Um passeio pelas pilastras do Museu Aberto de Arte Urbana, São Paulo

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UM PASSEIO PELAS PILASTRAS DO MUSEU ABERTO DE ARTE URBANA, SÃO PAULO Paulo Nascimento Verano1

RESUMO: Este trabalho analisa o contexto em que se deu a criação do Museu Aberto de Arte Urbana, na Zona Norte de São Paulo, em outubro de 2011, acompanhando seus desdobramentos até 2014. Discute-se a potência que a intervenção urbana por meio do graffiti autorizado pode ter para, por si só, revitalizar espaços degradados da cidade, apontando para a inconsistência da política cultural empreendida no MAAU. PALAVRAS-CHAVE: Política cultural; espaço público; usos da cidade; museu aberto; graffiti.

Introdução: “Museu Aberto de Arte Urbana recupera áreas deterioradas em SP” A notícia foi saindo nos jornais impressos e nos sites, na imprensa geral e na específica, com ares de “solução completa” para os problemas daquela localidade da Zona Norte de São Paulo, que se deteriorou a medida que — para ficarmos em três situações exemplares, dentre tantas outras que marcam a complexidade da metrópole — os reflexos da instalação das pilastras da Companhia do Metropolitano de São Paulo (1975), da inauguração do Terminal Rodoviário Tietê (1982) e da decadência do Complexo Penitenciário do Carandiru (evidenciada pelo massacre de 111 presos em 1992, até ser desativado em 2002) foram se tornando mais visíveis. “As pilastras sujas e cinzas da Avenida Cruzeiro do Sul, na zona Norte de São Paulo, vão dar lugar a 68 painéis de grafite”, assim iniciava a reportagem de Julianna Granjeia para o jornal Folha de S.Paulo em 3 de outubro de 2011. Dias antes, o site Cultura e Mercado, especializado no setor cultural e entusiasta da chamada “Economia da Cultura”, proclamava animada, em manchete de 27 de setembro de 2011: “MUSEU ABERTO RECUPERA ÁREAS DETERIORADAS EM SP”.

DE

ARTE URBANA

A revista Zupi, especialista em arte urbana, também

era otimista: O MAAU (Museu Aberto de Arte Urbana) nasce para expor a aceitação do graffiti como uma arte que já faz parte da cidade. O projeto inédito, idealizado pelos artistas urbanos Chivitz e Binho, deu vida a uma verdadeira galeria de arte pública presente na Av. Cruzeiro do Sul, Zona Norte de São Paulo. (REVISTA ZUPI, 2011).

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Doutorando pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP). 1


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