Projeto Interpretativo "Liberte o Cativeiro Social"

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memória, cultura e territórios negros de Santa Maria/RS

Gabriela Petersen Coimbra Orientadora Fernanda Peron Gaspary

UFN | Arquitetura e Urbanismo Trabalho Final de Graduação | 2023


O material apresentado a seguir faz parte da pesquisa do Trabalho Final de Graduação (2023/1) apresentada ao curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Franciscana (UFN), pela acadêmica Gabriela Petersen Coimbra com a orientação da Profª Arq. Urb. Me. Fernanda Peron Gaspary, que teve como proposta

Ainda que não tenha surgido diretamente relacionada ao regime escravista, antes mesmo da formação do povoado que originou a cidade, já havia a trabalhando aqui nas terras de posse do padre Ambrózio José de Freitas, nas quais mais tarde alojariam o acampamento militar que veio ser o marco fundador do município.

. “ ”, que intitulou a pesquisa, é um trecho do samba-enredo “Meu Deus, Meu Deus, Está Extinta a Escravidão?”, de 2018 da Escola de Samba G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti do grupo especial do Carnaval do Rio de Janeiro e, que assim como esse trabalho, buscou debater a luta da população negra.

As informações expostas a seguir foram desenvolvidas para difundir o assunto junto à comunidade local por meio de um .

“Será que já raiou a liberdade Ou se foi tudo ilusão Será, oh, será Que a Lei Áurea tão sonhada Há tanto tempo assinada Não foi o fim da escravidão

Hoje dentro da realidade Onde está a liberdade Onde está que ninguém viu”

As problemáticas da comunidade negra não se limitaram ao período anterior a abolição da escravatura, ocorrida em 1888. No final do século XIX, a cidade vive momentos de agitação e, com o que ocorria, o município começa a receber , com o objetivo de melhorias por meio de políticas de saneamento, higienização e embelezamento que evidenciam uma classe dominante e, por sua vez, . Dessa maneira, a comunidade negra se organiza em são fundadas com a finalidade de , visto a população negra ser impedida de participar de entidades atreladas a alta sociedade. É com base na análise dessa situação que se propõe a elaboração de um nos territórios negros e proletários da cidade, visando evidenciar a história e a memória de uma comunidade que, muitas vezes, é .


O

é um instrumento importante na , sendo uma atribuição do arquiteto e urbanista. Por meio de um percurso pelos , busca trazer elementos que despertem a curiosidade da população local ou de visitantes e turistas. A ideia para o trabalho em questão é que seu uso possa ser feito de maneira independente, sem, necessariamente, ser guiado. Através do e do , o local pode ser explorado, proporcionando o . Além dos materiais disponíveis com o trajeto proposto e com o apanhado histórico, uma foi elaborada para . A iniciativa de posicionar no piso foi observando que a locomoção hoje em dia é menos voltada para o entorno e, normalmente, com a presença de aparelhos tecnológicos em mãos, justificando também o .

O símbolo escolhido é o , um ideograma Adinkra, conjunto de símbolos dos povos acã que representam . O símbolo é baseado em um pássaro que voa para frente com a cabeça virada para trás, sendo interpretado a .


Para além das problemáticas da comunidade negra, se faz relevante deixar de lado o estigma de vida somente de sofrimento e abordar dessa população.

Os escolhidos para o percurso foram espaços que possibilitaram da comunidade negra, considerando a restrição de acesso a outros espaços culturais, assim sendo significativos na desses indivíduos.

01

1903

O , que contempla esses cinco marcos identitários dos territórios negros, possui cerca de e a possibilidade de ser feito .O trajeto busca ser um que atenda a população geral, permitindo uma maneira de .

02

04

1889

início da década de 1910

03

05

por volta de 1840-1860

1896


mapa digital + imagens


01 Rua Silva Jardim, nº 1405 Fundada em 1903, porém só em 1911 começaram as obras da sede existente Foi um clube social negro, organizado por ferroviários da extinta Viação Férrea A partir de 2001 passou a funcionar como Museu Comunitário Treze de Maio 1978

2023

02

1914

2022

Construída no local do antigo Cemitério Santa Cruz, localizado na Rua Silva Jardim A inauguração da igreja foi em 1901, mais de 10 anos após o começo das obras Primeira entidade negra do período pós-abolição A igreja, de 1901, foi destruída dando espaço para outra com o acesso na rua do Rosário

03 Atualmente identifica-se como bairro Nossa Senhora do Rosário Teve ocupação anterior à instalação da Estação Férrea de Santa Maria Local de moradia e socialização da população negra e proletariado Caracterizado como “bairro universitário” pela proximidade física com a Universidade Franciscana

1911

sem data (após 1911)


04

2022

Situava-se no quarteirão delimitado pelas ruas Venâncio Aires, dos Andradas, Barão do Triunfo e Visconde de Pelotas Construído no início da década de 1910 Foi um loteamento composto por 50 chalés de madeira Nos dias atuais não se encontra mais nenhuma das casas populares

05 Rua Barão do Triunfo, nº 855 Fundado em 1896 Clube social negro com fins de lazer e socialização da população negra, que teve início na comunidade da Vila Brasil Encerrou as atividades por volta dos anos 1990, porém ainda existe a sede física do antigo clube

1953 (não executado)

2022

ESCOBAR, Giane Vargas. : lugares de memória, resistência negra, patrimônio e potencial. 2010. Dissertação (Mestrado em Patrimônio Cultural) – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2010. GRIGIO, Ênio. do Rosário (Santa Maria, 1873-1942). Santa Maria: Câmara de Vereadores de Santa Maria, 2018. OLIVEIRA, Franciele Rocha de. TOCHETTO, Daniel.

: a comunidade negra e sua Irmandade

. Santa Maria: Câmara de Vereadores de Santa Maria, 2016. : uma história precursora do planejamento urbano no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Corag/CAU-RS, 2016.


Povo guerreiro, bate tambor Comemora a liberdade Mas a igualdade não chegou Nossos ancestrais Lutaram pela liberdade Contra tudo e contra todos O negro nunca foi covarde Fugiu da senzala Refugiou se nos quilombos Conquistou a liberdade Mas em busca da igualdade Ainda sofre alguns tombos No pós liberdade O negro foi marginalizado Teve a alma aprisionada Com as algemas da desigualdade Hoje refugiado em favelas Onde a vida tem suas mazelas Combate a miséria, o preconceito e a adversidade A igualdade e o respeito Mais do que anseios Também são necessidades


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