AS TR N MIA CENTRO PARA ENSINO E PESQUISA EM PEIRÓPOLIS
Caderno de projeto apresentado como parte do processo de desenvolvimento do Trabalho Final de Graduação, realizado durante o décimo período do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Uberaba, pelo aluno Pedro Henrique Campos, sob orientação da Profª. Drª. Varlete Aparecida Benevente.
BANCA AVALIADORA ORIENTADORA Drª Varlete Aparecida Benevente AVALIADOR 1 Me. Kauê Felipe Paiva AVALIADOR 2 Me. Marcel Alessandro Claro
RES Umo Este caderno tem por objetivo apresentar um projeto arquitetônico que materialize as necessidades de um “Centro de Ensino e Pesquisa em Astronomia”, possibilitado a partir de parcerias público-privadas e implantado na área de expansão urbana de Peirópolis, distrito de Uberaba–MG. O trabalho se desenvolve como parte do processo de finalização do curso de Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de Uberaba. Através de estudo bibliográfico o trabalho apresenta uma investigação de natureza histórica, cujo objetivo é levantar e estabelecer relações entre o desenvolvimento da astronomia com os espaços arquitetônicos a ela dedicados. Além de levantar e analisar projetos de arquitetura considerados exemplares, e construídos em diferentes momentos da história por meio de uma linha do tempo, o caderno aborda as problemáticas relacionadas à educação formal e não formal (ensino, pesquisa e popularização) desta ciência no panorama nacional e propõe uma solução arquitetônica como conclusão do processo de pesquisa. O projeto trabalha conceitos ambientais e procura fortalecer a economia do turismo científico atualmente existente em Peirópolis.
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SUM aRIo 1
APRESENTAÇÃO
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O caderno
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A Problemática
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INVESTIGAÇÃO TEÓRICA
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Linha do Tempo
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Histórico dos espaços dedicados à astronomia Espaços para ensino de astronomia no Brasil
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APROXIMAÇÕES
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ENSAIO
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Leitura
57
Diretrizes
27 29 31 33 35
Centro de estudos do universo Espaço para o conhecimento Observatório Astronômico Nacional - Chile CIENTEC - Parque da Ciência e Tecnologia IAG - USP
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Macrozoneamento
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Partido
67 68
Relação de Observatórios Brasileiros Relação de Planetários Brasileiros
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Necessidades
Proposta 01 Proposta 02 Proposta 03
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Referências
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Área de Intervenção
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Peirópolis
42 43 44
Recursos Naturais Recursos Antropomórficos Zoneamento - Plano Diretor
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Sensibilidade Ecológica
59 60 63
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INFORMAÇÕES ADICIONAIS Anexos
APRESENTAÇÃO
O CADERNO Este caderno objetiva apresentar um projeto arquitetônico para um “Centro de ensino e pesquisa em astronomia” e divide-se em 05 capítulos. O presente capítulo trata das considerações inicias ao caderno, apresentando um resumo do que será abordado em cada etapa do processo de construção do mesmo, bem como uma introdução à problemática que será abordada. INVESTIGAÇÃO TEÓRICA No capítulo segundo é elaborada uma investigação histórica e evolutiva da astronomia como precursora das concepções arquitetônicas, bem como seu reflexo no modo de agir do homem. Estruturada a
A PROBLEMÁTICA Os espaços culturais têm papel estruturador em uma sociedade, promovendo a aproximação direta entre os costumes, modo de vida, métodos construtivos e crenças entre a população e suas gerações. Deste modo, acredita-se que quanto mais equipamentos empenhados em estimular a cultura e quanto maior o acesso da população aos mesmos, maior será o interesse e os conhecimentos adquiridos e compartilhados pela sociedade. Portanto, a concepção de um objeto arquitetônico dedicado ao ensino e pesquisa da astronomia estrutura-se, neste trabalho, como ferramenta de aproximação direta entre a produção acadêmica (técnicacientífica) e a comunidade civil de maneira geral. Rodolfo Langhi e Roberto Nardi (2009) afirmam que a astronomia ainda aparece de maneira tímida nos veículos de divulgação formal, como televisão, jornal e revistas, deixando que as informações produzidas se restrinjam em grande parte aos
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partir de um panorama cronológico do repertório teórico através de uma linha do tempo iconográfica, que remonta desde as civilizações primitivas até a contemporaneidade. Com enfoque nas comunidades Ocidentais, será possível compreender como o Brasil se inseriu no debate astronômico mundial e como colabora à comunidade científica atual. Em sequência, com primazia aos espaços de ensino de astronomia no Brasil, traça-se um perfil dos equipamentos culturais envolvidos no processo de educação desta ciência, bem como se estruturam os seus vínculos institucionais, podendo-se conhecer de maneira integral como a astronomia tem sido disseminada nacionalmente.
próprios pesquisadores e entusiastas da área. Por isto: ‘‘[...] é um campo ainda fértil de trabalho, já que diferente dos conteúdos de disciplinas escolares, a astronomia possui grau altamente motivador e popularizável, uma vez que seu laboratório é natural e o céu está à disposição de todos’’. (LANGHI e NARDI, 2009, p.8-9, apud. MOORE, 1990)
Contudo, são as instituições de ensino e pesquisa superiores as que detêm maior responsabilidade em popularização e divulgação do tema, já que são elas as que possuem maior vínculo administrativo com os equipamentos de cunho educativo. Os autores, citados anteriormente, afirmam que o desinteresse da população acaba por levar a astronomia a percorrer o caminho das concepções mitológicas e espontâneas, mas que a insuficiência de instituições nacionais que atendam a demanda educacional em astronomia é fator considerável e, por isso, precisa-se estabelecer uma ação de interrelação dos interesses de observatórios, planetários, astrônomos amadores e universidades, a fim de
APROXIMAÇÕES O terceiro capítulo propõe uma aproximação do objeto arquitetônico e de seu local de implantação. Desenvolve-se sob os parâmetros teóricos de Aldo Rossi um plano de leituras projetuais, no qual os projetos analisados são identificados iconograficamente em função de sua implantação e situação; forma e volumetria; e distribuição das partes, podendo, deste modo, compreender as necessidades conjunturais dos espaços a serem projetados e elaborando, portanto, um programa de necessidades coerente ao equipamento. Em sequência, tendo compreendido a problemática da astronomia no Brasil, parte-se para o diagnóstico da área de implan-
contemplar a educação não formal como fomentadora do senso comum. “Em um mundo cada vez mais dominado pela informação, absorver conhecimentos relativos ao mundo da Ciência tornou-se um requisito fundamental para o exercício da cidadania [...] A educação não formal permite uma aprendizagem ativa, além de fornecer importantes saberes capazes de ampliar o universo cultural da população, permitindo, assim, a divulgação e popularização do conhecimento científico [...] As pessoas que frequentam atividades extraclasses são incentivadas a questionar, a solucionar dúvidas e a aprimorar seus conhecimentos”. (ELIAS, ARAÚJO e AMARAL, 2011, p.58 apud. VIGOTSKY, 1998 e CORRÊA, 2000)
Desta maneira, no propósito de idealizar um espaço em que a educação não formal seja viés de promoção de conhecimentos, inserir este objeto arquitetônico em uma localidade em que o interesse cultural e científico já esteja intrínseco na sociedade seria de grande potencialidade, e é deste modo que direciona-se os estudos de implantação a Peirópolis, um bairro rural do município de Uberaba-
tação, para tal, são desenvolvidos mapas-diagrama que sintetizam os condicionantes urbanísticos, morfológicos e físicos do entorno. Para análise do terreno é utilizado a metodologia de “estudo de vulnerabilidade ecológica” teorizada por Ian McHarg. ENSAIO O quarto capítulo constitui-se a partir das diretrizes de intervenção, do desenvolvimento do partido e do processo de evolução projetual.
MG, uma vez que é caracterizado pela presença marcante do Centro Cultural e Científico de Peirópolis (CCCP), amparado por dois equipamentos: o Museu do Dinossauro e o Centro de Pesquisas Paleontológicas Llewellyn Ivnor Price. O CCCP é uma instituição vinculada à Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) e à Secretaria Estadual da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais, que se dedica a pesquisar e promover o ensino das áreas relacionadas à paleontologia, já que a localidade é desde 2007 um sítio geológico nacional. Estes fatores mostram uma relevância no processo de implantação, uma vez que possibilita ao projeto a implementação de parceria socioeducativa entre os variados polos da pesquisa científica. Este trabalho objetiva, portanto, apresentar um projeto arquitetônico que contemple a área da ciência dedicada à astronomia, através de um equipamento que permita interdisciplinaridade entre especialistas, alunos e entusiastas, com um propósito comum: a disseminação do conhecimento.
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INVESTIGAÇÃO TeÓRICA
LINHA DO TEMPO O desenvolvimento teórico embasa-se nos conceitos da Astronomia Cultural, terminologia desenvolvida por Clive Ruggles e Stanislaw Iwaniszewski, e que aborda uma vertente da astronomia que estuda os preceitos históricos e culturais da relação que as civilizações primitivas possuíam com os céus. Este capítulo estrutura-se a partir da investigação histórica e evolutiva dos espaços que serviram de cenário para o desenvolvimento de atividades culturais e das relações sociais estabelecidas entre as populações e seus modos de vida, apresentados iconograficamente em forma de linha do tempo.
HISTÓRICO DOS ESPAÇOS DEDICADOS A ASTRONOMIA “A astronomia é, reconhecidamente, uma disciplina própria dos meios acadêmicos e científicos; ou do que se costuma chamar de ciência ocidental. Isso significa, histórica e epistemologicamente, que a astronomia, assim definida, identifica, classifica e analisa seus objetos de investigação tomando-os como objetos em si mesmos e, como tais, indiferentes às relações intrínsecas com sistemas culturais vigentes; de mais a mais, mesmo que não seja alheia à existência de sistemas culturais, a astronomia não incorpora os determinantes e as determinações histórico-culturais em suas teorias e métodos de investigação.” (LIMA, BARBOSA, CAMPOS [et al], 2013 - cap. 3, pag. 100)
Apesar de ser uma ciência absoluta, que investiga os objetos do cosmos por eles mesmos, a astronomia dota-se de um potencial curiosamente instigante para as áreas das ciências sociais aplicadas, uma vez que a relação céuterra tem sido por centenas de anos fator norteador para as civilizações globais, tanto para suas práticas sociais quanto culturais. A Astronomia Cultural, como afirmam Ruggles e Iwaniszewski, se refere aos saberes, teorias e práticas elaboradas por qualquer sociedade a respeito das relações céu-terra e, consequentemente, como isso reflete nas suas dinâmicas culturais e representações sobre o mundo, já que a maioria dos povos primitivos esclareciam suas indagações a respeito das fenomenologias naturais e contextualizavam sua forma de atuação sobre o mundo em função da relação, comumente remontada sob a perspectiva mitológica e religiosa de suas crenças. Desde que as teorias do Heliocentrismo foram consolidadas, pelo físico e astrônomo Galileu Galilei (15641642), o homem deixou de olhar a si como objeto dos caprichos dos Deuses e relativizou sua existência como
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algo além das crenças religiosas, passando a compreender que os céus poderiam dizer muito a respeito de sua evolução, bem como justificar e orientar a presença humana na Terra. A razão da existência, a partir de então, torna possível o entendimento do mundo conforme o depreendimento das disciplinas científicas. É importante estudar, portanto, a relação das comunidades primitivas com os conceitos da observação celeste para que possamos entender como suas tradições, dinâmicas culturais e concepções arquitetônicas evoluíram ao longo da história da humanidade. “Desde a pré-história o homem observou que havia variações de que os animais, as flores e os frutos mantinham relação com as estações do ano. Assim, ele começou a registrar os fenômenos celestes, principalmente os movimentos aparentes do Sol, da Lua e das constelações”. (AFONSO E NADAL, 2013 – pág. 53)
É notável que o conhecimento em astronomia dos povos primitivos tenha papel crucial na maneira como se organizavam política, econômica, social e religiosamente. Observando com cuidado a posição dos planetas e constelações as civilizações primitivas deram os primeiros passos rumo ao surgimento desta ciência: desenvolvendo calendários climáticos baseados nos ciclos do Sol e da Lua, por exemplo. Entretanto, para muitos desses povos a posição das estrelas revelavam, sobretudo, as vontades dos Deuses e, para tanto, alinhar sua comunidade às conformidades do céu era garantir que riqueza, plenitude e prosperidade fossem reservadas aos seus.
1250 a 1500 d.C.
2500 a.C.
3000 a.C. 300 a 100 a.C.
Em contrapartida à relação de causa e efeito dos 1 fenômenos estas civilizações atribuíam aos fenômenos naturais o encargo de ferramenta divina para punição dos homens, em detrimento a um possível desrespeito às suas leis. E é justamente a esta recorrente necessidade de compreender as estrelas, para que não fossem penalizados, que civilizações como mesopotâmios, babilônios, astecas e egípcios, dedicaram grande parte de seus esforços, de maneira que o maior vestígio desta teoria pode ser verificado no modo como erigiam seus objetos arquitetônicos (lares, templos e monumentos).
o mais antigo observatório astronômico do mundo (LOKYER, 1906). Passando pelos monólitos da Ilha dePáscoa, no Oceano Pacífico, até aos templos Astecas de Teotihuacan no México, edificados por volta de 300 a 100 a.C. na mais conhecida capital da Mesoamérica (LUJÁN, [200-]).
Segundo Petrie (1883) o maior dos monumentos já construídos pelo homem primitivo, as pirâmides da planície de Gizé, encontram-se alinhadas perfeitamente aos pontos cardeais e são o exímio reflexo da tríade de estrelas que compõem a constelação de Orionte (Mintaka, Alnitaka e Alnilan), conhecida popularmente como cinturão de Órion ou três Marias, mas que representava para os egípcios o Deus da morte, Osiris. Do mesmo modo que a constelação de Leão seria representada pela Esfinge e a Via Láctea pelo Rio Nilo (BAUVAL, 1980). Vestígios como este podem ser observados em todo o planeta, desde Stonehenge no Reino Unido, construído aproximadamente em 3000 a.C., e que acredita-se ser
1- Relação de causa e efeito dos fenômenos - Teoria desenvolvida por Galileu Galilei em 1630 e aprimorada por Isaac Newton em 1701, que conclui que todo evento é consequência de uma eventualidade anterior.
“Os Maias da Mesoamérica consideravam a medição do tempo uma parte crucial de suas vidas religiosas e sociais: quase todo astro celeste visível tinha uma deidade correspondente ou "Deus" associado a ela; Os movimentos do Sol, da Lua, dos planetas e constelações implicavam certas consequências nas preocupações cotidianas das pessoas. Além disso, era importante diferenciar uma estação de outra para determinar quando era o momento certo para a agricultura, caso contrário as pessoas simplesmente morreriam de fome. Assim, pode-se inferir que as observações astronômicas foram de grande importância para o sucesso da civilização maia: de sua teologia agrícola à manutenção do tempo, a prevalência de observações astronômicas e cosmológicas foi generalizada.” (CHANG CHI, PHUONG, [et al.], 2003 – pág.33 – Tradução Nossa)
1800 d.C.
1827 d.C.
1639 d.C.
Este estudo arqueoastronômico2 revela como a maioria dos edifícios dos povos mesoamericanos foram orientados para que os fenômenos astronômicos pudessem ser observados no horizonte, principalmente em função do movimento aparente do Sol, o que lhes conferiu inegável reconhecimento na técnica de observação celeste, sobretudo, pelo fato de terem introduzindo em seus objetos arquitetônicos primitivas técnicas de conforto luminoso, uma vez que a orientação solar de suas residências permitia a iluminação natural na parte da manhã, por exemplo. Uma técnica hoje amplamente difundida nas academias, como ferramenta de qualidade e conforto ambiental na área de construção civil. Os pré-colombianos: Incas, Maias e Astecas, podem ser considerados precursores da astronomia como ferramenta arquitetônica no oeste ocidental. E embora algumas das civilizações mesoamericanas tenham se extinguido sem deixar indícios de sua destinação, os vestígios arqueológicos deixados por eles ajudam a remontar a evolução histórica da astronomia no Ocidente. Ainda que as expedições exploratórias ao oeste ocidental fossem realizada através de técnicas rudimentares de orientação terrestre, por meio da medição de distâncias entre constelações e horizonte, o relato de alguns navegantes que chegaram ao ‘novo mundo’ diz respeito a civilizações de costumes primitivos e iletrados quanto seu meio ambiente e aos saberes cósmicos de contagem temporal, como relata Américo Vespúcio (1451-1512) ao visitar o Brasil colônia à época de seu descobrimento:
“Não sabem contar os dias, não sabem nem os meses nem os anos, exceto dividir o tempo por meses lunares. Quando querem indicar alguma coisa e o seu tempo, põem uma pedra para cada lua. Encontrei um homem dos mais velhos que me mostrou por sinais com pedras ter vivido 1.700 meses lunares, o que me parece serem 132 anos, contando treze meses lunares por ano”. (LIMA, BARBOSA, CAMPOS, [et al.], 2013 – cap.3, pág 106)
Ainda que dispostas algumas teorias, poucos são os vestígios de que os povos indígenas sul-americanos tenham, de alguma forma, entrado em contato com as civilizações mesoamericanas, principalmente pela análise dos relatos verificados à época da colonização europeia neste continente e, portanto, não dispunham dos mesmos conhecimentos técnicos de orientação através das estrelas e consequentemente de agricultura e arquitetura. E assim como Vespúcio, os demais viajantes que aqui chegaram, descreviam a população indígena somente segundo seus costumes, modo de vestir, morar, caçar e se alimentar, desconhecendo o modo como se orientavam segundo os ciclos lunares e a movimentação dos astros celestes (LIMA, BARBOSA, CAMPOS, [et al.], 2013). Ainda assim, no nordeste brasi-leiro do século XVII, imputado pela colonização holandesa, Claude d'Abbeville e Yves d'Évreux dedicaram-se a diagnosticar os costumes astronômicos dos Tupinambás maranhenses, trabalho traduzido na obra “Histoire de la mission des pères capucins en l'isle de
2- Arqueoastronomia é a disciplina que estuda os conhecimentos astronômicos legados pelas culturas pré-históricas (ágrafas), através de vestígios duradouros como a arte rupestre e os monumentos de rochas e por povos antigos, capazes de elaborar textos escritos, tais como os mesopotâmios, os egípcios, os gregos e os maias. (AFONSO E NADAL, 2013 – pág. 53)
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Marignan et terres circonvoisines où est traicté des singularitez admirables & des moeurs merveilleuses des indiens habitans de ce pais” de 1614, no qual comprovaram como eles conheciam a maioria dos astros e estrelas do hemisfério sul, bem como dominavam a relação da Lua com as marés. Mas os saberes indígenas acerca dos céus surpreenderam ao se descobrir que esta tribo possuía, também, um calendário solar, que poderia diagnosticar, em função do movimento aparente do Sol e cronometrado num período de doze meses, se haveria vento e brisa ou se viria chuva. Stwphen C. McCluskey (2010), todavia, divide a astronomia ocidental em quatro tradições: Mundo Clássico; Astronomia Árabe e Islâmica; Astronomia Medieval e Astronomia Moderna. Não obstante, Waumans (2013) sugere que é durante a Renascença da Europa, período de transição entre a Astronomia Medieval e a Moderna, que a disseminação desta ciência bem como das instalações de apoio à sua pesquisa passaram a ser difundidas e, mesmo que de maneira moderada, apoiada por universidades, instituições privadas e/ou ordens religiosas. Mas somente na Segunda metade do século XVI é que se pode verificar o surgimento dos primeiros grandes observatórios voltados a estudos científicos no Ocidente (COTTE, FAUQUE E RUGGLES, 2010), sendo financiados pelos poderosos reinos europeus a fim de promover avanços nas técnicas de navegação transoceânica, localização geográfica e agrimensura. Contudo, segundo relatos de Matsuura (2010), a observação astronômica com fins científicos no Brasil, iniciou-se concomitantemente ao período de dominação holandesa no nordeste do país, uma vez que o responsável pela administração desta colônia, o conde Maurício de Nassau (1604-1679), tenha trazido consigo uma equipe de entusiastas,
1900 a 1945 d.C.
artistas, astrônomos e botânicos sob sua custódia, dandolhes infraestrutura para que suas respectivas atividades científicas pudessem ser desenvolvidas. E portanto, em 1639, o astrônomo alemão Jorge Marcgrave inaugurou sobre o telhado da residência do conde Nasssau o primeiro observatório astronômico brasileiro, onde atualmente encontra-se a cidade de Recife. Os levantamentos histórico de Waumans evidenciam que somente três séculos mais tarde, por volta de 1800, é que uma rede definitiva de estudos aplicados à astronomia pode ser verificada no Ocidente, dada principalmente pela introdução de novos equipamentos, como os telescópios 3 refletores , bem como de elementos integrantes da arquitetura dos observatórios, como as icônicas cúpulas abobadadas. No Brasil, demorou-se ainda cerca de duzentos anos até que um segundo observatório fosse então edificado: Idealizado em 1827, o Instituto Observatório Nacional do Rio de Janeiro, segundo Rodrigues (2012), foi um marco para institucionalizar e cultivar o amplo conjunto de conhecimentos das ciências da natureza na América Latina do século XIX, e inspirou um novo ideal de cultura para o continente. Todavia, já no século seguinte, a astronomia mundial experimentou um enorme decrescimento na construção de edifícios para este fim, uma vez que florescidas as guerras mundiais, como evidencia Gomes (2015), os investimentos para as áreas da ciência foram substituídos pelo investimento na indústria bélica. Mas ainda assim, a astronomia não deixou de desfrutar dos avanços da Era Tecnológica4, já que a engenharia das câmeras fotográficas, das disposições aplicadas às ondas de rádio e tv, bem como dos
3- Telescópio refletor é um telescópio óptico que usa uma combinação de espelhos curvos e planos para refletir a luz e formar uma imagem sem distorção cromática. 4- “A Era Tecnológica se inicia por volta do século XX, quando o primeiro balão entrou em voo em Paris, na França, no ano de 1900, mas ganha muita força a partir da década de 70.” (SOUZA, Clara Elis Mendes deRevolução Tecnológica e o Desenvolvimento da Astronomia, 2016 – pag. 01).
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1961 d.C.
1990 d.C.
avanços no aeromodelismo puderam contribuir, indiretamente, para que a corrida espacial durante a Guerra Fria fosse o momento máximo para a humanidade, enquanto exploradora dos fenômenos espaciais. “A corrida espacial produziu avanços tecnológicos incríveis. Em termos práticos, podemos dizer que ele foi responsável pelo desenvolvimento de satélites espaciais de telecomunicação, por exemplo, satélites de avaliação meteorológica, computadores, eletrônicos, plásticos, materiais sintéticos [...] nos deixou uma herança tecnológica muito rica. [...] em termos de astronomia, a chegada do homem à Lua foi importante porque permitiu acesso às amostras do solo lunar e análise destas amostras em laboratório”. (SOUZA apud. NAELTON, 2000, p. 34)
Em decorrência dessa disputa indireta em dominar os céus, travada entre Estados Unidos e União Soviética, muito do que se conhece hoje em termos de eletrônica e informática, bem como do desenvolvimento de novas materialidades puderam ser exploradas. Desde então os processos de industrialização serviram de sustentáculo para o desenvolvimento da comunidade científica mundial, uma vez que as fronteiras para a expansão humana haviam sido submetidas à magnitude dos limites do universo.
A inserção de novas técnicas e tecnologias, bem como da criação de cursos universitários dedicados à compreensão das novas ciências, proporcionaram ao mundo a modernidade de conceber veículos não tripulados (ônibus espaciais) que transportassem satélites até a órbita terrestre, e que 5 expedições tripuladas levassem o homem até a Lua, mas sobretudo, que a exploração espacial atingisse fronteiras nunca antes alcançadas, tampouco imaginadas por aqueles mesmo povos primitivos que outrora olhavam aos céus como resposta das manifestações religiosas de suas crenças. Em consequência, a noção do espaço arquitetônico, por natureza introspecto e seguro, pôde ser apresentado a novas dimensões das escalas do habitar, uma vez que agora o homem conhecia e dominava o espaço fora da órbita terrestre e, portanto, de massa, volume e sensorialmente diferentes dos até então conhecidos. Para a astronomia, o reflexo destes avanços correspondeu ao desenvolvimento de equipamentos mais potentes e mais precisos, e concomitantemente, mais complexos e de exigências técnicas especificas para manuseio, conforme Gomes (2015). As necessidades operacionais destes novos equipamentos fundamenta a iniciativa internacional de associar instituições e centros de pesquisa, para este fim, a UNESCO, em 2003, elaborou uma cartilha (figura 01) de orientação às nações – baseada nos textos da “Conferência Mundial sobre Ciência” e na “Declaração sobre Ciências e a
2003 d.C.
FIGURA 01 - Capa da cartilha: “A ciência para o século XXI: uma nova visão e uma base de ação– Brasília: UNESCO, ABIPTI, 2003. 72p.”
Utilização do Conhecimento Cientifico” publicados em Santo Domingo e Budapeste, respectivamente, em 1999 – em que discorre acerca da das capacidades humanas, físicas e financeiras de grupos de pesquisa, além de instruir o desenvolvimento próprio e homogêneo dessas capacidades, voltada principalmente para as áreas da Ciência e Tecnologia. O Brasil, contudo, se antecipa a esta cartilha e reaparece na escala astronômica mundial por volta de 1990, segundo Rodriges (2012), ao aderir aos consórcios Gemini e SOAR (Southern Astrophysical Research Telescop), instalados no deserto do Atacama - Chile, principalmente por que passa a compartilhar o tempo de uso de equipamentos de altíssima especificidade com outros países. Não obstante, na iniciativa de atrair incentivos fiscais, por meio do lançamento de satélites comerciais, a Força Aérea Brasileira edifica duas bases de lançamento nacionais, o CLBI (Centro de Lançamento da Barreira do Inferno) no Rio Grande do Norte, e o CLA (Centro de Lançamento de Alcântara) no Maranhão. Porém, este último, tornou-se foco de interesse exploratória do governo norte-americano, que em contrapartida à cartilha da UNESCO, propôs de maneira especulatória o aluguel da base para uso particular e autoritário. Esta iniciativa dos EUA se dá basicamente um função da peculiaridade geográfica da base de Alcântara, que localiza-se próxima ao equador da Terra, característica que atribuiu ao
processo de lançamento de foguetes um consumo de 30% a menos de combustível e que, na prática, significa poder investir menos recursos ou mandar para o espaço cargas mais pesadas, segundo dados divulgados pela revista Super Interessante em 2005. A proposta inicial, encabeçada entre 1995 e 2002, foi levada a debate, uma vez que a Base presenciou trágicas experiências com o lançamento da série de Satélites VSL1 (com explosão dos foguetes antes ou durante os lançamentos de 1997, 1999 e 2003), mas as impositivas sanções exigidas pelo governo americano foram tratadas como ‘crime de lesa-pátria’6. As negociações para um novo acordo, dessa vez mais flexível e menos prioritário, no entanto, foram retomadas em 2017, quando a tramitação do antigo texto prescreveu junto à Câmara dos Deputados, mas até então nada ficou acordado entre as partes. Atualmente o Brasil encontra-se inserido na organização intergovernamental de ciência e tecnologia ESO (European Southern Observatory), além de promover projetos nacionais em parceria com o ON (Observatório Nacional) e o MCTI (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação), buscando focar-se na concepção, cooperação e utilização de observatórios terrestres de ponta (GOMES, 2015), a fim de promover uma coerente corrente de popularização e produção de conhecimentos científicos.
5- A primeira missão espacial tripulada fez parte do programa russo de exploração espacial. A espaçonave Vostok I foi lançada em 12 de abril de 1961, levando o cosmonauta e piloto da Força Aérea Soviética, Yuri Garin, ao espaço. (MELO, Cristiano Fiorilo de; e WINTER, Othon Cabo. “A conquista do espaço: do Sputinik à Missão Centenário”, 2007, cap. 2, pag.42-43) 6- Segundo a Lei Federal Nº 7.170, de 14 de dezembro de 1983, o Crime de Lesa-Pátria constitui qualquer aliança política, traiçoeira, que cause prejuízos ao País, acabando com a Democracia, Soberania e Liberdade de seu povo, bem como efetuando desvios fraudulentos dos cofres públicos, impondo com isso um regime autoritário.
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ESPAÇOS PARA O ENSINO DE ASTRONOMIA NO BRASIL Desde a ocupação colonial até o tempo presente a astronomia tem gradualmente ganhado espaço nas disciplinas científicas no Brasil e mesmo com os esforços da comunidade acadêmica em compartilhar os conhecimentos adquiridos muito ainda fica restrito aos técnicos, pesquisadores e entusiastas da área. Temos visto um recente crescimento de instituições que se dedicam a praticá-la, como fazem museus, planetários e observatórios, entretanto, são as instituições de ensino superior as responsáveis por formar o maior contingente de aprendizes, já que são também as dirigentes e coordenadoras dos projetos de pesquisa e democratização de grande parte do conteúdo científico produzido. O ensino formal em astronomia no Ocidente retoma o surgimento das primeiras universidades da Itália, França, Espanha e Portugal, ainda nos séculos XI e XIII. No Brasil, as primeiras referências ao ensino desta ciência só datam o século XVI, período no qual as missões Jesuíticas percorreram o litoral da colônia portuguesa. Ainda assim, desenvolvida de maneira bem elementar como explicam Romanelli (1995) e Azevedo (1956), uma vez que os padres estavam envolvidos com 7 a Contrarreforma e desenvolviam abordagens educacionais mais dedicadas a atividades literárias do que pela ciência. José Adolfo S. de Campos (2013) admite, conquanto, que a existência de uma cadeira de astronomia em nível superior no Brasil só se deu a partir de 1757 quando a Faculdade de Matemática foi oferecida a estudantes pelo Colégio de Salvador, mas de maneira definitiva em 1808, com a vinda de D. João VI, que trouxe consigo a ARGM (Academia Real dos Guardas-Marinhas) e a ARM (Academia Real Militar) ao Rio de Janeiro, onde permaneceu sendo lecionada com exclusividade até 1874. Não obstante, autores que têm estudado a trajetória da astronomia como conteúdo escolar, afirmam que o primeiro curso formal de graduação do Brasil só foi criado de fato em 1958, pela extinta Universidade do Brasil, e que padeceu pela ausência de aulas práticas em observatórios. Segundo Rodolfo Langhi e Roberto Nardi (2009), na
década de 60 as instituições de ensino superior ainda lutavam em remodelar seu ensino após o banimento da astronomia e da cosmologia como disciplinas específicas, dada pela reforma política gerida pelo Estado Novo em 1942. Neste período a matéria era ministrada como disciplina optativa dos cursos de física, engenharia e matemática, e somente com as reformas da educação que se sucederam, é que os conceitos da astronomia passaram a ser introduzidos nos ensinos básicos, fazendo parte de disciplinas como ciência e geografia (no ensino fundamental) e de física (no ensino médio). Por isso, compreende-se que os ensinamentos da astronomia difundidos na sociedade ao longo dos anos, e do qual podemos enumerar hoje, devem parcialmente a cinco instâncias do ensino formal: ensino básico, graduação, pós-graduação, extensão (atuando no campo da pesquisa e ensino) e popularização, de forma que podem ser traduzidas em entidades cujas atividades de atuação se subcategorizam em: planetários, observatórios, associações e universidades. Mas como não existe um cadastro oficial das instituições que de fato operam trabalhos em astronomia no Brasil, localizálas torna-se uma tarefa de minúcia, expondo-se ainda à imprecisão, uma vez que o gerenciamento dos dados cadastrais das instituições não possuem um veículo formal para serem computados ou atualizados. Ainda assim, observa-se que a grande quantidade de equipamentos destinados ao apoio da astronomia tem se concentrado na região Sudeste, conforme observado no Mapa 01, já que é também a região que aglutina o maior potencial econômico e desenvolvimentista do país – fator de influência direta, uma vez que se há dinheiro há maiores possibilidades de se financiar a construção e a manutenção destes equipamentos. Somado a isto, considera-se a realidade de ser uma região em que o número de universidades e centros de pesquisa são elevados. Outro fator que contribui para o diagnóstico dos equipamentos de fomento à astronomia diz respeito à instância institucional a qual ele pertence, e em consequência, em que nível da educação formal ele contribui, uma
7- Contrarreforma foi um movimento surgido em 1545 em resposta à Reforma Protestante de Lutero, estabelecendo entre outra medidas, a retomada do Tribunal do Santo Oficio, a construção de seminários e universidades e a proibição de uma extensa relação de livros.
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MAPA E DIAGRAMA 01- Fonte: Pedro Campos
OBSERVATÓRIOS
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vez que seu investimento pode se originar em função do ensino básico, ensino superior, particular ou privado e governamental ou sem fim lucrativo, como indicam os diagramas 01 e 02.
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Em contrapartida, ao analisarmos outros tipos de equipamento, podemos afirmar que a relação de vínculo tem origem determinada basicamente pelo tipo de atividade exercida dentro de suas instalações, uma vez que os observatórios são praticamente laboratórios de pesquisa, que produzem dados técnicos, sua relação com instituições de ensino, seja ele básico ou superior, é imprescindível. Enquanto equipamentos que priorizam a explanação de dados obtidos, bem como elucidam didaticamente o conteúdo astronômico, tendem a traçar relações de vínculo com instituições governamentais ou filantrópicas, como é o caso dos planetários, ilustrado pelo diagrama 02.
PLANETÁRIOS
MAPA E DIAGRAMA 02- Fonte: Pedro Campos
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1 24
11 3
Em síntese, dos 59 observatórios astronômicos catalogados no Brasil, para esta obra (anexo 01), 39% estão de alguma forma relacionados ao ensino superior, em geral vinculados a programas de graduação e projetos de pesquisa, o que reafirma a tese de que o maior volume de produção científica nesta área é desenvolvida em universidades, sejam elas públicas ou privadas. Mas inegavelmente devemos ponderar que os observatórios associados às instituições particulares, bem como governamentais ou sem fins lucrativos possuem papel representativo de peso na escala quantitativa deste tipo de equipamento, já que somados correspondem a 49% do total.
Em síntese, percebe-se como a representatividade quantitativa dos planetários vinculados a órgãos públicos são dominantes no Brasil em relação aos que são administrados por instituições de ensino formal. Em tradução numérica, pode-se concluir que 61% dos 39 planetários catalogados (anexo 02) são coordenados por secretarias de cultura, turismo e educação de seus respectivos municípios, enquanto 31% são mantidos por instituições de ensino básico e/ou superior. Ensino Básico
Particular/ Privado
Ensino Superior
Governamental/ Sem fim lucrativo
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Em tradução numérica, pode-se concluir que 61% dos 39 planetários catalogados (anexo 02) são coordenados por secretarias de cultura, turismo e educação de seus respectivos municípios, enquanto 31% são mantidos por instituições de ensino básico e/ou superior. Por fim, diagnosticamos como existe de certo modo uma preocupante relação de distanciamento entre os equipamentos de fomento à astronomia, uma vez que passam a ser geridos por instituições distintas. E a circunstância agravante deste caso se dá justo ao fato de haver no tipo de vínculo institucional a contrariedade entre produção e divulgação científica, isto é, o fato de produzir, diagnosticar e sintetizar a informação não necessariamente está relacionado ao processo de divulgação e popularização da mesma. Questão que impulsiona a necessidade de que as instalações de fomento à astronomia no Brasil possam, de alguma maneira, criar uma ponte direta entre estes dois extremos. A exemplo, tomamos como referência a maneira como a comunidade amadora procura articular sua pesquisa científica aos astrônomos profissionais, uma vez que encontros nacionais são organizados paulatinamente a fim de divulgar e despertar o interesse público pela astronomia por meio da congregação entre pessoas e instituições, é o caso do ENAST (Encontro Nacional de Astronomia), EBEA (Encontro Brasileiro para o Ensino de Astronomia), o SNEF (Simpósio Nacional de Ensino de Física), o EPEF (Encontros de Pesquisa em Ensino de Física) e o ENPEC (Encontro Nacional de Pesquisa em Educação das Ciências), por exemplo, como enumeram Langhi e Nardi (2009). O que mostra a preocupação da sociedade amadora em desenvolver o interesse pela astronomia de maneira inclusiva.
desenvolver estudos em frente ao computador, os astrônomos amadores colaboradores8 se dedicam à observação direta do céu, com seus próprios telescópios, catalogando novos cometas, estrelas e supernovas, descobrindo e estudando asteróides, bem como monitorando estrelas variáveis e manchas solares (DYSON, PHILLIPS, ROMERO [et. al.] 1992-2007). Contudo, a organização espacial destes equipamentos também tem importante papel na promoção de atividades de pesquisa e ensino, uma vez que deve proporcionar, em termos de funcionalidade, ambiências destinadas às diversas camadas da concepção científica, desde a produção de material técnico, processamento e debate acadêmico, explanação e divulgação, bem como exposição e apoio operacional, a fim de contemplar todas as esferas do ensino formal e não formal. Em síntese, uma arquitetura que promova a interdisciplinaridade entre universidades, associações, observatórios e planetários, num objetivo comum: popularizar a astronomia. Neste âmbito, cabe-nos compreender como estes equipamentos têm se estabelecido no Brasil, em comparação com o mundo, para que, de maneira harmonizada e assertiva, os subsequentes e equivalentes equipamentos venham a ser um arquétipo deste equilíbrio.
Uma condição que colabora para a ideia de integração dos equipamentos de fomento à astronomia é justamente o fato dos clubes e associações de astrônomos amadores estarem vinculados ou instalados em instituições de ensino superior, já que enquanto os astrônomos profissionais se dedicam a segmentos específicos da astronomia, se ocupando por vezes em
10- Os Astrônomos amadores colaboradores são aqueles que se dedicam à observação celeste de maneira não hobbysta, e mesmo que sem certificação legal registrada colaboram à comunidade científica com a produção de imagens e fotografias próprias.
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APROXIMAÇÕES
LEITURA A compreensão dos espaços de ensino e pesquisa em astronomia já consolidados faz-se necessário para que a criação de um parâmetro comparativo das necessidades conjunturais de um “Centro de ensino e pesquisa em astronomia” possa ser elaborado. Deste modo, tomando conhecimento das disposições funcionais dos edifícios adotados como referências exemplares, prevê-se a elaboração do programa de necessidades, bem como das demandas dimensionais e técnicas dos espaços a serem projetados. Os projetos arquitetônicos analisados, considerados exemplares são: Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ
CEU (Centro de Estudos do Universo) - Brotas, SP Espaço para o Conhecimento - Belo Horizonte, MG OAN (Observatório Astronómico Nacional) - Cerro Calán, Chile Parque CienTec (Parque de Ciência e Tecnologia da USP) - São Paulo, SP IAG (Instituto Astronômico e Geofísico da USP) - São Paulo, SP
A metodologia adotada para compreender a configuração espacial e funcional destes equipamentos embasa-se nos conceitos de Aldo Rossi em “A Arquitetura da Cidade”, que caracteriza a arquitetura segundo a tipologia a qual representa, isto é, “a comodidade de qualquer edifício compreende três objetos principais, que são: 1. A situação; 2. A sua forma; 3. A distribuição das suas partes” (ROSSI, 1966). É neste sentido que pretende-se estruturar esta investigação, estabelecendo, portanto, uma relação comparativa entre os espaços identificados como relevantes ao projeto e como estes elementos são adotados em cada uma das referências analisadas através de uma representação iconográfica.
1. SITUAÇÃO/ IMPLANTAÇÃO É natural que os observatórios astronômicos sigam fatores de implantação específicos, uma vez que aspectos 1 meteorológicos (nebulosidade, ventos predominantes, temperatura, umidade e névoa), astronômicos1 (cintilação, extinção ou atenuação de imagens e brilho de fundo) 2 e de logística (estradas, energia elétrica e saneamento) são de notável relevância para seu desempenho. Constata-se que este tipo de equipamento comumente encontra-se em terrenos de elevada altimetria3, uma vez que fisicamente quanto menor a distância entre um objeto e seu observador maior é o grau de detalhamento da imagem observada. Além do fato de situar-se em locais de arborização densa4, já que a vegetação colabora com a redução dos efeitos da interferência luminosa.
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2. FORMA/ VOLUMETRIA Solução majoritariamente empreendida em observatórios, as cúpulas5 são a forma arquitetônica mais comum, já que é o resultado geométrico mais lógico para encapsular os telescópios. Esta solução arquitetônica permite que o telescópio tenha liberdade rotacional em dois eixos, favorecendo a leitura azimutal e horizontal do céu. As cúpulas são, de maneira unanime, também empregadas 6 em planetários , uma vez que a projeção da abóbada celeste nesta solução volumétrica é melhor representada devido a sua equivalência formal.
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3. DISTRIBUIÇÃO DAS PARTES As funções exercidas dentro de um observatório não são rígidas, uma vez que este equipamento pode ser implantado de forma isolada ou anexa a outro edifício. Waumans (2013), todavia, reconhece que o espaço dos observatórios ao longo das décadas sofreu algumas modificações relevantes: Em 1580 contava com sala e plataforma de observação7, armazenamento8 e alojamen9 10 11 to ; Em 1670, ganha espaços como galeria , laboratórios e terraços contemplativos; Em 1730 surgem os planetários e o 12 13 programa se amplia com biblioteca e escritórios ; Em 1815 14 15 ganha espaços para o ensino, com salas de aula , oficinas e sala de computação; Em 1870 a fotografia é incorporada às ferramentas técnicas e os edifícios são equipados, portanto, com salas de fotografia e câmara escura16; E nas décadas de 1950 a 1970 áreas para socialização foram incorporadas, como lounge e 17 copa , bem como sala de controle, área de carga e sala de informática18.
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Fonte: Fundação CEU
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CENTRO DE ESTUDOS DO UNIVERSO localiza-se na cidade de Brotas , interior de São Paulo, é uma fundação sem fins lucrativos inaugurada em 2001 e voltada à divulgação e ensino de Astronomia, Astronáutica, Geologia, Biologia e ciências afins.
Compõe o complexo Eco-Turistico de Brotas e situa-se em sítio geográfico com ausência de poluição química e luminosa Banheiros e loja de souvenirs 1 Telescópio fixo e coberto 4 Telescópios móveis para observação no terraço astronômico Planetário para 70 pessoas e caverna cenográfica com apresentação multimídia Salas para administração, oficinas e aulas expositivas
Fonte: Fundação CEU
Jardim educativo com uma réplica de Stonehenge, um esqueleto de Alossauro e a base Marcos Pontes para lançamento de protótipos de foguetes
1 Anfiteatro e 1 Teatro de arena Acesso pela BR-050
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Fonte: www.espacodoconhecimento.org.br
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Fonte: ArchDaily Brasil
ESPAÇO PARA O CONHECIMENTO localiza-se na cidade de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais. Implantado em 2010, como iniciativa do governo do estado de Minas Gerais em parceria com UFMG e projetado pela arquiteta Jô Vasconcelos, possui 2500m² de área construída.
Compõe o Circuito Cultural da Praça da Liberdade e integra o conjunto de edifícios tombados como patrimônio histórico
No térreo, semi-enterrado encontram-se bilheteria, loja e café, banheiros, copa, depósito e biblioteca
A fachada é revestida com uma pele de vidro não reflexivo, o que garante a redução da absorção de calor. É nesta pele, também, em que são feitas projeções que permitem a real interatividade entre o prédio e a população
Possui no Quinto Pavimento o terraço astronômico, com o teto retrátil para observação do céu Abriga o primeiro planetário fixo de MG, com capacidade para 80 pessoas e tela 360º Área técnica/Restrita Circulação Área pública/Acessivel
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Fonte: Diario LaTercera
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Fonte: OAN.CL
OBSERVATÓRIO ASTRONÔMICO NACIONAL - CERRO CALÁN Localiza-se no topo da colina Calán, no centro da comuna de Las Condes, Chile. Fundada em 1852 é atualment operada pelo Departamento de Astronomia da Faculdade de Ciências Físicas e Matemáticas (FCFM) da Universidade do Chile
É a instituição dedicada ao tema mais antiga da América Latina, rica em equipamentos de observação celeste Possui telescópios e abóbadas históricas, espalhadas pelo jardim do complexo, que também conta com um edifício suporte a alunos e professores No subsolo, semi enterrado, há 1 laboratório de ondas milimétricas, 1 oficina mecânica, sala de informática e laboratório fotográfico No primeiro pavimento, há 2 bibliotecas e 1 auditório
No segundo pavimento encontramos 1 galeria, 1 auditório, sala de reuniões e 1 sala de impressão Em todos os pavimentos pode-se encontrar salas de aula, bem como escritórios e sanitários Áreas de uso comum Circulação Áreas restritas/Ocinas
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Fonte: Marcos Santos/USP Imagens
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CIENTEC - PARQUE DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA O Parque CienTec foi criado em 2001 em parceria com a PRCEU-USP (Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da Universidade de São Paulo) e está localizado na porção sul da cidade de São Paulo, dentro do Parque Estadual Fontes do Ipiranga (PEFI). Ocupa um total de 141 hectares de um total de 545 de Mata Atlântica nativa e preservada, margeada pela Rodovia dos Imigrantes.
Localizado em terreno elevado o complexo conta com um conjunto de edifícios de valor histórico edificados por volta de 1930 para atender ao antigo Observatório de São Paulo O complexo possui várias galerias para exposições fixas e temporárias, auditório, cafeteria, estação meteorológica, laboratório de microbiologia, bem como jardim educativo com instalações ao ar livre nas áreas de Astronomia, Geofísica, Física e Matemática Possui ainda uma praça de eventos, caverna digital, planetário e um conjunto de edifícios cúpula com telescópios e lunetas antigos e novos para observação espacial O CienTec fornece espaço de apoio para trabalhos de pesquisa e produção científica, com salas de computação. Possuindo ainda escritórios de apoio operacional e estacionamento para visitantes
Edifício Históricos Edifícios Novos Parque Zoológico Mata Atlântica Lago Ipiranga Circulação
Fonte: MANTOVANI, Marta; GLEZER, Raquel; MASSABKI, Paulo. ‘Preserve and protect in a science museum’ (2013) - pag.67
34 Fonte: ArchDaily Brasil
Fonte: iag.usp.br
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IAG - USP Oficializado como Unidade da Universidade de São Paulo em l972, o até então Instituto Astronômico e Geofísico (IAG) passa a ser constituído pelos Departamentos de Astronomia, Geofísica e Meteorologia recebendo então o nome Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas em 2001. Também o integra: a Estação Meteorológica, localizada no Parque CienTec, e o Observatório Abrahão de Moraes, na cidade de Valinhos.
Os departamentos contam com uma grande estrutura computacional de rede sem fio, alimentada pelo Cluster de 2034 processadores do Laboratório de Astroinformática
Fonte: iag.usp.br
O laboratório de observação remota possibilita o uso de equipamentos (telescópios) a longa distância através de consórcios internacionais, colaborando para as pesquisas desenvolvidas em sala de aula e em escritórios para pósgraduandos A biblioteca do IAG dispõe de mais de 20 mil livros e periódicos especializados, mais de 6 mil mapas e ainda diversos periódicos eletrônicos.
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NECESSIDADES A partir da compreensão de como se configuram os espaços dedicados ao ensino e pesquisa da astronomia, elabora-se aqui um plano completo do programa de necessidades exigido para que este equipamento possa ser idealizado e traduzido em representação gráfica como projeto arquitetônico. Deste modo, as atividades se distribuem em três níveis distintos de acessibilidade, a saber: Ÿ Acesso controlado - Ambientes do qual é preciso registro de acesso ou acompanhamento por profissional competente Ÿ Acesso Livre - Ambientes de uso comum, irrestritas ao público Ÿ Acesso Restrito - Ambientes cujo acesso é permitido somente a pessoas previamente autorizadas ou identificadas
ACESSO CONTROLADO Observatório Salas de aula Biblioteca
ACESSO RESTRITO Alojamento Oficina Acervo/Depósito Escritórios Laboratórios
ACESSO LIVRE Plataforma de Observação Jardim Educativo Galeira/Exposição Planetário Auditório Lanchonete
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A partir da delimitação primária do programa, definido através dos níveis de acessibilidade, diagnosticou-se a necessidade do detalhamento dos ambientes para o projeto, relacionando-os inclusive quanto à interdependência entre eles. Deste modo foi desenvolvido um organograma que procura elucidar essas relação de vínculo, tendo ainda como referência os projetos arquitetônicos anteriormente analisados neste capítulo. Em sequência, munindo-se da mesma representação iconográfica utilizada para a análise dos projetos considerados exemplares, constrói-se, por fim, uma listagem quantitativa dos espaços exigidos ao projeto, que foram setorizados em cinco grupos em função do grau de relação entre os espaços.
SUPORTE ACADÊMICO
PRAÇA EDUCATIVA
Biblioteca Auditório 6 Salas de Aula 2 Laboratórios de Astrobiologia (química/biologia e física/elétrica) 15 Escritórios duplos 10 Escritórios triplos Banheiros Estação Sismográfica Estação Meteorológica Estação de lançamento 4 Observatórios (sala telescópio e sala de monitoramento)
Planetário Skyspace Laboratório cartografia estelar Galeria (acervo) Acervo Técnico Banheiros Terraço astronômico Lanchonete
OPERACIONAL
ALOJAMENTO 30 Suítes para Professores 100 Quartos duplos para Alunos Banheiro comunitário para Alunos 5 Quartos individuais para Funcionários Vestiário e Copa para Funcionários
Observatórios
Oficina (mecânica e elétrica) Laboratório de restauro de equipamentos Laboratório de óptica Doca (carga e descarga) Almoxarifado Geral Patrimônio Técnico Geral Posto Médico Posto Policial Expurgo
Sala Escura (fotografia) Sala Pró-aluno Sala Professores Sala Astrônomos Amadores Gráfica
Posto Policial Posto Médico Almoxarifado Geral Patrimônio Técnico Geral
LABORATÓRIOS/ADMINISTRAÇÃO Estação de observação remota Laboratório de informática (Cluster) Sala Professores (Copa e DML) Sala Associação Astrônomos Amadores Sala Pró-aluno Sala Escura (Fotografia) Gráfica Administração Departamento Astronomia Arquivo Astronomia Patrimônio Técnico Astronomia Administração Departamento Geofísica Patrimônio Técnico Geofísica Administração Departamento Ciências Atmosféricas Banheiros
Estação de Observação Remota Adm. Depart. Astronomia Adm. Depart.Geofísica Adm. Depart. Ciências Atmosféricas
Laboratório de Informática (CLUSTER)
Estação de Lançamento Estação Meteorológica
Estação Sismográfica
Oficina Lab. de Restauro Lab. de Óptica
Terraço Astronômico
Galeria Escritórios Salas de aula
Praça Educativa Biblioteca Auditório
Planetário Skyspace Lab. Cartografia estelar
Alojamento Ala dos Alunos Ala dos Professores Banheiros/ vestiários Ala dos Funcionários
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ÁREA DE INTERVENÇÃO O processo de escolha do local acompanha os entendimentos decorridos da investigação teórica apresentada anteriormente neste caderno, compreendendo as potencialidades e fragilidades dos equipamentos e localidades nacionais em que o ensino e a pesquisa da astronomia são desenvolvidos. Em seguida o trabalho apresenta as etapas de análises e levantamentos das possibilidades físicas, sociais, morfológicas e culturais do projeto arquitetônico em questão, através da exploração de peças gráficas e fotografias. Processo elaborado no intuito de desenvolver um plano de ações e direcionar as propostas projetuais.
Cumprindo a premissa de idealizar um objeto arquitetônico capaz de estruturar as necessidades de um “Centro de ensino e pesquisa em astronomia”, e compreendendo que equipamentos desse porte no Brasil e no mundo seguem uma lógica racional de parceria com instituições formais de ensino, a cidade de Uberaba foi escolhida como sede deste projeto, principalmente por abrigar seis universidades (UFTM, UNIUBE, FAZU, CESUBE, UFCETM, FACTHUS), quatro unidades de curso técnico (IFTM, SESC, SENAI, EFOPMG), além de diversas Escolas em ensino básico, fundamental, médio e cursinhos preparatórios, bem como instituições profissionalizantes. Permitindo, deste modo, associações entre público e privado a fim de angariar fundos e meios administrativos para que este equipamento mantenha-se em operação. Uberaba, situa-se em um importante sítio geográfico nacional, uma vez que é ponto de intersecção entre as principais vias de tráfego terrestre do interior brasileiro, como observa-se nos Mapas 03 e 04, entrecortado pela BR-262 e BR-050 que conectam à capital mineira (Belo Horizonte), à Goiânia-GO, Brasília-DF e Ribeirão Preto-SP. A cidade ainda conta com um aeroporto de pequeno porte, o que mais uma vez indica sinal positivo para implantação deste projeto, uma vez que o município possui fácil acesso. Contudo, a compreensão de que condições meteorológicas e astronômicas poderiam tornar-se fatores de contratempo, tendo em vista que sua área urbana
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encontra-se densa e urbanizada, a possibilidade de deslocar este equipamento para os bairros periféricos, bem como para os distritos que compõem a microrregião, tornou-se plausível, de modo que o sítio escolhido poderia passar a receber outros estímulos sociais eculturais como ferramenta de despolarização da cidade de Uberaba e como fomento de um desenvolvimento urbano estratégico. A mais objetiva opção indica Peirópolis, portanto, como instrumento de investimento e implantação deste equipamento, conclusão obtida por uma série de fatores: Primeiramente por encontra-se afastada a aproximadamente 25 Km a Leste do centro de Uberaba, uma distância considera mínima, mas confortável para a observação celeste noturna, sem que haja interferência direta das luzes da cidade e de poluição química do ar. Em seguida porque programas de incentivo cultural já fazem parte do cronograma de investimentos da Prefeitura de Uberaba para o Bairro, uma vez que seu conjunto arquitetônico é tombado a nível municipal como parte integrante do Patrimônio Histórico e Artístico da cidade (segundo decreto nº2544/2000). Mas a circunstância determinante deve-se ao fato de o então bairro rural Uberabense ser, hoje, um importante centro de pesquisa e divulgação da Paleontologia brasileira e internacional, já que possui um dos sítios arqueológicos mais ricos da América Latina em fósseis de dinossauros. Ocasião que lhe confere algumas
MAPA 03- Fonte: Google Earth PRO, adaptado por Pedro Campos
lmg-798
br-050
br-262 br-262
Peirópolis
Uberaba br-262
mg-427
br-050
instalações de cunho cultural e de apoio acadêmicocientífico aos pesquisadores, materializados pelo Complexo Cultural e Científico de Peirópolis (CCCP) que compreende o Museu do Dinossauro e o Centro de Pesquisas Paleontológicas Llewellyn Ivnor Price. Tanto o Museu, quanto o Cento de Pesquisas são abertos à visitação, possuindo acervo fixo de réplicas em tamanho real de animais pré-históricos e fósseis preservados dos mesmos, atrações que rendem a Peirópolis o título de polo turístico da região, no qual muitas escolas de ensino básico e fundamental apoiam suas atividades didáticas extra-classe. Quesito, este, considerado primordial para o desenvolvimento de estratégias de popularização das ciências. O CCCP foi constituído em 2010 a partir do incentivo mútuo entre Prefeitura de Uberaba e a extinta Rede Nacional de Paleontologia da Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais. No entanto, é atualmente financiada e mantida pela
UFTM (Universidade Federal do Triângulo Mineiro) e vinculado à PROEXT (Pró-Reitoria de Extensão Universitária). O complexo, por apoiar diversas pesquisas do país e do mundo, recebe recursos para o financiamento dos projetos das mais conceituadas agências de fomento a pesquisas nacionais, como FAPEMIG, FINEP e CNPq. Fatores que contribuem de maneira direta na escolha do sítio, pois apresenta-se como alternativa extremamente viável à implantação do então Centro de Ensino e Pesquisa em Astronomia como parte integrante deste complexo de fomento à ciência e à cultura no país. Reafirmando, portanto, o que LANGHI e NARDI (2009) discutem: a necessidade de vínculo com instituições de ensino superior tornam-se eminentes uma vez que este canal é um facilitador prático para o financiamento dos projetos de incentivo à produção acadêmica-científica possivelmente exequíveis dentro deste novo objeto proposto, mas não abstendo-se de correlacionar as demais áreas do saber científico.
BELO HORIZONTE
BRASÍLIA
GOIÂNIA
PEIRÓPOLIS UBERABA RIBEIRÃO PRETO
MAPA 04- Fonte: Google Earth PRO, adaptado por Pedro Campos
PEIRÓPOLIS Desde o nascimento de Uberaba a região das Paineiras, como era conhecida, foi basicamente ocupada por fazendas de cultivo de arroz e café. Somente no final do século XIX, quando a Linha do Catalão, da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, instalou a estação Cambará no local é que o surgimento do bairro teve início. A pequena estação, hoje ocupada pelo Museu dos Dinossauros, ficava no trecho entre as cidades de Conquista e Uberaba. A ferrovia ganhou importância econômica ao transportar cal ao estado de São Paulo, produto que possibilitou o desenvolvimento econômico da região, graças ao espírito empreendedor de Federico Peiró, um imigrante espanhol que fundou no local duas fábricas para a extração do calcário, empregando cerca de 150 operários, segundo o Arquivo Público de Uberaba. Em 1889 a plataforma da estação foi ampliada e um armazém foi construído para armazenar as mercadorias, uma vez que tornara-se importante centro de movimentação de produtos e pessoas. Federico Peiró faleceu em 1915 e foi em sua homenagem póstuma que em 1º de Abril de 1924 o então arraial passa a ser chamado de Peirópolis. A Linha do Catalão foi desativada em 1976, o que fez muitos habitantes migrarem dali, contudo, Peirópolis já havia adquirido nova importância econômica na década de 1940 devido às descobertas de fósseis de animais pré-históricos em seu solo. Foi no entorno da estação Mangabeira, durante a retificação de um trecho da ferrovia, que foram encontrados os primeiros fósseis. A partir de então o paleontólogo Llewellyn Ivor Price, da Divisão de Geologia e Mineração do Rio de Janeiro, dedicou-se às escavações e estudo dos fósseis de dinossauros, entretanto as pesquisas foram interrompidas com seu falecimento em 1980. “O Sítio Paleontológico Peirópolis apresenta uma das mais ricas faunas de vertebrados e invertebrados do Cretáceo Superior brasileiro. Os depósitos fossilíferos estão contextualizados na Formação Marília (Bacia Bauru), abrangendo uma ampla área geográfica do município de Uberaba-MG [...] Para dar continuidade aos trabalhos de investigação científica executados por Llewellyn Price entre as décadas de 1940 a 1970, a Prefeitura de Uberaba iniciou em 2001 a implantação do Centro de Pesquisas Paleontológicas Llewellyn Ivor Price. Sediado à 25 Km de Uberaba-MG, suas instalações ocupam a antiga estação ferroviária, restaurada para abrigar alojamento de pesquisadores, laboratórios, reserva técnica, administração e ainda o Museu Paleontológico, mais conhecido como Museu dos Dinossauros’’. (RIBEIRO e CARVALHO, 2007)
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FIGURA 02- Estação Ferroviária em 1980. Autor desconhecido
FIGURA 03- Estação Ferroviária em 2017. Acervo de Pedro Campos
FIGURA 04- Casarão de Federico Peiró no final do século XIX. Fonte: Toca dos Dinossauros
FIGURA 05- Casa de Federico Peiró restaurada, atual sede da Caso do Turista. Acervo de Pedro Campos
Peirópolis situa-se na bacia hidrográfica do Rio Uberaba, sendo este o principal curso d'água do município, no entantoo, é banhado pelo Ribeirão Veadinho e o Córrego São Pedro, com nascentes dentro de sua área urbanizada. O Ribeirão Veadinho possui duas quedas d'água (cachoeira) em seu percurso, o que o torna grande atrativo eco-turístico da microrregião, a localidade ainda conta com dois lagos artificiais privados e uma pequena barragem para conter uma área de brejo em sua porção sudoeste. O fato de ser justamente um bairro rural, confere a Peirópolis uma característica peculiar, de baixíssimo adensamento e gabarito máximo de dois pavimentos, sem distinção de quadras e muita área livre disponível. Fator último, que permite-nos identificar a causalidade de ainda haverem vestígios de mata nativa virgem, mas também de muita área de pastagem e agricultura, uma vez que seu entorno é marcado pela presença de grandes propriedades rurais. Estas duas atividades agrárias, em conjunto com o comércio turístico são as principais fontes econômicas do bairro, que também se destaca na produção e comercialização artesanal de doces e compotas.
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PERÍMETRO DE TOMBAMENTO Pousada .1 Restaurante .2 Museu do Dinossauro .3 Casa do Turista .4 Cozinha Comunitária .5 Restaurante .6 Centro de Pesquisas Paleontológicas .7 Associação dos Amigos de Peirópolis .8
Institucionalmente Peirópolis conta com uma Escola Municipal e uma Unidade Básica de Saúde, deixando a cargo das demais edificações a hegemonia de residências sobre setores de comércio e serviços. Atualmente sua vias são predominantemente sem pavimentação, de modo que somente aquelas que tangem o perímetro de tombamento possuem tratamento de piso: asfaltadas ou pavimentadas com cantaria de tapiocanga ou pedra rosa. No entanto, segundo a Lei Comple-mentar 186/ 2000 com revisão em 2016, que regulamenta a zona de expansão para Peirópolis, existe a proposta de se pavimentar com revestimento asfáltico todas as principais vias do bairro, criando ainda mais dois acessos pela BR-262, além de destinar uma faixa exclusiva para o tráfego de bicicletas no entorno do perímetro de tombamento.
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Em discernimento à Lei complementar anteriormente citada, alguns trechos colaboram para o embasamento da escolha da gleba de implantação, bem como do direcionamento das propostas de intervenção, uma vez que estabelece diretrizes para ações e políticas de desenvolvimento sustentável e preservação, como: “evitar processos de adensamento e expansão [...] que comprometam a oferta de infraestrutura urbana e de equipamentos sociais e a qualidade de vida da população local”; além de orientar que se promovam “programas para preservação ambiental e projetos turísticos para as áreas onde existem cachoeiras” e “incentivar o desenvolvimento de projetos de educação e cultura, pesquisa e tecnologia, através de parcerias e convênios com universidades e instituições afins”. Para áreas de sensibilidade ecológica, prevê-se o estabelecimento de “Áreas de Preservação Ambiental e Lazer (APAL), das quais considera faixas ‘non aedificandi’ aquelas situadas ao longo de nascentes, lagoas, reservatórios naturais e cursos d'água”. A legislação ainda contempla parte do trajeto da ferrovia, compreendido entre Uberaba e Peirópolis, que encontra-se desativada, mas por ser propriedade da união é também considerada área ‘non aedificandi’, de modo que possa ser reativada com fins de transporte de passageiro e integrar linhas de turismo.
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SENSIBILIDADE ECOLÓGICA Para a compreensão das particularidades geográficas, físicas e morfológias da área de intervenção é adotado o processo de diagnóstico de sensibilidade ecológica, metodologia desenvolvida pelo arquiteto americano Ian McHarg e possibilita que arquitetos, paisagistas e urbanistas possam avaliar em escala macro as informações de um determinado local, quanto a seus recursos naturais, visuais e culturais, para então traçar planos de ocupação ecologicamente responsáveis.
“O método de McHarg, de 1969, conhecido por análise da apropriação do uso do solo urbano (suitability analysis), baseia-se na formulação de um inventário ecológico de uma determinada região, de maneira a se obter dados e informações importantes ao planejamento ecológico que considera os processos naturais. Para isto, são criados diversos mapas temáticos transparentes – overlays (vegetação, recursos hídricos, altimetria, geomorfologia, podologia, geotécnico, vida selvagem e urbanização), onde são atribuídos diversos níveis de valores às áreas com diferentes índices de sensibilidade ecológica, que ao serem sobrepostas, estas informações, por meio de transparências, é possível identificar as áreas apropriadas aos diferentes usos, isto é, áreas incompatíveis ou vulneráveis e as áreas compatíveis ao uso do solo pela comunidade. Com isto, é possível traçar adequadamente um mapa de apropriação do solo urbano (suitability map). Esta metodologia pode ser aplicada no mosaico das paisagens, isto é, em áreas urbanas, rurais, florestais e desérticas.” (PIPPI e AFONSO, 2009)
McHarg estabelece que os níveis de sensibilidade sejam indicados pela graduação de um tom de cor, de forma que quanto mais escura maior será a sensibilidade ecológica. É, portanto, o valor ecológico o responsável por indicar as diretrizes de ocupação urbana, uma vez que quanto maior for seu valor, mais sensível à ocupação esta área está. Proporcionalmente, as áreas de moderada sensibilidade devem possuir restrições quanto à intervenção, já as de baixo valor ecológico, por serem menos sensíveis ecologicamente, são as mais indicadas para serem ocupadas.
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LEGENDA GERAL LAYER 01 - Cobertura Vegetal Alta Sensibilidade - Matas ciliares e área de APP Média sensibilidade - Matas residuais Baixa sensibilidade - Gramínea/ pastagem
LAYER 02 - Hidrografia Alta Sensibilidade - Leito dos córregos e lago Média sensibilidade - Margem de 30m a partir das bordas dos córregos e lago e 100m de raio no entorno das cachoeiras Baixa sensibilidade
LAYER 03 - Topografia Para curvas de nível de 10 em 10 metros Alta Sensibilidade - declividade acima de 20% Média sensibilidade - declividade entre 10 e 20% Baixa sensibilidade - declividade inferior a 10%
LAYER 04 - Drenagem Para curvas de nível de 1 em 1 metro Linha de cumeada Drenagem/ escoamento
OVERLAY - Mapa Síntese LAYER 05 - Recursos Antropomórficos Vias existentes Vias propostas (Plano Diretor) Ferrovia desmantelada Pré existências
LAYER 06 - Recursos Naturais Recurso Hídrico Mata ciliar/ APP Mata residual Gramínea/ pastagem
COBERTURA VEGETAL ESCALA: 1/750
LAYER 01 Alta Sensibilidade - Matas ciliares e área de APP Média sensibilidade - Matas residuais Baixa sensibilidade - Gramínea/ pastagem
46
HIDROGRAFIA ESCALA: 1/750
LAYER 02 Alta Sensibilidade - Matas ciliares e área de APP Média sensibilidade - Matas residuais Baixa sensibilidade - Gramínea/ pastagem
47
TOPOGRAFIA ESCALA: 1/750
LAYER 03 Alta Sensibilidade - Matas ciliares e área de APP Média sensibilidade - Matas residuais Baixa sensibilidade - Gramínea/ pastagem
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830
830
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840
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840
850
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840
800
800
DRENAGEM ESCALA: 1/750
810
820
830
840
850
LAYER 04 Para curvas de nÃvel de 1 em 1 metro Linha de cumeada Drenagem/ escoamento
49
830
830
840
840
840
810
820
850
830
840
850
850
840
800
800
MAPA SÍNTESE ESCALA: 1/750
810
820
830
840
850
OVERLAY Alta Sensibilidade - Matas ciliares e área de APP Média sensibilidade - Matas residuais Baixa sensibilidade - Gramínea/ pastagem
50
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RECURSOS ANTROPOMÓRFICOS ESCALA: 1/750
LAYER 05 Vias existentes Vias propostas (Plano Diretor) Ferrovia desmantelada Pré existências
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830
840
840
840
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800
800
RECURSOS NATURAIS ESCALA: 1/750
810
820
830
840
850
LAYER 06 Recurso Hídrico Mata ciliar/ APP Mata residual Gramínea/ pastagem
53
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ENSAIO
DIRETRIZES Diagnosticadas as potencialidades e fragilidades inicia-se o processo de projeto, com o desenvolvimento de propostas de intervenção para a área e direcionando um plano de ocupação para o entorno imediato, a fim de evitar que processos onerosos possam subtrair qualidade urbana ao projeto e à vizinhança, a longo prazo.
MACROZONEAMENTO Para o fim de ocupar a área de maneira responsável e respeitosa às fragilidades identificadas a partir do mapa síntese é desenvolvido a princípio um macrozoneamento e um plano de diretrizes de intervenção para a gleba. O zoneamento se dá em concordância à designação dos usos préestabelecidos pelo programa de necessidades, ou seja, segregado quanto à acessibilidade do público, uma vez que o espaço será destinado tanto a atividades de ensino e pesquisas acadêmicas, quanto de lazer e entretenimento. Desta forma ficam estabelecidas às zonas: ZONA 01 - Uso Comum (edifícios e equipamentos cujo acesso é livre ao público) ZONA 02 - Uso Controlado (edifícios e equipamentos cujo acesso exigem acompanhamento ou registro de controle) ZONA 03 - Uso Restrito (edifícios e equipamentos inacessíveis ao público)
Zona 01
Zona 02
Zona 03
Zona 01 - Uso Comum Zona 02 - Uso Controlado Zona 03 - Uso Restrito Parque Linear Área de Preservação Ambiental/Reflorestamento Vias Previstas pelo “Plano Diretor de Uberaba” Vias Propostas Ferrovia Desmantelas Rotatórias/Cul de Sac
ESCALA: 1/750
57
ÁREA DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL Diagnosticada, portanto, a forte fragilidade da mata ciliar no entorno do Ribeirão Veadinho e do Córrego São Pedro e que de maneira mínima é prevista sua preservação pelo Plano Diretor de Uberaba, optou-se por demarcar um perímetro destinado a uma Área de Preservação Ambiental (APA), propondo a transformação deste local de mata nativa, conjuntamente às cachoeiras, em uma reserva natural reflorestada. Proposta que afirma a intenção de estabelecer um circuito ecológico integrado. PARQUE LINEAR Em detrimento à manutenção da memória pela ferrovia, que remonta não somente o histórico de Peirópolis, mas de toda a economia da região de Uberaba, opta-se por mantê-la e restaurá-la, inserindo-a em um Parque Linear. O parque, por vezes, conecta-se com as vias de acesso às cachoeiras possibilitando a implementação de um circuito ecológico, de esportes e de lazer, o que também favorece a circulação dos pedestres e ciclistas entre os principais equipamentos pré-existentes do bairro rural ao novo complexo científico proposto. ACESSIBILIDADE Para as vias de acesso, são adotados parâmetros estabelecidos pelo Plano Diretor de Uberaba, com a inserção de trechos que transpõe os trilhos da ferrovia e permitam a circulação de veículos no interior da gleba de intervenção. Seu traçado é designado pela adequação respeitosa à topografia. Com vias que abrangem tanto o veículo pessoal, quanto o coletivo, bem como calçadas arborizadas para pedestres e ciclistas. ADENSAMENTO CONTROLADO Sabe-se que este será um equipamento de grande porte e que sua implantação acarreta em impactos diretos em seu entorno, hoje exclusivamente rural. Deste modo, a fim de garantir que a interferência sobre o solo não gere um super adensamento e uma verticalização descontrolada da área estabelece-se para este fim as regras estabelecidas pelo Plano Diretor de Uberaba, no qual fica conferido num raio de 500m a partir do limite do terreno, os parâmetros para a Zona Especial 4 - ZESP 4 - SETOR 03: Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ
Taxa de permeabilidade: 25% Número máximo de pavimentos: 2 Afastamento frontal e fundos: 10m Afastamento lateral: 5m Taxa de permeabilidade: 50%
58
PROPOSTA 01
FIGURA 05- Croqui da proposta inicial de ocupação
No intuito de projetar um edifício em que os ambientes exigidos pelo programa de necessidades pudessem ser integrados e conectados a partir da própria arquitetura idealizá-lo como uma fita única pareceu uma solução plausível a princípio, de forma que à medida em que fosse entrelaçada e retorcida os espaços cobertos, pisos e vedações pudessem ser vislumbrados .
FIGURA 06- Primeiro estudo volumétrico em papel
A adaptação do conceito empregado pelo “Ciclo ou Fita de Moebius” foi o partido adotado para esta proposta, tendo como principal referência o projeto do estúdio holandês Universe Architecture, a Landscape House. Um projeto idealizado para ser concebido a partir de uma impressora 3D em 2014, sendo descrito pelos arquitetos como uma arquitetura contínua: “uma superfície dobrada em que os pisos se transformarão em tetos, de dentro para fora”. Apesar de volumetricamente expressiva a proposta encaminhou por um debate no âmbito urbanístico, do qual concluiu-se que o modo de urbanizar empregado no projeto nada mais era do que uma réplica do que se aplica aos consolidados centros urbanos, sendo preciso rever este conceito, uma vez que o projeto se instala em uma área que é completamente rural.
FIGURA 08- Maquete eletrônica (Landscape House - Universe Architecture).
FIGURA 07- Maquete topográfica e implantação do primeiro estudo volumétrico no terreno
59
FIGURA 09- Estudo volumétrico em papel (Landscape House Universe Architecture).
PROPOSTA 02 Em busca de uma forma de ocupação urbana e implantação arquitetônica que de maneira integradas respeitassem o entorno rural, sem agredir a paisagem e causar grandes impactos diretos no terreno, as pesquisas se direcionaram para uma teoria da física que debate acerca de como um corpo (massa) interfere exponencialmente na existência de outro corpo, a chamada “Teoria do Caos”. Em resumo, a aplicação gráfica desta teoria se traduz em uma expressão formal que muito lembra o já referido “Ciclo de Moebius” e foi a partir desta expressão gráfica que a segunda proposta de ocupação se pautou, tanto na forma de urbanizar quanto na concepção arquitetônica.
Com a atual proposta as vias passam a ocupar o centro do lote, enquanto os volumes edificados as circundam e conectam-se ao entorno através das grandes lajes jardim que se estendem sobre a edificação. Essas lajes habitáveis, que por hora tocam o solo, criam uma ilusão de descolamento das curvas de nível, como se os volumes se escondessem sob o terreno, trazendo o verde do entorno para dentro do projeto e proporcionando a sensação de camuflagem na paisagem.
FIGURA 10- Esquemas derivados da representação gráfica da “Teoria do Caos” que resultaram na implantação do edifício
Para tanto, as demarcações do terreno foram redefinidas, uma vez que as vias propostas anteriormente criavam uma barreira física entre a mata nativa existente nas adjacências e o edifício, propriamente dito, já que emolduravam os limites do terreno e excluíam a ideia de conceber um objeto arquitetônico completamente integrado à paisagem do entorno.
FIGURA 11- Adequação e dimensionamento do terreno. SEM ESCALA
FIGURA 12- Traçado urbano (em laranja) e implantação do edifício (em azul). SEM ESCALA
FIGURA 13- Estudo volumétrico em maquete física da implantação do edifício.
PROPOSTA 02
FIGURA 14- Croqui da proposta projetual de ocupação
Sob as lajes o programa de necessidades é distribuído, ainda distinguido em função do grau de acessibilidade de cada equipamento (restrito, controlado ou livre), contudo, até então de maneira genérica e no âmbito do estudo de massas, isto é, sem dimensionamento real dos espaços.
FIGURA 17- Croqui do planetário
FIGURA 15- Esquema de distribuição do programa de necessidades sobre a planta baixa (em fase de estudo preliminar). SEM ESCALA
O SKYSPACE, equipamentos de cunho educativo, permite a observação do céu diurno, através da movimentação aparente do sol, que é refletido em suas paredes internas.
FIGURA 16- Skyspaces de James Turrell
61
FIGURA 18- Croqui do Laboratório de cartografia estelar
FIGURA 19- Croqui do Skyspace
O partido projetual, portanto, se pauta na ideia de apropriação do próprio ciclo da vida como viés estruturador da arquitetura, uma vez que metaforicamente à morte e vida dos elementos naturais o edifício acontece e “desacontece” em meio à paisagem, descartando todo conceito de limite pré-estabelecido e possibilitando-o ser mais percurso e menos obstáculo. Este princípio pôde ser estabelecido através das leituras projetuais de três principais referências: Ÿ O tratamento paisagístico para a Fundação Grace Farms, do escritório SANAA, projeto batizado como Rio por mimetizar a sinuosidade de um curso d’água, e que segundo os arquitetos tem como
objetivo tornar-se parte da paisagem, sem chamar a atenção para si mesmo. Ÿ O Centro de Visitantes do Jardim Botânico do Brooklyn, dos arquitetos Weiss e Manfredi, projeto que transita de arquitetura (ao nível da rua) para paisagismo (ao nível do Parque), através de um edifício sinuoso de vidro que se extende como jardim pela topografia. Ÿ E o Complexo Residencial de Hualien, do escritório BIG, um edifício constituído como uma "paisagem de faixas verdes”, semelhantes a montanhas. O projeto incorpora trajeto para caminhadas, espaços de contemplação e pontos de observação.
FIGURA 21- Fundação Grace Farms, escritório SANAA
FIGURA 22- Jardim Botânico do Brooklyn, arquitetos Weiss e Manfredi
FIGURA 20- Estudos volumétricos através de maquete eletrônica
FIGURA 23- Complexo Residencial de Hualien – BIG (Bjarke Ingels Group)
62
PROPOSTA 03 Soma-se à concepção volumétrica do complexo o conceito de “esgarçamento”, tal qual ocorre com a trama de um tecido ao ser tensionado, expondo os vazios e fissuras em meio aos fios, uma vez que os planos das lajes podem ser desmembrados e desnivelados de modo a proporcionar espaços que por hora são circulação e praças de convivência e outrora arquitetura.
FIGURA 26- Esquema de distribuição de parte do programa de necessidades sobre a planta baixa. SEM ESCALA
Ainda seguindo este partido tomou-se como referência projetual o Museu Memorial do Terremoto de Wenchuan (China), projetado pela equipe da Faculdade de Arquitetura da Universidade de Tongji, o qual assume a forma de uma paisagem rompida e/ou fissurada. Os grandes edifícios semienterrados são cobertos com telhados verdes, garantindo que o complexo adote uma presença discreta e ainda permita que as “lacunas sintéticas” no terreno funcionem como eixo de conexão entre a totalidade do sítio.
FIGURA 24- Estudos volumétricos em papel
FIGURA 25- Modelos em papel e maquetes físicas disponíveis em <br.pinterest.com>
63
Deste modo, o processo projetual do edifício percurso que se camufla à paisagem direcionou-se em mensurar os espaços exigidos pelo programa de necessidades, de modo que dimensões tangíveis e compatíveis às normas existentes pudessem se aplicar aos espaços.
FIGURA 27- Museu Memorial do Terremoto de Wenchuan Faculdade de Arquitetura da Universidade de Tongji
64
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
ANEXO 01 - RELAÇÃO DE OBSERVATÓRIOS BRASILEIROS Ÿ
VINCULADO A INSTITUIÇÃO DE ENSINO BÁSICO Obser vatório Astronômico do Colégio Christus Fortaleza/CE Ÿ Observatório Astronômico do Colégio Bagozzi - Curitiba/PR Ÿ Observatório Astronômico Prof. Dr. Leonel Moro – Colégio Estadual do Paraná -Curitiba/PR Ÿ Observatório Astronômico do Colégio Magno - São Paulo/SP Ÿ Observatório do Colégio Integral - Unidade Itatiba Itatiba/SP Ÿ Observatório Astronômico do Colégio I. L. Peretz - São Paulo/SP Ÿ Observatório Astronômico Herschel - Santos/SP
Ÿ
Ÿ
VINCULADO A INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR Observatório Astronômico Genival Leite Lima (OAGLL) Centro de Estudos e Pesquisas Aplicadas (CEPA) – Maceió/AL Ÿ Observatório Astronômico Antares – Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) - Feira de Santana/BA Ÿ Observatório Astronômico UESC – Universidade Estadual Santa Cruz (UESC) - Ilhéus/BA Ÿ Observatório Astronômico Otto de Alencar - Universidade Estadual do Ceará (UECE) –Fortaleza/CE Ÿ Observatório Astronômico da UFES – Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) - Vitória/ES Ÿ Observatório Astronômico da Serra da Piedade – Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) - Caeté/MG Ÿ Obser vatório Astronômico da Escola de Minas – Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) - Ouro Preto/MG Ÿ Observatório Astronômico da Universidade de Itaúna Universidade de Itaúna -Itaúna/MG Ÿ Observatório Astronômico Prof. Dr. Leonel Moro – Colégio Estadual do Paraná (CEP) - Campo Magro/PR Ÿ Observatório Astronômico Manoel Machuca – Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) - Ponta Grossa/PR Ÿ Observatório Astronômico da Torre Malakoff - Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) - Recife/PE Ÿ Observatório Astronômico da UFGRS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS) - Porto Alegre/RS Ÿ Observatório Astronômico do Morro de Santana Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS) - Porto Alegre/RS Ÿ Observatório da PUCRS – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) - Porto Alegre/RS Ÿ Observatório Astronômico Didático Capitão Parobé – Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA) - Porto Alegre/RS Ÿ Observatório do Valongo – Universidade do Rio de Janeiro (UFRJ) - Rio de Janeiro/RJ Ÿ
67
Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ
Observatório Abrahão de Moraes – Universidade de São Paulo (USP) - Valinhos/SP Observatório do Centro Integrado de Ciência e Cultura – Universidade Estadual Paulista (UNESP) - São José do Rio Preto/SP Observatório Astronômico do Centro de Divulgação Científica - Universidade de São Paulo (USP) - São Carlos/SP Observatório Astronômico Professor Mário Schenberg Universidade Estadual Paulista (UNESP) - Ilha Solteira/SP Observatório do Morro Azul - Faculdades de Limeira Limeira/SP Observatório de São Paulo - Parque de Ciência e Tecnologia da USP - São Paulo/SP Rádio Observatório de Itapetinga - USP, Unicamp, INPE, Mackenzie - Atibaia/SP
VINCULADO A INSTITUIÇÃO PRIVADA E/OU PARTICULAR Obser vatório Astronômico Aristarco de Samos Cariacica/ES Ÿ Observatório Astronômico Monoceros - Além Paraíba/MG Ÿ Observatório Astronômico de Uberlândia - Uberlândia/MG Ÿ Observatório Centauro - Cambuquira/MG Ÿ Observatório do Centro de Astronomia Ápex do Vale do Aço Ipatinga/MG Ÿ Observatório Municipal Áries - Poços de Caldas/MG Ÿ Observatório Oswaldo Nery - Belo Horizonte/MG Ÿ Observatório Lunar Vaz Tolentino - Belo Horizonte/MG Ÿ Observatório Nazaré - Conselheiro Lafaiete/MG Ÿ Observatório Astronômico da Piedade - Rio de Janeiro/RJ Ÿ Observatório Metropolitano do Rio de Janeiro - São Gonçalo/RJ Ÿ Observatório Astronômico de Brusque Tadeu Cristóvam Mikowski - Brusque/SC Ÿ Observatório Astronômico de Pedreira - Pedreira/SP Ÿ Observatório Astronômico Albert Einstein - São Paulo/SP Ÿ
VINCULADO A INSTITUIÇÃO GOVERNAMENTAL E/OU SEM FINS LUCRATIVOS Ÿ Rádio-Observatório Espacial do Nordeste – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) - Eusébio/CE Ÿ Laboratório Nacional de Astrofísica - Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) – Itajubá/MG Ÿ Observatório Casimiro Montenegro Filho – Itaipu Binacional - Foz do Iguaçu/PR Ÿ Observatório Astronômico da Sé – Espaço Ciência Olinda/PE Ÿ Observatório Nacional - Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) - Rio de Janeiro/RJ Ÿ Observatório Municipal Domingos Forlin - Videira/SC
ANEXO 02 - RELAÇÃO DE PLANETÁRIOS BRASILEIROS Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ
Observatório Astronômico do Centro Técnico Aeroespacial São José dos Campos/SP Observatório Astronômico de Piracicaba – Secretaria Municipal de Educação - Piracicaba/SP Observatório Astronômico Municipal de Diadema Secretaria Municipal de Educação - Diadema/SP Observatório Municipal de Americana - Secretaria Municipal de Educação - Americana/SP Observatório Municipal de Amparo - Secretaria Municipal de Educação - Amparo/SP Observatório Municipal Anwar Damha - Secretaria Municipal de Educação - Presidente Prudente/SP Observatório Municipal de Campinas Jean Nicolini Secretaria Municipal de Educação - Campinas/SP Rádio Observatório GEM - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) - Cachoeira Paulista/SP Observatório da Fundação CEU - Brotas/SP
QUANTIDADE TOTAL
ESTADO
ENSINO BÁSICO
ENSINO SUPERIOR
PARTICULAR OU PRIVADO
GOVERNAMENTAL OU SEM FINS LUCRATIVOS
01
Alagoas
00
01
00
00
02
Bahia
00
02
00
00
03
Ceará
01
01
00
01
02
Espírito Santo
00
01
01
00
12
Minas Gerais
00
03
08
01
05
Paraná
02
02
00
01
02
Pernambuco
00
01
00
01
04
Rio Grande do Sul
00
04
00
00
04
Rio de Janeiro
00
01
02
01
02
Santa Catarina
00
00
01
01
22
São Paulo
04
07
02
09
07
23
14
15
59
TABELA 01- Relação de Observatórios e sua distribuição por Estados. Fonte: Pedro Campos
VINCULADO A INSTITUIÇÃO DE ENSINO BÁSICO Planetário do Colégio Estadual do Paraná – Curitiba/PR
Ÿ
VINCULADO A INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR Planetário da UCS – Universidade Federal de Caxias do Sul (UCS) – Caxias do Sul/RS Ÿ Planetário da UFG – Universidade Federal de Goiás (UFG) – Goiânia/GO Ÿ Planetário da UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) – Florianópolis/SC Ÿ Planetário da UFSM – Universidade Federal de Santa Maria UFSM) – Santa Maria/RS Ÿ Planetário da UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Porto Alegre/RS Ÿ Planetário de Londrina – Universidade Estadual de Londrina – Londrina/PR Ÿ Planetário da Associação de Ensino Tatuiense (ASSETTA) – Faculdades associadas – Tatuí/SP Ÿ Planetário de Vitória – Universidade Federal do Espirito Santo (UFES) – Vitória/ES Ÿ Planetário do Observatório Astronômico Antares – Universidade Estadual de Feira de Santana – Feira de Santana/BA Ÿ Centro de Ciências e Planetário do Pará – Universidade do Estado do Pará (UEPA) – Belém/PA Ÿ Planetário do Espaço do Conhecimento UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais, Secretaria de Cultura Estado de Minas Gerais, TIM – Belo Horizonte/MG Ÿ
VINCULADO A INSTITUIÇÃO PRIVADA E/OU PARTICULAR Planetário da Cidade da Criança – São Bernardo do Campo/SP Ÿ Planetário do Museu Parque do Saber – Feira de Santana/BA Ÿ Planetário Rubens de Azevedo – Centro Dragão do Mar e Arte e Cultura – Fortaleza/CE Ÿ
VINCULADO A INSTITUIÇÃO GOVERNAMENTAL E/OU SEM FINS LUCRATIVOS Ÿ Planetário de Nova Friburgo – Prefeitura Municipal de Nova Friburgo – Nova Friburgo/RJ Ÿ Planetário do Polo Astronômico de Amparo – Prefeitura de Amparo – Amparo/SP Ÿ Planetário Digital Mauro de Souza Lima – Secretaria Municipal de Educação e Esportes – Garanhuns/PE Ÿ Planetário Astronauta Marcos Pontes – Fundação CECIERJMuseu Ciência e Vida – Duque de Caxias/RJ Ÿ Planetário da CCTECA- Secretaria de Educação do Município (SEMED) – Aracaju/SE
68
Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ
Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ
Planetário da Escola Naval – Departamento de Geociências da Marinha do Brasil – Rio de Janeiro/RJ Planetárioade Brasília – Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Distrito Federal – Brasília/DF Planetário de Brotas – Centro de Estudos do Universo (CEU) – Brotas/SP Planetário de Campinas – Museu Dinâmico de Ciências de Campinas – Campinas/SP Planetário de Parnamirim – Secretaria Municipal de Educação e Cultura – Parnamirim/RN Planetário Dr. Odorico Nilo Menin Filho – Instituto de Gestão de Projetos do Noroeste Paulista (OCIP) – Presidente Prudente/SP Planetário do Ibirapuera – Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente – São Paulo/SP Planetário de Sobral – Secretaria de Cultura e Turismo de Sobral – Sobral/CE Planetário do Carmo - Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente – São Paulo/SP Planetário da FUNESC – Fundação Espaço Cultural da Paraíba (FUNESC) – João Pessoa/PB Planetário do Polo Astronômico Casimiro Montenegro Filho – Itaipu Binacional – Foz do Iguaçu/PR Planetário e Casa da Ciência – Prefeitura Municipal de Arapiraca – Arapiraca/AL Observatório Espaço Ciência – Espaço Ciência – Olinda/PE Planetário Johannes Kepler – IPRODESC e Secretaria da Educação da Prfeitura de Santo André – Santo André/SP Planetário do Parque Ferraz Costa – Estação Ciência – Itatiba/SP Planetário Digital de Anápolis – Secretaria Municipal de Ciência e Tecnologia – Anápolis/GO Planetário de Santa Cruz – Fundação Planetário da Cidade do Rio de Janeiro – Rio de Janeiro/RJ Planetário Carl Sagan – Fundação Planetário da Cidade do Rio de Janeiro – Rio de Janeiro/RJ Planetário Galileu Galilei – Fundação Planetário da Cidade do Rio de Janeiro – Rio de Janeiro/RJ
69
QUANTIDADE TOTAL
ESTADO
ENSINO BÁSICO
ENSINO SUPERIOR
PARTICULAR OU PRIVADO
GOVERNAMENTAL OU SEM FINS LUCRATIVOS
01
Alagoas
00
00
00
01
02
Bahia
00
01
01
00
02
Ceará
00
00
01
01
01
Distrito Federal
00
00
00
01
01
Espírito Santo
00
01
00
00
02
Goiás
00
01
00
01
01
Minas Gerais
00
01
00
00
01
Pará
00
01
00
00
01
Paraíba
00
00
00
01
03
Paraná
01
01
00
01
02
Pernambuco
00
00
00
02
06
Rio de Janeiro
00
00
00
06
01
Rio Grande do Norte
00
00
00
01
03
Rio Grande do Sul
00
03
00
00
01
Santa Catarina
00
01
00
00
10
São Paulo
00
01
01
08
TABELA 02- Relação de Planetários e sua distribuição por Estados. Fonte: Pedro Campos
REFERÊNCIAS Ÿ
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GOMES, Luana do Vale. Arquitetura de observatórios astronômicos no Brasil. XI Jornada de Iniciação Científica e V Mostra de Iniciação Tecnológica, Universidade Presbiteriana Mackenzie. São Paulo. 2015.
Ÿ
LANGHI, Rodolfo; NARDI, Roberto. Ensino da astronomia no Brasil: educação formal, informal, não formal e divulgação científica. Revista Brasileira de Ensino em Física – Faculdade de Ciências, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, v.31, n.4402. 2009.
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WAUMANS, Abraham A. The Typology of Astronomical Observatories. Delft Universe of Techinology. 2013, 182p.
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MANTOVANI, Marta S. M.; LEZER, Raquel; MASSABKI, Paulo Henrique B. Preserve and Protect in a Science Museum. São Paulo: História, 2013. v.32, n.2, p.64-86.
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RIBEIRO, Luiz Carlos Borges; CARVALHO, Ismar de Souza. Peirópolis e Serra da Galga, Uberaba, MG: Terra dos dinossauros do Brasil. WINGE, M [et. Al.] In: Sítios Geológicos e Paleontológicos do Brasil. Brasília: SIGEP, 2009. p.389-402.
Ÿ
ELIAS, Daniele Cristina Nardo; ARAÚJO, Mauro Sérgio T; AMARAL, Luiz Henrique. Concepções de estudantes do ensino médio sobre os conceitos de astronomia e as possíveis constribuições da articulação entre espaços formais e não formais de aprendizagem. Universidade Cruzeiro do Sul. 2011
Ÿ
RIBEIRO, Luiz Carlos Borges; WINTER, Cecília Verena Pérez, MARTINELLI, Agustín Guillermo, NETO, Francisco Macedo, TEIXEIRA, Vicente de Paula Antunes. O patrimônio paleontológico como elemento de desenvolvimento social, econômico e cultural: Centro Paleontológico Price e Museu dos Dinossauros. Uberaba-MG. 2011.
Ÿ
SOUZA, Clara E. M. Revolução Tecnológica e o Desenvolvimento da Astronomia. Colégio Adventista Boqueirão, (200?).
Ÿ
PINHEIRO, Larissa Fagundes de Souza. Estação de ciências e cultura itinerante: anteprojeto de um pavilhão desmontável de uso múltiplo. Pinheiro. – Natal, RN, 2014.
Ÿ
História das Astronomia no Brasil. Organizador: MATSUURA, Oscar T./ Comissão Editorial: TOLMASQUIM, Alfredo Tiomno [et al.]. Recife: CEPE, 2014. v1 e v2.
Ÿ
Centros e museus de ciência do Brasil - Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Centros e Museus de Ciência: UFRJ. FCC. Casa da Ciência: Fiocruz. Museu da Vida, 2009.
Ÿ
A Conquista do Espaço: do Sputnik à Missão Centenário. organizadores Othon Cabo Winter, Antonio Fernando Bertachini de Almeida Prado. – São Paulo : Editora Livraria da Física, 2007.
Ÿ
A ciência para o século XXI: uma nova visão e uma base de ação – Brasília: UNESCO, ABIPTI, 2003. 72p.
Ÿ
MOURA, Felipe Colmanetti. Astro: Parque Astronômico em Uberaba. Uberaba, 2011. p.
Ÿ
IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas. Mapa de Solos do Brasil. Rio de Janeiro, 2001. Disponível em: <http://mapas.ibge.gov.br/tematicos/solos.html>. Acesso em 21 mai. 2017
Ÿ
JURISDIÇÃO: Lei nº 186, 2000. Institui as normas urbanísticas e diretrizes básicas para o desenvolvimento urbano do Bairro Peirópolis e dá outras providências. Plano Diretos de Uberaba, Câmara Municipal, Uberaba-MG;
Ÿ
JURISDIÇÃO: Lei nº 543, 22 de Dezembro de 2016. Altera a Lei Complementar nº186/2000, que ‘‘Institui as normas urbanísticas e diretrizes básicas para o desenvolvimento urbano do Bairro Peirópolis’’ e dá outras providências. Porta Voz nº1474, Câmara Municipal, Uberaba-MG;
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PEDRO HENRIQUE CAMPOS