The last poem

Page 1

YAHIA AL-SAMAWY

THE LAST POEM YAHIA AL-SAMAWY I want for myself: Quero para mim twenty hands, vinte mãos A sheet of paper large as a tropical forest, Uma folha de papel grande como uma floresta tropical A pen big as a palm-tree, Uma caneta grande como uma palmeira A well of black ink, Um poço de tinta negra to write my last poem para escrever meu ultimo poema Pouring in it my anxiety, Despejando nele minha ansiedade the paleness of children who exchange their school bags for beggars’ tools, their toys for shoe-shine boxes e a palidez das crianças que trocam suas sacolas escolares pela escolha de ser ladrões, seus brinquedos por caixas de sapato brilhantes My last poem long as the night of Iraq Meu último poema longo como as noites do Iraque Where I place the agonies of my homeland Onde eu coloco as agonias de minha terra natal itched on a guillotine’s edge, raspando no fio da guilhotina And the wailing of widows and bereaved mother E as lamentações das viuvas e enlutadas mães And read it from a pulpit atop a mountain E vou lê-lo de um púlpito, lá por cima de uma montanha Or from the electric chair waiting for my head’s arrival Ou da cadeira elétrica esperando pela chegada de minha cabeça -Before I begin death’s slumber without nightmaresAntes que eu inicie o sono da morte sem pesadêlos bandages cannot smother my fires ataduras não podem abafar meu fogo THE LAST POEM


YAHIA AL-SAMAWY

rivers and rains can neither quench my thirst rios e chuvas não podem matar minha sede Nor drench my arid life Nem encharcar minha árida vida Hand me the instruments of writing Entrequem-me os instrumentos da escrita I don’t practice my freedom except on papers Eu não pratico minha liberdade a não ser nos papéis Let me die on my papers Deixem-me morrer em meus papéis Let a poem be my tomb Deixem um poema ser minha tumba I will have no tomb in my homeland Eu não terei um tumba em minha terra natal Give me the tools of writing to dig up my grave Dêm-me os instrumentos da escrita para cavar meu túmulo If not I shall begin my last sleep Se não eu começarei meu ultimo sono But do not close my eyes Mas não fechem meus olhos I want them to stay wide open like the door of our huts Eu os quero vazios abertos como portas de nossas cabanas Like the hands of beggars Como as mãos de ladrões Let them stay open Deixem-nos abertos To see what is darker: my grave or Iraq? Para ver o que é mais escuro: meu túmulo ou o Iraque? For twenty years I searched in my home for my homeland Por 20 anos eu procurei em minha casa por minha terra natal Oh, If only I could gather the fragments of my corpse Oh, se eu ao menos pudesse juntar os fregmentos de meu cadáver. my frequent moves between internment camps meus frequentes movimentos entre campos de concentração and underground chambers of torture e câmaras subterâneas de tortura Scattered my memory throughout Iraq disperaram minha memória através do Iraque

THE LAST POEM


YAHIA AL-SAMAWY

For twenty years lovers in my homeland exchanged their letters in their dreams Por 20 anos amantes em meu país trocaram cartas em seus sonhos And met each other only in funeral processions. E se encontraram apenas em procissões fúnebres

THE LAST POEM


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.