma ideia de tempo na sua manifestação espacial. O predicado para isso é o entendimento que o 64

espaço é um ser público. Que tudo o que toca o ar é público, Porque ser público é uma luta pelo direito à rua, ao ar livre, às vistas, à comunicação e a produção de cultura. O projeto de requalificação dos meios de transporte público visa aumentar a quantidade e diversidade dos modais, dessa forma foram implantadas linhas de VLP na estrada do M’Boi Mirim, linhas de funicular a oeste e a norte, próxima ao Centro Fixo (projeto desenvolvido por Daiane Fontes), e tuk tuks que fazem a vez do veículo particular. O aumento dos modais públicos foi articulado para que não houvesse a necessidade do uso do meio de transporte automotivo individual, a menos em emergências. Desta maneira as ruas foram redesenhadas adquirindo uma nova dimensão e traçado, sendo esse com largura de 2,5m e de formas sinuosas para forçar o condutor a andar em baixa velocidade. A pavimentação é prevista em pedras de reaproveitamento de entulho da construção civil (a partir de usina de beneficiamento próxima existente) para auxiliar o escoamento das águas pluviais e para que a trepidação possa induzir o condutor a reduzir a velocidade. A consequência da diminuição do uso de veículos particulares como carros e motos implica na ociosidade das garagens, perdendo seu uso original.


Dessa forma foram propostos novos usos como comércios, serviços e oficinas, principalmente do que denominamos os “ofícios esquecidos” – toda a sorte de manualidades e artesanais como pequenas oficinas com reaproveitamento de material reciclável, pequenas invenções ou retomada de tradições, nascidas em um território que foi visto justamente por ser isso: esquecido de tudo e todos. Um redesenho das frentes de lote é proposto para criar uma unidade de leitura entre as calçadas e ruas de forma a serem lidas como unidade. Nessa mesma chave são feitas as conexões das lajes já existentes potencializando “novos” espaços de convívio, cultivo com permeabilidade e usos em espaços abertos ao ar livre; onde não houver possibilidade de ligação direta ou continua entre lajes foram criados decks ou passagens com a mesma função de ligar as casas, quanto eventualmente fazer transposições de um lado a outro das quadras, pelo nível superior. Restabelecer os laços com a natureza faz-se mais do que necessário, torna-se uma obrigação pela localidade dessa ocupação. Conscientizar a população da importância das áreas verdes e das nascentes torna-se a chave da ação de mudança. As florestas de bolso serão implantadas na área como uma das maneiras de reconstituição das

áreas verdes com espécies nativas do bioma da Mata Atlântica, e também para limitar áreas com a finalidade de conter possíveis ocupações. Foram destinadas principalmente às áreas com extrema declividade procurando evitar riscos ambientais por deslizamento. Outro importante elo do projeto serão as hortas comunitárias, sejam verticais, no solo ou nas lajes, incentivando a união da população para bens da alimentação, da partilha e da cooperação. Foram localizadas em distância máxima de 5 minutos a pé e, nas principais áreas de produção, foram localizadas sementeiras e berçário de mudas. Juntamente às áreas foram também instalados galinheiros móveis para evitar o stress dos animais. Na porção oeste foi também introduzida a produção de flores. “A cidade é a maior invenção do homem” Renzo Piano (PIANO in CASSIGOLI, 2011, p.68)

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Obrigado, Fundão.

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