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A Danรงa do Boto/ Cachoeira do Arari/ Foto: Paulo de Carvalho/2007

Amanda Morales

Bruno Tarin

Paulo de Carvalho

Bernardo Gutierrez


Ilustração: Serjo Robert/2004


Editorial Caros amigos e amigas Vocês estão recebendo a edição zerozero de O Pererê, revista virtual de Jornalismo, Pensamento e Arte, que pretendo lançar até início de abril, depois das devidas correções. Como poderão ver, todo o conteúdo foi retirado da web, das páginas onde os textos estavam publicados, e é verdade que não pedi licença para ninguém. Preferi trabalhar desa forma e envio, agora, convite a participarem deste projeto. Também estou enviando o link para consultores e possíveis colaboradores, aguardando pareceres e comentários. O projeto enviei em anexo por emeio - há bastante tempo venho elaborando uma nova publicação para web e cheguei nesta solução: cara de revista, e não de site ou portal - é a minha praia e dá margem maior para a arte gráfica; conteúdo pra esquerda; e colaborativo na construção e divulgação. Algumas pessoas convidadas já se conhecem, e eu conheço todo mundo, menos a Amanda Morales, contato do Ciro, e o pessoal da Universidade Nômade, representando os Pontos de Cultura nesta edição. Esperando contar com o apoio de tod@s, Abraço grande, Paulo de Carvalho

DULCE TUPY

Bruno Tarin

4

ADRIANA AVELLAR

8

PAULO DE CARVALHO

1

TONY LEÃO

14

AMANDA MORALES

16

CIRO MORONI BARROSO

17

MÁRCIO SALERNO

18

BERNARDO GUTIERREZ

22

SERJO ROBERT


Foto: Paulo de Carvalho/2010

a

Saquarema, Rio de Janeiro, Brasil http://www.osaqua.com.br

indústria petrolífera é uma das mais impactantes no mundo. A própria atividade de extração, armazenamento, transporte e distribuição do petróleo é extremamente poluidora e demanda uma série de recursos de segurança que muitas vezes não são suficientes para resolver, ou pelo menos minimizar, em tempo hábil, graves acidentes como o ocorrido recentemente no Golfo do México. Pois bem, a plataforma Deepwater Horizon, da British Petroleum (BP), considerada uma das mais modernas do mundo, com ótimos registros de segurança operacional e operando num país citado pela eficácia e eficiência no setor petrolífero (EUA), explodiu no dia 20 de abril, provocando o maior vazamento de petróleo na história da região. A explosão abriu uma rachadura que, segundo as autoridades dos EUA e da BP, libera cerca de 5 mil barris de petróleo por dia, mas cientista e ativistas ambientais garantem que a quantidade é muito maior, cerca de 70 mil barris, o equivalente a 11,13 milhões de litros de petróleo diariamente. O desastre só comparável como o do navio petrolífero Exxon Valdez, que entrou para a his-tória como o maior vazamento de petróleo no mundo, ocorrido no Alasca, também nos EUA, pode nos levar a algumas reflexões em relação ao petróleo no Brasil. Recentemente


E Rio? assistimos à guerra da aprovação do Marco Regulatório do Petróleo da Camada Pré-Sal na Câmara Federal, em Brasília, onde os deputados aprovaram uma série de projetos enviados pelo Executivo, acrescidos de emendas questionáveis como, por exemplo, a do deputado gaúcho Ibsem Pinheiro que determina a divisão dos royalties do petróleo entre todos os municípios do país, sem considerar os riscos dos municípios produtores de petróleo, como é o caso do Rio de Janeiro, que produz mais de 70% do petróleo produzido no Brasil. Com a emenda Ibsen, calcula-se que o Rio perderia aproximadamente 7 bilhões de reais, com esta divisão dos royalties do pré-sal. O acidente no Golfo do México, infelizmente, vem ilustrar de maneira sintética a dimensão do problema e a necessidade de repensar o modelo proposto pela emenda Ibsem que agora tramita no Senado Federal. Se um acidente semelhante ocorresse

no litoral do Estado do Rio, o que não é impossível (basta lembrar o acidente ocorrido na Baía da Guanabara, que atingiu de forma desastrosa o município de São Gonçalo), quem iria pagar a conta? Afora os custos operacionais para conter o vazamento, há que se considerar os danos ambientais de custo é incalculável e talvez irreversíveis. No caso do Rio de Janeiro, onde se situa grande parte da camada do pré-sal, os royalties são uma compensação para garantir às próximas gerações uma vida saudável, com um desenvolvimento sustentável. Porque depois dos milhões de litros de petróleo lançados no mar, ninguém em sã consciência pode garantir que não haverá a extinção de várias espécies e muito menos que seja possível reequilibrar o meio ambiente em pouco tempo (ou qualquer tempo). Até se compreende que todos os municípios do Brasil tenham direito a uma parcela dos royalties do petróleo, como também do minério de Minas do

Pará, entre outros bens nacionais. Inclusive hoje já existe uma distribuição para os municípios, como também para a União, para a Marinha, etc. Porém, não dá para igualar os municípios produtores com os não produtores, simplesmente porque desastres como o da plataforma BP, só para voltar ao exemplo, não atingem diretamente os demais municípios; já o litoral do município produtor seria frontalmente atingido! A gigantesca manifestação “Contra a covardia, em defesa do Rio”, pela manutenção dos nossos royalties, realizada na capital do Rio de Janeiro, em março, foi um grito de alerta. O acidente no Golfo do México é um exemplo dos riscos que o Rio poderá sofrer, enquanto estado produtor. É um exemplo que deverá ser levado em conta pelos senadores, quando forem votar o novo marco regulatório do petróleo. Publicado em O SAQUÁ 121 – jun2010 Saquarema - RJ / Tupy Comunicações


Brasil

Ilustração: Banksy

Cultura? Passadas as eleições e com a vitória da Dilma, agora entramos no momento de lutar pela continuidade das ações desenvolvidas no campo da cultura nos 8 anos do governo Lula. Através de emails e em listas de discussão estão circulando conversas sobre mudanças na gestão do Ministério da Cultura, que cogitam a saída do Ministro Juca Ferreira. Já estão sendo discutidos também outros nomes para assumir a função. Diante dessa situação se impõe a realidade de que a vitória da Dilma em si não garante a continuidade das ações desenvolvidas pelo Ministério da Cultura nos últimos 8 anos, pois o governo Dilma terá que negociar com os partidos de sua base, correndo o risco das ações inovadoras desenvolvidas pelo MinC não serem assimiladas por estes. Assim, voltamos a afirmar que a continuidade não está garantida. E o que não está garantido? Não está garantido a continuidade de uma política da cultura que não é feita por e para poucos, não está garantido uma visão de política que incorpora e busca a


Texto de Bruno Tarin com colaboração de Bárbara Szaniecki e Cristina Lar, publicado na pagina da Universidade Nomade.

equalização dos benefícios do acesso e produção de cultura; uma visão de política da cultura que vai além da mercantilização dos bens culturais, uma visão de cultura como vida e não como [bem de consumo] commodities. A luta pela continuidade, não nos parece ser por um nome mas sim pela continuidade de uma política que está inovando a maneira de se pensar, realizar e viver cultura. Uma política da cultura que está nas raízes profundas ao mesmo tempo que está nas nuvens cibernéticas. Uma política dos muitos para muitos, que coloca em rede indígenas, brancos, negros, mulheres, crianças, homossexuais, cristãos, povo de terreiro, ciganos, mestres de cultura popular, hackers, artistas, etc. Uma política da cultura que no "Manifesto dos Pontos de Cultura para a Cultura seguir mudando" se expressa: "na afirmação de novas relações entre Estado e sociedade, nas quais gestores públicos e movimentos sociais estabelecem canais de diálogo e aprendizado mútuo e na construção coletiva de um novo processo de cultura política com caráter emancipador, em que as hierarquias sociais e políticas são quebradas e criam base para novas legitimidades." Assim, uma política da cultura para um Brasil Banda Larga tem que ter ações que vão muito além de garantir o entretenimento dos pobres, de gerar números para estatísticas como o PIB, de enriquecer uma classe já favorecida ou de enobrecer a alma humana. A Cultura de um Brasil Banda Larga é a cultura do enfrentamento às desigualdades sociais, do

bem comum, a cultura que busca questionamentos e soluções, a cultura dos muitos e da luta. Assim, o que esperamos da política da cultura do governo Dilma é a continuação das ações que incentivam dinâmicas sociais, econômicas e políticas que priorizam a produção e distribuição de cultura não mais pelo valor de troca dentro do mercado ou por uma homogenização da cultura incentivada pelo Estado e/ou pelas Indústrias Criativas/Culturais. Defendemos sim, a continuidade da abertura das dinâmicas de criação, ou seja, a possibilidade de se reproduzir cultura para além da criação e distribuição dirigida somente aos clássicos aparelhos de distribuição de produtos culturais (museus, bibliotecas, teatros, grandes cinemas). Defendemos a valorização e a ocupação dos ambientes comuns com a produção e distribuição de cultura em rede, pela internet, nas ruas e praças das grandes cidades, nos assentamentos rurais etc. Uma visão de cultura para além da propriedade intelectual, da cultura como negócio, do trabalho e produção como subordinação e do lazer como consumo. São muitos os exemplos de políticas inovadoras no campo da cultura desenvolvidas nos últimos anos, entre elas as que acreditamos se destacarem e serem de suma importância para um Brasil Banda Larga que acredita que mudanças são possíveis estão: Os PONTOS DE CULTURA por expressarem a pluralidade da cultura por não se restringirem em formas já préestabelecidas de centro culturais ou

aparelhos culturais do Estado. Célio Turino, diz que "Os Pontos de Cultura são nem eruditos nem populares e também não se reduzem à dimensão da “cultura e cidadania” ou “cultura e inclusão social”. Ponto de Cultura é um conceito. Um conceito de autonomia e protagonismo sociocultural. Na dimensão da arte, vai além da louvação de uma arte ingênua e simples, como se ao povo coubesse apenas o lugar do artesanato e do não elaborado nos cânones do bom gosto. Pelo contrário, busca sofisticar o olhar, apurar os ouvidos, ouvir o silêncio e ver o que não é mostrado. Os Pontos de Cultura têm o que mostrar e querem fazê-lo a partir de seu próprio ponto de vista". A proposta desta ação não é o de criar iniciativas governamentais novas, mas sim apoiar e valorizar atividades já existentes que geravam comprovadamente resultados positivos e benefícios nos locais onde são realizadas. A AÇÃO CULTURA DIGITAL por ser um dos catalizadores da rede formada pelos Pontos de Cultura. Dentre suas atividades destacam-se o papel de facilitadora da apropriação das ferramentas multimídia em software livre pelos Pontos de Cultura, assim como o caráter experimental desta ação, quanto a pesquisa em torno das possibilidades das novas tecnologias para usos sociais e culturais e a elaboração de estudos sobre novas formas de colaboração e cooperação, calcadas na generosidade intelectual. Sobre a Cultura Digital, o Ex-Ministro da Cultura Gilberto Gil diz: “Cultura digital é um conceito novo. Parte da idéia de que a revolução das

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tecnologias digitais é, em essência, cultural. O que está implicado aqui é que o uso de tecnologia digital muda os comportamentos. O uso pleno da Internet e do software livre cria fantásticas possibilidades de democratizar os acessos à informação e ao conhecimento, maximizar os potenciais dos bens e serviços culturais, amplificar os valores que formam o nosso repertório comum e, portanto, a nossa cultura, e potencializar também a produção cultural, criando inclusive novas formas de arte”. A POLÍTICA DO EDITAL pois durante o Governo Lula o Ministério da Cultura estabeleceu uma política do Edital, evitando assim as velhas articulações e dando lugar para novos olhares sobre o Brasil e a cultura. Segundo Gilberto Gil: “É preciso descentralizar o que está centralizado nas mãos de poucos. As matrizes da indústria cultural não deixaram nada para as periferias. Por isso, hoje, o papel do Estado brasileiro na formulação de políticas públicas é empoderar as micro manifestações, para que eles se apropriem cada vez mais dos espaços públicos e que sejam protagonistas na proteção e promoção da diversidade.” Há ainda muito a se avançar nesse sentido, os editais ainda são muito burocráticos, as diligências ainda são muito lentas e as exigências aos grupos e aos indivíduos não condizem com a forma de trabalhar da cultura e imprimem um ritmo artificial à criação. Contudo, acreditamos que esse caminho melhorou bastante a gestão das políticas da cultura sendo necessário seu aprimoramento.

A REFORMA DA LEI DO DIREITO AUTORAL pois a lei brasileira de direitos autorais (Lei 9.610/98) está entre as mais rígidas do mundo no que diz respeito ao acesso a produções culturais e se apresenta discrepante diante da realidade social gerada pelas novas tecnologias. O MinC lançou em 2010 uma chamada pública para mudanças no texto do projeto de lei. Assim, a sociedade através da internet debateu ponto por ponto o projeto de lei. Desde 2007 o MinC vem fomentando o debate sobre temas como cópia privada, uso educacional de obras protegidas, proteção ao autor e cessão de direitos. Acreditamos ser necessário avançar muito nessa área pois o acesso à produções culturais é essencial para a produção de cultura e para a diversificação de olhares. Alguns avanços significativos que o Governo Dilma pode conquistar nessa área são a descriminalização de algumas das práticas ditas de "pirataria", a possibilidade de cópia privada, a criação de um sistema de supervisão estatal dos órgãos coletores de direitos autorais, a questão da fotocópia para uso educacional e o aumento das possibilidades de usos “justos” das obras protegidas. As CONFERÊNCIAS DE CULTURA por estabelecerem uma participação direta da população no encaminhamento da política da cultura no Brasil. A participação da população brasileira na política nacional muitas vezes se restringe somente a eleição de seus representantes (políticos). Contudo, a democracia brasileira em sua constituição também prevê a participação direta da população na

política, sendo as conferências importantes instrumentos para tal participação. Outro aspecto importante das conferências é fazer com que a política da cultura não se restrinja somente a visão de política da cultura como financiamento de grandes espetáculos. O que muitas vezes se limita a atuação de secretarias de cultura municipais e as vezes até estaduais. A participação direta da população na condução da política da cultura contribui para uma "abertura" uma "abrangência" da visão de cultura, tornando o debate sobre a cultura mais plural e conectado com as espectativas da população brasileira. A AÇÃO GRIÔ por valorizar os griôs, que são entendidos na Ação Griô como todo aquele que se reconheça ou seja reconhecido por uma comunidade como um(a) mestre das artes, da cura e dos ofícios tradicionais, um(a) líder religioso(a) de tradição oral, um(a) brincante, um(a) cantador(a), tocador(a) de instrumentos tradicionais, contador(a) de histórias, um(a) poeta popular. A valorização dos griôs é de suma importância para uma compressão mais abrangente de cultura, uma visão de cultura não como um mero produto e sim como um processo, como valorização da vida, reconhecendo outros saberes além dos científicos e técnicos. A Ação também fomenta e fortalece o ingresso da sociedade civil através dos griôs e griôsaprendizes na educação pública formal, colocando num mesmo caldeirão, velho, adulto, criança, saberes locais e comunitários com saberes formais e globais, pedagogia oral com escrita e


misturando técnica com magia, fortalecendo a visão de que só tem tradição quem inventa, noção essencial para o desenvolvimento no contexto global atual de grandes fluxos econômicos, políticos, sociais e culturais. A REFORMA DA LEI ROUANET pois o Brasil é um país imenso e plural e a lei de renúncia fiscal destinada a cultura como esta desenhada hoje não consegue abranger tal pluralidade. Atualmente a grande maioria dos recursos aplicados na cultura provenientes da Lei Rouanet são destinados ao Sudeste. Números recentes demonstram que 80% do que foi arrecado para a cultura pela Lei Rouanet ficaram em 3 estados do Sudeste e quase sempre para os mesmos produtores culturais. Outro fato importante de se ressaltar é que as empresas que financiam cultura através da Lei Rouanet atualmente utilizam-se desse recurso para expandir seus setores de Marketing, através da divulgação de suas marcas. A Reforma da Lei Rouanet é necessária para que possamos passar do estágio atual de financiamento da cultura pelas empresas somente para projetos culturais "rentáveis" imediatamente para uma visão que vá além somente da questão financeira, e que seja comprometida com a cultura como espaço de questionamento e de soluções para as estruturas políticas, sociais e econômicas atuais. Entre algumas das reformas sugeridas, destacamos como primordiais para um sistema mais justo e igualitário de financiamento da cultura o aprimoramento do sistema de avaliação de projetos e a diminuição da burocracia; melhor

distribuição regional dos recursos; transparência nos processos de financiamento e diversificação das formas de financiamento, buscando formas de financiamento a longo prazo e não somente a projetos de resultados imediatos. Contudo, não é uma lei que irá mudar a questão da centralização dos recursos, pois uma maior participação do Estado nos processos de financiamento de projetos culturais não garante a priori um melhor repartimento e destinamento aos recursos. O Estado também pode ser bastante centralizador. Assim, nos parece necessário realizar muito mais que uma lei, é necessário a mobilização e o debate junto as empresas e as pessoas envolvidas com produção cultural sobre um sistema mais igualitário de distribuição dos recursos. Os PONTOS DE MÍDIA LIVRE realizados pelo MinC abriram perspectivas para a comunicacão que contrastam consideravelmente com a postura do Ministério das Comunicações que manteve sua política de garantir monopólios de produtores por um lado e currais de consumidores por outro. Com a implementação de Pontos de Mídia Livre, não se trata apenas de escolher o que "consumir" na grande mídia, mas de sermos todos mídia: uma multidão de comunicadores autônomos dispostos a cooperar e a trocar palavras e experiências. A valorização de uma centena de iniciativas (de televisão, rádio, publicações impressas e formatos eletrônicos diversos na internet) já existentes pelo Brasil abriu a possibilidade de uma democratização radical da autoria, da gestão, da produção e

de um consumo que não é reduzido ao “acesso” à informação e sim aberto a todas as formas de compartilhamento e usos comuns da expressão livre de todos e de cada um. O resultado é uma comunicação inserida na polifonia da vida e não mais restrita a um mercado monofônico. Diante da possibilidade de mudança nos rumos da Política da Cultura realizada nos últimos 8 anos ou mesmo o engavetamento e sucateamento das políticas citadas que já estão em prática, faz-se necessário a mobilização e cooperação dos movimentos culturais e de todos os interessados nos rumos da política da cultura. "Acreditar no mundo significa principalmente suscitar acontecimentos, mesmo que pequenos, que escapem ao controle, ou engendrar novos espaçostempos, mesmo de superfície ou volumes reduzidos. É ao nível de cada tentativa que se avaliam a capacidade de resistência ou, ao contrário, a submissão a um controle." Gilles Deleuze Fazemos das palavras de Deleuze as nossas, acreditando que é necessário suscitar acontecimentos de qualquer natureza que demonstrem nossa capacidade de resistência e de mobilização, para a consolidação, permanência e ampliação de ações e iniciativas que vêm mudando e tornando possível uma aproximação da sociedade civil e do governo brasileiro para uma radicalização democrática através de uma cultura potente e inovadora.

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(Ligineia Avellar)

Fatos reais. De ontem e de hoje.

Petrópolis, Rio de Janeiro, Brasil http://efemeara.blogspot.com

Cena 01: Casa da minha mãe. Primavera de 1965. Minha mãe costura um vestido branco e nossa vizinha amiga faz companhia no maior bate papo. Assunto: vida dos outros, é claro, desta vez da cliente do vestido de noiva. Vizinha: - Mas porque ela quer vestido de noiva? Mãe: É para tirar uma foto e mandar pros parentes no interior. Cê sabe né ela é de Minas e os parentes não sabem da história. Vizinha: Também com 23 anos e encalhada... Foi arranjar esse velho ...Cê sabia que ele tem cinqüenta anos???? É fiscal da Receita Federal. Mãe: Mas pelo que estou sabendo ele é casado. Ela me pediu para colocar um véu. Isso eu não faço, que não vou sustentar mentira dos outros. Mas o vestido branco, tudo bem. Vizinha: É, ele é casado sim. Mas ele disse pra ela que a mulher dele tem problema. Tem muito tempo que eles não fazem

aquele negócio... Mãe: Cê boba. Todo homem quando quer mijar fora do pinico, inventa essa história. A desculpa é sempre essa. Eu sei, já ouvi esse papo ó... Vizinha: Mas ela tá numa vida boa danada... Até saiu do trabalho...Ele dá tudo pra ela. Comprou uma frigidaire novinha, branquinha, linda. E a Telefunken? Não dá nem pra comentar, que vão dizer que tô com inveja. Tela grande, gabinete, a mais cara da loja. E o sofá? Tu acredita que ela escolheu da Gelli e ele deu pra ela? Tudo do bom e do melhor. Mãe: Mas e a mulher dele? Já pensou se ela ficar sabendo? Vizinha: Ela desconfia. Ele diz que está fazendo hora extra.Ela não caiu nessa não, mas ficou quietinha. Inclusive fiquei sabendo que ela falou, que se ele sempre manter o conforto que ela sempre teve, viagem pra Guarapari todo ano, modista todo mês, e troca dos móveis no Natal, e desde que não “procure” ela de noite, ela finge que não sabe de nada...


Cena 2: Confecção de roupas. Hora do almoço. Primavera de 2010. Marielza e Turmalina no maior bate papo. Assunto: vida dos outros, é claro, desta vez , do motorista da Confecção onde Turmalina trabalhava antes. Turmalina: Cê tá sabendo? Maior babado, babado forte mesmo. O Clarisvaldo tá de caso com dona Creuza. Marielza: Dona Creuza, a patroa, a dona da confecção? Turmalina: Pois é, menina. Marielza: Mas o Clarisvaldo só tem 23 anos. Turmalina: Essas coroas de hoje só querem pegar garotão. Imagina ela fez cinqüenta anos no ano passado, maior festão. Marielza: Ela só tem cinqüenta? Pensei que tivesse mais... Turmalina: Pois é. Mesmo depois de ficar internada naquela clínica de estética por um mês né, não adiantou muito não.... Marielza: Mas ele não é casado? Turmalina:

É casado sim. Mas ela disse que tava carente, que poderia compartilhar o que a vida tem de melhor. Marielza: Essas mulheres, cada vez mais sem vergonha. Carência agora é desculpa para qualquer coisa... Marielza: Mas ele está com uma vida boa danada. Até do trabalho saiu. Ela dá tudo pra ele, do bom e do melhor. Laptop última geração, celular, é quantos modelo novo saem, é quantos que ele ganha, bluray E a 3D? Não dá nem pra comentar, que vão dizer que tô com inveja. Tela grande, a mais cara da loja. E o carro? Tu acredita que ele escolheu um crossfox e ela deu pra ele? Marielza: Mas e a mulher dele? Já pensou se ela ficar sabendo? Turmalina: Ela desconfia. Ele diz que está fazendo hora extra. Ela não caiu nessa não, mas ficou quietinha. Inclusive fiquei sabendo que ela falou, que se ele sempre manter o conforto que ela tem agora, viagem pra Cabo Frio todo feriadão, crediário nas Casas Bahia – e desde que também compareça de noite - ela finge que não sabe de nada... FIM

Ilustração: Serjo Robert/2004

Uma visão bem humorada dos excessos e extremos.



Quando sinto saudade a dor que me invade é doída demais. Coração que explode, que o peito não pode com os gritos dos meus ais! No inverno é mar, no verão é só pó que cobre o corpo da gente nos campos do Marajó. Tem baranco no rio, e tá-mururé Quero ver o buiar do boto na enchente da maré. ... Da música 'Saudade Louca' de Zézinho Vianna/ Cachoeira do Arari



Sob a luz intensa, estimulante e dura do sol do equador, ou na pouca luz de suas noites quentes, Cachoeira revela suas cores. No boi-

bumbá, no brega, carimbó e quadrilhas, festas de santo e terreiros, no dia-a-dia da pesca e da fazenda, e mesmo na luta contra o latifúndio desumano. No meio dos campos do Marajó, Cachoeira do Arari dista seis horas de barco da capital, Belém do Pará, se a maré ajudar. Seus cerca de vinte mil habitantes subsistem da pesca, do extrativismo, de pequenas criações, e dos empregos na prefeitura e fazendas. Estive em Cachoeira em várias ocasiões e por diferentes motivos - festa de São Sebastião, pesquisas, visitas a parentes - e lá residi quando trabalhei no Museu do Marajó, entre 2007 e 2010. Saudades, das tantas cores e gentes de Cachoeira!

Petrópolis Rio de Janeiro Brasil Artista gráfico, fotógrafo e ativista cultural

http://marajoando.blogspot.com


Reflexões ludo-telúrico-etílicofilosófico-poético-existenciais.

Meu amigo querido Idalécio Lopes escreveu um texto sobre o aniversário de Belém em seu orkut, o qual reproduzo aqui (sem pedir autorização ao autor, diga-se de passagem...). Minha Belém

É muito bacana quando achamos algum livrinho antigo que estava jogado pelo meio de papéis velhos. Recentemente achei um destes. Um pequeno caderninho que comprei há tempos atrás, quando estava meio deprê (pra variar!). Nestes encontros consigo mesmo temos duas sensações (pelo menos é assim comigo). Hora ficamos felizes por encontramos um poemeto ou rascunho qualquer que acreditamos serem bons, hora vemos como somos péssimos escritores quando achamos outros tantos escritos e poemetos que consideramos, no agora, muito ruins... Encontrei os dois casos neste pequeno caderninho. Vou colocar alguns aqui, com suas respectivas datas, espero que o meu espírito crítico esteja mesmo apurado no presente. Outros tantos poemetos foram pra lata do lixo. Vejamos: Acordo morto Entardeço velório Anoiteço sepultura Felizmente renasço Infelizmente acordo... 23/09/2008

Vem meu mano! Vou te mostrar um pouquinho de minha Belém. É uma pena não poder levar-te à “Estrada Nova” para comeres aquele churrasco pai d’égua do Mestre Verequete, saboreando a melodia maravilhosa do carimbó que ele cantava. Vem! Vamos ao Bar do Parque, tomar uma cerveja puta de gelada, nos braços de uma puta quente. E naquela atmosfera de Boêmia lembrar do Paranatinga: “Uma cantiga de amor se mexendo, uma Tapuia no porto a cantar, um não sei que de saudade doendo uma saudade sem tempo ou lugar” E se ao amanhecer for manhã de domingo. Valei-me Nossa Senhora de Nazaré! Eu vou ficando por aqui mesmo. Porque domingo em Belém e Praça da República é que nem açaí e farinha. Vou me assentar na ilharga daquela mangueira e apreciar o mano Ronaldo todo pavulagem cantar pra gente: “Pro João Gomes eu mandei um verso antigo dizendo poeta é como chama acende é lamparina” Corre meu mano! Corre que lá vem a chuva! Vamos subir lá no coreto e esperar ela estiar. Enquanto aquela morena com cabelo rastafari e saia no rendengue, tomando um tacacá, lança pra mim um olhar de queimar. Já vou chegando à boquinha da noite me despedindo da praça, mas não sem antes pedir a benção ao maestro bem em frente ao pequeno teatro:

No verão nasço No inverno primavereio Na primavera floreio No outono caio da árvore 23/08/08.

Belém, Pará, Brasil Eu sou esse cara bêbado daí da foto! http://mimcomigomesmo.blogspot.com

Ah! Waldemar Henrique, Quantas saudades deixaste no coração dessa gente que de tanto amor faz Belém, Belém, Belém...

(Idalécio Lopes)


Ilustração: Serjo Robert/2004


Amanda Morales Analista Financeira, venezuelana Contato: ama.morales@yahoo.com

Mesmo as pessoas mais educadas, por vezes enganadas pelos media dominantes e os chamados "peritos", deixam de identificar a causa básica da atual retracção económica e tendem a confundir o sintoma (inflação, desemprego, etc) com a causa. Outros factores incorrectos do seu desencadeamento muitas vezes são atribuídos à inerente cobiça humana, à super-população, aos baby boomers [1], ao abandono do padrão ouro, à reserva bancária fraccionária [2], às divisas fiduciárias, ao super-consumo e até mesmo à tecnologia. O sistema monetário tornou-se a jaula global da escravização alimentada pela dívida que hoje conhecemos através de uma série de eventos: invenção da usura (conceder empréstimo em dinheiro a juros compostos), estabelecimento da reserva fraccionária na concessão de crédito, privatização da oferta monetária, criação de bancos centrais, abolição do padrão ouro e imposição legal de divisas fiduciárias. Actualmente cerca de 96% do dinheiro nos países ocidentais vêm à existência como dívida (dinheiro-crédito) criada por bancos Este artigo encontra-se em http://resistir.info

comerciais na forma de promessas de pagamento (IOUs) [3]. Os montantes depositados no banco e emprestados são simples registos na contabilidade, não apoiados por quaisquer activos reais (como o ouro, por exemplo). O que dá valor a estes montes de papéis normalmente sem valor é o trabalho humano. Só quando paramos para pensar acerca disto podemos começar a apreender a natureza profundamente fraudulenta da concessão de empréstimos bancários: o tomador do empréstimo compromete como colateral pelo empréstimo algo que ele ainda não possui (isto é, o carro que ele compra a crédito) em troca do dinheiro que o prestamista realmente não tem nas suas reservas. [...] Penso que a privatização do dinheiro é a principal causa subjacente da pobreza, escravatura económica, subfinanciamento do governo e de uma classe dirigente oligárquica que frustra toda tentativa de arrancá-la das rédeas do poder. (18 outubro 2010) [1] Há realmente um perdedor: é o ambiente destruído pelo desenvolvimento insustentável exigido por uma economia conduzida pelo lucro. NT [1] Baby-boomers: pessoas nascidas num período de aumento da naturalidade (em especial os anos 1946-1965) [2] Reserva fraccionária: a prática bancária de emitir mais crédito do que o banco possui como reserva, aumentando assim a massa monetária em circulação. [3] IOUs (I owe you): acordo escrito para devolução de uma dívida.


A descoberta das navegações chinesas de 1418-1433 são mais um paradigma de inversão antropológica: os Chineses como primeira civilização científica, a China e o Pacífico como Centro do Mundo, os Chineses como possíveis primeiros navegantes colonialistas... Esta reportagem, que também saiu no History Channel, é baseada no livro do Almirante inglês Gavin Menzies, que REDESCOBRIU este período em que o Império Chinêz construiu uma frota de barcos de junco maior que a dos hispânicos ao início do séc. XVI comparável somente à que estes teriam no séc. XVII. Possuindo menor governabilidade, porém muito mais tamanho que as caravelas, estes barcos navegavam pelo Índico e Pacífico nas duas décadas iniciais do séc. XV, quando uma missão conjunta de quatro frotas chinesas partiram da Costa Leste da África, rumo ao Atlântico sul e norte, e ao Pacífico norte e sul, deixando os traços que foram reencontrados agora nos Açores e Porto Rico. Em 1433 a dinastia e o Imperador foram derrubados porque havia excesso de desperdício na corte e na economia chinesa, sendo as enormes instalações para os barcos de junco uma das principais razões para o déficit econômico, uma vez que as expedições não eram de conquista militar, não trazendo bônus coloniais. Foi decidido que a China não faria navegações para o exterior longínquo, os estaleiros de junco foram desmontados, e os mapas dispersos... A razão que teria o Imperador para não seguir a lógica colonialista já é outro exemplo de descentramento antropológico.

Ciro Moroni Barroso Autor de 'Gulliver 1982' São Pedro da Serra, Rio de Janeiro, Brasil http://www.gulliver1001.bravehost.com


Ilustração: Márcio Salerno

Petrópolis, Rio de Janeiro, Brasil Share my points of view, basically.


ISTO É UM SONHO, pois não poderia se passar em nenhum outro lugar, no mundo desperto. Eu não permitiria. Mas isto é um sonho e outros sonhos tais e quais, com pessoas e locais de quem e dos quais quero distância, têm me assaltado à noite, sem minha permissão. Estou próximo à casa de meus avós, a casa onde nasci, mas já em idade adulta. Vejo pessoas ligadas ao movimento teatral de minha cidade, gente de quem não gosto, uma vez que foi graças (também) a elas e ao pútrido partido político à qual pertencem que perdi meu emprego, não que fosse “aquele emprego”, mas me garantia um salário mensal que hoje faz falta. Todas estas pessoas desfrutam do pequeno jardim cultivado por minha avó, tomando chá, ao que parece. Uma delas está sentada em frente ao portão e  nge não me ver, apesar de me conhecer muito bem. Insisto em cumprimentá-la e ela responde de má vontade, evitando olhar-me nos olhos. Mesmo em sonhos, meus sonhos, não os delas, estas pessoas sabem que me prejudicaram deliberadamente e não têm coragem de me encarar. Deve haver mesmo mais coisas entre o Céu e a Terra do que imaginamos. Todos me ignoram, mesmo estando desfrutando de coisas que pertencem a meus avós, mesmo sendo aquela a minha casa (também). O ambiente muda e venho caminhando por uma calçada, o ar está impregnado com ecos da canção Gimme Shelter, dos Rolling Stones, eu ouço duas versões da mesma ao mesmo tempo, uma com os Stones, outra com o Grand Funk Railroad. Um velho baixo e magro se aproxima. É alguém com quem já me relacionei bem, mas que agora vira a cara para mim, quando nos encontramos na rua. Escrevemos juntos 11para um jornal literário dirigido por um bando de patifes (na minha opinião) e, claro, ele também é um deles. Dos patifes, quero dizer. No sonho, ele me cumprimenta e, sem que percebesse antes, minha mulher está comigo, e responde ao cumprimento. Eu pego em seu braço e peço para ela não dar atenção ao velho, uma vez que ele não a merece, nem no mundo acordado, nem no reino de Oneiros. Acordo e ali está minha mulher, deitada a meu lado. Penso nas coisas que se passaram, e porque se passaram do modo como se passaram, mas não adianta, pois as coisas são como as coisas têm de ser. Espero que o Mestre dos Sonhos também perceba logo isto e teça lamentos e caminhos diferentes para que eu siga, nos sonhos que virão. ... Há quem leve sonhos muito a sério, desde os habitantes da antiguidade até escritores e artistas, que costumam utilizar material onírico em suas obras. Entre um sonho aqui, umpesadelo ali, é possível perceber padrões nada caóticos, como no caso daquelas imagens que se repetem com certa frequência, às vezes imiscuindo-se em sonhos que, aparentemente, não estão relacionados entre si. Se existem povos que baseiam sua sociedade de acordo com os sonhos que experimentam, à noite, por que não deixar que o reino de Oneiros guie a mão do escritor que, ao colocar no papel aquilo que vivenciou no mundo do lado de lá, acaba por escrever em um estilo nada parecido com o habitual? É esta a proposta aqui. Sonhos podem ser muito mais do que imagens desconexas. Sonhospodem se tornar realidade. E pesadelos, também.

Do livro PEQUENAS ATROCIDADES - Sonhadas, Vividas & Imaginadas, de Márcio Salerno Editora Daikoku/ 2009


Ahora que en los bares de España huele a champiñón, gambas o incluso a perfumes es un buen momento para recopilar algunas de las mejores campañas publicitarias anti tabaco de la historia. El blog Kaktusjack lo hizo hace unos meses. Me limito a hacer un montaje fotográfico, a clavarle un link. Y a incluir una fotografía de una campaña brasileña que me parece impactante (sobre todo para los machos activos sexualmente). Fumar produce importencia… En Brasil había fumadores que al comprar tabaco decían: dame un paquete de esos que produce cáncer…

En Calle Amazonas hay indígenas, vegetación y agua. Pero también redes sociales, chips y asfalto. El libro resume mis cinco años de vivencias amazónicas. Aunque tiene un eje claro, un viaje de cinco semanas entre Manaos y Belém, en el libro está presente mi trabajo periodístico de los últimos años. Creo que es un libro híbrido: literatura de viajes, crónica periodística, destellos de prosa poética. En Calle Amazonas narro la sorprendente y desconocida Amazonia del siglo XXI. Publicado por Altaïr, Barcelona.

Barcelona, Espanha "En el espacio nadie puede oirte gritar" Alien

http://alfacentauro.info

“No se puede pedir lo que se ignora. La democracia exige un conocimiento previo de los valores laicos que la alimentan. Y dicho conocimiento no existe en ningún país árabe con la profundidad y arraigo que tienen en Túnez. El Gobierno de Burguiba desde la independencia hasta los años ochenta sentó las bases de un Estado laico y democrático. Un sistema educativo abierto a los principios y valores del mundo moderno, el estatus de la mujer incomparablemente superior al de los países vecinos y un nivel de vida aceptable en comparación con estos, pese a la carencia del maná del petróleo, formaron una ciudadanía consciente de sus derechos. En ello estriba la diferencia existente entre Túnez y los demás Estados árabes de la orilla sur del Mediterráneo. El declive del poder de Burguiba y el golpe de palacio de Ben Ali, llevado supuestamente a cabo para preservar la democracia se tradujeron al punto en una pesadilla orwelliana. Con el pretexto de cohabitar a la amenaza islamista y ganarse así el sostén incondicional de los países europeos, Ben Ali creó poco a poco un Estado policiaco cuyas redes se extendieron como una telaraña (…) Toda oposición política fue barrida sin piedad con métodos que recuerdan el peor despotismo (…) La acción conjugada de las filtraciones de Wikileaks, del gran número de tunecinos con acceso a Internet y a sus foros de discusión, de los ciberataques de los hackers de Anonymous que colapsaron las webs del régimen y de la inmolación por el fuego el 17 de diciembre en Sidi Bouzid de Mohamed Buazizi, un informático de 26 años en paro y cuyo puesto de verduras y frutas fue tumbado brutalmente por la policía por carecer de autorización para su venta, fueron el detonante de la explosión que ha derribado al dictador”. Bastante recomendable el artículo de Juan Goytisolo en El País, al que pertenece este extracto, sobre la revolución tunecina. Pero más todavía el post de Iñigo Sáenz de Ugarte en su blog Guerra Eterna. En Una revolución en la calle, no en las pantallas Íñigo desmitifica un poco el poder de Twitter e Internet y otorga un papel clave la cadena de televisión Al Jazeera (interesante artículo de análisis). Acabo de recorrer el norte de Marruecos y corroboro que el poder de este medio, verdadero termómetro del mundo árabe, es brutal. Coincido con Íñigo en que la revolución tiene su raíz en la realidad, el paro, la humillación. Las nuevas tecnologías, eso sí, son los rifles del siglo XXI. La foto que encabeza este post pertenece a una fantástica infografía de Le Monde.


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rtista gráfico e ilustrador desde quando só se usava aguada de nanquim, aquarela, guache e outras tantas qualidades de tintas, pincéis e lápis, Serjo Robert hoje desenvolve seu trabalho cuidadoso e instigante também através da computação gráfica. As ilustrações desta edição de O Pererê integram o álbum Ficção Científica de Serjo no FaceBook, onde podem ser apreciadas outras séries de ilustrações. As imagens são produzidas com os softwares 3D Studio Max, Corel Draw, Photoshop, Page Maker, e ocasionalmente After Effects e Premiere, para vídeos.

Rio de Janeiro, Brasil Ilustrador, artista gráfico, astrólogo e escritor.



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