UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA LICENCIATURA EM HISTORIA
PAULO MASCARENHAS DE SOUZA
PARTICIPAÇÃO E MANIFESTAÇÃO DA ARTE A cultura com foco nos anos 80 E 90 em Jacobina- BA
Jacobina - BA 2016 PAULO MASCARENHAS DE SOUZA
PARTICIPAÇÃO E MANIFESTAÇÃO DA ARTE A cultura como foco nos anos 80 e 90 em Jacobina - BA
Orientador: Polliana Moreno dos Santos
Introdução
A escolha do tema desta monografia foi pensado antes de minha entrada na Uneb, Universidade do estado da Bahia, Campus IV Jacobina, ao escolher o curso de licenciatura em Historia já imaginava registrar o período de 1980 a 1990, trabalhar com esse recorte na historia, mostrar um movimento, que causou uma verdadeira transformação, por que não dizer, uma verdadeira revolução cultural em jacobina. Atualmente estamos presenciando uma degradação dos valores culturais e porque não dizer um empobrecimento dos movimentos artísticos no município de Jacobina, como prova, basta notarmos o numero de pessoas, jovens que procuram se envolver no teatro, na música, poesia e nas artes plásticas, são poucos os movimentos, os grupos de teatro, são poucos os que resistiram a “evolução” da mídia, a degradação dos valores e a falta de apoio. Há 36 anos o teatro em Jacobina surgia como uma luz para os jovens que procuravam alternativas para o lazer, o entretenimento, o desenvolvimento cultural e de certa forma o fortalecimento da cultura na região. O teatro surgia como uma ideia fundamental na defesa dos valores como respeito, amor e fraternidade, o sonho em fazer teatro superou as dificuldades, o preconceito social e a falta de recursos. O movimento de teatro em Jacobina já existia muito antes dos anos 80 e tinha como base o estudo, o aprofundamento teórico do teatro do oprimido de Augusto Boal e do teatro épico de Berttolt Brecht, no entanto, a partir dos anos 80 a nova geração que surgia usava o humor nas artes cênicas, era a comédia que dominava e atraia cada vez mais os jovens artistas. O nosso recorte Histórico vai de 1980 a 1990, mais especificadamente no movimento de teatro dos anos 80, no entanto, não deixamos de lado, outros movimentos artísticos como a música, a poesia e as artes plásticas, o nosso objetivo é tentar compreender a importância desses movimentos artísticos na formação e construção da cultura local, da Historia daquela época, como e porque surgiu esse movimento teatral nos anos 80. Para compreender esse momento cultural dos anos 80, fizemos uma pesquisa no contexto histórico, através dos jornais daquela época e também, uma busca em fatos a partir de 1916 até anos 70, pois a partir desses fatos, foi possível compreender o contexto político e social , usamos como fontes, recortes de jornais com noticias sobre política e sociedade, os fatos políticos e culturais, depoimentos, entrevistas e pesquisa sobre os textos de teatro encenados nos anos 80. Esse trabalho tem como objetivo a pesquisa historia, compreender como e porque nas décadas de 80 a 90 os movimentos artístico de Jacobina se intensificaram e os jovens estudantes dos colégio públicos buscaram na arte alternativas para mudar uma estrutura social focada apenas na política, enfrentar os preconceitos e fazer acontecer o teatro, os festivais de música, os encontros culturais e todos os movimentos relacionados a arte, vamos trabalhar com a historia local, fazer alguns recortes de forma especifica e dinâmica, relatar parte da história de adolescentes que desenvolveram o teatro comédia, o teatro do improviso, além de músicos, poetas e cartunistas que fizeram a história da arte entre as décadas de 80 a 90 em Jacobina. Para compreender esse trabalho é necessário conhecer Jacobina e o seu contexto social e político na década de 80, período que começa com a arte invadindo a sociedade, o recorte temporal desse trabalho busca fontes especificas de 1980, Jacobina, se apresentava como uma cidade tradicional com seus ritos, culturas e crenças de uma sociedade que tinha sua economia baseada na mineração, uma política acirrada e o futebol como maior opção de lazer, esta é a cidade de Jacobina dos anos 80 é nesse
contexto que surgem vários jovens com pensamentos diferentes da época, tanto no teatro, como na música e nas artes plásticas, um movimento artístico que surgiu de forma espontânea e desperta hoje alguns questionamentos, por exemplo, o que motivou vários jovens de colégio publico a optarem pelo teatro, pelas música e pela cultura como principal opção de lazer ? O que levou esses adolescentes a enfrentarem suas famílias, e a elite de jacobina que naquela época marginalizava o artista de teatro? As artes cênicas não dava dinheiro, não havia escolas, cursos, nada que motivassem, estimulassem os jovens a se envolverem com teatro, então por que esses adolescentes formaram alguns grupos de teatro? Quem eram esses jovens? Quem estava por trás dessa motivação cultural? De forma muito simples poderíamos responder o primeiro questionamento, o que motivou esses adolescentes a optarem pelo teatro foi à falta de opção cultural na cidade de Jacobina, os jovens queriam um movimento diferente, fato que levou ao surgimento do grupo teatral cultural jovem, formado por estudantes do Colégio Estadual Deocleciano Barbosa de Castro, um dos maiores colégios da região na década de 80, no entanto essas questões não são tão simples assim,o grupo teatral cultura jovem foi formado por oito jovens do ensino fundamental de um colégio público de Jacobina, a princípio era apenas um grupo de estudantes com o objetivo de fazer um trabalho para a disciplina de historia o que acabou se transformando em um grupo que apresentava trabalhos teatrais importantes na cidade, chegando a movimentar e a envolver outros jovens, o que era problema, preconceito ou coisa parecida se tornava naquele momento, motivação , estimulo, objetivo, a sociedade se rendendo ao talento dos jovens artistas. Nosso objetivo é compreender todo processo de construção e formação de uma nova mentalidade artística e cultural na cidade de Jacobina, ao nos referir a uma nova mentalidade, pretendemos mostrar o antes e o depois, o surgimento de uma nova geração de jovens artistas que revolucionaram a arte, através da música, do teatro, da literatura e da poesia. O antes desse movimento artístico em jacobina pode ser caracterizado como um movimento tímido, formado por jovens acadêmicos que trabalhavam o teatro de forma mais estudada, leituras de livros e laboratórios com exercícios de teatro, toda a essência artística, a construção do ator, tudo isso estudado minuciosamente, apesar desse trabalho de estudo sobre os grandes dramaturgos, as produções teatrais antes de 1980 eram vistas como produções marginais, esse julgamento era feito por uma sociedade conservadora, preocupada apenas com a política, os eventos da elite ( Festas e encontros sociais ) e com o esporte, em especial o futebol. A partir de 1980, assistimos o surgimento dessa outra geração que apresentamos no inicio desse trabalho, foi a partir desse ano (1980) que surgiu o novo movimento artístico cultural em jacobina, jovens entre 15 e 20 anos que procuraram uma nova forma de fazer teatro, tocar uma boa música e recitar uma poesia com qualidade. Como entender esse processo de mudança? Como conhecer a realidade desse discurso sobre a arte, o teatro e música? Como surgiu esta outra mentalidade cultural? Quais as diferenças? O que mudou? Quais fatores contribuíram para esta mudança? São questionamentos que iremos responder no decorrer da pesquisa histórica, vamos contar a micro-historia dos movimentos artísticos culturais com os recortes entre os anos de 1980 ate 1999, dando destaque ao surgimento dos Grupos de teatro, Cultura Jovem, P.M (Participação e Manifestação ), Grupo Lunart e o Grupo Condor, como surgiram , por que e quando ? O que motivou, norteou todo esse trabalho? Quem eram esses jovens que se empenharam a modificar a estrutura? E os músicos, poetas, cantadores e compositores da época?
Quando falamos em mudança da estrutura, estamos valorizando o discurso da importância da mudança dos valores culturais e artísticos do antes de 1980 e o depois, mostrar uma sociedade que viveu todo um processo de evolução cultural, tentaremos compreender os caminhos desta mudança, as dificuldades dos jovens artistas em enfrentar o preconceito e a falta de incentivos. Em nossa pesquisa, procuramos compreender a Historia de Jacobina pelo viés das manifestações culturais , desde a chegada do cinema em Jacobina em primeiro de janeiros de 1917 até o surgimento do Centro de Cultural na década de 80 (quando o teatro viveu seu momento de gloria) seguindo até os anos 90 , quando ocorreu um declínio, uma diminuição das produções teatrais. No capitulo I, apresentaremos a historia de Jacobina com recortes temporal a partir de 1916, os primeiros grupos teatrais a se apresentarem em Jacobina naquela época, o surgimento do cinema, o progresso da sociedade dos anos 50 a 70,vamos entender através de alguns fatos históricos como a sociedade jacobinense chegou a 1980, essa revolução cultural. No capitulo II,vamos compreender como surgiram os movimentos culturais,essa nova geração de músicos e atores de teatro, como foi o encontro de gerações. O capitulo III, vamos conhecer os grupos teatrais dos anos 80 e a convivência com uma sociedade conservadora, a imprensa local, os espaços para realizar as apresentações e os festivais de musica o teatro. O capitulo IV, iremos falar do declínio do teatro em Jacobina, o movimento começa a se fragmentar, a sociedade vive um outro momento,as mudanças na política e a influencia na cultura. O capitulo V, apresentaremos os depoimentos escritos e orais, entrevistas que foram importantes para o desenvolvimento desse trabalho e por fim o capitulo VI, onde vamos anexar às fotos e os recortes dos jornais que serviram de pesquisa para este trabalho. Durante todo esse trabalho vamos estabelecer uma relação entre os movimentos artísticos na década de 80 em Jacobina, no Brasil e no Estado da Bahia, entre esses movimentos culturais e a historia política do Brasil, como a arte influenciou os jovens a se envolverem no contexto político do nosso pais, apresentaremos os movimentos culturais no pais e a influencia direta nos movimentos artísticos ocorridos em Jacobina, mostraremos como a musica ( através dos famosos festivais de musica ) o teatro, o cinema e a TV influenciaram os movimentos estudantis , em Jacobina. Nosso principal objetivo é contar a historia de Jacobina por outro viés, a sociedade cultural, a participação dos jovens artistas no contexto social e político da região. Por fim, vale salientar a dificuldade em encontrar fontes, material bibliográfico, por conta disso buscamos como fontes recortes de jornais e as fontes orais como depoimento de pessoas ligadas ao teatro em 1980.
Justificativas
A importância deste trabalho esta na valorização do artista da terra, em manter viva a historia de um movimento que transformou a cultura de Jacobina, o movimento cultural de 1980 foi sem duvida um fato histórico, considerado por alguns como sendo a década de ouro da cultura Jacobinense, entretanto, com o passar dos anos essa década se tornou esquecida, desconhecida , para a nova geração, os anos 80 não tem nenhuma importância cultural, além do mais, são poucos os arquivos relacionados a essa época, nosso trabalho tem como finalidade conservar a historia da cultura de Jacobina, entre os anos de 1980 ate 1999, através de recortes especifico no movimento artístico do teatro comedia, dos festivais de musica, as apresentações poéticas e o folclore da cidade, buscar a valorização de um tempo onde o artista fazia o teatro por amor, sem a preocupação com o certo ou o errado, a valorização de uma juventude que se mostrava feliz, que buscava antes de tudo a diversão, uma opção cultural. A sociedade Jacobinense na década de 80 teve a oportunidade de acompanhar um grupo de adolescentes que movidos pelo idealismo marcaram a vida cultural e artística da cidade, desenvolveram seus talentos da melhor forma possível, o nosso trabalho consiste em resgatar e valorizar essa historia, encontrar o Maximo de fontes que nos ajude a defender a importância desta década onde o artista surgia da forma mais simples possível, mostrava sua arte, seu talento, sua vontade, sua cultura, tudo isso sem a preocupação se a sociedade via com bons olhos ou não. Entendemos que a sociedade atual precisa conhecer a historia cultural dos anos 80, a juventude contemporânea precisa ver exemplo de luta e a vontade em fazer arte, não podemos esquecer que a transformação cultural nasce de um momento inocente, onde as preocupações sociais ainda não faziam parte dos planos desses adolescentes fascinados pelo teatro, um teatro feito de improvisos, do texto ate a interpretação no palco tudo era improvisado, o figurino, a sonoplastia, a iluminação, o figurino, tudo, não havia limites para a vontade desses jovens artistas, então porque não compreender esse movimento ?..Por que não usa-lo como ferramenta para estimular os jovens de hoje ?....Podemos ver uma importância social e particular nesse trabalho, social por que vai valorizar um momento importante por qual passou uma sociedade, particular porque há uma preocupação com os jovens de hoje que vivem desmotivados com relação a cultura, precisamos mostrar que nem sempre é necessário o apoio do Estado, da Prefeitura, e nem sempre produz aquele que tem dinheiro, é preciso entender que a vontade esta acima de certos limites, a criatividade, o conjunto, a parceria e a auto-motivação são ferramentas essenciais para o bom desenvolvimento da arte, como afirma a letra da musica “ Vem vamos embora espera não é saber, quem sabe faz a hora não espera acontecer” de Geraldo Vandré.
Capitulo I: Breve Histórico de Jacobina
O teatro de jacobina teve momentos marcantes, artistas que fizeram historia e continuam sua batalha nas artes, a exemplo temos o ator e diretor de teatro Jotta Esse, este artista participou ativamente nos anos 80 na formação dos grupos importantes daquele que seria o maior movimento de arte da cidade de Jacobina, conversando com Jotta observei o sentimento de saudade, nostalgia em suas palavras, ele, lembrou fatos interessantes sobre aquele momento, citou nomes e relatou sua visão com relação aquele período. A historia do teatro de Jacobina é muito antiga, em conversa com algumas pessoas idosas consegui obter informações que indicam que o teatro tenha chegado a Jacobina por volta dos anos 20 quando surgiu por esta região a Companhia de Artes cênicas composta por brasileiros e europeus que estiveram pelo nordeste brasileiro, inclusive pela região da Chapada Diamantina, Jacobina como sendo uma das mais antigas cidades do Piemonte , provavelmente teve a visita desses grupos de teatro itinerante ( Parte do depoimento escrito por Jotta Esse, esta no final do livro ), no entanto essas informações são desencontradas, pois há outros depoimentos divergentes com relação a data em que o teatro chegou ao município de Jacobina, estudar essa parte da Historia encontra muitas dificuldades com relação as fontes, mas mesmo assim é possível traçar uma direção dessa pesquisa usando recortes de jornais, a exemplo do primeiro periódico de Jacobina ( O Jornal A primavera ) que em 1916 já anunciava em um espaço muito pequeno a realização de uma peça teatral em Jacobina, no dia 31 de dezembro de 1916 seria apresentada em Jacobina o drama “ O Morgado de Vallino” com o Grupo Teatral Paladinos do Progresso jacobinense, naquele época Jacobina vivia um momento realmente Histórico na política local, pela primeira vez um cidadão jacobinense se tornara eleito para a Câmara Federal com uma ampla votação,Deraldo Dias, filho do então coronel Antonio Ferreira Dias, alem de deputado federal ( 1912 a 1916 ) exerceu algumas funções de destaque no Estado da Bahia, como: Presidente da Junta Comercial da Bahia, Comandante da Guarda Nacional da Bahia, dentre outros cargos ( Informações do site jacobina.com.br) ,ainda no jornal A Primavera, destacou a morte do Deputado Deraldo Dias, que faleceu no dia 03 de novembro de 1916, fato que foi noticiado pela imprensa do Estado, em seu enterro compareceu muitas autoridades , inclusive o Governador do Estado da Bahia Antonio Muniz Sodré de Aragão. No dia 10 de janeiro de 1917 o jornal A Primavera dava como noticia de ultima hora, a lamentável entrada do Brasil na Primeira Guerra Mundial, assunto que foi destaque em mais duas edições desse jornal, observamos que o teatro foi noticia apenas uma vez dentre as 23 edições pesquisadas do jornal A Primavera, justamente porque o principal foco do jornal era a política e os eventos sociais, não havia uma preocupação administrativa com a cultura, os movimentos artísticos eram tímidos e segundo informações de algumas pessoas idosas, se envolver com teatro naquela época não era algo bem visto para a sociedade, não por conta de envolvimento com drogas, mas por achar que o teatro era algo sem futuro. Diferente de 1916 a 1918 a imprensa escrita agora ( década de 60) dava mais espaço aos eventos culturais, a elite promovia festas com atrações famosas, cantores a nível nacional, Roberto Carlos, Nelson Gonçalves, Agnaldo Timóteo, todos esses estiveram em Jacobina, conversando com alguns idosos, eles lembraram com nostalgia esses tempos, a cantora Clara Nunes, sambista muito famosa na época, esteve em Jacobina no dia 28 de outubro de 1926, se apresentando ao publico jacobinense no tradicional Clube Dois de Janeiro, no dia 31 de outubro de 1976
acontecia no Colégio Estadual Deocleciano Barbosa de Castro o festival de arte e cultura que teve a participação do Grupo Teatral Amadeu Amador com a peça teatral “ O Circo”, sob a direção de Rogério Meneses, esse grupo tinha como objetivo a necessidade de popularizar o teatro amador baiano, destacava também que a censura era uma constante ameaça, um fato bastante interessante é que o jornal dessa época destacou a possibilidade de petróleo em Jacobina. Na década de 60 a movimentação era mais constante, os salões, clubes recreativos, espaços religiosos como conventos e ate mesmo as igrejas, as paróquias e os cabarés eram usados como espaço para ensaios e ate mesmo apresentações, em depoimento escrito e entrevista oral, o professor Carlos Dourado e o diretor de teatro Jotta Esse, confirmam essas informações sobre os locais usados pelos artistas das artes cênicas em Jacobina. Nos anos 70 a 80 o movimento se torna mais forte, os artistas, não somente da área do teatro, mas da musica e poesia, passam a investir mais seu tempo em reuniões para pequenas produções de teatro e shows musicais (Naquela época, anos 70, os shows de calouros eram febre nos programas de rádios e TV ) que aconteciam no cinema da Jacobina, nas festa de início de ano novo, as festas no alto das missões tinha espaço para programas de calouro aberto ao publico,os grupos de teatro faziam seus ensaios nos espaços que eram oferecidos, estudantes do primeiro e segundo grau ( Hoje ensino fundamental e ensino médio) universitários, músicos e também adultos com inclinação para as artes, passaram a estudar o teatro com mais cuidado, havia uma preocupação em encenar bons textos, a exemplo da peça teatral “O Pagador de Promessas de Dias Gomes”, “Dois Perdidos numa Noite Suja de Plínio Marcos”, e “morte e vida Severina” texto do poeta pernambucano Cabral de Melo. Os ensaios aconteciam aos finais de semana, não somente os ensaios, mas os laboratórios de teatro com base no exercícios para a formação do ator de Stanislavski, exercícios que consistem numa série de procedimentos de dinâmicas para interpretação do ator e da atriz, método desenvolvido pelo teatrólogo, diretor e ator russo, Constantin Stanislavski, no final do século XIX , também estudavam textos de Bertolt Brecht e Augusto Boal, estudar esses grandes escritores do teatro era um objetivo, a maturidade , o equilíbrio e o conhecimento, Jotta Esse em seu depoimento escrito não esquece de falar sobre Eugênia Tereza , atriz, professora e diretora, vive há muito tempo em São Paulo,lembra também de Nelson Araújo, o qual publicou um livro maravilhoso sobre o teatro brasileiro, difundido á nível nacional e varias publicações sobre o assunto, recebeu o título de uma universidade federal em “Doutor Honoris Causa”, há ainda Marcelo Robério , PhD Em artes Cênicas por uma universidade do sudeste do país e vive em Brasília-DF. Esses todos pertenceram a uma geração dos anos quarenta, cinquenta e sessenta. Nos anos 30 e 50 a sociedade jacobinense passou por um processo de desenvolvimento tanto politico, como urbano e cultural, o professor Valter Oliveira em sua dissertação para UFBA, destaca uma nova onda de reformas no espaço urbano da cidade, velhos prédios foram abaixo para a construção de novas formas de arquitetura sob a ótica da civilização e do progresso, o professor Valter cita o fotografo Osmar Micucci, fotografo que acompanhou as transformações ocorridas na paisagem urbana. Pela vasta documentação encontrada do fotografo, pôde ser identificado, entre os anos de 1950 e 1960 ( Dissertação de Valter Oliveira pag. 124), Jacobina vivia um período promissor, não por acaso o presidente Juscelino Kubitscheck esteve em Jacobina, o professor Valter afirmou que a presença deste político em Jacobina foi interpretada pela população como símbolo da fase áurea vivida pela cidade (pag.131) não podemos esquecer as festas de rua, a imprensa insisti em afirmar que a primeira micareta aconteceu em Jacobina, há uma disputa com a cidade de Feira de Santana, com relação a micareta a dissertação de
Valter Oliveira fala da micarene, cita o trabalho de Vanicleia Santos sobre a festa, organizada pela sociedade Filarmônica Dois de Janeiro e Aurora, uma critica ao modelo importado, que era a aristocrata, burguês, elitista, como o Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. A outra era a micareta dos grupos populares, formada por grupos de negros e pobres e que constantemente eram alvo de tentativa de “normatização e controle social da festa”. Essa polemica sobre a primeira cidade a fazer a micareta até hoje é motivo de discórdia, Para Lemos (1995), "a micareta parece ter-se originada em Jacobina, em 1912, por iniciativa de Porcino Maffei aqui residente, organizando o bloco "As Copas". Tudo indica que ela se originou em Jacobina, quando Salvador e Feira de Santana ainda não tinham as folias da Micareme" (http://www.feiradesantana.ba.gov.br/ casadotrabalhador/arq/Momento_Historico.pdf ).
Uma noticia importante que o jornal A Primavera divulgou, que causou grande expectativa nos jacobinenses, foi a noticia do dia 06 de agosto de 1977, o jornal destacava a noticia que Jacobina teria uma faculdade de educação em 1978. Realmente a faculdade de Formação de Professores de Jacobina (FFPJ) foi concluída em 19 de setembro de 1980, logo no inicio, a FFPJ funcionou no Comuja- Colégio Municipal de Jacobina, depois mudou para o prédio da escola Paroquial de Jacobina. Em março de 1991 passou a ocupar sede própria, construída em área de 1.258 m² (hum mil duzentos e cinquenta e oito metros quadrados), localizada na Avenida J. J. Seabra, nº 158, Bairro Estação, onde permanece até o dia de hoje. O primeiro curso a ser oferecido pela então FFPJ foi de Licenciatura Curta em Letras, no ano de 1981. A partir de 1983, passou-se a oferecer também o curso de Licenciatura Curta em Estudos Sociais. Mas ainda nos anos 80 quando começam a surgir os grupos de teatro da nova geração, foi ali, em um das salas da faculdade de Formação de Professores de Jacobina (FFPJ) no prédio da escola Paroquial de Jacobina que duas gerações se encontraram e uma nova historia cultural passou realmente a existir. Nossa historia dar-se inicio em 1980, quando alunos do colégio Estadual Deocleciano Barbosa de Castro , preocupados com um trabalho da disciplina de historia se reuniram em uma sala de aula, a ideia era apresentar o trabalho em forma de teatro, a reunião teve êxito, os alunos planejaram e conseguiram apresentar o trabalho, foram 08 alunos que após a apresentação do trabalho colegial resolveram voltar a se reunir com objetivo de se apresentar como teatro social, apresentações populares, um dos componentes do grupo, Paulo Mascarenhas, um jovem que queria mostrar talento, tinha uma forte inclinação para líder e usou essa capacidade para criar roteiros de teatro,com o objetivo de fazer sorrir, todos roteiros eram feitos em tópicos e a partir dali, tudo era improvisado, geralmente as peças eram escritas em um dia e com cinco ensaios estava pronta para apresentar. As primeiras apresentações foram no colégio em que estudavam, a plateia eram os pais de alunos, os alunos e os professores, com o tempo ( Em torno de 02 meses ) o grupo, agora denominado Cultura Jovem, encontrou um espaço alternativo, a Faculdade de Formação de Professores de Jacobina, que nos anos 80 estava situada no bairro do Líder, prédio da escola Paroquial de Jacobina, nos primeiros ensaios ( agora na Faculdade) o grupo Cultura Jovem encontrou um outro grupo de teatro ensaiando naquele espaço, eram jovens universitários, preocupados em fazer um teatro mais trabalhado, estudado, com textos de dramaturgos famosos e consagrados. O grupo Cultura Jovem, formado por jovens, identificados como: Paulo Mascarenhas, Selma Conceição e sua irmã Telma, Walmir, Jose Carlos, Marineide e Biir, tinham como proposta fazer o teatro comédia, apresentaram vários trabalhos escrito por Paulo Mascarenhas, o mesmo escrevia o roteiro, dirigia, atuava, produzia e divulgava, uma das
peças teatrais de mais sucesso do grupo, foi “ O Cearense” que contava a historia de um matuto que chegava na cidade grande e se instalava na casa de dois amigos que tentavam no decorrer da peça tirar com a cara do matuto, a peça foi um sucesso, as pessoas por faltam de opção cultural lotavam a sala da Faculdade de formação de professores, na apresentação do espetáculo , a sonoplastia, a iluminação, maquiagem,tudo feito sem técnica, sem conhecimento cientifico, contudo, feito com vontade, amor e sonho.
Capitulo 1.2 OS ARTISTAS, GERAÇÕES DIFERENTES SE ENCONTRAM.
Por volta da década de 70, existia um grupo de teatro na cidade de Jacobina com uma proposta mais madura, acadêmica, o grupo se reunia como se fosse estudantes do ensino médio, era uma biblioteca, esse grupo ensaiava peças teatrais que naquele momento, eu, uma criança com seus 10 anos, ficava encantado ao ver os ensaios, confesso que nada entendia, mas adorava assistir o ensaio dos artistas, era o Paulão e o Missinho, não tenho detalhes sobre esses artistas, mas posso afirmar que tinham um talento invejável, outro nome que pude encontrar recentemente, hoje advogado, é o Luiz Brasileiro, são artistas que movimentavam o teatro daquela década de 70. Nos anos 80, quando dar-se inicio da formação da nova geração de artistas do teatro de Jacobina, acontece um encontro inusitado, a nova geração formada por jovens estudantes do colégio publico se encontra com os jovens universitários que faziam o teatro da época, a principio foi um encontro hostis, os jovens universitários pareceu não gostar desse novo grupo teatral formado por estudantes dos colégios publico, a recíproca é verdadeira com relação aos jovens do colégio, mas o que marcou mesmo o encontro é que naquele momento duas gerações de artistas do teatro estavam se encontrando e mal sabiam eles , que esse encontro ficaria para a historia. Os jovens do qual estou falando, esses que representam a nova geração do teatro de Jacobina nos anos 80, são oriundos do Colégio Deocleciano Barbosa de Castro, um colégio publico, a instituição atende principalmente a uma clientela de baixo poder aquisitivo e moradores da zona rural. Em relação à estrutura física o colégio possuía uma área ampla com mais de 20 salas, em 1988 foram matriculados 3.364 alunos, distribuídos nos três turnos: vespertino, matutino e noturno, com os cursos de 1º, 2º e 3º grau, com os cursos de Magistério, Auxiliar de enfermagem e Auxiliar de escritório, ( pag.296-Jacobina,sua Historia, sua Gente, Doracy Araujo Lemos ) foi nesse colégio, nos anos 80 é que essa geração de novos artistas se juntou e criou o primeiro o grupo teatral Cultura Jovem, a ideia era formar um grupo que apresentasse peças de teatro a base do improviso, era a comedia, surgindo como recurso desses novos artistas, mas voltando ao encontro de gerações, naquele momento, em 1980, a importância desse encontro não pareceu relevante, mas com o passar do tempo, esse pequeno fato ficou na historia, infelizmente, não há fontes para detalhar esses fatos. Esse grupo formado por jovens estudantes do Colégio Deocleciano Barbosa de Castro, um colégio do Estado, todos residente nos bairros de jacobina-BA, esses jovens motivados pelo programa “ Os Trapalhões” da Rede Globo de Televisão, um programa de comedia, onde o principal personagem “ Didi”, interpretado pelo comediante Renato Aragão, um personagem simples, que na maioria das vezes levava vantagem em tudo, pois então, esse personagem e porque não afirmar, o programa, motivou esses jovens artistas a trabalhar com a comédia, com o humor, a primeira peça teatral desse grupo, foi a historia de Feijó, uma comédia que levou mais 50 pessoas a assistir o espetáculo que por varias vezes foi apresentado na sala da F.F.P.J ( Faculdade de Formação de Professores de Jacobina) um prédio localizado no bairro do líder, propriedade de
paróquia de Jacobina, durante muito tempo a F.F.P.J permaneceu nesse bairro e ali, serviu de local de ensaios do grupo teatral da velha geração formado pro Paulão, Missinho, Carlos Dourado, Ivan Aquino e outros que não conhecia na época, nos anos 80 , a nova geração de artistas do teatro passava a usar aquele espaço para ensaiar e principalmente para apresentar suas comedias, conforme reportagens do principal jornal impresso da época, o jornal “ A Palavra”
Jornal “A Palavra” de 22 de Março de 1986 Vale lembrar que antes dessa data, ainda no inicio dos anos 80, esses jovens artistas já movimentavam a Faculdade de Formação de Professores de Jacobina, o Grupo Cultura Jovem, que foi formado no Colégio Deocleciano Barbosa de Castro realizava seus ensaios e apresentações na F.F.P.J, vendia ingressos e lotava as salas da faculdade, o movimento artístico foi ampliando seu contingente, como consequência o grupo se dividiu e surgiu o Grupo teatral PM, com a mesma proposta de fazer comédia.
Jornal A Palavra de abril de 1986
O
Jornal A Palavra foi fundado em 26 de maio de 1973, pelo ex- proprietário Edmundo Isidoro dos Santos, nos anos 80 o proprietário desse jornal era o senhor Carlos Alberto Pires Daltro, que tinha como responsável o senhor João Lira Cantalice, o jornal se destacava pelas matérias políticas, mas sempre abria espaço para apoiar a cultura e incentivar esses jovens do teatro jacobinense, nesse sentido, vale também lembrar a figura importantíssima do senhor Carlos Alberto Pires Daltro, que se tornaria prefeito da cidade, sendo o administrador mais lembrando pelos artistas ate os dias de hoje.
Capitulo III: As Manifestações culturais de Jacobina e sua relação com os eventos políticos e os fatos históricos dos anos 80 a 90 no Brasil.
O que estava acontecendo na década de 80 na cidade de Jacobina e que teve uma influencia direta ou indiretamente nos movimentos sócios e culturais da época, alem disso, poderemos entender também o contexto político e ate mesmo fatos que acontecem atualmente, a exemplo da situação da saúde publica que conta apenas com um hospital “O Hospital Antonio Teixeira Sobrinho” destinado ao público que foi penalizado com o fechamento do Hospital Regional, ou seja, a briga política teve como consequência o fechamento de uma importante unidade de saúde, Jacobina que tinha dois bons hospitais,atualmente, conta apenas com um hospital para atender Jacobina e região. Publicado em primeira quinzena de novembro de 1980 na página 2 questão política Jornal Gazeta do Ouro, dava destaques a construção do prometido Hospital Estadual, esse que seria uma obra iniciada pelo ex-governador Waldir Pires Graças aos constantes apelo do ex-prefeito da cidade Jacobina Carlito Daltro. O Dr. Carlito, como era conhecido, não concordando com as empresas de saúde de Jacobina lutou bravamente para tirar da gaveta um projeto de mais de 20 anos o qual Serviu de promessa durante todo esse tempo por parte dos nossos “heróis políticos”, o jornal A Palavra destacava a notícia sobre a saúde publica e colocou um cartum produzido pelo cartunista JotteEsse, que naquela época já desenhava para os jornais da cidade, uma outra preocupação, no mesmo jornal, na mesma página de número 2, a preocupação com a questão da preservação dos rios, mais uma vez uma medida do prefeito Manoel Ignácio, foi a decretação da portaria 535, de 2 de outubro de 1989, a qual proibia Definitivamente a retirada de areia do leito das margens do rio Itapicuru Mirim, o Jornal Gazeta do ouro na página política de Janeiro de 1990 página número 2, abordada a questão da superlotação no principal cemitério da cidade, criticava com um comentário direto sobre a situação “afinal depois de mortos não precisamos daqueles preciosos sete palmos de terra para descansar na santa paz e para sempre, em nossa cidade, até o Espaço obrigatório para o descanso dos nossos entes queridos está ficando cada vez mais difícil Porque durante décadas e décadas não se cuidou de aumentar esse espaço, ou se planejar um outro espaço em outro local fora dos limites urbanos da cidade, nos tempos atuais não se concebe mais a ideia de um cemitério no centro da cidade, Como é o nosso caso”. A matéria de jornal trazia mais uma vez o cartunista JottaEsse,o cartum apresentava um cartaz que chama atenção com a frase descanse em paz se encontrar lugar, outro destaque levado pelo Jornal Gazeta do Ouro, desta vez publicado na primeira quinzena de abril de 1990 também na página número 2 na política, traz mais candidatos rumo à Assembleia Legislativa, a matéria fala do número de candidatos à Assembleia Legislativa, Citando os dois principais nomes daquele momento, o da senhora Iris Gomes, ela que teria sido a prefeita da cidade de Várzea Nova e estava concorrendo Assembleia Legislativa, e o ex-prefeito Carlos Daltro, o mesmo falava que não iria prometer nada a ninguém, e sim, procurar realizar da mesma forma que fez quando foi candidato a prefeito na cidade Jacobina, mais uma vez o jornal iria fazer uso dos trabalhos do cartunista JottaEsse, nesta matéria o cartunista fez uma urna correndo e os candidatos do PSDB, PFL, PSC, todos os candidatos correndo atrás desta urna, cantando uma paródia da música da Xuxa.
Outros temas que podemos constatar nos jornais da década de 80, é com relação à educação, se atualmente reclamamos que os colégios públicos estão em greve, naquela década não era diferente, na página de número 2 na política no Jornal Gazeta do Ouro publicado na primeira quinzena de dezembro de 1989, destaca professores voltam as aulas, a matéria diz que após mais de 30 dias em greve os professores da rede Municipal voltaram às escolas na última segunda-feira dia 20 do 11, após uma rodada de acordo feita pela Prefeitura Municipal, sendo que além da secretaria de educação Selma Coelho, o prefeito Manoel Ignácio também participou pessoalmente das negociações; a câmara municipal,, representada pelo vereador Carlos de Deus AABB, através da delegada zonal Isabel Araújo e mais uma comissão mista dos professores participaram dessa reunião entraram em acordo e resolveram voltar às aulas, na mesma página o jornal Gazeta do Ouro, da destaque a eleição presidencial no Brasil, Concorreram nessas eleições candidatos dos mais variados partidos políticos, nomes influentes da política nacional como Mário Covas, do PSDB; Paulo Maluf, do PDS; Ulisses Guimarães, do PMDB; Leonel Brizola, do PDT; Luiz Inácio Lula da Silva, do PT; outros eram menos conhecidos da população, tais como Roberto Freire, do PCB; e Fernando Collor de Mello, do PRN. As eleições presidenciais foram realizadas em dois turnos. Os candidatos que conseguiram chegar ao segundo turno foram Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Collor de Mello. Lula era representante das forças políticas de esquerda, recebeu apoio dos movimentos populares e sindicais. Defendeu um programa de mudanças na estrutura socioeconômica do país a fim de programar um modelo socialista. Por outro lado, Fernando Collor de Melo era um político alagoano pertencente a uma família de políticos tradicionais, mas seu partido, o PRN, era uma agremiação insignificante. O candidato Collor de Mello recebeu apoio das forças conservadoras de direita, que congregava desde os interesses mais retrógrados, como o grande latifúndio, até interesses dos grandes industriais e banqueiros. Por conta disso, o pleito ficou fortemente polarizado ideologicamente. Trazendo os resultados finais na Bahia e no Brasil, destacava a Vitória para a Presidente da República o Fernando Collor de Melo, segundo lugar o Luis Inácio da Silva ( O Lula) e em terceiro o Brizola,
Capitulo 3.2 - A imprensa Local
O movimento cultural iniciado em 1980 foi de fundamental importância para a construção de uma nova mentalidade artística, a partir da formação do grupo teatral cultura jovem, outros grupos foram surgindo, a exemplo grupo teatral ‘’PM’’ (Participação e Manifestação) que estreou
no inicio de 1986, sua estreia foi na
Faculdade de Formação de profissionais de Jacobina com a peça teatral intitulada ‘’o cearense’’ na época, o único jornal da cidade, o jornal “A Palavra’’ na edição de nº 707 publicada na data de 22 de Março de 1986, publicava nota com o titulo “ estreia do grupo teatral P.M’’, já em outra edição de nº 709 de cinco de Abril de 1986 o jornal “A Palavra’’ publicava outra nota com o titulo “ O Cearense’’ o jornal praticamente fazia um chamamento, afirmando que o publico deveria participar, ir assistir ao trabalho teatral, seria uma força para os jovens atores de Jacobina.
O grupo Cultura Jovem tinha mais de 10 componentes, o grupo PM, principal concorrente tinha mais de 15 componentes, os dois grupos trabalhavam com comédia, depois de algum tempo outros grupos foram formados, a exemplo dos grupos: Preto no Branco, grupo teatral Vida, grupo Sempre Alerta, grupo teatral Condor. Os grupos pioneiros, ou seja, grupos Lunart, cultura Jovem e grupo ‘’PM’’ lideraram um movimento que teve como resultado a construção do Centro Cultural Edmundo Isidoro dos Santos, um espaço valioso que em 1986 contava com a direção do Professor Abimael. O jornal “ A Palavra’’ em sua edição de numero 1037 de 04 de fevereiro de 1989 na coluna escrita pelo Poeta, professor Agnaldo Marcelino Gomes o “Amar Gomes - in memorian’’, grande artista, poeta com publicação de vários livros, membro da Academia Jacobinense de Letras,professor formado em Inglês pela Uneb Campus IV Jacobina, dava destaque ao movimento teatral na cidade de Jacobina, lembrava dos grupos teatrais da época, apontou os principais problemas dos artistas, descreveu em
destaque a formação de cada grupo e classificou a posição de cada um no contexto social Cultural de Jacobina.
O teatro de Jacobina na década de 80 através desta nova mentalidade artística, deste novo movimento, foi destaque na impressa baiana, um dos principais jornais da Bahia “ A Tribuna da Bahia’’ na sua coluna municípios de 05 de julho de 1987 publicava a matéria “Atrapalhados e Corruptos”, dando ênfase ao grupo teatral ‘’Condor’’ que estreava a peça “Uma Delegacia de Corruptos e Atrapalhados” por ocasião da semana de Cultura. O texto explicava a importância do evento em Jacobina, a participação dos grupos teatrais e a oficina de teatro ministrada pela professora Arly Arnôd, técnica de teatro pela fundação Cultural da Bahia, a matéria foi escrita pelo saudoso ‘’ Flory Azevedo’’ in memória, repórter e gerente administrativo da Sucursal do jornal ‘’Tribuna da Bahia’’ nos anos 80, vale lembrar que Flory Azevedo fazia questão de valorizar, divulgar o teatro em sua coluna no Jornal da capital, a aproximação desse jornalista com a arte e com os artistas foi bastante promissor para o município, os artistas se sentiam valorizados e em contra partida a sucursal do Jornal Tribuna da Bahia em jacobina, agora tinha matérias culturais, praticamente quase todos os finais de semana na área de teatro, musica e poesia, algo para realmente falar da cidade.
O surgimento do Centro Cultural de jacobina foi um presente para aqueles artistas, que haviam conquistado não somente a sociedade, mas também alguns políticos da época, o prefeito da cidade naquele momento era o Doutor Carlos Daltro, hoje, considerado o melhor prefeito de Jacobina, ele foi responsável por uma revolução política no município, com seu jeito simples, falava abertamente com os artista, brincava e comentava sobre filosofia e a arte francesa, certa vez, em uma festa em comemoração ao seu aniversario , o Doutor Carlos Daltro chamou a atenção dos presentes na sala de sua residência, onde também funcionava um cinema de sua propriedade, o Cine Payaya, e perguntou com sua voz rouca e possante “ Cadê aquele artista com chapéu de Lampião ?” ele se referia ao artista de teatro Jotta-Esse. O Doutor Carlos Daltro, prefeito de jacobina, era da família Daltro, seu irmão, Fernando Daltro também foi prefeito, tendo mais destaque como Deputado Federal e em seguida secretario de segurança publica no Estado da Bahia.
. Atualmente estamos presenciando uma degradação dos valores culturais, um empobrecimento dos movimentos artísticos no município de Jacobina, como prova, basta notar o numero de pessoas, jovens envolvidos no teatro, na musica, poesia e nas artes plásticas, são poucos os movimentos, os grupos de teatro não resistiram a “evolução” da mídia, a degradação dos valores e a falta de apoio. Há 36 anos, o teatro em Jacobina surgia como uma luz para os jovens que procuravam alternativas para o lazer e de certa forma o desenvolvimento da cultura na região. O teatro mostrava-se como uma ideia fundamental na
defesa
dos
valores como respeito, amor e
fraternidade, o sonho em fazer teatro superou as dificuldades, o preconceito social e a falta de recursos. O movimento de teatro em Jacobina já existia muito antes dos anos 80 e tinha como base o estudo, o aprofundamento teórico do teatro do oprimido de Augusto Boal e do teatro épico de Berttolt Brecht, no entanto, a partir dos anos 80 a nova geração que surgia usava o humor nas artes cênicas, era a comedia que dominava e atraia cada vez mais os jovens artistas. O nosso recorte Histórico vai de 1980 a 1999, mais especificadamente no movimento de teatro dos anos 80, no entanto, não deixaremos de lado outros movimentos artísticos como a musica, a poesia e as artes plásticas, o nosso objetivo é tentar compreender a importância desses movimentos artísticos na formação e construção da cultura e da Historia daquela época, como e porque surgiu esse movimento teatral nos anos 80 ? Para compreender esse momento cultural dos anos 80, fiz uma pesquisa no contexto histórico, através dos jornais daquela época, os fatos políticos e culturais, depoimentos, entrevistas e pesquisa sobre os textos de teatro encenados nos anos 80, busquei informações e transcrevi algumas entrevista. 1980 foi um ano importante para o desenvolvimento da cultura em Jacobina, foi o momento em que jovens adolescentes se envolveram com o teatro, transformaram uma realidade sem muitas opções em alternativas de produção cultural. Na década de 80 existia em Jacobina um movimento de teatro que estudava textos de Berthold Brecht, poeta romancista, dramático e teórico renovador do teatro moderno, de nacionalidade alemã, alem dos estudos e pesquisas sobre B.Brecht, esse movimento teatral faziam exercícios, laboratórios de teatro, realizavam encontros na faculdade de formação de professores de Jacobina, em outras oportunidades, usavam o espaço da biblioteca municipal e os clubes sociais, alguns nomes são lembrados como
representantes desse movimento de teatro em Jacobina, que existia antes de 1980: Paulão, Missinho, Carlos Dourado, Cícero Matos entre outros.
Praticamente todos os finais de semana esse grupo se encontrava para estudos de teatro, na época não existia as rádios que hoje movimentam a comunicação em Jacobina, mas a imprensa escrita, representada pelo jornal “ A Palavra” era responsável em divulgar todos os finais de semana os eventos artísticos que iriam acontecer. Considerada como a fase de ouro, a década de 80 foi realmente intensa, de acordo Sara Oliveira Farias, doutora em Historia pela UFPE e professora de historia da Uneb Campus IV Jacobina, Bahia, a década de 80 em Jacobina, pode ser assinalada como um período de euforia em razão da atividade mineradora que era muito incentivada por alguns segmentos da sociedade local, reeditava-se o discurso da geração de riquezas do país, do estado e do Município, da geração de empregos e renda. Esse discurso terminava seduzindo um numero significativo de pessoas não só em Jacobina, mas sobre tudo de outras localidade da Bahia e do Brasil. A euforia sobre a riqueza, a prosperidade, associada aos interesses políticos. E econômicos formavam um mosaico complexo das relações sociais. A sociedade jacobinense nos anos 80 tinha como base de sua economia a empresa de mineração “ Morro Velho” que de certa forma sustentava o comercio local, eram mais de 1500 empregos diretos, aquecendo substancialmente as vendas no comercio e favorecendo o desenvolvimento da especulação imobiliária. A cidade registra nesse período um crescimento horizontal jamais visto ( Fonseca 1995,pag.184) mas o reverso daquele crescimento também era vivido pela população como : Problemas sociais, ambientais ( falta de aguá, poluição dos rios, favelização [...] A embasa não consegue atender toda comunidade devido ao aumento populacional [...] Fonseca 1995, pag.149. O município de Jacobina nos anos 80 tinha sua economia atrelada a empresa Morro Velho, uma empresa de capital estrangeiro que gerenciava os recursos minerais da região, a política era outro fator importante, no município, sendo palco para atuação de dois grupos políticos que dividiam a cidade em duas opções, “ Os Carcarás” e os “Jacus”, grupos políticos que produziam uma verdadeira atmosfera de guerra, principalmente no período eleitoral A efervescência política do município de Jacobina fazia o povo ir as ruas gritando os nomes de políticos tradicionais, a exemplo de: Doutor Carlos Daltro, Fernando Daltro, Flavio Mesquita e Gilberto Miranda, todos ex-prefeitos da cidade. Em
1980 o futebol também movimentava o cotidiano da cidade, os jogos aconteciam no estádio Jose Rocha, o campeonato jacobinense contava com clubes de toda região a rivalidade entre os clubes eram motivos de discussão aos finais de semana, como exemplo podemos citar a rivalidade entre os clubes: 02 de Janeiro, Leader Esporte Clube, Cruzeiro, Palmeiras, XV de Novembro entre outros, além do futebol a tradicional festa popular, o carnaval fora de época, a micareta, esta festa trazia os desfiles dos blocos, trazendo o samba, a fantasia, a dança, a imitação das escolas de samba do Rio de Janeiro, alem disso, a festa de rua, os trios elétricos, uma festa que os Jacobinenses insistem em afirmar, que a primeira micareta do Brasil aconteceu em Jacobina. Em toda Bahia surgia o ritmo axé music, um gênero musical que traz características da mistura de ritmos da musica baiana, o álbum “Canto da Cidade” de Daniela Mercury é considerado responsável por levar o axé ao publico brasileiro, o teatro na Bahia se fazia presente através do diretor de teatral Luiz Marfuz, 23 dos 32 teatros em funcionamento em Salvador foram construídos a partir dos anos 80, período em que se registra um boom neste seguimento, marcado em particular pelo sucesso da peça “ A Bofetada”, que se torna um marco na historia do teatro baiano ( Gisele Marchioni Nussbaumem, João Vitor Vinhas, Lucas Lins, Nathalia Leal, Plínio Rattes e Sheila Armam – autores do texto um mapa dos teatros de Salvador). *Apesar de toda efervescência do teatro baiano na década de 80, por volta de 1984, o teatro na Bahia, principalmente em Salvador sai do auge á degradação, como exemplo, podemos destacar “ O teatro Salvador Marques” que fechou suas portas indefinidamente “ para descanso do pessoal” tal como dizia num letreiro exposto no local, ficando reduzido ao abandono e a degradação
(Teatromarques.no.sapo.pt/historia.html).
A Companhia de teatro da UFBA foi criada na década de 80, acontecia o também o surgimento da Companhia Baiana de Patifaria, o teatro baiano ganha projeção nacional, a política de ACM- Antonio Carlos Magalhães dominava a Bahia, eleições Indiretas em 1983, em 1987 com as eleições diretas, João Durval Carneiro do “PDS”, mesmo partido de Antonio Carlos Magalhães ganho as eleições na Bahia. Em 1983 no Brasil acontecia o movimento civil de reivindicação por eleições presidenciais diretas e Jacobina organizou-se e participou com a nação brasileira da campanha “Diretas Já” o povo jacobinense acompanhou pelos meios de comunicação o
momento importante da votação da Emenda Dante de Oliveira em 25 de abril de 1984( pag. 79- Jacobina sua Historia, sua Gente- Doracy Araujo Lemos ). Outro importante fato que vale lembrar, que movimentou o Brasil e influenciou os jovens da década de 80 em Jacobina, foram os festivais de musica, em 1980 o Festival MBP 80 da TV Globo, contou com a participação de grandes músicos e compositores, a exemplo de : Oswaldo Montenegro,Amelinha, Gil, Caetano Veloso, Sandra de Sã,Milton Nascimento entre outros,1981 o MPB Shell, 1982 o Festival MBP II, em 1985 O Festival dos Festivais, todos esses festivais organizados pela TV Globo; outro evento que modificou o cotidiano da sociedade brasileira foram as novelas, a exemplo de: Elas por elas ( 1982), Guerra dos sexos ( 1983), Vereda Tropical ( 1984), A gata comeu ( 1985), Tititi ( 1986), Vale Tudo ( 1988). No cinema os filmes como Star Wass ( 1980), Tootsie ( 1982), Platoon (1986), Touro indomável ( 1980) entre outros que completam o ciclo de influencias de toda sociedade brasileira, partindo dessas informações amos tentar entender como e por que os jovens de Jacobina, na década de 80 se envolveram com o teatro, o que esses jovens procuravam, quais os autores e peças teatrais foram importantes naquele momento ?
A década de 80 foi realmente uma das mais importantes com relação ao movimento cultural em Jacobina, a determinação de vários adolescentes em procurar fazer teatro foi surpreendente, o movimento cultural não se deu somente no teatro, a musica também despertou um sentimento de euforia,surgia os grandes festivais de musica, promovidos pelo diretório acadêmico da Faculdade de Formação de Professores de Jacobina- Uneb, festivais que ficaram marcados pela qualidade e o bom desempenho dos músicos e compositores. Em 1987 acontecia o III Festival de musica popular de Jacobina, um evento que movimentou a sociedade local e fez surgir vários artistas na época, o evento contou com o apoio do “Jornal de Jacobina” e Radio Clube Rio do Ouro, radio que surgia nos anos 80, como pioneira no ramo da comunicação, em 1989 o diretório acadêmico da Uneb em Jacobina promovia outro festival de musica, seria o IV Festival de musica de Jacobina, foram 31 intérpretes, com um corpo de jurados competentes formados por músicos, professores e um sonoplasta ( Gazeta do ourosuplemento especial-setembro 1987).
As transformações que estão ocorrendo em nossa sociedade, como a falta de valores, a irresponsabilidade, a insensatez, o descompromisso com a cultura , o aumento da violência e a falta de ética, tem contribuindo para a falta de qualidade nas produções, nos trabalhos recentes dos artistas contemporâneos. Boal afirma que “ Uma sociedade sem ética é uma sociedade geradora de delinquentes, porque ela própria delinque ( Boal 2003:140) ele esclarece ainda que: “Quando uma sociedade se desintegra, os valores nos quais se esvaziam e se fragmentam, suas instituições permanecem aparentes, porem, já não cumprem as funções para as quais foram criadas e que lhes deram origem (Boal,2003,pag.140) “ O momento é extremamente complicado, há uma crise econômica na instituição denominada família, os principais valores nos quais se fundam um cidadão, o respeito, a moral, ética e cidadania estão a cada dia sendo superados pela inteligência, pela violência e pela falta de amor, para Boal,o errado não existe, não se pratica o certo e a “moral” que prevalece- moral em latim mores, costumes- esta em reta de colisão com a ética- em grego metas - objetivos, valores que se pretende alcançar. ( Boal 2003:143) O pensamento de Augusto Boal em propor um método teatral cujo objetivo era exercitar o pensamento político, social e estético dos oprimidos e estimular a busca por uma sociedade sem opressores ( estética do oprimido, Augusto Boal: pag; 09) nos parece utópico, pois a cada instante nos sentimos acuados pelos valores de mercado, nos tornamos produtos, mercadorias, fazemos parte da industria cultural. Não façamos uma criticar Boal, pelo contrario, assim como os grandes escritores, a exemplo de Theodor W.Adorno que afirmou : “ O mundo inteiro é forçado a passar pelo crivo industrial-cultural “ ( Industria cultura e sociedade Theodor W.Adorno: pag. 10) acreditamos que todos esses escritores são verdadeiros visionários. Há um contraste entre o trabalho aqui exposto, nossa pesquisa sobre o desenvolvimento da cultura da década de 80 e o que acontece hoje, que eu chamo de degradação cultural, ao falar de valores , tento atribuir essas mudanças de comportamento dos jovens que atualmente procuram outras alternativas de lazer, diminuindo cada vez mais seu envolvimento, seu engajamento nas artes em geral. Em 1980 havia em Jacobina vários grupos de teatro, cada grupo tinha no mínimo cinco componentes, na maioria jovens entre 15 a 21 anos, os grupos Cultura Jovem, PM, Vidart, Preto no Branco, Sempre alerta, Lunart movimentaram o teatro em Jacobina, uma rivalidade, uma disputa entre os grupos, uma disputa sem armas, sem
agressões físicas, cada grupo se preparava, altos ensaios, tudo para mostrar um excelente trabalho no palco. Cícero Matos, artista plástico que fez parte do movimento de teatro em Jacobina, de uma geração anterior aos anos 80, seu depoimento, foi extremamente importante, sua historia de vida envolvida na historia da cultura de Jacobina. O artista Cicero Matos de Oliveira, sempre teve um olhar diferenciado para Jacobina “ Geralmente muitas criações imagéticas de Cicero Matos fazem parte do contexto histórico, cultural da cidade de Jacobina “( Luciana Vilela Dourado MatosMestra em Historia- artigo as cidades de Cícero Matos ), a historia de vida se confundem com a historia do município, a exemplo, esta o fato de que seu casamento com Aurivone, foi realizado em 1980, época de ouro para o teatro Jacobinense. Tempo, memória, espaço e Historia caminham juntos. Inúmeras vezes, através de uma relação tensa de busca de apropriação e reconstrução da memória pela Historia ( Historia oral: Memória, tempo, identidades, pag:34-Lucia de Almeida Neves Delgado.) esse pensamento nos faz compreender a relação histórica de vida e a historia cultural local da cidade, o depoimento de Cicero Matos apresenta fatos importantes da historia cultural antes mesmo da chamada época de ouro do teatro, da cultura de Jacobina, um personagem importante dessa historia citado no depoimento de Cícero Matos, foi o Paulão, como é conhecido no mundo do teatro, Paulão foi uma figura importante para o teatro de Jacobina entre os anos 70 até o parte do período de 1980, possivelmente, foi o pioneiro em despertar o movimento das artes cênicas na região de jacobina, em outras palavras, Paulão foi o principal idealizador do teatro em Jacobina nos anos 70. Nos anos 80 quem comandou a nova geração foi Paulo Mascarenhas, Jotta Esse, Ivan Aquino, Manoel Farias, Geraldo Araujo, Cícero Matos e vários outros artistas que surgiram nessa década após a explosão do movimento em Jacobina.
Depoimento de JottaEsse
O ator e diretor de teatro e cartunista, Jotta Esse, escreveu este artigo para o jornal com o titulo “Á cena de jacobina em aberto!”, na oportunidade estamos reproduzindo na integra o relato sobre o teatro em jacobina nos anos 80 na visão de um dos artistas que viveu aquele momento. O DEPOIMENTO DE UM ARTISTA DA EPOCA Jotta Esse, em sua contribuição com um depoimento completo sobre a sua visão histórica da época considerada de ouro no teatro de Jacobina.
“Vá ao teatro e não a guerra”! Por: JOTTA ESSE LOBO,
A cena em jacobina se abre, ou melhor, começa ainda nos anos vinte e cinco, quando ás bravas companhias integrantes de arte cênicas brasileiras e europeias se aventuram pelo nordeste brasileiro. E por que não pela nossa incomensurável e maviosa chapada Diamantina. Pois sim jacobina com sendo á primeira e mais antiga dessas cidades, que povoa o piemontês desta chapada recebe e têm a honra de presencia, as visitas de tais companhias de teatro em seu solo. Os moradores mais antigos e conhecidos desta cidade, afirmavam e afirmam sobre esses eventos ocorridos aqui, dramas apresentados e realizado na cidade por companhias de teatro itinerantes, nas décadas de trinta quarenta e respectivamente de cinquenta. - Agora me voltarei para acena (á qual presenciei, já nos anos setenta e inicio dos anos oitenta quando presenciei ainda muito jovem ás manifestações teatrais, que eram coordenadas por um grupo de jovens. eles movimentavam de todas as formas plausíveis a cena do nosso teatro interiorano, em salões, clubes, Conventos, Biblioteca publica Possíveis salões paroquiais e até o cabaré local, foi palco para os iniciantes
intrépidos e audaciosos atores. houve uma dessas apresentações memoráveis, em um desses recintos nada convencional, como uma apresentação desempenhada na zona da city,” C. Matos lembra-se bem desse momento hilário.” Valia tudo naqueles tempos difíceis, em plena ditadura militar e em uma cidade onde as força políticas, era ainda mais avassaladoras, pois não só partia do poder centralizador da ditadura militar da época, mas também dos coronéis nascidos nessa terra, “das minas do Santo Antônio de Jacobina”. como disse é uma cena muito antiga essa, a de nossa cidade... pois sim agora voltemos á esses jovens dos anos 70 e 80, eles eram: Paulão, Missinho e c. matos artista plástico brilhante o qual começará entrar, evolve-se na cena Jacobinese, esta já acontecida no final de setenta ao inicio de oitenta. Os quais apresentavam pecas de: (Plínio Marcos, como “dois perdidos em uma noite surjas”. e “morte e vida Severina” texto do poeta pernambucano: Cabral de Melo. ) Abrindo parentes. Bem anteriormente a este momento, houve também vultos ilustres nesse solo. Quando não nascidos aqui conviveram um tempo nessa terra dos (campos abertos) Jacobina, dados quão principalmente quando se trata de teatro, não há como não referenciarmos, pois eles são autoridades no nível de conhecimento prático e também acadêmico. Eu não os presenciei em uso do seu oficio, digo em atuações, por serem bem anterior a me... Mas não poderemos deixar de mencionar seus reentrantes e ilustres nomes, quando se trata de artes cênicas, são eles: Eugênia Tereza atriz, professora e diretora, vivem há muito tempo em São Paulo, Nelson Araújo, o qual publicou um livro maravilhoso sobre o teatro brasileiro, difundido á nível nacional e tem além deste varias publicações sobre o assunto, outra vez recebeu o título de uma universidade federal em Doutor honores causas, há ainda Marcelo Robério o qual também é PhD. Em artes Cênicas por uma universidade do sudeste do país e vive em Brasília DF. Esses todos pertenceram a uma geração dos idos anos quarenta cinquenta e sessenta. Bem esclarecido isso, volto à cena de inicio dos anos oitenta. Que este sim consistir em meu foco principal, não por ser o mais importante, mais por ser este dos quais abordarei e penso ter melhor informação, sim tenho melhor noção porque este eu não só presenciei e contemplei esta cena, como participei ajudando modestamente á construí-la, com minha contribuição e de toda á geração dos anos oitenta a construir uma nova cena, qual iria durar até então nos dias corridos de agora. Diante disto gostaria de citar todos os nomes, possíveis que foram por demais importantes nos anos oitenta para formar e manter esta cena, sobe holofotes completamente aberta em
constantes aplausos, corroboras e evidencias, ou seja, dentro ou fora do nosso condado o nosso teatro foi sempre apreciado e considerado. Vamos aos nomes, por ordem cronológica, do seu subir em palco ou seu surgimento em cena. Notem que em nenhum momento os nomes á seguir estará em ordem seqüencial por grau de importância, ou valor, pois todos citados prá me tem no teatro de jacobina a sua importância assegurada e em todo nosso amado município e região. – vamos aos gentlemen e damas do teatro do piemontês da Diamantina: Paulo nosso ‘Paulão’. Missinho, Cícero Matos, Paulo Mascarenhas, Jose Manoel de Farias, Ivan Aquino, Jotta esse Lobo, Valmir AraújoHerege, Abimael, Zé Carlos Canibal, Blademi, Aurivone Matos, Luiz Anselmo, Telma, Celma,Marineide. Claudio, Marcão, Alexandre Dias, Jacimario Mario silva, Marcelo Nunes, Joelma Gisele, Geraldo Araujo, Edilene Monte Negro, José Carlos Miranda Macadame, Nilda Money, Sineide Santos Silva, Neilan Leite, Emanuel Tarsiano, Alcigleik, Valter Santos e Mariza Do Carmo... Bem estes são os nomes, os escolhi, pois estiveram em ao menos três montagens diferentes, sendo que, Suas participações foram através de atuações, interpretações, direção, ou mesmo no processo dos espetáculos. Houve muitos outros de breves estadias nos palcos, que não a como estampar nesse espaço no momento, e que sem duvida deram sua breve contribuição, porem valiosa, mas foquei só nos que abrolharam com muito sacrifício á sustentação dos pilares do teatro jacobinense. Origem e trabalhos apresentado ao longo dessa quase três décadas, digo 80 e 90 á 2010 (de mil novecentos oitenta aos anos de dois mil e dez). Agora, nomes dessas companhias ou grupos, seus respectivos espetáculos e montagens. Novamente, obedecendo a já citada regra cronológica de surgimento na nossa ribalta jacobinense, afirmando e não por grau de valores em importância ou quaisquer outros atributos. Citarei em seguida os seus principais espetáculos seguindo esse mesmo critério. Á eles: (Grupo cultura jovem. Principais montagens e inicio das Suas atividades cênicas 1986. “entre todas Minha mãe” texto coletivo. Direção Arlir Arnor. “O menino que não acreditava em papai Noel peça”: de José Manoel de Farias. Direção: coletiva. “Regime para o complexo” texto: M. Farias. Direção; M. farias. “Piquenique” direção: M. farias.) (grupo de teatro Participação e manifestação criado em inicio de: 1986 montagens principais: “Numa delegacia de corruptos e atrapalhados”, texto: Jair Santana e Paulo Mascarenhas. Direção: Arlir Arnor. “Ladrão nervoso e vitima neurótica”. Texto e Direção de Paulo Mascarenhas e Jotta esse lobo. “O super-herói cearense”. Peça de Paulo Mascarenhas. Direção: coletiva. “Os outros” Texto e direção de: Paulo
Mascarenhas “Entre o céu e o inferno” peça de Paulo Mascarenhas e Alexandre dias. Direção: de Torquato Neto) (Grupo Lunarte, Principais montagens e inicio das suas atividades cênicas 1987. “Dorotéia vai a guerra” Direção: Arlir Arnor. “Dois perdidos numa noite surja: Direção: Torquato Neto. “sonhos de uma noite de velório” Direção: C. Matos. “As mãos de Eurides” monologo OBS: interpretação: C. Matos. direção: Cícero Matos.”A do pastor e a do macaco” Direção: C. Matos e Ivan Aquino Navalha na carne” texto: Plínio Marcos. ” Direção: C. Matos e Ivan Aquino) ( Grupo de arte cênicas condor Principais montagens e inicio das Suas atividades cênicas 1987. “Numa delegacia de corruptos e atrapalhados” texto: Jair Santana e Paulo Mascarenhas. Direção: jottaesse Lobo. “Era uma vez a morte”, peca de: Jottaesse Lobo e Mario Silva baseado em obra de Woody Allan. Direção: Jottaesse Lobo. “Hoje a Banda não sai” Peça de Severino M. Tavares. Direção: Jottaesse Lobo. “Elo muertoen eldorado” monólogo, Obs. Interpretação: Benedito Oliveira, texto e Direção: Jottaesse Lobo. “O quarto metafísico” texto: Fernando Pessoa. Monologo OBS. Interpretação: Ednael Morais. Adaptação e Direção: Jotta esse Lobo.“Na casa das decisões” texto de: Paulo Mascarenhas, Alexandre Dias e Jotta esse Lobo. Direção: jotta esse Lobo. “O Túnel” texto: Fabian Paer Lagerkvist. Direção: Jotta esse Lobo. “A consulta” texto: Artur Azevedo;: Direção: Jotta Esse Lobo) (Grupo de teatro artevida Principais montagens e inicio das Suas atividades cênicas 1990.“individualismo” performance, Criação coletiva, Direção: Joelma Gisele.” “A bruxinha que era boa.” peça : M. clara Machado. Direção: Joelma Gisele.) (Grupo preto no branco, Principais montagens e inicio das Suas atividades cênicas 1992 “O cantinho do doutor Frites” Direção Geraldo Araújo.. ( Grupo sempre alerta. Principais montagens e inicio das Suas atividades cênicas 1993. “ Em os esquetes” Direção: Luiz Anselmo.) Esses foram encenados entre oitenta e seis (86) a noventa e quatro (94). Quero salientar que, houve muito mais espetáculos, por parte de todos os evolvidos no processo das artes Cênicas em Jacobina, nestas período de quase três décadas, chegando é claro aos dias de hoje! Mais, todavia; tomei como referencia basal os quais se preponderaram, foram realizados e subiram ao palco, a partir de Júlio em oitenta e sete (87), com á inauguração do Centro Cultural
“Edmundo Isidoro dos Santos em Jacobina BA.”
Claramente incluindo aqueles que apresentaram na noite de inauguração deste. Pois achamos que esse evento na historia cultural cênica em Jacobina... Momento que culmina com o da entrega do centro de cultura e sua sala de convenção á comunidade de artistas locais, como féis questão de frisar no ato, nosso saudoso e “ousado”: (Carlos
Dalton, gestor municipal na época e colaborador pessoal do movimento cênico naquele momento. Coisa que não se ver mais hoje nos atuais executivos). Sabemos fura uma ocasião impa para toda á classe. Principalmente os das artes cênicas local, que até então, não tinha nem mesmo ao certo lugar onde praticarem seus tentames. Sem duvida um fato memorável na época, funcionando coma um divisor de águas, melhor, um marco no que foi “o antes e depois” ao que diz a respeito à cultura teatral de nosso povo e nossa terra. Daquele dia em diante, lá dos idos e ocorridos anos 80. até os dias corridos de hoje. Diante disso estes grupos de jovens atores transformaram-se e fizeram a diferença. Sim com eles realmente fizeram definitivamente subir a cena na ribalta, do nosso teatro piemontês e chapadense. Devo agora finalizar fazendo uma breve explanação sobre os anos noventa e dois mil (90 e 2000). Começo com outro fato que ajudou de certo modo, a projeção do nosso teatro ou ao menos era esse objetivo central na sua elaboração. No Inicio ainda dos anos 90 fundou-se uma das primeira associação de arte do piemontês e talvez da chapada diamantina. Asac, (associação de artes cartas.) Criada por componentes instituidores de três grupos de artes cênicas dos anos oitenta (80) em Jacobina: (Grupo. Condor, G. C. jovem e G. Participação e manifestação.) eles os criadores da “Associação de artes cartas”: Paulo Mascarenhas, Jair Santana, Manoel de farias Alexandre Dias, Jasimario Alves silva. Á Asac estreou levando ao publico a peça “uma consulta.” comédia de Artur Azevedo, no elenco: Jasimario Alves Silva e o nosso saudoso Alexandre Dias contra regras: m. Farias e Direção de: Jotta Esse Lobo. A qual ainda realizou três eventos distintos, shows musicais, jornal e oficinas de artes, alem de promoção para outras montagens cênicas locais e noutras cidades por seus técnicos. Podemos observar como disse, ao inicio, o intuito a priori, era de organizar e realizar levando o máximo em benefícios á comunidade através de seus membros, (os artistas e associados,). Porem as velhas discórdias foro maiores do que o bom senso e assim ficou pelo meio do caminho os nossos sonhos e planos. Mais em fim á associação esta ainda ai... e pretende quem sabe tentar outra vez. Seu presidente atual é M. Farias e gostaria muito de conversar com a comuna e nova geração sobre o assunto das artes loca e a subsistência destas. Nos palcos as coisas transcorreram mais lentamente para em seguida com o surgimento de novas oficinas, em 95 e 96, delas abrolharam uma nova gama de artista. Alguns já citados mais acima no texto. Estes nestas oficinas irão realizar trabalhos como os recitais de poesias, performance e etc.: Mario silva logo depois realizou uma oficina ministrada por ele e Farias, na conclusão montam “uma
peça muito conhecida “como revisar o marido Oscar” Mario silva e J. Farias. deste trabalho surge um dos novos grupos como o (Dionísio artes), e á sua performance teatral “Angustia” da obra homônima do poeta: Augusto dos Anjos. Dirigida por o ator Mario silva. Então nossa cena sofre um abalo na passagem dos anos noventa a dois mil (1992 á 2005). Diria que foi o nosso ponto mais critico, melhor, nossa idade das trevas, nossa idade medieval nas artes de modo em geral, no município de Jacobina. E de efeito mais intenso. Ainda mais execrável nas artes cênicas, pois ás cirandas dos poderes públicos, quase consegue apagar tudo que tinha sido construído e estávamos á construir. Só mesmo o Deus Dioniso para nos valer naquele momento tão ríspido... (falo do Deus das artes Dioniso o Grego.) e acredito que tenha nos valido. Pois ouve ate artistas que fora proibidos por a direção ou autoridade maior naquele momento e neste caso, de utilizarem o “Centro cultural”, da cidade,... E só por discórdias em motivos pessoais, ou questões puramente políticas. Uma infâmia se praticou nesses dias percorridos dos anos 2000, contra á classe artística. Imagine Mann. Acontecendo tudo Isso em plenos anos dois mil. Há também para a tristeza e decepção dos companheiros na comuna e categoria. os que cederão aos caprichos do pode, em troca de suas cômodas Conveniência pessoal é claro. E assim aliaram-se ás oligarquias instaladas, e assim tiveram livre aceso á maquina, ou achavam que Teriam. Hoje estamos em uma nova faze... e fazer, boa parte desse ressentimento parece já esta fora de cartas, melhor, de cena, muito embora se saiba que existem resquícios vagando ainda nos nossos camarins, ás vezes ainda deparamos diante deles nos bastidores da nossa casa de espetáculos, no existir... Mais a vida continua, ás artes também e porque não!!!!. Tendo passado as procelas nos veio á calmaria, ainda que aparente. Mas os mandacarus como chamo grupos que a tudo resistiram persistiram como: (Artes Cênicas Condor) e ao mesmo tempo o mais novo até então: (Dionísio arte), que continuaram. e este iria realizar ainda vários espetáculos, agora já sobre á direção de Mario Silva, exemplo: “o pagador de promessas” de Dias Gomes. Direção M. silva. Presentemente e para melhor informar, o agora nos anos dois mi precisamente em 2010, quem estar na cidade em plena atividade e em cartas é o Dionísio artes, esse frequenta á cena do teatro em Jacobina atualmente, com outro trabalho do excepcional dramaturgo baiano Dias Gomes, “o bem amado” com Direção de: M silva. Peça conhecidíssima, pois deu origem á novela e seriado de nomes homônimos. Quanto à companhia artes cênica
condor voltou a montar espetáculos em jacobina é só aguardarmos para averiguarmos e ver. Podemos também constatar o surgimento de novos grupos, mistos de artes cênicas e musicas. (como é o caso do: “Grupo tomate” de: Levir e companhia). É um teatro mais aberto, “em pé”, como se diz atualmente. As suas produções são comedias modernas na sua maioria, baseadas no cotidiano atual... A também o (Tarcisio com o “Grupo ta na cara.” Um grupo misto de dança e teatro). Essa é a atualíssima cena de nossa cidade jacobina BA. A qual não há de se fechar! Como dizem no teatro; E no mais sem novidades; ou como propago. ( obs; O texto esta de acordo o original
Capitulo 3.3- O DESENVOLVIMENTO CULTURAL
Não somente o teatro e a musica marcaram os anos 80 e 90 em Jacobina, de 1985 a 1990 os jornais impressos passaram a ter maior circulação, foi nesse momento que surgiram varias situações propicias para a arte em Jacobina, nesse contexto surgiu a oportunidade de um cartunista mostrar o seu trabalho, seria algo inédito, não era simplesmente um cartum, era um artista que também desfilava nas artes cênicas, estamos falando do ator, diretor e cartunista Jair Lobo Pereira de Santana, mais conhecido como Jotta Esse, este artista foi destaque nos jornais da cidade que constantemente publicavam os cartuns desse artista. O Jornal Gazeta do Ouro de 1989 no mês de novembro trazia a matéria sobre a paralisação das obras do Governo do estado, na época o governador era Waldir Pires, trazia a esperança do tão sonhado hospital estadual, contudo, as obras foram paralisadas, o cartunista Jotta Esse foi responsável pelo cartum publicado nesse jornal, ilustrando a matéria com o titulo “ Obras do Hospital foram paralisadas”, outra matéria que fez uso do trabalho do cartunista Jotta Esse, foi publicada no mesmo jornal (Gazeta do Ouro) na edição de dezembro de 1989, o jornal destacava as varias denuncias em emissoras de radio e jornais da região sobre as estradas estaduais da 16º região administrativa, criticava os critérios adotados pelo “Derba” Departamento de Estradas e Rodagens do estado da Bahia, a matéria tinha como titulo “ Derba: A passos de cágado” o cartum foi arte de Jotta Esse, que naquele momento levava sua arte para a imprensa, em 1990 um outro cartum desse artista, chamou a atenção da população de Jacobina, o jornal Gazeta do Ouro público uma matéria que chamava a atenção da super lotação no cemitério publico de Jacobina, mais uma vez a arte do cartunista Jotta Esse foi destaque, em 1990 o jornal Gazeta do Ouro do mês de abril, trazia a matéria que questionava as razoes que estariam levando vários políticos de Jacobina e região a pleitearem uma vaga na Assembleia Legislativa, o titulo da matéria “ Mais candidatos rumo a Assembleia”, a arte do cartunista Jotta Esse apresentava vários políticos numa situação cômica, correndo atrás de uma urna de votação eleitoral, o jornal Tribuna Livre em sua edição de setembro de 1997 trazia um cartum onde um homem sentado no vaso sanitário tentava compor alguma coisa, o cartum ilustrava uma coluna intitulada “ Você sabia ?”,
onde na parte destinada ao teatro mostrava o trabalho dos grupos cultura jovem, grupo teatral Dioniso Arte e o grupo Condor, a maioria dos artistas desses grupos surgiram nos anos 80. A década de 80 e 90 foram os anos dourados na cultura de Jacobina, vários artistas das mais variadas áreas ( Teatro, musica, desenho, poesia etc.) o que mais chamou a atenção, desperta a curiosidade , como e por que a arte, esses artistas surgiram, a efervescência da arte nos anos 80 e 90, e um fenômeno que merece uma analise, um estudo mais aprofundado, nosso trabalho tenta compreender as experiências vividas por esses artistas.
Capitulo 3.4- JACOBINA, UMA CIDADE QUE BUSCA ENCONTRAR SUA HISTORIA , SEUS ARTISTAS.
O teatro na cidade de jacobina não aconteceu por acaso, vários foram os artistas que surgiram nos anos 80, vale lembrar que esses artistas eram jovens dos mais variados colégios publico e particulares da conhecida cidade do ouro, um município com aproximadamente 50 mil habitantes, com uma historia política acirrada, que deixou marcas, uma sociedade baseada na mineração, na extração de arenito, na produção de mármore, na extração de ametista, na agricultura etc., o beneficiamento com essas atividades durante o tempo, rendeu geração de emprego, atividades comerciais, a movimentação de fabricas e uma estrutura que nos anos 80 fazia do município uma região polo, geralmente , as pessoas das cidades vizinhas vinham para Jacobina, com objetivo de fazer compras, ou até mesmo procurar trabalho. As atividades esportivas contava com todo apoio político, tinhas os clubes de futebol tradicional ( Líder esporte Clube, Cruzeiro, Sociedade Dois de Janeiro, XV de Novembro ) o campeonato de futebol acontecia no Estádio Jose Rocha, na maioria das vezes lotava, além do futebol, nos anos 80 podemos observar que a arte marcial, o Karaté, era uma atividade esportiva bastante procurada, eram duas importantes academias, uma comandada pelo professor Zé Karaté, e outra academia comandada pelo professor Wilson, ainda nos anos 80 surgiria também a pratica do atletismo, jovens que se aventuravam a maratonas pela região. Nesse retrato muito rápido sobre o município de Jacobina nos ano 80, podemos destacar também as festas populares e folclóricas, a micareta nos anos de 1980 , com trio elétrico, participação popular, as festas folclóricas, a marujada, os blocos dos caos, vale lembrar que esses eventos culturais fazem parte ate hoje das festas que movimentam o município de Jacobina. Antes de iniciarmos nosso trabalho sobre a historia cultural de Jacobina pelo viés do movimento de jovens optaram por fazer teatro no município de jacobina, mesmo que para isso, enfrentasse o preconceito dos pais, da sociedade como um todo, como afirmei antes, a cidade de Jacobina na década de 80 era ainda uma cidade tradicionalista, tudo acontecia na data certa, as festas religiosas, as festas de largo e os movimentos folclóricos tinham publico certo, o teatro por sua vez, que já ensaiava o surgimento de um movimento nos anos 90, sofria um preconceito da sociedade, que não valorizava os movimentos, a historia da cidade de jacobina tem poucos arquivos dos movimentos, dos artistas das artes cênicas antes dos anos 80 e até mesmo arquivos, fontes da década de 80 , considerada pelos artistas como a década de ouro das artes cênicas em Jacobina é difícil de encontrar, na realidade, as maiores fontes desse período são os periódicos daquele tempo, ai podemos destacar a imprensa escrita, onde seus proprietários, por sorte dos artistas, abriam espaço para noticiar os eventos do teatro que iriam acontecer no final de semana. Em 1980, fazer teatro não era fácil, não que seja hoje,mas o que quero dizer é que o preconceito era muito maior, hoje, a sociedade esta informada, tem as redes sociais, a globalização, o neoliberalismo, tudo que conspira para a informação, antes, não era assim, a preocupação da sociedade na época era em manter as tradições religiosas, o
esporte e as festas populares, dificilmente nos anos 80 um grande empresário iria investir no teatro, nos artistas dessa área, a sociedade parecia ver o teatro como um foco de drogas, conversando com uma senhora que representa a família daquela época, ela falou que jamais deixaria sua filha se envolver com os artistas de teatro, era uma ambiente com drogas, era caso de policia, com essa situação, fica difícil entender o desenvolvimento do teatro em 1980 na cidade de Jacobina, nossa pesquisa tem como objetivo entender o que levou esses jovens da década de 80 a se envolverem com as artes cênicas e a enfrentar esse preconceito, conversando com algumas pessoas, com idosos, recorrendo a memória coletiva já que “segundo Jacques Le Goff, a memória é a propriedade de conservar certas informações e esta mesma memória,está nos próprios alicerces da História, confundindo-se com o documento”, pois então, a memória dessas pessoas sobre a década de 80, foram unanimes em afirmar que foi o melhor momento da cultural de Jacobina, dos movimentos artísticos, festivais de musica, movimento de teatro etc. e tal.
Através desses detalhes, retratado por mim nesse trabalho, podemos sentir o quanto era difícil fazer teatro naquela época e o porquê das dificuldades das fontes dos anos 80 ate os anos 90 com o tema sobre teatro, parece que há uma espécie de buraco negro, um espaço vago, onde nada aconteceu, no entanto, sabemos que não foi assim, conseguimos algumas fontes, do período anterior a 1980 e é ai que entra o nosso trabalho de pesquisa, um resgate a cultura, aos artistas do teatro, a esse movimento importantíssimo das artes cênicas na região de Jacobina, todo cuidado para não fazer o trabalho de memorialista { O memorialista, para se identificar com o leitor, trabalha com duas categorias inerentes ao ato de recordar: espaço e tempo..} ( Historia oral: memória, tempo, identidades -pag.120- Lucília de Almeida Neves Delgado ) e sim uma pesquisa de historiador, com fontes e fundamentação teórica. Nossa historia acontece nos anos 80, quando jovens entre 14 e 16 anos, de colégios publico e particulares se juntam com a vontade de fazer teatro, naquele momento, uma arte estranha, diferente, mas que cativou interesse desses jovens, mesmo enfrentando todos os problemas aqui já citados anteriormente, uma pergunta que não quer calar, como e porque esses jovens se interessaram pelo teatro ? Havia alguém por trás dessa vontade, algum interesse político? São perguntas que no decorrer de nosso trabalho tentaremos responder, mas outra questão bastante interessante é entender que tipo de teatro esses jovem estava fazendo? Popular ou comunitário? Como estavam as principais capitais do Brasil no contexto artístico? Essas questões tem relevância em nosso trabalho, pois nos ajuda a entender talvez, a motivação desses jovens de Jacobina, naquele momento, de certa forma conturbado, se envolverem com o mundo das artes , enfrentando o preconceito da sociedade e principalmente o tradicionalismo da família, mas o teatro é uma arte que se encontra em toda sociedade, esta “sociedade” muitas vezes se pegam fazendo teatro e nem percebem, Como diria o escritor Fernando Peixoto: “O teatro existe na sociedade e,naturalmente, a sociedade existe no teatro” (Peixoto, 1981, p. 12). E é com esta afirmação que constatamos a necessidade veemente de se pesquisar a historia do município com viés do teatro de Jacobina.
Capitulo IV- O declínio de uma geração de ouro
Agora entramos nos anos mais importantes do teatro em Jacobina, a década de 80 foi o berço de uma geração de jovens que buscaram iniciativas próprias, criaram oportunidades e lutaram pelo seu espaço cultural, independente do tipo de trabalho que produziam, se tinha estudos, base teórica, patrocínio , na realidade esses jovens produziam, demarcaram seu espaço, fizeram historia, nesse trabalho tivemos a oportunidade de conversar com algumas pessoas, artistas, professores sobre o teatro daquela época, muitos falam com nostalgia, outros não lembram de nada e há aqueles que embora tenha participado do movimento teatral na década de 80, se tornaram empresários, professores universitários e por um motivo ou outro tenta esquecer esse período, Jotta Esse, em seu depoimento escrito lembra de alguns nomes daquela época: “Vamos aos nomes, por ordem cronológica, do seu subir em palco ou seu surgimento em cena. Notem que em nenhum momento os nomes á seguir estará em ordem seqüencial por grau de importância, ou valor, pois todos citados prá me tem no teatro de jacobina a sua importância assegurada e em todo nosso amado município e região. – vamos aos gentlemen e damas do teatro do piemontês da Diamantina: Paulo nosso ‘Paulão’. Missinho, Cícero Matos, Paulo Mascarenhas, Jose Manoel de Farias, Ivan Aquino, Jotta esse Lobo, Valmir AraújoHerege, Abimael, Zé Carlos Canibal, Blademi, Aurivone Matos, Luiz Anselmo, Telma, Celma,Marineide. Claudio, Marcão, Alexandre Dias, Jacimario Mario silva, Marcelo Nunes, Joelma Gisele, Geraldo Araujo, Edilene Monte Negro, José Carlos Miranda Macadame, Nilda Money, Sineide Santos Silva, Neilan Leite, Emanuel Tarsiano, Alcigleik, Valter Santos e Mariza Do Carmo... Bem estes são os nomes, os escolhi, pois estiveram em ao menos três montagens diferentes, sendo que, Suas participações foram através de atuações, interpretações, direção, ou mesmo no processo dos espetáculos. Houve muitos outros de breves estadias nos palcos, que não a como estampar nesse espaço no momento, e que sem duvida deram sua breve contribuição, porem valiosa, mas foquei só nos que abrolharam com muito sacrifício á sustentação dos pilares do teatro jacobinense.” É claro que existem outras pessoas e como Jotta disse, essa ordem não significa o grau de importância, mas esses são alguns nomes que ajudaram a fazer a historia do teatro em Jacobina, por outro lado, a musica não ficava atrás, o movimento crescia e alguns nomes são lembrados exemplo: Joan Sodré, Mauricio Tinel, Banda ouro, Banda Vuoô, Banda Jackson, Domingos Savio, Canidé, Gidinho Cantoria entre outros, o movimento musical invadia as noites com voz e violão, participava dos festivais de musica e promovia shows nos centro de cultura já nos anos 80, a poesia se fazia presente com a poetisa Joelma Gisele, Agnaldo Marcelino ( Professor e poeta ) autor de vários livros, participou de varias coletâneas, por fim, essa década deixou muita soldadas, segundo alguns artista que falam com nostalgia daquele momento, o dramaturgo Mario Silva,diretor do Grupo teatral Dionísio Arte, participou daquele momento, participou como do Grupo PM, onde atuou como ator fazendo uma peça para criança “ O Super-Herói Cearense”, logo em seguida participou da peça teatral com o Grupo Condor “ Um Atrapalhado numa delegacia de corruptos” peça apresentada na inauguração do Centro Cultural de jacobina, Mario sempre em suas apresentações, ou em conversa com amigos esta lembrando da geração
dos anos 80, de como as coisas funcionavam, mesmo sem patrocínio, sem dinheiro, os grupos conseguiam produzir seus espetáculos, conseguiram ate mesmo a se fazerem presentes em reuniões importantes na FBTA ( Federação de Teatro Amador ) em Salvador , os Grupos PM, Cultura Jovem, Lunart, Condor, Preto no Branco,Vidart, produziam e promoviam reuniões com a direção do centro de cultura, Professor Abmael ( O primeiro diretor do Centro Cultural de Jacobina) ouvia a todos, tentava da melhor maneira possível abrir o espaço daquela casa de cultura, o prefeito da cidade, o senhor Carlos Daltro, não meia esforços para o teatro funcionar, para que cada grupo pudesse apresentar seu trabalho, o interessante é que no depoimento do Professor Carlos Dourado, quando ele fala do teatro de Paulão ( ícone do teatro em Jacobina) hoje é professor de artes cênicas em Belo Hizonte, Carlos Dourado critica o comportamento repressivo do ex-prefeito Carlos Daltro com relação ao teatro.
No decorrer dos anos 80 muitos trabalhos foram apresentados em jacobina, o que de certa forma justifica esse sentimento de nostalgia, eram vários grupos e cada grupo no mínimo tinha 7 a 8 componentes, esses grupos ensaiavam nos mais variados lugares, mas o espaço principal era o Centro de Cultura, os mais variados estilos de peça, gêneros drama, comedia, dança, houve momento em que grupo se apresentava e logo em seguida na outra semana o espaço do centro cultural já estava marcado para outra apresentação, em outra oportunidade, eram o sábado e o domingo, com grupos diferentes apresentado, era muito trabalho, assim que um grupo se apresentava, tinha que limpar o espaço para a apresentação de outro no dia seguinte, o publico comparecia nas apresentações, fosse de graça ou pago, o publico gostava e tinha sua preferência por determinado grupo, de acordo os depoimentos em nossos arquivos, os grupos que representaram aquele período foram: Citarei em seguida os seus principais espetáculos seguindo esse mesmo critério. (Grupo cultura jovem ). Principais montagens e inicio das Suas atividades cênicas 1986. “entre todas Minha mãe” texto coletivo. Direção Arlir Arnor. “O menino que não acreditava em papai Noel peça”: de José Manoel de Farias. Direção: coletiva. “Regime para o complexo” texto: M. Farias. Direção; M. Farias. “Piquenique” direção: M. Farias.) (grupo de teatro Participação e manifestação criado em inicio de: 1986 montagens principais: “Numa delegacia de corruptos e atrapalhados”, texto: Jair Santana e Paulo Mascarenhas. Direção: Arlir Arnor. “Ladrão nervoso e vitima neurótica”. Texto e Direção de Paulo Mascarenhas e Jotta esse lobo. “O super-herói cearense”. Peça de Paulo Mascarenhas. Direção: coletiva. “Os outros” Texto e direção de: Paulo Mascarenhas “Entre o céu e o inferno” peça de Paulo Mascarenhas e Alexandre dias. Direção: Torquato Neto) (Grupo Lunarte, Principais montagens e inicio das suas atividades cênicas 1987. “Dorotéia vai a guerra” Direção: Arly Arnaud. “Dois perdidos numa noite surja: Direção: Torquato Neto. “sonhos de uma noite de velório” Direção: C. Matos. “As mãos de Eurides” monologo OBS: interpretação: C. Matos. direção: Cícero Matos.”A do pastor e a do macaco” Direção: C. Matos e Ivan Aquino Navalha na carne” texto: Plínio Marcos. ” Direção: C. Matos e Ivan Aquino) ( Grupo de arte cênicas condor Principais montagens e inicio das Suas atividades cênicas 1987. “Numa delegacia de corruptos e atrapalhados” texto: Jair Santana e Paulo Mascarenhas. Direção: jottaesse Lobo. “Era uma vez a morte”, peca de: Jottaesse Lobo e Mario Silva baseado em obra de Woody Allan. Direção: Jottaesse Lobo. “Hoje a Banda não sai” Peça de Severino M. Tavares. Direção: Jottaesse Lobo. “Elo muertoen eldorado” monólogo, Obs. Interpretação: Benedito Oliveira, texto e Direção: Jottaesse Lobo. “O quarto metafísico” texto: Fernando Pessoa. Monologo OBS. Interpretação: Ednael
Morais. Adaptação e Direção: Jotta esse Lobo.“Na casa das decisões” texto de: Paulo Mascarenhas, Alexandre Dias e Jotta esse Lobo. Direção: jotta esse Lobo. “O Túnel” texto: Fabian Paer Lagerkvist. Direção: Jotta esse Lobo. “A consulta” texto: Artur Azevedo;: Direção: Jotta Esse Lobo) (Grupo de teatro artevida Principais montagens e inicio das Suas atividades cênicas 1990.“individualismo” performance, Criação coletiva, Direção: Joelma Gisele.” “A bruxinha que era boa.” peça : M. clara Machado. Direção: Joelma Gisele.) (Grupo preto no branco, Principais montagens e inicio das Suas atividades cênicas 1992 “O cantinho do doutor Frites” Direção Geraldo Araújo.. ( Grupo sempre alerta. Principais montagens e inicio das Suas atividades cênicas 1993. “ Em os esquetes” Direção: Luiz Anselmo.) Esses foram encenados entre oitenta e seis (86) a noventa e quatro (94).
Capitulo5.2 . O FOLCLORE, AS FESTAS RELIGIOSAS E AS PERSONALIDADES DA EPOCA.
Depois de mostrar como o movimento teatral estava prosperando, cabe questionar de que forma e por que esses jovens se envolveram com o teatro em uma cidade como Jacobina, aonde a tecnologia, as lei e as informações chegavam a passos largos, no entanto, o folclore, as festas religiosas e a musica sempre estiveram presentes na cultura regional:
Fotos da Marujada em frente a Igreja da Matriz em Jacobina ( Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=DxyVnuq_IoY)
O exemplo da Marujada que também é também conhecida no Brasil como chegança. É um folclore popular trazido pelos colonizadores para comemorar as festas de Natal: em que eram armadas na praça publica grandes barracas, ou naus de guerra, e, os folgazões ou marujos figuram uma expedição naval onde há combates, cantando os feitos heroicos das
lutas portuguesas com os mouros, entremeados de dança e ação dramática. Em Jacobina, o folguedo recebeu o nome de Marujada e foi trazido pelos negros e se apresenta durante as festas religiosas de São Benedito e Santo Antônio( pag.94-Jacobina,sua Historia, sua Gente, DoracyAraujo Lemos)
Em 28 de julho de 1985 surgia o hino de Jacobina, letra de Doracy Araújo e musica de Amado Honorato de Oliveira:
Hino do município de Jacobina Letra por Doracy Araújo Lemos Melodia por Amado Horonato de Oliveira
Rodeada de serras majestosas Dos Payayás herdamos Jacobina A mais linda terra entre as formosas Na encosta da Chapada Diamantina Tua história de fatos trepidantes De civismo, grandeza e tradição Glória aos bravos bandeirantes Que te fizeram "Rainha do Sertão" Aos missionários dedicados Nosso preito de eterna gratidão Pelos seus feitos denodados A prova é a igreja da missão Rodeada de serras majestosas Dos Payayás herdamos Jacobina A mais linda terra entre as formosas Na encosta da Chapada Diamantina Tuas serras, teus rios unidos Encerram em profusão toda riqueza Teus bravos filhos destemidos Em luta pela tua grandeza Nós nos ufanamos com ardor Por Jacobina nobre e senhoril Que a todos recebe com amor Pedaço da Bahia e do Brasil
Rodeada de serras majestosas Dos Payayás herdamos Jacobina A mais linda terra entre as formosas Na encosta da Chapada Diamantina
Na musica área musical se falava muito no cantor e compositor Aristeu Pinto de Queiroz (Bob Silva) autor de uma das musicas mais conhecidas na região “Minha Infância em Jacobina”, canção que narra o jeito simples de viver do jacobinense, nos anos 80 os festivais de musica aconteciam de forma constante, no somente em jacobina, como em toda região do piemonte, no Brasil, os festivais de musica aconteciam, a exemplo do MPB-Shell Especial (1981), MPB-Shell 1982 (1982), Festival dos Festivais (1985)( artistas de Jacobina participavam desses festivais, além disso, A Faculdade de Jacobina também promovia Festivais de musica. Fonte: http://memoriaglobo.globo.com/programas/entretenimento/musicais-eshows/festival-da-nova-musica-popular-brasileira-mpb-80
Os bares e Restaurantes de Jacobina já no final da década de 80 e inicio dos anos 90 passaram a fazer voz e violão, era uma forma dos artistas da musica, aquele s que se destacaram nos grandes festivais de musica popular ganhar o seu dinheiro, havia em Jacobina alguns restaurantes que faziam questão de fazer voz e violão,as vezes a noite e algumas vezes durante a tarde, vários artista chegaram a tocar na noite de Jacobina, Canidé, Domingos Savio, Geremias Brasil, Gidinho Cantoria, Ricardo Merces, todos esses eram bastante conhecidos da comunidade Jacobinense, não havia disputas, geralmente quando Canide estava tocando em algum ligar, ao chegar qual quer musico desses citei, Canide chamava para dar uma palhinha ( significa uma canja ) o musico é convidado a tocar, aproveitava a oportunidade e mostrava o seu trabalho, certamente esse seria convidado a tocar na próxima semana nesse mesmo restaurante. Se por um lado o musico encontrava seu espaço nas noites, encontrava um publico fiel, alem de músicos com qualidade, o teatro entrava num processo de declínio, os grupos começavam a se fragmentar, brigas por espaço, concorrência, disputa e discordância política, alem do mais, os jovens que iniciaram nos anos 80 a luta pelo teatro, agora nos anos 90, havia crescido, estava mais velho, alguns procuraram se estabilizar na vida, encontrar um emprego, outros casaran-se, o que era fácil manter agora era prejuízo, o teatro foi perdendo espaço no Centro de Cultura, através da política mudava-se o prefeito da cidade, este mudava o diretor do Centro Cultura ( que sempre foi um cargo de confiança) e quando isso acontecia era um deus nos acuda, o Centro Cultural de Jacobina já teve como diretor até 1990 : Professor Abimael, Ivan Aquino e Amado, todos
esses foram indicados e deixaram suas marcas, suas lembranรงas na cultura da cidade; ainda nos anos 90 os artistas
Capitulo 5.3 Final- Fontes, arquivos pesquisados, fotos e reportagens de jornais.
Depois de todo esse histórico sobre o momento mais importante da arte de Jacobina, um momento em que o teatro foi destaque nos meios de comunicação, existia uma plateia fiel, alem disso, o movimento intercalava entre musica e teatro, esses artistas figuraram um momento especial jamais visto pela sociedade jacobinense, ainda assim, fica a pergunta, porque?. Percebemos que esta pergunta é um tanto difícil de responder, o que teria levado esses artistas a desenvolverem um movimento tão intenso, jovens com grau de instrução tão diferentes, alem é claro da condição social, o que motivou essa junção de pensamentos? O que se sabe ate o momento é que independente de qualquer coisa, esse movimento aconteceu, floresceu, iluminou uma sociedade carente de movimentos artísticos, o teatro nas mais diferentes formas aconteceu e por incrível que pareça o movimento que abalou a sociedade jacobinense, por este motivo entendi que era necessário um trabalho acadêmico para registrar esse importante momento da cultura de Jacobina, foi quando entrei na Uneb- Universidade do Estado da Bahia no curso de Historia, o objetivo era este, trabalhar a História do teatro Jacobinense. Foram longos anos de pesquisa, sabia que tinha um trabalho, o TCC final do curso de Historia, foi uma situação realmente difícil, porque o trabalho acadêmico é totalmente diferente da metodologia que estou, ou estava acostumado a trabalhar, o curso de Historia foi de extrema importância para mim, pois encontrei a ferramenta certa para concluir mina pesquisa sobre a Historia da arte, do teatro de Jacobina. Nesse capitulo, vamos trazer detalhes sobre o documentário que foi apresentado no meu Trabalho de Conclusão de Curso, como foi elaborado o debate do tema, os questionamentos, a metodologia, os autores pesquisados e o roteiro do vídeo documentário apresentado para a banca da universiade, nosso trabalho foi pioneiro nesse sentido, ou seja, fui o primeiro aluno concluinte do curso de Historia da Uneb Campus IV Jacobina a apresentar um documentário, um memorial como TCC.bem, as próximas paginas fazem parte do memorial, o texto elaborado para o documentário, que traz o embasamento teórico e a metodologia.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por sempre estar iluminando minha vida e me proporcionar momentos bons ao lado de minha família e de meus amigos, a minha mãe que sempre acreditou e investiu еm mim. Sua dedicação em me ensinar o caminho certo, suas palavras e sua honestidade sempre foram um exemplo a ser seguido, sua lembrança será eterna em minha vida, aos meus amigos Jottaesse, Farias, Emanoel Tarciano e Américo, estes em momentos difíceis estiveram ao meu lado, com palavras, com gestos e sempre incentivando a minha luta para terminar esse TCC, as pessoas que deram entrevistas , disponibilizaram seu tempo para ajudar, colaborar com a conclusão desse trabalho , a minha orientadora Polliana Moreno Santos pela atenção dedicada, pela opinião sincera e por acreditar em meu trabalho, ao colegiado de Historia e a todos os professores, que de alguma forma contribuíram para o crescimento e desenvolvimento dessa caminhada, as professoras Rúbia Lapa
e Terezinha Mascarenhas que na medida do possível
contribuíram para o meu crescimento, agradeço ao meu filho Paulo Matheus , que me ajudou de todas as formas, incentivou e sempre acreditou em mim e a minha esposa, Iolanda Mascarenhas, que sempre esteve ao leu lado nos momentos difíceis da vida, não deixando desistir desta jornada, a todos o meu muito obrigado.
RESUMO
O documentário “Vamos ao Teatro”, vai retratar o trabalho dos grupos de teatro da década de 80 considerada por muitos artistas da atualidade á década de ouro da cultura jacobinense, através dos depoimentos obtidos conheceremos mais sobre esta geração dos artistas que contribuíram com a História cultural, com o crescimento e desenvolvimento da cidade de Jacobina e através da arte provocaram a classe política que na maioria das vezes tentava ignorar o movimento artístico que acontecia naquele momento. O documentário fará uma abordagem sobre as dificuldades que os artistas enfrentaram nos anos 80, o espaço para ensaios, o apoio da sociedade e a participação da mulher, além de identificar os principais grupos de teatro da época, os textos trabalhados e a participação do publico. Para isso realizamos entrevistas com artistas, atores, diretores, pessoas ligadas às gestões municipais, e também apreciadores do movimento de teatro de Jacobina.
Palavras chaves: Teatro- Memória- História
Sumário 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 45 1.1. JUSTIFICATIVA ........................................................................................... 46 2. METODOLOGIA ................................................................................................. 47 3. PRÉ- PRODUÇÃO E PRODUÇÃO .................................................................... 49 3.1. PROPOSTA DE DIREÇÃO DE FOTÓGRAFIA ............................................ 51 3.2. EDIÇÃO E FINALIZAÇÃO ............................................................................ 51 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS: ............................................................................... 52 5. BIBLIOGRAFIA ................................................................................................... 53 6. ROTEIRO DE CENAS ........................................................................................ 54
INTRODUÇÃO A escolha do tema deste trabalho de Conclusão de Curso foi pensada antes de minha entrada na Uneb, Universidade do Estado da Bahia, Campus IV Jacobina. Ao escolher o curso de Licenciatura em História já imaginava registrar o período de 1980 a 1990, trabalhar com esse recorte na história, mostrar um movimento que causou uma verdadeira transformação, por que não dizer, uma verdadeira revolução cultural em Jacobina. Atualmente,
estamos
presenciando
um
empobrecimento
dos
movimentos artísticos no município de Jacobina, são poucos, os grupos de teatro, que resistiram a “evolução” da mídia e a falta de apoio. Há 36 anos o teatro em Jacobina surgia como uma luz para os jovens que procuravam alternativas para o lazer, o entretenimento, o desenvolvimento cultural e de certa forma o fortalecimento da cultura na região. O teatro surgia como uma ideia fundamental na defesa dos valores como respeito, amor e fraternidade, o sonho em fazer teatro superou as dificuldades, o preconceito social e a falta de recursos. O movimento de teatro em Jacobina já existia muito antes dos anos 80 e tinha como base o estudo, o aprofundamento teórico do teatro do oprimido de Augusto Boal e do teatro épico de Berttolt Brecht. No entanto, foi a partir dos anos 80 que surgiu a nova geração do teatro de Jacobina, que usava o humor nas artes cênicas, era a comédia que dominava e atraia cada vez mais os jovens artistas. O nosso recorte Histórico vai de 1980 a 1990, mais especificadamente no movimento de teatro dos anos 80, usamos como fontes, depoimentos, fotos, recortes de jornais da época e pesquisa sobre os textos de teatro encenados nos anos 80. Esse trabalho tem como objetivo compreender como e porque nas décadas de 80 a 90 os movimentos artísticos de Jacobina se intensificaram e porque os estudantes dos colégios públicos buscaram justamente no teatro alternativas para mudar uma estrutura social focada apenas na política?. Por
que esses jovens estudantes enfrentaram os preconceitos e fizeram acontecer o teatro, os encontros culturais e todos os movimentos relacionados as artes cênicas? Trabalhamos com a história local, fazemos alguns recortes de forma específica (ou seja, somente o teatro é o nosso foco) e através de fontes orais, tentamos mostrar a história de jovens artistas que desenvolveram o teatro comédia, o teatro do improviso, entre as décadas de 80 a 90 em Jacobina.buscamos reconstruir uma parte da história cultural através da memória das pessoas entrevistas. Segundo Delgado “Na verdade a memória é uma reconstrução sobre o passado, atualizada e renovada no tempo presente (2010, pag. 9)” . Também, na mesma linha Meihy afirma (2006.pag.94) “Ao falar de memória, antes de demais nada é fundamental definir de qual tipo de memória se fala. É difícil referir-se à memória sem evocar a identidade do grupo”, portanto, através da memória de um grupo de pessoas que fizeram parte dessa historia, estaremos reconstruindo esse passado da cultura de Jacobina.
JUSTIFICATIVA
A importância deste trabalho está na valorização do artista da terra, em manter viva a história de um movimento que transformou a cultura de Jacobina, o movimento de 1980
foi sem dúvida um fato histórico,
considerado por
alguns como sendo a década de ouro da cultura Jacobinense. Entretanto, com o passar dos anos, essa década se tornou esquecida, desconhecida. Para a nova geração, os anos 80 não tem nenhuma importância cultural, além do mais, são poucos os arquivos relacionados a essa época. Nosso trabalho tem como finalidade mostrar as experiências dos artistas, vividas nas décadas de 80 e 90, através de recortes específicos, focando apenas no movimento artístico do teatro comédia, na valorização de um tempo onde o artista fazia o teatro por amor, sem preocupação com teorias e técnicas de teatro, a
valorização de uma juventude que se mostrava feliz, que buscava antes de tudo a diversão, uma opção cultural. Entendemos que a sociedade atual precisa conhecer a história cultural dos anos 80. Para
Halbwachs (2006 ) “a duração de uma memória está
limitada à duração da memória do grupo”, portanto, essas pessoas existem e guardam na memória a história do teatro de Jacobina, não podemos esquecer que a transformação cultural em Jacobina nasce de um momento, onde não havia tantas opções de lazer e esses adolescentes foram fascinados pelo teatro. Um teatro feito a base de improvisos, do texto até a interpretação no palco, tudo era improvisado, o figurino, a sonoplastia, a iluminação, tudo, não havia limites para a vontade desses jovens artistas, então porque não compreender esse movimento ? Por que não usa-lo como ferramenta para estimular os jovens de hoje? Nesse sentido se faz necessário trabalhar com a memória, manter vivas as lembranças dos eventos e fatos culturais. Estudar e pesquisar a cultura de Jacobina nos traz um desafio único, estimular a memória e é isso que estamos tentando através desse documentário, renovar, atualizar e reconstruir através dos depoimentos orais, dos grupos, dos atores sociais que fizeram parte da história cultural de Jacobina, para
(HALBWACHS, 2006) “as memórias são construções dos
grupos sociais, são eles que determinam o que é memorável e os lugares onde essa memória será preservada”. Mas há de se considerar as dificuldades de falar de um passado tão próximo, 1980 em sua história cultural é pobre em fontes, seria preciso escavar fontes das mais variadas possíveis para recontar a história de Jacobina pelo viés da cultura. 1Diante da dificuldade de fontes, veio a ideia de trabalharmos com a história dos artistas que até então eram marginalizados da historiografia local.
METODOLOGIA
1 são poucas as fontes que falam do teatro de Jacobina naquela época, anos 80
O cinema sempre me encantou, principalmente essa área de documentário2. Participando do curso de Licenciatura em História na UnebUniversidade do Estado da Bahia Campus IV Jacobina, tive a oportunidade de conhecer e fazer parte do
Laboratório “ O ensino de História e o uso do
3
cinema” , o que me fez entender a importância do cinema e a sua eficácia no ensino da história, baseado nessa dificuldade de fontes, surgiu a ideia de trabalhar com as fontes orais e através da produção de um vídeo documentário. Registrar os depoimentos e apresentá-los como forma de TCC na conclusão do curso, Meihy afirma (2006.pag.28)
“ Inegavelmente os
projetos que envolvem vídeo tem atraído grande números de adeptos. Nesse caso, deve-se considerar entrevistas filmadas parte integrante da historia oral,ainda que mereçam tratamentos diferenciados. Uma vez que a filmagem implica a soma de som com imagem, exige-se: postura determinada do depoente, definição do comportamento e do papel do entrevistador e a quase obrigatoriedade da presença de outro ou outros participantes” sendo assim a nossa reflexão como memória na história da cultura local tem como ponto de partida a produção do vídeo documentário “ Vamos ao Teatro((Memória das artes cênicas em Jacobina)”. Entendemos que o vídeo documentário tem essa função de aprofundar a pesquisa histórica, uma metodologia diferente que auxilia ao registro oral, tendo como objetivo maior a intenção de mostrar para o espectador o valor que o teatro teve para a construção da história cultural da cidade de Jacobina e por meio do documentário estaremos fazendo uma abordagem ao tema escolhido para o nosso trabalho de TCC, os movimentos culturais de Jacobina, uma seleção de alguns aspectos “ancorados” 4 pelo real
Segundo Stubbs e Delamont ( 1976)5, “a natureza dos problemas é que determina o método, isto é, a escolha do método se faz em função do tipo de problema estudado", e nossa escolha não foi fácil, fizemos a pesquisa de campo e decididos a trabalhar com a historia oral, queríamos entender o que 2
Participei de importantes festivais de curta-metragens no Brasil, como o CurtaDoc, Carne Moida –SP, TV Caiçara-RJ, Vivo arte e Governo do Estado da Bahia onde fui 7º colocado com o curta Ponto de Vista. 3 Ministrado na época pela professora Joelma Ferreira dos Santos. 4 Termo de Fernão Ramos- renomado pesquisador da área de Cinema 5 Ludke,Marli E.D.A.Andre. Pesquisa abordagens qualitativas pagina 15-São Paulo
levou os adolescentes da década de 80 e 90 a se envolverem com o teatro em Jacobina? E nada melhor do que os artistas para falar desse problema, pensamos em escrever a monografia, mas o audiovisual sempre me encantou e foi então que decidimos produzir um vídeo - documentário memorial. O vídeo que produzimos possui 3 importantes momentos. O primeiro momento é a introdução, quando os entrevistados falam de suas lembranças dos anos 80 e 90 em Jacobina, como surgiram os grupos de teatro da época, O segundo momento estaremos falando do papel das mulheres no contexto cultural, sua importância e participação nos grupos de teatro, a participação da sociedade e o apoio dos órgãos publico, o ultimo tema é sobre o espaço, quais foram os espaços para os artistas do teatro em Jacobina na década de 80 desenvolverem sua arte? Nossa expectativa quanto a produção desse vídeo memorial, é que esse trabalho sirva para identificar os principais personagens dessa historia cultural, refletir sobre os momentos
considerados importantes
atores e registrar de forma documental
por esses
a historia das artes cênicas de
Jacobina.
PRÉ- PRODUÇÃO E PRODUÇÃO
Constatamos no trabalho de produção desse documentário, que ficou clara
a importância e a contribuição
das mulheres no processo histórico
cultural, enfrentaram o preconceito social, mas
de forma aguerrida não
desistiram da luta, outro detalhe importante observado foi o respeito por parte dos artistas, todos falaram da participação das mulheres, lembraram de nomes e relataram fatos interessantes. Escolher quem seria entrevistado não foi uma tarefa fácil, muita artistas da década de 80 não moram mais em Jacobina e outros trabalham e os horários muitas vezes não contribuíam para a realização dessas entrevistas.
Pensar nessa pré-produção do vídeo documentário realmente estava difícil, não somente pela dificuldade de obter os depoimentos, mas também pelo fato de pensar na imagem, no material a ser usado, e nos possíveis imprevistos que poderiam ocorrer durante o período das gravações, a exemplo de problemas com a luz natural, problemas com o áudio e principalmente espaço no disco rígido do computador para guardar as filmagens. Na pratica, esses problemas realmente se concretizaram,
Outro
problema foi com as pessoas que seriam entrevistadas, depois de elaborar uma relação com nomes de pessoas importantes para o nosso trabalho, tivemos que fazer uma triagem e escolher aqueles que seriam realmente possível
entrevistar, até o tempo do documentário limitava o numero de
pessoas a dar depoimentos, por outro lado, haviam aquelas que pessoas que estavam distantes ou alegavam falta de tempo para dar entrevista. Para nossa surpresa, a Sineide Santos atriz da década de 90 atualmente morando em São Paulo,
enviou seu depoimento com imagens captadas por
um aparelho
celular, a Jovem Quirina, hoje residente em Minas Gerais estava de passagem por Jacobina em decorrência do falecimento de seu pai, gentilmente colaborou com seu depoimento, Antonio Silva do Jornal Expressão nos atendeu em praça pública, Evilasio Alves, na data que cedeu a entrevista era secretario da prefeitura de Jacobina e nos atendeu em seu escritório, foram tantas as dificuldades que num determinado momento pensei em desistir mas a vontade e a necessidade de concluir esse trabalho de TCC foi muito mais forte. Toda essa produção durou praticamente um ano, fazíamos as abordagens aos artistas, explicava o objetivo do documentário, colhíamos o depoimento com a filmagem e depois íamos para a mesa de edição. Dubois ( 2004: 76) afirma que “o filme se elabora tijolo por tijolo ( é assim que ele é pensado, quando se passa do roteiro a decupagem)”. A estratégia para colher os depoimentos foi filmar e deixar o entrevistado falar, não interromper. Todos os
entrevistados
foram
receptivos
e
não
colocaram
dificuldades,
principalmente por se tratar de um documentário sobre teatro nos anos 80, um assunto pouco explorado, com poucas fontes e provavelmente o primeiro documentário produzido em vídeo com esse tema, com essa abordagem e com esse objetivo.
PROPOSTA DE DIREÇÃO DE FOTÓGRAFIA
A fotografia do documentário foi uma das dificuldades enfrentadas, a principio usamos uma filmadora Samsung Schneider Kreuznach 34x 120mm, imagens SD, mas depois de cinco filmagens, na hora de edição, percebemos que a qualidade da filmagem não tinha ficado boa, os cortes e as montagens foram prejudicados pela má qualidade da imagem, tivemos que descartar e refazer todo o trabalho, desta vez usamos uma maquina fotográfica com imagem VGA,uma resolução melhor, mas concluímos o trabalho com uma filmadora HD. Resolvido o problema da fotografia, surgia outra questão, como dar qualidade ao áudio? Tentamos resolver esse problema na mesa de edição, apesar do som ter sido gravado direto, tentamos na mesa de edição equalizar, mas mesmo assim ficaram algumas falhas. Em algumas filmagens6 usamos um tripé, outras foram adquiridas no local de trabalho do entrevistado, a exemplo do Centro Cultural onde entrevistamos Manuel Gonçalves7, Jal Nunes8 e Alex Felix9. Em outros momentos gravamos apenas com uma filmadora pequena, filmagem HD e não usamos o tripé, por isso algumas cenas parecem tremer.
EDIÇÃO E FINALIZAÇÃO
Trabalho iniciado e as dificuldades surgindo, desta vez o problema foi com a questão da edição de imagem, com qual programa de edição de vídeo iríamos trabalhar? Para se ter uma ideia, um programa de edição de vídeo toma muito espaço no disco rígido do computador e este tem que ser um PC
6
As que foram gravadas em praça pública. Funcionário do Centro Cultural de Jacobina. 8 Maestro e coordenador do Projeto Arte de Tocar. 9 Fotógrafo 7
de qualidade, com um bom processador, para ter condições de editar e renderizar10 o arquivo de vídeo. Esse processo dura no mínimo em torno de uma hora a três horas, a depender do tamanho do produto que está sendo editado, foram mais de 10 depoimentos. Tivemos o cuidado de realizar os cortes de cena sem prejudicar a ideia dos (as) entrevistados (as). Foram dias de muito trabalho, agonia e expectativa, sempre surgiam contingências de ordem técnica nos obrigando correr contra tempo, mas isso não foi o suficiente para me desestimular e parar o processo, havia a necessidade de terminar esse trabalho de conclusão de curso, a vontade de realizar algo diferente, uma proposta de documentário sobre a arte do teatro em |Jacobina na década de 80. Durante o processo de produção decidimos usar três programas de edição, o Vegas 11, o Movie Maker do Windows 10 e o Sond Forge 10, compramos uma filmadora pequena que filma em HD e um tripé de um metro e meio.
CONSIDERAÇÕES FINAIS: Ao longo deste trabalho apresentamos algumas teorias sobre fontes orais, identificamos essas teorias nas entrevistas e procuramos responder alguns questionamentos sobre o nosso objeto de pesquisa, desse modo, podemos afirmar que nem todas as perguntas foram possíveis responder, ao contrario de nosso objetivo, temos a impressão que surgiram mais questionamentos, o que mostra que as historias orais são as mais variadas possíveis, fizemos entrevistas não totalmente estruturada, segundo Ludke ( 1986.pag 33) “este tipo de entrevista não há uma imposição de uma ordem rígida de questões, o entrevistado discorre sobre o tema proposto com base nas informações que ele detém e que no fundo são a verdadeira razão do entrevistado.” Foi muito bom ver o semblante de cada pessoa entrevista falar com entusiasmo sobre o período dos anos 80 e 90, os artistas que foram entrevistas pareciam se sentir bem pelo fato de serem valorizadas, havia
10
Renderizar é o ato de compilar e obter o produto final de um processamento digital, ou seja, toda aquela seqüência de imagens montadas numa linha do tempo que precisa ser condensada em um vídeo.
naquele momento a gratidão por alguém valorizar um passado de arte e cultura.
BIBLIOGRAFIA
RAMOS, Fernão. Mas afinal...O que é mesmo documentário? São Paulo: Senac, 2008. MEIHY, José Carlos Sebe Bom. Manual de história oral. 3ª. Ed. São Paulo: Loyola, 2000. DELGADO. Lucilia de Almeida Neves. História Oral: memória, tempo, identidade. 2ª Ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2010. HALBWACHS, M. A memória coletiva. Trad. de Beatriz Sidou. São Paulo: Centauro, 2006. DUBOIS, Philippe. Cinema, vídeo, Godard. São Paulo: Cosac & Naify, 2004.
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
ROTEIRO DE CENAS
“VAMOS AO TEATRO” (Memória das artes cênicas em Jacobina) Direção: Paulo Mascarenhas
Ficha Técnica: Direção: Paulo Mascarenhas Produção: Paulo Mascarenhas Trilha Sonora: Musica Atraente de Chiquinha Gonzaga Entrevistados: 1. Alex Félix 2. Antônio Silva 3. Carlos Alberto Guedes 4. Cristiane Quirina 5. Emanuel Gonçalves Pinho 6. Evilasio Alves de Carvalho
7. Fátima Liz 8. Ivan Aquino 9. Jair Santana ( JottaEsse) 10. Jal Nunes 11. João Bosco 12. Mariza do Carmo 13. Sineide santos 14. Valter Oliveira Fica Técnica da produção audiovisual Titulo: Documentário: “Vamos ao Teatro” (Memória das artes cênicas em Jacobina) Memorial de documentário: Ano de Produção: 2017 País de Origem: Brasil Duração: 01:10 hs Classificação: Livre Gênero: Documentário Direção: Paulo Mascarenhas Roteiro: Paulo Mascarenhas Professora Orientadora: Polliana Moreno
Estabelecimento de Ensino: UNEB- Universidade do Estado da BahiaCampus IV- Colegiado de Historia- jacobina-BA
CENA / ABERTURA/ EXTER/PÁTIO DA UNEB CAMPUS IV/ TARDE/ LETREIRO/
Aparece vídeo com Sineide Santos se maquiando, logo aparece Ednael Marais/ peça
“A Consulta”. O letreiro com nome da
Universidade do Estado da Bahia, licenciatura em Historia. CENA / LETREIRO DEPARTAMENTO DE CIENCIAS HUMANAS/ CAMPUS IV JACOBINA/ Vídeo com JottaEsse
fazendo a maquiagem de Sineide,
Centro
Cultural de Jacobina
“VAMOS AO TEATRO” (Memória das artes cênicas em Jacobina)
CENA 1– INT/SALA DA RESIDENCIA DE JOTTAESSE Nesse momento JottaEsse fazendo uma introdução sobre a Historia do teatro de Jacobina. CENA 2- INTER/ SALA DO STUDIO DE FOTÓGRAFIA Apresentação do fotografo Alex Felix ( Cueca) falando sobre suas lembranças do teatro na década de 80 em Jacobina-Ba CENA 3 – INT/SALA DO CENTRO CULTURAL DE JACOBINA/DIA FATIMA LIZ
Fátima Liz funcionaria do Centro Cultural de Jacobina. Fátima trabalhou com 05 diretores do Centro de Cultural de Jacobina CENA 4 – INT/ SALA DO CENTRO CULTURAL DE JACOBINA Cena da peça “ A Consulta” CENA 5 – EXT/ PRAÇA DA MATRIZ EM JACOBINA/DIA/ ANTONIO SILVA Diretor do Jornal Expressão CENA 6 – EXT/ PRAÇA DA MATRIZ/ CENTRO DE JACOBINA/ DIA/ JOÃO BOSCO poeta da literatura de cordel contando suas lembranças do teatro da década de 80 CENA 7 – INT/SALA DA OUVIDORIA DA PREFEITURA MUNICIPAL DE JACOBINA/DIA/ EVILASIO ALVES DE CARVALHO Apresentação do Evilásio Alves de Carvalho ( Ouvidor do Município de jacobina)
( Gestão 2013/2016). Evilásio participou como ator em um dos
grupos de teatro na década de 80 CENA 8 – INT/SALA DO CENTRO CULTURAL DE JACOBINA/DIA/ MANOEL GONÇALVES Funcionário do Centro de Cultural de jacobina, Manoel Gonçalves participou ativamente das produções de teatro nos anos 80, fazendo parte do Grupo Condor CENA 9 - INT/ PATIO DA UNEB/ VESPERTINO O professor Valter Oliveira da Uneb Campus IV fala sobre seu inicio no teatro.
CENA 10 – EXT/PRAÇA RIO BRANCO/ DIA/ CRISTIANE QUIRINA
Cristiane Quirina, participou com o Grupo Cultura Jovem na década de 80, hoje reside em Minas Gerais CENA 11 – INT/ SALA DA UNEB/CAMPUS IV/ NOITE A professora Mariza do Carmo em seu depoimento fala sobre a participação das mulheres no teatro nas décadas de 80 e 90 CENA- 12 - INTE/ RESIDENCIA DE JOTTAESSE Continua falando sobre as mulheres e a participação no teatro CENA 13 – INT/SALA DA OUVIDORIA DA PREFEITURA MUNICIPAL DE JACOBINA/DIA/ EVILASIO ALVES DE CARVALHO Apresentação do Evilasio Alves de Carvalho ( Ouvidor do Município de jacobina ) (Gestão 2013/2016). desta vez fala da participação das mulheres CENA 14 – INT/SALA DA RESIDENCIA DE JOTTAESSE Ainda sobre as mulheres no teatro CENA 15 – INT/SALA DO CENTRO CULTURAL DE JACOBINA/DIA FATIMA LIZ Fátima Liz funcionaria do Centro Cultural falando sobre as mulheres no teatro CENA 16 – INT/SALA DA RESIDENCIA DE JOTTAESSE Ainda sobre as mulheres no teatro CENA 17 – INTE/ SALA/RESIDENCIA DE SINEIDE EM SÃO PAULO Sineide fala de seu inicio no teatro/ Sineide gravou esse depoimento através do celular e enviou através do wharsap/ Sineide reside hoje em São Paulo CENA 18 – INT/SALA DA RESIDENCIA DE JOTTAESSE
Fala sobre sua lembrança das mulheres no teatro CENA 19 – INTE/ CORREDOR DO CENTRO CULTURAL DE JACOBINA/ TARDE O Maestro Jal Nunes abrindo o tema para discutir o preconceito. CENA 20 - INT/ SALA DA UNEB/CAMPUS IV/ NOITE A professora Mariza do Carmo em seu depoimento fala sobre o preconceito CENA 21 - INT/SALA DA RESIDENCIA DE JOTTAESSE Jotta dá sua opinião sobre o preconceito da época. CENA 22 - INT/ SALA DA UNEB/CAMPUS IV/ NOITE Mariza fala do tempo do teatro e das gerações passadas CENA 23 - – EXT/ PRAÇA DA MATRIZ/ CENTRO DE JACOBINA/ DIA/ JOÃO BOSCO. João Bosco abre o tema sobre espaço logístico para o teatro. CENA 24 – INT/SALA DE ESCRITORIO DE UMA EMPRESA DE VENDAS DE PLACAS DE ENERGIA SOLAR/ DIA/ CARLOS QUEDES Participação do fotografo Carlo Alberto Quedes, musico que relata suas lembranças de 1980 sobre o espaço para os artistas. CENA 25 – EXT/PRAÇA RIO BRANCO/ DIA/ CRISTIANE QUIRINA Cristiane Quirina, fala sobre os espaços para os ensaios de teatro. CENA 26 – INT/SALA DA RESIDENCIA DE IVAN AQUINO/DIA Ivan Aquino, o mesmo foi diretor do Centro de Cultural de jacobina, fala sobre os espaços para os artistas. CENA 27-. INT/ PATIO DA UNEB/ VESPERTINO
O professor Valter Oliveira da Uneb Campus IV, sobre os espaços para os artistas. CENA 28 – INTE/ CORREDOR DO CENTRO CULTURAL DE JACOBINA/ TARDE O Maestro Jal Nunes lembra como era os espaços para o artistas em Jacobina na década de 80
CENA 29 – INT/SALA DA RESIDENCIA DE JOTTAESSE Fazendo criticas e questionamentos sobre as administrações do Centro Cultural CENA 30 – INT/SALA DA RESIDENCIA DE IVAN AQUINO/DIA Ivan Aquino finaliza os depoimentos e de sua esperança de que um dia o teatro de Jacobina volte a brilhar como nos anos 80. CENA 31- FOTOS / RECORTES DE JORNAIS/ MOSTRANDO OS ARTISTAS DA ÉPOCA. Fundo musical/ musica “Amor Indígena” de Paulo Mascarenhas/ interpretação: Paulo Mascarenhas e Tadeu CENA 32 - AGRADECIMENTOS/ CREDITOS.
FIM
Ivan Aquino, Farias,Manoel, Cícero Matos, Alexandre Dias, Paulo Mascarenhas e Joan Sodré
FONTES PESQUISADAS, ARQUIVOS, FOTOS E REPÓRTAGENS EM ANEXOS.
Encontro de artistas em Salvador na FBTA ( Federação Baiana de Teatro Amador) realizado nos anos 80, representando Jacobina foram os artistas Paulo Mascarenhas, Alexandre Dias, Manoel farias, Valter Oliveira e Wilson Militão.
Cristiane Quirina, Farias, Emanuel,Sineide,Joel, Amanda e Jotta Esse
Poeta Ailton Ribeiro, Emanuel Taciano, JottaEsse e Sineide Santos DĂŠcada de 80
Apresentação de grupo teatral em colégio, grupo Condor “A consulta”
Farias dirigindo uma trabalho de teatro
Jotta Esse e Paulo Mascarenhas em Salvador, encontro de teatro na dĂŠcada de 80
Centro Cultural de Jacobina
Então meus amigos leitores, esta é uma pequena parte da História de Jacobina, ou melhor, da Cultura Jacobinense, desses heróis da década de ouro do teatro de Jacobina, é claro, falta muita coisa, também não era objetivo nosso retratar tudo, pelo contrario, falta muita coisa a pesquisar, o que fiz aqui foi um pequeno recorte dessa incrível História.
Paulo Mascarenhas de Souza Graduado em Historia pela Uneb- Universidade do Estado da Bahia Campus IV Jacobina-BA, arte educador pelo Instituto Imazon, Radialista pelo Sinterp, atuou no teatro nas décadas de 80 a 90, participou de vários festivais de musica, amante do cinema, fã incondicional de Wood Allem, chegou a produzir alguns vídeos em curta metragem, sendo destaque em alguns importantes festivais de curtas, foi pioneiro na produção de trabalho audiovisual como apresentação de TCC na Uneb
Dia de minha colação de grau na Uneb
. Minha esposa Iolanda. Obrigado pela força
Meu Filho Paulo Matheus. O incentivo de minha vida, motivação do fazer, do acreditar.
Minha mãe Oswaldina Mascarenhas. Minha Eterna Gratidão
A Todos muito obrigado pela leitura desse material.
Paulo Mascarenhas de Souza