Projeto (Re)Descobrir a História de Portugal O dia do terramoto Nome: ______________________________________ Data: ___/___/______ I – Após ouvires o reconto livre sobre o dia do terramoto, completa.
1 – Quem são as autoras deste livro? ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ 2 – Qual é a editora da obra? ___________________________________ ___________________________________ 3 – Quais são as personagens principais? ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________
4 – Que personagens históricas (reais) ouviste neste reconto? _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ 5 – Em que século decorre a ação principal? _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________
II – Lê com atenção o excerto da obra. XVII Capítulo – O dia do terramoto A notícia varreu a cidade. Prenderam o Lobo! As reações não eram simples nem claras. Apesar de ser um bandido, todos o conheciam e atribuíam-lhe façanhas de herói. Os seus inimigos diziam-se contentes mas no fundo não estavam. Ele tornara-se uma personagem de lenda. Sabê-lo imóvel entre as paredes do cárcere fazia morrer uma história fantástica! Um bandido à solta representa ameaça e perigo. Mas também dá asas à imaginação! Ana e João tentaram desesperadamente encontrar o Manuel. Não sabiam bem o que lhe haviam de dizer, no entanto, como eram amigos dele, a simples presença havia de o ajudar. O rapaz parecia ter-se evaporado. Por mais que o procurassem não conseguiam descobrir-lhe o paradeiro. Domingas admirou-se de os ver tão ansiosos. - Já vos disse que ele desaparece e aparece conforme lhe dá na gana. Aconteceu alguma coisa? - Não. - A… queríamos despedir-nos. - Vão-se embora? Já? Que pena! Na carinha pálida, frágil, desenhou-se um grande desgosto. Ana desviou os olhos, quase a chorar. Era horrível não poder fazer nada para lhe salvar a vida. O irmão, nervosíssimo, apressou as despedidas e arrastou-a para a beira do rio. - Não me conformo! – exclamou. – Acho que não resisto a fazer qualquer coisa. Tenho tido uma ideia, sabes? Ficar em terra, convidá-los a todos para passarem o dia comigo em Belém. O Manuel, a Domingas, o Martinho. E até a Natária. - Estás louco? - Louco porquê? Em Belém não aconteceu nada. As pessoas apanharam um grande susto mas ninguém morreu. E de qualquer forma, acho que isso não altera a história. Eles podiam muito bem ter tido essa ideia sozinhos, já reparaste? É feriado. A família real é lá que vai à missa… A irmã deteve-o com um gesto cortante. - João! Nós demos a nossa palavra de honra. Assumimos um compromisso. Eu não dizia nada, só os convidava para um passeio. - Não te iludas – continuou ela muito séria. – Se não tinhas forças para aguentar esta viagem, o melhor era teres ficado em casa. A mim também me custa. E muito! Ele baixou a cabeça, atrapalhado. De facto era assim mesmo. Na hora da verdade faltavam-lhe as forças. - Acho que preferia não ter conhecido ninguém – murmurou. - O Orlando avisou-nos. Tristes e acabrunhados ficaram em silêncio a olhar para os barcos. Por entre as velas, boiava um aparelho de cristal invisível que poderia servir de refúgio para quatro. Eles eram três. Bastava levantarem um dedo, para salvarem uma vida. E no entanto tinham que ficar de braços caídos a assistir a tudo.
«Não devíamos ter vindo até aqui», pensavam ambos, com o mesmo desconforto interior. Não se atreviam porém a confessá-lo em voz alta. Nenhum deles saberia dizer quanto tempo aguardaram que o cientista os sugasse para dentro da máquina. Mas pareceu-lhes uma eternidade! Orlando recebeu-os com uma expressão dura que não lhe conheciam. Indicou-lhes o lugar de onde podiam assistir ao terramoto e deu um aparelho a cada um. - Com isto podem focar a zona que quiserem ver de perto. Funciona como um binóculo apuradíssimo. A voz soava gélida e distante. Nervos de aço. Um fosso cavado entre a pessoa e as emoções. - É melhor descansarem esta noite – disse ainda. – Eu acordo-os a tempo. Obedientes, foram-se deitar. A atitude do cientista era quase chocante. Referia-se à catástrofe mais horrorosa como se fosse um filme ou uma série feita com cenários de papelão. E no entanto admiravam-se por ser capaz de manter o autodomínio, uma calma invulgar. Escusado será dizer que não pregaram olho. De vez em quando cabeceavam sobre a almofada, passagem breve por um sono agitado, cheio de pesadelos. E foi exatamente a meio de um sonho confuso que Orlando os veio abanar. - São nove horas. Levantaram-se em sobressalto e foram encostar-se à parede de cristal com os olhos pregados na cidade que se manteria de pé, serena, linda e descuidada por mais meia hora. Com as mãos húmidas e a cabeça pesada, viram Orlando acertar as máquinas, endireitar os ponteiros de um relógio e prevenir. - Começou a contagem regressiva. «Tic… Tic… Tic…» O ponteiro deslizava no mostrador, avançando passo a passo para o zero. Nunca um ruído lhe parecera tão impiedoso e mau. Sem querer começaram a respirar ao ritmo do relógio, o que os deixou exaustos, sem fôlego. Uns segundos antes a máquina elevou-se no ar, flutuando como um balão ao vento e estabilizou a meia altura. Dali, se conseguissem manter os olhos abertos, podiam ver tudo. Hirtos, fixos, não perceberam logo de onde vinha aquele rumor surdo e cavo que precedeu o desastre. - Ana! — berrou o João, cravando-lhe as unhas no braço. — Ana! Lívidos de pavor, viram então a cidade ondular, agitar-se numa dança infernal. Palácios, igrejas, casas, cúpulas, torres, moviam-se como uma seara ao vento. Durante seis minutos intermináveis Lisboa oscilou, rasgou-se, abateu-se como um castelo de cartas. O estrondo daquele mundo que se resolvia numa avalanche de pedra abafou o clamor pavoroso, a gritaria, o desespero de quantos sofriam as horas terríveis do cataclismo. - É o fim do mundo! É o fim do mundo! Assombrados com o espetáculo, nem utilizaram o binóculo. As pessoas atropelavam-se para alcançarem lugar seguro. Mas o solo estalava, abria brechas medonhas de onde saíam nuvens de vapor fedorento. As paredes rachavam, os tetos abatiam, as janelas rebentavam, os vitrais estilhaçavam-se, os sinos de bronze
precipitavam-se do alto dos campanários, esmagando homens, mulheres, crianças e animais que, prisioneiros do entulho, não conseguiam dispersar. De repente levantou-se um vento furioso, que avivou as primeiras chamas. O fogo alastrou então em vários pontos da cidade, devorando tecidos, madeiras, palheiros, telhas, sobrados, numa voragem sem fim! - O fogo está a chegar ao castelo! - A pólvora vai rebentar! - A colina vai explodir! - Deus tenha piedade de nós! - Para o Tejo! Para o Tejo! - gritou alguém. - Só à beira do rio é possível escapar. Uma multidão aterrorizada correu para a margem. Espezinhavam-se uns aos outros na ânsia de salvarem a pele. Mas não tardaram a recuar espavoridos. As águas erguiam-se em fúria. Violentos remoinhos sugavam barcos pequenos e grandes arremessando-os de encontro ao cais, onde se despedaçavam. Depois, um sorvedouro do inferno inverteu o movimento das águas e o rio quase desapareceu, deixando a descoberto um fundo de lodo onde se debatiam peixe e irrompiam jatos de enxofre por entre lama viscosa, a borbulhar. Durante alguns instantes ninguém se moveu, tal era o horror que sentiam. E a pausa seria fatal! Uma onda gigante crescia do fundo do oceano. Enorme, escura, enrolou-se no ar e abateu-se sobre a cidade com um fragor inacreditável. Rolando sobre si mesma, arrastou consigo num torvelinho alucinante tudo o que encontrou à passagem. Os dois irmãos tremiam da cabeça aos pés. João tinha o corpo encharcado em suor e Ana chorava em silêncio. - O tsunamis! - Que horror! Que horror! Orlando parecia um autómato de roda dos aparelhos. Acertava agulhas, tomava notas, fazia medições. Nem uma única vez se voltou para eles mas assim que pôde abandonar o trabalho abraçou-os com força e não disse nada. - O meu amigo Jácome salvou-se — repetiu a Ana com voz sumida —, salvou-se. - Viste-o? - Sim. Fugiu pelo telhado. Teve sorte. - Eu vi o Lobo. - Quem é o Lobo? — perguntou o Orlando. - É um ladrão. Estava preso.» - E morreu? - Não. As paredes da cadeia rebentaram e ele foi o primeiro a sair. Escapou sem uma beliscadura. Embora o tom fosse neutro, percebia-se por trás da frase uma grande alegria. Cheio de tato, o cientista optou por não fazer perguntas. Não era novidade para ele a mania que o João tinha de se meter em sarilhos. Se arranjara amigos num meio duvidoso, falariam disso mais tarde. Quem o surpreendeu foi a Ana. - Deixe-nos sair outra vez – pediu. – Por favor! - O quê? - Quero ir ajudar as pessoas.
Ele olhou para a cidade destruída onde as chamas irrompiam cada vez mais fortes. Era preciso coragem para querer ir ali! - É bonito o que dizes, filha. Mas lembra-te de que não podes ajudar ninguém. João tomou a palavra, agitado. - Mas deixe-nos ir na mesma. Nós prometemos não interferir em nada. Já demos provas de que somos capazes de cumprir uma promessa. E trocou um olhar cúmplice com a irmã. - Nesse caso, o que querem lá ir fazer? - Ver se os outros se salvaram! – responderam em coro. - Por favor! 1 – Qual é o acontecimento central deste capítulo? _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ 2 – Este capítulo descreve um acontecimento de forma fotográfica da cidade de Lisboa. Escreve por palavras tuas a parte que conheces desta cidade e o que ficou destruído. _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ 3 – Imagina que, durante uma aula, também sentirias um terramoto. O que aconselharias aos teus amigos para se protegerem durante um sismo? _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________
Desenha e pinta uma imagem urbana da cidade de Lisboa antes e depois de um terramoto.