Entrevista ao Correio da Linha

Page 1

ID: 50610102

01-10-2013

Tiragem: 13000

Pág: 4

País: Portugal

Cores: Cor

Period.: Mensal

Área: 23,76 x 26,22 cm²

Âmbito: Regional

Corte: 1 de 3

Paulo Vistas - Presidente da CM Oeiras

“Quem ganhou as eleições foram os Oeirenses” Em 2005 assume a vice-presidência da Câmara Municipal de Oeiras. Ocupou o cargo até há pouco tempo, mas com a saída “brusca” de Isaltino Morais teve que assumir o cargo de presidente. Nas eleições autárquicas de 29 de setembro, os Oeirenses entregaram-lhe democraticamente os destinos do município. Paulo Vistas, de 41 anos, não esquece quem o influenciou na política e promete dar continuidade ao projeto que levou Oeiras a ser um dos melhores concelhos para viver e trabalhar, onde apresenta umas das mais baixas taxas de desemprego. O desafio é “grande” nos próximos quatro anos, mas o recém-eleito presidente em entrevista exclusiva ao nosso jornal“promete fazer mais com menos” numa altura que o país atravessa grandes dificuldades. O Correio da Linha (CL): Nas eleições autárquicas de 29 de setembro conquistou a Câmara Municipal de Oeiras. Estava confiante que ia ganhar? Paulo Vistas (PV): Estava. CL: Em algum momento da campanha eleitoral pensou que ia perder as eleições? PV: Não. CL: Quais foram as maiores dificuldades que sentiu durante toda a campanha eleitoral? PV: A maior dificuldade foi conciliar o trabalho de presidente de câmara com o trabalho de candidato. Portanto, foram duas tarefas muito exigentes. Por um lado assumi a câmara de Oeiras de uma forma brusca e tinha que dar continuidade ao trabalho e aquilo que era a rotina e o dia-a-dia da câmara. Não podia deixar parar o que estava previsto e não podia deixar de fazer o que estava programado. Por outro lado tive que fazer uma campanha que eu entendi que tinha de ser uma campanha muito exigente e de proximidade junto das pessoas. CL: Qual é o balanço que faz desta campanha eleitoral? PV: Um balanço positivo. Acho que foi uma campanha que teve bastantes pon-

tos positivos, onde foi possível a todos os partidos políticos recolher a sensibilidade dos eleitores. Depois em alguns momentos também foi uma campanha que permitiu o debate de ideias, e portanto num regime democrático esta campanha acrescentou valor aquilo que é a participação cívica e participação democrática de todas as estruturas no nosso município. CL: É inevitável fazer esta pergunta e para que toda a gente possa perceber. Durante toda a campanha eleitoral fez questão que o nome de Isaltino Morais estivesse presente. Quem é que ganhou as eleições, Isaltino Morais ou o Paulo Vistas? PV: Os Oeirenses. CL: Por que razão depois de terem saído os resultados eleitorais que lhe deu a vitória foi visitar Isaltino Morais? PV: Eu vou visitar o Isaltino Morais regularmente. Portanto naquele dia fui mais uma vez visitar um amigo que está naquelas condições e não fui lá como presidente, mas sim como amigo e é uma visita perfeitamente normal. CL: Com que frequência é que visita o antigo presidente da Câmara Municipal de Oeiras? PV: Sempre que posso vou visitá-lo. Existe uma grande limitação em termos

de visita, quer em termos de frequência, quer em termos de número. Daí é importante conciliar a visita da família e dos amigos, e sempre que me é possível vou visitá-lo. CL: De que maneira é que o Isaltino Morais o influenciou como político? PV: Repare que eu nasci em Oeiras e cresci aqui. Comecei a fazer política em Oeiras e o único presidente que eu me recordo é Isaltino Morais. Portanto, é óbvio que ele teve uma influência preponderante naquilo que é a sua capacidade de decisão, naquilo que é a sua visão estratégica, naquela que é a sua forma de olhar para o território e de olhar para as pessoas. Eu hoje tenho na minha personalidade uma forte influência daquilo que é a gestão autárquica que me foi dada por Isaltino Morais. CL: Depois da vitória nas eleições houve quem criticasse os munícipes de Oeiras por terem votado na sua lista. O que é que tem a dizer sobre isto? PV: Há pessoas que se dizem democratas. Algumas dizem que tiveram um contributo essencial para a implementação de um regime democrático no nosso país, mas depois quando o povo vota em sentido contrário a sua opinião criticam o povo. Portanto eu acho que isso é uma atitude pouco democrática.

Nós podemos estar em desacordo, mas se vivemos num regime democrático e se contribuímos para o caminho e para o desenvolvimento dessa democracia, criticar o povo é criticar a democracia. CL: Focando-nos no concelho de Oeiras. Esta vitória representa a continuidade ou vai querer mudar alguma coisa? PV: Esta vitória representa a continuidade num modelo de desenvolvimento. É claro que esse modelo de desenvolvimento em função daquilo que é a conjuntura atual nacional e internacional tem que ter ajustes, tem que ter no fundo outras prioridades e portanto aquilo que eu refiro como continuidade é nós desenvolvermos um trabalho que permita que Oeiras continue a ser um concelho de referência e que continue a ser um concelho com indicadores de desenvolvimento ímpar a nível nacional. CL: Qual é a marca que pretende deixar no concelho de Oeiras? PV: Uma gestão rigorosa, participada e acima de tudo uma gestão feita para as pessoas e pelas pessoas. CL: Como é que gostava de ser reconhecido pelos munícipes de Oeiras? PV: Como alguém que trabalha no seu dia-a-dia para fazer deste território, um


ID: 50610102

território de pessoas felizes. CL: Oeiras é neste momento um dos concelhos com melhor qualidade de vida, onde se encontram o maior número de licenciados e uma das mais baixas taxas de desemprego. O que é que falta mudar no concelho? PV: Eu não diria que é preciso mudar, é preciso é continuar a fazer. No sentido de dar apoio social a quem precisa e é preciso continuar a fazer para continuar a reduzir as assimetrias sociais que existem e que todos os cidadãos de Oeiras tenham igualdade de oportunidades. É preciso continuar a fazer para que este território seja gerador de riqueza, gerador de emprego e que com essa riqueza e com esse valor acrescentado possamos continuar a implementar políticas, como a requalificação do território e de apoio social às famílias. CL: Quais é que são os pilares do concelho de Oeiras? PV: Os pilares são a coesão social, os níveis de segurança e os níveis de escolaridade, que culmina com o bem-estar e a qualidade de vida que existe neste concelho. CL: Recentemente foram apresentados os resultados do inquérito empresarial de Oeiras. Qual é a importância das empresas no concelho de Oeiras? PV: As empresas no concelho de Oeiras representam emprego e representam receita. Hoje Oeiras tem uma componente muito forte no seu orçamento da receita que advém da fiscalidade aplicada às empresas. Só é possível desencadear um conjunto de projetos de âmbito social, cultural ou desportivo, bem como, a realização de um conjunto de equipamentos fruto da receita que é gerada pela atividade empresarial existente no nosso concelho, e não é por acaso que Oeiras apresenta das mais baixas taxas de desemprego a nível nacional e isso deve-se ao tecido empresarial pujante que existe aqui. CL: Oeiras tem neste momento um grande problema que é o SATU Oeiras. Como é que vai resolver esta situação? PV: É um problema que tem de ser resolvido. Agora também está dependente daquilo que for o entendimento da tutela, não é um problema que se resolve única e

01-10-2013

exclusivamente com uma decisão da câmara municipal. Passa muito por aquela que for a decisão do governo no que diz respeito ao projeto SATU. CL: Quais é que são os seus vereadores e os pelouros de cada um? PV: Os meus vereadores são todos aqueles que foram eleitos, os 11. Relativamente aos pelouros ainda não há uma decisão final. O vice-presidente já está definido, é o vereador Carlos Morgado. CL: Quais são os seus pelouros? PV: Os meus pelouros são aqueles que a lei define. Portanto eu tenho pelouros que a lei me atribui. Eu tenho competências próprias e tenho competências que me são delegadas pela câmara. Depois de ter essas competências delegadas é que eu farei uma reunião com os vereadores no sentido de delegar competências. CL: É verdade que o Partido Social Democrata não quer assumir os pelouros? PV: Da parte do PSD ainda não tive qualquer informação. O único partido que me informou que não estaria para já disponível para aceitar pelouros foi o Partido Socialista. CL: Essa recusa cria algum constrangimento? PV: Acho que não. Eu a partir do dia em que tomei posse passei a ser um presidente com 11 vereadores e conto o esforço e a dedicação de todos. CL: Conseguiu a maioria absoluta? PV: Não, faltou-me um vereador para a maioria. Eu não tenho necessidade de ter maioria, tenho necessidade sim que as propostas sejam discutidas de formas sérias. E se as propostas forem discutidas e apresentadas de formas sérias não há como os vereadores votarem contra. Para o bem de Oeiras e não vejo por que razão com pelouro ou sem pelouro não é isso que vai fazer com que a câmara não seja governável. Não estou de todo preocupado e não é um problema, muito antes pelo contrário é um desafio o facto de não ter maioria, pois obriga a quem preside a consertar e a dialogar e encontrar as soluções no coletivo. Quando se tem maioria pode levar que se tenha decisões menos participadas e uma decisão menos participada pode ser uma pior decisão. CL: De que maneira é que vai ser feita a gestão financeira do município?

Tiragem: 13000

Pág: 5

País: Portugal

Cores: Cor

Period.: Mensal

Área: 23,81 x 32,45 cm²

Âmbito: Regional

Corte: 2 de 3

PV: É importante referir que Oeiras paga aos seus fornecedores entre 30 a 40 dias. Haverá poucos municípios por esse país fora com este prazo médio de pagamento, o que demonstra ao longo destes anos Oeiras teve uma gestão financeira prudente, equilibrada e que independentemente da obra que conseguiu realizar nas diversas áreas, não o fez hipotecando o futuro desta câmara e isso é algo que tenho presente e quero dar continuidade no futuro. A gestão financeira do município continuará a ser feita de forma rigorosa e séria assumindo os seus compromissos e não criando dívidas astronómicas que possam pôr em causa o futuro e as novas gerações. Nas últimas décadas Oeiras deixou de ser um concelho periférico e sem identidade, para ser um concelho com ordenamento, com emprego e com atividade cultural e desportiva. Oeiras passou de uma grande periferia da capital, para uma centralidade que

gera valor, mas que não fez à custa das finanças. CL: Qual é que é o desafio para os próximos quatro anos? PV: O desafio é fazer mais com menos. Nós vivemos hoje numa crise que não é conjuntural, mas sim estrutural, e portanto temos que ter a noção exata que os municípios vão ter menos recursos financeiros. Por outro lado, por ser um poder de proximidade, por ser um poder junto das pessoas é aquele que vai ter mais pressão por parte dos cidadãos. Vai ser a primeira porta, se não mesmo a única, onde os cidadãos vão bater a pedir auxílio e portanto nós temos que continuar a fazer aquilo que temos feito até aqui, e se conseguirmos melhorar ainda, mas com a noção certa que vamos ter menos recursos para o fazer. Daí a necessidade de termos uma gestão rigorosa, criteriosa e é fundamental nós definirmos muito bem as nossas prioridades, isto é, concentrarmo-nos naquilo que é essencial e, eventualmente, eliminar aquilo que é acessório. l Texto: Tomás Tim-tim l Fotos: David Pimenta /Alberico Alves / CMO


ID: 50610102

01-10-2013

Tiragem: 13000

Pág: 1

País: Portugal

Cores: Cor

Period.: Mensal

Área: 23,37 x 9,86 cm²

Âmbito: Regional

Corte: 3 de 3

Paulo Vistas - Presidente da CM Oeiras

"Quem ganhou as eleições foram os Oeirenses"


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.