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INTRODUÇÃO
Uma das características mais marcantes do capitalismo é sua necessidade em acumular-se até o infinito, alucinação febril pelo crescimento e multiplicação, sem lastro, dinheiro-semlastro. O peso da balança, ou como medimos essa riqueza, não são necessidades materiais ou os delírios de consumo, mas o fechamento contábil, o lucro acumulado entre duas épocas diferentes. É a abstração do quantificável, um fim em si, um si em fim. Aumentar um número, um zero, insaciavelmente. Há poucos dias atrás, o jogo de celular “candy crush” foi vendido pppor U$ 5,9 bilhões. Escorregar o dedo, juntar cores similares, evitar cores diferentes. A acumulação do capital só acontece ao circular, ao entrar em jogo no circuito econômico. Ele está, portanto, em constante ameaça, sobretudo pela ação e concorrência de outros capitalistas – sua segunda intrigante característica. #2 Inquietação permanente # 1Paranoia numérica. Perseguição Em 2016, mudarei para o refri diet. Tentei neste pequenos textos e plágios seguintes falar de um sentimento, de angústia e ansiedade, de voltas em torno de si mesmo, de correr atrás do rabo, morder o cotovelo, produzir desejos e depois odiá-los para amar outros, numa maquinação, no mínimo, inconveniente. Impossível para mim fechar este ciclo sem me perguntar por que quero fazer arte? Por que, afinal, eu chamo isso que eu faço de arte? Não estaria eu operando ideologicamente de maneira muito semelhante ao poupador, que se sacrifica para comprar um novo imóvel para locação? Do acionista que deseja aumentar seu investimento inicial? Por que, quero dizer, eu vivo essa vida que me oferecem? 04
Texto que quer deixar de ser, mas não tem coragem, pois ainda é texto. Texto que quer dar respostas, mas não consegue porque as perguntas mudam muito rápido. Bem, ele também fala de mim, mas de um mim que também é ele/ela, às vezes o outro/a outra. Das minhas vontades com o texto. Melhor falar das vontades em etapas: Primeiro Achei que ele devia falar de uma coisa que eu costumo ficar pensando, sobre a minha rotina em são paulo, que também é de outros/outras, como pegar um ônibus, ficar apertado de grana, apertado de gente. Por isso ele (o texto) é algo repetitivo. As imagens, as que eu coleciono, as minhas e das outros que, quando eu coleciono, são minhas também, a meu ver, conversam com essa hipnose voluntária que é viver em são paulo. São 9 anos numa universidade (seriam 10 se eu não tivesse trancado 1) e nenhum texto que eu entreguei se parecia como este. Porque ele não podia ser este, a escola não podia receber este. Peguei também umas palavras e textos de outras pessoas e umas imagens __também. Segundo Fiquei mais falando sem falar muito. É como as coisas parecem operar para mim, muita gente falando sem falar nada. Um estado que não significa, uma vida que não significa, um supermercado 24h, o telejornal das duas da tarde.
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Terceiro Era mais, “como é viver isso aqui, essa narrativa emprestada de cidade, educação, produção, eficiência, objetividade, arte?” O que eu vi, li, guardei. Dei uma olhada nos meus cadernos antigos, peguei uns textos aqui e acolá e umas imagens que estavam na gaveta. Usei algumas conversas de outras pessoas, alguns pedaços de textos alheios misturados com alguns meus. Às vezes uns rabiscos velhos. Era essa sensação insossa de produzir desejo. De escorregar o dedo pra lá e pra cá, cuidar das contas e das frituras. Sem estourar o colesterol ou sujar o nome. Constante ameaça + pulsões alucinatórias descoladas do real + tédio/repisar no chão batido. Do trabalho que exponho, gostaria de considerar algumas operações, diríamos, plásticas: As carteiras são da escola estadual Doutor Alarico Silveira. Quis a coisa mesma representando a si mesma. Os desenhos foram transferidos de pranchas de arquitetura para folhas de caderno e fixadas com tachinhas pintadas de branco. Não podia decorar mais; quis o mínimo, para que a ideia sobrasse; em série. Não importa se eu me sento em roda, embaixo da árvore ou em grade cartesiana. Não importa o esquema nem o sistema, se a serviço de uma vida achatada, se premidinha por sucesso/ fracasso e mesurada por holerite.
Chego ao fim, com essa introdução, sem grandes vontades. Meio absorto.
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PARTE I
Há alguns dias atrás, encontrei um amigo passando pela rua. Compramos umas latinhas de glacial, considerada por ambos atualmente a melhor cerveja-barata, e ficamos conversando numa esquina próxima. Esse amigo também é artista, uma pessoa muito intensa, eloquente e sofredora com a “profissão” que escolheu: mexe com arte sem ter muito dinheiro, tendo que trabalhar aqui e acolá com qualquer coisa que aparecer (a penúltima vez que passei por ele foi na sp-arte, trabalhando numa banquinha dessas revistas cheias de propaganda; não recrimino, trabalho é trabalho) para poder gastar quasetudo com papel, tinta e moldura. Enfim, quando estávamos a reconhecer outra coincidência nessas nossas vidas, a de que tivemos professores de artes marciais militares e sádicos na porrada, começamos a falar de arte, sobre projetos e respectivas frustrações. Eu tendo a crer que esse meu amigo, por ser bastante apaixonado e tal, fica um pouco desapontado de não estar no olho do furacão, ganhando uma grana, sendo requisitado pela galera toda. Em certa altura, soltei num espasmo ranzinza que costumo ter, “ ah mas arte é uma GRANDE merda” – em matéria de gosto, toda determinação é negação. (Na verdade eu gostaria de ter dito algo mais interessante, tipo que a arte é uma seriedade lúdica, a seriedade sem espírito de sério, tradição inventada e distante da necessidade; e os artistas eram como todas as crianças que começam a vida como burgueses, numa relação mágica de poder sobre os outros e, por eles, sobre o mundo; no entanto a diferença é que mais ou menos cedo, deixam a infância. Eu queria ter falado das paredes brancas, dos modismos vigentes, das conversinhas do tipo “e aí tá com uns projetos?”, dos champanhes e castanhas, catálogos desnecessários, jogos de prestígio etc.)
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É um hábito de longa data arrepender-me, ao fim do dia, das coisas que falo no meu dia-a-dia, acho que até exagero na minha cabeça, mas quiçá na maior parte dos casos eu esteja certo: se pudesse fazer um pedido desses que a gente sabe que não pode, eu pediria para falar menos, bem menos. De qualquer forma, meu amigo, muito ligeiro, me respondeu: você sabe que não é uma grande merda. Me senti um trogloditazinho precipitado. Mas por que caralho me dedicar às artes? Tem como mesurar a importância da arte? Importância qual, pra quê? Engrossar o caldo anti-hegemônico? Mas pra falar o quê…e pra quem? Durante pelo menos os últimos quatro anos, essas perguntas aparecem pra mim numa constância maior do que eu gostaria, levam e trazem consigo crises e, mais raramente, uma esperança ou outra. ...Essa fé patética que a gente assiste por aí (em se tratando de arte é sempre mais fácil falar do que fazer, deixo claro).
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Uma das diferenças entre fazer sociologia e arte consiste em que, enquanto a primeira analisa as estruturas e vê seus fracassos como falhas ou armadilhas, a segunda desdobra a estratégia dos interstícios. Evidentemente não podemos enfiar todos os artistas num mesmo saco, há nas artes mesmo, incluso no departamento que estudo, uma tensão entre os que se interessam pelo que se conta e aqueles que privilegiam a maneira de contar. Nem um nem outro, pois: as formas falam assim como os sujeitos se inscrevem nas formas. O conjunto, forma e mensagem, é inevitavelmente impregnado de ideologia e ambos são altamente políticos. Encontrar interstícios nas narrativas ideológicas me parece, senão algo útil e necessário, pelo menos frutífero para a minha vida como pessoa mais ou menos operadora do que me move e me circunda. Mudo um pouco de opinião quanto a pregar para convertidos, essas coisas fortalecem um certo desejo alternativo comum, afinal quão estimulante é topar com mais alguém que articula – melhor e de maneira mais clara – ideias que ainda tínhamos como vagas.
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Tento fazer uma lista – que sempre muda, então é melhor colocá-la aqui, antes que mude de novo -- das inevitáveis características de uma arte que não seja uma grande merda (isso poderia ser uma espécie de justificativa/ metodologia se fosse um texto acadêmico): Procurar a estrutura ideológica das coisas, das instituições sociais, como a linguagem, a religião e a universidade, para enfim deslocá-la de seus lugares habituais, de suas imagensobjetos e mensagens. Na passada da anterior, estetizar para desfuncionalizar, trazer ao mundo dos vivos os fantasmas ideológicos da comunicação ordinária e de suas imagens. O desvio, a virada, o u-turn, a situação etc. passa pela estetização do status quo. (ansioso, parei aqui com o texto para limpar meu fogão, fazia dias que eu me prometia a respeito; escrever me deixa muito pilhado, sinais dos tempos) xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
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Enquanto limpava o fogão lembrei também: operar buscando a dissonância, a arte menor, que coloque em dúvida os modismos que se pretendem universais ou descolados do tempo. Deve-se analisar muito a publicidade, não se pode subverter aquilo que não se domina. Comunicar explícita ou implicitamente uma mensagem definitivamente não deveria ser um referencial pejorativo de qualidade nas artes. Pouco se pergunta da qualidade da mensagem e do alcance de um trabalho que seja explicitamente político ou, como vulgarmente mencionam, panfletário. A arte deve comunicar e, acho eu, da maneira mais clara e elaborada possível (ainda que isso não signifique muito), para que sua mensagem sinta-se confortável no embate com as múltiplas recepções; que ela possa ser, afinal, uma obra aberta -- nem de todo aberta, porém, porque deve ser chato ver seu trabalho pretensamente crítico ser cooptado por propaganda de banco, como a descatracalização do contrafilé chupinhada pelo itaú. Em resumo, não significa que sua mensagem precisa estar obliterada por um requerimento de arcabouço teórico de gabinete, isto é, não significa que um trabalho político para ser bom necessita esconder sua mensagem em auto-referências endogâmicas, pelo contrário. Duvidar sempre da potência crítica e/ou política da arte; é como colocar um ovo em pé, embate contínuo e sem fim. A irresolução não me parece infrutífera nesse caso. Ser divertido. Esta lista será muitas vezes reelaborada e reeditada, mas fica registrado que em:
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09 de junho de 2015, São Paulo Ela se encontrava assim‌tosca, pequena, plagiando uns autores e pretensamente engraçadinha.
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PARTE II
Comecei a escrever esta segunda parte depois de alguns ensaios e prelúdios. Bastante coisa rolou desde que eu dei por terminado a parte precedente. Muita coisa que eu teria gostado de escrever. Já estamos em agosto, consegui andar com dois trabalhos. Preciso pedir um galão de água. Já está terminando agosto e eu não consigo fechar esse texto. A propósito, já se nota minha particular propensão a ficar embaçando, falando de minhas limitações, coisa que, convenhamos, tem pouca ou nenhuma relevância para você que um dia vai ler isso; Visando ajudá-lo, é possível pular os próximos 5 parágrafos sem prejuízo para a compreensão do texto. Falarei de ninharias como o “drama” da procrastinação, o esquecimento, sobre não ter dinheiro etc. Caso v. esteja sem tempo ou ganas para ler dois parágrafos sequer, anotarei entre parênteses aquilo que considero importante com a palavra “IMPORTANTE” em caixaalta, bastando procurar por esta notação.
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Ainda que eu não tenha dado por terminado essa segunda parte, eu mexi nela -- discretamente -- esses meses. Minha memória não é das melhores: dia desses, queria dizer Artigas e falei Artacho, queria falar Marcos Morais e disse Marcos Nobre. O esquecimento é mais sensível a nomes próprios, títulos de filme e cineastas/atores. Assim, acabei precavendo-me e tomando nota de alguns breves acontecimentos que desenrolarei agora. Talvez já não lembre nesse momento de uma terceira edição (estou em 24 de agosto... e não avança, anotando e esquecendo). Da decisão em não alterar os textos que eu dei por terminado Talvez assim eu consiga produzir esses escritos; de uns anos pra cá, estou num projeto RD (redução de danos) da autocrítica. O tempo ri para mim sarcasticamente, como se murmurasse: olha que bosta isso que v. achou sensacional ontem à noite chapado. Pois bem, tomei a decisão de cortar laços com o tempo. Ninguém gosta de um amigo que só te oferece o colchão duro toda hora. Não vou ouvir suas opiniões que insistem em me por pra baixo.
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A primeira parte, portanto, ficou como está e essa também ficará como estará daqui a algum tempo (espero que até essa semana -- isso na semana passada, atualizando, espero que até hoje, 24 de agosto, minha última edição desta segunda parte). Eu disse que iria escrever muito mais, o que não chegou a ocorrer de fato... Pra falar a verdade, tenho medo de abrir esse último texto (a primeira parte no caso). Prefiro ficar com as lembranças. Na memória, tenho ele em alta consideração. Sem o choque de realidade. Antes de avançar com novas ocorrências, já que meu último texto se encontra, pelo bem da minha saúde mental, engessado, quero retomar pequenas coisinhas que eu lancei lá atrás (ou o que eu acho que eu lancei): que que que-ro escrever? Vamos lá (MÉDIO IMPORTANTE). Eu diria, se o tom fosse sério: quero irromper com a indistinção entre o meio da educação e o profissional. Quero, com esse texto, correr vertiginosamente para longe da figura do aluno-empresário, do universitário-executivo. Não levantarei nada, sigo as linhas de fuga até topar com uma pedra, grande e discreta, que abra o meu dedão no meio e que me faça desviar para direções inimagináveis. O saber na academia, julgo eu, anda liquidado.........é o fim, tal qual o conhecemos, e não quero um texto que senta na janela e assiste sereno a seu desenrolar, como se não soubesse o que está sendo anunciado, dia após dia. A palavra não chega, o movimento é vontade. Quero um desvio da fala. Dizer do indizível de forma improcedente.
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Aprendi na escola e na universidade a escrever num formato específico: assim entretanto finalmente ademais ora porém consequentemente todavia por conseguinte em outras palavras portanto, isto é, uma intoxicação. quequequero? A dobra U do texto detox
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Batizada no passado como a Capital do Café, Ribeirão se consagra nos dias de hoje como a “Capital Brasileira do Agronegócio”, onde a cadeia produtiva do “Ouro Negro” continua figurando ao lado de tantas outras. É o reconhecimento pela perfeita combinação entre diversificação e competência produtiva e gerencial. Sediada em um dos mais importantes e competitivos pólos agroindustriais do Brasil, Ribeirão Preto está para a região como um coração que, ao pulsar, impulsiona e define o ritmo frenético de crescimento que se reflete em todos os outros setores da economia. A qualidade na área da saúde, no ensino e pesquisa, no comércio, nos serviços, na infraestrutura, nas artes, etc. é resultado da renda gerada e dos impostos pagos pelo setor do agronegócio, mola propulsora desta excelência. Apesar disso, o entendimento da dinâmica do setor ainda não permeou todos os segmentos da sociedade, que não lhe atribui sua verdadeira importância. O título de “Capital Brasileira do Agronegócio”, contribui para valorizar a imagem dessa atividade da qual depende a vida de todos e que consiste, ao menos em médio prazo, na melhor alternativa para a inserção definitiva do Brasil no mercado internacional.
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Sobre a merda da arte (IMPORTANTE) Fiquei pensando se não era exagero, no último texto, colocar a questão nos termos arte merda x arte não-merda. Coincidentemente ou não, topei com uma reflexão guatariana dias atrás sobre merda e que gostaria de colar aqui embaixo:
…atrás de Marx e Freud, atrás da “marxologia” e da “freudologia”, há a realidade de merda do movimento comunista, do movimento psicanalítico. É daí que devemos partir e é para aí que devemos sempre retornar. E quando eu falo em merda, isso dificilmente é uma metáfora: o capitalismo reduz tudo a um estado fecal, ao estado de fluxo indiferenciado e descodificado do qual cada pessoa, em sua maneira particular, orientada por culpa, deve tirar sua parte. O capitalismo é o regime da intercambialidade permanente: qualquer coisa nas “corretas” proporções pode equivaler a qualquer outra coisa. Tome Marx e Freud como exemplos, reduzidos a um estado de papa dogmática, eles podem ser introduzidos no sistema sem apresentar nenhum risco a ele.
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Voltando às novas ocorrências…ou sobre como já estou desistindo Bem, dia desses, eu estava parado do lado do bebedouro, fumando um cigarro. Apareceu uma conhecida, as coisas se iniciaram com amenidades do tipo como v tá? etc. Como isso já faz uns 15 dias, agora que estou revisando o texto já faz uns 25, eu não me recordo tão bem como a gente começou a falar de arte – aliás, andei notando que eu não consigo lembrar como os papos descambam em arte, no texto passado também tive esse mesmo problema. Enfim, acho que deve ter sido por conta da formatura. Seja como for, começamos com um assunto que me é muito caro e dia sim, dia não, eu me vejo discutindo com alguém, naquela pegada em que cobrador e motorista discutem o campeonato brasileiro, cheio de frases prontas, momentos acalorados e aquele tom de opinião de “especialista” do jornal da globo. Nesse caso a polêmica era: arte e/x/ou/com política. Era a história de um vídeo que foi por vezes tachado de político. Reações vão, reações vem, uma frase pronunciada me chamou atenção: “Como arte não funciona, mas como outra coisa, sim”. Ela foi proferida no contexto “bom x ruim”. Fiquei um pouco de cara porque essa opinião, aparentemente inofensiva, guarda em si um ranço muito forte com a ideia de que a arte pode comunicar, aliás comunicar utilizando das formas mais “óbvias”: a linha do signo escrito.
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Quase sempre, as discussões sobre arte giram em torno do precisar x não precisar: a arte não precisa ser tal, não precisa comunicar, precisa ter gap de interpretação etc. O que não se nota é que o precisar aí é, em grande medida, utilizado como sinônimo de obrigação. Nada mais extemporâneo no mal sentido do que estabelecer uma cartilha de gosto e procedimento: a arte não precisa x, mas pode, se quiser, PODE. Aliás, tais discussões, para além de me aborrecerem profundamente, são essencialmente ideológicas. Afirmar a ausência de discursos ideológicos é ideologia em sua forma pura. Desisti de contar o resto dessa história…
A gente falou de tanta coisa que eu achei, naquele momento, interessante relatar aqui, mas, passado mais de um mês, eu não sei, me resta fazer um elogio ao esquecimento. Aí vai: A felicidade do animal é viver apenas no instante esquecediço. Esquecer para viver.
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Suas diversas habilidades faz com que possam ter sucesso num grande número de profissões. São bons docentes e predicadores, e sua capacidade para pesquisar o desconhecido lhes converte em excelentes cientistas. Também podem ter sucesso como advogados, políticos, relações públicas, publicitários, músicos e esportistas. O fato de que lhes agrada o risco faz com que eles possam converterse em pilotos de aviões ou de carros de corrida. Amam as aventuras, as terras exóticas, os lugares distantes. Viajam sempre e trazem roupas de todas as cidades por onde passam. Costumam ter um cinto italiano, bota Argentina, suéter inglês. Seguem a moda internacional das principais capitais: Nova Iorque, Tóquio, Milão, Londres, Paris. Os perfumes são de essências exóticas e raras. As cores que mais combinam: coral, laranja- os tons sagrados o cáqui, a roupa dos caçadores.
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O museu, nesse sentido, é como uma igreja: primeiro deve ser pecador para chegar a ser santo.
É bom estar artista? Minhas reflexões sobre “ser” um artista costumam... às vezes, caio no desespero: decido que vou me mudar para ouro preto, virar fotógrafo de casamento e passar o resto do tempo explorando cachoeiras. É foda levar essa zoeira a sério. Descendo a augusta dias atrás, elaborei a pergunta inversamente, o que eu (não) gosto em “ser” um artista? Pensei em dois motivos, sobretudo: #1 Ocupar-se com diferentes matérias. É o pico anti sistêmico nas opções carreiristas, caso v queira… aquele lance da seriedade sem ser séria. Mas acho que nem pra todo mundo as coisas acontecem assim. #1.2 A experimentação possível na prática artística faz dela um ótimo motivo-educacional. Gosto de pensar que uma das ações políticas mais concretas ao meu alcance é a educação. #1.3 Se é verdade que toda a comunicação está contaminada pelo dinheiro, é preciso imaginar tangentes, também gosto de me ocupar com esse tipo de problema, o de inventar pequenas trincas. 2# Desdobramento do ponto #1: mais divertida que a média das profissões. Por vezes desinteressada. A censura é menor e o desejo mais soltinho.
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Decepcionar é um prazer. Em matéria de decepção, arte é um campo fértil
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Olhando umas revista de arte Uma lista com 30 nomes emergentes da arte pra gente ficar de olho nesse verão (era o título da publicação). Pareciam trabalhos de uma mesma pessoa, com algumas exceções pontuais. Tudo muito plástico, tanta cor, tosqueira, um amontoado de lembranças e imagens mal-costuradas dos anos 90, desenhos de pano de prato. Agora é complicado, eu não quero me passar por ranzinza, e, escrevendo assim, até parece que eu não gosto de nada ou que sou detentor do verdadeiro bom gosto. Por isso, decidi nesse momento do segundo texto, nos momentos finais, escrever mais sobre algumas descobertas que fiz recentemente - e gostei: (IMPORTANTE) Descobri como saber quando um abacate está no ponto para ser comido. Você precisa tirar o galho que fica na ponta e se o buraco estiver amarelo-escuro, tá legal pra comer.
Para quem comeu haxixe, Versalhes não é grande o bastante e a eternidade dura um átimo Que eu escrevo melhor quando estou bêbado. Dessa vez eu até que tentei retomar meu último estado de ânimo, pra ver se saía alguma coisa parecida. Tomei uma garrafa de vinho, mas devagar. Consegui, até o presente, uma fisgadinha de fígado e algumas horas de sono profundo.
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Eu escrevo melhor de madrugada. Cheguei à conclusão de que não conseguia amarrar esse texto porque o outro foi escrito de madrugada. Sendo que este, mexi às vezes de manhã ou mesmo domingo à tarde. Agora, com a ajuda de uma colher de pó de guaraná, mais 6 latinhas de conti, a cerveja que consigo comprar por 1,29 R$ no extra grande da rio branco, estou aqui, em frente ao meu notebook, 00:41 e ainda tenho que mexer muito nesse texto. Agora mesmo, nesse horário, o texto apresenta-se como um monte de brisa jogada sem a menor possibilidade de junção. Copio abaixo um print screen do texto, antes que eu o altere. Na verdade esse parágrafo é o print screen, pois agora estou terminando o texto, dia 25 de agosto, apenas com café e nicotina. Mas parte dele foi escrita sob efeito de conti. Surpreendentemente, no balanço geral é um texto mais diurno. Com a aurora, trazendo a ressaca … De tarde, a ressaca diz, estás bem, escrever que te deixou bêbado. termino ele agora, às 14h do dia 25 de agosto, sóbrio etilicamente falando, mas chapado de tela led
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PARTE III
A arte é descabida. Tanto quanto elaborar sistemas avaliativos para empresas -- este era o tema de doutorado de uma pessoa que estava atrás de mim na fila do bandeijão --, um exemplo de comparação entre rasgado e furado interessante: MEU o despropósito da arte e DELE a alucinação do mercado. Procurando justificar minhas escolhas na fila do bandeijão. Esse é um terceiro capítulo que inicio; dei uma freada nesse mês – e no mês passado. Foi cheio de burocracrias, editais e projetos. Dediquei-me a escrever narrativas fantasiosas em forma de pesquisa acadêmica, cartas de intenção, portfolio etc. Agora, voltei a essa aqui. Consentimento social diante do isolamento do projeto: não apenas enquanto tentativa de transformação do tempo geral das coisas, como necessidade existencial de estar sempre para além do tempo geral das coisas. Há pouco menos de cinco anos entrei no CAP, não sei bem como descrever esses tempos lá. Não lembro de muita coisa em relação aos conteúdos mais específicos, mas lembro de alguns sentimentos gerais.
ideal ético
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ideal estético
entre a mercadoria e o panfleto
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Nos primeiros anos, eu desenhava: tinha um caderninho de desenhos, tinha uma série de desenhos de corpo humano e ficava desenhando as paisagens rotineiras do departamento, a estrutura das lâmpadas, a prensa do ateliê, as janelinhas vermelhas etc. Curioso notar que o curso de Artes foi determinante para eu desenhar menos e menos. Não que isso seja responsabilidade/influência da escola.
Lembro de estar cansado das aulas teóricas porque eu já estava cansado delas desde a minha outra graduação, que era só teórica, demasiadamente teórica. Quando eu entrei no curso de arte, não achava que ia me formar, o que fez com que eu abandonasse algumas matérias «que eu achava» maçantes. Eu sou um pouco desajeitado para coisas que envolvam corte, emendas e medidas precisas. Lembro que comprei gravetos, fui na FAU tentar cortá-los, mas a marcenaria estava fechada - aí sentei naquela arquibancada à moda grega, bolei um cigarro e decidi desistir daquela matéria, feliz por poder desistir. Repetir na repetição, segunda graduação.
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Situação orgânica
-- Eu tenho toda a munição -- Eu tenho o revólver Panofsky
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Se a teoria não for recebida à porta de uma disciplina empírica, entra como um fantasma, pela chaminé e põe a mobília da casa de pernas para o ar. Não é menos verdade que se a história não for recebida à porta de uma disciplina teórica que trate do mesmo conjunto de fenômenos, infiltrar-se-á no porão, como um bando de ratos, roendo todo o trabalho de base. O homem que aceita uma cédula de um dólar em troca de 25 maçãs pratica um ato de fé e submete-se a uma doutrina teórica O homem que é atropelado por um automóvel é atropelado pela matemática, física e química O cachorro cuida da linguiça, a raposa cuida da galinha
Panofsky
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Os anos correram, fui fazendo, fazendo, pedi umas compensações de matérias e, enfim, tive que refazer, entre outras coisas, a matéria dos gravetos e a do barroco, meus dois dramas, o clímax dessa tragédia. Lá pro segundo ano da graduação, comecei a fotografar mais, mais no laboratório revelando, fazendo máscaras, matutando contrastes, em busca dA cópia. Fiquei um tempo nessas, até meu último envelope de papel fotográfico e a disposição acabarem, tanto prática quanto financeira, para imprimir e ampliar mais e mais fotos. Minhas gavetas encheram, atoladas. Não tinha onde colocar minhas meias.
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Esse ano tentei vendê-las (as fotografias) numa feirinha de fotografias, levei algumas emolduradas e enfiei elas numa sacola de plástico, a maior que eu tinha, de quando eu mandei lavar meu edredom, e peguei o ônibus. Mas só vendi coisa pequena, infelizmente. Lembro ter vendido um monte de 10x15 para umas turistas americanas que queriam imagens de São Paulo, carros, viadutos, prédios etc. por sorte tinha umas coisas aqui do centro, afinal eu moro aqui. Não queria levar de volta e na mão a foto emoldurada, que eu não vendi, e dei ela pra uma amiga que a elogiou – não sei se por educação ou sinceridade, mas aproveitei o comentário.
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Enfim, depois me cansei da fotografia também, digo, da fotografia como fim em si mesma. Eu também não conseguia controlar essas paradas de cor, a minha tela é uma merda (ainda que a tenha calibrado) e a luz do meu quarto é amarela. Depois… não sei. Repetir e reclamar, reclamar da repetição repetindo a reclamação. Até entrar em outro lugar e começar a reclamar. Sísifo vai à academia.
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Não seria exagero dizer que se aprende fora de aula, mas o paradoxo é que, só com a obrigação de estar naquele lugar, numa aula, podemos falar em fora da aula. Ou seja, tudo bem. Afinal, algumas coisas sobram. Eu gosto do café-cortesia na sala de professores, ainda que algumas pessoas digam não ser um direito do aluno. Eu gosto dos ateliês e de seus respectivos técnicos, que costumavam ajudar a resolver problemas. Gostei de não ter de entregar páginas e páginas de trabalhos ao fim do semestre, de não ser submetido a uma batéria escrota de provas. Entregar, sim, desenhos, pinturas, gravuras, veja você, é menos penoso.
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HARMONIZANDO CRISES Vênus na casa 8 DE: 21/05 , 0h14 ATÉ: 14/06 , 8h11 Ocorrido anteriormente em: julho/2014 De acordo com a tradição astrológica, este é um momento muito bom para você melhorar o seu senso de investimentos e aprender a desenvolver uma maior habilidade no uso do dinheiro. Que tal ler livros que lhe ensinam como fazer seu dinheiro crescer? A hora é essa!
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Steve McQueen – The king of cool - e Ali McGraw protagonizam uma cena em que na premência de uma fuga vão parar dentro de um caminhão de lixo. Por pouco não são triturados. os implacáveis 1972
the getaway 1972
Eu gostava de outras coisas também. O clima da USP, mais fresco do que o do resto da cidade.
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Sobre minha recorrente vontade de ir para o campo/praia/ natureza, pensei que se assemelhava muito às recomendações médicas do século XIX Natureza = verdade pura
As prescrições dadas habitualmente pelos médicos eram, assim, a viagem, o repouso, o passeio, o retiro, o corte com o mundo artificial e vão da cidade. Esquirol se lembrará disso, quando, ao projetar os planos de um hospital psiquiátrico, recomendava que cada pátio fosse largamente aberto com vista para um jardim m.foucault
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CTRL + N – abre a Curva
Ontem à noite eu me esqueci para que lado a torneira da pia do banheiro abria. Tentei abri-la mas acabei fechando mais, Tentei o movimento reverso e agora tinha dúvidas se realmente não estava fechando Ela emperrou e meus dedos, doloridos.
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Vênus na casa 10
DE: 15/10 (Hoje) , 19h20 ATÉ: 16/11 , 23h07 Ocorrido anteriormente em: setembro/2014 Este é um momento particularmente favorável para qualquer atitude que lhe permita um maior engrandecimento social ou profissional. Sabe aquele aumento que você queria? A hora é essa. Está a fim de estabelecer contatos e vínculos que você sabe que lhe serão úteis profissionalmente? Aproveite o momento. De um modo ou de outro, até para quem está sem trabalhar, o momento favorece a ascensão social: neste período, é bem possível que você venha a conhecer pessoas de maior status, que de alguma forma “puxarão” você com elas.
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A cultura é o próprio elemento da sociedade de consumo. Deseja-se a … A cultura é aquilo que conduz da unidade fechada, através da multiplicidade expandida, à unidade expandida.
Deve tratar-se de um ato de ferocidade destrutiva tão absurda que seja incompreensível, inexplicável, quase inconcebível, realmente demencial. Só a loucura é verdadeiramente aterrorizante, porque não se pode apaziguá-la com ameaças, persuasão ou suborno o angente secreto, j. conrad
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De um tempo inĂştil que nĂŁo vale nada
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Rolinho porrada Malha Passou levou
Ideal ético » ideal estético Entre a mercadoria e o panfleto
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história da arte renascimento nasce da recusa do novo: o gótico princípio da realidade exige e efetua o adiamento da satisfação, o abandono de uma série de possibilidades de obtê-la, e a tolerância temporária do desprazer como uma etapa no longo e indireto caminhos do prazer mais excitação = mais desprazer Rubens empregou muitos gravadores para trabalhar para si Immergleichen toda a sociedade moderna, dominada pela mercadoria, é submetida à repetição, ao “sempre igual” (Immergleichen) disfarçado em novidade e moda: no reino mercantil, a humanidade parece condenada às penas do inferno. Benjamin
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A BOA PROJEÇÃO INTELECTUAL NA CARREIRA
Mercúrio na casa 10 DE: 29/09 , 1h26 ATÉ: 20/10 , 2h37 Ocorrido anteriormente em: agosto/2015 se você trabalha e deseja que a sua carreira “fique em forma”, então procure o máximo de variedade possível em sua atuação profissional neste momento. Se você conseguir fazer um “mix” de estímulos intelectuais com versatilidade e sabedoria, melhor ainda! Cuidado, todavia, com uma tendência a discussões excessivas no trabalho. Uma tendência questionadora excessiva pode se apoderar de você nesta fase, de modo que mesmo que você esteja fazendo as perguntas corretas, talvez as esteja fazendo num momento inconveniente. Convém se observar e saber que você pode e deve utilizar esta acuidade mental tão forte desta fase, é tudo uma questão de saber se colocar na hora e no lugar correto.
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PERCEPÇÃO VISUAL
As cores claras são mais pesadas que as escuras Formas verticalmente orientadas parecem mais pesadas que as oblíquas Elevar um objeto é SEMPRE uma vitória
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QUEIMA TOTAL
Espaço condenado Supervigília, embora a paixão já o seja
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Engraçado, qualquer problema que você tem, os homens mandam você examinar os dentes, as mulheres dizem que você devia se casar. Agora, para dar opinião nos seus negócios. Só mesmo quem nunca conseguiu se dar muito bem. É que nem esses professores de faculdade que nunca conseguiram juntar nem um par de meias, ensinando as pessoas a ganhar um milhão de dólares em dez anos p. 242 som e a fúria
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Im getting sentimental on you
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-- ...mas ele não fez três gols? --Fez -- E cada gol é quantos pontos? -- Não, cada jogo é três pontos -- É o jogo? -- É o jogo, é ..cada jogo vale três pontos. Aí depois vai pro critério de gols... «Silêncio» -- Ah, mas tá valendo, tá valendo. O Tite é um cara inteligente, ele gosta de pegar time fraco pra fazer ponto... e o Santos que tá no quarto, dezoito pontos de diferença, então? -- Santos, daí vem Palmeiras 46, Grêmio 57, Atlético mineiro 59. -- pô, meu fluminense tá lá embaixo também, né. -- Você é carioca? -- Não -- Vai falar que é lá da baixada ? -- Não, é que eu gosto do Fluminense. Eu nunca gostei do Flamengo, eu nunca gostei desse Flamengo -- Então gosta do Botafogo? -- Não, eu gosto do Fluminense. Acho que é por causa do Fred. Ano passado, eu não sei se era por causa daquele gostoso. -- por isso que eu to vendo, v. gosta de botafogo! -- Botáá um fogo no planeeeetaa, e marte tá bem aiiii. Acharam água lá já, ó. Podia pegar metade dessa população... pode me colocar no meio que eu vou, manda pra lá... que eu não quero ficar aqui não, nesse país, nesse planeta. -- Então vai, então vai lá e depois você volta... -- Que mané voltá! Se for eu não volto, se me mandarem pra Júpiter é melhor ainda, tem uns anéis lá, que dá pra ficar correndo --Então vai lá, fica lá e depois v. volta aqui -- C tá louco... uma porcaria véia dessa, mal-feita. Caramba, meu.
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-- Você é o quê, você é baiana, é? -- O quê? -- Você -- Paulistana, meu. Misturada bem com mineiro. E eu como é angu. -- Que lugar de São paulo você vive? -- Eu, aqui, nascida e criada aqui nessa cidade linda e maravilhosa. -- Que lugar? -- Lá no jardim Ângela. Jardim Ângela ainda tá dentro do município. Mas agora se v. for lá pra Itapecirica da Serra, Taboão...é outro município. O jardim Ângela, hoje, ele é quase praticamente uma cidade, destacada da cidade… -- Destacada, mas não é... ... mas ainda é a cidade de São Paulo. Se não fossem os moradores de lá essa porra aqui não tinha crescido, não, caralho. 3’24” -- que porra? -- Essa porra aqui do centro -- Centro o quê? Centro de macumba? -- Ah, eu vou lá amanhã. A pomba gira já tá aqui esquentando, querendo meu... as coisas delas. Falei, filha, não, sai do meu pé hoje que eu não quero saber de ninguém. --E aí? Por hoje tamo aí? -- O quê? De trabalho? -- Olha, a não ser se me aparecer um extra, se me aparecer um extra, eu até vou. Agora eu só trabalho em casa mesmo. E lá não para nunca, né, meu. --- Mas se você chegar do jeito que você tá assim, o patrão vai dar um couro em você e você vai dar nele -- Ó o meu cotovelo aqui na cara dele. Filho, aqui é jardim Ângela, meu. Eu não bato com a mão, não, filho. Eu quero é dar cabeçada e um chute no pau.
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-- E o outro? -- O outro chute? -- Permanecer no pau mesmo, pra acabar com as bolas. Assim não pega mulher em casa, fica lá, igual um idiota. Tô cansada, viu. Aquela velha gorda, obesa, ela vai me pagar semana que vem. Falar assim: ô, filha, passa seu marido pra mim que faz tempo que você não dá pra ele -- Eita nois, viu -- Também, quem vai querer comer um bagulho daqueles. Tem que ter muito amor também, né. -- Por isso que você é Botafogo mesmo -- hahahaha --Oxi, mas se vai bater no coração, o importante é que tá acelerante, né -- Acelerante, coração? -- É se o coração tá batendo... Tá aí com quantos filhos? -- Eu? Olha pra minha cara se eu sou mulher de ficar fazendo filho por aí? Eu quero já é despopoluir esse planeta, eu vou ficar fazendo filho? Por mim que sumo que tudo. --Então vou fazer o que você queria, então. Eu faço você cria. --O estado ajuda lá... vai lá, se for pra ir, vai lá, é mais ajudado que eu, que levanto cedo. Vai lá...vai: que domingão, sete da noite tem mais, né? Mais três ponto, domingão? -- Opa -- Domingão, essa hora, quero já tá tombada, já -- Aí você vai mudar pra botafogo -- Não, eu vou continuar corintiana, alvi-negra negra, jardim Ângela. Moradora do interlagos, agora. Quero continuar sendo. Mas se o Fluminense levar um pontinho a mais, né. Aquele Fred é muito gostoso. Falaí se o Fred não é gostos...? Fala que o fred... tô brincando, se v. falar que o Fred é gostoso eu te mato. O Fred é muito bom... Tomara que ele nunca mais volta na seleção, como ele falou. Ele foi humilhado lá mesmo. Eu concordo com ele. Tomara que ele nunca mais volta naquela porra.
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P: o que ĂŠ arte ? R: um lugar onde pouco acontece e muito se enuncia/ onde muito se anuncia e pouco se enuncia.
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PARTE IV
O homem de bem é o princípio do fim Adentro na última parte. Estamos em novembro e, muito em breve, terminamos esse diálogo. Eu queria ter chegado aqui com um material que solapasse suas certezas, que mostrasse toda a energia do processo criativo de sete meses de produção, que afrontasse o texto-quadrado. A verdade, porém, é que eu nunca soube muito bem para onde ir, como caminhar e quais objetivos perseguir (o grande clichê da indeterminação, da incerteza do real, do processo como fim blá blá blá). Energia-neurótica-alucinatória. No ínterim entre esta parte e a antecedente, decidi vasculhar cadernos, em busca de anotações, geniais esquemas, aforismas etc. Achei muito pouca coisa, um ou outro rabisco, alguma anotação sem sentido e referências que já não me lembrava mais. Eu tentei falar da minha graduação, mas em algum momento me faltou vontade. Pensei em gravar muitas conversas com amigos, mas acabei gravando só duas, pensei e faltou. Nascido em tempos de falta, de negatividade. Muitos desejos e a ameaça de uma vida tacanha. Um tentando-ser, tenho esperança no domingo que vai chegar; eu vou fazer, eu vou arrumar e espero que você goste.
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A evidência da não necessidade das minhas intervenções dentro do fluxo geral das coisas, como necessidade existencial de estar sempre para além do tempo geral das coisas. Se eu não estivesse aqui tão premido como que de pé, as costas contra alguma coisa...Suprimiria tudo
TUDO ISSO DEVERÁ SER ARRANJADO MUITO PRECISAMENTE NUMA SUCESSÃO FULMINANTE Artaud
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lista de imagens: 03 página de agenda/calendário (minha autoria) 07 arquivo pessoal, casal no circo 10-11 fotos de uma pomba entalada (minha autoria) 12 gravura em metal a partir de imagem do papa joão paulo II (autoria minha) 15 gravura em metal realizada a partir de fotografia de um programa de auditório dos anos 80 (minha autoria) 16-17 fotografia da sala de espera da sec. de habitação de sp (minha autoria) 19 propaganda de revista argentina dos anos 80 20-21 fotografia de mesas esmagadas (minha autoria) 22 propaganda de enciclopédia argentina dos anos 80 25 planta-baixa de salas escolares 26-27 transfer de imagens, agronegócio (minha autoria) 28-29 imagens do trabalho agronegócio (minha autoria) 30-31 gravura em metal realizada a partir de fotografia de um programa de auditório dos anos 80 (minha autoria) 32 panfleto de igreja evangélica 35 gravuras em metal de monumentos de sp (minha autoria) 37 frame do filme, the creators of shopping worlds, de h. farocki 39 fotografia de pano de chão (minha autoria) 40 transfer de xerox + tinta guache (minha autoria) 41 trecho de srigrafia 43 xerox de material didático sobre a artista cindy sherman 44 xerox de material didático sobre a artista maya deren 45 desenho a grafite (minha autoria) 46-47 detalhe de serigrafia (minha autoria) 48 frame do vídeo rédea curta (minha autoria) 49 coronel francisco ortiz de ocampo 50 scanner de negativo 51 fotografia de bola de pelo + pulgas (minha autoria) 52 fotografia de loja falida (minha autoria) 53 meu retrato, pegando metrô 54-55 fotografias do centro de sp (minha autoria) 56 propaganda da agência de viagens cvc. impressão de jornal 57 programa televisivo de perguntas e respostas 58-59 reportagem da revista família cristã (1984) + tinta vermelha 60 propaganda de plano de saúde (1986) 61 frame de documentário sobre islândia 62 soldado na guerra do iraque 63 chris burden shooting at a 747 jet airplane 64 imagem do comando “curvas” do photoshop
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65 gravura em metal realizada a partir de fotografia de um programa de auditório dos anos 80 (minha autoria) 66 diagrama retirado do livro de freud, O chiste e sua relação com o inconsciente (1905) 67 trecho de trabalho realizado a partir de fotografias de raio-x (minha autoria) 68 gravura em metal realizada a partir de fotografia de um programa de auditório dos anos 80 (minha autoria) + imagem de bug do photoshop 69 barra de pesquisa de site pornô 70 desenho a carvão (minha autoria) 71 propaganda man-from-mars radio hat (1949) + tinta branca 74 propaganda man-from-mars radio hat (1949) + tinta preta 75 trecho de propaganda do banco bradesco (anos 80) + tinta vermelha. 76 propaganda do cirurgião dentista w. t. g. morton, de boston, sobre o benefício de suas próteses para mulheres (1848) 77 scanner de bandeiras retiradas de jornal impresso 77 fotografia de um programa de televisão (minha autoria) 79 gravura em metal realizada a partir de fotografia de um programa de auditório dos anos 80 (minha autoria) 82 propaganda antitabagista de 2013 83 propaganda antitabagista de 2015 84 público na primeira bienal de sp 84 trecho de miniatura bizantina, o leito de salomão, rodeado por sessenta guerreiros de israel (1208) 85 trecho do trabalho on social grease, hans haacke (1975) 86 chris burden, trans-fixed (1974) 87 assalto a banco em porto de moz, no pará. reféns amarrados a carro (2015) 88 arquivo pessoal. crianças vestidas de anjo. 91 jogo basketball para atari (1978)
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