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PERFIL
MUNDO
PALAVRAS E IMAGENS
CRÔNICA
Conheça Antoine de Saint-Exupéry a partir de sua principal obra
Conheça as capas e as traduções de O Pequeno Príncipe para vários países
As citações mais lembradas em sintonia com aquarelas do próprio autor
“O meu enorme rei” traz a visão de quem já leu O Pequeno Príncipe dezenas de vezes
EXPEDIENTE Editor-chefe Pedro G. B. Menezes pgbmenezes@gmail.com Diretor de Redação Filipe Togawa filipe.togawa@gmail.com Diretora de Arte Monique Rodrigues moniquesrodrigues@gmail.com Editoras Gabriela Alcuri bibi1315@gmail.com Camila Rodrigues camila_a_r_92@hotmail.com
AGRADECIMENTOS À professora Célia Matsunaga, que nos proporcionou não só conhecimento, como também a paixão pelo design; a Dario Joffily, criador de todas as propagandas e consultor nas horas vagas (e nas nem tão vagas); à Daphne Arvellos, nosso exemplo de veterana; aos nossos pais: Sandra e Pedro Menezes, Leila Barros e Roberto Togawa, Heloína e Reginaldo Rodrigues, Simone e José Roberto Alcuri, Sandra e Marco Rodrigues; aos nossos amigos e ao Pedro, namorado da Monique, que nos deram apoio nesse processo.
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CARTA DO EDITOR
Carta do editor E
stamos em busca do momento do descompasso, da leitura corrida e ritmada que se desfaz quando atingida por aquela frase. Inscrita em suas palavras, guardada pelo par de aspas, a alma do autor não repousa – ao contrário, grita aos homens na tentativa de dizer mais que tudo em apenas algumas linhas. É por esse motivo que fazem das letras imensos labirintos, e, destrancando todo e qualquer cadeado do tempo, tornamse eternas.
Esperamos que gostem deste apanhado. Que ele relembre tudo aquilo que esse grande clássico já nos disse, mas, principalmente, que possa nos dizer além, que cada frase se desembarace em um livro dentro de nós mesmos. Quem sabe não poderemos, num futuro próximo, citá-los? Por Pedro G. B. Menezes Editor-chefe pgbmenezes@gmail.com
Acreditamos que a citação é um recorte que fala por si próprio, é parte da obra que toma o status e torna-se uma outra, independente, única. É árvore que brota de um único ramo, originando tanto mais quanto sua geradora – algo que se aproxima da experiência inicial, um reorganizar do que se leu para partir ao que se quer escrever. E com que livro começaríamos a “Aspas” senão com O Pequeno Príncipe, livro que traz tantos outros em seu interior – não perdidos, soltos, mas perfeitamente alocados? São tão precisas suas frases, tão universais, que num deserto ou num asteróide nada é menos familiar que a Terra; nenhum ensinamento difere dos que a vida nos ensina. Revista “Aspas”
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PERFIL
O piloto-escritor Por Filipe Togawa onde trabalhou como diretor da empresa aérea Aeroposta Argentina.
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ascido no dia 29 de junho de 1900, Antoine-JeanBaptiste-Marie-Roger Foscolombe de SaintExupéry foi, além de escritor e ilustrador, piloto durante a Segunda Guerra Mundial. Saint-Exupéry nasceu na cidade de Lyon, na França, onde permaneceu por toda sua infância. Aos 17 anos se mudou para a Suíça, mas voltou para
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o seu país de origem aos 21, ingressando imediatamente no exército militar. Ele se adaptou muito bem à aeronáutica e, logo no ano posterior, conseguiu seu brevê de piloto civil. Anos depois, começou sua carreira como piloto de linha, e teve a oportunidade de voar por diversos lugares da Europa e da África. Ele morou um tempo também na Argentina,
Em 1935, Antoine sofreu um acidente de avião e caiu no deserto do Saara. Ele e seu parceiro sobreviveram à queda, mas se alimentaram apenas de doces e café enquanto não eram resgatados. No quarto dia, já com alucinações devido à desidratação, os dois foram socorridos por um viajante. É interessante observar que o livro O Pequeno Principe fala exatamente sobre um piloto que caiu no deserto do Saara. Percebem-se também algumas referências ao acidente que o autor sofreu. Alguns anos depois, Saint-Exupéry viajou
para os Estados Unidos. Foi lá que sua obra mais conhecida foi escrita. Já em 1943, o pilotoescritor retornou para a França para lutar na Segunda Guerra Mundial. Sua útlima missão foi coletar informações sobre tropas alemãs na região do Vale do Rhone (França). No dia 31 de julho de 1944, Antoine de Saint-Exupéry saiu de uma base em Córsega, porém não voltou mais. Vários dias depois foi encontrado um corpo não-identificado ao sul de Marselha.
“Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós.” - Antoine de Saint-Exupéry
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MUNDO
O mundo do Pequeno Príncipe Por Filipe Togawa
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livro O Pequeno Príncipe teve sua primeira edição lançada em 1943. Desde então, mais de 134 milhões de cópias foram vendidas. Além disso, é o terceiro livro com maior saída do mundo e foi traduzido para mais de 220 línguas e dialetos. No Brasil, mais de oito milhões de cópias já foram vendidas. Porém, o principezinho já estrapolou as páginas dos livros. Filmes, musicais, desenhos animados, todos contando as aventuras e ensinamentos do menino de cabelos dourados, foram lançados em países como Estados Unidos e Japão. Existe, ainda,um museu japonês dedicado ao Pequeno Príncipe. Os ensinamentos e valores que o livro de Antoine de Saint-Exupéry traz são, indiscutivelmente, universais. As histórias resgatam a criança que existe em cada um com encanto e beleza. A grandiosidade dessa obra é realmente inquestionável.
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Edição brasileira de 1991 Ao lado, algumas edições lançadas em países como: Cuba, Japão, Polônia, Alemanha, Itália, Argentina, Turquia, Croácia, Israel, Hungria, entre outros.
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PALAVRAS E IMAGENS
Por que é que um chapéu faria medo?
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Desenhei então o interior da jiboia, para que as pessoas grandes pudessem compreender. Elas têm sempre necessidade de explicações.
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- Por favor, desenha-me um carneiro! 14
Então, tu também vens do céu ! De que planeta és tu?
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Se é de roseira ou rabanete, podemos deixar que cresça à vontade.
Mas quando se trata de uma planta ruim, é preciso arrancar logo, mal a tenhamos conhecido. 16
Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante. Revista “Aspas”
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Então, tu também vens do céu ! De que planeta és tu?
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Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Revista “Aspas”
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Propaganda
Quando a gente anda sempre para frente, n達o pode mesmo ir longe ...
CRÔNICA
O meu enorme rei Por Gabriela Alcuri
“A gente corre o risco de chorar um pouco, ao se deixar cativar!”
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e todos os muitos livros, textos, citações e ditados que já passaram por mim, nenhum foi, nem de longe, tão importante quanto “O Pequeno Príncipe”. Confesso que da primeira vez que o li – aos oito anos de idade – não vi graça nenhuma. Sempre fui uma criança chata com esse negócio de animais falantes, rosas resfriadas e pessoas pequenas. Se era para fantasiar, que fosse dentro ou de uma escola de bruxos, ou do submarino Náutilus. Mas o destino trouxe o principezinho e as suas aventuras de volta. E eu as reli. Em uma, duas, três ocasiões. E, ainda assim, era incapaz de enxergar o elefante dentro da jibóia. Torneime, apesar de todas as minhas objeções, uma pessoa grande. E não gostava disso. Sabia que havia, em mim, algo faltando, algo que não estava certo. E foi aí que eu entendi as entrelinhas. Não se enganem, não é fácil perceber o diminuto. “O Pequeno Príncipe” exige de seu leitor muito mais do que uma mera interpretação de texto. O essencial é (mesmo) invisível para os olhos. É difícil olhar para o céu e se perguntar “Terá ou não terá o carneiro comido a flor?”. E ainda mais difícil perceber que o mundo Revista “Aspas”
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é muito mais feliz (ou muito mais triste) dependendo da resposta. Ou da raposa. E, agora, reservo os dois próximos parágrafos para lhes falar da flor. E da raposa. A flor era, para o principezinho, única no mundo. Orgulhosa, metida, vivia resfriada e, por vezes, mentia. Mas ele não a via com esses olhos. Só era capaz de enxergar a beleza por detrás daquele arranjo de pétalas tão diferentes. Só conseguia pensar em cuidar dela, para que ninguém a maltratasse. Achava os espinhos pouco para protegê-la, e foi de quem mais sentiu falta quando foi embora de seu pequeno planeta. Foi o tempo que dedicara a sua flor que a tornara tão importante. Sinto pena de quem não tem ou nunca teve uma flor em sua vida. A flor é importante. Muito mais do que todas as outras muito mais bonitas, vivas e saudáveis, enfeitadoras de outros jardins. E só é assim tão essencial por conta de suas manias e defeitos. A raposa ensina o principezinho a cativar. E mais, implora para que ele a cative. Ele o faz, com paciência, com a linguagem fonte de malentendidos. Os dois vão, pouco a pouco, tornando-se grandes amigos. Ele foi sentando
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cada dia mais perto, ela perdeu o medo. Ele cumpre as promessas, chega sempre no mesmo horário. Ela sorri. Até que chega a hora da despedida, e só resta, para ela, a plantação de trigo que lembra os cabelos loiros do seu amigo que teve de partir. E, para ele, ficam as lembranças extraordinárias dos momentos passados com a sua grande amiga. A gente corre o risco de chorar um pouco, ao se deixar cativar. Mas são lágrimas que valem à pena.
Antes de “O Pequeno Príncipe”, eu era do tipo que pensava nas pessoas pequenas como menores do que nós. Já gostava do pôr do sol, é verdade... Mas só para fotos bonitas de beijos apaixonados. Não encostava nas rosas porque tinha medo de espinhos, e achava todas as raposas iguaizinhas. Mas depois de entender as entrelinhas, acho inevitável dividir as pessoas entre aquelas que entendem o desenho de uma criança, e aquelas que dizem para desistirem da carreira de pintor. Quero, ainda, assistir ao pôr do sol 43 vezes em um só dia, mas sem fotografá-lo – porque não quero ninguém revelando algo que, para mim, tem um poder tão extraordinário. Hoje entendo que as rosas não tem espinhos, mas sim acúleos. São uma defesa facilmente removível, uma vez que você tem a coragem de se aproximar. E, quanto às raposas... Encontrei várias que me cativaram, mas nunca me fizeram chorar. Às vezes, a plantação de trigo é desnecessária para se lembrar de alguém. Tem raposas que ficam para sempre. O principezinho, para mim, virou rei. E nenhuma pessoa grande jamais compreenderá que isso tenha tamanha importância!
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