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DIRETOR DE REDAÇÃO: OTAVIO FRIAS FILHO
ANO 93 H
Senado decide acabar com voto secreto para cassar mandato O Senado aprovou o fim do voto secreto no Congresso para cassações de mandato e análise de vetos da presidente da República. Se a proposta for promulgada antes de a Câmara analisar as cassações dos deputados condenados no mensalão, os congressistas terão o destino decidido por uma votação aberta. São os casos de Valdemar Costa Neto, Pedro Henry, João Paulo Cunha e José Genoino. Poder A6
ESPORTE Em desvantagem, São Paulo decide vaga na final da Sul-Americana D1 Ponte Preta x São Paulo 21h50, Globo (para SP) e SporTV 2
Gilson Kleina renova contrato e será o técnico do Palmeiras no ano do centenário D2
UM JORNAL A SERVIÇO DO BRASIL
QUARTA-FEIRA, 27 DE NOVEMBRO DE 2013
H N 30.919 O
folha.com.br EDIÇÃO SP/DF H CONCLUÍDA ÀS 23H58 H R$ 3,00
Genoino não precisa se tratar em casa, diz laudo Para médicos, doença não é grave; STF usará parecer ao decidir sobre prisão domiciliar Laudo médico de nove páginas, produzido por cinco cardiologistas, aponta que o deputado licenciado José Genoino (PT-SP) é portador de cardiopatia “que não se caracteriza como grave” e diz não ser “imprescindível” que o petista fique em casa para fazer seu tratamento.
O parecer, feito por médicos indicados pela Universidade de Brasília, foi enviado ao presidente do STF, Joaquim Barbosa. A partir dele, o ministro decidirá se atende o pedido de Genoino —ele quer cumprir sua pena no mensalão em prisão domiciliar por problemas de saúde.
Apesar de considerar que a doença de Genoino não é grave, os médicos dizem que o petista tem de ser medicado, ter dieta com pouco sal, fazer exercícios e evitar estresse. O deputado chegou a passar mal na prisão e, desde domingo, aguarda em casa a decisão de Barbosa. Osservatore Romano/AFP
Supremo ignora apelos e começa a julgar hoje perdas da poupança ANTONIO DELFIM NETTO
Governo age para retomar confiança do setor privado Sinais recentes do governo sugerem uma nova posição e a abertura de um canal para superar a falta de confiança do setor privado. Este parece ter dado uma resposta positiva, com os resultados dos leilões dos aeroportos. Opinião A2
Construtoras são ‘sócias’ da máfia do ISS, afirma Donato
Impasse sobre alta da gasolina faz ações da Petrobras caírem 6% Mercado B1
Comissão aprova multa para quem não registrar doméstica C RUMOS DA FÉ Papa recebe sindicalistas da Argentina no Vaticano; em documento divulgado ontem, Francisco defendeu
Cai participação de escola pública entre melhores do Enem O número de escolas públicas entre as melhores do país caiu no Enem. Em 2012, só 6,6% dos colégios públicos estavam entre os 10% melhores. Em 2011, eram 7,9%. Essa participação cai desde 2009, quando a prova passou a selecionar calouros para universidades federais. Entre as 50 escolas com melhor desempenho no país, apenas 4 são públicas —todas federais. Cotidiano C1
PSDB acusa Cardozo de usar cartel para abafar mensalão A cúpula do PSDB acusou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, de usar a investigação sobre o cartel em licitações de trens em São Paulo para abafar as prisões do mensalão. O senador Aécio Neves (PSDB-MG) defendeu que o ministro se afaste da apuração. Cardozo disse lamentar que a investigação tenha virado “uma disputa política e eleitoral”. Poder A14
Mercado B4
Mercado B6
O ex-ministro José Dirceu pediu autorização ao STF para trabalhar em Brasília. O petista vai receber R$ 20 mil por mês para ser, das 8h às 17h, gerente administrativo do hotel Saint Peter. O salário registrado na carteira de trabalho da gerente-geral do hotel é de R$ 1.800. Poder A4
descentralizar a igreja, com mais autonomia para as conferências de bispos, e criticou a ‘tirania’ do capitalismo Mundo A18
TOP DO ENEM ! ! Melhor escola privada e melhor pública estão em MG privada
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ATMOSFERA Cotidiano C2 Chove à tarde na Grande SP Mínima 18ºC Máxima 28ºC
Em sua volta à Câmara Municipal, Antonio Donato, ex-homem forte da gestão Haddad (PT), chorou e disse, sem citar nomes, que construtoras são “sócias majoritárias” da máfia do ISS. O vereador deixou a Secretaria do Governo por suspeita de ligação com fiscais acusados de fraude. Donato afirma ser vítima de acusações infundadas. Cotidiano C7
EUA desafiam China e sobrevoam ilhas em disputa na Ásia Os EUA sobrevoaram, sem pedir autorização, o novo espaço de defesa aérea chinês, decretado unilateralmente por Pequim no sábado. A área inclui ilhas disputadas por China e Japão. Segundo coronel americano, o exercício militar estava planejado havia muito tempo. Mundo A24
EDITORIAIS
Opinião A2
Leia “Estatísticas vitais”, a respeito de queda nos homicídios em São Paulo, e “Protecionismo cultural”, sobre regulamentação estatal de museus.
mundo EF
A18
Na Itália, partido de Berlusconi retira seu apoio ao governo
Mesmo com independência, Escócia manteria a rainha e a libra
folha.com/1376773
folha.com/1376711 L´Osservatore Romano/Efe
QUARTA-FEIRA, 27 DE NOVEMBRO DE 2013
O EVANGELHO SEGUNDO FRANCISCO Alguns temas tratados no documento
“DESCENTRALIZAR” A IGREJA
(...) alerto para a necessidade de proceder a uma salutar “descentralização” (...) Uma centralização excessiva, em vez de ajudar, complica a vida da igreja e sua atribuição missionária
ÊNFASE NO ESSENCIAL [É um erro] quando se fala mais da lei do que da graça, mais da igreja do que de Jesus Cristo, mais do papa do que da palavra de Deus
MUDANÇAS
O papa Francisco durante encontro com grupo de sindicalistas argentinos no Vaticano, no dia em que divulgou seu primeiro documento doutrinário
No 1º documento doutrinário, papa prega a descentralização da igreja Francisco divulga texto em que diz que concentração de poderes no Vaticano é prejudicial Para pontífice, grupos de bispos em cada país podem ter maior autonomia em aspectos da doutrina católica REINALDO JOSÉ LOPES COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O Vaticano divulgou ontem a “Evangelii Gaudium” (em
português, “a alegria do Evangelho”), primeiro grande documento do pontificado do papa Francisco escrito inteiramente por ele mesmo. No texto, o pontífice argentino expõe um programa ambicioso para fazer com que, em suas palavras, a igreja “saia de si mesma” e volte a dialogar com o século 21. Diz preferir uma igreja “ferida e suja, porque esteve nas
ruas, a uma igreja doente por estar confinada e agarrada à sua própria segurança.” Antes do texto de ontem, ele havia divulgado uma encíclica sobre fé com seu antecessor, Bento 16, em julho. Este é seu primeiro trabalho individual. Desde que assumiu a chefia da Igreja Católica, em março, Francisco tem pregado uma igreja mais humilde e aberta.
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Em geral, os papas usam as cartas conhecidas como encíclicas quando querem chamar a atenção de seu rebanho para um tema particularmente importante. A “Evangelii Gaudium” é, em tese, um documento com um pouco menos de peso doutrinário, sendo classificada como “exortação apostólica”, mas o tom utilizado por Francisco não deixa dúvidas sobre o peso que deseja dar. O objetivo de Francisco é apontar caminhos para a chamada “nova evangelização” —o que significa tanto atrair quem ainda não é cristão para o catolicismo quanto, principalmente, fazer com que os fiéis não praticantes, distantes ou mesmo descrentes voltem para a igreja. Para isso, o papa aposta na dimensão local, declarando que é preciso “descentralizar a igreja”. “Uma centralização excessiva, em vez de ajudar, complica a vida da igreja e sua atribuição missionária”, diz, acrescentando que o papado é incapaz de dar todas as respostas no mundo de hoje. Sem entrar em detalhes, ele defende inclusive que as conferências de bispos de cada país possam ter mais autonomia em relação ao Vaticano, inclusive no aspecto doutrinário. A julgar por outras declarações do pontífice, isso poderia significar que os bispos locais teriam mais liberdade para avaliar se teólogos ou
“
Não somos meros beneficiários das demais criaturas, mas sim guardiões delas. A desertificação do solo é como uma doença, e podemos lamentar a extinção de uma espécie como uma mutilação PAPA FRANCISCO
padres infringiram ensinamentos da igreja ou para decidir sobre como lidar com fiéis divorciados. ‘NÃO MATAR’
Francisco criticou o hábito de transformar a fé numa lista de dogmas e de proibições —não porque planeje alterar a proibição à ordenação de mulheres ou aborto, por exemplo, mas porque, segundo ele, esses temas não são o centro da crença cristã. Emprestando a linguagem dos antigos profetas israelitas, condenou com violência o que define como a “globalização da indiferença” e reafirmou a “opção preferencial pelos pobres”, ideia cara aos teólogos latino-americanos dos anos 1960 e 1970. “Assim como o mandamento de ‘não matar’ impõe um limite claro para assegurar o valor da vida humana, hoje devemos dizer ‘não a uma economia da exclusão e da falta de equidade’. Essa economia mata”, escreve. O pesquisador italiano Massimo Faggioli, historiador da igreja que trabalha na Universidade St. Thomas (EUA), chamou a atenção para outro aspecto importante do documento: a quantidade de citações aos textos do papa Paulo 6º (1897-1978), responsável por idealizar e colocar em prática a maior parte das reformas que renovaram o catolicismo a partir do Concílio Vaticano 2º, nos anos 1960. A “Evangelii Gaudium” também tem boas chances de marcar época como a mais importante declaração de um papa em favor da ética ambiental —o que, aliás, é o esperado quando se trata de um pontífice que decidiu emprestar seu nome do “santo ecológico” Francisco de Assis. Citando um documento de bispos das Filipinas sobre a destruição ambiental em seu país (um dos mais ricos em biodiversidade do mundo), Francisco comparou a fragilidade de outras formas de vida à dos seres humanos em situação de exclusão.
(...) a igreja pode até chegar a reconhecer que certos costumes próprios não são diretamente ligados ao núcleo do Evangelho (...), normas e preceitos eclesiais que podem ter sido muito eficazes em outras épocas, mas que não têm mais a mesma força educativa
ABERTURA A TODOS
A Eucaristia [comunhão] não é um prêmio para os perfeitos, mas um generoso alimento e um remédio para os fracos
JUSTIÇA SOCIAL
É preciso afirmar sem meias-palavras que existe um vínculo inseparável entre a nossa fé e os pobres. Não os deixemos sozinhos jamais (...) Assim como o mandamento de “não matar”, (...) hoje devemos dizer “não a uma economia da exclusão e da falta de equidade”. (...) A adoração ao antigo bezerro de ouro encontrou uma versão nova e desapiedada no fetichismo do dinheiro
SACERDÓCIO FEMININO
A reivindicação dos legítimos direitos das mulheres (...) não pode ser deixada de lado superficialmente. O sacerdócio reservado aos homens (...) não se coloca em discussão, mas pode se tornar motivo de especial conflito quando se identifica em demasia a posição sacramental com o poder
UMA IGREJA MENOS EUROPEIA
Não podemos pretender que povos de todos os continentes imitem as modalidades adotadas pelos povos europeus em determinado momento da história (...) a fé não pode se fechar dentro da compreensão e expressão de uma cultura particular
ABORTO
Não é progressista pretender resolver os problemas eliminando uma vida humana. (...) Temos feito pouco para acompanhar as mulheres em situações muito duras, nas quais o aborto se apresenta como uma rápida solução
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l O GLOBO
Mundo
Quarta-feira 27 .11 .2013
MANUAL DA FÉ DO VATICANO
O manifesto de Francisco _
Em seu 1º documento, Papa pede Igreja mais missionária e menos obcecada com a doutrina AFP/24-11-2013
-CIDADE DO VATICANO- Em oito meses de pontifi-
cado, o Papa Francisco abordou inúmeras vezes a necessidade de a Igreja abrir-se aos fiéis num mundo em constantes mudanças. O esforço de aproximação, que já se tornou marca do atual papado, foi agora oficializado. O Pontífice publicou ontem sua primeira Exortação Apostólica, o “Evangelii Gaudium” (A alegria do Evangelho), uma espécie de guia no qual defende uma Igreja mais preocupada com a vocação pastoral do que com as teorias da doutrina — uma diferenciação crucial em relação ao pontificado de Bento XVI. São dezenas de páginas em que Francisco imprime seu estilo coloquial e direto em orientações aos sacerdotes de recorrer à mensagem original do evangelho para criar uma instituição menos centralizada no Vaticano e mais misericordiosa e missionária nas paróquias mundo afora. Com o chamado a reformas e uma linguagem que foge à habitual solenidade dos textos religiosos, o documento foi encarado por analistas como uma mudança significativa na abordagem pastoral. A palavra “alegria” aparece várias vezes: Francisco exorta os sacerdotes a não fazerem cara “de funeral, tristes, desanimados, impacientes ou ansiosos”, mas a transmitirem a fé católica irradiando “o fervor de quem recebeu a alegria de Cristo”. O Papa insiste numa Igreja democrática, em que todos, de sacerdotes de pequenas paróquias à alta hierarquia do Vaticano, ouçam o chamado à “conversão pastoral”. Em outra frente, ataca o capitalismo “que gera exclusão e desigualdades sociais”, e faz um apelo aos governantes para que olhem pelos mais pobres. “A economia (da exclusão) mata”, diz o texto. Não há mudanças, porém, em questões clássicas da doutrina, como o aborto e a ordenação de mulheres, “uma questão não aberta para discussão”, segundo Francisco. Ele defende, no entanto, que as mulheres tenham mais influência na liderança da Igreja. Não há menções ao casamento entre homossexuais, outro tema tabu. O documento é o primeiro escrito exclusivamente por Francisco, com base nas discussões do último Sínodo de bispos, em outubro do ano passado, quando o então cardeal Jorge Bergoglio era o relator da reunião. Em julho, já Papa, Francisco chegou a publicar a encíclica “Lumen Fidei” (“A luz da fé”), mas boa parte dela tinha sido redigida pelo agora Papa Emérito Bento XVI. A ideia é que o documento seja transmitido às conferências episcopais mundo afora, de olho no Sínodo do ano que vem. O tema, “Desafios pastorais da família”, ilustra o desafio da Igreja de hoje. A seguir, confira os principais tópicos do “manifesto de Francisco”, como vem sendo chamado por alguns teólogos:
Analistas afirmam que omissão de casamento gay foi proposital, mas lembram envio de questionário ELISA MARTINS elisa.martins@oglobo.com.br SILVIA AMORIM silvia.amorim@sp.oglobo.com.br
DESIGUALDADE E CAPITALISMO
Desigualdade e exclusão são citados pelo Pontífice como males que necessitam ser combatidos. Para ilustrar a necessidade, ele cita que, assim como o mandamento “Não matarás” impõe um limite claro para assegurar o valor da vida humana, os fiéis
Apesar de o primeiro texto doutrinário escrito integralmente pelo Papa Francisco ter sido recebido como um guia completo e direto de uma nova evangelização da Igreja, falta uma reflexão aprofundada sobre temas polêmicos para o catolicismo. Não há detalhes sobre a inclusão dos divorciados na Igreja, nem abordagens sobre o casamento entre homossexuais. Para especialistas ouvidos pelo GLOBO, porém, essa ausência é proposital. Os temas não explorados desta vez, indicam, devem aparecer em documentos que serão debatidos no Sínodo da família em 2014, sob orientação de Francisco. — Não podemos esquecer que essa Exortação Apostólica foi fruto do Sínodo de outubro do ano passado sobre a nova evangelização, convocado por Bento XVI. Francisco não era Papa, mas redator da reunião, e embora o documento tenha claramente seu estilo, ele retrata as conversas surgidas daquele Sínodo, com os bispos que representavam a Igreja naquele momento — explica o padre Jesus Hortal, ex-reitor da PUC-Rio. Ele lembra que, há poucas semanas, Francisco lançou um questionário inédito a todas as conferências episcopais para saber como elas lidam com os fiéis e questões como contracepção, divórcio e casamento gay. Esse levantamento, afirma, será analisado no Sínodo do ano que vem. — Acho que as grandes questões relativas à família vão aparecer no Sínodo de 2014 — concorda o coordenador da pós-graduação em Teologia da PUCRS, Leomar Antônio Brustolin. — (O documento atual) é muito mais uma proposição de uma nova evangelização para transmitir a fé num mundo que está em crise de fé. Para Brustolin, a Exortação tem inspiração no documento elaborado em Aparecida, durante a 5ª Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e Caribenho (Celam): — Muitos elementos derivam do documento de Aparecida. Por exemplo, o Papa fala de pastoral em conversão, isso significa que ele assume no ministério de Pedro o que aqui na América Latina se fala de conversão pastoral. Ele também insiste na importância de sermos discípulos missionários. Essa é uma expressão própria do documento de Aparecida. -RIO E SÃO PAULO-
Guia. Francisco cumprimenta a multidão no Vaticano: em seu 1 º texto, ele diz que renovação da Igreja não pode ser adiada
A TRANSFORMAÇÃO DA IGREJA
Francisco defende que a Igreja respeite sua missão essencial de evangelização, mas critica que ela tenha se mostrado pouco receptiva a situações novas. E afirma estar “aberto a sugestões”, numa Igreja mais democrática e menos centralizada, adequada “às necessidades atuais da evangelização”. Para isso, reforça que “o Papa não tem todas as respostas” e chama as paróquias e conferências episcopais a contribuir, a exemplo das antigas Igrejas patriarcais. “Uma centralização excessiva, em vez de ajudar, complica a vida da Igreja e sua dinâmica missionária”, afirma o texto. “Espero que todas as comunidades se esforcem por agir com os meios necessários para avançar no caminho de uma conversão pastoral e missionária, que não pode deixar as coisas como estão. Neste momento, não nos serve uma ‘simples administração’. Constituamo-nos em ‘estado permanente de missão’, em todas as regiões da terra”, prega Francisco. Ele defende que o evangelho seja transmitido com alegria e lembra aos sacerdotes que “o confessionário não deve ser uma câmara de tortura”. E critica a ostentação de alguns sacerdotes, denunciando a Igreja cômoda em sua “suposta segurança doutrinária”, que frequentemente resulta num “elitismo narcisista e autoritário”.
Ausentes, temas polêmicos devem aparecer em 2014
“O confessionário não deve ser uma câmara de tortura”. “Não é possível que a morte por frio de um idoso sem abrigo não seja notícia, enquanto a queda de dois pontos na Bolsa é. Isto é exclusão”. Papa Francisco
também devem “dizer não a uma economia da exclusão e da desigualdade social”. “Não é possível que a morte por frio de um idoso sem abrigo não seja notícia, enquanto a queda de dois pontos na Bolsa é. Isto é exclusão”, opina. Uma das causas desta situação, diz Francisco, está na relação estabelecida com o dinheiro e no domínio que ele exerce sobre a sociedade.
ABORTO SEM DISCUSSÃO
Sua postura sobre o aborto não deixa espaço a interpretações dúbias: o Papa reforça a visão da doutrina católica de que esta é uma questão que mexe com a coerência interna da mensagem católica sobre o valor dos humanos, e que não se deve esperar que a Igreja altere sua posição sobre o tema. “Quero ser completamente honesto. Este não é um assunto sujeito a reformas ou ‘modernizações’. Não é opção progressista pretender resolver os problemas eliminando uma vida humana”, defende Francisco. O Papa defende, porém, que é preciso fazer mais para acompanhar as mulheres que estão em “situações muito duras, nas quais o aborto lhes aparece como uma solução rápida para as suas profundas angústias, particularmente quando a vida que cresce nelas surgiu como resultado de uma violência ou num contexto de extrema pobreza”. “Quem pode deixar de compreender estas situações de tamanho sofrimento?”, prega Francisco.
ORDENAÇÃO DE MULHERES
O Papa reconhece as reivindicações dos direitos legítimos das mulheres, mas também que “a convicção de que homens e mulheres têm a mesma dignida-
de” coloca desafios profundos à Igreja. Ele defende que é preciso ampliar os espaços para uma presença feminina mais incisiva na Igreja. E chega a ressaltar que “uma mulher, Maria, é mais importante do que os bispos” na Igreja. Mas alega que há funções estabelecidas na instituição que não dependem “da dignidade e da santidade”. E é enfático: “A reserva do sacerdócio aos homens, como um sinal de Cristo que se dá na Eucaristia, é uma questão que não se põe em discussão.”
DIVORCIADOS
Ele não os cita diretamente, mas parece sugerir a possibilidade de que os divorciados casados por segunda vez possam receber a comunhão. “A Eucaristia, embora constitua a plenitude da vida sacramental, não é um prêmio para os perfeitos, mas um remédio generoso e um alimento para os fracos”, afirma, chamando a Igreja a considerar possíveis mudanças “com prudência e audácia”.
MENSAGEM AO ISLÃ
O documento dedica vários capítulos a elogiar outras crenças e incentiva o diálogo inter-religioso como uma “atitude de abertura na verdade e no amor”. Francisco defende que essa é condição necessária para a paz no mundo, e um dever para os cristãos. E ressalta a importância da relação com os fiéis dos Islã, presentes também em muitos países de tradição cristã. “Não se deve jamais esquecer que eles professam seguir a fé de Abraão e conosco adoram o Deus único e misericordioso, que há de julgar os homens no último dia.”
UMA MULHER A CAMINHO DO VATICANO Para a teóloga Maria Clara Bingemer, da PUC-Rio, o maior destaque da Exortação Apostólica de Francisco é mostrar uma nova imagem da Igreja, que quer sair da eucaristia e chegar às pessoas. — O texto parece uma conversa, e traz toda a motivação que o Papa Francisco tenta passar nas homilias. Ele não dá tanta importância aos dogmas e teorias, mas à boa notícia do evangelho, de provocar o encontro das pessoas com Jesus Cristo — diz Maria Clara. Ela destaca a disposição de Francisco de “ouvir as bases” da Igreja Católica, e ressalta que ele já desmistificou muitas questões em comparação aos Papas anteriores. — Ele está fazendo uma reforma na Cúria, convocou cardeais para isso. Diminuiu a distância que havia entre o Papa e o povo. Não quis morar nos aposentos papais no Vaticano, recusou que o papamóvel seja fechado, carrega a própria mala. São sinais que devem ser interpretados — diz a teóloga. Mas ela descarta que o papado traga mudanças substanciais da doutrina: — Há abordagens que são muito difíceis de mudar, e Francisco provavelmente manterá a posição da Igreja sobre o aborto e a ordenação de mulheres. Mas ele já se mostrou a favor de uma maior participação feminina. E há rumores de que deve nomear uma mulher para a presidência do Conselho Pontifício dos Leigos, cargo até então ocupado por cardeais. l
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international & europe
Mercredi 27 novembre 2013
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Le pape appelle l’Eglise à «sortir du catalogue des péchés» Dans «Evangelii Gaudium», le premier texte officiel de sa main, François promeut « une Eglise pauvre pour les pauvres » et plus ouverte
I
l y avait eu les gestes inédits, les discoursfondateurs, les petites phrases bien senties, les entretiens sans filet. Le pontificat du pape François dispose désormais de sa premièrefeuille de route officielle. Le Vatican a rendu publique, mardi 26 novembre, la première exhortation apostolique signée du pape argentin, dans laquelle François propose une longue synthèse de la manière dont il envisage le rôle des croyants et « la mission évangélisatrice » de l’Eglise catholique dans le monde actuel. Contrairement à l’encyclique sur la foi publiée en juillet et cosignée avec Benoît XVI, qui était clairement l’œuvre de son prédécesseur, l’exhortation Evangelii Gaudium, sur « l’annonce de l’Evangile dansle monded’aujourd’hui», porte l’empreinte de François. Sans bouleverser la doctrine, il y promeut « une Eglise pauvre pour les pauvres », plus ouverte qu’auto-
centrée, plus collégiale que centralisée, plus axée sur la miséricorde que sur la condamnation, plus « audacieuse, créative, fervente, cordiale et joyeuse ». Des orientations qu’il a largement évoquées au cours des neuf mois de son pontificat, mais qu’il développe et théorise pour la première fois.
Sur l’avortement, le pape reste ferme dans son opposition, mais appelle à un meilleur accueil des femmes ayant avorté Ce texte arrive à point nommé. Depuisson élection,le pape a beaucoup parlé et certains catholiques commençaient à se demander ce qui, dans ce foisonnement, relevait de la pensée personnelle de
Convergences avec M. Poutine sur le conflit en Syrie Pour leur première rencontre, lundi 25 novembre, à Rome, le pape François et le président russe, Vladimir Poutine, ont fait montre de leurs convergences sur le conflit en Syrie et leur refus d’une solution militaire. Ils ont aussi évoqué « la situation critique » des chrétiens d’Orient, dont beaucoup appartiennent à des communautés orthodoxes. Les deux hommes ont appelé à
« une solution de paix » impliquant « toutes les composantes ethniques et religieuses ». Lors du G20 de septembre, le pape avait écrit en ce sens à M. Poutine, qui l’en a remercié. Sur un registre plus religieux, censé symboliser la proximité entre orthodoxes et catholiques, tous deux ont, tour à tour, embrassé une icône de la vierge offerte par le président russe.
Jorge Mario Bergoglio et ce qui s’inscrivait dans le magistère – la parole officielle – de l’Eglise. D’autres pointaient son « antiintellectualisme » et son goût exclusif pour les phrases chocs. Les péripéties autour de l’entretien publié dans La Repubblica en octobre – dont la teneur relevait plus d’une « reconstruction» par le journaliste que d’une transcription des propos du pape – avaient fini d’inquiéter les tenants d’une parole papale sans ambiguïté. En élargissant les thèmes abordés au-delà de la seule évangélisation, Evangelii Gaudium confirme le cap papal. Si la feuille de route est classique – «tout baptisé est un missionnaireévangélisateur» –, les moyens et les termes pour la remplir sont bien « bergogliens». « Un évangélisateur ne doit pas avoir constamment une tête d’enterrement. » Avec « joie et enthousiasme, il doit aller sans crainte chercher ceux qui sont loin, inviter les exclus». «Je préfère une Eglise accidentée, blessée et sale pour être sortie par les chemins, plutôt qu’une Eglise malade de la fermeture et du confort», rappelle François. Le pape confirme aussi son «option préférentiellepour les pauvres», en se démarquant une nouvellefois des théologiensde la libération. « Les pauvres sont les destinataires privilégiés de l’Evangile», insiste-t-il. Mais cette option est « théologique avant d’être culturelle, politique ou philosophique». Le
Le souverain pontife, le 24 novembre, au Vatican. STEFANO RELLANDINI/REUTERS
pape condamne au passage « la main invisible du marché » et « exhorte les pays à une généreuse ouverture envers les migrants». Dans une longue charge contre les ravages de la « mondanité spirituelle », qui « derrière les apparences de religiosité consiste à rechercher la gloire humaine et le bienêtrepersonnel », il metaussi en garde les croyants contre « les conquêtes sociales et politiques, le fonctionnalisme de manageur, l’autosatisfaction égocentrique ». Sur les moyens encore, le pape semble convaincu de l’adaptation de l’Eglise au contexte local. Il invite chacun à «repenser les structures, le style et les méthodes de ses propres communautés » et préconise « un processus résolu de discernement, de purification et de réforme ». Pas question pour autant d’adapter le message. Ain-
si sur l’avortement : le pape reste ferme dans son opposition, mais appelle à un meilleur accueil des femmes ayant avorté. De même, « le sacerdoce réservé aux hommes est une question qui ne se discute pas », même si la place des femmes dans l’Eglise peut être améliorée. Sur le message de l’Eglise, le pape suggère aussi aux clercs une hiérarchisation des priorités, notamment en ce qui concerne l’enseignement moral de l’Eglise. Ils demandent aux pasteurs de ne pas être « obsédés par la transmission désarticulée d’une multitude de doctrines qu’on essaie d’imposer à force d’insister », de sortir du « catalogue des péchés et des erreurs ». Il leur rappelle que le « confessionnal ne doit pas être une salle de torture » et les invite à des homélies plus « positives » que
«purementmoralistesou endoctrinantes ». Sans citer explicitement les fidèles privés de communion, comme les divorcés-remariés, le pape rappelle que « l’Eglise n’est pas une douane et qu’il y a de la place pour chacun avec sa vie difficile». Dénonçant encore les divisions entre chrétiens ou le relativisme croissant, appelant à une meilleure sélectivité dans le recrutement des clercs, pointant les richesses et les dérives de la « piété populaire», le pape balaie large. Avec ce premier texte magistériel, il va au-delà des gestes et de son statut naissant d’icône, et engage les catholiques dans « une période évangélisatrice plus fervente », conscient d’un contexte de sécularisation qui ne doit pas « faire taire » leurs convictions. p Stéphanie Le Bars
Bruxellesveut renforcer la protection des données des Européens face aux Etats-Unis
Après le scandale des écoutes de la NSA, la Commission dénonce un «impact négatif sur le droit fondamental à la protection des données» Bruxelles Bureau européen
L
es révélations se sont espacées, mais les Européens restent sous le choc de l’affaire Snowden. La Commission européennedevait, mercredi27novembre à Bruxelles, réitérer les « profondes préoccupations» suscitées par l’espionnage massif de citoyens et de dirigeants européensparles servicesde renseignement américains. « La surveillance de masse des communications privées des citoyens, des entreprises, mais aussi de la chancelière allemande et d’autres responsables politiques est inacceptable », est-il écrit dans une version provisoire des documents obtenus par Le Monde. « Il est clair que, dans le cadre de ces programmes de surveillance, les citoyens européens ne bénéficientpas des mêmes droits et procédures que les Américains » aux Etats-Unis,dénoncentceux-ci. Pour Bruxelles, il est désormais urgent de renforcer les différents accords de protection des données transmises d’une rive à l’autre de l’Atlantique. La Commission entend en particulier « renforcer » la convention dite du « Safe Harbor» («havre de sécurité»),qui permet aux entreprises américaines et européennes de transférer vers les Etats-Unis des données personnelles de citoyens européens. Ces informations «peuvent être utilisées par les autorités américaines d’une manière incompatible avecles motifspourlesquelslesdonnées ont été collectées en Europe et transférées aux Etats-Unis», juge la Commission:danssaformeactuelle, ce dispositif constitue « un handicap compétitif pour les entreprises européennes» et a « un impact négatifsurledroitfondamentalàla protection des données ». D’ici à l’été 2014, les Européens entendent
donc identifier avec les autorités américainesles«remèdes»quipermettraient de renforcer le contrôle des certificats décernés aux entreprises américaines, comme Google, Facebook ou IBM, dans le cadre de ces transferts. Faute de quoi la Commission rappelle qu’elle peut suspendre ou révoquer cet outil. Ce rappel à l’ordre a fait l’objet de longs débats internes entre les cabinets des commissaires, une petitemajoritéd’entreeux demandant de durcir le ton des documents, contre l’avis, entre autres, de Catherine Ashton, la haute représentante pour les affaires extérieures. Leurs auteurs, Cecilia Malmström, aux affaires intérieures, et Viviane Reding, à la justice, cherchent à tirer les enseignements des explications apportées par l’administration Obama après le déclenchement du scandale.
La Commission cherche à bien distinguer les négociations de libre-échange de la crise diplomatique Dans la foulée des premières révélations d’Edward Snowden, l’ancien collaborateur de l’Agence nationale de sécurité (NSA) américaine, un groupe de travail sur la protection des données avait été mis en place, en juillet. Il s’agissait depermettrelelancementdenégociations de libre-échange, alors que François Hollande avait brièvement exigé, faute de clarifications américaines, le report du début de ces tractations commerciales. Après deux séances peu fructueuses, une troisième et dernière réunion a eu lieu début novembre à Bruxelles. «Les Américains ont fait
de leur mieux pour répondre aux questions ; ils nous ont entendus, que ce soit au Congrès, mais aussi dans l’administration», veut croire VivianeReding, tout en prévenant: «Laconfianceesttrèsabîmée,il faudra du temps pour la rétablir.» Les documents à paraître appellent par ailleurs à « une très étroite surveillance» de la façon dont sont appliqués deux des principaux outils de transferts de données mis en place, de haute lutte, avec Washington, après les attaques du 11septembre 2001 : celui sur le transfert des données des dossiers passagers (PNR) lors des voyages en avion, et celui sur l’échangede donnéesbancaires(Swift). Aupassage, Bruxelles assure que les révélations d’Edward Snowden ne montrent pas que ces deux instruments auraient été détournés de leurs objectifs. Les consultations engagées avec les Américains « ne révèlent aucun élémentprouvantlaviolation»del’accord de transferts de données bancaires, est-il notamment indiqué, pour contrer les demandes des eurodéputés appelant à suspendre ce traité. Enfin, la Commission cherche toujoursà bien distinguerles négociations de libre-échange, encore embryonnaires et qu’elle souhaite poursuivre, de la crise diplomatique suscitée par les pratiques de la NSA. Mais elle craint, faute de progrès sur la protection des données, que les tractations ne s’enrayent, surtoutsi les eurodéputésdevaient un jour refuser la ratification d’un éventuel compromis final. « L’idée estd’obtenirdes avancéessuffisamment concrètes sur la protection des données, pour permettre au Parlement européen de ratifier un accord de libre-échange quand celui-ci sera abouti, ce qui est encore loin d’être le cas », dit un haut fonctionnaire bruxellois. p Philippe Ricard
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Quotidien n° 39744
Des héros pour grandir
Cahier Parents&enfants DR
RAGEOT
mercredi 27 novembre 2013
Salon du livre et de la presse jeunesse
DR
P. 25 à 28
MONDE
L’Écosse en campagne pour son indépendance
Le programme du pape pour l’Eglise
P. 6
En Ukraine, les partisans de l’Europe tiennent la rue P. 7 et 30-31
Le pape François a publié hier sa première exhortation apostolique, « Evangelii gaudium » (« La joie de l’Évangile »), qui invite les catholiques à témoigner de leur foi dans la société
FRANCE
P. 2 à 4 ET DES EXTRAITS EN CAHIER CENTRAL
A-t-on tout essayé contre le racisme ? P. 9 ÉCONOMIE
Google cible les petits commerçants P. 13
CINÉMA
UGC
RICCARDO DE LUCA/UPDATE IMAGES PRESS/MAXPPP
« Avant l’hiver »,
fascinant drame intime
et les autres films
P. 20 à 22
Le 30 octobre, place Saint-Pierre, à Rome.
ÉDITORIAL par Dominique Greiner
Une Église hors les murs La première encyclique du pape François, publiée au cours de l’été dernier et portant sur la foi, était grandement redevable à la plume de son prédécesseur. Rien de tel
dans l’exhortation apostolique rendue publique ce mardi 26 novembre. Par son style, ses insistances, ses références, ce texte, long et foisonnant, publié à l’occasion de la clôture de l’Année de la foi, porte de bout en bout la marque du pape argentin. On y retrouve de nombreux éléments distillés au il des mois dans ses diverses prises de parole et ses homélies quotidiennes. Mis ensemble, ils tracent clairement le programme d’un pontiicat. Le pape est conscient que des structures d’hier trop lourdes ou inadaptées aux déis d’aujourd’hui peuvent disperser des énergies qui devraient être mises au service de l’évangélisation. Pour y remé-
131e année-ISSN/0242-6056. – Imprimé en France – Belgique : 1,50 € ; Canada : 4,99 dollars ; Espagne : 2 € ; Grèce : 2 € ; Italie : 2,40 € ; Luxembourg : 1,50 € ; Maroc : 20 MAD ; Portugal (Cont) : 2,20 € ; Suisse : 3 CHF ; Zone CFA : 1 500 CFA ; DOM : 2,20 €
dier, des réformes sont nécessaires. Elles concernent aussi bien l’organisation de l’Église, le langage utilisé pour s’adresser aux hommes et aux femmes de ce temps, la liturgie, mais aussi les habitudes, les styles, les horaires des communautés. Un seul but doit présider à ces réformes : libérer les agents pastoraux – prêtres et laïcs – des tâches internes à l’Église pour les mettre « en constante attitude de “sortie” » et favoriser « un réel engagement pour la mise en œuvre de l’Évangile en vue de la transformation de la société ». En appelant chaque idèle et chaque communauté à « sortir de son propre confort et avoir le courage de rejoindre toutes les
périphéries qui ont besoin de la lumière de l’Évangile », le pape François remet en avant la dimension sociale de l’évangélisation qui consiste à manifester la force transformatrice du message de Jésus. Et quand il dénonce avec force les travers du monde actuel, comme par exemple l’économie « qui tue » en produisant de l’exclusion et de la disparité sociale, c’est avec la conviction que l’Église a une responsabilité de premier plan à jouer pour indiquer un chemin vers un bonheur et une joie authentiques auxquels beaucoup aspirent sans les trouver. À charge pour elle de sortir de ses murs pour entendre cette quête et proposer son message.
SERVICES P Annonces légales P. 24 Bourse P. 19 Carnet-Météo-Mots croisés P. 24 Liturgie P. 31 Télévision P. 23
ÉVÉNEMENT
d L’exhortation apostolique « Evangelii gaudium » du pape François a été rendue publique hier. d Elle sera disponible en librairie à la fin de la semaine, dans la collection « Documents d’Église » de la coédition Bayard/ Cerf/Fleurus-Mame. d Dans ce texte foisonnant, à la « signification programmatique », le pape entend inviter les chrétiens « à une nouvelle étape évangélisatrice marquée par cette joie et indiquer des voies pour la marche de l’Église dans les prochaines années ».
JEAN-MATTHIEU GAUTIER/CIRIC
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mercredi 27 novembre 2013
Le 19 juillet 2013, à Cayenne (Guyanne), les JMjistes français participent à la messe de clôture de la semaine missionnaire.
L’invitation à la joie du pape François d Intitulée « Evangelii gaudium », « La joie de l’Évangile », l’exhortation apostolique du pape sur l’annonce de la Bonne Nouvelle dans le monde actuel a été rendue publique mardi 26 novembre. d Ce texte dense, écrit dans un style personnel, encourage « dans toute l’Église une nouvelle étape évangélisatrice, pleine de ferveur et de dynamisme ». d Le pape n’en cache pas la dimension « programmatique », avec la « sortie de soi vers le frère » comme commandement et la décentralisation comme principe.
ROME De notre envoyé spécial permanent
« Comme je voudrais trouver les paroles pour encourager une période évangélisatrice plus fervente, joyeuse, généreuse, audacieuse, pleine d’amour profond, et de vie contagieuse ! » Au cœur de son exhortation apostolique, rendue publique mardi 26 novembre à Rome, le pape François résume ce qu’il cherche à obtenir tout au long des 165 pages de ce texte, le plus important depuis le début de son pontiicat. Inspirée des propositions du Synode des évêques sur la nouvelle évangélisation en octobre 2012, l’exhortation n’est pas pour
autant post-synodale. Fruit d’autres consultations, de sa propre expérience pastorale et des écrits de ses prédécesseurs, sa « signiication programmatique » exprime les priorités du nouveau pape pour les prochaines années. Sur la forme, il adopte une écriture très personnelle et directe, souvent à la première personne du singulier. Évoquant « l’odeur des brebis », « l’air pur du Saint-Esprit », il reprend plusieurs formules imagées de ses homélies matinales ou catéchèses du mercredi, comme si le thème de la joie devait se ressentir de prime abord à la lecture. Même si le texte est moins construit que ses allocutions d’ordinaire, « il y a couché noir sur blanc
PAROLES Cardinal andré Vingt-trois, archevêque de Paris
« Un texte stimulant, pas un catalogue dogmatique » « Cette exhortation est une très bonne reprise du Synode sur la nouvelle évangélisation, de façon très personnelle et originale. C’est un texte stimulant qui n’est pas un catalogue dogmatique mais un instrument de travail. C’est un appui très fort de trouver chez le pape cette conviction qu’un chrétien baptisé et conirmé ne peut pas voir la mission comme une sorte d’hypothèse alternative, mais comme un engagement nécessaire après le baptême et la conirmation. La formule qui revient à plusieurs reprises, “Ne nous laissons pas voler la joie de l’Évangile”, est très encourageante pour les agents pastoraux. La mission est la raison d’être de la paroisse et le pape le rappelle.
Le passage sur la mission dans la ville reprend la grande tradition chrétienne sur le lien entre la constitution du peuple de Dieu et le rassemblement humain de ce peuple. Je trouve très importante également la question de l’actualité de l’évangélisation, dont le dynamisme s’inscrit dans l’environnement dans lequel on se trouve. La mission au XXIe siècle ne peut pas être identique à ce qu’elle était au XIXe ou au XXe siècle. Le pape insiste aussi sur le lien entre le témoignage de la foi et celui de la charité, ainsi que sur la dimension sociale de l’évangélisation. » RECUEILLI PAR CLÉMENCE HOUDAILLE
les missions de l’Église sur lesquelles il met le doigt depuis six mois », décrypte une source interne au Vatican. Son propos est ainsi habité tout entier par la préoccupation envers ceux qui se sont éloignés de l’Église. Comme aux évêques du Brésil qu’il invitait in juillet, en clôture des JMJ de Rio, à s’interroger sur ce qui conduit des idèles à quitter l’Église, le pape interroge sur les manières de faire dans l’Église. Quitte à bousculer les habitudes, abandonner les « schémas ennuyeux » et faire preuve de créativité, « sans peur de se tromper ». Sur le champ de bataille où l’Église doit soigner, le pape relève les méfaits de « l’individualisme dominant » et de l’« esprit de consommation efréné que stimule le marché ». Contre « l’économie qui tue », comme dans la traite des personnes, le pape envoie l’Église manifester sa mission « pour ceux que la société rejette et met de côté ». Concrètement, les périphéries, chères au vocabulaire bergoglien, sont visées dans leur acception urbaine première. L’ancien archevêque de Buenos Aires, familier des bidonvilles, interroge l’Église sur la façon d’y atteindre les « citadins à moitié » ou « restes urbains » peuplant aujourd’hui les mégapoles. « Comme elles sont belles les villes qui dépassent la méiance malsaine et intègrent ceux qui sont diférents », lance le pape. Et où les églises paroissiales demeureraient ouvertes plutôt que de renvoyer ppp
ÉVÉNEMENT
mercredi 27 novembre 2013
ppp à « la froideur d’une porte close ». « Mêmes les portes des sacrements ne devraient pas se fermer pour n’importe quelle raison », avance-t-il aussi, tandis qu’un questionnaire circule actuellement dans les diocèses à travers le monde sur la pastorale familiale en vue d’un Synode extraordinaire sur ce thème en octobre 2014. Dans ces périphéries érigées en centre de la mission pour l’Église, le pape, qui réaffirme son désir d’une « Église pauvre pour les pauvres », insiste sur la place de ces derniers dans l’évangélisation. « Il est nécessaire que tous nous nous laissions évang éliser par les pauvres », insiste-t-il, rappelant l’assise théologique en faveur de « l’intégration sociale des pauvres ». En ce sens, la « conversion pastorale et missionnaire » est un impératif pour tous. Y compris pour la papauté, poursuit-il, sans détailler
une « réforme des structures » ecclésiales alors que son Conseil des cardinaux se réunit de nouveau la semaine prochaine. L’exhortation ouvre toutefois la voie à une « décentralisation salutaire », laissant leur place aux conférences épiscopales pour que « le sentiment collégial se réalise pleinement ».
Le pape mise sur la joie contagieuse de chaque « disciplemissionnaire ». Plus largement, le pape renverse des perceptions établies dans l’Église, jugées contraires à l’Évangile et relevant d’une « mondanité spirituelle ». S’opposant à la « théologie de bureau », au « soin ostentatoire de la liturgie », le pape latinoaméricain rend hommage à la « force évangélisatrice de la religiosité po-
pulaire ». À l’image de la mère qu’il décrit, récitant le rosaire au pied du lit de son enfant malade même si elle ne connaît pas le Credo. Dans la même veine, ce pape non européen ouvert à la beauté, y compris dans des « modalités non conventionnelles », refuse de « prétendre que tous les peuples de tous les continents, en exprimant la foi chrétienne, imitent les modalités adoptées par les peuples européens à un moment précis de leur histoire ». Insistant pour « trouver le mode de communiquer Jésus qui corresponde à la situation dans laquelle nous nous trouvons », le pape propose toutefois un « dénominateur commun », comme l’a exposé hier le président de la Conférence pontificale pour la promotion de la nouvelle évangélisation, Mgr Rino Fisichella. À ce titre, notamment, igure « l’homélie comme forme privilégiée d’évangélisation ». Le pape
jésuite en donne même des conseils d’élaboration sur plusieurs pages. Promouvant aussi un large dialogue social, œcuménique, interreligieux et avec les non-croyants, l’évêque de Rome indique des points non négociables : le « sacerdoce réservé aux hommes » et la dignité des enfants à naître, autrement dit le refus de tout avortement. « On ne doit pas s’attendre à ce que l’Église change de position sur cette question », prévient-il, tout en mettant en garde contre une présentation contreproductive de la foi sous son aspect moral. Pour évangéliser, le pape mise avant tout sur la joie contagieuse de chaque « disciple-missionnaire ». « Une personne qui n’est pas convaincue, enthousiaste, sûre, amoureuse, ne convainc personne. » SÉBASTIEN MAILLARD
RETROUVEZ des extraits de l’exhortation
p. 15 à 18.
PAROLES Marc et Florence de leyritz
P. thierry-doMinique huMbrecht
Responsables des « parcours Alpha »
Dominicain de la province de Toulouse, philosophe et théologien
« Il nous sort de notre zone de confort »
« Il parle de l’homélie comme elle doit être, de manière vivante et incisive »
« Ce texte décapant s’inscrit dans la continuité des exhortations apostoliques de Paul VI (Evangelii Nuntiandi, 1975) et de Jean-Paul II (Christiideles laici, 1988). La première mettait en lumière l’évangélisation comme mission centrale de l’Église, la seconde déployait de façon très stimulante les conséquences du concile Vatican II en matière d’engagement des laïcs. À sa manière, François prolonge ces deux grands textes. Il le fait d’une façon plus vigoureuse, plus colorée, plus pratique. À ses yeux, l’Église doit commencer par se convertir elle-même, et cela vaut pour le pape, les évêques et les prêtres. Aucune communauté humaine ne peut trouver une raison de se réformer si son leader luimême ne se réforme pas. Cette conversion nous demande aussi de passer d’une pastorale de maintien à une pastorale d’évangélisation. Nous ne sommes pas des administrateurs, nous dit le pape. Ce ne sont pas nos structures qui importent, mais la vie. Il nous secoue, nous sort de notre zone de confort. Le renouveau de l’Église en dépend. Au fond, il nous demande d’être de vrais disciples. Si nous nous laissons toucher par la lumière du Christ, si nous acceptons de nous laisser nous-mêmes évangéliser, nous rayonnerons de joie et deviendrons missionnaires. »
« Il est rare que l’enseignement de l’Église soit aussi concret : le pape François appelle de ses vœux une prédication vivante, créative, qui marque l’esprit des idèles, et sa manière de l’évoquer est elle-même vivante et incisive. Il plante le décor sans détour – souvent, le prédicateur fait soufrir ceux qui l’écoutent ! Puis il donne de précieux conseils de fond et de forme : être bref, car la longueur fatigue et crée une sorte de prise de pouvoir sur la célébration ; ne pas faire un cours d’exégèse ni un journal télévisé ; ne pas entasser les idées mais s’en tenir à une seule, le message principal… Un sermon, c’est une « idée, une image », sans quoi les gens n’en retiennent rien. Pour ce faire, la préparation doit être spirituelle et studieuse. Cela suppose un équilibre spéciique : l’homélie est un acte personnel – le prêtre doit l’avoir très préparée pour qu’en 10 minutes, il ait dit tout ce qu’il avait à dire sans ennuyer tout le monde – et, en même temps, il doit s’efacer devant la Parole de Dieu. Ce n’est pas un show. Tous les prédicateurs seront d’accord avec le pape pour fustiger les prédications ennuyeuses. Le problème, c’est qu’un prédicateur voit rarement ses propres défauts ! »
RECUEILLI PAR FRANÇOIS-XAVIER MAIGRE
RECUEILLI PAR CÉLINE HOYEAU
PAROLES Patrick ViVeret, philosophe, conseiller maître honoraire à la Cour des comptes « Ce texte me semble tout à fait important. Ce que le pape dit de l’économie de l’exclusion fait écho à ce qu’écrivait déjà Hannah Arendt dans son Rapport sur la banalité du mal, mettant en évidence la source du totalitarisme dans le fait de considérer qu’il y a des humains en trop. Cette analyse vaut pour les nouvelles formes de totalitarisme, dont l’ultra-capitalisme inancier que nous connaissons. Le lien qu’il établit avec le commandement « Ne pas tuer » souligne la gravité des conséquences de cette économie. Sa condamnation renvoie à la mise en garde d’Aristote : l’acquisition de la richesse pour elle-même menace la substance de nos sociétés. Le pape refuse l’argent qui gouverne au lieu de servir, bloque l’échange et devient source de domination. Il me semble notable que ce texte intervienne au moment même où le pape s’engage pour davantage de transparence au sein des institutions inancières du Vatican. » RECUEILLI PAR FRANÇOIS-XAVIER MAIGRE
TROIS SEMAINES DE TRAVAUX P Convoqué par Benoît XVI le 24 octobre 2010, lors de la messe concluant le Synode des évêques pour le Moyen-Orient, le Synode des évêques sur « La nouvelle évangélisation pour la transmission de la foi chrétienne » s’est déroulé au Vatican du 7 au 28 octobre 2012. Il a coïncidé, par conséquent, avec l’ouverture, le 11 octobre, de l’Année de la foi, destinée, elle, à célébrer le cinquantième anniversaire du concile Vatican II.
PAROLES isabelle Morel Responsable du service de la catéchèse dans le diocèse de Besançon, enseignante à l’Institut catholique de Paris
« Un père de famille qui secoue ses enfants » « Je suis marquée par le soule de ce texte, particulièrement quand il évoque les agents pastoraux. Lorsque François dit qu’ils ne doivent pas se préoccuper d’eux-mêmes en consacrant trop de temps à leur autonomie et à leur ressourcement spirituel, cela apparaît presque comme un réquisitoire contre l’institution. En réalité, il s’agit plus d’un père de famille qui secoue ses enfants. Il touche juste : lorsqu’une mission est mal vécue, elle est comme un devoir pesant. Aujourd’hui, beaucoup d’agents pastoraux sont pris entre le marteau et l’enclume. Ils tentent de faire vivre une Église dans ses structures actuelles, et en oublient la joie d’annoncer l’Évangile. Le pape nous rappelle que notre ressourcement réside précisément dans cette annonce. Il évoque très clairement les “ministères” laïcs, un mot que l’on hésitait à employer, car on le réservait souvent aux prêtres. Il s’agit d’un encouragement majeur pour que les laïcs prennent leur place dans l’Église. Enin, il délie ordination sacerdotale et pouvoir, et airme donc que les femmes ont pleinement leur place dans les instances décisionnaires de l’Église. » RECUEILLI PAR LOUP BESMOND DE SENNEVILLE
Jean-GuilheM Xerri Président d’honneur de « Aux captifs la libération »
« Un refus de l’argent qui gouverne »
REPÈRES
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P À l’issue de trois semaines de travaux, les 262 pères synodaux se sont accordés sur une série de 58 propositions, remises au pape en vue de l’exhortation apostolique post-synodale. Elles s’articulent en quatre grands chapitres : nature de la nouvelle évangélisation, contexte du ministère de l’Église aujourd’hui, réponses pastorales et acteurs de la nouvelle évangélisation. Les propositions mettent en avant la nécessité pour l’Église de redécouvrir sa dimension missionnaire permanente.
« Notre charité n’a pas vocation à demeurer dans la sphère privée » « Dans ce texte, le pape aborde à plusieurs reprises les diférentes dimensions de la charité. Il insiste sur le fait qu’elle ne relève pas seulement des relations individuelles, mais a aussi des conséquences sociales et politiques. Elle ne consiste pas simplement à être “gentil avec les pauvres” : le pape bat cette idée en brèche. Tout comme notre foi, notre charité n’a pas vocation à demeurer dans la sphère privée. Elle doit avoir une inluence sur la vie sociale et sur le terrain national. Ce n’est pas nouveau – Benoît XVI, dans Deus caritas est, parlait aussi de la dimension collective de la charité –, mais l’insistance du pape nous rappelle qu’il y a une certaine urgence à la mettre en œuvre. D’autant que François pointe les limites de l’économie libérale, probablement en raison de la place prépondérante qu’y occupe la inance. J’entends cela comme un appel aux chrétiens à prendre des responsabilités dans l’élaboration des lois, dans le monde du travail et le domaine économique. Le pape mentionne d’ailleurs clairement les politiques et les entrepreneurs. » RECUEILLI PAR LOUP BESMOND DE SENNEVILLE
(Lire la suite page 4.)
PPP
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ÉVÉNEMENT
mercredi 27 novembre 2013
(Suite des p. 2-3)
VU DE FRANCE
PAROLES P. GABRIEL VILLEMAIN,
À Nancy, les catholiques se forment pour évangéliser leur quartier
46 ans, curé du Merlerault et de Gacé (Orne)
« Le thème de l’odorat, qui revient à plusieurs reprises dans l’exhortation, me touche particulièrement en tant que curé de campagne. Le pape parle du pasteur qui doit avoir l’odeur de ses brebis, du parfum de l’Évangile. Cela me pousse à me demander si mes paroissiens se sentent bien dans l’Église, cela implique des relations de qualité, des homélies de qualité… Les propos du pape sont revigorants, mais aussi très exigeants, pour lui-même comme pour nous tous. Ils m’invitent à me questionner sur ma qualité de prêtre, à aider ma paroisse à se questionner. Chacun peut ainsi prendre conscience de ses travers. Si on remet l’Évangile en premier, c’est un questionnement qui est source de joie. Il pointe le grand risque de la tristesse individualiste, qui guette tout le monde, même les prêtres. Il est parfois sévère. Mais il souligne aussi que le meilleur remède est la joie qui vient de l’Évangile. Le pape met des mots sur mon aspiration la plus profonde et que j’essaie de mettre en œuvre comme prêtre depuis seize ans. C’est un formidable encouragement, dans la continuité de ce que j’ai reçu des papes précédents. » RECUEILLI PAR CLÉMENCE HOUDAILLE
REMY NELSON/ÉGLISE 54
« Le pape met des mots sur mon aspiration la plus profonde »
Trente-sept paroissiens ont accepté de «partir en mission» dans leur quartier, jusqu’à Noël. Ojectif : oser aller rencontrer les habitants pour leur proposer la foi chrétienne.
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d Dans la capitale de la Lorraine, des paroissiens ont suivi une « école de la mission » avant de partir à la rencontre des habitants et travailleurs du quartier Rives-de-Meurthe, en pleine restructuration. NANCY De notre correspondante régionale
La perspective les efraie, pourtant ils ont dit oui, bien plus nombreux qu’espéré. Trente-sept paroissiens de Notre-Dame-de-Bonne-Nouvelle, au centre-ville de Nancy, partent ces jours-ci en mission, dans leur propre quartier, celui des Rives-deMeurthe. Objectif : écouter les habitants et leur proposer la foi chrétienne. Jusqu’à Noël, par deux, ils vont les interpeller dans les espaces publics, leur proposer des rencontres en petits groupes, autour d’un café ou d’un repas, la découverte de la crèche installée dans l’église centrale de leur quartier, un concert ou encore la célébration de Noël. « Nous allons commencer doucement, comme toutes les choses que l’on n’aime pas fai re. Nous sommes tous un peu timides. En tant que médecin, j’ai l’habitude de communiquer mais là, le cadre est très différent. Heureusement, la formation nous aide », conie Éric, 55 ans. Il vient de suivre quatre cours du soir et un week-end de préparation. Cette « école de la mission », obligatoire pour les participants, était capitale pour les initiateurs du projet, le P. Guy Lescanne et le P. Yves Habert deux des trois prêtres de la paroisse. « Le but est qu’ils se sentent confortés, sinon ils vont se se faire rembarrer et ensuiteil n’y aura plus personne », explique le P. Yves, religieux dominicain.
À chaque séance, ils ont réléchi, texte d’Évangile à l’appui, à une dimension de Jésus : celui qui écoute, celui qui prie, celui qui enseigne, et celui qui soigne. « Si les personnes vous parlent de leurs maladies, priez pour eux. Si un malade demande une visite, il faut absolument y aller. Là vous ferez le métier de Jésus », encourage le P. Yves, tout en mettant en garde : « Vous allez rencontrer des gens qui ont été choqués par la dimension très doloriste de l’Église. Rappelez alors, par exemple, le sens profond du sacrement des malades ». Ils partiront notamment avec des dépliants thématiques ou encore l’Évangile de Mathieu à distribuer. Pour faciliter le dialogue avec leurs interlocuteurs, ils pourront aussi leur demander, questionnaires en main, ce qui les réjouit, les inquiète, ce en quoi ils croient, ou encore les questions qu’ils voudraient poser aux chrétiens. « C’est important qu’ils vous voient noter leurs mots, pas juste l’idée générale. N’interprétez pas, enjoint le P. Guy Lescanne. Si quelqu’un exprime un cri de colère sur l’Église, écrivez-le. Nous accueillons tout ce qui est dit. » Pêle-mêle, il conseille aussi de se présenter clairement, comme venant de l’Église catholique, d’adopter un ton paisible, de sourire. Le week-end dernier, les missionnaires se sont réparti les rues, ont testé la méthode, en ont tiré les leçons, mais aussi prié. S’ils ont appris des astuces, c’est l’état d’esprit de la démarche qui leur a surtout été rappelé. Quand Pascale conie vouloir avant tout « convertir, laisser un message », le P. Lescanne rappelle : « Nous y allons aussi pour entendre une bonne nouvelle. Nous n’allons pas apporter le Christ, mais le reconnaître. » ÉLISE DESCAMPS
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Exhortation apostolique
Evangelii gaudium
Voici de larges extraits de l’exhortation apostolique « Evangelii gaudium » du pape François, en date du 24 novembre 2013, dimanche de clôture de l’Année de la foi et publiée par le Saint-Siège le 26 novembre
La joie de l’Evangile 1. La joie de L’Évangile remplit le cœur
Jésus-Christ. Je ne me lasserai jamais de répéter ces paroles de Benoît XVI qui nous conduisent au cœur de l’Évangile : « À l’origine du fait d’être chrétien il n’y a pas une décision éthique ou une grande idée, mais la rencontre avec un événement, avec une Personne, qui donne à la vie un nouvel horizon et par là son orientation décisive (2). »
et toute la vie de ceux qui rencontrent Jésus. Ceux qui se laissent sauver par lui sont libérés du péché, de la tristesse, du vide intérieur, de l’isolement. Avec JésusChrist la joie naît et renaît toujours. Dans cette exhortation, je désire m’adresser aux idèles chrétiens, pour les inviter à une nouvelle étape évangélisatrice marquée par cette joie et indiquer des voies pour la marche de l’Église dans les prochaines années.
8.
C’est seulement grâce à cette rencontre – ou nouvelle rencontre – avec l’amour de Dieu, qui se convertit en heureuse amitié, que nous sommes délivrés de notre conscience isolée et de l’autoréférence. Nous parvenons à être pleinement humains quand nous sommes plus qu’humains, quand nous permettons à Dieu de nous conduire au-delà de nous-mêmes pour que nous parvenions à notre être le plus vrai. Là se trouve la source de l’action évangélisatrice. Parce que, si quelqu’un a accueilli cet amour qui lui redonne le sens de la vie, comment peut-il retenir le désir de le communiquer aux autres ?
Une joie qui se renouvelle et se communique
3.
J’invite chaque chrétien, en quelque lieu et situation où il se trouve, à renouveler aujourd’hui même sa rencontre personnelle avec Jésus-Christ ou, au moins, à prendre la décision de se laisser rencontrer par lui, de le chercher chaque jour sans cesse. Il n’y a pas de motif pour lequel quelqu’un puisse penser que cette invitation n’est pas pour lui, parce que « personne n’est exclu de la joie que nous apporte le Seigneur » (1). Celui qui risque, le Seigneur ne le déçoit pas, et quand quelqu’un fait un petit pas vers Jésus, il découvre que celui-ci attendait déjà sa venue à bras ouverts. C’est le moment pour dire à Jésus-Christ : « Seigneur, je me suis laissé tromper, de mille manières j’ai fui ton amour, cependant je suis ici une fois encore pour renouveler mon alliance avec toi. J’ai besoin de toi. Rachète-moi de nouveau, Seigneur, accepte-moi encore une fois entre tes bras rédempteurs. » Cela nous fait tant de bien de revenir à lui quand nous nous sommes perdus ! J’in-
M.MIGLIORATO/CPP/CIRIC
2.
Le grand risque du monde d’aujourd’hui, avec son ofre de consommation multiple et écrasante, est une tristesse individualiste qui vient du cœur bien installé et avare, de la recherche malade de plaisirs supericiels, de la conscience isolée. Quand la vie intérieure se ferme sur ses propres intérêts, il n’y a plus de place pour les autres, les pauvres n’entrent plus, on n’écoute plus la voix de Dieu, on ne jouit plus de la douce joie de son amour, l’enthousiasme de faire le bien ne palpite plus. Même les croyants courent ce risque, certain et permanent. Beaucoup y succombent et se transforment en personnes vexées, mécontentes, sans vie. Ce n’est pas le choix d’une vie digne et pleine, ce n’est pas le désir de Dieu pour nous, ce n’est pas la vie dans l’Esprit qui jaillit du cœur du Christ ressuscité.
Le pape François lors d’une audience générale du mercredi sur la place Saint-Pierre à Rome. siste encore une fois : Dieu ne se fatigue jamais de pardonner, c’est nous qui nous fatiguons de demander sa miséricorde. Celui qui nous a invités à pardonner « soixante-dix fois sept fois » (Mt 18, 22) nous donne l’exemple : il pardonne soixante-dix fois sept fois. Il revient nous charger sur ses épaules une fois après l’autre. Personne ne pourra nous enlever la dignité que nous confère cet amour inini et inébranlable. Il nous permet de relever la tête et de recommencer, avec une tendresse qui ne nous déçoit jamais et qui peut toujours nous rendre la joie. Ne fuyons pas la résurrection de Jésus, ne nous donnons jamais pour vaincus, advienne que pourra. Rien ne peut davantage que sa vie qui nous pousse en avant !
6.
Il y a des chrétiens qui semblent avoir un air de Carême sans Pâques. Cependant, je reconnais que la joie ne se vit pas de la même façon à toutes les étapes et dans toutes les circonstances de la vie, parfois très dure. Elle s’adapte et se transforme, et elle demeure toujours au moins comme un rayon de lumière qui naît de la certitude personnelle d’être ininiment aimé, au-delà de tout. Je comprends les personnes qui deviennent tristes à cause des graves difficultés qu’elles doivent supporter, cependant peu à peu, il faut permettre à la joie de la foi de commen-
cer à s’éveiller, comme une coniance secrète mais ferme, même au milieu des pires soucis : « Mon âme est exclue de la paix, j’ai oublié le bonheur ! (…) Voici ce qu’à mon cœur je rappellerai pour reprendre espoir : les faveurs du Seigneur ne sont pas inies, ni ses compassions épuisées ; elles se renouvellent chaque matin, grande est sa idélité ! (…) Il est bon d’attendre en silence le salut du Seigneur » (Lm 3, 17.2123.26).
7.
La tentation apparaît fréquemment sous forme d’excuses et de récriminations, comme s’il devrait y avoir d’innombrables conditions pour que la joie soit possible. Ceci arrive « Dieu ne se parce que « la société techfatigue jamais nique a pu multiplier les occasions de plaisirs, mais elle de pardonner, a bien du mal à sécréter la c’est nous qui joie » (1). Je peux dire que les nous fatiguons joies les plus belles et les plus spontanées que j’ai vues au de demander cours de ma vie sont celles sa miséricorde. » de personnes très pauvres qui ont peu de choses auxquelles s’accrocher. Je me souviens aussi de la joie authentique de ceux qui, même dans de grands engagements professionnels, ont su garder un cœur croyant, généreux et simple. De diverses manières, ces joies puisent à la source de l’amour toujours plus grand de Dieu qui s’est manifesté en
La douce et réconfortante joie d’évangéliser (…)
11.
Une annonce renouvelée donne aux croyants, même à ceux qui sont tièdes ou qui ne pratiquent pas, une nouvelle joie dans la foi et une fécondité évangélisatrice. En réalité, son centre ainsi que son essence sont toujours les mêmes : le Dieu qui a manifesté son amour immense dans le Christ mort et ressuscité. Il rend ses idèles toujours nouveaux, bien qu’ils soient anciens : « Ils renouvellent leur force, ils déploient leurs ailes comme des aigles, ils courent sans s’épuiser, ils marchent sans se fatiguer » (Is 40, 31). Le Christ est « la Bonne Nouvelle éternelle » (Ap 14, 6), et il est « le même hier et aujourd’hui et pour les siècles » (He 13, 8), mais sa richesse et sa beauté sont inépuisables. Il est toujours jeune et source constante de nouveauté. L’Église ne cesse pas de s’émerveiller de « l’abîme de la richesse, de la sagesse et de la science de Dieu ! » (Rm 11, 33). Saint Jean de la Croix disait : « Cette épaisseur de sagesse et de science de Dieu est si profonde et immense que, bien que l’âme en connaisse quelque chose, elle peut pénétrer toujours plus en elle (3). » Ou encore, comme l’airmait saint Irénée : « Dans sa venue, (le Christ) a porté avec lui toute nouveauté (4). » Il peut toujours, avec sa nouveauté, renouveler notre vie et notre communauté, et même si la proposition ppp (Suite page 16.)
(Suite de la page 15)
chrétienne traverse des époques d’obscurité et de faiblesse ecclésiales, elle ne vieillit jamais. Jésus-Christ peut aussi rompre les schémas ennuyeux dans lesquels nous prétendons l’enfermer et il nous surprend avec sa constante créativité divine. Chaque fois que nous cherchons à revenir à la source pour récupérer la fraîcheur originale de l’Évangile, surgissent de nouvelles voies, des méthodes créatives, d’autres formes d’expression, des signes plus éloquents, des paroles chargées de sens renouvelé pour le monde d’aujourd’hui. En réalité, toute action évangélisatrice authentique est toujours « nouvelle ». (…)
ppp
Chapitre I
La transformation missionnaire de l’Église
28.
La paroisse n’est pas une structure caduque ; précisément parce qu’elle a une grande plasticité, elle peut prendre des formes très diverses qui demandent la docilité et la créativité missionnaire du pasteur et de la communauté. Même si, certainement, elle n’est pas l’unique institution évangélisatrice, si elle est capable de se réformer et de s’adapter constamment, elle continuera à être « l’Église ellemême qui vit au milieu « Il faut affirmer des maisons de ses ils et sans détour de ses filles » (5). Cela qu’il existe un lien suppose que réellement elle soit en contact avec inséparable les familles et avec la vie entre notre foi du peuple et ne devienne et les pauvres. pas une structure prolixe séparée des gens, ou un Ne les laissons groupe d’élus qui se re- jamais seuls. » gardent eux-mêmes. La paroisse est présence ecclésiale sur le territoire, lieu de l’écoute de la Parole, de la croissance de la vie chrétienne, du dialogue, de l’annonce, de la charité généreuse, de l’adoration et de la célébration. À travers toutes ses activités, la paroisse encourage et forme ses membres pour qu’ils soient des agents de l’évangélisation. Elle est communauté de communautés, sanctuaire où les assoifés viennent boire pour continuer à marcher, et centre d’un constant envoi missionnaire. Mais nous devons reconnaître que l’appel à la révision et au renouveau des paroisses n’a pas encore donné de fruits suisants pour qu’elles soient encore plus proches des gens, qu’elles soient des lieux de communion vivante et de participation, et qu’elles s’orientent complètement vers la mission. (…)
32.
Du moment que je suis appelé à vivre ce que je demande aux autres, je dois aussi penser à une conversion de la papauté. Il me revient, comme évêque de Rome, de rester ouvert aux suggestions orientées vers un exercice de mon ministère qui le rende plus idèle à la signiication que Jésus-Christ entend lui donner, et aux nécessités actuelles de l’évangélisation. Le pape Jean-Paul II demanda d’être aidé pour trouver une « forme d’exercice de la primauté ouverte à une situation
nouvelle, mais sans renoncement aucun à l’essentiel de sa mission ». Nous avons peu avancé en ce sens. La papauté aussi, et les structures centrales de l’Église universelle ont besoin d’écouter l’appel à une conversion pastorale. Le concile Vatican II a afirmé que, d’une manière analogue aux antiques Églises patriarcales, les conférences épiscopales peuvent « contribuer de façons multiples et fécondes à ce que le sentiment collégial se réalise concrètement » (6). Mais ce souhait ne s’est pas pleinement réalisé, parce que n’a pas encore été suisamment explicité un statut des conférences épiscopales qui les conçoive comme sujet d’attributions concrètes, y compris une certaine autorité doctrinale authentique. Une excessive centralisation, au lieu d’aider, complique la vie de l’Église et sa dynamique missionnaire.
33.
La pastorale en termes missionnaire exige d’abandonner le confortable critère pastoral du « on a toujours fait ainsi ». J’invite chacun à être audacieux et créatif dans ce devoir de repenser les objectifs, les structures, le style et les méthodes évangélisatrices de leurs propres communautés. Une identiication des ins sans une adéquate recherche communautaire des moyens pour les atteindre est condamnée à se traduire en pure imagination. J’exhorte chacun à appliquer avec générosité et courage les orientations de ce document, sans interdictions ni peurs. L’important est de ne pas marcher seul, mais de toujours compter sur les frères et spécialement sur la conduite des évêques, dans un sage et réaliste discernement pastoral. (…)
48.
Si l’Église entière assume ce dynamisme missionnaire, elle doit parvenir à tous, sans exception. Mais qui devrait-elle privilégier ? Quand quelqu’un lit l’Évangile, il trouve une orientation très claire : pas tant les amis et voisins riches, mais surtout les pauvres et les inirmes, ceux qui sont souvent méprisés et oubliés, « ceux qui n’ont pas de quoi te le rendre » (Lc 14, 14). Aucun doute ni aucune explication, qui afaiblissent ce message si clair, ne doivent subsister. Aujourd’hui et toujours, « les pauvres sont les destinataires privilégiés de l’Évangile », et l’évangélisation, adressée gratuitement à eux, est le signe du Royaume que Jésus est venu apporter. Il faut airmer sans détour qu’il existe un lien inséparable entre notre foi et les pauvres. Ne les laissons jamais seuls. (…)
Chapitre 2
Dans la crise de l’engagement communautaire
53.
De même que le commandement de « ne pas tuer » pose une limite claire pour assurer la valeur de la vie humaine, aujourd’hui, nous devons dire « non à une économie de l’exclusion et de la disparité sociale ». Une telle économie tue. Il n’est pas possible que le fait qu’une personne âgée réduite à vivre dans la rue, meure de froid ne soit pas une nouvelle, tandis que la baisse de deux points en Bourse en soit une. Voilà l’exclusion. On
mercredi 27 novembre 2013
ne peut plus tolérer le fait que la nourriture se jette, quand il y a des personnes qui soufrent de la faim. C’est la disparité sociale. Aujourd’hui, tout entre dans le jeu de la compétitivité et de la loi du plus fort, où le puissant mange le plus faible. Comme conséquence de cette situation, de grandes masses de population se voient exclues et marginalisées : sans travail, sans perspectives, sans voies de sortie. On considère l’être humain en lui-même comme un bien de consommation, qu’on peut utiliser et ensuite jeter. Nous avons mis en route la culture du « déchet » qui est même promue. Il ne s’agit plus simplement du phénomène de l’exploitation et de l’oppression, mais de quelque chose de nouveau : avec l’exclusion reste touchée, dans sa racine même, l’appartenance à la société dans laquelle on vit, du moment qu’en elle on ne se situe plus dans les bas-fonds, dans la périphérie, ou sans pouvoir, mais on est dehors. Les exclus ne sont pas des “exploités”, mais des déchets, “des restes”. (…)
55.
Une des causes de cette situation se trouve dans la relation que nous avons établie avec l’argent, puisque nous acceptons paisiblement sa prédominance sur nous et sur nos sociétés. La crise inancière que nous traversons nous fait oublier qu’elle a à son origine une crise anthropologique profonde : la négation du primat de l’être humain ! Nous avons créé de nouvelles idoles. L’adoration de l’antique veau d’or (cf. Ex 32, 1-35) a trouvé une nouvelle et impitoyable version dans le fétichisme de l’argent et dans la dictature de l’économie sans visage et sans un but véritablement humain. La crise mondiale qui investit la inance et l’économie manifeste ses propres déséquilibres et, par-dessus tout, l’absence grave d’une orientation anthropologique qui réduit l’être humain à un seul de ses besoins : la consommation. (…)
57.
Derrière ce comportement se cachent le refus de l’éthique et le refus de Dieu. Habituellement, on regarde l’éthique avec un certain mépris narquois. On la considère contre-productive, trop humaine, parce qu’elle relativise l’argent et le pouvoir. On la perçoit comme une menace, puisqu’elle condamne la manipulation et la dégradation de la personne. En déinitive, l’éthique renvoie à un Dieu qui attend une réponse exigeante, qui se situe hors des catégories du marché. Pour celles-ci, si elles sont absolutisées, Dieu est incontrôlable, non manipulable, voire dangereux, parce qu’il appelle l’être humain à sa pleine réalisation et à l’indépendance de toute sorte d’esclavage. L’éthique – une éthique non idéologisée – permet de créer un équilibre et un ordre social plus humain. En ce sens, j’exhorte les experts inanciers et les gouvernants des diférents pays à considérer les paroles d’un sage de l’antiquité : « Ne pas faire participer les pauvres à ses propres biens, c’est les voler et leur enlever la vie. Ce ne sont pas nos biens que nous détenons, mais les leurs » (7). (…)
66.
La famille traverse une crise culturelle profonde, comme toutes les communautés et les liens sociaux. Dans le cas de la famille, la fragilité des liens devient particulièrement grave parce qu’il s’agit de la cellule fondamentale de la société, du lieu où l’on apprend à vivre ensemble dans la diférence et à appar-
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Un barbecue organisé par la paroisse Saint-Jo tenir aux autres et où les parents transmettent la foi aux enfants. Le mariage tend à être vu comme une simple forme de gratification affective qui peut se constituer de n’importe quelle façon et se modiier selon la sensibilité de chacun. Mais la contribution indispensable du mariage à la société dépasse le niveau de l’émotivité et des nécessités contingentes du couple. Comme l’enseignent les évêques français, elle ne naît pas « du sentiment amoureux, par déinition éphémère, mais de la profondeur de l’engagement pris par les époux qui acceptent d’entrer dans une union de vie totale » (…).
Tentations des agents pastoraux
76.
J’éprouve une immense gratitude pour l’engagement de toutes les personnes qui travaillent dans l’Église. Je ne veux pas m’arrêter maintenant à exposer les activités des diférents agents pastoraux, des évêques jusqu’au plus humble et caché des services ecclésiaux. Je préférerais plutôt réléchir sur les déis que, tous, ils doivent afronter actuellement dans le contexte de la culture mondialisée. Cependant, je dois dire, en premier lieu et en toute justice, que l’apport de l’Église dans le monde actuel est immense. Notre douleur et notre honte pour les péchés de certains des membres de l’Église, et aussi pour les nôtres, ne doivent pas faire oublier tous les chrétiens qui donnent leur vie par amour : ils aident beaucoup de personnes à se soigner ou à mourir en paix dans des hôpitaux précaires, accompagnent les personnes devenues esclaves de diférentes dépendances dans les lieux les plus pauvres de la terre, se dépensent dans l’éducation des enfants et des jeunes, prennent soin des personnes âgées abandonnées de tous, cherchent à communiquer des valeurs dans des milieux hostiles, ppp
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apparent, une critique, une croix.
83.
Ainsi prend forme la plus grande menace, « c’est le triste pragmatisme de la vie quotidienne de l’Église, dans lequel apparemment tout arrive normalement, alors qu’en réalité, la foi s’afaiblit et dégénère dans la mesquinerie ». La psychologie de la tombe, qui transforme peu à peu les chrétiens en momies de musée, se développe. Déçus par la réalité, par l’Église ou par eux-mêmes, ils vivent la tentation constante de s’attacher à une tristesse douceâtre, sans espérance, qui envahit leur cœur comme « le plus précieux des élixirs du démon ». Appelés à éclairer et à communiquer la vie, ils se laissent inalement séduire par des choses qui engendrent seulement obscurité et lassitude intérieure, et qui afaiblissent le dynamisme apostolique. Pour tout cela je me permets d’insister : ne nous laissons pas voler la joie de l’évangélisation ! (…)
Chapitre 3
L’annonce de l’Évangile Tout le peuple de Dieu annonce l’Évangile
111.
oseph-des-Nations et le Secours catholique à Montreuil en Seine-Saint-Denis.
ppp se dévouent autrement de diférentes manières qui montrent l’amour immense pour l’humanité que le Dieu fait homme nous inspire. Je rends grâce pour le bel exemple que me donnent beaucoup de chrétiens qui ofrent leur vie et leur temps avec joie. Ce témoignage me fait beaucoup de bien et me soutient dans mon aspiration personnelle à dépasser l’égoïsme pour me donner davantage. (…)
78.
Aujourd’hui, on peut rencontrer chez beaucoup d’agents pastoraux, y compris des personnes consacrées, une préoccupation exagérée pour les espaces personnels d’autonomie et de détente, qui les conduit à vivre leurs tâches comme un simple appendice de la vie, comme si elles ne faisaient pas partie de leur identité. En même temps, la vie spirituelle se confond avec des moments religieux qui ofrent un certain soulagement, mais qui ne nourrissent pas la rencontre avec les autres, l’engagement dans le monde, la passion pour l’évangélisation. Ainsi, on peut trouver chez beaucoup d’agents de l’évangélisation, bien qu’ils prient, une accentuation de l’individualisme, une crise d’identité et une baisse de ferveur. Ce sont trois maux qui se nourrissent l’un l’autre. (…)
81.
Quand nous avons davantage besoin d’un dynamisme missionnaire qui apporte sel et lumière au monde, beaucoup de laïcs craignent que quelqu’un les invite à réaliser une tâche apostolique, et cherchent à fuir tout engagement qui pourrait leur ôter leur temps libre. Aujourd’hui, par exemple, il est devenu très diicile de trouver des catéchistes formés pour les paroisses et qui persévèrent dans leur tâche durant plusieurs années. Mais quelque chose de semblable arrive avec les prêtres, qui se préoccupent avec obsession de leur temps personnel. Fré-
quemment, cela est dû au fait que les personnes éprouvent le besoin impérieux de préserver leurs espaces d’autonomie, comme si un engagement d’évangélisation était un venin dangereux au lieu d’être une réponse joyeuse à l’amour de Dieu qui nous convoque à la mission et nous rend complets et féconds. Certaines personnes font de la résistance pour éprouver jusqu’au bout le goût de la mission et restent enveloppées dans une acédie paralysante.
82.
Le problème n’est pas toujours l’excès d’activité, mais ce sont surtout les activités mal vécues, sans les motivations appropriées, sans une spiritualité qui imprègne l’action et la rende désirable. De là découle que les devoirs fatiguent démesurément et parfois nous tombons malades. Il ne s’agit pas d’une fatigue sereine, mais tendue, pénible, insatisfaite, et en déinitive non acceptée. Cette acédie pastorale peut avoir diférentes origines. Certains y tombent parce qu’ils conduisent des projets irréalisables et ne vivent pas volontiers celui qu’ils pourraient faire tranquillement. D’autres, parce qu’ils n’acceptent pas l’évolution diicile des processus et veulent que tout tombe du ciel. D’autres, parce qu’ils s’attachent à certains projets et à des rêves de succès cultivés par leur vanité. D’autres pour avoir perdu le contact réel avec les gens, dans une dépersonnalisation de la pastorale qui porte à donner une plus grande attention à l’organisation qu’aux personnes, si bien que le « tableau de marche » les enthousiasme plus que la marche ellemême. D’autres tombent dans l’acédie parce qu’ils ne savent pas attendre, ils veulent dominer le rythme de la vie. L’impatience d’aujourd’hui d’arriver à des résultats immédiats fait que les agents pastoraux n’acceptent pas facilement le sens de certaines contradictions, un échec
L’évangélisation est la tâche de l’Église. Mais ce sujet de l’évangélisation est bien plus qu’une institution organique et hiérarchique, car avant tout c’est un peuple qui est en marche vers Dieu. Il s’agit certainement d’un mystère qui plonge ses racines dans la Trinité, mais qui a son caractère concret historique dans un peuple pèlerin et évangélisateur, qui transcende toujours toute expression institutionnelle même nécessaire. Je propose de m’arrêter un peu sur cette façon de comprendre l’Église, qui a son fondement ultime dans la libre et gratuite initiative de Dieu. (…)
L’homélie
135.
Considérons maintenant la prédication dans la liturgie, qui demande une sérieuse évaluation de la part des pasteurs. Je m’attarderai en particulier, et avec un certain soin, à l’homélie et à sa préparation, car les réclamations à l’égard de ce grand ministère sont nombreuses, et nous ne pouvons pas faire la sourde oreille. L’homélie est la pierre de touche pour évaluer la proximité et la capacité de rencontre d’un pasteur avec son peuple. De fait, nous savons que les idèles lui donnent beaucoup d’importance ; et ceux-ci, comme les ministres ordonnés eux-mêmes, soufrent souvent, les uns d’écouter, les autres de prêcher. Il est triste qu’il en soit ainsi. L’homélie peut être vraiment une intense et heureuse expérience de l’Esprit, une rencontre réconfortante avec la Parole, une source constante de renouveau et de croissance. (…)
138.
L’homélie ne peut pas être un spectacle de divertissement, elle ne répond pas à la logique des moyens médiatiques, mais elle doit donner ferveur et sens à la célébration. C’est un genre particulier, puisqu’il s’agit d’une prédication dans le cadre d’une célébration liturgique ; par conséquent elle doit être brève et éviter de ressembler à une confé-
17
rence ou à un cours. Le prédicateur peut être capable de maintenir l’intérêt des gens durant une heure, mais alors sa parole devient plus importante que la célébration de la foi. Si l’homélie se prolonge trop, elle nuit à deux caractéristiques de la célébration liturgique : l’harmonie entre ses parties et son rythme. Quand la prédication se réalise dans le contexte liturgique, elle s’intègre comme une partie de l’ofrande qui est remise au Père et comme médiation de la grâce que le Christ répand dans la célébration. Ce contexte même exige que la prédication oriente l’assemblée, et aussi le prédicateur, vers une communion avec le Christ dans l’Eucharistie qui transforme la vie. Ceci demande que la parole du prédicateur ne prenne pas une place excessive, de manière que le Seigneur brille davantage que le ministre. (…)
La préparation de la prédication
145.
La préparation de la prédication est une tâche si importante qu’il convient d’y consacrer un temps prolongé d’étude, de prière, de rélexion et de créativité pastorale. Avec beaucoup d’afection, je désire m’attarder à proposer un itinéraire de préparation de l’homélie. Ce sont des indications qui pour certains pourront paraître évidentes, mais je considère opportun de les suggérer pour rappeler la nécessité de consacrer le temps nécessaire à ce précieux ministère. Certains curés soutiennent souvent que « L’homélie cela n’est pas possible en raison de la multitude des tâches qu’ils peut être doivent remplir ; cependant, vraiment j’ose demander que chaque seune intense maine, un temps personnel et communautaire suisamment et heureuse prolongé soit consacré à cette expérience tâche, même s’il faut donner de l’Esprit. » moins de temps à d’autres engagements, même importants. La coniance en l’Esprit Saint qui agit dans la prédication n’est pas purement passive, mais active et créative. Elle implique de s’ofrir comme instrument (cf. Rm 12, 1), avec toutes ses capacités, pour qu’elles puissent être utilisées par Dieu. Un prédicateur qui ne se prépare pas n’est pas « spirituel », il est malhonnête et irresponsable envers les dons qu’il a reçus.
Chapitre 4
La dimension sociale de l’évangélisation
186.
De notre foi au Christ qui s’est fait pauvre, et toujours proche des pauvres et des exclus, découle la préoccupation pour le développement intégral des plus abandonnés de la société.
187.
Chaque chrétien et chaque communauté sont appelés à être instruments de Dieu pour la libération et la promotion des pauvres, de manière qu’ils puissent s’intégrer pleinement dans la société ; ceci suppose que nous soyons dociles et attentifs à écouter le cri du pauvre et à le secourir. Il suit de recourir aux Écritures pour découvrir comment le Père qui est bon veut écouter le cri des pauvres : « J’ai vu la misère de mon peuple qui est en Égypte. ppp (Suite page 18.)
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de ce processus, c’est le peuple et sa culture, et non une classe, une fraction, un groupe, une élite. Nous n’avons pas besoin d’un projet de quelques-uns destiné à quelques-uns, ou d’une minorité éclairée ou qui témoigne et s’approprie un sentiment collectif. Il s’agit d’un accord pour vivre ensemble, d’un pacte social et culturel. (…)
ppp (Suite des pages 16-17)
Chapitre 5
Évangélisateurs avec esprit Marie, Mère de l’évangélisation
288.
CORINNE SIMON/CIRIC
J’ai entendu son cri devant ses oppresseurs ; oui, je connais ses angoisses. Je suis descendu pour le délivrer (…). Maintenant va, je t’envoie… » (Ex 3, 7-8.10), et a souci de leurs nécessités : « Alors les Israélites crièrent vers le Seigneur et le Seigneur leur suscita un sauveur » (Jg 3, 15). Faire la sourde oreille à ce cri, alors que nous sommes les instruments de Dieu pour écouter le pauvre, nous met en dehors de la volonté du Père et de son projet, parce que ce pauvre « en appellerait au Seigneur contre toi, et tu serais chargé d’un péché » (Dt 15, 9). Et le manque de solidarité envers ses nécessités afecte directement notre relation avec Dieu : « Si quelqu’un te maudit dans sa détresse, son Créateur exaucera son imprécation » (Si 4, 6). L’ancienne question revient toujours : « Si quelqu’un, jouissant des biens de ce monde, voit son frère dans la nécessité et lui ferme ses entrailles, comment l’amour de Dieu demeurerait-il en lui ? » (1 Jn 3, 17). Souvenons-nous aussi comment, avec une grande radicalité, l’Apôtre Jacques reprenait l’image du cri des opprimés : « Le salaire dont vous avez frustré les ouvriers qui ont fauché vos champs, crie, et les clameurs des moissonneurs sont parvenues aux oreilles du Seigneur des Armées » (5, 4).
Sacrement de confirmation lors de la messe de Pentecôte à Lille au mois de mai 2013. participer au sensus idei, par leurs propres soufrances ils connaissent le Christ souffrant. Il est nécessaire que tous nous nous laissions évangéliser par eux. La nouvelle évangélisation est une invitation à reconnaître la force salviique de leurs existences, et à les mettre au centre du cheminement de l’Église. Nous sommes appelés à découvrir le Christ en eux, à prêter notre voix à leurs causes, mais aussi à être leurs amis, à les écouter, à les comprendre et à accueillir la mystérieuse sagesse que Dieu veut nous communiquer à travers eux. (…)
188.
L’Église a reconnu que l’exigence d’écouter ce cri vient de l’œuvre libératrice de la grâce elle-même en chacun de nous ; il ne s’agit donc pas d’une mission réservée seulement à quelquesuns : « L’Église, guidée par l’Évangile de la miséricorde et par l’amour de l’homme, entend la clameur pour la justice et veut y répondre de toutes ses forces » (8). Dans ce cadre on comprend la demande de Jésus à « La dignité ses disciples : « Donnez- de la personne leur vous-mêmes à manger » (Mc 6, 37), ce qui humaine implique autant la coo- et le bien commun pération pour résoudre sont au-dessus les causes structurelles de la pauvreté et pro- de la tranquillité mouvoir le développe- de quelques-uns... ment intégral des pauvres que les gestes simples et quotidiens de solidarité devant les misères très concrètes que nous rencontrons. Le mot « solidarité » est un peu usé et, parfois, on l’interprète mal, mais il désigne beaucoup plus que quelques actes sporadiques de générosité. Il demande de créer une nouvelle mentalité qui pense en termes de communauté, de priorité de la vie de tous sur l’appropriation des biens par quelques-uns. (…)
198. Pour l’Église, l’option pour
les pauvres est une catégorie théologique avant d’être culturelle, sociologique, politique ou philosophique. (…) Cette préférence divine a des conséquences dans la vie de foi de tous les chrétiens, appelés à avoir « les mêmes sentiments qui sont dans le Christ Jésus » (Ph 2, 5). Inspirée par elle, l’Église a fait une option pour les pauvres, entendue comme une « forme spéciale de priorité dans la pratique de la charité chrétienne dont témoigne toute la tradition de l’Église » (9). Cette option – enseignait Benoît XVI – « est implicite dans la foi christologique en ce Dieu qui s’est fait pauvre pour nous, pour nous enrichir de sa pauvreté » (10). Pour cette raison, je désire une Église pauvre pour les pauvres. Ils ont beaucoup à nous enseigner. En plus de
203.
»
La dignité de chaque personne humaine et le bien commun sont des questions qui devraient structurer toute la politique économique, or parfois elles semblent être des appendices ajoutés de l’extérieur pour compléter un discours politique sans perspective ni programme d’un vrai développement intégral. Beaucoup de paroles dérangent dans ce système ! C’est gênant de parler d’éthique, c’est gênant de parler de solidarité mondiale, c’est gênant de parler de distribution des biens, c’est gênant de parler de défendre les emplois, c’est gênant de parler de la dignité des faibles, c’est gênant de parler d’un Dieu qui exige un engagement pour la justice. D’autres fois, il arrive que ces paroles deviennent objet d’une manipulation opportuniste qui les déshonore. La commode indiférence à ces questions rend notre vie et nos paroles vides de toute signiication. La vocation d’entrepreneur est un noble travail, il doit se laisser toujours interroger par un sens plus large de la vie ; ceci lui permet de servir vraiment le bien commun, par ses eforts en vue de multiplier et rendre plus accessibles à tous les biens de ce monde.
204.
Nous ne pouvons plus avoir coniance dans les forces aveugles et dans la main invisible du marché. La croissance dans l’équité exige quelque chose de plus que la croissance économique, bien qu’elle la suppose ; elle demande des décisions, des programmes, des mécanismes et des processus spéciiquement orientés vers une meilleure distribution des revenus, la création d’opportunités d’emplois, une promotion intégrale des pauvres qui dépasse le simple assistanat. Loin de moi la proposition d’un populisme
irresponsable, mais l’économie ne peut plus recourir à des remèdes qui sont un nouveau venin, comme lorsqu’on prétend augmenter la rentabilité en réduisant le marché du travail, mais en créant de cette façon de nouveaux exclus. (…)
Le bien commun et la paix sociale
218.
La paix sociale ne peut pas être comprise comme un irénisme ou comme une pure absence de violence obtenue par l’imposition d’un secteur sur les autres. Ce serait de même une fausse paix que celle qui servirait d’excuse pour justiier une organisation sociale qui réduit au silence ou tranquillise les plus pauvres, de manière que ceux qui jouissent des plus grands bénéices puissent conserver leur style de vie sans heurt, alors que les autres survivent comme ils peuvent. Les revendications sociales qui ont un rapport avec la distribution des revenus, l’intégration sociale des pauvres et les droits humains ne peuvent pas être étoufées sous prétexte de construire un consensus de bureau ou une paix éphémère, pour une minorité heureuse. La dignité de la personne humaine et le bien commun sont au-dessus de la tranquillité de quelques-uns qui ne veulent pas renoncer à leurs privilèges. Quand ces valeurs sont touchées, une voix prophétique est nécessaire. (…)
Le dialogue social comme contribution à la paix
239.
L’Église proclame l’« Évangile de la paix » (Ep 6, 15) et est ouverte à la collaboration avec toutes les autorités nationales et internationales pour prendre soin de ce bien universel si grand. En annonçant Jésus-Christ, qui est la paix en personne (cf. Ep 2, 14), la nouvelle évangélisation engage tout baptisé à être instrument de paciication et témoin crédible d’une vie réconciliée. C’est le moment de savoir comment, dans une culture qui privilégie le dialogue comme forme de rencontre, projeter la recherche de consensus et d’accords, mais sans la séparer de la préoccupation d’une société juste, capable de mémoire, et sans exclusion. L’auteur principal, le sujet historique
Il y a un style marial dans l’activité évangélisatrice de l’Église. Car, chaque fois que nous regardons Marie nous voulons croire en la force révolutionnaire de la tendresse et de l’afection. En elle, nous voyons que l’humilité et la tendresse ne sont pas les vertus des faibles mais des forts, qui n’ont pas besoin de maltraiter les autres pour se sentir importants. En la regardant, nous découvrons que celle qui louait Dieu parce qu’« il a renversé les potentats de leurs trônes » et « a renvoyé les riches les mains vides » (Lc 1, 52.53) est la même qui nous donne de la chaleur maternelle dans notre quête de justice. C’est aussi elle qui « conservait avec soi toutes ces choses, les méditant en son cœur » (Lc 2, 19). Marie sait reconnaître les empreintes de l’Esprit de Dieu aussi bien dans les grands événements que dans ceux qui apparaissent imperceptibles. Elle contemple le mystère de Dieu dans le monde, dans l’histoire et dans la vie quotidienne de chacun de nous et de tous. Elle est aussi bien la femme orante et laborieuse à Nazareth que notre Notre-Dame de la promptitude, celle qui part de son village pour aider les autres « en hâte » (cf. Lc 1, 39-45). Cette dynamique de justice et de tendresse, de contemplation et de marche vers les autres, est ce qui fait d’elle un modèle ecclésial pour l’évangélisation. Nous la supplions ain que, par sa prière maternelle, elle nous aide pour que l’Église devienne une maison pour beaucoup, une mère pour tous les peuples, et rende possible la naissance d’un monde nouveau. C’est le Ressuscité qui nous dit, avec une force qui nous comble d’une immense coniance et d’une espérance très ferme : « Voici, je fais l’univers nouveau » (Ap 21, 5). (…) » (1) Paul VI, exhortation apostolique Gaudete in Domino (9 mai 1975). (2) Encyclique Deus caritas est (25 décembre 2005). (3) Cantique spirituel 36, 10. (4) Adversus haereses, IV, c. 34, n. 1. (5) Jean-Paul II, exhortation apostolique postsynodale Christifideles laici (30 décembre 1988). (6) Concile œcuménique Vatican II, constitution dogmatique sur l’Église Lumen gentium, n.23. (7) Saint Jean Chrysostome, De Lazaro Concio, II, 6. (8) Congrégation pour la doctrine de la foi, instruction Libertatis nuntius (6 août 1984). (9) Jean-Paul II, lettre encyclique Sollicitudo rei socialis (30 décembre 1987). (10) Discours à la session inaugurale de la Ve conférence générale de l’épiscopat latino-américain et des Caraïbes (13 mai 2007). SUR WWW.LA-CROIX.COM
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Forza Italia esce dalla maggioranza e boccia la legge di stabilità. Napolitano: la fiducia equivale alla verifica sul governo
“Serve una conversione del papato”
Berlusconi rompe le larghe intese
Il manifesto di Francesco “Questa economia uccide i poveri”
Oggi il voto sulla decadenza. Il Cavaliere: “Tutti in piazza ed è solo l’inizio” Il retroscena
Le idee
La scommessa di Silvio: tornerò a Palazzo Chigi
Quel che resta del Ventennio
FRANCESCO BEI
BARBARA SPINELLI
A VIGILIA della caduta. Inseguendo il sogno impossibile di una ricandidatura, a dispetto della legge Severino, delle condanne e dell’interdizione dai pubblici uffici: «Non finisce qui, tornerò a Palazzo Chigi nel 2015». Berlusconi confessa di non dormire da giorni e sarà per questo che l’umore oscilla tra il baratro più nero e l’eccitazione irrazionale per la battaglia. «Io non ho paura», ripete a tutti nella notte più lunga. SEGUE A PAGINA 3
A TENTAZIONE sarà grande, dopo il voto sulla decadenza di Berlusconi al Senato, di chiudere il ventennio mettendolo tra parentesi. È una tentazione che conosciamo bene: immaginando d’aver cancellato l’anomalia, si torna alla normalità come se mai l’anomalia — non fu che momentanea digressione — ci avesse abitati. Nel 1944, non fu un italiano ma un giornalista americano, Herbert Matthews, a dire sulla rivista Mercurio di Alba de Céspedes: «Non l’avete ucciso!» Tutt’altro che morto, il fascismo avrebbe continuato a vivere dentro gli italiani. Non certo nelle forme di ieri ma in tanti modi di pensare, di agire. SEGUE A PAGINA 48
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L’analisi
La lunga marcia in un vicolo cieco
Ventotto gli accordi siglati da Letta e Putin
PIERO IGNAZI
Pensioni d’oro, arriva la stangata
OME poteva il leader di Forza Italia Silvio Berlusconi convivere con i suoi “carnefici”? Naturale, scontato, ovvio che sbatta la porta e se ne vada. Per andare dove non è chiaro. A raggiungere Beppe Grillo in una forsennata cavalcata anti-europea e populista per sfasciare tutto e portare a casa qualche eurodeputato alle prossime elezioni per il Parlamento di Strasburgo? SEGUE A PAGINA 49
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SERVIZI ALLE PAGINE 2, 3, 4, 6, 7, 12 E 13
Nel maxi-emendamento sulla manovra, approvato nella notte, anche un primo passo verso il reddito minimo. Salve le spiagge
ROMA — Nel maxi-emendamento del governo votato al Senato con 171 voti a favore e 135 contrari, sostitutivo del ddl di stabilità, figurano molte modifiche. Tra le misure approvate, il taglio delle pensioni d’oro per finanziare una sorta di reddito minimo e una nuova tassa sulla casa. Salta la vendita delle spiagge. CONTE, GRION E PETRINI ALLE PAGINE 8 E 9
L’intervista
Parla il presidente del Monte dei Paschi
Profumo: per Mps aumento di capitale subito o sarà nazionalizzato ANDREA GRECO A PAGINA 27
Alessandro Profumo
Il caso
Le piste sempre più ripide è boom dello sci estremo ANDREA SELVA TRENTO ONO una “medaglia” da esibire il lunedì in ufficio, una rampa di lancio o semplicemente un incubo: le piste nere sono sempre più ripide. E a Sankt Moritz quest’anno hanno spostato un po’ più in là l’inclinazione del brivido: 86 per cento, pari a 41 gradi. È la pendenza della nuova pista Lagalb, la più ripida dell’arco alpino. A PAGINA 23
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IL BLUFF SU BANKITALIA TITO BOERI LLA disperata ricerca di risorse con cui finanziare il taglio della seconda rata dell’Imu, il governo ha deciso di forzare i tempi sulla vicenda delle quote Banca d’Italia. SEGUE A PAGINA 49
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Troppi buchi nella Rete mille ingegneri contro le spie
Chiesti 30 e 26 anni
Il pg di Firenze “Condannate Amanda e Raffaele”
A PAGINA 19
RICCARDO LUNA I HANNO rotto Internet. Non è come quando la connessione in casa non va e chiamiamo il tecnico. È molto più grave. E non c’è un problema di connessione personale, ma di sicurezza globale. Di più: è il senso vero della Rete ad essere in pericolo, il motivo per cui è stata progettata e costruita in più di 40 anni. ALLE PAGINE 51, 52 E 53 CON UN ARTICOLO DI MASSIMO VINCENZI
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ANSALDO A PAGINA 16
IL VENTO DELLA CURIA HANS KÜNG A RIFORMA della chiesa procede: nell’esortazione apostolica “Evangelii Gaudium” Papa Francesco ribadisce non solo la sua critica al capitalismo e al dominio del denaro, ma si dichiara anche inequivocabilmente favorevole ad una riforma ecclesiastica «a tutti i livelli» . Si batte concretamente per riforme strutturali come la decentralizzazione verso diocesi e parrocchie, una riforma del ministero di Pietro, la rivalutazione dei laici e contro la degenerazione del clericalismo, per una efficace presenza femminile nella chiesa, soprattutto negli organi decisionali. Si dichiara altrettanto espressamente favorevole all’ecumenismo e al dialogo interreligioso, soprattutto con l’ebraismo e l’Islam. Tutto questo troverà ampio consenso ben oltre l’ambito della chiesa cattolica. Il rifiuto indiscriminato dell’aborto e del sacerdozio femminile dovrebbero suscitare critiche. SEGUE A PAGINA 49
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la Repubblica
MERCOLEDÌ 27 NOVEMBRE 2013
LA CHIESA DI BERGOGLIO CRONACA
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“La povertà non può attendere anche il Papato deve convertirsi” Ecco il manifesto di Francesco
LO SCAMBIO DI ZUCCHETTO Dalla papamobile in piazza San Pietro Francesco ha scambiato il suo zucchetto con quello di un sacerdote
Nell’Esortazione apostolica appello ai politici. “Questa economia uccide” MARCO ANSALDO CITTÀ DEL VATICANO — C’è l’impegno a cambiare la Chiesa profondamente — a cominciare dallo stesso Papato — e l’invito a contrastare la legge del più forte, «dove il potente mangia il più debole». C’è il richiamo a fermare «le guerre all’interno del popolo di Dio» (leggi: in Vaticano), e l’appello per «una riforma finanziaria che non ignori l’eti-
ca». Dice il Papa “venuto dalla fine del mondo” che ora «non si possono lasciare le cose come stanno». E che «questa economia dell’esclusione e dell’iniquità uccide». Mentre «bisogna ascoltare il grido dei poveri». E allora Francesco prega «il Signore che ci regali più politici che abbiano davvero a cuore la vita dei poveri». Jorge Mario Bergoglio volta la pagina della Chiesa, invita fedeli e non
credenti a serrare le fila contro le aberrazioni della società, e mette per la prima volta nero su bianco i punti fondanti del Pontificato a 8 mesi dalla sua elezione. Lo fa con un’esortazione apostolica, “Evangelii Gaudium”, la prima interamente di suo pugno dopo l’enciclica “Lumen Fidei” ispirata da Benedetto XVI. Un testo lungo 220 pagine, buttato giù direttamente in spagnolo lo scorso agosto dopo il viag-
gio a Rio de Janeiro, e teso come vuole il titolo a «recuperare la freschezza originale del Vangelo». È, in sostanza, un documento programmatico. Un’analisi lucida, spietata a tratti, dell’attuale sistema economico e capitalistico. Con un richiamo vibrante alla pace fuori e dentro la Chiesa. Uno scritto potente e al tempo stesso intriso di umanità, nel quale la sensibilità latinoamericana del Papa emerge in tutta
evidenza. Un lavoro che L’Osservatore Romano definisce come una «Magna Charta per la Chiesa di oggi», eppure steso con uno stile colloquiale e una prosa coinvolgente. CONVERSIONE DEL PAPATO «Dal momento che sono chiamato a vivere quanto chiedo agli altri, devo anche pensare a una conversione del Papato». È il passo forse più forte e destinato a suscitare discussioni. «A me — scrive Francesco — spetta rimanere aperto ai suggerimenti orientati a un esercizio del mio ministero che lo renda più fedele al significato che Gesù Cristo intese dargli e alle necessità attuali dell’evangelizzazione. Il Papa Giovanni Paolo II chiese di essere aiutato a trovare “una forma di esercizio del primato che si apra a una situazione nuova”. Siamo avanzati poco in questo senso», è la dura critica di Bergoglio. Anche il Papato e le strutture centrali della Chiesa universale, prosegue, hanno «bisogno di ascoltare l’appello a una conversione pastorale». Perché «un’eccessiva centralizzazione», anziché «aiutare», «complica la vita della Chiesa». È necessaria dunque «una salutare decentralizzazione». Troppe poi le «guerre» nel popolo di Dio e «nelle diverse comunità: chi vogliamo evangelizzare con questi comportamenti?». Piuttosto, «le chiese devono avere dappertutto le porte aper-
te». Anzi il Papa preferisce «una Chiesa accidentata, ferita e sporca per essere uscita per le strade», invece «che una Chiesa malata per la chiusura». Occorre, dunque, una «rivoluzione della tenerezza». Ed evitare il clericalismo e il pessimismo sterile. ECONOMIA TIRANNA «Il Papa ama tutti, ricchi e poveri, ma ha l’obbligo, in nome di Cristo, di ricordare che i ricchi devono aiutare i poveri, rispettarli e promuoverli. Vi esorto alla solidarietà disinteressata e a un ritorno dell’economia e della finanza a un’etica in favore dell’essere umano. La politica, tanto denigrata, è una vocazione altissima, è una delle forme più alte della carità, perché cerca il bene comune». DONNE E ABORTO «C’è ancora bisogno di allargare gli spazi per una presenza femminile più incisiva nella Chiesa. Il genio femminile è necessario in tutte le espressioni della vita sociale». Ma sull’aborto «non ci si deve attendere che la Chiesa cambi la sua posizione». E per Bergoglio «non è
No all’iniquità
Dobbiamo dire no a un’economia dell’esclusione e dell’iniquità. Questa economia uccide
Il mio ruolo
Visto che sono chiamato a vivere quanto chiedo agli altri, devo anche pensare a una conversione del Papato Le omelie
L’omelia deve essere breve e non sembrare una conferenza o una lezione, deve dire parole che fanno ardere i cuori
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Gli scritti del Pontefice L’ESORTAZIONE È un documento che il Papa elabora a partire dalle Proposizioni che il Sinodo dei vescovi produce come frutto dei suoi lavori
“Evangelii gaudium” Il volume dell’Esortazione apostolica “Evangelii gaudium”, la prima di papa Francesco. Il testo, 220 pagine, è stato diffuso ieri dal Vaticano
LA COSTITUZIONE È l’atto promulgato dal Papa come capo della Chiesa con insegnamenti definitivi o disposizioni di una certa rilevanza
studio e di attento approfondimento». Ma sulla comunione ai divorziati risposati indica una direzione che potrà essere seguita dal prossimo Sinodo straordinario: «L’Eucaristia, sebbene costituisca la pienezza della vita sacramentale, non è un premio per i perfetti ma un generoso rimedio e un alimento per i deboli».
L’ENCICLICA È una lettera pastorale su materie dottrinali, morali o sociali, indirizzata ai vescovi della Chiesa stessa e, attraverso di loro, a tutti i fedeli
progressista pretendere di risolvere i problemi eliminando una vita umana». Il “no” all’aborto, spiega, «è legato alla difesa della vita nascente e di qualsiasi diritto umano». VESCOVI PIÙ AUTONOMI «Ancora non si è esplicitato uno
Statuto delle Conferenze episcopali che le concepisca come soggetti di attribuzioni concrete, includendo anche qualche autorità dottrinale. Non è opportuno che il Papa sostituisca gli Episcopati locali nel discernimento di tutte le problematiche che si prospettano nei loro territori».
OMELIE PIÙ BREVI «La parrocchia — esorta Francesco in uno dei passi più coinvolgenti — stia in contatto con le famiglie e con la vita del popolo e non diventi una struttura prolissa separata dalla gente». E l’omelia del sacerdote «deve essere breve ed evitare di sembrare una conferenza o una lezione».
Né contenere moralismi o condanne. «Non può essere uno spettacolo di intrattenimento, non risponde alle logiche mediatiche». LA COMUNIONE AI DIVORZIATI Francesco non pretende di dire «una parola definitiva» su temi che devono essere ancora «oggetto di
IL MESSAGGIO
ISLAM ED EBRAISMO L’evangelizzazione implica il dialogo. E per Bergoglio l’ecumenismo è una risorsa imprescindibile. «Di fronte a episodi di fondamentalismo violento», ricorda che «il vero Islam e un’adeguata interpretazione del Corano si oppongono a ogni violenza». E «l’amicizia con i figli d’Israele» è parte «della vita dei discepoli di Gesù».
È un testo scritto per occasioni importanti come le Giornate Mondiali della Gioventù. Ha valore pastorale e non dottrinale
PAGINE POETICHE Più volte, qua e là nel testo, si trovano passi densi e spunti ricchi di poesia. Come questo, verso la fine: «La nostra tristezza infinita si cura soltanto con un infinito amore». © RIPRODUZIONE RISERVATA
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IL BLUFF SU BANKITALIA TITO BOERI (segue dalla prima pagina) orte del rapporto dei tre saggi (Franco Gallo, Lucas Papademos e Andrea Sironi), incaricati di offrire una valutazione del capitale sociale dell’istituto, l’esecutivo intende varare un decreto già al Consiglio dei ministri di oggi. Il decreto di rivalutazione delle quote avrebbe addirittura già visto la luce giovedì scorso, se non fosse per la richiesta di un parere legale della Banca centrale europea. Questa brusca accelerazione imposta da un governo che non si caratterizza certo per la sua capacità di prendere decisioni in tempi rapidi, si spiega con la necessità di trovare coperture per l’abolizione della seconda rata dell’Imu. E con la richiesta del presidente dell’Abi, Antonio Patuelli, di procedere “a velocità siderale” nell’approvare il provvedimento. Ma gli assetti proprietari di via Nazionale sono una questione delicata, che va affrontata e risolta una volta per tutte, senza pensare alle esigenze di cassa immediate del Tesoro e alla cosmesi dei ratio patrimoniali delle banche. Vediamo innanzitutto di cosa si tratta. Le banche italiane che un tempo facevano parte del settore pubblico allargato detengono il 94,33 per cento del capitale di Banca d’Italia, mentre la quota residua è proprietà di Inps e Inail. Per quanto le quote non abbiano mai consentito alle banche di incidere sull’attività della Banca d’Italia, conferiscono ai titolari dei poteri nella nomina dei vertici di via Nazionale. In passato, per togliersi d’imbarazzo, le banche avevano delegato questa decisione al governatore, col risultato di renderlo inamovibile, come documentato dall’interminabile uscita di scena di Antonio Fazio. Inoltre le quote sono molto concentrate: due sole banche, Banca Intesa e Unicredit, ne detengono più del 50%, il che alimenta il sospetto che possano condizionare le scelte di via Nazionale. Importante perciò avere una struttura proprietaria meno concentrata, in cui i singoli enti non abbiano più dell’1-2 per cento del capitale sociale. Di qui il problema affrontato dalla commissione dei saggi: a che prezzo si può organizzare il trasferimento delle quote da un ente a un altro? Un problema complesso perché non è chiaro come si possa valutare una banca centrale, il cui valore è solo nozionale.
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Il capitale nominale della Banca d’Italia è oggi gono destinati in gran parte all’incremento delle rifissato al livello simbolico di 156mila euro (300 mi- serve. Ma questi utili non dovrebbero mai finire ad lioni di lire), stabilito all’epoca della Legge Banca- azionisti privati, essendo frutto di una funzione ria del 1936. Questo capitale è suddiviso in 300.000 pubblica, svolta da una banca centrale in condizioquote del valore di 0,52 euro (mille lire) ciascuna. ni di monopolio per legge dello Stato. Tenendo conto dell’inflazione, oggi il capitale varLa Commissione di esperti ha valutato il capitarebbe circa 1,3 miliardi. Una valutazione vicina a le in una forbice compresa fra 5 e 7,5 miliardi e mezun miliardo la si ottiene anche a partire dai rendi- zo. Seppur esponenti della vecchia maggioranza menti che le banche ottengono da queste parteci- chiedessero una valutazione ancora più generosa pazioni, stimando il valore delle quote come quel- delle quote (Renato Brunetta aveva parlato addiritlo di un’obbligazione a basso rischio che offre ren- tura di 30 miliardi, non si capisce su quale base), dimenti perpetui. Le banche che detengono le quo- una cospicua rivalutazione delle quote fa molto cote hanno iscritto nei loro bilanci cifre che implica- modo al governo. Gli incrementi patrimoniali reano valutazioni molto difformi tra di loro del capita- lizzati dalle banche nel momento in cui rivalutano le sociale di via Nazionale. Banca Intesa le valuta a le quote vengono, infatti, tassati al 16 per cento. 5849 l’una (quindi il capitale totale 2 miliardi e mez- Con la valutazione delle quote a 7,5 miliardi, la taszo), Unicredit a 4288 euro (1,3 miliardi). Quasi tut- sazione dei capital gain porterebbe circa un miliarte le banche hanno recentemente rivisto all’insù i do alle casse dello Stato, pressappoco la somma valori iscritti a bilancio per gonfiare il loro patrimo- che manca per coprire la cancellazione della senio. Ad esempio Banca Carige le ha portate da 41 conda rata dell’Imu. Al tempo stesso, le banche veeuro a 73764 drebbero euro l’una (una rafforzarsi noMASSIMO BUCCHI FINESTRA SUL CORTILE rivalutazione tevolmente la del 180.000 per loro posizione cento!), il che patrimoniale, implica una vaalla vigilia di lutazione del stress test che si capitale sociale annunciano di via Nazionapiù impegnatile attorno ai 22 vi che in passamiliardi, più o to, senza colpo meno il valore ferire. Il capitadelle riserve agle liquido non è giuntive acculiquido, ma le mulate da Banbanche chieca d’Italia in dono che le tutto questo quote di Banca periodo. In ald’Italia siano tre parole, Caricomputabili ge si è formalnel valutare i remente attribuiquisiti di capita anche gli utili tale imposti derivanti daldalle nuove aul’emissione di torità di supermoneta, il covisione eurosiddetto signopee. Si è così raggio, che vencreata una spe-
cie di associazione a delinquere nel cercare di chiudere nel più breve tempo possibile la partita. Il problema è che oltre alla rivalutazione, ci sono tante altre questioni aperte. Innanzitutto bisogna decidere come avverrà il trasferimento delle quote, oggi considerate incedibili. Poi bisogna stabilire quali dividendi verranno garantiti in futuro. Lo statuto di Banca d’Italia è molto ambiguo a riguardo perché definisce tetti ai dividendi in rapporto alle riserve di via Nazionale oppure come una quota fissa (10%) del capitale sociale. Nel primo caso si stabilisce, come si ricordava, un principio molto pericoloso. Nel secondo caso, la forte rivalutazione delle quote prelude a dividendi molto più alti in futuro, fino a 750 milioni all’anno contro i 50 pagati in media negli ultimi 15 anni e i 70 dell’ultimo esercizio. Come dire che nel giro di soli due anni le entrate una tantum della tassa sui capital gain verrebbero restituite alle banche sotto forma di dividendi più alti. E poi c’è sempre la possibilità che una quota del capitale sociale di via Nazionale venga riacquistata da enti pubblici, come previsto dallo statuto di Banca d’Italia e come avviene nella maggioranza dei Paesi dell’euro. Se le quote vengono valutate 50 volte più di adesso, l’esborso sarà 50 volte più alto di quello che avrebbe potuto avere luogo senza il provvedimento. Scelte fatte a metà, nella collusione fra un governo a disperata caccia di risorse e banche interessate in qualsiasi modo ad aumentare il proprio patrimonio, rischiano perciò di lasciare un’eredità pesantissima ai contribuenti futuri. Se si vuole davvero riformare gli assetti proprietari di via Nazionale meglio affrontare il problema lontano dalle mischie sull’Imu e risolverlo una volta per tutte, senza lasciare strascichi di cose da fare dopo. Il governo Letta è sin qui sopravvissuto alla decadenza di Silvio Berlusconi sostenendo che tale questione era estranea all’azione di questo governo. Bene che sancisca lo stesso principio nell’affrontare la vicenda delle quote di Banca d’Italia. È un problema che non ha nulla a che vedere con la legge di stabilità, la tassazione degli immobili e la sopravvivenza di questo governo. Il valore vero di una banca centrale, dopotutto, risiede nella sua credibilità e indipendenza dal potere politico. © RIPRODUZIONE RISERVATA
IL VENTO DELLA CURIA
NEL VICOLO CIECO
HANS KÜNG
PIERO IGNAZI
(segue dalla prima pagina) ostrano i limiti dogmatici di questo Papa. O forse Francesco subisce le pressioni della congregazione della dottrina della fede e del suo prefetto, l’arcivescovo Gerhard Ludwig Müller? Quest’ultimo ha manifestato la propria posizione ultraconservatrice in un lungo intervento sull’Osservatore Romano (23 Ottobre 2013), in cui ribadisce l’esclusione dai sacramenti dei divorziati risposati. Dato il carattere sessuale della loro relazione vivono presumibilmente nel peccato, a meno che non convivano «come fratello e sorella» (!) Da vescovo di Ratisbona, Müller, fonte di numerosi conflitti con parroci, teologi, organi laici e il comitato centrale dei cattolici tedeschi per le sue posizioni ultraclericali, era discusso e malvisto. Il fatto che nonostante ciò fosse stato nominato da papa Ratzinger, in qualità di fedele sostenitore nonché curatore della sua opera omnia, prefetto della congregazione per la dottrina della fede, non stupì quanto sorprende ora che sia stato da subito confermato in questo incarico da papa Francesco. E già gli osservatori, preoccupati, si chiedono se il Papa emerito Ratzinger per il tramite dell’arcivescovo Müller e di Georg Gänswein, il suo segretario, anch’egli nominato arcivescovo e prefetto della casa pontificia, effettivamente non agisca come una sorta di «Papa-ombra». Agli occhi di molti la situazione appare contraddittoria: da una parte la riforma della chiesa e dall’altra l’atteggiamento nei confronti dei divorziati risposati. Il Papa vorrebbe andare avanti
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— il “prefetto della fede” frena. Il Papa ha in mente l’umanità concreta — il prefetto soprattutto la dottrina tradizionale cattolica. Il papa vorrebbe praticare la carità — il prefetto si appella alla santità e alla giustizia divina. Il Papa vorrebbe che i sinodi episcopali nell’ottobre 2014 trovassero soluzioni pratiche ai problemi della famiglia anche sulla base delle consultazioni dei laici — il prefetto si basa su tesi dogmatiche tradizionali per poter mantenere lo status quo, privo di carità. Il Papa vuole che i sinodi episcopali intraprendano nuovi tentativi di riforma — il prefetto, già docente di teologia dogmatica, pensa di poterli bloccare in partenza con la sua presa di posizione. C’è da chiedersi se il Papa controlli ancora questa sua sentinella della fede. Va detto che Gesù stesso si è espresso senza mezzi termini contro il divorzio. «Ciò che Dio ha unito l’uomo non separi» (Mt 10,9). Ma lo faceva soprattutto a vantaggio della donna, che nella società del tempo era penalizzata a livello giuridico e sociale e contro l’uomo, che nel mondo ebraico era l’unico a poter avanzare richiesta di divorzio. Così la chiesa cattolica, in qualità di successore di Gesù, pur in una situazione sociale completamente mutata, ribadisce con forza l’indissolubilità del matrimonio che garantisce ai coniugi e ai loro figli rapporti stabili e duraturi. I cristiani neotestamentari non considerano la parola di Gesù riguardo al divorzio una legge, bensì una direttiva etica. Il fallimento dell’unione matrimoniale chiaramente non corrisponde al disegno della creazione. Ma solo la rigidità dogmatica non può ammettere che la parola di Gesù sul
divorzio già in epoca apostolica fosse usata con una certa flessibilità, e cioè in caso di «lussuria» (cfr. Mt 5,32; 19,9) e nel caso di separazione tra un partner cristiano e uno non cristiano (cfr. Cor. 7,1215). È evidente che già nella chiesa primitiva ci si rendeva conto che esistono situazioni in cui proseguire la convivenza diventa irragionevole. E la credibilità di papa Francesco verrebbe immensamente danneggiata se i reazionari del Vaticano gli impedissero di tradurre presto in azioni le sue parole e i suoi gesti pervasi di carità e di senso pastorale. L’enorme capitale di fiducia che il Papa ha accumulato nei primi mesi del suo pontificato non deve essere sperperato dalla Curia. Innumerevoli cattolici sperano che il Papa esamini la discutibile posizione teologica e pastorale di Müller; che vincoli la commissione per la difesa della fede alla sua linea teologica pastorale; che le lodevoli consultazioni dei vescovi e dei laici in vista dei prossimi sinodi sulla famiglia conducano a decisioni dotate di fondamento biblico e vicine alla realtà. Papa Francesco dispone delle necessarie qualità per guidare da capitano la nave della chiesa attraverso le tempeste di questi tempi; la fiducia dei fedeli gli sarà di sostegno. Avrà contro il vento della curia e spesso dovrà procedere a zig zag, ma la speranza è che affidandosi alla bussola del vangelo (non a quella del diritto canonico) possa mantenere la rotta in direzione del rinnovamento, dell’ecumenismo e dell’apertura al mondo. “Evangelii Gaudium” è una tappa importante in questo senso, ma non è certo il punto di arrivo. (Traduzione di Emilia Benghi) © RIPRODUZIONE RISERVATA
(segue dalla prima pagina) rinvigorire il sopito e mai dimenticato furore “anti-comunista”, nonostante l’ingresso in scena di Renzi e di tutta una nuova generazione “post”? A rilanciare il fantasma della cosiddetta rivoluzione liberale, araba fenice di cui si sono perse le tracce fin dall’estate del 1994? A bombardare quotidianamente il governo Letta e i traditori alfaniani, l’altro giorno blanditi come compagni che sbagliano ma da ritrovare al momento della battaglia finale, e ora additati al disprezzo dei seguaci duri e puri del Cavaliere? Qualunque sia la scelta strategica di Berlusconi, il vicolo è cieco. Da una parte c’è il muro invalicabile del grillismo, mille volte più efficace, penetrante e “nuovo” rispetto alla malinconica riedizione di Forza Italia, puro atto politico nostalgico, e quindi regressivo e perdente. Dall’altra ci sono gli scissionisti di Alfano, interpreti, potenziali quanto meno, di un moderatismo di centro-destra agguerrito ma non barricadiero. Non è quindi la fuoriuscita in sé di Berlusconi e dei suoi che può impensierire Enrico Letta. L’esecutivo non ha nulla da temere da quella parte. Ogni mossa è prevedibile e scontata. Qualche graffio potrà ancora procurarlo ma le truppe si stanno oramai dislocando altrove, verso interpreti più credibili. Soprattutto più nuovi. Perché è di questo, con tutti i limiti del nuovismo, che l’opinione pubblica va in cerca. L’appeal di Matteo Renzi sta tutto lì, adesso; poi si vedrà. Ad ogni modo il governo si trova in una condizione inedita. Non è più quello prefigurato da Giorgio Napolitano e osannato dai sostenitori della “pacificazione”, termine finalmente caduto in disuso dopo una frastornante grancassa di mesi. Le larghe intese si sono ristrette al minimo indispensabile sul piano numerico ed hanno perso il significato originario.
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Se l’idea iniziale del governo Letta prefigurava una sorta di grande coalizione — alle vongole peraltro, perché mancavano tutti i presupposti politici, culturali e istituzionali per insediarla — ora siamo ad un governo di sinistra con una piccola pattuglia di moderati al fianco. Una sorta di ipotesi bersaniana, se Pd e Scelta civica non avessero fallito la prova delle urne. In linea teorica un esecutivo privo dei guastatori berlusconiani dovrebbe godere di una navigazione più tranquilla. Ma, in realtà, il Nuovo Centro Destra di Alfano quanto è lontano ideologicamente e politicamente dal ceppo originario? In che cosa si differenzia al di là del voler continuare l’esperienza di governo? Sono più filo-europei e meno anti-istituzionali, più pro-labour e meno anti-immigrati dei forza-italioti? Il distacco dalla casa madre non si è ancora nutrito di idee, riferimenti e scelte politiche dissonanti. Solo qualora acquisisse i tratti di una vera destra europea il percorso di Letta avrebbe ancora senso: la sua piccola coalizione farebbe da levatrice a quel raggruppamento autenticamente moderato che da sempre manca alla politica italiana. Solo che non può farlo curvando ulteriormente in senso conservatore la propria azione. Anzi. Privo del fardello berlusconiano l’esecutivo non ha più impacci per imporre una politica che rappresenti gli orientamenti della sua maggioranza parlamentare: 300 contro 30, ricordava con classica burbanza toscana il sindaco di Firenze. Il sigillo democrat sull’azione di governo, che sarà molto più incisivo dopo le primarie dell’8 dicembre, può quindi mandare all’aria le piccole intese. L’esecutivo Letta sarà forse un po’ più coeso; certamente non è più forte. Il suo baricentro, rimasto in equilibrio per tutti questi mesi, una volta persa la sua ala destra, si sposterà inevitabilmente a sinistra. Resisteranno i “nuovi moderati”? © RIPRODUZIONE RISERVATA
LA STAMPA MERCOLEDÌ 27 NOVEMBRE 2013
Primo Piano .11
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VATICANO IL MANIFESTO DI BERGOGLIO
“Maggiori poteri alle chiese locali” Così Francesco convertirà il papato Fra le priorità del Pontefice attenzione ai divorziati e più spazio ai laici ANDREA TORNIELLI CITTÀ DEL VATICANO
vangelii gaudium», la «gioia del Vangelo» che è da proporre a tutti: è il titolo della lunga esortazione apostolica di Papa Francesco resa nota ieri. Il primo vero documento programmatico del pontificato, che invita tutta la Chiesa a una «conversione pastorale e missionaria», a uscire, ad abbandonare le logiche di apparato, a non rimanere attaccati a usanze superate: «Sogno una scelta missionaria capace di trasformare ogni cosa, perché le consuetudini, gli stili, gli orari, il linguaggio e ogni struttura ecclesiale diventino un canale adeguato per l’evangelizzazione del mondo attuale, più che per l’autopreservazione».
«E
Non insistere solo sulla «morale»
Anche per colpa dei media, «il messaggio che annunciamo corre più che mai il rischio di apparire mutilato e ridotto ad alcuni suoi aspetti secondari». Ciò accade quando questioni che fanno parte dell’insegnamento morale della Chiesa vengono continuamente proposte «fuori del contesto che dà loro senso».
Una pastorale in chiave missionaria «non è ossessionata dalla trasmissione disarticolata di una moltitudine di dottrine che si tenta di imporre a forza di insistere». Bisogna invece concentrarsi «sull’essenziale, su ciò che è più bello». La Chiesa non è una dogana
La Chiesa è «una Madre con le brac-
cia aperte». Bisogna lasciare aperte le porte delle chiese, ma anche quelle dei sacramenti. A proposito dell’eucaristia, Francesco spiega - citando sant’Ambrogio - che «non è il premio per i perfetti ma un generoso rimedio e un alimento per i deboli». Un accenno riferibile anche alla condizione di molti divorziati risposati che
sarà studiata dal prossimo Sinodo. «La Chiesa non è una dogana, è la casa paterna dove c’è posto per ciascuno con la sua vita faticosa». Più spazio ai laici e alle donne
Francesco critica il clericalismo che penalizza i laici, mantenendoli «al margine delle decisioni» o assorbendoli in «compiti intraecclesiali senza un reale impegno per l’applicazione del Vangelo alla trasformazione della società». E riconosce che le rivendicazioni dei diritti delle donne «pongono alla Chiesa domande profonde che la sfidano e che non si possono superficialmente eludere». La scelta per i poveri
Non ascoltare il grido del povero vuol dire porsi «fuori dalla volontà del Padre». Si tratta di una «preferenza divina che ha una conseguenza nella vita di fede di tutti i cristiani, chiamati ad avere gli stessi sentimenti di Gesù». Francesco invita a non confidare «nelle forze cieche e nella mano invisibile del mercato», e in scelte economiche che «sono un nuovo veleno, come quando si pretende di aumentare la redditività riducendo il mercato del lavoro e creando in tal modo nuovi esclusi». L’aborto non è «progressista»
Tra gli esclusi ci sono i nascituri, «che sono i più indifesi e innocenti di tutti». «Non è progressista pretendere di risolvere i problemi eliminando una vita umana». Ma Francesco riconosce anche:
«LA GIOIA DEL VANGELO»
FERMEZZA SULL’ABORTO
È questo il titolo del primo vero documento programmatico diffuso ieri dal Papa argentino
«Non è progressista pretendere di risolvere i problemi eliminando una vita umana» «abbiamo fatto poco per accompagnare adeguatamente le donne che si trovano in situazioni molto dure, dove l’aborto si presenta loro come una rapida soluzione alle loro profonde angustie».
Più poteri ai vescovi
Francesco scrive: «Dal momento che sono chiamato a vivere quanto chiedo agli altri, devo anche pensare a una conversione del papato». Rifacendosi alle aperture enunciate nel 1995 da Wojtyla ma rimaste senza seguito, afferma di pensare a «un esercizio del mio ministero che lo renda più fedele al significato che Gesù intese dargli». Anche le strutture centrali della Chiesa «hanno bisogno di ascoltare l’appello ad una conversione pastorale» e di realizzare di più la collegialità indicata dal Concilio. Si deve rafforzare il ruolo delle conferenze episcopali, con l’attribuzione di «qualche autentica autorità dottrinale», perché «un’eccessiva centralizzazione complica la vita della Chiesa».
Una Chiesa «plurale»
Francesco che la missione evangelizzatrice non è questione di addetti ai lavori o di «truppe» scelte. Annunciare la gioia del Vangelo è tutto il popolo di Dio. Un «popolo dai mille volti». L’annuncio cristiano non si identifica in alcuna cultura. Per questo «Non possiamo pretendere che tutti i popoli di tutti i continenti, nell’esprimere la fede cristiana, imitino le modalità adottate dai popoli europei in un determinato momento della storia». OSSERVATORE ROMANO/EPA
Papa Francesco a Santa Marta incontra alcuni rappresentanti sindacali argentini
Leggi il testo integrale su www.vaticaninsider.it
L’esortazione Come predicare
Le prediche noiose nel mirino “Sacerdoti, preparatevi meglio” CITTÀ DEL VATICANO
L’obiettivo dell’omelia
Non deve rispondere alla logica mediatica ma dare fervore alla messa Gli errori da evitare
La predica deve essere breve e non deve sembrare una conferenza
Chi predica, prima deve «lasciarsi commuovere dalla Parola e a farla diventare carne nella sua esistenza concreta». Ben 19 pagine dell’esortazione sono dedicate a come si fa una predica, «perché molti sono i reclami» al riguardo. L’omelia, spiega il Papa è la «pietra di paragone per valutare la vicinanza di un pastore» al suo popolo», ed è cruciale per la trasmissione del Vangelo, come hanno insegnato grandi vescovi predicatori, da Ambrogio a Giovanni Crisostomo. Oggi le prediche mattutine di Santa Marta sono una delle novità più significative del pontificato: brevi, efficaci, semplici, immaginifiche, comprensibili da tutti. Bergoglio ricorda che l’omelia «è il dialogo di Dio col suo popolo»: non può essere «uno spettacolo di intrattenimento», non risponde alla logica mediatica, ma «deve dare fervore e significato alla celebrazione». Dunque sia breve ed
eviti «di sembrare una conferenza o una lezione», per non danneggiare «l’armonia» tra le parti della messa. Chi fa l’omelia parli «come una madre a suo figlio», con «vicinanza cordiale». La predicazione «puramente moralista o indottrinante, e anche quella che si trasforma in una lezione di esegesi», riducono infatti la «comunicazione tra i cuori». IlPapainvitaadedicare«untempoprolungato» alla preparazione dell’omelia, perché un predicatore che non si prepara «è disonesto e irresponsabile verso i doni che ha ricevuto». Bisogna invece «prestare tutta l’attenzione al testo biblico», la Parola va venerata e studiata «con la massima attenzione e con un santo timore di manipolarla». È anche importante cogliere il messaggio centrale del testo. «Se un testo è stato scritto per consolare, non dovrebbeessereutilizzatopercorreggereerrori... se è stato scritto per motivare la lode o il compito missionario, non utilizziamolo per informare circa le ultime notizie».
Il predicatore non deve poi cadere nella tentazione di «pensare quello che il testo dice agli altri, per evitare di applicarlo alla propria vita». E deve «porsi in ascolto del popolo» collegando «il messaggio biblico» con ciò che le persone vivono. È importante anche il modo di trasmettere questo contenuto. Per rendere più attraente un’omelia, Francesco suggerisce di «imparare a parlare con immagini». Il linguaggio deve essere semplice, mentre troppo spesso accade che i predicatori usino «parole che hanno appreso durante i loro studi e in determinati ambienti, ma che non fanno parte del linguaggio» di chi ascolta. Per poter parlare alle persone bisogna «condividere la vita della gente e prestarvi volentieri attenzione». Il linguaggio poi deve essere «positivo»: «Non dice tanto quello che non si deve fare ma piuttosto propone quello che possiamo fare meglio», senza fermarsi «alla lagnanza, al lamen[AN. TOR.] to, alla critica o al rimorso».
I testi biblici La fedeltà ai brani evangelici
La Parola va studiata con attenzione e con un santo timore di manipolarla Il contenuto e il messaggio
Se un testo è stato scritto per consolare, non usatelo per correggere errori
BERLIN OPERA OLD CITY RIVALS FIND HARMONY
40 YEARS OLD AND STILL IN THE GAME AT MAN U.
EAVESDROPPING THE WEAK SPOT SPIES EXPLOITED
PAGE 10 | CULTURE
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WEDNESDAY, NOVEMBER 27, 2013
Iran accord widens rift between U.S. and Saudis
I.M.F. wants investors to share pain of bailouts
WASHINGTON
WASHINGTON
Kingdom fears losing power in Middle East as American priorities shift
But powerful forces fight plan to impose losses in any future rescues
BY ROBERT F. WORTH
LANDON THOMAS JR.
There was a time when Saudi and American interests in the Middle East seemed so aligned that Prince Bandar bin Sultan, the cigar-smoking former Saudi ambassador, was viewed as one of the most influential diplomats in Washington. Those days are over. The Saudi king and his envoys — like the Israelis — have spent weeks lobbying fruitlessly against the interim nuclear accord with Iran that was reached in Geneva on Sunday. In the end, there was little they could do: The Obama administration saw the nuclear talks in a fundamentally different light from the Saudis, who fear that any letup in the sanctions will come at the cost of a wider and more dangerous Iranian role in the Middle East. Although the Saudis remain close American allies, the nuclear accord is the culmination of a slow mutual disenchantment that began at the end of the Cold War. For decades, Washington depended on Saudi Arabia — a country of 30 million people but the Middle East’s largest reserves of oil — to shore up stability in a region dominated by autocrats and hostile to another ally, Israel. The Saudis used their role as the dominant power in OPEC to help rein in Iraq and Iran, and they supported bases for the American military, anchoring American influence in the Middle East and beyond. But the Arab uprisings altered the balance of power across the Middle East, especially with the ouster of Hosni Mubarak, the Egyptian president, a close ally of the Saudis and the Americans. The United States has also been reluctant to take sides in the worsening sectarian strife between Shiite and Sunni, in which the Saudis are firm partisans on the Sunni side. At the same time, new sources of oil have made the Saudis less essential. And the Obama administration’s recent diplomatic initiatives on Syria and Iran have left the Saudis with a deep fear of abandonment. ‘‘We still share many of the same goals, but our priorities are increasingly different from the Saudis,’’’ said F. Gregory Gause III, a professor of Middle East studies at the University of Vermont. ‘‘When you look at our differing views of the Arab Spring, on how to deal with Iran, on changing energy markets that make Gulf oil less central — these things have altered the basis of U.S.-Saudi relations.’’ The United States always had important differences with the Saudis, including on the Israeli-Palestinian conflict and the spread of fundamentalist strains of Islam, Mr. Gause added. But the Obama administration’s determination to ease the long estrangement with Iran’s theocratic leaders has touched an especially raw nerve: Saudi Arabia’s deep-rooted hostility to its Shiite rival for leadership of the Islamic world. Saudi reaction to the Geneva agree-
The International Monetary Fund, convinced that Europe erred by forcing debtor countries like Greece and Portugal to bear nearly all the pain of recovery on their own, is pushing hard for a plan that would impose upfront losses on bond investors the next time a country in the euro zone requests a bailout. Scarred by its role in misjudging the depth of the Greek recession and rebuffed in its bid to get European governments to write down their Greek loans, I.M.F. officials are advocating a more aggressive approach to debt restructuring in a bid to ease the rigors of Germanstyle austerity. But the nascent proposal, which is being hashed out behind the scenes by top economists and lawyers at the fund, is encountering stiff resistance, not just from the powerful global banking lobby but also from European policy makers and, more recently, the United States government, which is the I.M.F.’s largest financial contributor. Indeed, despite tough talk on both sides of the Atlantic about making bond investors share the cost of bailouts with taxpayers, the world’s largest economies seem to have accepted the dire warnings advanced by investors and bankers that the I.M.F.’s proposed approach would roil still-fragile credit markets in Europe. ‘‘The fund has been bruised and abused,’’ said Susan Schadler, a former economist at the I.M.F. and author of a recent paper arguing that the fund broke its own rules in lending to near-bankrupt Greece. ‘‘But in the end there is no tradeoff between austerity and debt restructuring — you have to do both.’’ Germany is leading the opposition. Policy makers in Berlin and Frankfurt see the Greek debt restructuring in 2012 as a one-time occurrence. And they regard any deviation from their core principle that debilitating debts are to be reduced almost solely via the hard medicine of spending cuts and tax increases as too dangerous to bandy about. The I.M.F.’s debt initiative has been endorsed by the body’s top leadership, including the deputy managing director, David Lipton, a widely respected former United States Treasury official. It is seen by a number of outside economists as the best of a range of admittedly tough choices in responding to future debt crises. But the pushback against the proposal, which has caught I.M.F. officials off guard, has delayed a planned rollout for early next year. Any blueprint is now not expected to be presented to the fund’s executive board until June, at the earliest. The fund declined to make any executives involved in the project available for comment. At the root of the issue is the long-simmering dispute between Europe and the
SAUDI ARABIA, PAGE 5
PHOTOGRAPHS BY RINA CASTELNUOVO FOR THE NEW YORK TIMES
Tali Shalev, who carries a genetic mutation that puts her at high risk for breast cancer, prayed for her children at the Tomb of Rachel in the West Bank.
A fateful gene and a big choice KFAR SABA, ISRAEL
Mutation linked to cancer forces Jewish women to make agonizing decisions BY RONI CARYN RABIN
Ever since she tested positive for a defective gene that causes breast cancer, Tami Modiano has harbored a mother’s fear: that she had passed it on to her two daughters. Ms. Modiano had her breasts removed at 47 to prevent the disease and said that the day she found out her older daughter tested negative was one of the happiest of her life. Now she wants her younger daughter, Hadas, 24, to be tested so she can start a family early if she is positive and then have a double mastectomy, too. Hadas’s sister, Suzi Gattegno, 29, disagrees.
‘‘You’re keeping her from living her life,’’ Ms. Gattegno told her mother. ‘‘You want to marry her off early.’’ ‘‘If she’s a carrier, she should marry early,’’ her mother countered. ‘‘She doesn’t even have a boyfriend,’’ the daughter said. ‘‘You need to stop pressuring her.’’ ‘‘I want to protect her!’’ Ms. Modiano replied. Such family debates are playing out across Israel these days. The country has one of the highest rates of breast cancer in the world, according to a World Health Organization report. And some leading scientists here are advocating what may be the first national screening campaign to test women for cancer-causing genetic mutations common among Jews — tests that are already forcing young women to make agonizing choices about what they want to know, when they want to know it and what to do with the information. CANCER, PAGE 4
H.I.V wasn’t self-inflicted, but health agency’s error was LONDON
DANNY HAKIM
The news spread like wildfire after the World Health Organization reported that about half of new H.I.V. cases in Greece were ‘‘self-inflicted’’ as a way to get state benefit payments. Social media erupted on Monday. There were headlines everywhere from
The Daily Mail in London to the Drudge Report to Al Jazeera. The conservative American commentator Rush Limbaugh weighed in, saying the story showed ‘‘what the welfare state does to people.’’ But on Tuesday morning, the World Health Organization and the group that produced the report conceded that the H.I.V. claim was not true. ‘‘There is no evidence of people in Greece or anywhere else in Europe de-
I N S IDE TO DAY’S PA P ER
Scotland’s independence blueprint
Charity tensions in Los Angeles
Ten months before a referendum on independence, the government unveiled a voluminous prospectus for a new state that would still retain significant bonds to Britain. WORLD NEWS, 5
Facing an uproar from homeowners, Los Angeles may follow the lead of other American cities and ban the feeding of homeless people in public spaces. nytimes.com/us
New challenge to U.S. health law
Cloud over HP turnaround plan
The Supreme Court will decide whether corporations may refuse to cover contraception based on the religious beliefs of the owners. WORLD NEWS, 3
Hewlett-Packard was expected to deliver earnings below last year’s levels as its chief executive, Meg Whitman, completes what she has called a turnaround year. inyt.com/business
Argentina and Repsol, the Spanish oil company, appear ready to strike a deal on compensation for the seizure of Repsol’s stake in YPF. BUSINESS, 14
Britain and the ‘Quit Europe’ tide ALESSANDRO BIANCHI/REUTERS
The Rev. Federico Lombardi, the Vatican spokesman, at a news conference on Tuesday to present the first original text from Pope Francis. It offered fresh insight into the pope’s view of the direction he would like to take the Roman Catholic Church. WORLD NEWS, 5 POPE’S ‘DUTY’
00800 44 48 78 27
or e-mail us at inytsubs@nytimes.com
’:HIKKLD=WUXUU\:?l@b@m@h@a"
liberately infecting themselves,’’ said Martin Donoghoe, a spokesman for the health organization. So what happened? It was an editing error, the group said. It apologized. The claim was part of a single sentence on page 112 of the organization’s European region report, which was published in September and more broadly publicized by the agency in late October. And it was startling. ON LI N E AT I N Y T.CO M
Buenos Aires and Repsol near deal
FOR SUBSCRIPTION INFORMATION, CALL:
A chemotherapy patient in Israel. After discovering a breast lump, she tested positive for the so-called Jewish breast cancer gene and is now considering a double mastectomy.
NEWSSTAND PRICES France ¤ 3.00 Andorra ¤ 3.00
Morocco MAD 25
Antilles ¤ 3.00
Senegal CFA 2.500
Cameroon CFA 2.500
Tunisia Din 3.900
Gabon CFA 2.500
Reunion ¤ 3.50
Ivory Coast CFA 2.500
IN THIS ISSUE
No. 40,656 Business 14 Crossword 13 Culture 10 Opinion 8 Science 7 Sports 12
No British politician is arguing for staying in the Union with the passion necessary to turn the tide of public opinion, Max Hastings writes. OPINION, 8 CURRENCIES
s s s s
Euro Pound Yen S. Franc
NEW YORK, TUESDAY 12:30PM
€1= £1= $1= $1=
PREVIOUS
$1.3550 $1.3510 $1.6180 $1.6150 ¥101.370 ¥101.660 SF0.9080 SF0.9120
Fu ll c u rre n c y rat e s Pa g e 1 7
Widening dissent in Egypt Nearly five months after being installed by the military, the government is finding it harder to blame the Muslim Brotherhood for all the country’s problems. nytimes.com/mideast
Women and heart attacks A new study finds that too much has been made of gender differences in chest pain. nytimes.com/health STOCK INDEXES
TUESDAY
s The Dow 12:30pm 16,082.85 t FTSE 100 close 6,636.22 t Nikkei 225 close 15,515.24 OIL
+0.06% –0.87% –0.67%
NEW YORK, TUESDAY 12:30PM
t Light sweet crude
$93.67
–$0.27
‘‘H.I.V. rates and heroin use have risen significantly, with about half of new H.I.V. infections being self-inflicted to enable people to receive benefits of ¤700 per month and faster admission on to drug substitution programs,’’ the report said. The report was produced by the Institute of Health Equity at University College London and overseen by Michael Marmot, an epidemiologist. (Its full title GREECE, PAGE 6
BAILOUTS, PAGE 15
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WEDNESDAY, NOVEMBER 27, 2013 |
INTERNATIONAL NEW YORK TIMES
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middle east europe world news
Iran accord widens rift between U.S. and Saudis
Pope offers vision of more inclusive church VATICAN CITY
In his first original text, he condemns inequality as ‘root of social ills’
SAUDI ARABIA, FROM PAGE 1
ment was guarded on Monday, with the Saudi Press Agency declaring in a statement that ‘‘if there is good will, then this agreement could be an initial step’’ toward a comprehensive solution for Iran’s nuclear ambitions. In recent days, Saudi officials and influential columnists have made clear that they fear the agreement will reward Iran with new legitimacy and a few billion dollars in sanctions relief at exactly the wrong time. Iran has been mounting a costly effort to support the government of the Syrian president, Bashar al-Assad, including arms, training and some of its most valuable Revolutionary Guards commandos, an effort that has helped Mr. Assad win important victories in recent months. The Saudis fear that further battlefield gains will translate into expanded Iranian hegemony across the region. Already, the Saudis have watched with alarm as Turkey — their ally in supporting the Syrian rebels — has begun making conciliatory gestures toward Iran, including an invitation by the Turkish president, Abdullah Gul, to his Iranian counterpart to pay an official visit earlier this month. In the wake of the accord’s announcement on Sunday, Saudi Twitter users posted a wave of anxious, defeatist comments about being abandoned by the United States. In many ways, those fears are at odds with the facts of continuing AmericanSaudi cooperation on many fronts, including counterterrorism. ‘‘We’re training their National Guard, we’re doing security plans and training for oil terminals and other facilities, and we’re implementing one of the biggest arms deals in history,’’ said Thomas W. Lippman, an adjunct scholar at the Middle East Institute who has written extensively on American-Saudi relations. And despite all the talk of decreasing reliance on Saudi oil, the Saudis remain a crucial producer for world markets. But none of this can obscure a fundamental split in perspectives toward the Geneva accord. The Saudis see the nuclear file as one front in a sectarian proxy war, centered in Syria, that will shape the Middle East for decades to come. ‘‘To the Saudis, the Iranian nuclear program and the Syria war are parts of a single conflict,’’ said Bernard Haykel, a professor of Near Eastern studies at Princeton. ‘‘One well-placed Saudi told me, ‘If we don’t do this in Syria, we’ll be fighting them next inside the kingdom.’’’ How the Saudis propose to win the struggle for Syria is not clear. Already, their expanded support for Islamist rebel fighters in Syria has elevated tensions across the region. After a double suicide bombing killed 23 people outside the Iranian Embassy in Beirut last week, the Arab news media was full of panicky reports that this was a Saudi ‘‘message’’ to Iran before the nuclear talks in Geneva. A day later, a Shiite group in Iraq claimed responsibility for mortars fired into Saudi Arabia near the border between the two countries. The Saudi-owned news media has bubbled with vitriol in recent days. One prominent columnist, Tarik Alhomayed, sarcastically compared President Obama to Mother Teresa, ‘‘turning his right and left cheeks to his opponents in hopes of reconciliation.’’ American efforts to assuage these anxieties, including Secretary of State
‘‘Our priorities are increasingly different.’’ John Kerry’s trip to Riyadh this month, have had little effect. The Saudis have already broadcast their discontent about the Iran agreement, and America’s Syria policy, by refusing their newly won seat on the United Nations Security Council last month. It was a gesture that many analysts ridiculed as self-defeating. Beyond such gestures, it is not clear that the Saudis can do much. The Obama administration has made fairly clear that it is not overly worried about Saudi discontent, because the Saudis have no one else to turn to for protection from Iran. The Saudis have increased their support for Syrian rebel groups in the past two months, including some Islamist groups that are not part of the secular American-backed coalition. In its most feverish form, the Saudis’ anxiety is not just that the United States will leave them more exposed to Iran, but that it will reach a reconciliation and ultimately anoint Iran as the central American ally in the region. As a Saudi newspaper, Al Riyadh, put it recently in an unsigned column: ‘‘The Geneva negotiations are just a prelude to a new chapter of convergence’’ between the United States and Iran. That may seem far-fetched in light of the entrenched anti-Americanism of the Iranian government. But the Saudi king and his ministers have not forgotten the days of Shah Mohammed Reza Pahlavi of Iran, who cherished his status as America’s great friend in the region. ‘‘The Saudis are feeling surrounded by Iranian influence — in Iraq, in Syria, in Lebanon, in Bahrain,’’ said Richard W. Murphy, a retired American ambassador to the region. ‘‘It’s a hard state of mind to deal with, a rivalry with ancient roots, a blood feud operating in the 21st century.’’
BY ELISABETTA POVOLEDO
Pope Francis presented his vision for his papacy Tuesday, calling on his clergy and Christian followers to battle what he called the ‘‘globalization of indifference’’ caused by economic self-interest and for them to create a more inclusive and compassionate church. The 84-page document — a papal pronouncement known as an apostolic exhortation — was essentially an elaborated compendium of what Francis has said in dozens of speeches and sermons that he has given since he became pope in March. In that way, it broke little new ground, making clear, for instance, that issues such as abortion or the ordination of women were not up for debate. But it was nonetheless important as the pope’s first original text, one that offered fresh insight into Francis’ vision of the direction he would like to take the church, his priorities — both in terms of teaching and administration — and the emphasis he expects local parishes to take around the world. ‘‘He challenges the way the church has been evangelizing, and it challenges complacency at the local level, at the Vatican level, even the way the pope conducts his own ministry,’’ said John Thavis, a church expert and the author of ‘‘The Vatican Dairies.’’ ‘‘He’s laying down some real markers about the kinds of reforms he expects to preside over, including greater decentralization, openness to diversity in the church, and a greater emphasis in the gospel message of salvation as opposed to church doctrines and rules.’’ Among the top of those priorities, the document made clear, is for the church to champion the poor as it works for social justice in an increasingly secularized and money-oriented society, and for the Vatican’s own administration to open itself up and move beyond the scandals of money and sex that have beset it in recent years. ‘‘I prefer a Church which is bruised, hurting and dirty because it has been out on the streets, rather than a Church which is unhealthy from being confined
ALESSANDRO BIANCHI/REUTERS
Archbishop Lorenzo Baldisseri at a news conference on Tuesday at the Vatican, where he discussed the pronouncement by Pope Francis.
and from clinging to its own security,’’ he wrote. ‘‘I do not want a Church concerned with being at the center and then ends by being caught up in a web of obsessions and procedures.’’ Even the role of the pope should not remain above scrutiny. ‘‘It is my duty,’’ he wrote, ‘‘to be open to suggestions’’ that can make the papacy more faithful ‘‘to the present needs of evangelization.’’ The Curia, the Vatican’s central administration, also needs ‘‘to hear the call to pastoral conversion,’’ Francis wrote. ‘‘Excessive centralization, rather than proving helpful, complicates the Church’s life and her missionary outreach,’’ the pope wrote, citing episcopal conferences as potentially fruitful sounding boards.
Scotland unveils its plan on drive for independence LONDON
BY ALAN COWELL
Raising the stakes in its struggle for independence before a referendum next year, the Scottish government on Tuesday unveiled a voluminous prospectus for a new state that would have its own embassies and identity, but would retain significant bonds to Britain, including a common currency — the pound — and allegiance to Queen Elizabeth II as head of state. The new nation would strike out on its own in defense and its relationship with Europe, expelling British nuclear submarines from their Scottish bases and seeking separate membership in NATO and the 28-nation European Union. ‘‘Following a vote for independence, we would make early agreement on the speediest safe removal of nuclear weapons a priority,’’ the 670-page document said. Publication of the prospectus on Tuesday, 10 months before the referendum on Scottish independence that is scheduled for Sept. 18, 2014, seemed intended to encourage greater support for the idea among Scotland’s five million people. Opinion surveys indicate that many are undecided or opposed to ending Scotland’s 306-year union with Britain, which would reshape the political landscape north and south of the border. The latest survey in The Sunday Times of London said 47 percent of Scottish voters were against leaving the United Kingdom, 38 percent were in favor and 15 percent were undecided. ‘‘If we vote no, Scotland stands still,’’ the government document said. ‘‘A once-in-a-generation opportunity to follow a different path, and choose a new and better direction for our nation, is lost. Decisions about Scotland would remain in the hands of others.’’ Approval, it said, would mean that ‘‘the most important decisions about our economy and society will be taken by the people who care most about Scotland, that is, by the people of Scotland.’’ ‘‘The door will open to a new era for our nation,’’ it said. ‘‘Scotland’s future will be in Scotland’s hands.’’ Scottish leaders have already said that they want independence to come on March 24, 2016 — a historic date commemorating key steps in the fusion of England and Scotland centuries ago. The drive for independence has been led by Alex Salmond, the head of the Scottish National Party, which dominates the Scottish regional government, which has its own Parliament under longstanding constitutional measures to grant limited powers to Scotland, Wales and Northern Ireland. Mr. Salmond called the proposal ‘‘a
mission statement and a prospectus for the kind of country we should be and which this government believes we can be.’’ ‘‘Our vision is of an independent Scotland regaining its place as an equal member of the family of nations,’’ he said at a ceremony in Glasgow to unveil the document. ‘‘However, we do not seek independence as an end in itself, but rather as a means to changing Scotland for the better.’’ The document said that an independent Scotland — a proposal opposed by the major political parties in England — would retain the British pound in a ‘‘sterling zone’’ with other components of the United Kingdom. ‘‘The pound is Scotland’s currency, just as much as it is the rest of the U.K.’s,’’ the document said. That notion was immediately challenged by British politicians, who said Scottish leaders could not simply assume that the government in London would agree. By seeking to maintain the pound as a common currency, the Scottish authorities seemed to share an antipathy toward the euro, which Britain has long rejected. But while many Scots are seen as favoring continued membership in the European Union, Britain’s Conservative Party, led by Prime Minister David Cameron, displays a deep vein of euro-skepticism. Mr. Cameron has
‘‘The door will open to a new era for our nation. Scotland’s future will be in Scotland’s hands.’’ promised a referendum on whether to remain in the European Union if he wins the next election in 2015. A key point of dispute between London and Edinburgh lies in the financial relationship between Scotland and Britain. British officials say the Scots receive a greater share of government spending, proportional to population, than England does, while some Scots accuse the British authorities of squandering revenue from the oil and gas fields off the Scottish coast in the North Sea. Both sides want to persuade Scottish voters that their prosperity will depend on how they vote in the referendum. Danny Alexander, a Scottish member of the British Parliament and a senior figure at the British Treasury, has said that Scots would pay higher taxes in an independent Scotland to maintain public services. But the document released Tuesday — ‘‘Scotland’s Future: Your Guide to an Independent Scotland’’ — declared that ‘‘Scotland is a wealthy country and can more than afford to be independent.’’
Technically called the ‘‘Evangelii Gaudium,’’ or the Joy of the Gospel, the document is meant to serve as a road map of sorts for navigating the complexities and challenges of the modern world, with the Gospels as a compass for what the pope called ‘‘a new phase of evangelization, one marked by enthusiasm and vitality.’’ The document seeks to recharge the batteries of a 2,000-year-old institution whose authority has been steadily undermined by secularization, materialism and, in more recent years, scandal. It challenges the church to ‘‘abandon the complacent attitude that says: ‘We have always done it this way,’’’ to find novel, ‘‘bold and creative’’ ways to speak to the faithful, the pope wrote,
and make the church more meaningful in their lives. That included, the pope said, ‘‘still broader opportunities for a more incisive female presence in the Church,’’ in particular ‘‘in the various other settings where important decisions are made.’’ The pope also expanded on his vision for greater decentralization of the church, not constricted to a European model ‘‘developed at a particular moment’’ of history. Bishops and priests on the ground have a better sense of the needs of the faithful, as well as their frustrations, and parishes should become the fulcrum for the church’s new evangelization and outreach.
A parish should be a point of ‘‘contact with the homes and the lives of its people,’’ he wrote, and not a ‘‘useless structure out of touch with people or a self-absorbed cluster made up of a chosen few.’’ Since he became pope, Francis has made clear that he will lead by example: living in a guesthouse rather than the papal apartments; calling people on the telephone to discuss their problems; venturing into crowds to embrace physically challenged people. The document underscored that he expected his clergy to be equally engaged in their pastoral mission. ‘‘It is the fruit of personal reflection,’’ the Vatican spokesman, the Rev. Federico Lombardi, said at a news conference Tuesday, adding that Francis had written the document in August. ‘‘There is coherence between the words of the documents and the actions of the pope.’’ Archbishop Lorenzo Baldisseri, secretary general of the Synod of Bishops, noted Tuesday that the document made repeated references to documents drafted by various episcopal conferences — a first. It signals the will ‘‘to allow the bishops of the world to participate in the leadership of the church,’’ he said. Although the pope specified that the exhortation is not a social document, ‘‘defending the dignity of the powerless’’ and social justice were at its core. Economic policies at all levels should be shaped by ‘‘the dignity of each human person and the pursuit of the common good,’’ the pope wrote. ‘‘As long as the problems of the poor are not radically resolved by rejecting the absolute autonomy of markets and financial speculation and by attacking the structural causes of inequality, no solution will be found for the world’s problems or, for that matter, to any problems. Inequality is the root of social ills,’’ he wrote. It is widely said in Vatican circles that the pope is planning an encyclical on poverty, and the exhortation ‘‘may be a taste of things to come,’’ Mr. Thavis said, citing the warnings about the excesses of a free market system that breeds complacency in individuals. The document was ‘‘ample and profound,’’ said the Rev. Antonio Spadaro, the editor of the leading Jesuit journal in Rome, who interviewed the pope this summer just as Francis was writing the exhortation. ‘‘But it isn’t complete, I think we’ll see more.’’