#3 VERÃO 2014
IDENTIDADES
FESTAS E ROMARIAS
25 ANOS DE DANÇAS OCULTAS
AGENDA DOS FESTIVAIS E ROMARIAS DE VERÃO
IDENTIDADES : DIREÇÃO COLETIVO IDENTIDADES : PERIODICIDADE TRIMESTRAL #3 VERÃO DE 2014 : COORDENAÇÃO EDITORIAL FILIPA ESTEVÃO DE CARVALHO VASCO RIBEIRO CASAIS PAULO PEREIRA ANTÓNIO BEXIGA ANTONY FERNANDES : REVISÃO DE TEXTOS FILIPA ESTEVÃO DE CARVALHO
3 4
EDITORIAL FESTAS E ROMARIAS AO LONGO DO ANO 4
Festa da Divina Santa Cruz de Monsanto
6
Festas Sebastianas de Freamunde
8
Montelavar e a Senhora da Nazaré
: DESIGN GRÁFICO, PAGINAÇÃO E ILUSTRAÇÃO CRISTINA VIANA
10
Feiras Novas de Ponte de Lima
12
A Festa do S. Brás de Montes
14
Memórias da Nossa Senhora do Perpétuo Socorro de Fiães
: APOIO À EDIÇÃO DGARTES
16
Procissão dos Bêbados em Casegas
18
Campinos, toiros e fado, esperas de gado em Vila Franca
20
S. João d’Arga (Caminha): De bem com o Santo e com o Diabo
: REVISÃO DE PARTITURAS TIAGO TRIGO
: REDAÇÃO JOANA NEGRÃO HÉLIO RIBEIRO PAULO TAFUL LILIANA ARAÚJO CÉSAR PRATA ARTUR M. SERRA RUI COSTA JORGE CARVALHO SUZANA FARO JOEL CLETO JÚLIO PEREIRA ANTÓNIO SERGINHO ARTUR FERNANDES MARTA COUTINHO RENATA SILVA ANA SILVESTRE FILIPA ESTÊVÃO DE CARVALHO MÓNICA MENDES TIAGO TRIGO CARMINA REPAS GONÇALVES ANTONY FERNANDES VASCO RIBEIRO CASAIS ANA CARVALHO DANIEL CATARINO LUÍS PUCARINHO ZÉ PEPS PAULO PEREIRA ANA LAGE
coletivo.identidades@gmail.com
:2
22 ENTREVISTA 23
Júlio Pereira e António Serginho
28
25 anos de Danças Ocultas
32 DANÇAS EM PORTUGUÊS 32
Danças daqui...?
33
Dançar a nossa cultura
34
Danças portuguesas
35
Danças para um identidade: As danças do Minho
36
E “Siga a Dança!”
38 CONCERTOS & CD’S 38
Roncos do Diabo
39
Filarmónica Extravagante
40
Cardo-Roxo
41
FIGA: Festival Interatlântico de Gaita-de-Foles
42
No Mazurka Band: A-do-Baile
43
Aqui há Baile: Caderno de Danças do Alentejo
44 OPINIÃO 44
Concerto de trapos
46 Do outro lado da cena: criatividade e inquietações da música portuguesa
56 CANCIONEIRO
61
57
Tia Anica de Loulé
58
Valsa Revalsa
59
Viuvinha
60
Parreira
AGENDA DOS FESTIVAIS DE VERÃO
EDITORIAL Chegados ao verão, o país veste-se a rigor para a festa, de norte a sul de Portugal, por todos os lugares, vilas e cidades; as origens desta festa perdem-se na memória do povo, congregando elementos religiosos, lúdicos, danças, cantos e devoções. Alguns ritos pagãos foram engenhosamente cristianizados pelas festas e romarias, mas hoje as peregrinações e o pagamento de promessas teimam em resistir ao passar do tempo. As festas de verão já não são regidas pelo calendário agrícola ou religioso, mas pelo imperativo de voltarmos à terra e de vivenciarmos a nossa ancestralidade: o verão é sinónimo de convívio e reencontro, regresso às raízes, festejo e excessos. A música está sempre presente nos palcos, ruas e terreiros; os cabeçudos e bombos enchem o ar de folia; os desfiles e procissões desafiam o povo a engalanar-se; as ruas, andores e altares são decorados com cores garridas, e o fogo preso e a iluminação ganham contornos barrocos nas proporções desmesuradas que tomam; as concertinas, bandas filarmónicas, violas e gaitas ecoam por todos os cantos da festa; a mesa é farta e o vinho nunca falta. Com o evoluir dos tempos, as festas religiosas ganharam competidores nos festivais de verão, mas o pretexto continua a ser o mesmo: o encontro social e a libertação do quotidiano. O número de festivais com música de identidade cresce todos os anos, e em 2014 são cerca de 50 os que terão pelo menos um grupo ou artista de raiz, e a nossa cultura aos poucos vai conquistando espaço nos grandes palcos. Alguns são os que conseguem exportá-la para o resto da Europa e para o mundo, e exemplo disso são o grupo “Danças Ocultas”, que este ano celebra as bodas de prata. E assim, cada vez mais a identidade de cada lugar ganha preponderância nos eventos que se multiplicam de ano para ano, com a gastronomia local a ser celebrada como ímpar e única no mundo. E cada festa é singular, cada lugar tem o seu santo, as suas tradições e a sua maravilhosa individualidade, normal para as suas gentes, mas absolutamente surpreendente para todos os outros. Hoje os romeiros contentam a Deus e ao Diabo, e é esta nossa particularidade que nos faz diferentes dos outros: juntar sem qualquer hesitação o sagrado e o profano numa festa única, onde as desgarradas e as procissões se sucedem como as horas num dia. E tudo isto em apenas 3 meses de estio.
:3
Eu e as Romarias do Adufe Por Joana Negrão Cantora/gaiteira/adufeira , Setúbal Em 2002, a minha vida mudou quando descobri as Adufeiras de Monsanto, nas pessoas da D. Amélia e da D. Laura, grandes dinamizadoras das suas tradições com as suas canções e os seus Adufes. Foi num evento pequenino em número de pessoas, mas grande em emoções chamado Encontro de Tocadores, onde os mais novos podiam aprender com os mais velhos e ter tempo para partilhar música e experiências. Depois daqueles dias intensos de partilha, incorporei toda uma nova forma de ver o canto tradicional português; o Adufe tornouse meu fiel companheiro e nasci pela segunda vez em Monsanto, mesmo sem nunca lá ter ido. Quando dei por mim já tocava Adufe nos meus projectos musicais e, progressivamente, fui colocando aquelas canções num novo contexto. Quando entrei nos Dazkarieh, no Verão de 2006, começámos a percorrer o País e o Mundo a tocar em Festivais e aquelas canções viajaram sempre comigo, fosse no nosso reportório, fosse em encontros informais entre músicos. Sempre gostei de, antes de cantar cada música tradicional, falar sobre o que sabia sobre ela. E falei muitas vezes, ora sobre a Romaria da Senhora da Azenha ou da Senhora do Almortão, ora sobre os corações partidos das Meninas vamos à murta... Mas apesar de ter levado muito longe aquelas músicas e aquelas histórias, continuava a ter uma grande falha, continuava sem ter ido a Monsanto e nunca tinha assistido a nenhuma Romaria. O Tempo,
:4
esse “bicho” que nos foge mas que insistentemente tentamos agarrar, não tinha permitido preencher essa lacuna. Entretanto, fui a Monsanto e tive o privilégio de sentar-me durante horas com a D. Amélia e a D. Laura e cantámos, tocámos, passeámos e partilhámos histórias, mas só este ano é que consegui, pela primeira vez, estar em Monsanto no dia 3 de Maio para, finalmente, assistir à Festa da Divina Santa Cruz que a D. Amélia tanto me falava. A procissão da festa de Maio está ligada à lenda sobre o cerco ao Castelo, não se sabe bem por quem, talvez um exército mouro ou castelhano. Depois de anos de cerco, em que os mantimentos da aldeia se iam esgotando, ainda lhes sobrava um vitelo e um alqueire de trigo, e uma corajosa anciã monsantina decidiu alimentar um vitelo com o trigo e jogá-lo do alto da muralha para cair no meio do acampamento sitiante. Estes, ao perceberem que ainda existia tanta abundância, acabaram por desistir e desertar. Também se diz que a festa tem reminiscências pagãs posteriormente cristianizadas por também ser uma celebração da abundância das colheitas trazida pelo mês de Maio. Então, neste dia, todos sobem ao Castelo a cantar e a tocar os Adufes, param na Capela de Santa Maria do Castelo para cantar e há sempre alguém que carrega o “pote” simbólico que, hoje em dia, vai carregado de flores, e que, no final, é atirado do alto da muralha sendo este o ponto alto e o fim da festa. As Adufeiras de Monsanto, trajadas a rigor, comandam a festa, cantam as canções, tocam adufe e carregam o pote. Toda a gente se pode juntar, como eu que, mesmo meio envergonhada para não atrapalhar o “quadro” do grupo, lá fui muito orgulhosa a tocar Adufe ao lado delas. São poucas as palavras que encontro para descrever a emoção que tive ao estar em Monsanto naquele dia. Por ter acompanhado
as Adufeiras até ao Castelo, por ter cantado o Lá acima ao Castelo enquanto, efectivamente, subia até lá, ter cantado a Divina Santa Cruz em frente à Capela e tantas outras canções que já julgava muito minhas e que, já estavam, por razões óbvias, fora daquele contexto. De repente, poder ouvi-las e cantá-las in loco e poder viver tudo isso ao lado da D. Amélia e da D. Laura, de quem tinha umas saudades imensas, foi absolutamente mágico. Sempre me senti muito acarinhada por elas e muito bem recebida, quase como se fosse uma monsantina e, por esta razão, à alegria que senti juntou-se uma certa tristeza. Mas já lá vamos. Sempre pensei que ia encontrar uma festa em que realmente toda a população participaria em peso e que toda a aldeia estaria empenhada nessa mesma festa. O que encontrei em Monsanto nesse dia foi uma moda recente, a feira medieval, qual franchising que se disseminou por todo o País, repetindo de cidade em cidade o mesmo tipo de animações e arruadas, e que descaracterizou completamente a festa da Divina Santa Cruz. Havia a feira medieval e haviam as Adufeiras a subir ao castelo, um e outro acontecimento completamente distantes entre si. Para juntar à “festa”, andava uma equipa de filmagem (consta que para um documentário inglês) que comandava o ritmo da caminhada e das canções consoante melhor lhes batia a luz nas lentes das câmaras. Eu sei que elas ficam super orgulhosas e que documentar é importante (mesmo as Adufeiras de Monsanto que têm sido muito filmadas e gravadas ao longo do tempo). Mas enfim, não consigo deixar de me sentir incomodada com a falta de espontaneidade que estas coisas conferem aos acontecimentos com os “mais para a esquerda” ou “esperem aí, não atirem já o pote”, ou “olhe, desculpe lá, mas pode-se desviar daí?”, etc, etc. E foi mesmo à minha frente que o homem da câmara decidiu posicionar-se para filmar a queda do pote... deve ser verdade a expressão que diz que atraímos o que nos irrita, não? Claro que me concentrei no que queria, mas tudo isto junto deu-me uma
sensação estranha por estar a viver um momento muito bonito e pelo qual ansiava mas que, de certa forma, se parecia mais com uma coisa quase turística. Penso que tudo isto junto a somar ao facto de que a maior parte das adufeiras daquele dia, as que iam no grupo, trajadas a rigor, já não serem adufeiras locais mas sim repescadas aqui e ali, “as filhas das filhas”, deixava os olhos da minha querida Amélia muito tristes. Ela, a grande dinamizadora e líder do grupo, sente que as coisas estão a desaparecer e teme que um dia, com o seu desaparecimento, nada mais se faça. E todos nós sabemos que há sempre alguém que consegue essa árdua tarefa de aglutinar pessoas, e ela é uma dessas pessoas especiais, que foi buscar adufeiras a Lisboa de propósito para a festa. Com tudo o que relatei e olhando para os seus olhos, também eu senti essa tristeza pelo possível fim, e quase que visualizei esse fim à vista. Mas depois, uma memória preencheu o meu pensamento. Um dia, há anos atrás, justamente em Idanha-a-Nova, eu e a Lia Marchi (cineasta e pesquisadora brasileira) tivemos o privilégio de conhecer Benjamim Pereira (etnomusicólogo português) que, a propósito deste receio que temos de que algumas coisas que conhecemos agora desapareçam, disse: “O futuro? Não tenham medo do futuro". E quando ele, que já fez tanto, disse isto senti que a sua sabedoria me enchia de optimismo, não só no futuro, mas nas transformações que ele nos traz. Principalmente se participarmos activamente nessas transformações. E eu posso dizer, sem medo, que faço parte delas nem que seja porque, ao andar com as histórias e as canções a tiracolo para todo o lado que vou, elas saem do seu contexto. Mas não, não são cantadas a subir ao castelo, nem à porta da capela, nem com o traje vestido, muito menos em qualquer dia festivo ou de romaria. Mas não morrem, transformam-se, perduram no tempo e continuam a viver muitas vidas!
Por Hélio Ribeiro Festeiro 2013 Actualmente, as Sebastianas são as maiores festas de Verão do país com entrada gratuita e a única festa popular que é financiada, em grande parte, pelos habitantes de Freamunde que, graças a contributos pecuniários, em espécie ou em trabalho voluntário, conseguem assegurar mais de 50% do orçamento global. Estima-se que, durante toda a festa, passem mais de 120 mil pessoas por Freamunde, sendo este um dos maiores cartazes turísticos da região. A sexta-feira de Sebastianas é a noite de bombos, onde são tocados livremente por gente local e por visitantes. Na segunda-feira de Sebastianas, grupos de bombos concentramse para desfilar na Marcha. É uma das maiores concentrações de bombos livres em Portugal. A Marcha Alegórica, feita na segunda-feira de Sebastianas, era antes conhecida pelo nome de “Marcha Luminosa”, com carros alegóricos, escolas de samba, animações e grupos de bombos.
:6
Os carros alegóricos são totalmente feitos localmente, por grupos de voluntários e amigos das festas. É uma parte muito importante da festa que começou a fazer parte do programa em 1954, faz 60 anos em 2014. O Fogo-de-artifício é ao nível dos melhores no mundo, executado por empresas de pirotecnia premiadas internacionalmente, e pode ver-se no sábado e segunda-feira das Sebastianas. Ao fim de cada noite, como é tradição, a “Vaca de fogo” encerra cada dia de festa. Em registos históricos já aparecem em cartaz nas Sebastianas de Freamunde desde inícios de 1900, sendo esta a referência mais antiga conhecida em Portugal. Existem referências idênticas em Espanha sendo lá chamada de “toro de fuego”. No domingo faz-se Missa de festa e Procissão em honra a São Sebastião. O tapete da procissão é típico, feito em fitas de madeira aproveitadas das empresas de mobiliário da região que são pintadas de várias cores, e resultam num extenso tapete com vários motivos religiosos por toda a cidade. A origem da festividade é longínqua com manuscritos que remontam a 1895. Acredita-se que esteja associada a uma velha capela que teria existido em honra de São Sebastião, a qual deve datar pelos meados do século XVI ou, mais provavelmente, do
século XV e que teria sido derrubada para se erguer a Capela de São Francisco. Da sua existência, e respondendo a um inquérito solicitado, nos dá conta o Padre Lucas Gomes Ferreira, em 1758. Por outro lado, a crise do Séc. XIV e XV que abalou a Europa chegou a Portugal e teria dizimado uma grande parte da população. Que remédio senão recorrer aos santinhos, nomeadamente a São Sebastião, advogado da “fome, peste e guerra”? O tempo passa, o santo continua a proteger a terra, e a festa fica cada vez maior e muda-se para o segundo domingo de Julho, altura de dias mais longos e noites amenas. Faz-se então a festa de noite e de dia, e assim continua por muitos anos. Nos anos quarenta do século passado, e em plena Segunda Guerra Mundial, o bispo do Porto não autoriza que a Igreja faça festas nocturnas. Dizia ele que “a festa é cristã e não profana. A noite leva o homem ao pecado”. A festa foi interrompida em 1944. Dez anos passaram e, em 1954, um conjunto de freamundenses restauram a festa, desta vez com mais dias de festas e com a inovação da Marcha Luminosa. Cabe a sua organização a um grupo de homens de “boa vontade”, e a tradição diz que deviam ser todos casados, excepto um que podia ser solteiro mas ter mais de 30 anos. A comissão organizadora é nomeada sempre pela anterior, sendo o nome dos festeiros anunciados na missa de festa de domingo. A preparação dura todo um ano, para culminar num magnífico evento. Colaboram na organização várias associações e entidades do concelho.
:7
Por Paulo Taful Maestro , Montelavar É característica do povo desta antiga e mui nobre freguesia seguir em frente, independentemente das dificuldades. Guardar para o futuro e ter esperança. Eis o orgulho de ser saloio, de raça e de gema. Faz parte das tradições saloias, a festa em honra de Nossa Senhora da Nazaré, que se realiza de 17 em 17 anos. Montelavar viveu-as de 15 de Setembro de 2012 a 8 de Setembro de 2013. Um ano inteiro de mobilização das gentes desta freguesia. Eis um dos grandes valores desta tradição: congregar, juntar, trabalhar em conjunto. É costume ir buscar a pequenina imagem à freguesia que nos antecede, em cortejo de cavalos e várias atrelagens. A esse
:8
cortejo chamamos “círio”, que por norma é encabeçado pela charanga a cavalo da GNR, o que em muito enobrece o cortejo. De seguida, as charretes dos vários juízes, procuradores, escrivães e mordomos, com as respectivas insígnias dos diferentes cargos que ocupam na “hierarquia” dos festejos. Este cortejo também é conhecido pelo “Círio da Prata Grande”. Parte integrante do cortejo e figuras sempre acarinhadas por todos são os anjos, arautos (crianças), que cantam as Loas (Hinos de Louvor) à Senhora da Nazaré. Trajados a rigor, vestidos de azul e ouro, desempenharam o seu papel de forma exemplar. Ponto central e fulcral deste cortejo é a pequenina imagem, transportada em antiga liteira do séc. XVII, transformada em berlinda. Foi um ano diferente. Montelavar vestiu-se de gala para receber os milhares de pessoas que passaram pelas suas festas e os romeiros que visitaram a sua igreja – magnífico monumento de
Por Paulo Taful, maestro, Montelavar
Fotografia: Hugo Janota
interesse público, que comemora 500 anos da sua construção. Foi um ano diferente, de uma profunda importância e vivência religiosa, mas não menos importante na vivência da própria tradição. Um povo mostra a sua identidade através das tradições que tem e da forma como as vive. Terra com antigas tradições, nomeadamente religiosas, também a componente musical teve grande relevo com o grupo coral da igreja matriz e a antiga banda filarmónica com cerca de 123 anos de existência. E, quando vimos a imagem partir para a freguesia que nos precede, de novo em cavalgada, ficou a certeza de que demos e fizemos o que de melhor tínhamos para dignificar o nome tão antigo de Montelavar, cumprindo a tradição das festas da Senhora da Nazaré. Foi assim que Montelavar se dirigiu à imagem da Senhora da Nazaré:
Casto Lírio, doce rosa, Casta flor do meu jardim. Harpa de som, maviosa, Doce encanto és para mim!
:9
Por Liliana Araújo Bailarina, Braga Todos sabemos que as festas populares são, na maior parte das vezes, e segundo as descrições históricas locais, associadas à celebração de um santo padroeiro e à realização de uma feira. O que geralmente acaba por acontecer é que ninguém se lembra ou sabe dos santos, mas jamais se esquecem da festa. As Feiras Novas de Ponte de Lima são um desses casos. As celebrações em honra da Nossa Senhora das Dores celebradas desde 1826 por provisão régia de D. Pedro IV são pretexto para a maior romaria do Minho acontecer, sabiam? As Feiras Novas acontecem em Setembro (este ano de 10 a 15), em jeito de grande festa de encerramento das festas de verão. Ponte de Lima, enquanto vila cheia de orgulho da sua história, acolhe os seus visitantes como família. E por isso, é natural encontrarmos caras conhecidas no meio de milhares de pessoas e sentirmo-nos em casa. O que me encanta na história das romarias são as múltiplas possibilidades para as pessoas se encontrarem: as missas e procissões, os mercados, as bandas de música e os cortejos, as desgarradas e os bailes. Ao longo do tempo, o formato e os espaços da festa mudam, mas não tenho dúvidas que as experiências de quem por lá passa são partilhadas com as mesmas emoções e memórias de outros tempos. A modernidade e a tradição encontram-se de forma harmoniosa:
: 10
há DJ’s e concertinas, há discoteca ao ar livre na rampa da capela, há petiscos deliciosos com nomes insultuosos (vale a pena parar na Tasca das Fodinhas), há multidões de portugueses com diferentes sotaques e estrangeiros. A música é uma constante: de dia animam os cortejos e mercados; à noite as concertinas improvisam e dominam as ruas. A atmosfera que se cria entre curiosos, cantores, bailadores e músicos é contagiante. E torna-se irresistível entrar na roda para dançar um vira, uma chula ou uma cana verde, numa velocidade vertiginosa que os sábios da música e da dança não deixam travar. “Menina, não sabe dançar, sai da roda!” E tão rápido me seguram na cintura como me largam fora da roda. Há um ritmo a manter, uma espiral de movimento que não pode parar e que acompanha contraditoriamente a multidão atenta que se tenta deslocar (lentamente). E tão depressa sais da roda como queres voltar a entrar. Os bailes improvisados e as desgarradas duram horas a fio e são como jogos que todos querem vencer. Os músicos, no centro da roda, fixam-se na técnica de dedilhar a concertina dos mais experientes; os bailadores trazem o coração português nos pés e dançam como se quisessem voar em liberdade; os cantadores entregam a voz até o som se perder; e os curiosos deixam-se inebriar pelo movimento até que a multidão os desloque para outra espiral. E assim as noites nas Feiras Novas se transformam em dia num piscar de olhos. Os espaços da “vila mais antiga de Portugal” abraçam tudo isto numa combinação perfeita e os Limianos sabem bem como receber em sua casa.
: 11
Por César Prata Músico, Guarda Apesar do que consta por aí, a tradição ainda é o que era. As provas aí estão, à vista. Basta procurar, preferencialmente em locais mais recônditos e apegados à memória. Desde sempre que a festa do S. Brás, realizada nos Montes (um lugar com catorze habitantes situado na freguesia de Santa Maria, concelho de Trancoso), me seduziu. É uma festa genuinamente popular, sem atrações ou convidados, feita pelos grupos de bombos dos lugares vizinhos. Alguns desses grupos nasceram para participar na festa e não mantêm atividade regular durante o resto do ano. Por outro lado, é curioso observar a existência de grupos de bombos na região de Trancoso, afastada da zona de bombos por excelência (a Beira Baixa), distante da região do tamboril (Alentejo) e dos grupos de gaita-defoles e caixa (Trás-os-Montes). Como se explica esta tradição perfeitamente circunscrita num raio de poucos quilómetros? Alguns chamam à colação os celtas e as suas festas com bombos e caixas, instrumentos capazes de produzir barulheira suficiente para afastar os espíritos ruins; outros, defendem que onde há pastorícia há instrumentos feitos com a pele dos animais. Certezas, na verdade, não há. Disposto a conhecer melhor a festa, propriamente dita, vou ao encontro de José Luís Aguiar da Cruz Santos, um excelente cicerone e ótima companhia para uma tarde quente de princípio
: 12
de agosto. Nascido e criado na Quinta do Vale das Gralhas (próxima dos Montes), vem para os Montes aos trinta anos e logo começa a fazer parte da mordomia da festa. Hoje, aos sessenta e três, sente-se cansado e passou a incumbência a outros. Todavia, está sempre disponível para ajudar e ainda conserva a chave da capela. O dia de S. Brás festeja-se a três de fevereiro. Aliás, um ditado popular referente ao mês de fevereiro assim o diz: Primeiro jejuarás, segundo guardarás (2 de fevereiro era dia santo de guarda), terceiro dia de S. Brás. Na atualidade a festa realiza-se ao domingo e calha sempre entre o dia 3 e o dia 9 de fevereiro. S. Brás, um mártir cuja vida apenas é conhecida por narrativas lendárias e tardias, morreu em princípios do século IV (316) e foi bispo de Sebaste (Arménia). É o patrono dos cardadores de lã e o advogado da garganta (ainda há pouco tempo era possível procurar as melhoras para a garganta nos rebuçados S. Brás). No dia da festa cedo se ouve ao longe a voz grave dos bombos e o rufar das caixas. São as maltas (grupos de bombos) que se aproximam, cada uma acompanhada pelo povo da sua localidade: Vila Novinha, Venda do Cepo, Carapito, Rio de Moinhos e Miguel Choco. Cada malta chega à vez, percorre o itinerário do costume e, antes de poisar os instrumentos no local de sempre (cada malta tem o seu sítio definido há anos e anos), faz uma demonstração do seu valor: atroadas de caixas e bombos misturadas com vivas e gritos — quais brados guerreiros identificadores de um clã. Do itinerário faz parte a volta em torno da capela (realizada em silêncio e profundo recolhimento) e a subida ao cruzeiro do Senhor da Pedra. Conta a lenda que certo lavrador utilizou
para gradear uma pedra retirada do local onde atualmente se localiza o cruzeiro. No dia seguinte, para seu espanto, a pedra tinha desaparecido do local onde a deixara e, para maior pasmo, foi topar com ela no local de onde a tinha retirado no dia antes. Voltou a utilizá-la e o mesmo sucedeu. Outros lavradores da terra gradearam com a mesma pedra e o resultado foi sempre igual: a pedra, durante a noite, regressava ao mesmo local. Repararam, também, que as terras gradeadas com aquela pedra produziam mais. Então o povo resolveu erguer um cruzeiro no local e construir, mais abaixo, uma capela que, mais tarde, em 1863, sofreu uma intervenção com vista ao seu restauro e ampliação. Da pedra fizeram um crucifixo que ainda hoje se encontra na capela, do lado direito do altar. A festa do S. Brás sempre foi uma festa de rivalidades, local de resolução de desaguisados pessoais e de ajuste de contas. Era comum dizer-se: “no S. Brás resolveremos isso...” Animados por um copito e no calor do despique, não hesitavam em empregar na cabeça dos rivais os varapaus que levavam ao ombro. Hoje os romeiros continuam a fazer-se acompanhar por varapaus, mas apenas para lembrar a tradição. Os bombos, por sua vez, integravam também este quadro de disputas e rivalidades: tratava-se de ver quem tinha os melhores... e era tocar até romper (ainda hoje, na Beira Baixa, os tocadores exibem com orgulho as peles rasgadas por uma mocada mais violenta). Hoje os tempos são definitivamente outros: José Santos mudou a feira para um terreiro amplo, afastado da capela; há um parque de estacionamento organizado e as pessoas dos Montes já não vão a pé a Trancoso vender molhos de lenha para aquecer o inverno,
queijos de cabra e leite. Vamos agora à capela, senhor José Santos? A chave roda. Um som metálico e grave acompanha a preceito a abertura da porta. Para além da imagem de S. Brás surgem as imagens de Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora da Conceição, S. Sebastião e Santa Bárbara. Ao canto, do lado esquerdo, um ex-voto: uma vela enorme. Quanto a Santa Bárbara, vale a pena referir que existia alguma crença nas virtudes do sino da capela para fazer acalmar as trovoadas. Nos Montes existem ainda dois locais assinalados por cruzeiros. Era aí que, a seguir à Páscoa, se juntavam populações vizinhas para rezar as ladainhas. Procuravam, assim, espantar as pragas que ameaçavam as colheitas. Num local reuniam-se as pessoas de Rio de Moinhos, Sintrão e Castaíde. E noutro os grupos vindos da Venda do Cepo, Aldeia Nova, Aldeia Velha e Fiães. Uma forte religiosidade levava-os a percorrer quilómetros em busca de um sítio especial para as suas preces. Para assinalar tais locais o meu anfitrião resolveu fazer erigir cruzeiros novos. Senhor de uma sensibilidade natural para preservar e respeitar o antigo, conservou, porém, os antigos. É interessante encontrar alguém que valoriza o antigo por intuição, enquanto outros, com obrigações acrescidas, manifestam o mais cruel desinteresse. É nestas ocasiões que me apetece recordar o provérbio judaico que diz: O futuro pertencerá àqueles que tiverem melhor memória.
: 13
: 14
Por Artur M. Serra Cantautor e muitos afins, Lisboa Era assim, logo pela matina, as mulheres davam os últimos arrumos nas roupas de cerimónia, mesuradas na sua seriedade pela qualidade de vincos geometricamente perfeitos. Os homens da casa entrouxavam-se num canto onde do lavatório esmaltado, com alçado em ferro e espelho, um a um saíam de barba bem feita e invulgarmente perfumados. Assim era, num dia de Romaria em Fiães, freguesia de Valpaços, concelho transmontano. O povo erguia-se da noite com a premissa de pagar os pedidos realizados à Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Haviam deixado as grandes realizações nas mãos do divino e perante a materialização das suas aspirações o prometido era devido. Recordo que o meu pai cumpriu a promessa por ter voltado intacto da guerra do ultramar, que a minha mãe cumpriu a promessa pela saúde da minha avó, que a minha avó cumpriu a promessa pela saúde dos seus filhos, que eu cumpri as promessas que a minha mãe fez por mim, para que tivesse boas notas na escola. Cumpri mais promessas do que as que fiz. Sem saber, meteram-me nisto e a primeira vez que romei fui todo vestidinho de branco, imaculado, com umas asas alvas enfiadas nas costas e uma auréola a dançar sobre a minha cabeça. As memórias deste momento são escassas pois, para além da tenra idade, fiz o caminho de olhos quase cerrados pela luz intensa do verão, a reluzir no branco perfumado a sabão. Seguiu a vida e somaram-se novas promessas. Já rapazote, afastando-me da mais pura inocência, a das crianças, couberamme superiormente outras honras na romaria. A de maior destaque foi o lugar que me deram entre os adultos, pois o meu corpo de homem já medrava a olhos vistos, segurando uma das varas do pálio. Foi distinção importante… não para mim, mas para a minha família. Para quem não sabe o que é o pálio, é só imaginar uma carpete vermelha, uma língua de pano comprida, sustentada por seis varas a uma braça acima do chão. Serve somente para encabeçar a procissão ou, na verdade, gerar o milagre de dar sombra ao Padre e à sua comitiva. Pelas gotas de sal que me queimavam os olhos é fácil adivinhar que a sombra não estava ali para quem a carregava, mas isso faz parte dessa penitência, desse murmurar de passos a ritmar os cânticos, a fé, as preces e os ensejos. Ámen. Atrás do pálio, a Santa como que voava sobre todas as cabeças. Depois da Santa, a rainha, o seu povo e todos os que de vários cantos se acometiam à sua festa.
Estranhamente, devo dizer, julgo que a maioria dos seus crentes desconhece que a origem deste culto remonta ao velho Bizâncio. A única certeza é que aquela Senhora é a sua – talvez por assimilação de alguma divindade pagã local com esta imagem cristã, ou por outra coisa qualquer, não interessa a ninguém no povo – verdadeiramente. Uma nuvem de vozes, choros, precipitava-se na caminhada da Romaria, como a fuga do Egipto, num movimento de êxtase, na melopeia suave a chamar pela Mãe do Perpétuo Socorro. A festa da senhora da Perpétuo Socorro em Fiães decorre no início de Agosto, culminando no ciclo de novenas iniciadas, portanto, nove dias antes, pelas almas mais devotas. Ao nono dia segue a prece: “Quantas vezes, ó Maria, meu coração fica triste, atribulado, cheio de dúvidas, e angustiado. Isso acontece porque não me recolho no silêncio da oração, e nem procuro ver o que Deus quer de mim”. Entende-se que o pagamento dos milagres aproxima as gentes da sua fé, na procura da reconciliação com o Altíssimo, tendo maior representação no colectivo, abrindo-se à consciência de que, durante todo o ano, o mundano se foi sobrepondo ao espiritual, algo que o padre reforçou no final da Romaria com o sermão ao povo. Feita a reconciliação, a paz de Deus fez-se a paz dos homens, e a festa continuou com a pomposa Banda Filarmónica, com o Conjunto da bailarina de coxa grossa, com o nervoso leilão e o alegre bailarico. Caída a noite, levantou-se o diabo, o erro voltou a assombrar os espíritos deslizantes sob a vaidade, cedendo as gentes ao exibir dos melhores trajes, gabando a voz alta as maiores doações ao altar da Santa, mergulhando na gula e na carne. Ficava esquecida a máxima de que o pecado surge ao transpor o limiar para a margem sedutora do excesso e da gabarolice. Mas o pecado não faz mal. Tal como no rio de Boris Vian, no “Arranca Corações”, para o ano há mais romaria onde lavar as penas. Despeço-me destas memórias com o seguinte excerto da oração da Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, a qual se roga o seguinte: “Iluminai nossos governantes e representantes, para que sejam sempre servidores do grande povo de Deus. Se eu fui capaz de cumprir as promessas que não fiz poderiam ao menos, Senhora, outros cumprir as que fazem”.
: 15
Por Rui Costa Chef de cozinha, Serra da Estrela “Na visita pascal em Casegas tem de se comer e beber por atacado” Arnaldo Saraiva 1975 in “Procissão dos Bêbados em Casegas” de Luís Galvão Telles. Assim é de facto ainda nos dias de hoje nesta aldeia que recebe sempre bem, que por forças que nos são alheias, se pretende mais recôndita e sem identidade. A procissão dos bêbados trata-se de uma prática que se enraizou na aldeia de Casegas com a tradição das Boas Festas. As boas festas no interior constavam da visita do pároco da freguesia a todas as casas pela Páscoa. Quem desejasse “abrir a porta” por norma teria comes e bebes para quem entrasse, tremoços, pançudos, esquecidos, presunto, chouriça, queijo corno, toucinho, vinho, jeropiga, etc., etc,. Ao fim de tanta casa visitada, e à altura seriam cerca de dois mil habitantes, os mais ferranhos é que se aguentavam à bronca, reuniam-se no fundo do povo, à ponte. Daí partiam numa gigantesca procissão de gente ébria desde o primeiro ao último das filas entoando desafinadamente rimas boémias e cânticos jocosos e em relação às versões originais da igreja que eram cantados em latim pelo pároco e que ninguém percebia. Nos cafés ouve-se ao passar da procissão “Então, tu não vens?” Ao que se responde: “Naaah, hoje é para os amadores.” E segue a procissão em direcção à igreja com pinhas a arder em substituição das velas, acompanhada de alguns músicos da filarmónica tocando também eles desafinadamente Aleluias.
: 16
A procissão dos Bêbados antigamente culminava num sermão do pároco para os mais graúdos enquanto os miúdos em dia de fartura, também estes “azoados” pelo efeito das jeropigas e licores se refugiavam em locais mais recatados a repartir a “colecta”. Hoje, sem pároco a procissão resiste e continua a fazer-se anualmente, com menos participantes é certo, devido ao encerramento do interior, mas o vigor continua o mesmo. I a VI “Páscoa de Algum dia em Casegas” Locução do conterrâneo Arnaldo Saraiva e realização de Galvão Telles 1/6 https://www.facebook.com/photo.php?v=214635405229633&set=vb.1 00000495257937&type=3&theater
2/6 https://www.facebook.com/photo.php?v=214643261895514&set=vb.1 00000495257937&type=3&theater
3/6 https://www.facebook.com/photo.php?v=214648255228348&set=vb.1 00000495257937&type=3&theater
4/6 https://www.facebook.com/photo.php?v=215756675117506&set=vb.1 00000495257937&type=3&theater
5/6 https://www.facebook.com/photo.php?v=215779338448573&set=vb.1 00000495257937&type=3&theater
6/6 https://www.facebook.com/photo.php?v=216028841756956&set=vb.1 00000495257937&type=3&theater
: 17
Mesmo quando estou longe, chegado julho, sinto o cheiro da areia espalhada pelas ruas da minha cidade. Se fechar os olhos, consigo ouvir um paso doble; ver as janelas engalanadas, as mantas lobeiras sobre os parapeitos, as bandeiras agitadas pelo vento que foi transformando esta cidade, o fado dos marialvas, os toiros a correr no meio da gente, os campinos competentes e bravos e o cheiro inequívoco de uma festa popular que nasce de um assador de sardinhas.
Por Jorge Carvalho Vilafranquense, ribatejano e aficionado
: 18
Sou de Vila Franca de Xira e esse é o traço fundamental da minha identidade. Nasci e cresci com tudo isto debaixo da pele. Se o tivesse de simbolizar, escolheria a imagem de um campino, um toiro e a ponte que atravessa o Tejo para a lezíria. Se é verdade que a cultura popular e tradicional desta região já conheceu melhores tempos, enquanto a auto-estrada não fez desaparecer a ligação principal entre o sul e o norte do país, também é com alguma certeza que poderemos afirmar que se falarmos em Vila Franca por outras vilas e cidades portuguesas, há ainda um reconhecimento dessa identidade. A grande probabilidade será, até, ouvirmos de imediato alguém dizer “Colete Encarnado”. Criadas em 1932, no mesmo ano das marchas populares e de outras festividades desenhadas pela propaganda do Estado Novo, as Festas do Colete Encarnado cedo se tronaram num dos momentos mais singulares da cultura popular portuguesa. Em Vila Franca de Xira, celebrava-se, já desde o séc. XVII, a Feira de Outubro. Porém, o Colete Encarnado vai trazer algo que até
Fotografia: Jorge Figueira
então era uma prática pouco habitual: a homenagem ao Campino. Era fundamental criar a convicção nas pessoas que a festa era do povo e, para isso, nada melhor que enaltecer uma das suas figuras mais representativas, pelo trabalho duro e por transportar uma tradição de sentidos e emoções – a cultura do toiro bravo. Com o passar das décadas, as Festas de Vila Franca foram atraindo cada vez mais turistas e o seu sucesso ganhou uma dimensão nacional, indo ao encontro da relevância geográfica que tinha até à época. Mas, ao longo de todos esses anos, foi-se transformando e ficando umbilicalmente ligada a uma manifestação cultural de expressão popular. Assim, no primeiro fim-de-semana de julho, e ao longo de 3 dias, as ruas de Vila Franca de Xira enchem-se de areia, as portas de tertúlias tauromáquicas e casas particulares abrem-se aos visitantes, os toiros são largados ao longo de uma extensão de 1,5 km’s. Homens e rapazes correm atrás dos toiros em recortes espontâneos, desafiando a bravura e o sentido deste animal que entendem como seu. Por toda a cidade sente-se o cheiro da sardinha assada, ouve-se o som das guitarras a chorar de tristeza e alegria e o cantar ébrio e apaixonado de uma gente festiva. Ao soar do primeiro foguete, começou o Colete Encarnado. São largados os toiros. A cidade fervilha excitada. Depois do último foguete, recolhem os toiros e começa o desfile para a missa Rociera – um capricho andaluz. No Sábado, então, a homenagem com a entrega do “Pampilho de Honra” atribuído todos os anos
a diferentes campinos. Percorre-se a cidade, com a Banda Filarmónica do Ateneu Artístico Vilafranquense na frente do desfile, para um reconhecimento merecido. Para um ribatejano, a nobreza é isto. A Noite da Sardinha Assada, como é conhecido o serão de sábado, é um dos momentos mais emblemáticos das festas portuguesas. Por toda a cidade, os visitantes são recebidos com fraternidade e nunca lhes é negada uma sardinha, um pão e um copo de vinho. Sem abusos, meus senhores, sem abusos que os tempos estão difíceis. Canta-se o fado pelos becos, enchem-se os copos e os corações. Noite dentro. Pela manhã de domingo, resistem uns bravos na única espera de toiros vespertina. Prepara-se a tradicional dobrada e aguarda-se a corrida, pelas cinco da tarde. É naquela praça de toiros que a gente entusiasmada vai olhar em silêncio esse movimento perpétuo entre a vida e a morte, o bailado promíscuo entre um homem e um toiro. As sortes. Voltamos ao cais. Sempre o rio. É lá que vamos fechar a festa. É lá que nos juntamos todos para, então, depois de tanta azáfama, nos celebrarmos a nós. Mas, não nos esqueçamos, até à Feira é Colete Encarnado. Sejam bem-vindos. A minha terra também é vossa. Festas do Colete Encarnado: 4, 5 e 6 julho 2014
: 19
Por Suzana Faro e Joel Cleto (Joel CLETO e Suzana FARO – S. João de Arga, Caminha. De bem com o Santo e com o Diabo. O Comércio do Porto. Revista Domingo, Porto, 25 de Junho 2000, p.21-22.)
: 20
Definitivamente esquecido no tempo e quase perdido no espaço, o frondoso Santuário de S. João de Arga esconde-se num pequeno vale que contrasta com a monumental aridez das quebradas e dos planaltos da Serra de Arga que o envolvem. De origem muito remota, este antigo mosteiro beneditino é um dos que mais romeiros atrai, nestas terras do Alto Minho, particularmente nos dias em que a imagem do milagroso S. João d’Arga é venerada: a 24 de Junho e a 28 e 29 de Agosto. Nesses dias os numerosos peregrinos e devotos, muitos dos quais pernoitam no recinto, dão voltas rituais à capela e fazem oferendas a S. João Baptista, advogado das doenças. Mas, não vá o diabo tecê-las ou, como dizem, “para que o diabo os não impeça”, a maioria deixa também esmolas na imagem de um infeliz e desesperado Satanás espremidinho pelos pés de S. Miguel.
Qualquer ranhura na imagem de S. Miguel ou a própria mão do demónio, calcado e trespassado por uma lança daquele santo, são sítios onde, desde há séculos, os romeiros que se deslocam até à capela de S. João de Arga deixam esmolas ao diabo. Reflexo do medo que o camponês do Alto-Minho sempre teve dos poderes do mal (e são muitas as histórias nesta região relacionadas com bruxas e manifestações diabólicas), esta é uma ”interesseira” ou pragmática atitude, visando que o diabo “o não impeça”. É, no entanto, o padroeiro do antigo mosteiro, S. João Baptista, o centro das atenções no santuário. Considerado nestas terras de Riba-Lima e Riba-Minho como o advogado das doenças que atingem as pessoas, é ele que está na base das ofertas que são feitas durante as festas e do pagamento de promessas que então os romeiros fazem, dando contínuas voltas rituais à capela, em pé ou de joelhos, por vezes segurando imagens sacras ou outros objectos, num percurso definido por uma série de pedras que se encontram espetadas verticalmente no solo. […] Após muitas alterações físicas e estruturais, o recrudescimento e popularidade que as romarias registam no século XVIII motivaram obras de reforma na capela e a posterior construção, em típica arquitectura popular de dois pisos, dos dois albergues de apoio aos romeiros que se encontram dispostos frontalmente à capela. Localizado em pleno coração da belíssima Serra de Arga e isolado de qualquer povoação, não é contudo difícil atingir o Santuário de S. João de Arga. Apesar da serra apresentar vários estradões que a ligam a Viana do Castelo ou a Ponte de Lima, recomendamos
para quem aqui se quiser deslocar de automóvel o acesso pela IC1 até Caminha. Aqui chegado deverá tomar a Estrada 301 em direcção a Paredes de Coura. No entanto, cerca de quatro quilómetros depois deverá prosseguir, à direita, pelo desvio relativamente bem sinalizado para a Serra de Arga. Iniciada a subida, que tão próximo do litoral o fará ultrapassar os 700 metros de altitude permitindo admiráveis panorâmicas, surgirão outros desvios e entroncamentos devendo o leitor seguir sempre as indicações de S. João de Arga ou Arga de Baixo. Depois de passar pela primeira destas povoações deverá prosseguir com cuidado, não só porque os planaltos desta serra convidam à contemplação, mas também porque se aproxima agora do objectivo da viagem. Encaixado numa pequena plataforma banhada pela ribeira de S. João, o santuário desenvolve-se numa área coberta por pinhal junto a uma encosta de acentuado pendor. No estradão uma placa indica o pequeno desvio que acede ao monumento. […] Para saber mais: Carlos Alberto FERREIRA DE ALMEIDA - “Alto Minho”. Lisboa: Editorial Presença, 1987. (Novos Guias de Portugal; 5). p. 61,154-155. Ernesto Veiga de OLIVEIRA - A Romaria de S. João D’Arga. “Geographica”. Lisboa. 7 (28), 1971. p. 3-15. Jorge RODRIGUES – A arquitectura românica. In Paulo PEREIRA (dir.) – “História da Arte Portuguesa”. S.l.: Círculo de Leitores, 1995. ISBN: 972-421143-6. vol.1, p.204 e 225. José Augusto VIEIRA - “O Minho Pittoresco”. Lisboa, 1886. vol. 1, p. 175.
ENTREVISTAS Duas entrevistas que revelam o estado da arte da música de raiz e da profissão de músico em Portugal. Vasco Ribeiro Casais (Identidades) desafia os músicos Júlio Pereira e António Serginho a falar da sua profissão em discurso direto, confrontando duas gerações separadas pelo tempo mas unidas pela paixão à música. Paulo Pereira (Identidades) entrevista Artur Fernandes a pretexto dos 25 anos do grupo “Danças Ocultas”, desvendando a evolução desta formação que se expressa entre o erudito e o tradicional ao longo do último quarto de século.
: 22
JÚLIO PEREIRA e ANTÓNIO SERGINHO
: 23
Identidades - Como despertou o teu interesse pelas músicas de raiz? Júlio Pereira - Foi um processo natural (dos meus 20 aos 30 anos) que surgiu das colaborações com os nossos mais importantes Cantautores. Cada um deles estava, de uma maneira ou de outra, ligado à música de uma qualquer região do País. António Serginho - Deduzo que no termo “músicas de raiz” queiram englobar duas coisas que, no meu olhar, são distintas. Primeiro, a cultura musical de um povo, de uma determinada região geográfica e num determinado contexto social, vulgarmente chamada de música tradicional, onde todos participam, sejam músicos ou não. Segundo, a música feita exclusivamente por músicos, bandas e/ou conjuntos organizados, que reproduz tradições antigas ou faz novas criações inspiradas pela música popular. Bem me podia alongar mais a tentar entender as diferenças e semelhanças entre uma e outra. Respondendo à pergunta, sinceramente, é-me difícil especificar como surgiu esse interesse. Lembro-me de achar muita piada ao “Malhão Malhão” e de ficar siderado a ouvir uma cassete do Zeca Afonso enquanto criança; lembrome de não gostar nada dos ranchos folclóricos quando adolescente (e agora gosto muito!); lembro-me que os ritmos dos Zés Pereiras não me enlouqueciam como os do rock n’roll, mas que continham uma carga misteriosa por decifrar. Nos últimos 10-12 anos este gosto foi alimentado por uma procura de concertos, vídeos de recolhas e discos de grupos folclóricos e de artistas que desenvolvem a linguagem musical portuguesa. Talvez por em criança ter ouvido tanta música anglo-saxónica, quando cresci tive a necessidade de procurar música fora dessa gaveta. Além da música portuguesa, adorei descobrir o afro-beat da Nigéria, o gamelão da Indonésia e o blues do Mali, por exemplo. I - Qual o teu percurso enquanto músico no respeita à formação? JP - Sou autodidacta e toco desde os 7 anos. Comecei a tocar bandolim.
: 24
Troquei-o pela viola aos 10. Fui músico de rock. Quando tinha 17 anos comecei a interessar-me por composição. A partir do ano da revolução de 74 (tinha eu 20) adquiri muita experiência com estúdios de gravação o que me permitiu – muito jovem – produzir na totalidade vários discos de outros Artistas para além dos meus. Aos poucos, dado que tinha uma aptidão natural por instrumentos de corda, fui descobrindo instrumentos diferentes o que me fez afastar gradualmente da viola. Com 25 anos tentei ir para o Conservatório – fui a uma aula apenas – pois naquela altura não se atribuía qualquer equivalência académica a toda a experiência que já tinha adquirido e teria que começar do zero. Lembro-me de uma dia sair do estúdio onde tinha gravado um tema da minha autoria e dirigido a secção de cordas da orquestra da Gulbenkian – a primeira partitura que escrevi – e ir de seguida para a aula do Conservatório aprender o do, ré, mi…
JP - No meu caso foi possível pois sou multifacetado. Até um passado recente a indústria discográfica proporcionava uma dinâmica de rentabilidade. Podia exercitar – como músico – ser instrumentista, autor e produtor. Da minha e da música dos outros. Hoje em dia esta questão é grave pois a prática da Música está indiscutivelmente abandonada pela Política. Esta, serve-se da Música (é boa para angariar votos), mas evita a questão da sua sobrevivência.
AS - Comecei a estudar música muito pequenino, ainda antes da escola primária! Cronologicamente, estudei no Grupo Musical Estrela de Argoncilhe, estudei guitarra clássica na Tuna Esperança de Santa Maria de Lamas e Academia de Música de Espinho, e estudei percussão clássica na Escola Profissional de Música de Espinho e ESMAE – Escola Superior de Mésica e Artes do Espectúculo (esta é a minha oportunidade de divulgar esta linda gralha presente nos telefones públicos da dita escola). Participei também no IV Curso de Formação de Animadores Musicais liderado por Tim Steiner e promovido pelo Serviço Educativo da Casa da Música, que me abriu muitas portas para o trabalho que faço actualmente. Além do percurso académico, não posso deixar de referir alguns músicos com quem trabalhei fora das escolas ao longo dos últimos anos e que me fizeram ver novas maneiras de fazer música: Peixe, Nicô Tricot, Nuno Prata, Manel Cruz e Bernardo Sassetti.
JP - Cada vez mais aparecem jovens interessados e motivados. Dá para perceber que cada vez mais existe uma dinâmica de recuperação de instrumentos tradicionais – sob o ponto de vista da prática desses instrumentos mas também do ponto de vista académico. Há jovens a mexerem-se eficazmente na elaboração de projectos que visam a introdução dos instrumentos tradicionais nos Conservatórios. Nos últimos anos temos assistido à recuperação, revitalização ou evolução de instrumentos como a Guitarra Portuguesa, a Gaita-de-foles, a Viola Campaniça, a Toeira e a Beiroa, o Cavaquinho, etc. E, ponto importante, os músicos são cada vez melhores.
I - É possível viver apenas da música em Portugal, apenas dedicado aos discos e concertos?
AS - Sim, é possível! De momento eu não o faço porque também me ocupo com um projecto social onde dou aulas a crianças e jovens, mas já tive uns 4 ou 5 anos onde apenas fazia concertos (mesmo os discos, foram poucos). Na verdade, até ganhava mais dinheiro do que hoje em dia... I - Na tua opinião qual é o atual estado das músicas de raiz em Portugal?
AS - Com tanta informação à mão de culturas diferentes, mas principalmente com uma abusada massificação da cultura medíocre da televisão, para muita gente a raiz não existe. Tudo o que tem alcance é a pop de encomenda, feita com o propósito de distrair e não de cultivar. Há que fazer chegar a todos a cultura popular, criá-la de novo onde ela já não existir. E nesse campo, aqui vai um grande viva para todos os que continuam a esforçar-se por preservar e inovar dentro da linguagem
que as gerações anteriores criaram. E considero muito saudável ver cada vez mais gente interessada neste tipo de música, principalmente crianças e jovens que já não têm o mesmo preconceito que a minha geração em relação à música “dos velhotes”. I - Quais os projetos que desenvolves neste momento? JP - Nunca estive tão motivado como agora. O universo do Cavaquinho é tão grande e curioso que me está a preencher a vida. A AC Museu Cavaquinho está a dar os passos necessários que visam a boa preservação da prática deste instrumento quer do ponto de vista da história deste instrumento – a necessária investigação musicológica, quer do ponto de vista da aprendizagem – juntar a comunidade académica com vista ao desenho de um curso, quer ainda do ponto de vista da sua prática – proceder ao inventário de todo este mundo e, com ele, ir definindo os passos seguintes.
novos discos com abordagens diferentes. Criar concertos que visem a difusão dos vários cavaquinhos do mundo contrastando com os nossos. Criar condições para que construtores deste instrumento aprendam com os melhores e, sobretudo, criar condições de defesa da sua profissão. Criar condições de procura para que nunca mais se entre numa loja de instrumentos musicais em que não esteja um cavaquinho. Enfim, honrar a grandeza deste pequeno instrumento andarilho. AS - Acima de tudo, gostaria de ver os Retimbrar crescer, de cimentar a nossa escola e oficina de construção de instrumentos, e de criar mais música excitante e inspiradora para as novas gerações. I - Das gerações mais antigas, qual o teu músico/grupo português favorito? E das mais recentes?
I - Que projetos gostarias de desenvolver no futuro?
JP - O facto de ter colaborado com os nossos mais importantes Cantautores permitiu-me viver, sendo apreciador deles, situações musicais únicas. Destaco, por motivos óbvios a minha colaboração com José Afonso (não só pela intensidade do trabalho como pela duração). José Mário Branco, Fausto, Sérgio Godinho, Carlos Paredes, Vitorino são músicos excepcionais. Todos eles deixam um património musical de inequívoco respeito e amor pela Língua e História social portuguesas, pelas nossas tradições e algumas canções e peças que serão eternas. Não tenho o hábito de ouvir música e assim prefiro não indicar nomes de agora pois iria de certeza omitir ou esquecer alguns.
JP - Um amigo meu costuma dizer: “tenho mais projectos na cabeça que os anos que me restam de vida”! É de facto assim. Acrescido do facto de, para além de músico, hoje sou também presidente de uma Associação. Sendo vasto o universo do Cavaquinho como disse tenho “n” coisas que nunca fiz e gostaria de realizar. Promover o Cavaquinho no estrangeiro. Criar um método para este instrumento. Juntar as cidades, transversais à prática do Cavaquinho, num grande projecto nacional. Produzir
AS - Em criança adorava os Xutos & Pontapés, e ainda hoje sou, confesso, fã dos seus primeiros 10-15 anos de carreira. Mas é sem dúvida o Zeca Afonso aquele que mais me toca ainda hoje, e vai continuar a tocar. Também tenho muito respeito pelos trabalhos do Sérgio Godinho e do Fausto. Das gerações mais recentes, sem dúvida que os Ornatos Violeta mexeram muito comigo, desde que os ouvi pela primeira vez em 1997. Dos últimos anos, a maior surpresa que vi aparecer no panorama português foi
AS - De momento, continuo a trabalhar com os Retimbrar, estamos a preparar um disco para sair ainda este ano e vou formando pequenos retimbraleiros nos projectos sociais onde trabalho, nos bairros do Cerco (Porto) e Vila d’Este (Gaia). Além disso, toco há uns meses com os Malagueta, um projecto pop-rock-picante com alguns elementos da minha primeira banda.
o B Fachada. É provavelmente o artista mais controverso de sempre, e eu estou do lado dos que o admiram. Considero-o um criador superior, e adoro a sua atitude de fazer as coisas como lhe apetece, não estando preso a estilos ou modas. I - Como vês o futuro da música? JP - Com apreensão. Se os sistemas políticos continuarem a encarar a Cultura como coisa menor na Economia, a Europa vai ter uma crise maior do que esta que vivemos. Se a Europa não agarrar de vez questões como o direito de autor, a prepotência e impunidade dos operadores de comunicações e não analisar as consequências que advieram da digitalização dos conteúdos fabricados pelo homem (neste caso, o Criador), o mundo ficará de uma pobreza sem limites. A verdade é que o escritor não morre. Mas as livrarias vão fechando… Cada vez há mais e melhores músicos interessados pela nossa Cultura. Mas o espectro nacional a nível de radiofonia mostrará seguramente uns 80% de divulgação de música anglosaxónica…O nosso País é pequeno. O músico formado academicamente corre um risco… sem possibilidade da prática do seu instrumento, terá que dar aulas para sobreviver. E o músico, sem formação académica vive exactamente o mesmo…O problema é portanto político. Se não cuidarmos do que temos que teremos para trocar com o mundo…? Não é possível continuarmos a encarar a evolução do homem com base na carolice de alguns… AS - Vejo que, ao continuar a desmanchar-se a educação e a cultura em Portugal, e se se continuar a investir no entretenimento oco, a música vai tornarse apenas um adereço, uma futilidade, um mero enfeite para as vidas de uma grande parte da população. Que desperdício! A música é um dos mais poderosos meios de comunicação e é urgente tratá-la com respeito. É preciso investir na arte (não só na música) e nos seus verdadeiros artesãos para que estes possam, com dignas condições, criar objectos artísticos com conteúdos de interesse.
: 25
: 26
I - Ainda vale a pena lançar discos em formato físico? JP - Vale. Acredito que o objecto tem o seu valor eterno. Adquirir um objecto que gostamos inscreve-se na memória. E a memória é o que nos dá a felicidade de existir. AS - Acho que sim, pelo menos eu ainda vou comprando alguns. Embora o formato digital tenha uma força esmagadora, o objecto nas mãos de um apreciador ganha um encanto com o passar do tempo que é incontornável. I - Na primeira década deste século houve um grande interesse sobre as músicas do mundo e de raiz. Achas que esse interesse ainda se mantém ou as coisas já resfriaram? JP - Manter-se-á seguramente. Porque é salutar a prática da troca. O conceito de World Music é, hoje, provavelmente o que mais provocará a surpresa. O não-esperado. O que todo este tempo provocou foi uma “filtragem” de qualidade. É bom recordar que o menos interessante deste universo foi um exagero de produtos híbridos… Sentirmos que estamos a ouvir algo que não é carne nem peixe… AS - Acho que, dada à quantidade de festivais de música folk, o interesse continua de pé! É preciso é continuar a alimentar o interesse com música que o justifique. I - As músicas de raiz representam um nicho no que diz respeito à indústria musical. Achas que poderiam passar para o mainstream? Se sim, de que forma é que se conseguiria fazer isso? JP - Aquilo que apelidamos de mainstream é um resultado-produto do próprio capitalismo. Se este dita as regras pelas quais a Europa e o mundo se vão regendo, o resultado não poderá ser outro. Penso ser errado podermos sequer falar em comparação. Não se pode comparar uma música massificada com
uma outra qualquer música alternativa. Assim, os “mercados” – os públicos – terão sempre uma correspondência social com o género musical em questão. Voltando à pergunta, e deste modo, neste regime vigente económico-social, só excepções poderão eventualmente ocorrer. AS - De certa forma, já alcançou o mainstream. Veja-se o exemplo da Ana Moura, Deolinda, Camané, Gisela João, por exemplo. Mas será sempre uma luta difícil, principalmente porque nos últimos anos a indústria faz questão de promover os conteúdos mais fáceis de globalizar, com linguagens muito pobres. Mas há muito mais para fazer, além de alcançar o mainstream, como por exemplo combater o enorme preconceito de que os instrumentos tradicionais são estranhos e que os iPads é que são fixes. Há que continuar a fazer trabalho com as gerações mais novas, mostrar-lhes a riqueza cultural do país. Pode ser que quando cresçam criem e consumam mais música tradicional, mesmo que o mainstream continue a promover música chiclete – mastiga e deita fora.
I - Como te descreves enquanto artista? JP - Empenhado, responsável, teimoso e estupidamente perfeccionista. AS - Provavelmente, a pergunta mais difícil desta entrevista! Essa é uma procura que ainda não estou certo da resposta. Descobrir o meu maior potencial e desenvolvê-lo é um processo com muitas dúvidas. Mas tenho tentado seguir os meus instintos e dado ouvidos a incentivos de pessoas próximas. Posso afirmar que procuro desenvolver linguagens simples com as quais consiga obter resultados artísticos profundos, com vista a facilitar a criação, a execução e o prazer musical para aqueles que me rodeiam. Parece complicado, né? Essa talvez seja a minha maior missão: ajudar a fazer vibrar tanta energia que anda por aí escondida.
I - Que conselho deixas para quem se está a iniciar na música e, principalmente, neste tipo de música? JP - Tocar, tocar, tocar, viajar, conhecer, ler, ver e aprender com os outros. AS - Ouvir muita música com paixão e acreditar que se é capaz de concretizar o que se sonha. Quanto a escolas de música, é um pau de dois bicos. Já conheci muitas pessoas que foram completamente castradas criativamente numa escola clássica, outros perderam todo o entusiasmo devido aos métodos arcaicos utilizados, por isso há que ter cuidado com isto e pedir opiniões a vários músicos antes de decidir. Pessoalmente, sei que a minha evolução passou pelas escolas, mas principalmente pelos momentos em que me cruzei e toquei sem complexos e sem regras com as mais variadas pessoas, muitas delas sem nenhum conhecimento teórico-musical.
: 27
25 anos de DANÇAS OCULTAS Identidades - Qual a origem do grupo e qual a motivação para formar as Danças Ocultas? Artur Fernandes - Em primeiro lugar, antes de formarmos a banda já éramos amigos, o que é natural num meio pequeno como é o caso da cidade de Águeda. No entanto, o processo começou pelas aulas de concertina que comecei a dar, onde os membros da banda eram meus alunos. Dois dos alunos, o Filipe Cal e o Filipe Ricardo, iam com o grupo de folclore ao Canadá, e eu tive de prepará-los. No âmbito desses ensaios, ficávamos no fim a experimentar umas
: 28
coisas e, de repente, aquilo começou a ficar engraçado; chamei o Chico que era um ano mais velho que eles para se juntar também, e assim se formou a banda, respondendo também a uma vontade que já vinha de trás (nesta altura eu tinha 23 anos) de fazer qualquer coisa de diferente com o instrumento. I - As primeiras peças já eram vossas? AF - Não havendo repertório, eu tentei não pegar no folclore que se tocava em Águeda. Peguei numa tarantella italiana, na Aquarela Brasileira de Ary Barroso,
no don’t cry for me Argentina de Andrew Loyd Weber, e logo a seguir em algumas transcrições de musicas clássicas como a ária da suite em ré de Bach; esta formação é inspirada nos quartetos de música câmara com que contactei no conservatório. Apesar dos instrumentos serem todos iguais, houve a preocupação de dividir as funções de cada, à semelhança de um quarteto de saxofones, instrumento que estudava em Aveiro. I - Nestes 25 anos, quantos trabalhos editaram e qual o historial da banda?
tempo, por uma feliz coincidência, em 1987 fiz serviço militar com o Rodrigo Leão. Foi exatamente na altura em que os Madredeus estavam a começar e, através do Rodrigo, conheci o Gabriel, acordeonista da primeira formação desta banda. Quando os Madredeus vinham tocar na zona de Aveiro, mostrava-lhe sempre o que estávamos a fazer com o quarteto de concertinas. Em 1993, fomos convidados para tocar duas músicas com eles e, no hotel, gravámos uma maqueta com o Gabriel, ainda com poucos originais. Passado um tempo, o Gabriel telefona a dizer para avançar para a gravação de um disco, mas que teria de ser apenas música nova, material inédito. Assim, o grande impulsionador do nosso projeto foi o Gabriel e, em meio ano, todos os temas do primeiro trabalho foram compostos, com exceção de duas músicas que vinham de trás (“concerteza” e “moda assim ao lado”, esta última inspirada na “moda da carrasquinha”). Nesse primeiro repertório, havia um problema recorrente nas primeiras composições: as músicas tinham muitas partes, sempre com muitas mudanças, um bocado para o show off; então o Gabriel levou-nos para casa dele uma semana, baralhou os arranjos todos e de 4 músicas que tínhamos fizemos 8, numa linguagem mais pop onde um andamento fixo é um tema, um balanço específico é uma música isolada. Desse facto curioso nasce o nome do grupo, porque havia uma música que tinha o título “danças ocultas” que tinha a “dança I” e a “dança II”. O Gabriel separou o tema e fez duas músicas, e fomos buscar o título desta suite para o nome da banda. AF - Nesse primeiro ano, o objetivo era experimentar tudo sem preconceitos, com uma única exceção: não tocar folclore português. Justifica-se por uma questão muito forte para mim: eu tocava o mesmo instrumento que o meu pai, e no meio folclórico todos me diziam que o instrumento era limitado, que não dava para tocar tudo. Assim, este projeto foi uma tentativa de provar que estavam enganados, que a limitação não estava no instrumento mas sim na cabeça das pessoas. Entre 1989 e 1991 foi então a fase exploratória de experimentar tudo; em 1991 entrei na licenciatura em composição, e a primeira conversa que tive com o meu professor, João Pedro Oliveira, compositor consagrado da atualidade, foi explicar que instrumento eu tocava, e o desafio que ele me fez foi começar a fazer originais para o instrumento. Ao mesmo
I - Chegaram a tocar com partitura? AF - Nunca, sempre de cor. I - E a vossa linguagem específica, como foi construída? AF - Na busca da linguagem musical houve um concerto do Riccardo Tesi no “Viva à Rua”, em Évora, que foi fundamental. Nesta época eu não conhecia o que se fazia com o instrumento fora de Portugal. Quando vejo o Riccardo Tesi a fazer aquele tipo de abordagem (a que Riccardo chama de “etnia imaginária”) fico deslumbrado. Essencialmente o que me fascinou foi a beleza dos tempos lentos e a expressividade. Ele deu-me uma série de contactos e começo a ter a perceção que na Europa a concertina é um instrumento de solista e de virtuosismo. E nesse sentido o que pensei foi que tinha de fazer uma coisa alternativa, pegando no lado expressivo e emotivo do
instrumento. Muito conscientemente, o repertório do primeiro disco foi pensado com esse objetivo. Por outro lado, do ponto de vista harmónico, o que eu tentei evitar foi o sistema tonal, ainda nessa altura, de uma forma muito ingénua. I - Nessa abordagem modal, baseaste-te na nossa identidade ou reinventaste uma linguagem própria? AF - A perceção do uso do modalismo que eu primeiro comecei por experimentar (conhecia pouco espécimes mais rurais, mas conhecia o que o Zeca Afonso tinha feito), foi fazer progressões sucessivas de graus de acordes, fazendo ciclos harmónicos viciosos, por exemplo, com o 1º, 2º, 3º e 4º graus, não saindo do modo e evitando cadências com graus afastados. Assim, mantinha-me sempre no mesmo modo, evitava o sistema tonal não usando a dominante, nem saltos grandes de graus, o que acaba por ser uma descoberta e uma construção própria. I - Tiveram outras influências estrangeiras? AF - Todas as influências (bretões, bascos, franceses, irlandeses) serviram para me balizar, para dizer “não é por aí que eu vou”, e assim fomos descobrindo o nosso caminho. I - A vossa música é portuguesa? AF - Quando estamos a criar não escolhemos determinada nota ou acorde por serem mais portugueses, mas ao nível das emoções que a música pode ressaltar isso pode acontecer. Obviamente há algumas conduções melódicas ou ritmos que são de influência portuguesa. Mas não fazemos opções musicais para que seja mais português; resulta assim porque efetivamente somos mesmo portugueses. Uma coisa muito interessante, e se calhar uma das que mais nos agrada quando nos apresentamos lá fora, é o quebrar de dois tabus: virmos de Portugal e não tocarmos fado, e tocarmos um instrumento que todos os países conhecem da sua própria cultura (num contexto mais festivo), de uma forma inovadora, com uma postura mais formal e uma estética sonora mais adequada a salas de concerto e teatros.. I - A vossa postura cénica foi uma preocupação desde o início? AF - Na questão cénica mais uma vez o Gabriel fez um trabalho fantástico, já que se preocupou em pegar num material em bruto e em obter um produto que não caísse num universo que não se
: 29
pretende. Para isso foi fundamental ter uma empresa de management e agenciamento; a questão cénica, por indicação do Gabriel, era importante, pelo que passámos a trabalhar com uma empresa de gestão de carreira (O Acaso) que levou à criação de uma equipa com técnico de som e de luz. Uns anos depois prescindimos dos serviços de O Acaso, quando entendemos o que precisávamos para a nossa evolução. I - Onde se enquadra a vossa música? AF - Após as primeiras internacionalizações, e depois de perceber o tipo de reação do público e dos programadores, a dispersão de possibilidades de comunicação começou por ser uma aposta consciente: na área da música de raiz, pelo instrumento; na área das novas músicas, pelo repertório; na área pop, pela postura. O nosso instrumento é de raiz, mas o repertório é inédito, o que nos permite estar tanto em festivais Folk, como em festivais de novas músicas ou de música erudita, o que nos torna mais versáteis e camaleónicos e com acesso a mais mercados. Por outro lado, as colaborações com o acordeonista Pascal Contet, com a dança (companhia Paulo Ribeiro e ballet Gulbenkian) e, mais recentemente, com as músicas Maria João e Dom La Nena e com a Orquestra Filarmonia das Beiras, permitem diversificar a nossa atividade: não havendo concertos numa área há noutra, o que permite equilibrar a agenda de concertos.
: 30
I - Porque se mantiveram os 4 e com o mesmo tipo de textura sonora ao longo de 25 anos? AF - Por um lado, somos amigos desde sempre, por outro lado, até este momento o grupo esteve sempre em ascensão. Essa perspetiva, sempre em crescendo, manteve a banda original. Por outro lado, apesar de nos últimos anos haver pessoas a tocar o instrumento de forma interessante, aqui há uns anos atrás isso não acontecia. Por essa razão, nós não tínhamos um substituto possível para os músicos dos Danças Ocultas. Finalmente, as propostas musicais e a especialização de cada um de nós transformou-nos em pedras angulares do projeto. Por exemplo, o Chico, entre nós, é tratado por “Chico Notinhas”; ninguém como ele consegue meter uma notinha no sítio certo em contraponto como ele faz. Por vezes quem tem mais formação não é quem tem mais musicalidade. I - Há uma tendência em adaptar a sonoridade ao que o mercado quer, como por exemplo no mercado emergente da música do mundo. Qual a vossa experiência? AF - A nossa vontade sempre foi que a nossa presença em palco fosse vista como uma presença idónea, calma, de alguém seguro do que está a fazer, vestido de uma forma descontraída, mas com algum formalismo, passando a imagem da credibilidade, longe do traje folclórico e da descontração habitual nas músicas do mundo. I - A vossa comunicação com o público passa mais pelo instrumento do que pela conversa? AF - São raros os concertos em que se chega a falar, apesar de termos sempre um microfone pronto para isso. Nós preferimos não falar, até porque gostamos que haja algum mistério, que o público venha a encontrar essa comunicação nos sentimentos expressos pelos instrumentos. Muitas vezes, no final dos concertos, vêm-nos falar do fascínio pela nossa linguagem gestual e olhares cúmplices.
I - Ao longo destes 25 anos têm quatro discos editados e duas coletâneas. Claramente não há aqui nenhuma cedência à urgência do mercado em ter novidades. AF - O primeiro disco “Danças Ocultas” foi gravado em 1994 e editado em 1996; o 2º disco “Ar” foi editado em 1998 mas reflete 4 anos de trabalho; sai uma coletânea na França, “Travessa da Espera”, com estes dois trabalhos, e é essa coletânea que começa a suportar o primeiro circuito internacional. Em 2004 surge o “Pulsar”, e em 2009 o “Tarab”, com mais uma coletânea em 2011, “Alento”. I - Quem foram os compositores dos vossos álbuns? AF - O primeiro disco foi composto por mim, mas logo na preparação do segundo disco os restantes músicos começaram a trazer materiais para se compor em oficina, o que resultou na inclusão de um tema de cada um dos outros membros. A partir daí todas as composições são assinadas em coletivo: eu posso levar uma célula rítmica ou uma sequência harmónica, e depois montamos e arranjamos o tema em conjunto, e compomos tudo coletivamente. I - Como aconteceu a internacionalização? AF - Em 1996 O Acaso começou a enviar informação para Bélgica, França e outros países. Muito desse trabalho só começou a ter resultados em 2003, 2004. A primeira vez que tocamos fora foi em 1998 e fizemos 3 festivais em Espanha, e um festival em Marrocos. Houve também um fotógrafo alentejano que nos deu a conhecer a um agente francês que gostou muito do nosso trabalho, e que organizou várias tournées em França até 2004. Depois de 2004, houve uma agente austríaca que esteve em Águeda e que nos levou a um festival na Áustria contribuiu decisivamente para o grande crescimento. E em ascenção todos os anos com mais concertos, o ponto alto aconteceu no Womex, em 2010, onde fomos selecionados para o concerto de encerramento numa sala com 1700 lugares para profissionais na área das músicas do mundo. Hoje ainda temos concertos a ser marcados que resultaram desse evento, em Outubro próximo, na Sala de Música de Câmara da Filarmónica de Berlim. O nosso público é o público fidelizado dos Teatros e Festivais, no entanto já vamos notanto o crescimento de um público fidelizado às Danças Ocultas. Na Alemanha, Bélgica,
França e Áustria é normal aparecerem portugueses de 2a geração nos nossos concertos. I - Vendo os prazos com que as coisas aconteceram, podemos daqui retirar que os resultados só se conseguem depois de muitos anos de investimento e que é necessário investir para obter um retorno? AF - Sim, e uma ilação que podemos retirar é que foi muito importante começar bem, com uma boa definição estética, cénica, com som profissional, muito cuidado. Isso foi muito importante para não surgirem mais tarde equívocos. Outra ilação é que quando se forma um grupo forma-se com os amigos que se tem e com os instrumentos disponíveis. Mas há a tentação de imitar alguma coisa que já funciona. A nossa opção de constituição de banda resultou quase de uma fatalidade… Vale a pena apostar em projetos únicos, não cópias. A afirmação é muito difícil, mas se houver paciência e se criar valor, depois a consagração vem. I - Tem havido um certo preconceito da música erudita relativamente à música e instrumentos tradicionais, mas recentemente começa a haver uma aproximação à música erudita por várias bandas, e muitos músicos vêm da erudita para a música de raiz. Qual a vossa recente experiência com a Orquestra Filarmonia das Beiras? AF - A experiência com a Filarmonia das Beiras foi muito gratificante. O curioso é que, tanto o Filipe como eu conhecemos a maior parte dos músicos do circuito dos conservatórios, e como eles não conheciam o nosso trabalho, ficaram surpreendidos ao conhecer as Danças Ocultas. O instrumento provocou muita curiosidade; tanta, que no ensaio seguinte fizeram imensas perguntas e observações. O que faz falta é haver este contacto, para quebrar um pouco estes preconceitos. O conhecimento traz a tolerância e a curiosidade. I - Qual a vossa opinião relativamente à falta de reconhecimento em Portugal deste género musical por parte dos programadores e dos media? AF - Até aos anos 90 não tínhamos teatros, agora temos teatros mas não temos programação. Um dos problemas é que a maior parte dos programadores não vem da área musical, o que afunila
as opções de programação. Por outro lado, quem poderia dar um contributo para este reconhecimento seriam os programadores, porque havendo concertos os projetos musicais tornamse acessíveis ao público, muito mais que através de uma notícia no jornal nacional: valem muito mais 5 ou 6 concertos distribuídos pelo território que uma entrevista num jornal de grande circulação. Por outro lado, a concentração da imprensa e dos meios de comunicação em Lisboa dificulta a divulgação de qualquer concerto fora da capital pelo que, muitas vezes, o grande público só tem notícias de uma banda quando esta edita um novo disco. O grupo desaparece durante 3 ou 4 anos porque não toca em Lisboa e só aparece nos media quando edita um novo trabalho. Esse problema tem a ver com a dimensão do país que temos, com mercado muito pequeno e demasiado centrado em Lisboa. Foi essa a nossa perceção logo de início, pelo que procuramos de imediato a internacionalização. I - Qual a percentagem de concertos dos Danças Ocultas em Portugal? AF - Até 2004 e 2005, o número de concertos dentro e fora de Portugal era equilibrado. A partir de 2009, apenas 25% dos concertos são em Portugal, com a agravante de serem produção própria, à bilheteira. I - Qualquer coisa que venha do estrangeiro mesmo da área folk é programado e noticiado com uma certa facilidade, havendo um preconceito relativamente ao que é nosso. Qual a origem deste complexo? AF - A grande razão disso acontecer é que cada vez mais estamos fascinados pelo exótico. Essa razão associada à força que os anglo-saxónicos têm no mercado musical dá um resultado explosivo. Isso só mudaria havendo uma verdadeira política cultural por parte do governo português. Deveria haver uma elencagem de objetivos quantificados das programações culturais expressas num racio de presença de música portuguesa, e o que já foi definido para as rádios ser praticado. Isto é fundamental para a afirmação da nossa música. Por exemplo, em França há
um protecionismo claro (ou, por vezes, dissimulado) aos seus artistas, limitando o acesso dos artistas internacionais ao mercado francês. I - Alguma vez estiveram na playlist das rádios? AF - A própria antena 1, que dá relevo nos seus programas de autor à música de raiz, estraga este esforço na sua programação genérica, onde raramente um grupo desta área íntegra as playlist. Em 25 anos de carreira, nunca estivemos na playlist da Antena 1. Conseguimos esse feito na TSF por duas vezes. I - Fazem 25 anos, bodas de prata. Prevês que irão chegar às bodas de ouro? AF - Antes de 2009, tínhamos a sensação de que já estávamos a chegar a uma meia idade da vida e que a banda tinha de rebentar de alguma forma. Felizmente aconteceu o Womex, e houve uma avalanche de concertos, em 2 anos fizemos 65 concertos em 15 países, e a nossa esperança é que esses concertos tenham criado raízes e vontade de nos voltar a programar, para que possamos continuar a crescer. Para quem chegou a um determinado patamar a ambição é chegar a um patamar ainda mais alto. Houve coisas que já estamos a conseguir de uma forma muito interessante; por exemplo, em alguns locais começamos por tocar em segundas salas e pequenos auditórios, e agora fomos convidados para tocar nos auditórios principais. Mais do que a duração que o grupo possa vir ainda a ter, o importante é continuar sempre a evoluir e a atingir novos objetivos.
: 31
Fotografia: Hugo Lima
POR MARTA COUTINHO
PROFESSORA DE DANÇA, LISBOA Desde quando danço?... Desde sempre, desde que me lembro. Dançar sempre foi uma forma de me expressar, de me encontrar comigo e com os outros. As festas, os bailes, os encontros com pessoas de várias idades, de vários países, de várias culturas e formas de estar na vida tornam-se simples através da dança, do ritmo, do movimento. Profissionalmente, trabalho na área da dança há quase duas décadas. Comecei pela dança contemporânea enquanto intérprete e, num momento em que queria passar a trabalhar noutras áreas culturais/artísticas, encontrei-me em Évora com o Paulo Pereira, que conheci através da nossa grande amiga em comum, a São Vicente. São encontros rápidos como esse que por vezes fazem nascer projetos que se multiplicam no tempo e no espaço. Foi o que aconteceu. E assim comecei a olhar para as danças tradicionais a partir de diferentes perspetivas. Uma delas... - Olhei para as danças portuguesas, para o mundo dos
: 32
ranchos folclóricos e para a relação destes para com as pessoas que vivem mais afastadas da dança no seu dia-a-dia. E foram essas pessoas que me fizeram querer divertir com as danças portuguesas. Penso que é fundamental, enquanto parte da nossa cultura geral, conhecer os movimentos e os ritmos que nos caraterizam. E acho igualmente importante agarrar nessa forma de dançar e de comunicar e ser livre para brincar com a mesma, para transformá-la de forma a que, no fundo, cumpra a sua função – a aproximação das pessoas através de uma linguagem física; encontrar a diversão ao comunicar com o outro; a brincadeira; o jogo; o palpitar do coração; o riso; os amigos; os saltos; o grupo e os pares... As danças portuguesas são como todas as outras – uma riqueza, um mistério, uma alegria! Mas tocam quem se sente português de uma forma mais profunda, porque sorrimos de uma outra forma, seja pelo ritmo seja pelas letras das músicas, sem ser preciso explicar “onde está a graça e a alegria”! É o que sinto quando trabalho este reportório e o transformo e com ele crio novas formas de estar com os outros. E cada aula e cada grupo, são uma nova descoberta!
POR RENATA SILVA
FORMADORA DE DANÇAS TRADICIONAIS DO MUNDO, AVEIRO O ensino e a divulgação das danças tradicionais portuguesas têm vindo a ser um desafio constante, uma vez que a transmissão desta nossa cultura diminuiu, chegando as danças a serem vistas com alguma conotação negativa. Nos diferentes eventos onde dinamizo as danças tradicionais vão aparecendo caras novas e curiosas, chegando algumas a ter opiniões um pouco depreciativas. O principal desafio que enfrento nestas situações é conseguir modificar a visão das pessoas no que diz respeito à dança portuguesa. É extremamente recompensador ver que os mais reticentes quando entram numa “roda” acabam a dançar divertidos, sorridentes e a interagir com o grupo, muitas vezes multigeracional. Ainda há muito pouco tempo uma senhora já com uma certa idade, eu diria na casa dos 70 anos, após dançar um Regadinho
disse-me “Irei recordar este momento, em tantos anos de vida foi a primeira vez que dancei um regadinho!”. É importante e agradável ver as diferentes gerações, nacionalidades e estatutos sociais a dançarem juntos, sem complexos. Ver surgir grupos a transformarem-se em amizades, observar a criação de novas sinergias como a união para se deslocarem a festivais, bailes e outros eventos folk é o que me continua a impulsionar este ensino e divulgação. O que pretendo quando estou a ensinar as danças tradicionais é que, para além da diversão e libertação de stress, haja uma transmissão da nossa cultura, das nossas raízes por todas a gerações. As demonstrações das danças são interessantes e importantes, mas é necessário, como costumo dizer, “devolver as danças às pessoas”. Se não as experimentamos não as podemos sentir, não sabemos realmente o que elas são, se é ou não divertido dançar um corridinho, se temos ou não jeito para valsear... só a dançar é que verificamos que um vira ou um malhão nos está no sangue.
: 33
Por Ana Silvestre, professora de danças tradicionais, Évora
POR ANA SILVESTRE
PROFESSORA DE DANÇAS TRADICIONAIS, ÉVORA Hoje sou: Uma apaixonada pelas Danças Portuguesas!!... Valsas Mandadas, Chamarritas ou outros bailes mandados são um verdadeiro prazer quer quando danço, quer quando tenho a oportunidade de contaminar outros… Quando emergi no “mundo” das danças tradicionais, de facto a dança portuguesa não me contaminou, na verdade diria que “primeiro estranha-se e depois entranha-se”… foram os sons africanos e depois os europeus e claro, o primeiro Andanças, que me conectaram para este novo mundo que até hoje é a minha área… a Dança Tradicional. Com algum tempo no ensino das danças do mundo, mas pouco de ensino de danças portuguesas porque musicalmente as versões que haviam não me estimulavam, surge o primeiro cd dos Uxu Kalhus. É com este álbum, na apresentação de versões actuais e estimulantes do Malhão ou Erva Cidreira que comecei a perceber que havia em Portugal muito para ouvir e dançar. Assim, e tal como sinto que é
: 34
responsabilidade de quem ensina, passei eu também a ensinar mais repertório português e fui também partilhando entre e com as pessoas com quem trabalhava. A dança e a música tradicional portuguesa, actualmente, já se expressam de forma significativa. No entanto, acredito que mais ainda se pode fazer. As associações, os formadores, os músicos e bailadores portugueses são responsáveis por se permitirem experimentar e vivenciá-las ainda mais e não se deixarem contaminar por um PRÉconceito que, muitas vezes, sinto que lhes é associado. A dança portuguesa é mais do que um Vira ou um Regadinho, pode ser o Corridinho, as danças do Paúl, as Saias, o Fado Passado ou o Fandango e tantas outras…. é música e dança desde o norte ao sul e ilhas, com direito a lugar em cada baile que se faça, e somos nós os responsáveis para que estas danças se difundam e se tornem o repertório que podemos dizer que é nosso! Para mim, sinto que é importante recuperar as danças e voltar a colocá-las no terreiro, de onde elas vieram, aprendê-las e respeitá-las, vivê-las à nossa medida e com a nossa história, trazê-las para o presente, como eram ou recriando-as, mas acoplá-las a nós… isto é o que eu sinto agora… Manda Adiante!
POR ANA LAGE
ARTISTA PLÁSTICA, CONTADORA DE HISTÓRIAS E MONITORA DE DANÇAS VIANA DO CASTELO/LISBOA
Quem dera ser colete quem me dera ser botão para andar sempre agarradinho junto do teu coração!
Quem me conhece sabe da minha paixão pelo Minho e pelas suas danças… ora vamos lá a pôr isto por miúdos, para perceberem o porquê da minha paixão. Tenho a convicção que a dança, seja ela qual for, deve ser divertida, descomprometida, espontânea; dançar pelo prazer de dançar, com a característica de cada um. Como tal, é na rua que ela deve ser dançada. Quando dou aulas gosto de ser fiel à raiz da dança, por isso foco-me nos passos base e ensino as variações, para que as pessoas possam ir a qualquer festa/baile minhoto e entrar facilmente nas rodas que se formam e usufruir. Há também as coreografias, aquelas que já se foram fixando às músicas por serem as preferidas do povo em geral e, como tal, também as mais disseminadas, como é o caso da Rosinha. Na rua há sempre um mandador que vai orientando a roda ou a fila para que os dançadores façam as figuras que são pedidas: podem ser as voltas, os moinhos a dois, as trocas de lugar ou a introdução de passos mais avançados como seja o da gota. As minhas aulas são sempre mais vocacionadas para uma aprendizagem orgânica, não me interessa tanto que as pessoas aprendam a dança na cabeça, mas sim no corpo, intuitivamente – afinal, estes movimentos já foram de tal forma polidos pelo tempo que se tornam naturais e orgânicos, basta sintonizar o corpo com a música. Faço também um esforço para divulgar o repertório minhoto, tanto na música como na dança, e ainda nos cantares – as modas são divertidas, e dizem coisas lindas como a quadra que vos deixo no início.
Tipologia das danças minhotas: Se focarmos o aspecto técnico, no Minho temos os viras, as chulas e as canas verdes ou malhões. Podem ser dançadas em formações diversas: roda, pares, filas ou quadrilhas. O vira é a que tem mais variações e é, por isso, a mais rica, dançada de todas as formas, em coreografias diversas e diferentes formações. Não nos devemos esquecer que o vira é uma valsa que saiu dos salões e veio para o terreiro, por isso é energética mas fluída e sensual. Ao contrário da valsa, em que as pessoas dançam mais agarradas, no vira, todo o encanto e sedução está no olhar, o sentir o outro ganha a importância extrema para que os movimentos se efectuem de forma harmoniosa e concordante. No Alto Minho dança-se também a Gota, semelhante à dançada na Galiza; no nosso país ganha contornos particulares e, muitas vezes, é introduzida como um passo nos mandos do vira. As canas verdes ou malhões são as mais antigas a 4 tempos, também estas com coreografias variadas, uma vez que variavam de aldeia para aldeia; são dançadas principalmente em roda em alternância do par com o contra-par. Os malhões têm mais uma formação de fila. A chula é a mais divertida e fácil das danças: segue a voz do mandador em voltas e meias voltas dadas para a frente e para trás, ao sabor da vontade e destreza dos bailadores. Para quem quiser aprender mais pode juntar-se à Escola de Viras do TXico onde dou aulas. A partir de Setembro/Outubro a escola reinicia aulas no Lisboa Ginásio Clube, todas as Terças feiras entre as 20 e as 21.30 h; haverá também encontros mensais com música ao vivo para praticar livremente em espaço a anunciar. Quanto a romarias, recomendo vivamente as de Viana do Castelo, Ponte da Barca, S. João d’Arga, Sra. da Peneda e Feiras Novas de Ponte de Lima. Há ainda umas desfolhadas comunitárias em Bravães e Lavradas nos últimos fins de semana de Setembro que também têm muita cantoria e muita dança.
: 35
POR FILIPA ESTÊVÃO DE CARVALHO
ANIMADORA SOCIOCULTURAL, IGREJA NOVA (MAFRA) Acontece a muita gente com quem partilho estas ideias, desconhecer a realidade da riqueza cultural que detemos nas nossas danças. “Quais são as nossas danças?”; “Portugal tem danças?”, já me perguntaram. Por certo, se se pensar nos ranchos folclóricos, aí rapidamente encontramos um legado inquestionável de “danças que Portugal tem”. Contudo, aos olhos da maioria dos portugueses, existe um grande abismo entre as atuais práticas de dança em ranchos folclóricos e a possibilidade de as mesmas acontecerem fora desse contexto. A ideia de alguém sair de casa para se ir divertir ao som de música tradicional portuguesa está ainda longe de ser compreendida por muitos, e isso deve-se, como acontece com frequência em relação a muitos outros assuntos e, voltando ao início do texto, ao desconhecimento desta realidade nos dias de hoje. A música portuguesa que se dança nos chamados “bailes” é fruto de influências passadas e atuais. Fora do contexto em que foi criada, a música de raiz foi renovada com as sonoridades que os nossos ouvidos pedem: transformou-se com o som de instrumentos musicais melhorados, evoluiu com a qualidade técnica e criativa de músicos com formação musical. E o mais certo é não parar de evoluir e se transformar, para sempre se adaptar aos ouvidos das futuras gerações. E quais são as atuais gerações que gostam de dançar e vibrar ao som desta música renovada? No contexto dos bailes, e na realidade portuguesa (ao contrário do que acontece
: 36
neste âmbito em outros países europeus, como a França ou a Bélgica), percebemos que o público é mais jovem, havendo poucos dançarinos com mais de 65 anos. Com efeito, a “mistura” entre gerações ainda não aconteceu, talvez porque o percurso político do nosso país tenha afastado o povo das suas tradições musicais, talvez porque os programadores culturais não estejam (ainda) a promover estas atividades junto de pessoas com mais idade. Percebendo essa necessidade, partilho aqui um pouco da minha visão e experiência. Em 2010, eu e a Ana Cordeiro (Cordi), fomos desafiadas a fazer voluntariado num centro de desenvolvimento comunitário em Marvila. A ideia era ensinar as danças tradicionais (de que tanto falávamos) a um grupo (maioritariamente) de idosos ativos e dinâmicos que frequentam o centro. O grupo, cerca de 12 pessoas, (atualmente) 2 homens e 10 mulheres com idades compreendidas entre os 50 e os 81 aceitou a ideia, e desde essa altura que aprende as “nossas” danças. Desde cedo decidimos que faria sentido ensinar apenas danças portuguesas, já que as pessoas: podem acompanhar a dança cantando em português; reconhecem algumas das músicas (até de infância, de quando viviam nas suas terras e as cantavam quando iam à fonte e esperavam que a água enchesse a bilha, por exemplo), passando a associar a estas uma coreografia (que por vezes até já conhecem, mas faziam diferente: “a volta era assim, mas assim também é bonito”); passam a associar novas sonoridades à música tradicional, e apreciam-na desta forma; começam a valorizar o património cultural que é seu, dando-lhe vida no compromisso por fazerem cada vez melhor, dando-lhe beleza com os sorrisos que acrescentam à dança, desafiando-o quando cantam as terceiras maiores que nem estão gravadas no CD que está a tocar.
Sempre em tom de contributo e partilha de conhecimentos, o que acontece naquelas sessões é respeito pelo que foi e pelo que é, pelo que se fez e pelo que se faz. Vale tudo. E quando a dança é exigente para as suas capacidades físicas adapta-se, por vezes uns dão a volta, outros ficam no lugar e fazem outro movimento. nimo e vida é o que se vê no grupo. Desde a primeira sessão que uma monitora que trabalha no centro acompanha o nosso trabalho, dançando e aprendendo com atenção o que tentamos ensinar. Com a energia e entusiasmo que a caracterizam, certo dia revelou-nos que o grupo tinha sido convidado a atuar em determinado evento e que, nesse momento, gostaria de usar um vestuário específico – “apenas um apontamento”. Embora preferisse entender a dança que ali fazíamos enquanto realidade espontânea associada ao prazer (e não tanto à performance), compreendi a vontade dos elementos de ter uma apresentação diferenciada. Assim, em poucos dias, depois de tiradas as medidas e através das atividades de artesanato e de pintura em que as senhoras igualmente participam, tinham sido criadas originais saias para as senhoras e coletes para os senhores. Construída a indumentária faltava o nome para este grupo, e eis que em modo espontâneo (talvez porque já demorávamos a decidir) uma senhora grita: e “siga a dança!”. E assim ficou, e desde essa altura o grupo já atuou mais de 30 vezes em diferentes eventos. Uma das dificuldades com que, desde logo, nos deparámos foi a discrepância de género dos participantes, com as mulheres (naturalmente) em maioria. No início, quando em todas as sessões chegavam novos elementos e alguns tinham desistido, insistir constantemente na ideia de que, já que os pares são fixos, algumas senhoras teriam de fazer o papel de homem não foi tarefa fácil. Falavam muito sobre o assunto – quem tinha o quê, quem não tinha – enfim! A par com a monitora, procurámos ao máximo desvalorizar a importância dos papéis que cada uma assumia na dança, e que o importante era dançar. Ainda assim, nas indicações que dávamos no meio da dança, distinguíamos entre “senhoras que fazem de homem” e “senhoras que são senhoras” (algo bem extenso para resultados imediatos). Com o tempo, a mudança da mentalidade sobre este assunto começou a acontecer, e atualmente o que se ouve é “mulheres viram” ou “homens ao centro”, e a situação é pacífica. Foi mais fácil para umas que outras, e as afinidades também ajudaram a decidir quais os pares que ficaram juntos. Quando alguém falta eu danço, e quando estão todos fico de fora, a dar as indicações. Nestas idades, a posição que os elementos assumem na dança determina a forma como estes passarão a entendê-la. Se uma senhora aprende a dança na posição correspondente ao lugar do homem, dificilmente (dependendo das danças) conseguirá, em caso de necessidade, assumir o papel de mulher. Por muita “justiça” que se queira aplicar através da oportunidade de todas as senhoras “poderem ser senhoras” na dança, e até quando há boa vontade de uma destas passar a assumir o papel masculino, a verdade é que há uma enorme dificuldade em alterar os hábitos aprendidos: muitas vezes quem comanda a dança é o “piloto automático”; o passo a que o corpo já se habituou acontecerá, naquele momento da música/dança, conforme foi “gravado”. E com este grupo, as danças que apresentamos em atuações já foram muitas e muitas vezes repetidas, ensaiadas: quase em todas as sessões revemos as mesmas danças, não vá a
memória começar a falhar. E só após este “aquecimento”, aí sim “batalhamos” nas novas, as que estão gravadas no CD e que ainda não aprenderam tão bem. O “Siga a Dança”, nas suas atuações de dois coletes e dez saias, já deu a conhecer os seus dotes a dançar: o “Regadinho” e o “Mat’aranha” (Uxu Kalhus), o “Encadeia” (Magic Folk Pills), o “Pingacho” (Galandum Galundaina), a “Margarida Moleira” e a “Rendeira” (Grupo de Folclore Terras de Arões), e a “Padeirinha” – quase sempre cantada no fecho da apresentação. Se os primeiros grupos musicais enunciados revelam as referidas “novas sonoridades da atualidade”, o grupo de folclore (apesar da qualidade que o caracteriza) foi incluído pela dificuldade sentida em arranjar outros registos áudio de música e dança portuguesa que correspondessem não só às atuais expectativas sonoras mas que, também, estivessem adaptados às características do grupo. Com efeito, “músicas para dança” muito aceleradas, em que as estruturas nem sempre se repetem, ou que as marcações não são óbvias, revelam-se muito difíceis de ser incluídas no reportório do grupo. Assim, embora concordemos em absoluto com a liberdade criativa dos artistas que permitem uma grande renovação da música de raiz – perfeita e estimulante em muitos contextos –, neste sentimos que as opções se começam a esgotar já que, ao nível da música portuguesa, muito ainda está por fazer. Apesar das limitações, somadas à, entretanto, necessidade de saída da Cordi, o grupo permanece vivo, com constantes desafios e algumas transformações: várias são as vezes que, mesmo sem a minha presença, o grupo vai a jardins-de-infância e escolas ensinar as danças que eu e a Cordi partilhámos – um encontro intergeracional bonito e inesperado que representa uma verdadeira transmissão do património cultural aos mais pequenos; de forma a conhecerem os espaços e as danças (também de outros países) onde aprendemos o que lhes ensinamos, o grupo já dançou em bailes ao vivo, tertúlias, e até concertos (onde quem me conhece muitas vezes me pergunta se são os meus avós), e só não vão a mais porque “é muito tarde”; e, na preparação da última atuação, começaram a perguntar-se se não se tinham feito mais coletes, já que: “se somos homens, ficava mais bonito dançarmos com coletes!”. Este trabalho voluntário que faço há 4 anos, inicialmente a par, e depois de forma individual, tem-me ensinado isto e muito mais sobre o ensino de dança a seniores ativos e curiosos por saber cada vez mais (mesmo que, de vez em quando, ainda ouça: “Isso já não é para a gente, Filipa.”). Aproximei-me deste grupo mais do que podia imaginar e, independentemente da idade, trato-os a todos pelo primeiro nome (a mim alguns tratam por “Quiquinhas”) e sinto, com alguns, que eles são um pouco os meus avós. De facto, esta afinidade fez com que desde cedo tivesse levado muitos amigos e familiares a assistir aos seus ensaios e atuações, para conhecerem este grupo exemplar de pessoas que, mesmo com algumas dores da idade que partilham todas as semanas, se levantam e se juntam à roda para mais uma dança. E assim a dança segue.
: 37
POR MÓNICA MENDES
EDUCADORA DE INFÂNCIA, PORTO Os Roncos do Diabo, são um quinteto de Almada, formado por Tiago Pereira na percussão, Victor Félix, André Ventura, Mário Estanislau e João Ventura nas Gaitas-de-Fole. Para além da formação deste grupo em 2005, realizam desde 1998, uma importante pesquisa, recolha e construção de instrumentos, que lhes/nos permite agora, tocar várias gaitas em conjunto, isto é, afinadas entre si. Tendo como principal objectivo a divulgação da Gaita Transmontada e da Música Tradicional Portuguesa, despertam o interesse de várias gerações, não só de Norte a Sul do país, mas também fora deste. Recordo-me como se fosse hoje, a primeira vez que vi os Roncos do Diabo! Era já tarde naquele dia do Andanças 2007! Ao entrar ao acaso numa das tendas que ainda tinha concerto, depareime com quatro gaitas e um bombo a tocar com uma energia contagiante! Fiquei automaticamente hipnotizada! Eu ainda era novata no mundo da música e danças tradicionais e, desta cultura Portuguesa, não conhecia nada! Achava até que não gostava! A verdade é que, apesar de cansada, quer pelo adiantado da hora, quer pelo dia intensivo de dança, quer ainda pelo joelho que teimava em doer, não consegui mais parar! Lembro-me de ter dançado um Repasseado e ter pensado: “Ah, afinal é a música e a
: 38
dança Portuguesas que me correm nas veias!”. Ainda nesse ano, cruzei-me com eles, também por acaso no Avante! Depois disso, nunca mais os larguei. Ao longo destes anos, foram vários os concertos a que assisti. E sei que nunca me cansarei, por muitos anos que passem! Cada concerto é uma novidade, uma nova sensação, uma nova experiência... A emoção começa ainda antes do início do concerto. Sabemos que à primeira nota tocada, seremos transportados para uma outra realidade. E assim é... Entram em palco... As gaitas começam a soar uma a uma, num crescendo de adrenalina que se transforma numa explosão rítmica com a entrada do bombo!! O som das gaitas é inebriante!, o poder do bombo é incontrolável! E, é neste cenário quase épico, que nos levam numa viagem de vivências por esses “campos e montes” fora!! Com uma energia alucinante, montam o baile e não há quem consiga ficar indiferente perante tal festa! O pó que agora se levanta do chão, torna o ambiente ainda mais mágico, mais fantástico! Ouvem-se as gaitas, ouve-se o bombo e, se fecharmos os olhos, consegue-se ouvir o bater dos corações (nossos e deles) cada vez mais acelerados! E os sorrisos... São tantos e tão felizes, que também estes se conseguem “ouvir”!! O que se passa nestes momentos é muito mais do que simples interacção entre os músicos e o público. Há uma ligação tão forte, um sentimento tão comum que, arrisco a dizer, há uma fusão entre todos! Os corações batem agora, num ritmo só!! Para além de músicos excelentes, este grupo é constituído por cinco pessoas magníficas que, por onde passam, plantam amizades e deixam saudades!! Por isso são sempre recebidos com um carinho incrível e, é com o mesmo carinho e humildade que nos acolhem! É quase impossível explicar por palavras o sentimento que provocam... O melhor será mesmo ouví-los e sentir na primeira pessoa a pele arrepiada pelo seu som e simplicidade encantadores! Roncos do Diabo, “uma verdadeira celebração da Música Portuguesa”, uma verdadeira Paixão!!
Fotografia: José Dantas
POR TIAGO TRIGO
ENGENHEIRO ELETROTÉCNICO, PÓVOA DE SANTA IRIA No dia 13 de abril encheu-se um autocarro para ir ao Centro Cultural Olga Cadaval. Os cerca de trinta jovens, dos 10 aos 16 anos, da Banda de Música dos Bombeiros Voluntários da Póvoa de Santa Iria aceitaram o convite e compareceram em força para ouvir Uxu Kalhus e a Banda da Sociedade Filarmónica União Assaforense… alguns sem saber ao que iam mas imbuídos do espírito de grupo e do convívio que uma actividade deste tipo naturalmente inclui. Alguns dos pais acompanharam-nos em viatura própria. Às 21h00 estávamos em Sintra. Vinte minutos depois, tudo sentado perto dos amigos preferidos… pais estrategicamente colocados na ponta oposta da sala. O concerto começou brando… o estilo estranhou-se… funk, rock, groove poderoso, misturas modais… pelo meio, no início,
o malhão… tudo secundado pela excelente, segura e massiva Banda da Assafora dirigida por Délio Gonçalves, actual maestro da Banda da Armada Portuguesa. A “linda falua”! Um rap?? Mas o que é isto??! Erva Cidreira… A saia da Carolina!! As suas caras eram um misto de espanto e alegria… Os jovens trompetistas escutavam, embevecidos, os magníficos solos de trompete feitos pelo músico da Assafora e escritos pela hábil mão dos arranjadores: Hélder Bettencourt, Lino Guerreiro e Aurélien Vieira Lino. Na recta final do concerto e no encore, tudo a dançar a Saia da Carolina e a saltar em frente ao palco! Ficou a sensação de que um Olga Cadaval “sem cadeiras” teria proporcionado, ainda, uma maior interacção com o vasto público que enchia a sala. Acabado o concerto os comentários positivos multiplicavam-se… “temos que os ver de novo!”… “quero tocar flautas!” … “um dia vou ter uma barba como o senhor das guitarras!” No regresso ao autocarro, mais uma surpresa… Paulo Pereira, dos Uxu Kalhus – músico responsável pelas flautas e palhetas duplas – aparece e, fruto das emoções recém-vividas, é aclamado como se fosse a estrela pop de uma geração… responde, com paciência, a todas as solicitações, completando um domingo em beleza para estes jovens.
: 39
POR CARMINA REPAS GONÇALVES MÚSICA, PORTO
Cardo-Roxo é um duo constituído por Antony Fernandes (säckpipa, viola campaniça, barítono) e Carmina Repas Gonçalves (viola da gamba e soprano), um casal de músicos residente no Porto. Este projecto nasce em 2012 da necessidade de reproduzir e fazer chegar ao público a música tradicional portuguesa com uma nova perspectiva. Cardo-Roxo propõe uma abordagem baseada na escuta, no gosto pelo silêncio e pelo volume natural dos instrumentos utilizados sem amplificação ou efeitos artificiais. O objectivo é conceder delicadeza, acarinhar e ampliar a beleza e simplicidade da música tradicional portuguesa explorando ao máximo os recursos dos instrumentos e o espaço em que se encontram. A par com a dimensão contemplativa e partilhando do objectivo didáctico e de reaproximação da música tradicional à humanidade, fazem uma escolha muito cuidada das melodias que lhes chegam através de recolhas áudio, vídeo e escritas sobre as quais constroem arranjos que respeitam as características
: 40
sonoras e emotivas das mesmas. As suas músicas são assim originais e modernas no sentido em que as arranjam e embelezam de acordo com o nosso ouvido actual, mas apelam à antiguidade e à ancestralidade da nossa tradição no sentido em que não alteram (tanto quanto possível) as características das melodias recolhidas. Os músicos que constituem este duo têm tanto de semelhante como de diferente. Antony Fernandes, com estudos académicos e experiência em teatro e com um percurso musical assente na aprendizagem dita “tradicional” (baseada na passagem do conhecimento oralmente), oferece ao duo a autenticidade musical e a capacidade de dialogar com o público de forma a criar com ele uma empatia imediata. Carmina Repas Gonçalves, com estudos académicos em teatro e música antiga, oferece ao duo a exigência e complexidade musical no que toca aos arranjos e à qualidade de execução. Assim, o público é convidado a viajar pelas paisagens sonoras portuguesas e, quem sabe, a ouvir melodias da sua infância, ao mesmo tempo que disfruta do prazer do detalhe e da envolvência do espaço sonoro em que se encontra.
POR ANTONY FERNANDES MÚSICO, PORTO
No passado mês de Abril, entre os dias 23 e 27, a cidade do Porto foi palco do primeiro FIGA – Festival Interatlântico da Gaita-deFoles, um festival inteiramente dedicado à gaita-de-fole e aos seus tocadores de todo o mundo. Infelizmente, e por motivos alheios à organização, vieram apenas gaiteiros da península Ibérica. O festival contou com 3 dias de concertos didácticos em escolas e igrejas, onde o objectivo dos músicos Gonçalo Cruz e Amadeu Magalhães foi despertar a curiosidade e interesse dos mais novos para a gaita-de-fole, assim como para a música tradicional. Nos dias 25 e 26 as ruas do Porto puderam contar com a animação de grupos de gaiteiros vindos de todo o país e, para os mais interessados, houve conferencias e debates sobre variados temas relacionados com a gaita-de-fole: afinação, temperamento, história do instrumento, etc. As noites de 25 e 26 foram de concertos. Na primeira noite pôde ouvir-se, no Salão Árabe do Palácio da Bolsa, Realejo, um belíssimo solo de Pablo Carpintero e Arrefole. A noite ficou marcada pela música de Arrefole “Calma Cai” onde a Gonçalo
Cruz que tocava Gaita Escocesa, se juntaram Pablo Carpintero com a Gaita Galega e Jorge Lira com a Gaita de Coimbra. Sem dúvida um momento inesquecível. Na noite seguinte, na Igreja de São José das Taipas, foi a vez de Las Çarandas, Cardo-Roxo e Yerba Lhouba. No final dos concertos, os três grupos, a organização e amigos juntaram-se em cima do palco. A Igreja tremeu ao som das Gaitas Mirandesas, Caixas e Bombos. A noite terminou no bar da Cooperativa Árvore com muita música e muita dança. O festival teve o seu encerramento no dia 27, no Palácio da Bolsa. A existência deste festival deve-se ao esforço de Jorge Lira, Gonçalo Cruz e à Cooperativa de Solidariedade Social do Povo Portuense. Não sei bem por que motivo, mas algo de diferente aconteceu neste festival, algo que não se verifica em festivais deste género: as pessoas que compareceram não eram as do costume, era visível que vinham de outros contextos culturais. É óptimo sinal e é fundamental que a música tradicional chegue a novos públicos! Este foi sem dúvida um festival importante para a Gaita-de-Fole. Espero que se repita para o ano que vem e que a adesão seja ainda maior, quer de público quer de músicos, e que se torne realmente um festival Interatlântico.
: 41
A-DO-BAILE POR VASCO RIBEIRO CASAIS MÚSICO, LISBOA
: 42
Começo pelo lado menos positivo e faço uma crítica dura: Como é que uma banda com dois estudantes de belas-artes consegue ter uma capa tão mal conseguida? Felizmente que o que realmente interessa é o conteúdo e nisso os No Mazurka Band estão num patamar superior. Para mim, é uma das grandes bandas da nova vaga de músicos a trabalharem sobre a música tradicional, pelo menos em disco. “A-do-baile” está muito bem conseguido, bem gravado e com temas que vão ficar para história do nosso cancioneiro. Destaco El Vira que considero como uma das grandes músicas do nosso cancioneiro. O tratamento modal das melodias, os arranjos sem problemas nem prepotência, a musicalidade dos instrumentos e vozes e o uso de alguma electrónica, assim também como algum toque de humor fazem deste disco uma verdadeira pérola da música portuguesa. Também é interessante ouvir como influências de blues, de rock e de música brasileira são integradas sem nunca se perder a identidade portuguesa. Como já disse a alguns dos membros do grupo, acho que os No Mazurka Band com alguns cuidados na parte visual e de espectáculo podiam ser uma banda para correr mundo e mostrar o que melhor se faz em Portugal nas novas músicas de identidade.
CADERNO DE DANÇAS DO ALENTEJO POR ANA CARVALHO TRADUTORA, SETÚBAL
Ouvir o álbum «Caderno de Danças do Alentejo», da formação Aqui Há Baile, é uma experiência única no universo da música de inspiração tradicional. Isto porque a sonoridade comummente tida como tradicional se funde com outras influências, outros registos e outras culturas inclusive. Às primeiras notas do violoncelo de Samuel Santos, apercebemo-nos de que não vamos ouvir arranjos «tradicionais», algo que a voz de Mara, o acordeão de Sergio Cobos e o bandolim de Zé Peps só vêm comprovar, à medida que «Penteei o meu cabelo», a canção de abertura do álbum, se vai revelando aos nossos ouvidos curiosos – e tal curiosidade aumenta na passagem para a parte 2 da canção, mais soturna, algo tanguera e bastante inesperada. Mas o tango não é o único ritmo imprevisto a dar-nos um ar de sua graça; outros ritmos latinos e africanos vão povoando as melodias tocadas, os quais, conjugados com os toques de fado nas notas cantadas, tornam este álbum verdadeiramente intercontinental. Tendo eu algumas costelas alentejanas, parece‑me interessante ver estas músicas levadas ao mundo e trazidas de volta com notas culturais de lá que os Aqui Há Baile adaptaram às originais notas de cá. Para terminar, só mais uma nota: este álbum não deve simplesmente ser ouvido, merece ser escutado.
: 43
OPINIテグ
CONCERTO DE TRAPOS
: 44
POR CÉSAR PRATA, MÚSICO, GUARDA
A transmissão do saber é a força que nos acrescenta. Enquanto pessoas integradas numa sociedade, nada somos sem bebermos a herança daqueles que viveram, cantaram, dançaram e amaram antes de nós. Sim, amaram. A passagem geracional do saber será, antes de mais, um ato de amor: amor aos vindouros! Tradicionalmente a passagem ocorria no seio da família, pedra primeira da socialização. O caráter funcional das cantigas e dos gestos faziam o resto. Depois vinham as brincadeiras, os amigos e as festas. A escola e a cultura oficial, por sua vez, sempre mantiveram uma estranha relação de amor-ódio com a cultura popular. O facto de não compreenderem bem ‘afinal o que era aquilo’ explica quase tudo. Ora, desaparecida a função morre a canção. Cantar ao desafio com um motor de rega... Má ideia; os motores de rega desafinam muito! Surge então a necessidade de recolher para preservar, para conservar, para não deixar morrer. Numa sociedade de rápidas mudanças a luta contra o esquecimento é uma urgência. E por montes e vales tropeçamos em verdadeiros tesouros, em pessoas com histórias de vida incríveis e que dão lições sempre que abrem a boca. Paradoxalmente, acham-se à margem. O seu conhecimento não é o conhecimento da época em
que vivem e julgam que nada sabem. Mentira! Enorme mentira! Tudo sabem porque a vida, afinal, é sempre a mesma. É aqui que as recolhas do património imaterial começam a cumprir a sua segunda função: uma função social. Acabada a conversa e desligado o gravador fizemos nascer uma pessoa mais feliz. Por isso querem sempre que voltemos e nunca nos esquecem. Vivem num tempo sem tempo, felizes. E o tesouro! Guarda-se — pois claro! — mas também tem de se mostrar: arquivos, exposições, livros, discos, recriações por parte de grupos musicais urbanos. Mas a forma maior de revelar o tesouro será através da apresentação de espetáculos comunitários com a participação dos mestres, as pessoas que deram o seu saber para gozo de todos. E esse será o dia da felicidade suprema, o dia em que o palco acolhe os saberes julgados menores, sem interesse, os trapos. Adoro concertos de trapos.
: 45
OPINIÃO
DO OUTRO LADO DA CENA: CRIATIVIDADE E INQUIETAÇÕES DA MÚSICA PORTUGUESA
CRIATIVIDADE, ORIGINALIDADE, PERFORMANCE, INQUIETAÇÕES, VONTADE DE MUDAR O ESTADO DAS COISAS: SÃO ESTES ALGUNS DOS TEMAS QUE SURGEM NUMA CONVERSA INFORMAL NO BACKSTAGE DE UM CONCERTO, DE QUE RESULTA ESTE ARTIGO DE OPINIÃO CONJUNTO, E QUE REFLETE BASTANTE O QUE PENSAM OS MÚSICOS DA SUA ARTE E DA INDÚSTRIA QUE OS PROMOVE. UMA CONVERSA COM DANIEL CATARINO (DC), LUÍS PUCARINHO (LP), ZÉ PEPS (ZP) E PAULO PEREIRA (PP).
: 46
Identidades - Qual a motivação para escrever canções ou compor músicas? Daniel Catarino - A motivação é difícil de atribuir a um ou outro motivo em específico, mas no geral, penso que vem da necessidade de exprimir algo, de contar uma história, de criar uma melodia que represente um momento da minha vida. Será talvez uma forma de escrever uma biografia em textos e notas musicais. Luís Pucarinho - São os sentimentos, que por sua vez estimulam os sentidos e levam-nos (levam-me) a expressá-los (esses sentimentos) através das matérias primas disponíveis, a música e a escrita. Zé Peps - Talvez seja o desafio de compor algo que as pessoas vão querer ouvir daqui a muitos anos seja a maior motivação; no entanto, só o facto de combinar harmonias com melodias e letras é bastante motivador. Paulo Pereira - No meu caso, é um fio de água que vai crescendo num açude, e quando já não dá mais para o reter, tenho de abrir as comportas da criatividade. Faz parte daquilo que sou, e não escrever música seria contra a minha natureza. I - Como gerem o processo criativo no contexto de uma banda? Apenas um dá ideias ou o coletivo sobrepõe-se ao individual? DC - Tenho vários projectos a solo e bandas, que me preenchem a nível criativo. Ter um trabalho a solo permite-me deixar o ego de lado nas bandas e explorar a criatividade colectiva, bem como não ateimar com certas ideias banais que sozinho talvez levasse avante. Tenho a sorte de trabalhar com músicos criativos, o que permite uma maior base de ideias e um melhor filtro para quais devem ser utilizadas. LP - No meu caso, lanço um rascunho do tema, harmónico, melódico e a temática. Depois cada um (músico) desenha a sua parte (à excepção do cello para o qual escrevo pautas depois da banda arranjar o tema). No decorrer dos arranjos vou só filtrando aquilo que pode ser demasiado ou o que fuja da temática. ZP - Depende. Com “Bicho do Mato” é bastante colectivo, com o Catarino a escrever as letras, e o colectivo a trabalhar as músicas e os arranjos; já com “Pucarinho” esse processo é diferente, porque normalmente é ele que escreve praticamente tudo embora eu tenha a liberdade de sugerir alterações aos arranjos ou mesmo compor alguns arranjos; os solos sou normalmente eu que os escrevo. PP - O coletivo numa banda é o mais importante. Por vezes é difícil harmonizar tantas ideias e vontades, mas vale sem dúvida a pena. Eu sou autor de muitas das linhas melódicas dos temas das bandas onde milito. Sou um melodista.
I - Porque será que em Portugal as bandas de covers estão tão bem cotadas, ou dizendo de outra forma, porque será que os originais são tão pouco valorizados (lembramos aqui que muito do folk e da música clássica são covers, do Malhão ao Mozart)? DC - Penso que é algo que vem da fraca educação cultural do país. Existem bandas de covers em todo o lado, mas normalmente têm o seu próprio espaço, fora do mercado criativo. Em Portugal, os espectadores, e por vezes os próprios músicos, não têm por vezes noção da diferença entre originalidade e imitação, entre ser músico e ser compositor. É tão grave que muitos acabam por esquecer que qualquer computador duplica um CD, mas alguém tem de criar a música que lá vem dentro. Muitos músicos também procuram reconhecimento imediato ou um cachet fácil, coisa que não é possível no mercado dos originais – com excepção daqueles que podem pagar logo à partida tudo o que é necessário para ascender de elevador aos sótãos bafientos da fama. LP - Quanto a mim, tem a ver com a educação. Não existe em Portugal (que eu saiba) educação cultural, não somos educados a valorizar culturalmente as nossas raízes e criações. Somos educados a consumir o que vem de fora e a consequência está à vista. ZP - Eu não sei se estão assim tão bem cotadas ou se os originais estão pouco valorizados, mas penso que será um factor socio-cultural. PP - No caso do folk, o problema é que os críticos muitas vezes não sabem onde acaba o cover e começa o original. Em Uxu Kalhus, começámos por ser uma banda de covers (copiávamos o folk de outros países), e os críticos adoravam. Quando fizemos o primeiro CD, decidimos fazer originais ou arranjos radicais do nosso folclore, e os críticos simplesmente não perceberam o que fizemos. È claro que a segunda via, a dos originais, é muito mais difícil e meritória, principalmente quando se está a partir pedra. I - Qual o papel das vossas associações e coletivos (Caracol Secreto, Capote, Identidades, etc) na afirmação e defesa da vossa (nossa) música? DC - Gostaria de dizer que são marcos culturais do trabalho musical feito na nossa área, mas infelizmente penso que, por enquanto, são vistos como ferramentas de resistência para quem vê a qualidade como a única fórmula para levar a música a mais ouvidos. Não temos o reconhecimento nem os fundos necessários para que a nossa música chegue ao número de pessoas que merece, e por vezes parece que somos um caracol de
: 47
capote às costas a caminhar para o seu destino em pleno verão alentejano, mas a nossa crença no trabalho e na qualidade são infinitas. É por isso que continuamos a trabalhar e, ao nosso ritmo, a conseguir resultados cada vez melhores. LP - Falo pela “Caracol”. Nas nossas actividades tudo vai direccionado para a valorização da nossa música. Desde a formação à criação, estimulamos o original que há em cada artista e gravamos, mostramos, tentamos também através das vendas valorizar o que criamos, mostrando-o ao vivo. É importante dizer que através das actividades mantemos um critério de respeito e sustentabilidade, tentando sempre que os artistas sejam tratados devidamente. ZP - Acho que tem um papel muito importante na medida em que, como a própria pergunta responde, defende e valoriza a minha/nossa música, e é um suporte que funciona em vários níveis. Como membro fundador da “Caracol Secreto” posso testemunhar que foi através desta associação que pudemos fazer imensas coisas, desde passar recibos, a fazer pequenas compras tais como cordas ou outros acessórios, o que em alturas de maior aperto nos foi bastante útil. PP - Acredito que a única forma de dar visibilidade à música Portuguesa é através da agregação de vontades e de projetos. Só assim conseguimos ter uma voz ativa, e é esse o propósito do Identidades. I - Qual o valor que dão à autenticidade dos músicos e das performances? Ou seja, devem os músicos ser eles próprios, mesmo que transmitam uma imagem que o mercado não valoriza? As performances devem ser 100% ao vivo ou podem ter novas tecnologias a suportar uma grande parte do que é o espetáculo (ou mesmo na totalize, como é o caso do playback e de alguns DJ’s)? DC - Enquanto músico, e numa opinião puramente individual, penso que os músicos têm de trabalhar mais na sua música que em qualquer outra coisa. É essa a marca de autenticidade que procuro, porque é isso que acredito que me torna único e um artigo potencialmente apetecível para ouvintes e, consequentemente, o mercado. Acredito naquilo que escrevo e toco, e não considero que essa crença seja pedante ou egoísta, porque é fruto de muito trabalho. No processo de me tornar um homem e um músico melhor, tenho de acreditar naquilo que faço e fazer com que esse trabalho seja valorizado aos ouvidos alheios,
: 48
tal como um agricultor tem de trabalhar mais no campo para colher melhores vegetais, e consequentemente vender mais e a um preço justo. Toda a tecnologia é viável desde que ao serviço da criatividade e da arte, e não como forma de fazer dinheiro fácil, como acontece com o playback e alguns DJ’s. LP - Eu sou defensor da parte orgânica da música. Defenderei sempre a verdade no que faço e é disso que gosto nos outros. Tudo o que tenta mascarar uma verdade em prol “de um lugar ao sol”, para mim perde todo o interesse. No entanto, não sou contra os DJ’s (sou contra o playback) e acho legítimo que existam, tenho é pena que os DJ’s tenham ganho terreno no panorama a uma dimensão que os originais ainda sonham. É desmedido. ZP - Eu acho que, independentemente do que é utilizado num contexto de performance ao vivo, o que mais valorizo é a genuinidade e a originalidade, pelo que não posso reconhecer autenticidade no caso de um DJ onde, por exemplo, essa genuinidade e originalidade de outros artistas são manipuladas em proveito próprio. PP - A honestidade em palco, a par da criatividade e originalidade, são os atributos que mais valorizo numa banda, sendo que estes são prioritários nos meus projetos. Lembro-me de que quando era mais miúdo me diziam para sorrir mais, estar mais de certa maneira, etc. A meu ver, o músico deve ser aquilo que é, deve conseguir “soltar a franga” naturalmente, sem artificialismos nem coadjuvantes. Um músico deixa possuir-se pela sua arte, e transforma-se em palco. È essa a verdade que procuro em mim e nos outros. A tecnologia, desde que faça parte dessa verdade, pareceme bem. I - Numa banda, entre a perfeição sem cumplicidade e a cumplicidade com erros, o que preferem? Nas vossas bandas, evitam os erros ou assimilam os erros no coletivo? Qual acham que é a perceção do público destas duas opções? DC - É importante que um grupo passe para o público a sua união, tanto no sucesso como no erro, mas mais importante ainda é que esse grupo seja realmente unido. Há bandas que fazem carreira a propagar uma imagem de união, de força colectiva, mas que ao mínimo desacordo se separam, expulsam alguém ou alguém sai. É verdade que todas as bandas têm os seus problemas, e que nem sempre se consegue manter uma simbiose intacta, mas essas questões têm de ser resolvidas
: 49
mantendo a honestidade para com o público. Basta evitar dizer tretas sobre uma união que não existe. Ninguém gosta de ser engando, e um fã demora muito a conquistar e muito pouco a perder. LP - Os erros são humanos e por vezes enriquecem a música. Arriscar é preciso para que exista a linguagem musical. Reproduzir ao vivo exactamente o que vem nos discos, sem nada acrescentar, parece-me inanimado. A percepção do público, infelizmente, não chega a detectar pormenores... gostam ou não, dependendo daquilo que lhes chega. Precisam ser educados a ter opinião própria e libertarem-se de comparações com estrangeirismos etc..., lá está. ZP - Não sei. É difícil pois sou um pouco perfeccionista, mas acho que há lugar para ambos os casos, e que os dois são importantes desde que bem conjugados; penso que é sempre preferível evitar o erro, sem comprometer a cumplicidade, já que um público atento vai entender e reagir em ambas as situações. PP - Eu sou apologista do direito ao erro. Não por preguiça ou falta de trabalho, mas porque é no erro se vê o coletivo a funcionar, e muitas vezes é do erro que surgem as melhores ideias. Não gosto da música demasiado quadrada e bonitinha, prefiro a energia da música fluída, com erros ou sem eles. Cada concerto tem de ser um acto de criação, único e irrepetível, e não um encher de mais um chouriço musical. I - No momento da gravação, em que a tecnologia pode ajudar no processo criativo e na manipulação do som, qual acham que é a vossa postura? DC - Sem tecnologia, ainda hoje estava fechado em casa com um caderno, uma guitarra e dezenas de canções, pois nunca conseguiria pagar aquilo que um estúdio custava antes desta revolução. Não recuso qualquer ferramenta que me ajude na criatividade, por isso tudo o que tiver à mão será eventualmente utilizado. LP - A tecnologia quanto a mim serve para melhor reproduzir a nossa verdade e não para alterá-la. No entanto, por vezes ficam erros registados que realmente precisam correcção. A nível criativo, acho que (das duas uma): ou são inseridas no kit do músico e fazem parte da sua verdade ou quando aplicada para fazer o que não conseguimos, deixa de fazer sentido. PP - Eu sou analógico por natureza na performance; a tecnologia serve-me para compor, experimentar ideias e preparar trabalho.
: 50
A) I - Todos os instrumentos e vozes afinados / não afinar os instrumentos depois da gravação: DC - Sinceramente, já utilizei ferramentas de afinação para um baixo que tinha o braço torto e era o único que tinha disponível. Para vozes, não vejo qualquer utilidade. Gosto de muitos cantores desafinados, considero-me um deles, e isso não me impediu de fazer carreira na música. LP - Todos os instrumentos e vozes afinadas (excepto quando propositadamente queremos as coisas desafinadas). ZP - Todos os instrumentos e vozes afinados. PP - Afinar pontualmente, mas respeitando a verdade do instrumento, que muitas vezes só soa a ele próprio com aquele destemperamento peculiar. B) I - Gravação pista a pista / gravação em conjunto: DC - Gravação por pistas permite melhor qualidade para quem não tem muitos recursos disponíveis. A gravação em conjunto é o ideal, mas muito difícil de sustentar. LP - Gravação em conjunto (sabendo que isso implica um estúdio com essa capacidade). ZP - Conforme a situação; no entanto, apesar de em termos técnicos ser muito difícil, a gravação em conjunto seja a melhor opção, na minha opinião. PP - Gravação em conjunto, apesar de nunca ter experimentado. C) I - Adição de eletrónica mesmo quando é impossível replicar o resultado final ao vivo / preocupação de fazer ao vivo o que está na gravação: DC - Um disco e um concerto são coisas diferentes, por isso tudo é bem-vindo. Não tenho qualquer preocupação nem vontade de replicar ao vivo o que está no disco, e até vejo isso como menos um motivo para querer ver um concerto. LP - Fazer ao vivo o que está na gravação. ZP - Conforme o caso, não tenho preferência; acho que é importante replicar ao vivo o resultado final. No entanto, há sempre soluções para contornar a coisa caso não seja possível. PP - Preocupação de fazer ao vivo o que está no CD. D) I - O CD serve essencialmente para vender o nosso trabalho / o CD é uma necessidade de transmitir a nossa música, e pode existir por si só como objeto autónomo:
: 51
DC - O CD, o vinil, a cassete, o minidisc, o mp3, tudo o que nos permita ouvir a música que gostamos. LP - A segunda hipótese. ZP - Na minha opinião serve para ambos os casos. PP - O CD resulta da necessidade de mandar cá para fora o que já não se consegue guardar cá dentro. Fazer música e gravá-la é um pouco como exorcizar os nossos demónios. I - Nas indústrias culturais, está-se constantemente a falar de emoções, sentimentos, criatividade. Até que ponto é que há honestidade nestes chavões, considerando o que acontece hoje no mercado? DC - Utilizo as emoções, os sentimentos e a honestidade naquilo que crio, e tenho uma agenda gradualmente preenchida, vendo alguns discos, recebo apoio de muita gente que gosta do que faço, por isso tenho provas claras de que há espaço para essa forma de encarar a música. O problema é que esse espaço não é suficiente para toda a boa música que se faz, e é preciso muito dinheiro para derrubar a corja que ocupa um mercado que já foi de talentos e agora é apenas financeiro. LP - É relativo. Quando falamos da primeira divisão (Mariza, etc,...) isso é verdade. Estes artistas trabalham ao mais alto nível em todas as frentes. Outra coisa são os artistas que vêm servir formatos de mercado e a sua existência depende de fórmulas pré-conseguidas e, neste caso, não vejo honestidade dos termos usados. ZP - Na maior parte dos casos acho que sim, e reconheço facilmente isso mesmo em coisas que não fazem o meu género; agora no que à musica pop comercial diz respeito, discordo relativamente à maior parte do que ouço. PP - Existe muito pós-modernismo na música actual, onde o parecer é muito mais importante do que o ser. Dito isto, qualquer ser humano consegue perceber quando no palco se expressam realmente sentimentos. Acho que só sou músico porque tenho uma vontade irresistível de expressar sentimentos. Não os expressar através da música é castrador. I - Numa indústria controlada em 99% pelos grandes grupos económicos, qual a estratégia para se conseguir afirmar a nossa música, pensando que em países como a França e a Espanha existe uma política cultural e uma militância ativa que defende o que neles se faz de melhor?
: 52
DC - A solução passa por mudar o país, e para isso é necessário sacrificar gerações. Será um processo muito lento, feito por pequenos grupos de pessoas que não recorrem ao pedantismo da arte mas sim aos valores da educação sobre o papel que a cultura tem na vida de todos. Os portugueses terão de perceber lentamente que a música é um fenómeno universal, de massas, que não está restringido a uma elite autonomeada. Terão de aprender que a criatividade é a única solução para sair de crises e reparar os outros flagelos da sociedade. Terão de aprender que houve livros e canções que realmente mudaram o mundo, e só não continuam a mudar porque estão abafados pela ignorância e pelo individualismo que lhes entra pelos olhos e pelos ouvidos. Terão de perceber que ao cortar na cultura, nunca se sairá de uma crise. Tenho trinta anos e poucas perspectivas de ver isso acontecer durante a minha vida, mas tentarei dar o meu contributo. LP - Nesses países, o que se faz melhor, vem da formação cultural. Um francês valoriza e consome música francesa, porque assim foi educado. Quanto à solução para o nosso país, creio que passa por unir forças, estabelecer parcerias entre agentes e artistas (fora desse monopólio) no sentido de proteger e valorizar a criação, determinar medidas mínimas que todos defendam a nível de cachets mínimos a praticar, riders técnicos cumpridos para que seja eficaz (ao mesmo nível dos grandes) a prestação artística. Esta solução deve ainda passar pela formação de músicos para que estes saibam mexer-se e estar no mercado, no estúdio, no palco, na rádio e na T.V. Acho que a este nível ainda há muito por fazer. ZP - Se entendi bem a pergunta acho que se pode ir contornando essas políticas que existem tanto em França como em Espanha, pois o público desses países, como de todos os outros, vai gostar de ouvir a tua música (que para eles vem de fora); nesse sentido, as plataformas digitais são um bom meio alternativo para promoção do nosso trabalho, assim como a aposta em associações locais para ir tocar a pequenos eventos/ festivais e assim ir ‘plantando’ para mais tarde vir a colher. Mesmo com essas restrições todas eu já toquei em Espanha várias vezes e conheço muitos músicos que já tocaram nesses 2 países muitas vezes, fazendo sempre sucesso e regressando quase sempre todos os anos. PP - Da parte do país, devia haver algum protecionismo relativamente à nossa música, investindo culturalmente na valorização do que é nosso, dentro e fora de Portugal. Da parte dos media, as regras do jogo
: 53
deviam ser transparentes, já que a visibilidade está associada a um investimento significativo (as coisas não acontecem por mérito apenas ou por milagre). Da parte dos músicos, devemos fazer o que já estamos fazer, organizarmo-nos em coletivos que defendam efetivamente os nossos interesses e que deem visibilidade ao que fazemos. I - Finalmente, numa sociedade que se vangloria de premiar o melhor, proporcionar a igualdade de oportunidades, estimular a livre concorrência, acham que é essa a realidade que se vive na música, ou existe algum tipo de manipulação e distorção destes mercados? Perguntado de outra forma, porque será que muitas vezes os melhores não chegam a ser reconhecidos pelo grande público? DC - Muito do público não tem o tempo nem o gosto necessários para procurar os novos talentos que lhe possam interessar, e por isso consomem exclusivamente o que lhes chega pelos media. Os media são controlados por investimentos, e por isso tornam reconhecidos quem querem – ou seja, quem tem investimento disponível. Como é muito mais fácil obter novidades constantes de artistas que não trabalham para meter qualquer tipo de arte naquilo que fazem, torna-se mais fácil investir em música de menor qualidade, que depois chega aos ouvidos das pessoas vezes suficientes para que se entranhe no seu subconsciente. Depois basta juntar o espírito de manada, ver que o vizinho vai para querer ir, e está uma fórmula criada. Todos ganham o seu dinheiro, o público obtém o seu “entretenimentozinho”, e está tudo bem enquanto assim for. LP - “Os melhores” é um termo difícil. Acho, digo novamente, que tudo passa pelo monopólio de quem atinge as massas através dos meios de comunicação. É fácil, pagando, dar visibilidade a um artista, sabemos isto, a questão é o nosso público (as massas), que foram habituadas a que fizessem o trabalho por elas/eles. O público não foi educado a escolher por opinião própria, foi educado a receber o que lhes dão. E quem dá é quem pode pagar, ou tem amigos etc... ZP - Boa pergunta; em primeiro lugar, raramente reconheço ou concordo com quem normalmente ganha esses prémios, pois nunca se percebem os critérios de atribuição dos mesmos; em segundo lugar, raramente se proporciona a igualdade de oportunidades. Acho mesmo que em certos meios musicais (senão mesmo
: 54
em todos, fazendo aqui uma excepção ao pessoal da música mais pesada, vulgo Metal) é um salve-se quem puder; vivi até um pouco essa experiência quando toquei com um projecto altamente promovido por uma grande editora do mais alto nível de Portugal. Para concluir, e em resposta à última pergunta, acho que existem vários factores que se podem aqui elencar, nomeadamente saber ou definir o que é realmente bom. Acho que à partida o público consome muita “trampa” (gostos não se discutem?), é mal-educado e não é muito exigente. Quando menciono público falo da maioria, das massas que vão atrás de tendências e modas e não da qualidade. No meio de tanta oferta de qualidade duvidosa há sempre algo de bom ou de muito bom que passa para o grande público, e mesmo com um suporte promocional de grandes dimensões, não chegam a ser devidamente reconhecidos. Por isso, na maior parte das vezes, os melhores passam ao lado do grande público, mas não deixam de fazerem as suas carreiras musicais e o seu percurso, havendo até casos de serem pouco conhecidos em Portugal e amplamente reconhecidos fora do país. Quantos projectos/artistas conhecemos nós que se fartam de viajar pelo mundo a tocar e quase ninguém os conhece em Portugal? PP - Existe claramente uma distorção dos mercados. Para a maioria do público, o sonho americano existe, e qualquer um pode chegar ao topo. Para quem anda nisto há muitos anos, já sabemos que não é assim. Ter dinheiro para lançar um projeto é uma garantia de que este aparece nas playlists, revistas, jornais e até no telejornal. Vivemos na ilusão de que com a internet todos têm as mesmas oportunidades, mas na realidade isso não acontece. Para agravar a situação, ainda existe preconceito relativamente à música portuguesa, e em particular ao folk. Faltava-nos ser um bocadinho mais orgulhosos e menos “auto-preconceituosos”. A parte positiva é que cada vez mais são os projetos de qualidade a aparecer e, mais tarde ou mais cedo, este segmento cada vez mais significativo das indústrias culturais terá a representação justa que lhe é devida nos media nacionais.
: 55
CA NC IO NE IR
O
: 56
TIA ANICA DE LOULÉ Tia Anica de Loule
' TRADICIONAL - CÉSAR NEVES
b &bb
Voz
? bb
Baixo
Voz 7
Baixo
Voz
2 4
A
‰ œ œ .. œ œ œ œ œ œ œ . œ œ œ œ œ œ œ ‰ œ œ œ œ œ œ Ti' An
∑
œœ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ .. œ œ œ n œ œœ œœ œœ œ œ œ œ
-
i - ca ti' An - i - ca, ti'
b œ. œ œ œ &bb œ œ œ œ ? b b œ œœœ œœœ œœœ b e - la
a
œœ œœ œœ œ œ œ œ
bar - ra
do
ca - chi
An -
i - ca,
‰ œ J
œ
œ œœ œœJ ‰
- né
Ó
b œ œ & b b œ œ œ œ œ ‰ Jœ Jœ ‰ ‰ Jœ
12
Baixo
b
2 4Œ
Tradicional Cesar das Neves
B
-
de
Lou - lé;
A quem
œ ‰ ‰ œ œ ‰ J J J œ œ œœ œœJ ‰ œ œœ lé,
o
-
lá,
œ. œ œ œ œ œ œ
dei - xa - ri - a
œ œ œœœœ œ.
œœœ ‰ J es
-
œ ta
‰ œ œ ..
œ œ œ ? b b œ œœœ œœœ œœœ œ œœ œœJ ‰ n œ œœœ œœœJ ‰ œ œ œ œ œ œœœ œœœ œœœ œ œœ œœJ ‰ .. b mo - da
não 'stá
má;
o
-
lá
o
- lé,
ti'
An - i - ca
de Lou - lé
Ti' Anica, ti' Anica, Ti' Anica de Loulé; A quem deixaria ela A barra do cachiné.
Ti' Anica, ti' Anica, Ti' Anica d' Aljezur; A quem deixaria ela A barra da saia azul.
Olé olá, Esta moda não está má Olá, olá, Ti' Anica de Loulé.
Olé olá, Esta moda não está má Olá, olá, Ti' Anica de Loulé.
Ti' Anica, ti' Anica, Ti' Anica de Fuseta; A quem deixaria ela A barra da saia preta.
Ti' Anica, ti' Anica, Ti' Anica de Alportel; A quem deixaria ela A barra do seu mantel.
Revista Identidades, nº 3
: 57
VALSA REVALSA Valsa Revalsa
TRADICIONAL - CÉSAR NEVES
&
Voz
?#
Baixo
Voz 6
Baixo
Voz
#
#
3 4 3 4
Voz
Baixo
: 58
Ó œ œœ œ
ta
re
?# œ
# œ &
-
? # #œ # & œ
œ.
da
val
?# œ
Œ
.. œ
œ
œ
va
œœ œ
val
œ.
œœœ
14
œ
.. œ
A
& œ
10
Baixo
Ó
bei
-
sa
œœ
-
œœ
-
œœœ
œœ œ
-
œ. œœ
œ
œœ
sa
œ
-
œœ
sa
œ œœ
Tor
-
œ
œ œœ
na..a
re
œ
œ œ œ
œœ
-
val
œ œ œ œ œ œ œœœ
da
bei
œ
mar
Œ œ.
j œ œ œ œ œ œ œ
œ
Œ
œœœ
da
bei
œ
-
na..a
œ
œœœ
re
-
œœœ
-
œœœ
val
ra
-
œœ œ
Es
mar;
œœ
sar
Œ
œœ œ Œ
A valsa revalsa, Torna a revalsar; Esta revalsinha Veio da beira-mar.
Não canteis a valsa Porque a não sabeis; Cantai-a comigo Vo'la aprendereis.
A valsa de quatro Tem muito que ver, Ela bem dançada É ver e morrer.
Veio da beira-mar, Veio da beira-mar, A valsa revalsa, Torna a revalsar.
Vo'la aprendereis, Vo'la aprendereis; Não canteis a valsa Porque não a sabeis.
É ver e morrer, É ver e morrer; A valsa de quatro Tem muito que ver.
Revista Identidades, nº 3
-
Œ
œ
œ.
œœ œ
Veio
œœ
Veio
œ
œ
œ
‰ œ J
œ
tor
œ J
Œ
œœ
ra
sar;
œ œ
œœœ
-
-
œ J
œœ
œœ
œ
-
Veio
œ. -
va
œœ œ
nha
mar,
va
-
œ
œ
œ
œ
ra
-
re
œ
œ J
œ œ J
re
œœ
sa
œ
-
œœ
si
œ
œ
Tradicional Cesar das Neves
œ J A
.. ..
VIUVINHA TRADICIONAL - PAULO PEREIRA
Viuvinha Voz
Contravoz
3 &4 Œ 3
&4
A
Œ œ œ .. œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ .. œ œ œ œ œœ 1.
.. ˙
∑
˙
œ
œ
˙
B Voz
C.voz
Tradicional Paulo Pereira
œ
˙
& .. œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ Œ & .. ˙
1.
œ
˙
œ
˙
œ
2.
˙
œ .. ˙
Œ
. Œ Œ œ œ . œ 2.
Œ
.. œ Œ Œ
Olha a triste viuvinha Que anda na roda a chorar x2 É bem feito, é bem feito Já não tem com quem casar x2 Já levaste um cabaço Dois ou três hás-de apanhar x2 Ela não tem que vestir Ela não tem que calçar x2 Já levaste dois cabaços Cinco ou seis hás-de apanhar x2 É bem feito, é bem feito Já não tem com quem casar x2
: 59 Revista Identidades, nº 3
PARREIRA TRADICIONAL - PAULO PEREIRA
Parreira
b &b
Voz
&b
Contravoz
b
4 4 4 4
5
C.voz
Voz 9
C.voz
j j Œ ‰ œ .. œ œ œ œ b œ œ œ œ b œ œ F .. œ œ œ b œj œ . œ œ ∑ J F
j ‰ j œ œ bœ œ œ œ nœ œ œ œœ œ œ œ b œj œ .
œ œ Œ J
j j b j j j & b b œ œ œj œ ‰ n œ .. b œ œ œj œ ‰ œj .. œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œj œ ‰ œ 1.
Voz
Ó
Tradicional Paulo Pereira
2.
b & b œJ œ Jœ œ Œ &
bb
.. œ œ œ œ b œ œ b œ œ œ >œ œ œ Œ J J
.. œ œ œ œ Œ J J
œ œœœ œ œ œœœ œ
j œ œ
1.
b œ œ œ œ bœ œ j b bœ bœ œ & œ >
j œ œ j œ œ
‰ œj .. œj œ 2.
Œ
.. b œj œ >
Não te tem pó pó Não te encostes encostes àa parreira parreiraque queelaela tem Encosta-te minha beira beiraque queeueuestou estou Encosta-te àa minha tãotão só só x2 x2
Agora que m’eu meu maneio maneio ééque quem’eu meu maneio maneioassim assim Agora éé que Nos braços do meu amor e do seu ardor por Nos braços do meu amor e do seu amor por mimmim x2 x2 Tens Tens Tens Tens
uma uma parreira parreira ààporta portasem semvindimar vindimar oa teu amor ao lado sem x2 x2 teu amor ao lado semnamorar namorar
Agora é Agora é que que m’eu meu maneio maneio éé que quem’eu meu maneio maneioassim assim Nos braços do do meu meu amor amore edodoseu seuamor ardor Nos braços porpor mimmim x2 x2
: 60
Revista Identidades, nº 3
j œ œ j œ œ
‰ œj Œ
ENTRE 21 JUNHO E 23 DE SETEMBRO Esta agenda, para além de romarias, apresenta os festivais de verão cuja programação inclui artistas que desenvolvem trabalho na área da música de raiz portuguesa. Assim, esta integra 82 eventos, sendo estes 50 festivais e 32 romarias.
FESTIVAL 7 SÓIS 7 LUAS
“Uma rede cultural de 30 cidades de 13 países: Brasil, Cabo Verde, Croácia, Eslovénia, Espanha, França, Grécia, Israel, Itália, Marrocos, Portugal, Roménia e Tunísia – que privilegia relações vivas e directas com os pequenos centros e os artistas.” http://www.festival7sois.eu/ Artistas portugueses de raiz confirmados: 7Sóis Mythos Orkestra | Mazagão 7Luas | Vibra-Sóis Orkestra | Luasitania Orkestra
HÁ FESTA NA ALDEIA
“Há Festa na Aldeia” é um projecto pioneiro de desenvolvimento do território, criando um novo foco de atractividade em espaços rurais com características próprias (aldeias de Areja, Couce, Porto Carvoeiro, Ul e Vilarinho de S. Roque). Promovido pela Associação de Desenvolvimento Rural Integrado das Terras de Santa Maria (ADRITEM) – em parceria com os municípios de Albergaria-a-Velha, Gondomar, Oliveira de Azeméis, Santa Maria da Feira e Valongo –, o projecto financiado pelo Programa de Desenvolvimento Rural (PRODER) propõe o envolvimento activo da população estimulando os usos e costumes, as tradições culturais e a gastronomia.” http://www.hafestanaaldeia.pt/pt/ Artista português de raiz confirmado: Celina da Piedade
FEIRA DE S. JOÃO
“A Feira de S. João / 2014 assume como tema geral os “40 Anos da Revolução de Abril”. Celebramos a conquista da liberdade e da democracia. Homenageamos os que resistiram, lutaram e construíram novos caminhos de progresso. Valorizamos o período de maior desenvolvimento e justiça social, alguma vez registado em benefício do Povo. Em tempos de crise, de empobrecimento e regressão social, que atingem mais e mais eborenses e portugueses, os valores humanistas da Revolução de Abril apontam novos rumos para um futuro melhor em Évora e no país.” http://www.cm-evora.pt/pt/ Artistas portugueses de raiz confirmados: Uxu Kalhus, Mara, Brigada Victor Jara
A LONTRA FEST
“O Festival A Lontra Fest pretende promover a música alternativa, com qualidade, que se faz em Portugal, cantada em português. Os artistas portugueses merecem destaque no mercado da música mas o seu trabalho também é um fator preponderante e decisivo que pode levar um músico ao sucesso ou insucesso. Por isso, o festival também promove diferentes atmosferas sonoras, sons urbanos e crus, letras irreverentes, elos de ligação pouco habituais a outras correntes artísticas, o cenário, a qualidade técnica do espectáculo, a cor, o espaço, o tempo e os tempos.” http://www.agendalx.pt/ Artista português de raiz confirmado: Bicho do Mato
Alfândega da Fé | Castro Verde | Elvas | Madalena | Odemira | Oeiras | Ponte de Sor Datas: 30/05 a 13/09 Bilheteira: entre 0 € e 5 €
Vilarinho S. Roque | Couce | Areja | Porto Carvoeiro | Ul Datas: 14/06 a 14/09 Entrada livre
Évora Datas: 19/06 a 28/06 Entrada livre
Coordenadas GPS do local do espetáculo a serem divulgadas em http://facebook.com/ alontrafest
Datas: 21/06 a 23/08 Entrada livre
FESTIVAL ROCK NORDESTE
“Após um ano de interregno, o festival Rock Nordeste regressa para a sua 10.ª edição, renovado e com uma forte aposta no melhor que se faz actualmente na música portuguesa. Além da música, na sexta-feira (dia 27), o festival contará com a primeira edição do Vila Real Urban Market, um mercado urbano aberto a quem quiser vender o seu produto artesanal, tradicional ou de outro carácter.” http://www.rtp.pt/antena3/ Artista português de raiz confirmado: Dead Combo
FESTIVAL MED
Loulé Datas: 26/06 a 28/06 Bilheteira: 12 € diário 25 € - diário família (2 adultos + 2 crianças até 16 anos) 30 € - 3 dias
“Em 2014, o Festival MED assinala o seu 11º aniversário e, nesta edição, continuará a desenvolver uma ideia inovadora e diferenciadora e afirmar-se-á como um evento de qualidade e de referência, resultando numa aposta ganha, pelos níveis de adesão, notoriedade e popularidade internacional entretanto alcançados. Tem já uma identidade própria e integra uma imagem de marca, que lhe confere destaque nos roteiros dos festivais de verão realizados na Europa.” http://www.festivalmed.pt/ Artistas portugueses de raiz confirmados: Ai!, Pelivento, Celina da Piedade, Gisela João
FESTAS DA RAINHA SANTA ISABEL
“Festas religiosas organizadas pela confraria da rainha Santa Isabel. Missas, procissão solene e penitencial, cânticos e espetáculo de pirotecnia no dia 10.” http://www.rainhasantaisabel.org/index.php?option=com_content&view=article&id=22 7:programa-de-2014&catid=51:destaque-principal
FESTAS DA CIDADE DE COIMBRA E DA RAINHA SANTA ISABEL
“As FESTAS DA CIDADE DE COIMBRA E DA RAINHA SANTA ISABEL estão de volta. Promovido pela Câmara Municipal de Coimbra e pela Confraria Rainha Santa Isabel, o evento, a decorrer entre 1 e 13 de Julho, aposta, na edição de 2014, na diversidade de conteúdos, espaços e públicos. Foi pensada uma programação onde se conjugam culto e lazer, religião e cultura, rua e património, tradição e modernidade, partilha e cooperação. Um programa religioso e de animação, idealizado de e para a cidade, visitantes nacionais e estrangeiros. O grande objetivo é fazer refletir a diversidade cultural de Coimbra, mostrando uma cidade mais partilhada e mais vivida.” http://www.turismodecoimbra.pt/ Artista português de raiz confirmado: Carminho
FESTAS SEBASTIANAS
“Sebastianas são as festas da cidade de Freamunde, em Portugal, celebradas em honra de São Sebastião. É uma Festa anual que decorre sempre no segundo fim-de-semana de Julho. Com mais de 115 anos de história, a festa foi crescendo de importância e dimensão. Inicialmente festas em honra de São Sebastião só na parte religiosa, com o decorrer dos anos foram evoluindo para as Sebastianas actuais. São agora misto de festa sagrada e profana, com uma parte cultural e de animação muito mais marcada, sem nunca perder a raiz popular. Ao longo dos últimos anos, tem vindo a obter uma maior participação de público, sendo uma atracção turística com mais de 120 mil visitantes.” http://www.sebastianas.com/ Artistas portugueses de raiz confirmados: Galandum Galundaina, Ana Moura
Vila Real Datas: 26/06 e 27/06 Entrada livre
Coimbra Datas: 01/07 a 13/07
Coimbra Datas: 01/07 a 13/07 Bilheteira: entre 0 € e 25 €
Freamunde, Porto Datas: 04/07 a 15/07 Entrada livre
ROMARIA DE Nª SR.ª DA SERRA
“É lá no alto, a mais de mil e quatrocentos metros de altitude, que se reúnem as gentes de seis concelhos vizinhos, para homenagear Nossa Senhora do Marão ou da Serra. Todos os anos, no segundo domingo após a festa de S. Pedro, as populações dos concelhos de Vila Real, Amarante, Baião, Mesão Frio, Santa Marta e Régua sobem, encosta acima, grande parte ainda a pé, por veredas e caminhos de cabras, para durante dois dias dançarem e bailarem, conviverem e rezarem. Tudo isto nas alturas da serra do Marão.” http://www.noticiasdevilareal.com/noticias/index.php?action=getDetalhe&id=763
FESTAS DO DIVINO ESPÍRITO SANTO
“As festas do Espírito Santo de Ponta Delgada, pela dimensão que atingiram, ultrapassam e transcendem a vontade das pessoas. Procissão da Mudança da Bandeira, bênção das despensas da carne e do pão, sopa do espírito santo, iluminação da Coroa do Espírito Santo, concurso de massa sovada e arraial com atuação de bandas filarmónicas.” http://e-cultura.sapo.pt/AgendaCulturalDisplay.aspx?ID=17563
FESTAS DE SÃO BENTO
“No dia 11 de julho (feriado municipal), como já é tradição, milhares de peregrinos, oriundos das freguesias de Santo Tirso e dos concelhos limítrofes, dirigem-se à Igreja Matriz de Santo Tirso para venerarem São Bento. A devoção a S. Bento é milenar e manda a tradição que as promessas ao santo devem ser pagas com cravos brancos, ovos ou sal, já que grande parte da sua popularidade se ficou a dever à cura de verrugas ou “cravos” na pele e, ainda, ao auxílio que prestava aos partos difíceis….” http://www.correiodominho.com/noticias.php?id=70881
CASTRO GALAICO FESTIVAL DE NOGUEIRÓ
“O Castro Galaico Festival de Nogueiró - Música e Tradição, único nos seus propósitos e objectivos (unir a Nação Galaica, Portugal e Galiza) vai-se impondo no panorama Nacional!.. Este ano já na sua 5ª edição, conta com uma interessante recriação Castreja, criação dum povoado dos Brácaros, rigorosamente a não perder! É para tentar repor a verdade histórica, no âmbito das suas iniciativas culturais, que a União de Freguesias de Figueiró e Tenões, o Grupo Canto D’Aqui, e ASCREDNO, se propõe realizar este festival de música, assente na tradição popular, ligando-o às nossas raízes Castrejas / Celtas / Galaicas! Animação, música, muito boa música, comes e bebes, num local mágico, com umas vistas fantásticas sobre Brácara Augusta, estão garantidas!”
Alto do Marão Datas: 05/07 e 06/07
Ponta Delgada Datas: 10/07 a 13/07
Santo Tirso Datas: 10/07 a 13/07
MÚSICA E TRADIÇÃO Nogueiró, Braga Datas: 10/07 a 13/07 Entrada livre
EDP COOL JAZZ FEST Oeiras Datas: 10/07 a 26/07 Bilheteira: entre 20€ e 50€
http://www.rtp.pt/antena1/?t=Apoio-A1-Castro-Galaico-Festival-de-Nogueiro.rtp&article=7557&visual=10&tm=11&headline=14
Artistas portugueses de raiz confirmados: Canto D’Aqui, Galandum Galundaina, Origem Tradicional, Adufe & Alguidar, Danças dos Homens, Propagode
“O EDP Cool Jazz Fest é um evento musical de referência realizado em cenários idílicos, ao longo do mês de julho, juntando natureza, património e a música.” http://www.edpcooljazz.com/ Artistas portugueses de raiz confirmados: Ana Moura, Ricardo Ribeiro
FESTIVAL BANGO
BANGO é um festival de música e artes que vai na sua XI edição, que acontece na Benedita anualmente. É o festival que celebra o talento local e não só, nas mais diversas áreas artísticas. Bango é um movimento de cidadania e solidariedade, idealizado e produzido por jovens da Benedita em parceria com o Rotary Club da Benedita. Este Festival realiza-se este ano a 11, 12 e 13 de Julho, na vila da Benedita, sendo os possíveis lucros usados na concessão de Bolsas de Estudo a jovens universitários com grandes capacidades mas com extremasdificuldades económicas e também na ajuda associações locais que vão trabalhar connosco nomeadamente; Associação de Jovens da Benedita, Sorriso Amigo e Escuteiros da Benedita, Clube de Natação da Benedita e Associação de Pais e Encarregados de Educação da Benedita.” http://www.bango.com.pt/ Artista português de raiz confirmado: Uxu Kalhus
XIV ENCONTRO DOS POVOS SERRANOS
“Um espaço de convívio dos povos locais com música, e lanches partilhados. O lugar de Sto. António da Neve é palco anual de um evento com raízes antigas: “O Encontro dos Povos Serranos”. Um evento que reunia no alto do Sto. António as populações que viviam na Serra e em redor dela. Servia sobretudo para fomentar o convívio, o comércio de géneros e gado, e para a resolução de todo o género de problemas. Esta tradição é hoje sobretudo um convívio fraterno entre as povoações vizinhas, num exemplo do que de melhor e mais genuíno existe nas gentes destas montanhas.” http://www.dueceira.pt/trilhos/perc_neveiros.php?lang=pt
TOM DE FESTA
“O Tom de Festa sempre se assumiu portador de um sentido popular festivo que se distingue do populismo massificante, criando universos de participação que se situam muito para além dos concertos que lhe servem de âncoras mas que não o aprisionam à conceção exclusiva das músicas do mundo. Exposições, teatro, dança, artes plásticas, conferências e debates, feira de produtos, gastronomia e animações não representam atividades paralelas, mas atributos de identidade que conferem ao festival a loucura campestre dum encantamento de CIDADania artístico-comunitária esfusiante e cooperativo.” http://www.acert.pt/tomdefesta/2014/ Artistas portugueses de raiz confirmados: Ósmavati, Associação Cultural e Museu Cavaquinho
Benedita Datas: 11/07 a 13/07 Entrada livre
Santo António das Neves Datas: 12/07
FESTIVAL DE MÚSICA DO MUNDO ACERT’14 Tondela Datas: 16/07 a 19/07 Bilheteira: 12€ 4 dias (associados)
16 € 4 dias (residentes Tondela) 25 € 4 dias (geral) 5 € diário (associados) 10 € diário (geral)
FESTIVAL TERRA TRANSMONTANA
“O “Terra Transmontana” é um festival que junta a ancestralidade e contemporaneidade transmontanas na sua expressão cultural, decorrendo durante três dias no Castelo da vila de Mogadouro. Trata-se de um evento que proporciona a vivência e a experiência do património cultural do nordeste transmontano, viajando pela nossa tradição Transmontana. Com uma forte componente lúdica, proporciona o contacto com a natureza, com as ritualidades, a música folk, a gastronomia, as artes e ofícios e as demais expressividades poético-culturais que caracterizam esta região do Nordeste Transmontano.” https://www.facebook.com/festivalttm/info Artistas portugueses de raiz confirmados: Uxu Kalhus, Charanga
ENTRE MARGENS
“Oficinas de instrumentos: cordas e cavaquinho, gaita-de-fole e percussão, concertina, canto polifónico e danças do Minho. O programa é completado por palestras, bailes e feira de instrumentos.” https://www.facebook.com/encontrodetocadores Artistas portugueses de raiz confirmados: Artur Fernandes, Daniel Pereira ‘Cristo’, Xerardo Santomé, Sara Vidal, Luís Moura
Mogadouro Datas: 18/07 a 20/07 Entrada livre
ENCONTRO DE TOCADORES Caminha Datas: 18/07 a 20/07 Bilheteira: entrada livre 30€ - passe geral oficinas
FESTIVAL MÚSICAS DO MUNDO - FMM
“O FMM Sines – Festival Músicas do Mundo, a maior celebração das músicas do mundo realizada em Portugal, volta a encher Sines de sons de todo o planeta entre 18 e 26 de julho. Será a 16.ª edição do festival, marcada pelo regresso do núcleo de Porto Covo, nos três primeiros dias, e por um programa intenso de concertos, animação de rua e iniciativas paralelas.” http://fmm.com.pt/ Artistas portugueses de raiz confirmados: Ai!, Zé Perdigão, Gisela João, Júlio Pereira, Galandum Galundaina
L BURRO I L GUEITEIRO
“O L BURRO I L GUEITEIRO é um festival itinerante da música tradicional que decorre pelas aldeias do concelho de Miranda do Douro. Realiza-se, anualmente, durante 4 dias na última semana de Julho, e assume-se como uma plataforma de divulgação da língua, da música, da dança, dos instrumentos tradicionais, da gastronomia e da biodiversidade das Terras de Miranda, nomeadamente, da raça autóctone do Burro de Miranda. Ao longo do Festival, deambularemos na companhia do Burro de Miranda por antigos caminhos rurais, contemplando bonitas paisagens que nos irão conduzir ao encontro das aldeias das Terras de Miranda, do convívio com a população local e da festa concedida pela partilha dos arraiais tradicionais.” http://www.aepga.pt/eventos/l-burro-i-l-gueiteiro-1511532239/
Sines Datas: 18/07 a 26/07 Bilheteira: 10€ diário | 40€ passe
Granja, Fonte ladrão, Palaçoulo ,Prado gatão Datas: 23/07 a 27/07 Bilheteira: Preços 2012: entre 35€ e 95€
CONTEMFESTA
“A festa começa numa roda de contos com narradores da Escócia, Alemanha, Itália e Portugal no Museu do Fado em Lisboa, segue com um passeio narrativo pelo bairro de Alfama, continua pelos caminhos da aldeia de Pereiro de Palhacana, espraia-se depois em sessões de contos intimistas pelas adegas para terminar com um baile tradicional.” http://www.memoriamedia.net/index.php/programa-contemfesta-2014 Artista português de raiz confirmado: A Batalha do Modesto Camelo Amarelo
FESTAS DE SÃO TOMÉ
“As manifestações religiosas em norma não vão além de missas solenes, terços e somente em Mira há procissão. O domínio das festas vão para o cumprir de promessas e oblações, festa do urso (Pereira), bênção dos animais com as voltinhas à matriz ou ermida (Ançã, Ferreira e Mira), as cavalhadas, feiras francas, música, danças e cantares, cortejos etnofolclóricos e sessões municipais. A alegria, a devoção, a cor, o entusiasmo, a identidade e diferença das demais está na piqueta, na bênção dos animais e nas cavalhadas.”
Alfama, Lisboa | Pereiro de Palhacana, Alenquer Datas: 24/07 a 26/07 Entrada livre (sujeita a inscrição online)
Pereira, Montemor-o-Velho | Ferreira-a-Nova, Figueira da Foz | Ançã, Pocariça, Cantanhede Data: 25/07
FESTIVAL FOLK CELTA
Ponte da Barca Datas: 25/07 e 26/07 Bilheteira: Preços 2013: 5€ diário | 10€ 2 dias
http://www.mensageirosantoantonio.com/messaggero/pagina_articolo.asp?IDX=128IDRX=24
“A sétima edição do Festival Folk Celta de Ponte da Barca realiza-se este ano entre 25 e 26 de julho, prevendo-se um aumento de público face ao interesse gerado em 2013. O festival decorre na Praça Terras da Nóbrega, junto às margens do rio Lima, e a Câmara local já assumiu ser uma forte aposta, como forma de transformar o concelho na capital da cultura celta.” http://www.cmpb.pt/agenda.php?id=758 Artista português de raiz confirmado: Uxu Kalhus
GALAICOFOLIA
“Saltar por cima das fogueiras, dançar de braço dado à volta do fogo, ao som de flautas e tambores, era sinal de Festa, há 2000 anos atrás. A edição de 2014 da Galaicofolia terá 2 concertos em cada noite da festa galaica. Estarão presentes três nacionalidades, ao nível dos grupos, representando diferentes sonoridades do folk.” http://www.galaicofolia.com/
FESTIVAL SONS DA FRAGA DURA
“A organização do Sons da Fraga Dura, Festival de Música Tradicional Portuguesa, pretende promover a cultura popular e fomentar a partilha e conhecimento de outras culturas e tradições. Se as características de um Povo perduram na memória através da divulgação dos seus conceitos e mostras culturais, os grupos de música popular portuguesa fazem questão de manter vivas todas essas recordações.”
Esposende Datas: 25/07 a 27/07 Entrada livre
Casegas, Covilhã Datas: 25/07 a 27/07 Entrada livre
https://www.facebook.com/pages/Casa-do-Povo-de-Casegas/162890623883964?ref=ts&fref=ts
Artistas confirmados: A presença das Formigas, Fernando e Fernandito Meireles, Realejo, Adufeiras do Rancho de Penha Garcia
FESTIVAL DE LAVRE
“XVI FESTIVAL DE LAVRE 2014 é um evento que apesar de atingir a sua 16ª edição, apenas agora começa a dar os primeiros passos a caminho de um dos mais dinâmicos e importantes eventos do Alentejo. É um evento ambicioso, atual, mas que não esquece claramente as raízes da pequena vila que o acolhe, das suas gentes, costumes e tradições. O XVI FESTIVAL DE LAVRE 2014 ocorre assim entre as datas de 25 e 28 de JULHO de 2014, sendo esperados cerca de 20 000 festivaleiros, entre “filhos da terra”, gentes das demais planícies alentejanas, e outros tantos “forasteiros” de todo o Portugal e não só.” https://www.facebook.com/festivaldelavre/info Artista português de raiz confirmado: Quim Barreiros
FESTAS DE Nª SR.ª DO AMPARO
“No dia 20 de Julho de 1794, o juiz de fora, António Pinto Ribeiro de Castro ordenou a realização de uma festa em louvor de Nª Sr.ª do Amparo. Procissão de velas, novenas, marcha luminosa, noite de bombos, Majestosa Procissão em honra de Nª Sr.ª do Amparo, espetáculos pirotécnicos, arraial e leilão.” http://www.cm-mirandela.pt/?oid=3682
EXPOFACIC
“No Parque Expo-Desportivo é grande a azáfama na montagem das infra-estruturas e dos stands que vão dar corpo à XXIV Expofacic - Feira Agrícola, Comercial e Industrial de Cantanhede. O programa de concertos foi estruturado de modo a proporcionar concertos para todos os gostos, com destaque para autores de alguns dos maiores êxitos do panorama da música moderna mundial e para os artistas de maior sucesso em Portugal.” http://www.expofacic.pt/ Artistas portugueses de raiz confirmados: Ana Moura, António Zambujo
Lavre, Montemor-o-Novo Datas: 25/07 a 28/07 Bilheteira: 3€ - diário 10 € - passe 4 dias
Mirandela Datas: 25/07 a 03/08
EXPOSIÇÃO, FEIRA AGRÍCOLA, COMERCIAL E INDUSTRIAL DE CATANHEDE Datas: 25/07 a 03/08 Bilheteira: entre 3,50€ e 9€ diário 40 € - passe geral
ROMARIA DE SÃO MACÁRIO
São Macário, São Pedro do Sul Datas: 26/07 e 27/07
“É em honra ao culto ao São Macário que já vem do séc. XIII que se realiza ali anualmente uma concorrida romaria. A romaria a São Macário é a romaria mais típica da região, com centenas de pessoas a pernoitarem no monte para verem um inesquecível nascer do sol.” http://www.aldeiasdemagaio.org/sobre/aldeias/macieira
FESTIVAL FICAVOUGA
“Tendo como pano de fundo a natureza, o património e a gastronomia dos socalcos da serra, do vale do rio Vouga e do concelho de Sever do Vouga, a FICAVOUGA 2014 terá lugar de 26 de Julho a 2 de Agosto, contando com a presença de vários artistas nacionais e seguindo uma linha artística de programação de variados estilos musicais e aposta em novas bandas portuguesas de inegável qualidade musical. Os projectos musicais locais também não foram esquecidos e compõem a programação musical do evento. Para além de um forte e variado cartaz musical, a gastronomia local, através da presença de alguns restaurantes e tasquinhas locais, bem como os bares, irão, no seu conjunto, fazer o elo aglutinador e proporcionar ao público um ambiente de festa e de convívio, impulsionando simultaneamente, a economia local e a visitação ao património histórico e natural.” - https://www.facebook.com/sever.do.vouga.ficavouga/info Artista português de raiz confirmado: Toques do Caramulo
FESTIVAL INTERCÉLTICO DE SENDIM
“As celebrações musicais sendintercélticas vão iniciar-se no Largo D. João III, em Miranda do Douro, na noite de 31 de Julho de 2014, assim se concretizando aquela que era uma vontade há muito manifestada, quer por habitantes do concelho quer por parte de muitos dos que regularmente se deslocam a Sendim para fazer a festa em tons maiores de celebração coletiva.” http://www.cm-mdouro.pt/ Artista português de raiz confirmado: Galandum Galundaina
FESTIVAL ECOS DA TERRA
“Mais do que um simples evento musical, o “Ecos da Terra” pretende ser um meio de transmissão de novos conceitos e valores, promovendo as tradições, os usos e os costumes, valorizando o melhor que a região tem para oferecer. Como o próprio nome do Festival sugere, o “Ecos da Terra” pretende estabelecer uma forte e intrínseca ligação à Natureza, promovendo uma consciência ecológica, através da realização de várias ações de sensibilização e envolvimento do público. Em termos musicais, o “Ecos da Terra” aposta num cartaz diversificado e de grande qualidade que tem na música tradicional portuguesa e do mundo o seu principal denominador comum.” - https:// www.facebook.com/ecosdaterra.festival/info
Sever do Vouga Datas: 26/07 a 02/08 Entrada livre
Miranda do Douro | Sendim Datas: 31/07 a 02/08 Bilheteira: entre 0€ e 12,5€
Local sem informação Datas: 01/08 e 02/08 Bilheteira: Preços 2013:
15€ diário | 20€ passe geral
FESTIVAL MUSIDANÇAS
“Com início em 2001, o Festival Musidanças já faz parte do roteiro cultural português. Recebe artistas de toda a Lusófonia e é um dos responsáveis pela apresentação e revelação de alguns artistas reconhecidos no panorama nacional. Este ano partimos para novas fronteiras, para reforçar os laços que nos unem! Do Mundo Lusófono a Lisboa, de Lisboa até…” https://www.facebook.com/festivalmusidancas
GO FOLK FEST
“Festival Internacional de Música Folk que se realiza em Agosto no Parque da Senhora dos Verdes, Gouveia. Abrange diversos subgéneros da folk: música celta, folk-rock, folk progressivo, música étnica e outros.” http://www.gaudela.net/gofolk/. Artistas confirmados: Júlio Pereira, A presença das Formigas
S. Pedro do Sul Datas: 01/08 a 03/08 Entrada livre Gouveia Datas: 01/08 e 02/08 Bilheteira: 2 dias 20€
1 dia (01/08) 10€ | 1 dia (02/08) 15€
FLAVIAEFEST
Chaves Datas: 01/08 a 03/08 Entrada livre
“A Academia de Artes de Chaves irá realizar em parceria com o Município de Chaves e apoio técnico da Chaves Viva o IV Festival de Música Tradicional Folk da nossa cidade. “FlaviaeFest14” terá como principal objectivo trazer à nossa cidade grupos de renome internacional, divulgação da nossa música tradicional e mostra de novos projectos de música do mundo.” http://flaviaefest.com/ Artistas portugueses de raiz confirmados: Projecto Enraizarte, Dazkarieh, Galandum Galundaina, Retimbrar, Mu, Gaiteiros da Ponte Velha, iPUM, Estica-me as Peles
ANDANÇAS
FESTIVAL INTERNACIONAL DE DANÇAS POPULARES Barragem de Póvoa e Meadas, Castelo de Vide
Datas: 04/08 a 10/08 Bilheteira:
“O Andanças é um festival que promove a música e a dança popular enquanto meios privilegiados de aprendizagem e intercâmbio entre gerações, saberes e culturas.Com um olhar dos dias de hoje, o Andanças propõe-se reavivar hábitos sociais de viver a música retomando a prática do baile popular através de múltiplas abordagens às danças de raiz tradicional, portuguesas e do mundo, com vista à recuperação das tradições musicais e coreográficas, fundindo-as com elementos contemporâneos.” http://www.andancas.net/ Artistas portugueses de raiz confirmados: String Fling, 2², Uxu Kalhus
9/05 a 9/07: 22,5€ 1 dia | 94,5€ 7 dias 4/08 a 10/08: 25€ 1 dia | 105€ 7 dias *descontos especiais para residentes em Portalegre e Castelo de Vide
FESTIVAL MEOSUDOESTE
“MEO Sudoeste, o maior festival de Verão: de 1 a 11 de agosto, a Zambujeira do Mar proporciona as melhores férias do verão com a melhor música do momento porque #TUSOVIVES1X!” http://www.meo.pt/ Artistas portugueses de raiz confirmados: Melech Mechaya, Diabo na Cruz
ROMARIA A Nª SR.ª DA SAÚDE
“Uma das mais antigas e importantes romarias da região. O dia principal das festas está reservado à grande manifestação religiosa: uma procissão em que a imagem de Nossa Senhora da Saúde é colocada num imponente andor e transportada à volta do Santuário. Procissão das velas, banda de música, missa cantada, Arraial Nocturno com fogo de artifício.”
Zambujeira do Mar Datas: 06/08 a 10/08 Bilheteira: 95€ 5 dias | 48€ 1 dia
Saudel, Sabrosa Datas: 07/08 a 09/08
ROMARIA DE SANTA MARTA DE PORTUZELO Santa Marta de Portuzelo, Viana do Castelo Datas: 08/08 a 10/08
FEIRA DE S. MATEUS Viseu Datas: 08/08 a 14/09 Bilheteira: Preços 2013:
http://www.folclore-online.com/romarias_portugal/tmontes/n-sra-da-saude.html#.U6q_nvldWls
“Todos os anos, através da devoção a Santa Marta e do gosto pela Cultura e Folclore, milhares de pessoas visitam esta festa, que se tornou já uma referência, em Portugal, no festivo mês de Agosto. Romaria carregada de simbolismo religioso, com Mordomas ricamente trajadas e carregadas de ouro. Procissão única com um enorme andor a ser levado em ombros por dezenas homens com promessas.” http://netbila.net/jornal/index.php?option=com_content&view=article&id=1697:romaria-a-nossasenhora-da-saude-em-saudel&catid=115:religiao
“A Feira de São Mateus 2014 decorre de 8 de agosto a 14 de setembro, em Viseu, na Expovis (Espaço Multiusos). A Feira de São Mateus é uma das maiores e mais antigas feiras de Portugal. Tasquinhas com petiscos e iguarias, feira de artesanato, diversões e concertos fazem parte do programa de atividades da feira.” http://www.online24.pt/feira-de-sao-mateus/
entre 2,50€ e 5€ - diário
FESTIVAL ALTITUDES
Campo Benfeito, Castro Daire Datas: 09/08 a 16/08 Bilheteira: Preços 2012: 25€ passe geral
“A Serra de Montemuro volta a ser palco do Altitudes que, entre vales e montanhas, recebe espectáculos de teatro, um concerto, um desfile e um atelier na pequena localidade de Campo Benfeito, no concelho de Castro Daire.” http://www.teatromontemuro.com/altitudes.asp Artista português de raiz confirmado: Reportório Osório
FESTA DE Nª SR.ª DOS NAVEGANTES
“Missa solene, Procissão por terra e por mar com andor de nossa senhora dos navegantes, variedades e fogo de artifício. As festividades de Nossa Senhora dos Navegantes são mais vividas pelos pescadores e têm por tradição a procissão pelo mar. Durante muitos anos, os pescadores engalanaram as suas lanchas, prepararam os seus archotes e, em cortejo, acompanharam pelo mar, a Santa da sua devoção. Mas ... como a tradição já não é o que era, a procissão já não se faz pelo mar, mas sim pela praia.” http://olhares.sapo.pt/armacao_de_pera_em_festa_foto290813.html
PEREGRINAÇÃO A S. BENTO DA PORTA ABERTA
“Ao longo dos tempos, muitos milhares de peregrinos têm percorrido, a pé, dezenas de quilómetros em direcção ao santuário de S. Bento da Porta Aberta, em Rio Caldo, Terras de Bouro às portas do Parque Nacional Peneda-Gerês. Nestas peregrinações, para além do sacrifício da caminhada, ainda se mantém o costume centenário de se oferecerem grandes quantidades de sal. Este tem de ser pedido de porta em porta e o peregrino não o poderá pousar durante a caminhada. O costume radica na oferta que os salineiros faziam, incentivados pelos frades, para a ajuda das despesas dos santuários.” http://kappella.wix.com/romariasantamarta
FESTIVAL BYONRITMOS
“A 9º edição do Byonritmos conta com um espaço melhorado, envolto das edílicas paisagens naturais do Vale do Rio Ovil, na proximidade das Praias Fluviais de “Outoreça” e da “Fraga do Rio”. Três dias de concertos, bailes, teatro, oficinas de instrumentos e actividades múltiplas para todas as idades, filmes documentários, apresentações, debates, saúde e bem-estar, artesanato e gastronomia.” http://www.byonritmos.com/ Artistas portugueses de raiz confirmados: Diabo na Cruz, Melech Mechaya, Pé na Terra
Armação de Pêra, Algarve Datas: 10/08
Rio Caldo, Paredes de Coura Datas: 10/08 a 15/08
Baião Datas: 11/08 a 13/08 Bilheteira: Preços 2013:
entre 5€ e 15€ diário| 25€ geral
ROMARIA DA SENHORA DA APARECIDA
“Romaria centenária que se realiza na freguesia do Torno entristece nosso Senhor Jesus. No dia 13 faz-se uma festa de gado, Passeio Equestre, corridas de cavalo, encontro de Bombos e festival folclórico. Na tarde dia 14, a procissão integra o maior andor do país, transportado aos ombros de 80 homens, numa grandiosa manifestação de fé e devoção. Á noite, há fogo de artifício e arraial.” http://pt.wikipedia.org/wiki/Santu%C3%A1rio_da_Nossa_Senhora_Aparecida
FESTIVAL FUSING
“O FUSING Culture Experience é o único evento em Portugal que junta num só espaço Música,Arte, Desporto e Gastronomia. Depois do sucesso da primeira edição, por onde passaram cerca de 20.000 pessoas, o FUSING 2014 vai contar com programação nacional e internacional apostando nas novas tendências das várias áreas. A programação do FUSING expande-se para lá do recinto principal, com várias actividades e intervenções a acontecer pela cidade, proporcionando a todos uma verdadeira experiência.” http://www.fusing.pt/ Artistas portugueses de raiz confirmados: Dead Combo, B Fachada
Torno, Lousada Datas: 13/08 a 15/08
CULTURE, EXPERIENCE Figueira da Foz Datas: 14/08 a 16/08 Bilheteira: 17€ diário | 39€ geral
FESTIVAL BONS SONS Cem Soldos, Tomar Datas: 14/08 a 17/08 Bilheteira: 15€ - diário | 30€ -
passe 4 dias (Julho) | 35€ - passe 4 dias (Agosto)
“O BONS SONS é o maior festival de música portuguesa e decorre, a cada dois anos, no terceiro fim-de-semana de Agosto, na Aldeia de Cem Soldos, Tomar. Organizado pela associação cultural local SCOCS, o BONS SONS pretende ser uma plataforma de divulgação de música portuguesa, onde o público descobre projectos emergentes e reencontra músicos consagrados.” http://www.bonssons.com/sobre/ Artistas portugueses de raiz confirmados: Galandum Galundaina, B’rbicacho, Campaniça Trio, A Presença das Formigas, António Chainho, Reportório Osório, Aduf, Amélia Muge, Gaiteiros de Lisboa, Mara
O SOL DA CAPARICA FESTIVAL
Costa da Caparica Datas: 14/08 a 17/08 Bilheteira: 15€ diário | 35€ 4 dias
“Fazer do Sol da Caparica um Festival, sólido, diferente e potenciador de uma atitude Artística inovadora, arrojada só possível por proporcionar aos Artistas escolhidos as melhores condições de produção e acolhimento que lhes permitem mostrar todo o potencial da sua criação Artística durante as suas actuações.” http://www.osoldacaparica-festival.pt/ Artistas portugueses de raiz confirmados: Júlio Pereira, Diabo na Cruz, António Zambujo, Deolinda
FESTIVAL SERRANICES
Unhais da Serra Datas: 14/08 a 17/08 Bilheteira: entre 3€ e 5€
“O festival serve para dinamizar e promover a região de Unhais da Serra nomeadamente com o destaque maior a ser dado à cabra da Serra da Estrela, que acaba por ser o grande ícone da festa, podendo as pessoas apadrinhar uma delas. Os valores dos apadrinhamentos destinam-se à realização do estudo da espécie e da sua preservação. Diariamente haverá Caminhadas, Actividades Desportivas, Exposição Animal, Concertos e Palestras na Praça, Arruadas, entre outras actividades. O mais importante é como sempre, a Feira de Artesanato e de Produtos Regionais, que acabam por ser o mote principal do Festival.” http://www.serranicesus.22web.org/index.html
ROMARIA DE Nª SR.ª DA ABADIA
“Consta-se que este santuário mariano foi construído entre o séc. VII e VIII sobre outro santuário designado Mosteiro das Montanhas. No dia 15 de Agosto é o dia da romaria da Assunção de nossa Senhora da Abadia.” http://pt.wikipedia.org/wiki/Nossa_Senhora_da_Abadia
ROMARIA DE Nª SR.ª DA LAPA
“A Romaria da Nossa Senhora da Lapa é das mais importantes da Beira Alta, com os seus momentos altos a 10 de Junho, 15 de Agosto e 8 de Setembro. O dia começa com a saída do andor para uma pequena capela setecentista em torno da qual se aglomeram milhares de peregrinos.”
Santa Maria do Bouro, Amares Data: 15/08
Quintela, Sernancelhe Data: 15/08
http://www.folclore-online.com/romarias_portugal/balta/senhora-lapa.html#.U6sZGZRdWSo
FESTIVAL SOLIDÁRIO FRANCO/IBÉRICO
Festival que promove a solidariedade entre França, Espanha e Portugal.
FATACIL - FEIRA DE
“A 35ª FATACIL – Feira de Artesanato, Turismo, Agricultura, Comércio e Indústria de Lagoa, a decorrer de 15 a 24 de Agosto, vai fazer uma forte aposta nos produtos genuínos e de excelência do Algarve integrados na mostra “aMARaTERRA”, ampliando para o dobro a área de stands desta emblemática valência do certame, que é organizada e coordenada pela Direção Regional da Agricultura e Pescas do Algarve, parceira da FATASUL, associação responsável pela FATACIL.” http://fatacil.com.pt/pt Artistas portugueses de raiz confirmados: Deolinda, Ana Moura, António Zambujo, Quim Barreiros
https://www.evensi.com/festival-solidario-francoiberico-zona-balnear-meimao/113624701
Artista português de raiz confirmado: Charanga
Meimão Datas: 15/08 a 17/08 Bilheteira: entre 0€ e 10€
ARTESANATO, TURISMO, AGRICULTURA, COMÉRCIO E INDÚSTRIA DE LAGOA Datas: 15/08 a 24/08 Bilheteira: 3,50€ diário 12,50 € diário 4 pessoas
FESTA DA Nª SR.ª DA BOA VIAGEM Ericeira Data: 17/08
“A devoção a Nossa Sr.ª da Boa Viagem é muito característica de populações ligadas ao mar. Esta festa consta de missa campal com sermão e bênção do mar (Largo das Ribas), Procissão das Velas, acompanhada das imagens da Nossa Senhora da Boa Viagem, Santo António, São Vicente e São Pedro, onde os barcos iluminados vão ao mar. Termina com baile e fogo de artifício.”
http://www.ericeira.org/index.php?option=com_content&view=article&id=67:evento-2-experiment al&catid=27:eventos&Itemid=27
FESTA DE SÃO BARTOLOMEU
“Por muitos considerada como a mais genuína romaria do Alto Minho; durante seis dias a Vila corporiza uma intensa semana de tradições, usos e costumes mais genuínos desta região como a Gastronomia, o Folclore, as Concertinas, os Cantares ao Desafio, a Feira das Tasquinhas e do Artesanato, a Feira do Linho e os Jogos Tradicionais. O ponto alto é a noite de 23 de Agosto com o desfile e actuação das Rusgas pelas ruas da Vila, arrastando multidões e prolongando a folia por toda a noite. Dia 24 é dia de procissão.” http://www.cmpb.pt/ver.php?cod=0I0A0O
ROMARIA DE Nª SR.ª D’AGONIA
“É considerada a romaria das romarias. O culto da Nossa Senhora da Agonia remonta ao século XVIII, a primeira referência escrita a este evento data de 1744. Tem como traço essencial a devoção das gentes do mar, que retribuem as graças recebidas aquando de tempestades ou naufrágios. Daí que o andor principal fosse tradicionalmente transportado pelos pescadores e que, só a partir de 1968, se tivesse passado a realizar uma procissão fluvial, com a imagem da santa, pelo rio Lima.” http://www.lifecooler.com/artigo/passear/romaria-de-sao-bartolomeu-do-mar/321129/
FESTIVAL MARÉ DE AGOSTO
“O Festival Internacional de Música “Maré de Agosto” desenrola-se anualmente na Baía da Praia Formosa em Santa Maria nos Açores. Um evento cultural de referência que se mantém na vanguarda dos festivais de Verão nos Açores, com um importante papel na divulgação de outras culturas, abrindo assim, novos horizontes e perspectivas aos amantes da música açorianos e de quem nos visita.” https://www.facebook.com/festivalmaredeagosto/info Artista português de raiz confirmado: Mariza
PROVART
“O festival reúne os melhores produtores cervejeiros do país oferecendo ao público diversidade de tipos, aromas, sabores e texturas. Conta com a presença de vários stands de produtores, onde se poderá degustar cerca de 40 rótulos de cerveja artesanal nacional. No cartaz alinham ritmos de Reggae Ska, rock and roll, trad-rock-folk, guitarra portuguesa e sonoridades balkanicas. A programação conta também com espetáculos de música medieval, malabarismo, comédia interativa, gaita de foles, saxofone, acordeão e conjuntos de percussão.” - http://www.festivalprovart.com/ Artistas portugueses de raiz confirmados: Roncos do Diabo, Uxu Kalhus
Ponte da Barca Datas: 19/08 a 24/08
Viana do Castelo Datas: 20/08 a 24/08
Santa Maria, Açores Datas: 21/08 a 23/08 Bilheteira: 55€ - 3 dias
FESTIVAL DE CERVEJA ARTESANAL
Sertã Datas: 22/08 a 24/08 Entrada livre
ROMARIA DE SÃO BARTOLOMEU DO MAR Esposende Data: 24/08
“Romaria secular, com testemunhos anteriores ao século XVII; mistura o sagrado e o profano, produzindo um ritual invulgar. É celebrada no dia 24 de Agosto porque, diz a crença popular, é a data em que o Diabo anda à solta. Os romeiros, acompanhados pelas crianças, dão três voltas à Capela de São Bartolomeu com galinhas ou galos pretos. Os mais novos são depois encaminhados até à praia e mergulhados três vezes consecutivas nas águas do mar, num Banho Santo que “afasta o mal”. http://portugalminho.webnode.pt/festas-e-romarias-/
FESTIVAL DO CRATO
Crato Datas: 27/08 a 30/08 Bilheteira: 8€ diário p/dias 27 e 28 10€ - diário p/ dias 29 e 30 22€ - passe 4 dias
ROMARIA DE S. JOÃO D’ARGA
São João d’Arga (serra d’Arga) Datas: 28/08 e 29/08
“Comer bem e conhecer as artes tradicionais de todo o País, são caraterísticas do Festival do Crato, desde que em 1984 se realizou a primeira Feira de Artesanato e Gastronomia. Ao ganhar identidade de Festival, o Festival do Crato afirmou-se no panorama dos festivais de verão que acontecem no País, atraindo à histórica vila alentejana novos públicos que fazem deste evento uma referência singular entre os certames do género.” https://www.facebook.com/FestivaldoCrato/info Artistas portugueses de raiz confirmados: Gisela João, Filarmónica do Crato
“É sem dúvida a romaria mais genuína do concelho de Caminha, com referências já na época medieval. A noite de 28 para 29 é uma grande festa, a animação e a boa disposição são uma constante. Segundo reza a historia, após a subida ao monte, os peregrinos e visitantes dos nossos dias mantêm a tradição de dar três voltas à capela, seguindo-se da entregue de duas esmolas: uma ao santo...e outra ao diabo.” http://www.lifecooler.com/artigo/passear/romaria-de-nossa-senhora-da-agonia/323978/
ARREDAS FOLK FEST
“O festival Arredas Folk Fest surge a partir de um sonho de um pequeno grupo de amigos, que consistia em trazer um festival de música folk à sua terra natal, Tregosa. Como este género musical tem uma forte componente tradicional, nada melhor do que atribuir ao festival o nome de “Arredas” uma expressão única e característica de Tregosa, dando, assim, origem ao conceito. O sonho tornou-se realidade, culminado assim numa brincadeira. A criação de um festival gratuito, onde houvesse a possibilidade de trazer cultura a todas as pessoas, transversalmente às suas idades e condições sociais, tornou-se possível”. http://www.arredas.com/pt Artista português de raiz confirmado: GiraSol
FESTA EM HONRA DE Nª SR.ª DOS REMÉDIOS
“No séc. XV existia perto do local onde se ergue o Santuário da Senhora dos Remédios, uma pequena ermida dedicada a Santo Estêvão. A partir de então o culto da Senhora dos Remédios não deixou de crescer. Nos dias que precedem a romaria, a festa inclui uma marcha luminosa onde desfilam carros alegóricos e uma batalha de flores. A Procissão do Triunfo é o momento mais simbólico de toda a festa. O enorme andor com a imagem da Senhora dos Remédios é transportado num carro engalanado puxado por juntas de bois.” http://www.cm-caminha.pt/ver.php?cod=0M0B
ROMARIA DA SENHORA DA PENEDA
“Peneda era uma das «brandas» que o povo do Soajo tinha pela serra. Foi neste sítio que terá aparecido a imagem da Senhora da Peneda ou das Neves, pelo século XVI. No dia 2 é o Sagrado Lausperene, com o Santíssimo Exposto. No dia 6 tem lugar a procissão eucarística. A procissão das velas acontece a 7 de Setembro e, um dia depois, às 11 horas, tem lugar a Festa de Nossa Senhora da Natividade, com missa instrumental e procissão do «Adeus». A animação da festa faz-se com as cantigas ao desafio, as concertinas, e a música popular.” http://www.mundoportugues.org/content/1/1074/setembro-tempo-festa-portugal
FEIRA DA LUZ
“A Feira da Luz proporciona, para além da oportunidade de negócio e investimentos, a possibilidade de troca de contactos e um vasto e diversificado programa, que inclui espetáculos, exposições (culturais e pecuárias), feira tradicional, atividades económicas e agrícolas, iniciativas de carácter desportivo, recreativo e cultural, feira do livro, concursos, artesanato, ateliers, etc.” http://morinvest.cm-montemornovo.pt/ Artistas portugueses de raiz confirmados: Joana Amendoeira, Melech Mechaya
Tregosa, Barcelos Datas: 28/08 a 30/08 Entrada livre
Lamego Datas: 29/08 a 09/09
Senhora da Peneda, Arcos de Valdevez Datas: 01/09 a 08/09
Montemor-o-Novo Datas: 03/09 a 08/09 Entrada livre
FESTA DE Nª SR.ª DA SAÚDE
“Em face à ameaça de uma peste, em 1723, o povo da freguesia de S. Simão pediu a graça de Nossa Senhora. É a mais antiga da região. A celebração religiosa assumiu também um programa festivo, do qual se destaca a Prova a Cavalo (cavalhadas à antiga portuguesa), a actuação de uma banda filarmónica e a Missa e Procissão Solene.” http://portugalminho.webnode.pt/festas-e-romarias-/
FESTA DAS VINDIMAS
“A Festa das Vindimas, em Palmela, surgiu nos anos 60 do século passado, com o objectivo de promover o vinho da Região Demarcada da península de Setúbal. Além dos espectáculos de apresentação e eleição da Rainha das Vindimas, no Cine Teatro S. João, o programa da festa inclui os já tradicionais cortejo dos camponeses, o cortejo alegórico das Vindimas e bênção do 1º Mosto.” http://festadasvindimas.blogspot.pt/ Artista português de raiz confirmado: Celina da Piedade
FESTA DO AVANTE!
“A Festa do «Avante!» é a maior e mais bonita iniciativa político-cultural feita algum dia no nosso País, uma obra colectiva alicerçada e edificada pelos valores da generosidade, do empenhamento militante, da solidariedade e convívio fraterno em que o trabalho e a arte brotam como fonte de realização humana. Uma Festa que é um espaço privilegiado para a cultura e a criação artística. Aqui, com esforço mas com grande fraternidade, criamos condições para que artistas e criadores de todas as formas de expressão encontrem lugar e espaço para apresentar aos visitantes da Festa os resultados do seu trabalho e do seu modo de olhar o Mundo.” https://www.facebook.com/festadoavante/info
Vila Fresca de Azeitão Datas: 04/09 a 07/09
Palmela Datas: 04/09 a 09/09 Entrada livre
Atalaia, Seixal Datas: 05/09 a 07/09 Bilheteira: 21€ - EP 3 dias
32€ - 3 dias (após 5 setembro)
FESTAS DE Nª SR.ª DA BOA VIAGEM
“Remonta, provavelmente, ao fim do século XVII, e reúne festividades religiosas e profanas, marítimas e rurais. As celebrações religiosas e marítimas centram-se, sobretudo, no primeiro domingo das festas, com a procissão, bênção das embarcações e cortejo de barcos tradicionais do Tejo. O lado profano e rural tem na festa brava a sua principal manifestação, com as concorridas largadas de toiros.” http://www.mundoportugues.org/content/1/1074/setembro-tempo-festa-portugal
FESTA DE Nª SR.ª DA NAZARÉ
“O dia da Senhora da Nazaré assinala-se a 8 de Setembro, mas os festejos decorrem de 5 a 14 de Setembro. Nazaré fica em festa, com o Parque Atlântico a transformar-se um cenário privilegiado de pinhal e mar, onde se reúnem mostras de actividades económicas, gastronomia, espectáculos e muita diversão.” http://www.mundoportugues.org/content/1/1074/setembro-tempo-festa-portugal
ROMARIA DE SANTO CRISTO
“A Ermida cujo Patrono é o “Senhor Santo Cristo” tem origem em 1833, e é local de grande devoção e romarias. As romarias são uma tradição da ilha de São Jorge e está profundamente ligada à crença da intervenção Divina contra a força dos Vulcões e Terramotos. Estas romarias são sempre compostas por uma procissão do orago do lugar, por fogos de artifício e missa.” http://www.mundoportugues.org/content/1/1074/setembro-tempo-festa-portugal
Local: Moita Datas: 05/09 a 14/09
Nazaré Datas: 05/09 a 14/09
Fajã da Caldeira de Santo Cristo, São Jorge Datas: 06/09 e 07/09
FESTA EM HONRA DE Nª SR.ª DA LUZ
“Lagoa comemora o dia da sua padroeira Nª Sr.ª da Luz a 8 de Setembro, dia em que se comemora a Natividade da Virgem, desde 1837. A procissão da Nª Sr.ª da Luz, tão conhecida na região, arrasta consigo o peso de fortes tradições religiosas, acumuladas através dos anos e que se assumiu como cartão de visita deste concelho. A festa continua, transforma-se num animado ponto de encontro com muita música e animação.” http://www.mundoportugues.org/content/1/1074/setembro-tempo-festa-portugal
FEIRAS NOVAS
“Celebradas desde 1826, por provisão régia de D. Pedro IV e em honra de Nossa Senhora das Dores, as Feiras Novas oferecem muitos dias e noites de cor, alegria, folia e ritmo. Para além da música, folclore e fogo de artifício, há ainda espaço para concursos pecuários, corridas de garranos, cortejos etnográfico e histórico, bandas de música, gigantones e cabeçudos, grupos de bombos e para a procissão que encerra o ciclo das romarias do Alto Minho.” http://www.cm-lagoa.pt/pt/1098/festas-religiosas.aspx
ROMARIA DE Nª SR.ª DA PENA
“No segundo fim-de-semana de Setembro, todos os caminhos vão dar ao Santuário da Nossa Senhora da Pena. Esta é umas das maiores e mais concorridas romarias da região. Devoção, crença, tradição e principalmente os andores com vários metros de altura, são os factores responsáveis por tal romaria. São necessários cerca de 100 homens para transportar o andor que chega a ter mais de 20 metros de altura.” http://www.cm-pontedelima.pt/ver.php?cod=0L0E
FESTA DE Nª SR.ª DA BONANÇA
“É a romaria mais popular do Concelho, com tradição registada desde 1883. O centro da festa era o antigo lugar denominado da Lagarteira. Estamos perante verdadeiro arraial, com todos os ingredientes tradicionais típicos e necessários: música, bandas filarmónicas, dança, folclore, cortejo etnográfico, procissões religiosas, fogo de artifício, boa comida e bom vinho! O ponto alto é a procissão naval de quinta-feira.” http://www.mundoportugues.org/content/1/1074/setembro-tempo-festa-portugal
FESTIVAL PLANÍCIE MEDITERRÂNICA
“Todos os setembros, a PédeXumbo alia-se à CM Castro Verde para promover o Festival Planície Mediterrânica, uma produção que integra a rede cultural do Festival Sete Sóis Sete Luas. Em parceria com cerca de 30 pequenas cidades de diferentes países do sul da Europa, o Festival promove intercâmbios culturais que permitem uma permuta de experiências entre as diferentes culturas da bacia do Mediterrâneo e o desenvolvimento de novas manifestações artísticas. A par das músicas de outras culturas do Mediterrâneo, as polifonias alentejanas marcam presença durante os dias da Planície Mediterrânica, tal como os sabores da gastronomia regional, os bailes, as feiras, as exposições e muitas outras atividades temperadas pela luz do sul. A PédeXumbo é responsável pela programação de bailes e oficinas de instrumentos e danças.” http://www.pedexumbo.com/pt/83/programacao/festivais/planicie-mediterranica
CHOCALHOS
“O “Chocalhos – Festival dos Caminhos da Transumância”, acontece todos os anos, no terceiro fim-de-semana de Setembro, na Vila de Alpedrinha. Os Alpetrenienses abrem as portas de suas casas, convidando todos a visitar e provar os seus produtos. Um dos momentos altos da festa é a viagem por um dos caminhos da transumância em que poderá acompanhar um rebanho e ser pastor por um dia. Tal como outrora, o final desta viagem é motivo de festa, na qual não faltam concertos, animação de rua e tasquinhas.” http://chocalhos.pt/
Lagoa, Algarve Data: 08/09
Ponte de Lima Datas: 10/09 a 15/09
Mouçós, Vila Real Datas: 11/09 a 14/09
Vila Praia de Âncora Datas: 11/09 a 14/09
Castro Verde Datas: 12/09 a 14/09 Entrada livre
FESTIVAL DE CAMINHOS DA TRANSUMÂNCIA Alpedrinha Datas: 12/09 a 14/09 Entrada livre
Nª SR.ª DA PENHA
“Grande Peregrinação do Arciprestado. Na Penha, o apelo da natureza convive em harmonia com a religiosidade, mas também com o profano. O coração da montanha sempre bateu ao ritmo da fé dos peregrinos e da alegria dos romeiros.” http://www.cm-caminha.pt/ver.php?cod=0M0B
FESTIVAL CAIXA ALFAMA
“O Festival Caixa Alfama, regressa para a sua segunda edição. Decorrerá durante duas noites – a 19 e 20 de Setembro -, em 10 espaços distintos, contando com a prestação de 40 dos Fadistas de diferentes gerações que, actualmente, melhor representam, interpretam e divulgam o Fado, elemento genuíno e condutor vivo da cultura e identidade portuguesas.” http://caixaalfama.pt/o-festival/ Artistas portugueses de raiz confirmados: Ana Moura, Cuca Roseta, Ana Bacalhau, António Zambujo, Carminho, Gisela João, Kátia Guerreiro, Jorge Fernando, Ricardo Ribeiro
FESTA DO CALDO DE QUINTANDONA
“A festa do Caldo e da Música tradicional de Quintandona, é um festival de Artes do espectáculo aliado à gastronomia tradicional. Insere-se no Projecto Quintandona, que pretende divulgar uma das Aldeia preservadas de Portugal, e consequentemente a actividade dos comoDEantes, um grupo de teatro que a dinamiza e por fim o recém construído centro cultural, Casa do Xiné, que terá brevemente programação e é QG da actividade cultural desta pequena mas muito mexida Aldeia.” http://www.caldodequintandona.com/
ROMARIA DO SENHOR JESUS DA PIEDADE
“A romaria remonta ao ano de 1736, quando um clérigo elvense caiu por várias vezes da mula em que seguia, vindo a ficar diante de uma cruz, onde prometeu erguer uma igreja caso conseguisse chegar ao seu destino. A romaria tem início no dia 20 de Setembro, começando com a chamada Procissão dos Pendões. À chegada ao Parque do Piedade (onde também decorre a secular Feira de São Mateus), tem lugar uma impressionante sessão de fogo de artifício (que se repete nos dias seguintes). A romaria termina uma semana depois, sendo esta semana acompanhada pelos divertimentos da Feira de São Mateus.” -http://pt.wikipedia.org/wiki/Romaria_do_Senhor_Jesus_da_Piedade_(Elvas)
Montanha da Penha, Guimarães Data: 14/09
Lisboa Datas: 19/09 e 20/09 Bilheteira: 35€ - 2 dias
Quintandona, Lagares (Penafiel) Datas: 19/09 e 21/09 Bilheteira: 1,5€
Elvas Datas: 20/09 a 26/09
SÁBADO 10h - 18h | DOMINGO 10h - 13h
OS ZÉS-PEREIRAS Por Napoleão Ribeiro | sexta às 21h30
CONCERTINA António Fernandes (Dem, Caminha) e Artur Fernandes;
AS TREBOADAS GALEGAS Por Xerardo F. Santomé | Sábado às 18h30
GAITA-DE-FOLE E PERCUSSÃO Associação Folclórica Gaiteiros de Xistra (Coruxo, Vigo) e Xerardo Santomé; CAVAQUINHO E BRAGUESA Manuel Faria (Vale de São Cosme, Vila Nova de Famalicão), José Correia (Santiago da Cruz, Vila Nova de Famalicão) e Daniel Cristo;
Sexta e sábado a partir das 22h
CANTOS POLIFÓNICOS Cantadeiras do Vale do Neiva (Viana do Castelo) e Sara Vidal; DANÇAS DO MINHO Desidério Afonso (Dem, Caminha) e Luís Moura.
Domingo às 15h
Passe geral de participação nas oficinas - 30 € Entrada livre nas restantes atividades
+ info www.facebook.com/encontrodetocadores
A Revista Identidades dá liberdade de escolha aos seus colaboradores na adoção ou não do novo acordo ortográfico. A equipa do Coletivo Identidades responsável pela edição da Revista escreve segundo a grafia do novo acordo ortográfico.