Marcel Devides
Ao alcance de si
Marcel Devides
Ao alcance de si
1ª Edição
Bariri-SP Prima Editora 2019
Introdução Por muito tempo de minha vida, investi tempo e conhecimento em meu ramo de atividade profissional, a odontologia. Participei, desde a graduação e, mais incisivamente, após a conclusão da faculdade em 2001, de cursos de atualização e aperfeiçoamento, congressos anuais, seminários e palestras, além de buscar informações na rede e finalizar a especialização em implantodontia em 2010. Também sempre trabalhei muito. De 2005 a meados de 2006, por exemplo, cheguei a atender pacientes em 4 lugares diferentes, em uma rotina de trabalho totalmente extasiante. Desde as fases mais incipientes da carreira, até cinco ou seis anos depois, aproveitava os intervalos ou instantes que seriam ociosos, com o objetivo de estudar para concursos de minha área, impulsionado pelo ritmo de estudo imprimido antes da montagem do consultório, ocorrida 3 meses depois de minha formatura. Durante esse período de 3 meses, “devorava” os livros, efetuava simulados, estudava avaliações já realizadas, verificava a bibliografia recomendada e mais indicada para os concursos almejados, enfim, tudo por meio da prática de um planejamento muito bem organizado e rotineiro, em que dedicava um período para cada disciplina, de segunda à sábado, com paradas apenas para almoço, jantar e banho, ao iniciar todas as manhãs às 7 e terminar às 9 da noite. Dessa forma, ficava atento aos editais e procurava obter algumas vantagens competitivas concorrendo a concursos em diferentes cidades aplicados, no entanto, pelas mesmas empresas. Nesses certames, anotava as palavras-chave das perguntas e respostas em um papelzinho após a resolução das questões, guardava e levava para casa a fim de que, depois, eu pudesse lembrar-me de cada uma delas e o respectivo contexto abordado; essa foi uma das alternativas que encontrei porque, à época, diferente de hoje, não era permitida a saída com o caderno de questões da sala após a avaliação. Assim, efetuei inúmeras provas e fui bem sucedido em algumas delas, aliás, em uma minoria das avaliações, tamanha a gama de concursos dos quais participava, porém, com um desempenho bastante satisfatório graças a essas poucas conquistas, levando-se em consideração os milhares de concorrentes. Portanto, sempre levei a sério os estudos e exerci a profissão com empenho, dedicação e persistência, imbuído por um espírito de grande competitividade e, também, por uma questão de sobrevivência no mercado e, além disso, pela necessidade de diferenciação. Contudo, o desejo de esmerar-se em algo é o vestígio ou, talvez, o principal
sintoma, de um sistema educacional ultrapassado e ainda vigente, em que se apregoa a conquista de algo a qualquer custo para tornar-se alguém. A ideia difundida, desde os primórdios do jardim da infância até o ensino médio, é demonstrar que o aluno precisa estudar para seguir uma carreira e, dessa maneira, alcançar o sucesso. Paralelamente, subentende-se, com esse tipo de “crença”, que o indivíduo somente será reconhecido se for um exímio violinista, o artilheiro do time de futebol, o campeão de jiu-jitsu, fazer uma viagem dos sonhos ou comprar um carro novo. Nesses casos, como muito bem discutido no incrível livro “O jogo interior do tênis” de W. Timothy Gallwey, escrito na década de 1970, após seus preciosos estudos e métodos transformadores aplicados junto aos seus alunos durante as aulas de tênis, estabelece-se uma “regra social”, onde “ser bom é ser gente”, em detrimento da valorização do indivíduo como ser humano, suas qualidades, do crescimento como pessoa, desenvolvimento espiritual, prática de seus propósitos e da busca do autoconhecimento. Quando, depois de tanta dedicação à profissão para “tornar-me alguém na vida”, percebi a necessidade de ir muito além disso e, assim, estabelecer um alinhamento mais preciso entre o meu propósito de vida e utilizá-lo para auxiliar as pessoas a encontrarem o seu próprio propósito, tudo passou a fazer ainda mais sentido para mim. Essa “virada de chave”, que abriu uma das mais belas portas de minha vida, incentivou-me a tomar novos rumos. A vocação ou o exercício daquilo que sempre sonhei em fazer, empreendendo em um negócio próprio e oferecendo produtos e serviços que satisfizessem os desejos e necessidades dos clientes, procurando atingir objetivos, muitas vezes, que se estendiam além de suas expectativas, equivalia ao mínimo do que eu podia fazer pelas pessoas. A partir de então, busquei novos e mais valiosos conhecimentos sobre aspectos intangíveis de meu negócio, isto é, fora do estritamente técnico ligado à minha área de atuação profissional sem, evidentemente, deixar de aperfeiçoar-me com frequência, mas não demasiadamente, aplicando, consecutivamente, o equilíbrio, dando lugar a cursos que me tornasse mais consciente de meu próximo e da valorização do outro como ser humano. Dessa maneira, em 2011, iniciei uma nova jornada. Fui co-fundador e primeiro presidente de uma ONG (Organização Não-Governamental), sem fins lucrativos, com a função de prestação de serviços que beneficiassem as comunidades locais e com projetos internacionais. Em 2015, participei de meu primeiro curso de Desenvolvimento e Liderança; dois anos depois, um curso de oratória; em 2018, concluí um curso de gestão financeira específica para a área de odontologia com direito à consultoria; em 2019, realizei o EMPRETEC, curso da ONU (Organização das Nações Unidas), em que se estudam na prática as características de comportamento
de um empreendedor e, logo depois, PNL (Programação Neuro-Linguística) e marketing com consultoria, além de buscar informações adicionais sobre investimentos e escrever e publicar cinco livros, o primeiro voltado para a área motivacional e negócios, os dois seguintes sobre dicas de livro motivacionais e dicas de leitura dos grandes clássicos da literatura mundial, mais duas novelas. É justamente por esse motivo que este “ensaio” foi concebido. Com o objetivo de contribuir e/ou possibilitar a chance do leitor ou da leitora, experimentar a mesma sensação de “virada de chave”, para que uma nova porta se abra na direção do próprio ser, um verdadeiro caminho que está à disposição de todos, rumo ao alcance de si. Em cada um dos capítulos deste “ensaio”, há um fator de destaque a ser considerado. Dessa forma, diante dos títulos que abrem cada uma das discussões, há um subtítulo que dá nome a uma característica essencial para uma vida mais plena. Essa característica é representada pela sigla CESPP (Componente Essencial de Satisfações Pessoal e Profissional); cada um dos componentes essenciais ilustram um requisito que pode contribuir com o sucesso de todo ser humano, seja no âmbito profissional ou pessoal, se utilizados com integridade e em alinhamento com cada um dos outros CESPPs mencionados ao longo dos demais capítulos. Posso estar enganado, mas quaisquer um desses componentes não serão encontrados em nenhuma das maiores universidades do planeta ou nos mais referenciados compêndios didáticos, tampouco, mencionados por muitos dos mestres e doutores em curso de suas aulas, palestras, conferências e workshops; podem, contudo, ser identificados e praticados na maior universidade de que temos à nossa disposição: o nosso eu e aquilo que, talvez, menos dávamos importância ou, à primeira vista, parecia inútil, até que o nosso coração se abre levando-nos ao alcance de si mesmos. Conforme disse o físico Richard Feynman, vencedor do Prêmio Nobel de 1965, “o poder da educação em geral é pouco eficaz, exceto nas felizes ocasiões em que ele é quase supérfluo.” Preparado para esta “viagem”? Desejo que usufrua com toda intensidade e o tempo todo presente.
Capítulo 1 Luz do espelho CESPP – Livros, pessoas e experiências Antes de chegar ao espelho, mencionado no título deste capítulo, é de bom alvitre salientar: tudo o que está escrito (ou descrito) nesta singela obra é reflexo de minhas buscas e estudos junto aos livros, pessoas e experiências. Livros, aliás, considerados de qualidade e, assim, capazes de possibilitar ensinamentos concretos e, quando menciono a palavra “concreto”, refiro-me a ler e praticar o que foi apreendido, já que o conhecimento só é validado quando executado. Conhecimento sem prática não corresponde aquilo que devo almejar, como o leitor ou leitora poderá perceber ao longo destas linhas. Pessoas. Pessoas porque a caminhada ou jornada, como queiram, nesta terra, é trilhada junto, jamais sozinho ou sozinha. Junto com pessoas de bem, pessoas importantes, mentores e, também, por incrível que possa parecer, graças às pessoas que provocaram mudanças, aos inimigos que, nesse caso, o de promoverem modificações, ajustes ou alterações de rota, são hoje, colaboradores, apesar de não caminharem junto conosco, pelo menos, até onde sabemos, talvez, estejam lá atrás, no mesmo caminho ou um pouco à frente, quem sabe, já que o mundo sempre dá suas voltas. E as experiências contribuíram impreterivelmente para a minha modelagem ou lapidação da aprendizagem. Vou falar sobre isso nos capítulos vindouros. Enfim, meu espelho corresponde à combinação desses três aspectos fundamentais em minha vida, os livros, as pessoas e as experiências. Pronto para compartilhá-los? Então, vamos lá. Rumo ao alcance de si, fruto da luz do próprio espelho. Apenas mais um detalhe Diferentemente da maneira com que escrevi artigos para publicação em jornais e revistas locais, atividade da qual tive a oportunidade de exercer por, aproximadamente, dez anos, ao elaborar resenhas de livros que havia lido, cujos temas abordados estavam voltados para a área de motivação, negócios e relações interpessoais, entre outros relacionados, por sete ou oito anos, em um jornal de circulação mensal, além das resenhas dos grandes clássicos da literatura para um outro jornal, cujas publicações perduraram menos tempo, 11
em razão do acúmulo de tarefas pessoais, e dos artigos específicos de odontologia para uma revista de variedades com suas edições mensais até o encerramento de sua atividade editorial, que se estendeu por três ou quatro anos, se não me engano, em que uma estrutura ordenada de escrita era obedecida, este ensaio seguirá da forma mais original possível e, certamente, com muita descontração, fluência da descrição breve dos fatos e experiências, entrelaçados ao objetivo de facilitar a assimilação do leitor ou da leitora. Afinal, todos tem, pelo menos, uma história para contar ou, várias histórias, e as contam com a personalidade e as habilidades que lhe são próprias, algumas mais cômicas, outras mais trágicas, reais, ficcionais, poéticas, intelectuais ou prosaicas, todas, enfim, capazes de gerar um “movimento”, uma emoção ou reflexão. Como disse, certa vez, um colega meu, de forma muito bem humorada, empreendedor, dono de uma distribuidora de bebidas, onde exerce também seu atendimento do balcão: “- Só o “bartender” conhece histórias que nem mesmo um psicólogo ou padre conhecem”.
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Capítulo 2 Mude antes... CESPP - Mudança Mude quando sentir necessidade ou será obrigado a mudar pela força das circunstâncias. Ou, na melhor das hipóteses, mude antes de sentir necessidade e em busca de algo melhor. Para obter sucesso, deve-se “abrir mão de alguma coisa”, só não posso dizer para o leitor ou leitora em que aspecto da vida é preciso modificar. Não sei, depende da escolha de cada um; talvez, “abrir mão” de um emprego, de uma cidade, da namorada ou do namorado, dos amigos, isto é, só quem mantém as “rédeas” de sua própria vida poderá dizer. Dizer e escolher. Em meu caso, escolhi afastar-me de pessoas “tóxicas”, que não me traziam benefícios ou um mínimo de aprendizagem. Escolhi simplesmente “abrir mão” de pessoas de meu convívio que não me acrescentavam algo de bom. Dessa maneira, em um período de oito anos escrevi cinco livros. Escrever ao lado do celular com o sinal de “whatsapp” ligado, por exemplo, é inadmissível. “Abri mão” disso também, caso contrário, jamais teria conseguido escrever uma página sequer. Por três grandes momentos importantes de minha vida profissional, estive diante da situação em que me senti na obrigação, aliás, antecipando-me, à força das circunstâncias, conforme minha visão dissociada (vou falar sobre isso posteriormente), com o objetivo de angariar algo mais, um diferencial, um novo serviço ou produto, enfim, para única e exclusivamente deixar a tão conhecida zona de conforto. No entanto, também passei por uma situação a qual obrigou-me a mudar os planos e contarei a história de forma breve. De 2005 a 2006, imprimi uma rotina de trabalho avassaladora; atendia em meu consultório e nos postos de saúde de minha cidade, além de efetuar atendimentos, também, em uma cidade vizinha, e, aos fins de semana, a cada 15 dias, aos sábados e domingos em um curso de aperfeiçoamento de implantes e próteses sobre implantes em uma outra cidade, distante uns 160 km de onde eu morava. Descansava, portanto, somente em dois fins de semana ao mês. Ao final desse período, ainda tive tempo de, certo dia, em pleno atendimento de uma paciente, nessa prefeitura da cidade vizinha, após um mal estar, ser socorrido pela médica do pronto-atendimento local e, após alguns 13
instantes sem que os sinais e sintomas fossem redimidos, fui transferido em ambulância para a Santa Casa de minha cidade e lá permaneci internado por todo o fim de semana. Tratava-se de uma infecção intestinal. Assim permaneci sob cuidados, contorcendo-me sob as dores abdominais por um dia inteiro onde, sobre o leito do hospital, mudava a posição de sentado para deitado e vice-versa, por sucessivas vezes, como tentativa de aliviar o desconforto. Em três dias já estava totalmente restabelecido; isto é, com relação à saúde física, pois um alarme havia sido disparado com referência à rotina de trabalho totalmente exaustiva pela qual estava me submetendo nesse período. Era hora de rever algo. Evidentemente, depois de atender um mínimo de 20 pacientes ao dia, deixar de almoçar e, às vezes, jantar, além de cansar-me diante das viagens constantes, precisava “abrir mão” de algo. Nesse ínterim, antes que eu tomasse qualquer decisão, fui exonerado da prefeitura vizinha graças a um desentendimento provocado por um paciente e, mediante sua amizade com o prefeito local, não tive muita escolha a não ser deixar o referido posto de trabalho sentindo-me injustiçado e aborrecido. Mudei. Mudei pela força das circunstâncias. Avaliando um pouco melhor hoje, posso afirmar com segurança, que foi a melhor coisa que me ocorreu naquele momento. Simplesmente, concluí o curso no final do ano de 2006, voltei para minha cidade, dobrei o horário na prefeitura local, retirando-me no ano seguinte e, dessa maneira, desde 2008, passei a atender exclusivamente em meu consultório e, das 13 às 15h, em uma escola municipal. Por conseguinte, a resultante disso tudo foi menor carga de trabalho com mais retorno financeiro, associado à probabilidade de satisfações pessoal e profissional muito maiores, além da oportunidade de aproveitamento de tempo com mais facilidade a fim de, por exemplo, exercitar-me ou fazer uma simples caminhada ao final do dia, antes inviável. O período descrito, abrangendo os anos de 2005 e 2006, por outro lado, apesar dos sacrifícios exercidos, foram importantes para o treinamento e desenvolvimento de habilidade técnica, além de possibilitar que muitos outros clientes conhecessem o meu trabalho. Aliás, tenho clientes fiéis dessa cidade vizinha até hoje e que fazem questão de viajar para serem consultados comigo em meu consultório. Nada é por caso. Porém, caso eu tivesse me antecipado aos problemas da carga horária exaustiva, evitando “abraçar o mundo”, poderia não ter sofrido um “colapso” o qual refletiu em minha saúde, prejudicando-me e interferindo no decorrer de meu cotidiano. 14
As mudanças foram-me apresentadas forçosamente. Mas as experiências estão aqui para serem compartilhadas assim como as pessoas responsáveis ou que contribuíram para essa alteração de rota, tidas como mentores. O prefeito, na situação relatada, ao me dispensar sem que eu tivesse uma única chance de dar o meu parecer ou me defender, atuou, mesmo inconscientemente, ou sem querer, como um mentor. Sim. Um mentor também representa alguém que, em princípio, poder ter causado algum prejuízo, contudo, reestabelecidos os ânimos e já habituados às novas rotas, reavaliamos com mais exatidão as situações e descobrimos que esse tipo de mentor é determinante para a nossa melhoria como seres humanos e profissionais. É loucura pensar assim? Reavalie as ocasiões em que superou situações de desgaste ou pressão demasiada. O depois (que pertence ao agora reavaliado) esclarece tudo. Posso falar sobre isso em outro “post”, sobre o poder e a influência de nossos mentores. Concluindo, corra. Corra, que a mudança vem aí!
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Capítulo 3 Modelagem ou lapidação CESPP – Reciclagem Os conceitos de modelagem ou lapidação, aqui retratados, referem-se, a “dar nova forma” quando a modelagem é enfatizada, ou “aparar as arestas” ao trabalhar na lapidação de um diamante, por exemplo, mas, tornam-se ambos sinônimos ao dirigir-me a um negócio, trabalho ou relações interpessoais. A modelagem ou lapidação é estabelecida quando se deseja deixar a zona de conforto e/ou alcançar o sucesso “abrindo mão” do que é importante para alcançar algo mais palpável, imbuído por propósito mais amplo e que realmente faz sentido para a vida de cada um. Posso ilustrar a fim de que tudo se torne mais claro. Ao terminar a faculdade em 2001, deparei-me com uma dúvida: o que fazer agora? Onde vou trabalhar? Monto um consultório ou estudo para concursos públicos? Sei que a resposta a essas perguntas, conforme a minha história e experiência, foi mais fácil de ser encontrada porque, sempre, desde criança, mantive o desejo de “ser dentista” e, ao formar-me, mantive o sonho de realizar-me na profissão iniciando por meio de um negócio próprio, isto é, um consultório particular. Mas, outras dúvidas surgiam: onde começar? Qual o local mais adequado? Em que cidade poderia montar um consultório? Dessa forma, busquei informações com professores e profissionais mais experientes, trocava ideias e, acima de tudo, efetuava minhas próprias pesquisas. Essas pesquisas, aliás, durante essa época, eram totalmente desprovidas do suporte da internet e, portanto, um dos principais bancos de dados dos quais tive acesso foram os jornais e as revistas, em especial os jornais de classe, mais precisamente da APCD (Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas), em que, em uma de suas edições ou, se me lembro bem, em edições subsequentes, eram divulgados os boletins com o número de dentistas em cada cidade do país. Logo, procurei visitar algumas cidades que apresentavam poucos profissionais e avaliava as condições sócio-econômicas, entrava em alguns consultórios e conversava com os colegas. Após algumas viagens e decepções, uma delas, por exemplo, em uma cidade do interior do Estado de São Paulo, deparando-me com os jornais locais com notícias totalmente desfavoráveis 16
mediante o anúncio de um assassinato recentemente ocorrido, além da falta de infraestrutura do município, resolvi tomar uma decisão. Depois dessa viagem, enfim, uma das últimas, resolvi montar o consultório em minha própria cidade, alugando uma sala no bairro central. Ou seja, ao obter o diploma, a primeira decisão que tomei foi a de montar o consultório em minha cidade de infância. Eis aqui uma de minhas primeiras experiências com a modelagem ou lapidação. Aliás, para efeito de didática, vou chamar de meu primeiro episódio ou evento de modelagem, pois, detinha “um pedaço de barro”, nesse momento, úmido, que estava prestes, portanto, a começar a ser esculpido com o objetivo de, posteriormente, destinar-se à fôrma e ao fogo para a conclusão da escultura a ser pintada, enfeitada ou “lapidada”. O mesmo procedimento é utilizado ao referir-me à lapidação já que, nesse caso, a pedra preciosa a ser esculpida ou lapidada pode ser o diamante. Pois bem, por volta de 2003, durante um curso de atualização em estética dental, senti a necessidade de “novos ares”, isto é, queria oferecer algo diferente ou que ninguém ou poucos faziam. Notei, assim, que, em minha cidade, não havia profissionais especialistas na área de minha escolha; havia, até aquele instante, profissionais habilitados os quais efetuavam procedimentos semelhantes, ou especialistas que vinham de outros municípios e atuavam em consultórios locais. Assim, tornei-me, a partir de 2005, quando ingressei na área, até a conclusão do curso, em 2010, o primeiro especialista em implantodontia da cidade atuando em consultório próprio. Posso considerar esse evento como minha segunda modelagem. A partir desse período, o consultório ganhou nova “roupagem”. A implantodontia possibilitou uma nova dinâmica e uma visão mais inovadora dos negócios, já que está diretamente associada aos avanços da tecnologia e capacitação constante, além de permitir um tratamento mais holístico do cliente, preocupando-me com sua condição geral de saúde e, não apenas, com pequenos detalhes localizados como uma cárie, uma gengivite ou uma coroa fraturada, por exemplo. Até a documentação tornou-se mais esmerada assim como outros aspectos legais, a gestão, o marketing, maiores cuidados com a área tributária, entre outros requisitos, em que quase todos os aspectos ganharam aprimoramento e visibilidade mais maduros. Em janeiro de 2019, uma pesquisa foi realizada na cidade. Entre todos os entrevistados, 44% indicaram o meu consultório ao responder a pergunta “Na sua opinião, na área de odontologia, quem presta o melhor atendimento e qualidade dos serviços?” 17
O resultado foi muito gratificante. Entre outras informações obtidas com essa pesquisa, constatei que 58% dos entrevistados dos quais indicaram meu consultório eram formados por mulheres e 42% por homens. Desses entrevistados, os quais responderam favoravelmente, tiveram seu perfil etário correspondente a 10% das pessoas até 17 anos, 20% de 18 a 25 anos, 26% de 26 a 35 anos, 26% de 36 a 45 anos e 18% para as pessoas acima de 46 anos. Diante desses dados, em avaliação junto ao responsável pela condução da pesquisa, para mim, havia informações insuficientes, pois julgava que, se a empresa tivesse dividido a faixa etária que se estende acima de 46 anos em duas ou três outras faixas etárias como, por exemplo, de 46 a 54, de 55 a 64 e acima de 65 anos, teria parâmetros mais precisos com relação à idade e a preferência pelos meus serviços em conformidade com cada uma dessas faixas de idade adicionais, levando-se em consideração os produtos oferecidos como os implantes dentários, realizados, mais frequentemente, em adultos jovens, adultos e idosos. Porém, o pesquisador relatou-me que a percentagem de 18% atingida na faixa etária compreendida para os entrevistados acima de 46 anos era surpreendente já que, em comparação com outras pesquisas de segmentos semelhantes, os resultados não apontavam percentagens acima de 8%. Enfim, há outros detalhes interessantes revelados pela pesquisa, entre eles algumas informações preciosas sobre meus concorrentes que, para não desviar do foco de nosso assunto abordado neste capítulo, vou evitar discorrê-los. O que posso dizer é que, apesar dos resultados da pesquisa totalmente satisfatórios, em que clientes ou clientes em potencial me apontavam como líder de satisfação em meu segmento, diante de muitos concorrentes, alguns no mercado há mais de três décadas, além de outros, ainda, com uma estrutura clínica, do edifício e espaço, muito melhores do que o meu consultório, algo me incomodou nesse momento. Meu sentimento era de que, sendo líder de mercado, minhas riquezas não estavam na mesma proporção e, assim, uma nova “luzinha vermelha” se acendeu. O que mais eu preciso fazer para converter a satisfação de meus clientes em riqueza financeira e, dessa forma, atingir meus objetivos? Foi exatamente nesse período, ou um pouco antes da divulgação dessa pesquisa, que busquei, mais uma vez, remodelar ou lapidar o meu negócio. Era evidente que alguns ajustes tornavam-se necessários como maior controle do fluxo de caixa, gastos mais organizados, uma gestão mais eficiente, propagandas mais profissionais e eficazes, aprimoramento do atendimento, desde o telefone, durante o agendamento das consultas ou para os trabalhos junto aos 18
clientes inativos, ou seja, a secretária foi incentivada a ligar para um número de pessoas determinada por ela mesma como meta, as quais, há muito tempo, não frequentavam o consultório, com o intuito de estimulá-las a retomar os nossos serviços. Entre outras mudanças, a fachada e a placa luminosa, maior interesse pelo marketing visando à estratégias também na esfera digital, enfim, todas essas necessidades identificadas por mim, levaram-me à busca e obtenção de mais informações por meio dos cursos e consultorias, resultando em um novo ciclo de aperfeiçoamento, mas dessa vez mais especial, pois, diferentemente dos investimentos na técnica, almejava, nesse instante, aos conhecimentos fundamentais mais relacionados aos processos, comportamentos e relacionamento com as pessoas e clientes. O SEBRAE me ajudou sobremaneira durante essa 3ª fase de modelagem de meu negócio, levando-me ao EMPRETEC, um curso ministrado com o apoio de ONU (Organização das Nações Unidas) e do próprio SEBRAE, em que se abordam na prática os principais comportamentos de um empreendedor de sucesso, além de realizar, logo depois, um curso de PNL (Programação Neuro-Linguística). No mês seguinte, retornei ao SEBRAE para a realização de um curso de marketing com direito à consultorias presenciais e, até o momento exato em que escrevo estas linhas, busco a oportunidade da busca de conhecimento mais aprofundado na área de vendas. Além de todos esses cursos, deparei-me mais frequentemente com pessoas de diferentes segmentos de negócio, com experiências notáveis e com o despojamento para compartilhá-las, fatores essenciais que me fizeram frequentar as reuniões de forma mais assídua, propagando o networking e possibilitando a aparecimento de novos “insights” e ideias. Essa terceira fase da modelagem correspondeu e, continua correspondendo, ao período mais decisivo de todos os anos de meu negócio. A confiança vem crescendo invariavelmente e o alinhamento de meu propósito de vida com aquilo que escolhi para fazer como profissional passaram a se equivalerem cada vez mais. Esses três exemplos ilustrados, cada um em uma fase diferente, em que empreguei o conceito da modelagem ou lapidação, estão diretamente relacionados ao processo de aprendizagem constante, capazes de proporcionaram-me (e continuam proporcionando) crescimentos pessoais e profissionais ao usufruir de um estado de fluxo. Explicando melhor. Se pudéssemos dividir os níveis de aprendizagem ao 19
longo da vida de um indivíduo, teríamos quatro fases principais: 1) não habilidoso – inconsciente; 2) não habilidoso – consciente; 3) habilidoso consciente; 4) habilidoso – inconsciente. A fase 1) da aprendizagem equivale ao estágio em que o indivíduo não tem habilidade em algo e não sabe que não tem ou nunca efetuou testes ou tentativas; a fase 2) refere-se ao indivíduo que se dá conta de que realmente não sabe ou não tem conhecimento e habilidade sobre algo; a fase 3) corresponde a habilidade adquirida pelos treinamentos por exemplo; e a fase 4) equivale ao nível de perícia ou estado de fluxo mencionado em que se executa um trabalho ou serviço de forma tão acurada que o indivíduo sequer “pensa” no que está fazendo, trabalhando automaticamente e com precisão única, mantendo, outrossim, seu controle até sobre as interferências externas e internas relativas ao seu próprio ser. Esse estado é obtido pelas pessoas com total alinhamento entre o falar, o pensar, o sentir e o agir. Há consonância ou congruência. Uma verdadeira sinfonia. Nesse estágio, temos a impressão de que “voltamos a ser crianças”, pois uma criança aprende a andar ou engatinhar sem que os pais ensinem, mostrem como se faz ou qualquer instrução precedente; simplesmente passam a andar ou engatinhar. É uma pena que, depois de adultos, começam a “pensar demais” e os obstáculos e a avaliação demasiada dos riscos, entre outros fatores impeditivos, podem interferir na tomada de decisões ou no crescimento desses indivíduos, graças ao processo educativo defasado, em que impera a crença de que só há merecimento na escola, por exemplo, aquele aluno ou aluna, que se destaca nas provas ou é realmente bom ou boa em algo. Trata-se aqui de outro assunto que, talvez, possa abordar mais à frente. Portanto, somente para concluir este capítulo sobre a modelagem, e espero que faça sentido para o leitor ou leitora, mediante o que foi estudado e refletido no capítulo anterior, em que, ou mudamos antes dos outros, de maneira proativa, exercendo liderança, de preferência uma liderança humanizada, ou seremos obrigados a mudar pela força das circunstâncias, muitas vezes, não tão favoráveis quanto gostaríamos.
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Capítulo 4 Alinhamento CESPP - Sinfonia A Teoria da Seleção Natural, uma das descobertas mais bombásticas da humanidade, de autoria do biólogo e pesquisador Charles Darwin, retratada em sua obra “A origem das espécies”, graças às suas incansáveis viagens a bordo no navio Beagle, realmente, mudou a visão do ser humano. Darwin, aliás, a exemplo de muitos protagonistas de nossa história, como vamos discutir mais a frente, apoiou-se em seus mentores, professores, cientistas e pesquisadores, os quais manifestavam seus postulados pregressos firmemente e, contudo, por meio desses estudos incansáveis, além de retidão, intuição, esforços incomensuráveis, entre outros atributos - para não dizer “loucura”, já que muitos dizem que há uma linha tênue separando a loucura da genialidade -, chegou a refutar teorias antes incontestáveis como a de Lamarck, ou a “Lei do Uso e Desuso”, ilustrado pelo exemplo mais conhecido, o das girafas. Antes, acreditava-se que as girafas adquiriram pescoços longos por influência do ambiente, ao sentirem a necessidade de os esticarem para alcançar as folhas das árvores mais altas e, dessa maneira, as próximas gerações de girafas surgiram com os pescoços ainda mais longos. Vou citar outro exemplo. Aos holandeses, atualmente, é atribuído o status de homens mais altos do mundo, cuja média de altura corresponde a 1,84 m. Seria curioso relatar que, em meados do século XIX, os homens da Holanda, eram considerados os mais baixos do mundo? Presume-se que essa superioridade é justificada pelos fatores ambientais, em virtude da dieta rica em produtos lácteos. Porém, é possível, também, que a seleção natural, em que os mais fortes ou mais bem adaptados prevalecem, tenha agido junto à fatores ambientais favoráveis, assim como no exemplo das girafas com pescoços mais longos, para elevar a altura média dos holandeses. Pesquisadores analisaram vários dados a partir de uma amostra de dezenas de milhares de holandeses, vividos entre 1935 e 1967, e identificaram que, nessas três décadas, as pessoas as quais tiveram mais filhos foram homens e mulheres com média de altura maior. Assim, homens mais férteis (medindo sete centímetros a mais do que o tamanho médio) tiveram 0,24 vezes mais filhos do que homens menos férteis (14 centímetros a menos do que o tamanho médio). 21
Vamos, agora, a um exercício prático, para que o leitor ou a leitora possa sintonizar-se com o tema aqui proposto, apresentado a seguir. Peço ao leitor ou à leitora que estenda um dos braços de modo que a palma da mão fique voltada para cima. Agora, encoste os dedos polegar e mindinho e, logo após, desencoste um do outro; após, encoste e desencoste novamente e repita por mais algumas vezes, como se efetuasse a apreensão de algum objeto e o desprendesse logo depois. Enquanto efetua esse exercício, preste atenção em um músculo que se torna mais proeminente na região do punho. Percebeu? Esse músculo recebe o nome de músculo palmar longo. Algumas pessoas não o apresentam; outras apresentam em apenas um dos braços e, outras ainda, apresentam em ambos os braços. Sabe qual a função desse músculo? Na verdade, esse músculo não exprime funções relevantes. Ou seja, para ser mais claro, não serve para absolutamente nada. Estima-se, hoje, que esse músculo corresponde aos vestígios de nossos ancestrais com a função, talvez, em um período de milhares de anos atrás, de captura de presas ou facilitar a alimentação após a apreensão. Qual a constatação, diante da “Lei da Seleção Natural”? Sabemos que o ambiente é capaz de influenciar as espécies e o próprio Darwin reconhece isso, como revelou em suas teses. Charles Darwin, porém, foi além disso. Ao observar as mesmas espécies em lugares diferentes, constatou que havia uma variedade de seres com todos os recursos disponíveis e inerentes a esses mesmos seres, prevalecendo, porém, as espécies com mais facilidade para adaptarem-se aos mais diversos tipos de ambiente. Essa história não nos parece familiar quando pensamos em nossos negócios? Perante um mundo de constantes mudanças, sabemos que somente sobreviverão os mais adaptados às exigências de clientes, avanços tecnológicos, atendimento diferenciado e práticas de marketing vencedoras. Em plena “Era da sabedoria” é, também, primordial, entender cada vez mais as reações de nossos clientes, o que fazem, do que gostam, o que os satisfaz ou desagrada, suas expectativas, enfim, procurar entender o ser humano como um todo, utilizando a empatia como fonte de comunicação eficaz, isto é, “sentir a dor do outro” ou colocar-se no lugar do outro. Em meu primeiro livro, “Abra a boca e mostre os dentes, empreendendo para viver”, os leitores mais curiosos puderam conferir um conceito estabelecido por mim, após inúmeros estudos e experiências, chamado “A árvore do sucesso”. 22
A “Árvore do sucesso” é sustentada pelo tronco formado por quatro pilares principais, definido pela sigla CEPE, cada letra da sigla correspondente a um desses pilares, respectivamente, à conhecimento, empatia, prática e ética. O tronco mantém os galhos e a copa da árvores, onde se localizam todos os atributos de alguém que mantém comportamentos exitosos, ilustrados pela persistência, disciplina, foco etc. Certamente, essa árvore produzirá frutos e serão ofertados aos indivíduos, pessoas, comunidades e sociedades. No interior desses mesmo frutos, encontram-se as sementes as quais representam nossos sonhos e metas, plantados anos atrás. O que seria deste mundo diante de uma árvore frutífera como essa ao lado de outra e mais outra e, ainda, infinitas outras? Pois é... do tronco, temos a empatia que “carrega nos braços” ou “dá lugar” a todos os atributos de sucesso. No mesmo caule, por onde as vitaminas e sais minerais passam e alimentam toda estrutura da árvore, possibilitando que folhas e galhos mantenham-se firmes e, posteriormente, produzam frutos, além da empatia, encontram-se o conhecimento, relativo à técnica de sistema operacional de nosso negócio, a prática, já que conhecimento sem prática iguala-se a nada, e a ética, pilar essencial. Em analogia ao tronco dessa árvore, há o conceito do autor Stephen Covey, encontrado em seu livro “O 8º hábito”, uma espécie de continuação de sua publicação anterior, “Os sete hábitos das pessoas altamente eficazes”, onde destaca os quatro requisitos fundamentais aos grandes líderes de sucesso: o corpo, a mente, o espírito e a alma. O corpo é representado pela força física; a mente, pela cognição; o espírito, pela emoção; e a alma está diretamente relacionada à coerência entre o falar e o agir. Se um líder não tem alma, não possui nenhum dos quatro requisitos citados. Eu vou um pouco mais longe. Creio que a consonância entre falar, pensar, sentir e agir, é similarmente comparada à sinfonia de uma orquestra sistematicamente treinada ou habituada a emitir uma bela música. A fala rege nossos pensamentos e sentimentos. Quanto mais próximas nossas ações estiverem do que falamos, pensamos e sentimos, mais alinhados aos nossos propósitos estaremos. Na verdade, dispomos de todos os recursos. Quem estiver mais bem adaptado às mudanças atuais constantes, sobreviverá no mundo corporativo, empresarial ou como prestador de serviços e, também, em suas esferas pessoais e familiares. 23
Capítulo 5 Pesquisa CESPP - Diagnóstico
Na conhecida história “Alice no país da maravilhas”, enquanto a protagonista caminha pela floresta, depara-se, em certo momento, com uma encruzilhada. Alice, sente-se indecisa e pede ajuda a um gato que aparece em uma árvore: - Eu só queria saber que caminho devo tomar, pergunta Alice. - Isso depende do lugar aonde você quer ir, responde o gato tranquilamente. - Realmente isso não importa, responde Alice. - Então não importa que caminho tomar, afirma o gato taxativo. Moral da história: quem não sabe para onde deseja ir, qualquer caminho serve. A meta traçada depende, porquanto, da identificação do estado atual. Onde estamos nesse instante? Assim, logo que estivermos situados, determinamos “para onde vamos”. De acordo com o filósofo Sêneca, “se um homem não sabe a que porto se dirige, nenhum vento lhe será favorável”. Há inúmeros empresários que não identificam evidências, cometem seus erros, fecham suas empresas, começam outras e cometem os mesmo erros anteriores por falta de diagnóstico preciso da situação em que vivem. Dessa maneira, tampouco, estarão habilitados à definição de metas. Como, então, obter o diagnóstico do estado atual de nosso trabalho? Talvez seja uma pergunta mais comum do que se imagina. Os donos de negócios ou empresários, em muitas situações, são os últimos a descobrirem o que está desacertado. Em 2019, obtive o primeiro lugar em uma pesquisa de satisfação de clientes. Porém, minhas metas ainda não haviam sido alcançadas. Pelo contrário, vinha experimentando um desconforto desde 2017 ou 2018 por sentir-me defasado com relação ao mercado. As tecnologias disparavam seus avanços, a estrutura de meu consultório sofria com a ausência de espaço, dispendia muitos recursos financeiros e energia diante da veiculação de peças publicitárias sem estratégia e planejamento definidos, sofria com o aumento dos custos fixos esforçando-me, simultaneamente, para continuar produzindo de forma eficiente perante honorários atrativos. Passei por um período em que, dormia, acordava e procurava atravessar todo o dia sobre uma corda bamba tentando me equilibrar o máximo possível para, à noite, dormir e acordar para tentar atravessar a mesma corda nova24
mente nos dias subsequentes. Tomei, então, algumas decisões. Eliminei, determinadas demandas que não me proporcionavam grandes retornos, isto é, interrompi o atendimento com dois convênios e mantive apenas um, o mais convidativo com relação ao custo-benefício e com um fluxo de pacientes mais restrito, além de continuar investindo em minha especialidade, apostando em meus diferenciais, realizar cursos de gestão e marketing e buscar consultorias junto a empresas competentes. Apesar de tudo isso, ainda não obtive respostas satisfatórias. Tampouco, confortei-me ao assistir ao filme “Fome de poder”, em que se conta a história da rede de restaurantes McDonald’s. O grande visionário do McDonald’s, Ray Kroc, empresário que iniciou no ramo como franquiado e depois adquiriu as lojas, expandindo a rede para todo mundo, encontrou-se, certa vez, com um gerente de banco, cujo intuito, naquele momento, era procurar identificar o “gargalo” de sua incipiente empresa. O bancário o alertou, fazendo a seguinte reparação: “- Ray, seu negócio não são os hambúrgueres e sim os imóveis.” Ray Kroc, obcecado pelos processos e operacionalidade produtiva, acreditava, contudo, na ideia de expansão, ao contrário dos irmãos McDonald’s, os quais alegavam comprometimento ou perda do padrão de qualidade se novas lojas fossem abertas em outras localidades. Quando sofria com as interferências negativas dos irmãos, Ray respondia asperamente que as lojas se espalhariam pelos Estados Unidos. Hoje, sabemos que as receitas do McDonald’s são provenientes dos aluguéis, royalties e honorários pagos pelos franqueados. Enfim, enquanto isso, buscava o diagnóstico verdadeiro de meu negócio. Desejava uma resposta clara à pergunta “onde estou”, da mesma maneira que Ray Kroc recebeu do bancário. Efetuava consultorias e mais consultorias, respondia a questionários, revia as planilhas, concretizava uma melhoria ali e outra aqui, tentava estabelecer as fortalezas, fraquezas, ameaças e oportunidades, tudo de forma pontual, sem que isso se refletisse em resultados mais palpáveis. Foi quando, durante um curso de PNL (Programação Neuro-Linguística), recebi uma resposta de meu companheiro de curso, como vou revelar em momento mais oportuno, da qual, realmente, provocou-me um “chacoalhão”. Entretanto, posso adiantar, o que pude constatar: em primeiro lugar, estava no caminho certo; em segundo lugar, uma decisão mais profunda seria necessária a fim de alcançar resultados mais relevantes. Há uma frase bíblica muito forte, encontrada no Livro do Apocalipse: “Sei 25
as tuas obras, que não és frio, nem quente; prouvera a Deus que fosses frio ou quente; assim, porque és morno e não és frio, nem quente, vomitar-te-ei da minha boca.” Pois era a hora de sair “de cima do muro”. Ou eu permanecia na mesmice ou faria algo que, realmente, pudesse tornar-me mais diferenciado ainda, contribuindo para a perpetuidade do negócio. Aliás, essa condição de indecisão e/ou permanência na zona de conforto se reflete em muitos empresários, donos de negócios e líderes de organizações não-governamentais, por exemplo; já testemunhei, no caso destas últimas, associados de grupos que participam eventualmente dos projetos e reuniões e, mesmo assim, sentem-se confortáveis em apontar falhas e exprimir críticas, muitas vezes, até sem fundamento. Quais as soluções e alternativas sugeridas por esses associados que pouco frequentam a organização ou grupo? Quase nenhuma ou nenhuma, pois sua postura reflete-se em sua opinião e vice-versa, seu comportamento não condiz com o propósito, não se sente presente e, quando menos se espera, alega outros afazeres para deixar a instituição. Certa vez, ouvi Mário Sérgio Cortella dizer: “- Quem não participa nunca tem razão.” Enfim, pior do que uma decisão ruim é não tomar qualquer decisão. Portanto, quando se sentir perdido, busque informação, “dissocie-se” de si, pergunte, adote consultores, tome as decisões, começando pelas mais pontuais e, após, efetue algumas alterações e aperfeiçoe-se continuamente. Olhe cada detalhe e se achar que está tudo bem é porque não olhou direito.
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Capítulo 6 Autorresponsabilidade CESPP - Autorresponsabilidade É curioso identificar alguns hábitos de meus clientes e surpreender-me com algumas de suas atitudes como consumidores. O leitor ou a leitora, nesse momento, pode estar se perguntando: “- O título deste capítulo é “Autorresponsabilidade”; então, qual a relação do título com os hábitos dos consumidores?” Pois é. Foi proposital e, realmente, parece contraditório abordar a “autorresponsabilidade” falando dos outros, ainda mais quando se tratam de consumidores. Vou mais diretamente ao ponto já que, como prestador de serviços, ofereço produtos que satisfaçam o desejo e as necessidades dos clientes. Mas, é preciso lembrar: sou consumidor também, por conseguinte, tão exigente quanto meus consumidores. Busco informações e passo pela conhecida “jornada do consumidor”, até a compra final e desejo que o atendimento dispendido pelo vendedor ou responsável técnico da empresa da qual busco um produto ou serviço, seja o mais respeitoso possível, além de satisfazer também as minhas necessidades e expectativas. Faz um pouco mais de sentido agora? A “autorresponsabilidade” aqui abordada demonstra que sou tão consumidor quanto o cliente mais chato que se interessa pelo meu trabalho. Por esse ângulo, sinto-me mais inclinado a compreender o cliente em um verdadeiro exercício de empatia e, atualmente, diante dos modelos de mercado vigentes, “colocar-se no lugar do outro” torna-se cada vez mais obrigatório. Certo dia, uma colega, encontrou-me no supermercado e sentiu-se na liberdade de, rapidamente, perguntar a respeito de sua situação clínica. Ela dizia que havia visitado outros dentistas, acostumada dessa maneira por vários anos, relatando-me que apresentava uma “coroa”, conforme suas palavras, sobre um dente com sinais de prognósticos duvidosos, pelo que consegui entender, já que estávamos fora do ambiente clínico. Efetuei, assim, minha primeira interferência: “- O dentista ou a dentista disse que há chances de preservação do dente por meio do retratamento do canal?”. Aí, respondeu-me: “- Ela disse que eu posso refazer o canal, mas não compensa pelo custo em comparação com o implante.” 27
Logo percebi que a paciente (ou cliente) estava em pleno ciclo de sua jornada de consumidor, mais especificamente na fase de avaliação deliberada a qual precede qualquer tomada de decisão, diante da confiança depositada na profissional por longos anos e, além disso, apesar da orientação transmitida pela colega cirurgiã, a de extrair para efetuar o implante, a cliente não demonstrou convencimento e não se sentiu à vontade, por conseguinte, em optar pela execução do tratamento imediatamente. Isso, talvez, pudesse acarretar algumas consequências para a saúde se o caso apresentasse alguma infecção associada à raiz do dente em questão, ou quaisquer outras ocorrências, não levadas em consideração pela minha amiga consumidora, mas isso faz parte de outra discussão. Intempestivamente, relatou-me outra experiência, ao descrever que, antes do casamento de sua filha, visitou outra profissional e demonstrou descontentamento: “- Ela “desgastou” todos os meus dentes para pôr a resina mais clara!”. Minha mais breve constatação imediata: estava diante de mais uma cliente exigente. Assim como eu. Também sou exigente. Ouvi com paciência e arrematei: “- Fulana, eu posso ajudá-la. Antes de tomar qualquer decisão, vá ao meu consultório, eu avalio, faço uma radiografia e passo todas as informações de que necessita, as opções de tratamento, quais as vantagens, desvantagens e riscos de cada opção. Isso vai proporcionar mais segurança a você”. E assim encerramos essa breve “consulta fora de hora e local” que, em minha opinião, em situações semelhantes, deve-se portar-se com o maior esmero possível a fim de não incorrer em erros ou efetuar quaisquer comentários que possam deixar o consumidor ainda mais confuso. No mundo de hoje, o consumidor é cada vez menos fiel às suas escolhas. Ele muda constantemente de opção. Vai a uma pizzaria e depois à outra, a um posto de gasolina para abastecer o carro e depois em outro diferente do primeiro, assim como as compras em supermercado e a aquisição de uma marca de carro que, mais tarde, não fará mais parte de seu “hall” de consumo. Nunca se viu como hoje, um mercado de tantas possibilidades à disposição dos consumidores. Não há mais “fidelização”, embora seja vital para um negócio estabelecer estratégias para a “fidelização” dos clientes, mediante a confirmação de que é sete vezes mais fácil manter um cliente do que conquistar outro. O fato é que, poucas pessoas como a minha amiga, na situação descrita, vão ao mesmo dentista por 20 anos. Ela sempre confiou. Depois de um tempo, até ela sentiu-se inclinada a visitar outros consultórios. Não me lembro, entretanto, de tê-la atendido posteriormente e, tampouco, 28
soube da decisão tomada por ela. Mas, o que mais me intrigou nessa história foi o seguinte: quando ela me disse exatamente dessa forma, “- Ela desgastou os meus dentes”, refleti rapidamente, “- Como você deixou?”. Mas, se essa indagação fosse dirigida diretamente a minha amiga, poderia tê-la incomodado ou a ofendido, ao transmitir, assim, a informação de que a responsabilidade era estritamente dela, como cliente e consumidora, por isso, nesse instante, mantive-me calado e procurei ajudá-la. Talvez a falta de uma comunicação eficaz fosse o motivo que tenha provocado sua insegurança. Acreditava em sua dentista de anos e anos, mas, logo não se sentiu confortável com o diagnóstico de uma condição clínica e seu plano de tratamento para a resolução do problema e, simultaneamente, com relação a outra colega cirurgiã, decepcionou-se com o serviço recebido, acumulando, portanto, um efeito de desconfiança. Outrossim, é evidente sua hesitação em visitar um terceiro profissional. Aliás, há clientes que visitam inúmeros médicos de mesma especialidade e para o mesmo problema e, apesar disso, não se sentem convencidas com o que ouvem ou esperavam ouvir, determinando sua relutância na tomada de decisão. Sabe-se, também, que a tomada de decisão do ser humano está baseada muito mais em fatores emocionais do que racionais e, em uma proporção avassaladora, de 90 a 95% em favor das decisões intuitivas, em detrimento das esmeradas avaliações em uma percentagem de 5 a 10 % apenas. O que faltou, enfim, para essa minha amiga tomar a decisão mais adequada possível? Difícil dizer. Somente posso dizer que, em primeiro lugar, ela só assumirá sua autorresponsabilidade quando se sentir confortável e convencida para tomar uma decisão. Em segundo lugar, por mais que as informações sejam transmitidas, explicitadas em seus pormenores ou demonstradas por meio dos casos clínicos semelhantes e já concluídos, enfim, por mais que os profissionais digam “- É assim que deve ser feito”, só caberá à cliente decidir o melhor momento para ela adquirir o serviço ou produto. Portanto, compreendi o tempo da paciente e deixei que ela se sentisse à vontade sem que eu interferisse, inapropriadamente, em sua tomada de decisão; procurei, no entanto, colocar-me em uma condição de auxiliá-la, evitando qualquer anseio de decidir por ela. “Se conselho fosse bom poderia ser vendido”, revela o ditado. Mas, o que eu quero dizer com isso? Quero revelar que, por mais que utilize frases imperativas, como “- Faça isso”, ou “- Faça aquilo”, nem sempre 29
esse é o fator principal que vai fazer com que alguém tome uma decisão. “Fui eu quem comprei, não fulano quem me vendeu”, é a frase orgulhosa dos clientes e consumidores. Assim, o ser humano é complexo? Na verdade, o ser humano é o que é. E, falando em ser humano consumidor, há muitos comportamentos que influenciam a sua decisão de compra de um produto ou aquisição de um serviço, como fatores culturais, pessoais, sociais, psicológicos, faixa etária, entre outros muito bem elucidados pelos gurus do marketing; vale à pena conhecer cada um desses comportamentos com o objetivo de desvendar o que realmente o cliente espera e como é possível agregar valor que supere suas expectativas. E, para conhecer o cliente profundamente, as seis leis da autorresponsabilidade são fundamentais, expressas por Paulo Veira, em seu livro “Poder e alta performance”: - Se for criticar... cale-se - Se for reclamar... dê sugestão - Se for buscar culpados... busque a solução - Se for fazer-se de vítima... faça-se de vencedor - Se for justificar seus erros... aprenda com eles - Se for julgar alguém... julgue a atitude da pessoa Conclusão: mapa não é território. Essa é uma das premissas da PNL (Programação Neuro-Linguística), ou seja, o meu mapa, a visão de um lugar ou região não corresponde ao real território do outro. Como posso saber ou julgar precipitadamente o comportamento do outro? Por isso, o meu mapa é diferente do mapa do outro e é justamente por essa razão que são dispendidos muitos esforços e energias desnecessários, ao desejar acreditar que o outro tenha a mesma visão de mundo que eu, ou a mesma opinião e as mesmas atitudes. A autorresponsabilidade é um hábito. Um hábito precioso o qual, também, prima pela aprendizagem-modelagem constante.
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Capítulo 7 Ao alcance de si CESPP - Metas Pude visualizar qual é o real significado de uma meta depois de minha participação no seminário EMPRETEC. A sensação é a de “uma ficha que cai” ou de “uma chave que abre uma porta antes totalmente trancada”. A meta “SMART” tornou o processo de definição de minhas metas muito mais claro. O que significa, em primeiro lugar, a sigla “SMART”, dentro desse contexto? Cada letra se constitui em uma parte da meta que compõe o todo. Uma meta “SMART” é verdadeiramente definida se essa técnica for seguida e aprimorada, levando-se em consideração os processos e a execução melhor ainda que o próprio planejamento. Dessa forma, para a letra “S”, temos a palavra específico; a meta deve ser palpável, clara, “visual”, ilustrativa. Posso citar um exemplo: montar minha clínica. Quanto mais específico, objetivo e assertivo, melhor. Lembro-me de uma história do nadador César Cielo em que ele escrevia e colava o tempo que desejava alcançar para as provas mais rápidas da natação no teto de seu quarto e, assim, ele as visualizava frequentemente, logo depois de um dia exaustivo de treinamentos. Para a letra “M”, estabelecemos a meta de forma “mensurável”. Aqui, define-se o que se pode mensurar ou, por exemplo, o valor que se deseja poupar para um empreendimento ou, ainda, a quantidade de produtos que tem por objetivo vender em um determinado período de tempo. Seguindo a linha de raciocínio do parágrafo anterior cuja meta específica é montar uma clínica, posso mensurar o valor total em R$ 470.000,00. A letra “A” indica alcançável. Aquilo que está ao alcance, dentro das possibilidades avaliadas, levando-se em consideração todos os riscos e alternativas, ou seja, o plano que permite conquistar a meta mensurada anteriormente. Seguindo o exemplo ilustrado por mim, isto é, atingir os 470 mil reais, partindo-se do princípio que, atualmente, já tenho um valor em patrimônio ou investimentos que serão dirigidos para a montagem da clínica correspondente a 264 mil reais, o planejamento de escolha é poupar, aplicar e/ou investir o equivalente a 4.166,00 reais ao mês, algo considerado totalmente possível. Logo depois, estabelece-se a relevância do projeto, representada pela letra “R”. Aqui, justifica-se a meta. Para mim, a meta é relevante porque consiste 31
em algo que sempre sonhei e, além disso, posso, cada vez mais, proporcionar saúde, bem-estar e satisfação às pessoas, através de uma estrutura mais aconchegante, seguida de um atendimento de qualidade e eficiência com serviços de grande resolutibilidade perante os seus desejos e necessidades. Por último, a letra “T” onde se determina o tempo para a conclusão da meta da forma mais precisa possível. Em 28 de novembro de 2023, por exemplo. Porquanto, como ilustrado acima, minha meta está definida: juntando as partes teria o todo formado da seguinte maneira: “Montar minha clínica, no valor de 470 mil reais, poupando, aplicando e/ou investindo 4.166,00 reais mensais, porque é algo de que sempre sonhei e, além de poder oferecer serviços e atendimentos cada vez melhores, em 28 de novembro de 2023”. Simples assim. Determine sua meta, escreva, coloque em um lugar visível, “abrace-a”, “converse” com ela e “sinta-a”. É interessante notar que cada uma das partes que constituem a meta “SMART” pode ser definida a partir de uma palavra interrogativa. Para algo específico perguntamos “o quê?”; para algo mensurável, perguntamos “quanto?”; para definirmos o que é alcançável, utilizamos “como?”; para estabelecer a relevância, questiona-se “por que?”; e para o tempo, “quando?” Tudo passou a fazer sentido para mim quando defini minhas metas baseadas nessa técnica além de associá-la a um “ajuste precioso” de rota, ao deparar-me com o conceito de riqueza de Paulo Vieira, expresso em seu livro “Fator de enriquecimento”. Entre tantos assuntos abordados com muita precisão, pude compreender que a conquista de riqueza é regida por comportamentos e mudanças cognitivo-emocionais, ao me deparar com os seguintes passos da adequada relação com o dinheiro: 1º) Pagar-se primeiro; 2º) Doar; 3º) Pagar todas as contas; 4º) Investir em ser rico (com segurança, maior retorno e em menor tempo); 5º) Poupar para sonhos; 6º) Abundar: gastar ou reinvestir ou doar novamente. O que eu entendi exatamente? Até então, havia realizado alguns sonhos como viajar, escrever e publicar alguns livros, fazer especialização e aprimorar-me constantemente, comprar um apartamento e um carro novo etc. Entretanto, encontrei um desalinhamento de minha rota quando percebi que todos esses sonhos realizados provinham de uma mesma fonte de riqueza, 32
correspondente aos 4º e 5º passos elucidados acima. Pode parecer óbvio, mas, naquele momento, percebi que um sonho, como uma viagem, por exemplo, é realizado com o dinheiro investido apropriadamente para este fim, jamais em detrimento dos investimentos para a riqueza. Deparei-me, apenas para ilustrar, no ano de 2017, depois de, em um espaço compreendido por, aproximadamente 10 meses, comprar um apartamento, concluir um curso de atualização, comprar um carro zero quilômetro e, ainda, fazer uma viagem de 15 dias para a Europa, com a “fonte quase totalmente seca”. “Mude antes que seja obrigado pela força das circunstâncias”. Desde então, passei a separar os dois aspectos, o de realizar sonhos do de investir para a riqueza. Anteriormente, um interferia no outro e, dessa forma, novos planejamentos foram praticados por mim a fim de que eu pudesse realizar as metas maiores ou de longo prazo, já que as menores ou as de curto e médio prazos já as havia alcançado. Enfim, coragem. Coragem para escalar montanhas e usufruir da vista e do caminho. A felicidade consiste no hoje, no durante, no aproveitamento do agora, na contemplação dos momentos. Certo dia, ouvi uma música, de quem não me recordo a cantora, mas que, em uma de suas estrofes expressava o seguinte: “você só tem a vista da montanha que escalar.” Portanto, descubra e defina sua meta, escolha a montanha com retidão e usufrua a passagem. Nisso consiste a beleza da vida.
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Capítulo 8 Como aprender com os erros CESPP – A importância do fracasso “Águas passadas não movem moinhos”; “não chore o leite derramado”. Você concorda com essas duas frases? Seriam essas duas frases fortalecedoras de crenças? Poderíamos gerar novas águas para movimentarem os moinhos? Posso chorar e refletir sobre o que passou? Alguns relatos afirmam que, se pudéssemos dividir o tempo em que realmente vivemos, estaríamos com 75% do total no passado, 20% no futuro e, somente, 5% no estado presente. Ou seja, o ser humano está mais preocupado, atualmente, com acontecimentos passados. Mágoas que provocam gastrites, arrependimentos diante de atitudes não tomadas capazes de promoverem angústias e, em graus mais profundos, problemas psicológicos graves associados aos infartos ou tumores malignos. “O passado realmente nos condena?” Depende. Tudo depende de um único fator, encontrado entre o passado e o futuro. Esse mesmo, o presente regido sob o controle de nossas emoções e raciocínios sobre, possivelmente, erros e fracassos passados e os planos para o futuro. O quanto você tem vivido no presente? Os aparelhos celulares, a internet e tantas outras tecnologias com respostas cada vez mais rápidas, estariam interferindo em nossa ansiedade pelo futuro bem sucedido, mergulhado em riqueza e reconhecimento de outrem? “Acima da conquista de algo de valor, seja uma pessoa de valor”, como mencionou Albert Einstein. Ser é viver o presente. O pensador Erich Fromm enfatiza a sobreposição do “ser” ao “ter”. “Ter” é passado ou futuro, quando se almeja e dispende-se toda sua energia em ter algo. Ser, entretanto, é também aprender com os fracassos pregressos. Se as faltas cometidas outrora não forem importantes para levar-nos à reflexão, reparo dos erros e, a partir daí, à elaboração de novos planos e mais bem pormenorizados, seguida de uma execução plena, possibilitando benefícios, intermediada pelo alinhamento do propósito, continuaremos cometendo os mesmos erros, muitas vezes, apenas com a mudança de cenários. O que muda o cenário é o “mindset”, definido como a visão que se tem de 34
tudo. A reação perante as ocorrências podem interferir nas próprias ocorrências, sejam positivas ou negativas. Fracasso é não tentar. O fracasso lapida ou modela nosso “mindset” e só nos atrapalha se os fracassos não nos remetem a novas alternativas reinventando-nos como pessoa. Uma boa lição de mudança de “mindset” foi-me revelada no livro “O segredo”, de Rhonda Byrne, em que a autora sugere o “segredo” para o dinheiro: (“concentre-se da prosperidade e não na falta de dinheiro”), para os relacionamentos (“concentre-se nas qualidades do outro e não em suas faltas”) e para a saúde (“concentre-se na promoção de saúde e não no que as doenças podem provocar”). Não ignore o passado. Muitas vezes, diante de uma situação difícil pela qual algumas pessoas estavam passando, perguntei: “- O que você faria diferente?”. Por incrível que possa parecer, essa pergunta simples, pode ser estimulante. No entanto, as respostas que obtive, em muitas ocasiões, eram vagas ou recheadas de hesitação, proferidas por pessoas as quais assumiam atitudes de rejeição do passado. Frases fatalistas como “- Isso não vai acontecer de novo”, “- Isso tinha que acontecer”, ou “- Eu tinha que passar por isso”, demonstram a dificuldade de aceitar os erros e tendem, por conseguinte, salvo em raras exceções, atribuírem as consequências e a responsabilidade sobre os outros. “- Isso ou aquilo foi provocado porque “fulano” fez isso ou aquilo”. A autorresponsabilidade é eximida nesses casos. Outrossim, somente quando nos “dissociamos” de nós mesmos a fim de procurar enxergarmos nossas atitudes, erros e acertos, - a PNL (Programação Neuro-Linguística) pode contribuir incontestavelmente para a prática dessa técnica, a “dissociação” -, damos outro significado aos acontecimentos. Há, nessa situação, o “ressignificado”. Não podemos ignorar o passado, tampouco concentrarmo-nos demasiadamente em metas futuras. O passado fortalece o presente até que o futuro chegue. Planos são importantes evidentemente, porém, as estratégias bem determinadas e aplicadas no presente, determinam o futuro. Certa vez, em uma Conferência, o brilhante escritor e conferencista César Romão, contou-nos o episódio envolvendo um padre, que resolveu fazer uma viagem com balões de gás hélio e teve um final trágico. Ao ser indagado por algumas vezes, antes da viagem, sobre o porquê de evitar o uso de GPS entre outras medidas de segurança para gerenciamento dos riscos de sua “empreitada”, o padre respondia: “- Deus está comigo!”. 35
Mediante esse evento, Romão concluiu: “a estratégia é fundamental, Deus só ajuda quem tem estratégia”. Outro detalhe fundamental sobre o passado. No mesmo nível de importância dos erros cometidos anos atrás, estão, também, nossos acertos e devem ser valorizados, desde que a vaidade não tome o seu lugar favorito; se o ego prevalecer passa a ser adversário. Portanto, geralmente, não se vencem batalhas sem fracassos anteriores. As derrotas trazem, muitas vezes, mais ensinamentos do que as vitórias. As vitórias, contudo, são importantes também; devem ser comemoradas e usufruídas e, acima de tudo, dessas mesmas conquistas, aprendizagens são extraídas. Na entrada da Quadra Central de Wimbledon, considerado o “maior templo” do tênis no mundo, há uma frase tirada do poema “If” do famoso poeta chamado Rudyard Kipling inspirando muitos atletas, alguns deles chegando a citá-la durante as conquistas dos torneios: “If you can meet with Triumph and Disaster and treat those two impostors just the same”. Ou seja: “Se você puder encarar o triunfo e o desastre e puder tratar esses dois impostores igualmente”. Por isso, pratique a resiliência, estique o sucesso e faça a compactação dos fracassos. Resiliência é suportar as dificuldades, principalmente, aquelas as quais mais nos aborrecem. Incomodar-se, portanto, é o primeiro passo para a mudança.
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Capítulo 9 O poder da desestruturação CESPP – Reinvenção Antes de chegar ao tema deste capítulo, o poder da desestruturação, vou falar um pouco sobre a importância da estruturação. A estruturação pode ser conceituada pela tendência ou necessidade de se estabelecer regras sociais a serem respeitadas; é organizar, planejar ou estruturar os processos, transformar tarefas em subtarefas, determinar etapas de produção, desde a concepção até a usinagem de um produto, projetar sua casa dos sonhos até que todos os passos para sua construção estejam cumpridos, ou seja, a partir do alicerce até o seu acabamento, possibilitando a habitação. Isto é, tendemos a seguir inúmeras convenções, regulamentos, princípios, leis, premissas, diretrizes e normas. O processo educacional vigente, só para citar outro exemplo, também é regido por regras com a finalidade do ensino da matemática, idiomas, história, ciência e geografia. Mas, em termos de aprendizagem, será a tradição a única forma de evolução? Vou contar um pouco, de “maneira estruturada”, sobre minha experiência e o que aprendi com os livros, estudos, pesquisas, pessoas e experiências dos outros, para podermos refletir melhor, citando alguns exemplos. Em 2016, tomei conhecimento de uma palestra sobre oratória, graças à indicação de um Clube de Rotary de uma cidade vizinha, e resolvi chamar o professor, hoje meu amigo, para ministrá-la em nosso clube. Em virtude do período eleitoral, recebemos muitos convidados, entre eles, alguns candidatos a prefeito e a vereador. Logo depois, participei de seu curso, efetuado em dois fins de semana seguidos, se bem me lembro. Foi bastante interessante assimilar os conhecimentos e, mais ainda, praticá-los em plena aula, fazer ajustes e apresentar algumas rápidas palestras concebidas durante o curso. Naquele momento, tive a oportunidade, junto com os demais alunos, de aprender a falar com clareza, a maneira de manter um bom tom de voz, como “aquecer-se” diante de alguns rápidos exercícios de voz antes das apresentações, mediante a técnica de exposição a qual consistia, basicamente, em algumas poucas etapas que definem uma boa apresentação, conforme os passos a seguir: 37
1º) apresentação; aqui o autor se apresenta brevemente ao público; 2º) exposição do problema; nessa etapa o palestrante aborda o assunto, por meio de conceitos, experiências e exemplos com o objetivo de gerar identificação junto ao público, diante do tema abordado; 3º) causas do problema; esse é o momento de expor a origem do problema abordado; 4º) solução do problema; aqui são relatadas as ações para resolução dos problemas; 5º) motivação para a solução; finalmente, o autor incentiva o expectador a praticar as atividades mediante o que foi exposto. Roberto Shinyashiki, um dos maiores palestrantes do Brasil, em seu belo livro “Os segredos das apresentações poderosas”, expõe suas dicas para ser bem sucedido durante as apresentações e, essencialmente, obedece também a determinadas estruturas, como ilustrado, por exemplo, pelo seu método definido em cinco passos para fazer uma apresentação poderosa. São eles: 1) Planejar; 2) Preparar; 3) Treinar; 4) Executar; 5) Aprimorar. Todas essas dicas, provenientes de cursos, livros e troca de experiências, foram importantes para me auxiliarem em diversos aspectos de minha vida, entre eles, na elaboração das resenhas literárias, veiculadas nos jornais, que repercutiram na publicação de meus livros e na criação de meu blog dicasdelivrosite.wordpress.com.br. Os entusiastas por literatura que desejarem acompanhar meu blog, vão se deparar com as resenhas, cujo desenvolvimento é regido por uma estrutura estabelecida por mim, conforme os seguintes passos, não rigorosamente ordenados como descrito abaixo, em que, no caso de algumas resenhas dei mais ênfase a um dos passos relacionados, enquanto, em outras resenhas, são mais marcantes um ou mais das subsequentes etapas: 1) Rápidas informações sobre o livro; a data e local de publicação, por exemplo; 2) Informações breves sobre o autor; a profissão, sua história ou fatos marcantes; 3) A resenha propriamente dita; ou seja, um breve relato da história do livro; 4) Destaque para a(s) personagem(ns) principal(is); 38
5) Minhas impressões, comentários ou críticas sobre o livro, entremeadas, em algumas ocasiões, por citações, descrição de cenas e seu respectivo significado (com o mínimo possível de “spoilers”); 6) Conclusão; onde se destaca a importância e/ou o impacto do livro sobre as pessoas, o país e/ou o mundo. Dessa forma, deparei-me e, continuo me deparando, com muitas estruturas organizacionais consideradas fundamentais nos mais diversos aspectos de minha vida. A prática gera hábitos consistentes e provenientes de treinamentos e revisões sistemáticos. Escrever um romance também envolve algumas dicas práticas e estruturais em que a história é contada; escrever, aliás, é matemático, como consideram alguns especialistas. De maneira semelhante, durante a venda de um produto ou serviço, em que o vendedor, sob o domínio da técnica da arte de vender, também aplica as estruturas desenvolvidas e aprimoradas no dia a dia. Basta observar um exímio vendedor de um produto qualquer que seja e apreender cada artifício de técnica, executado mediante um cliente ou comprador em potencial, tomando ciência do quanto esse vendedor exerce sua função com maestria e habilidade, chegando a tal ponto de aplicar seu conhecimento e ser bem sucedido em total estado de fluxo, como já foi discutido em outro capítulo, isto é, devidamente calibrado e imbuído de total naturalidade como se o fizesse inconscientemente. No caso do vendedor acima, seu comportamento está tão diretamente relacionado ao seu jeito de ser e atuar que chega a “desestruturar-se”, isto é, vai além da técnica. Paralelamente, isso ocorre na música, poesia, literatura, cinema, esportes ou ciência. Há músicos, poetas, escritores, diretores, atletas e cientistas, tão habilidosos em suas funções, que alcançam um tal nível de “desestruturação”, o qual pode estimulá-los a atingir patamares ainda mais altos levando-os a redescobrirem-se. A perícia sempre promove novos desafios, e é diante desses novos desafios enfrentados e, quiçá, superados, que se adiciona consistência à evolução humana. Nos últimos anos, a liga profissional de basquetebol norte-americano (NBA), aumentou o número de cestas de três pontos, assim como a média de acertos para a casa dos 35 %, bem superior à de 30 anos atrás. Roger Federer, o maior tenista de todos os tempos, cujos golpes beiram à perfeição, em alguns torneios recentes, durante poucos momentos do jogo, ao receber o saque de seus oponentes, dirigia-se praticamente dentro da área de saque, bem pró39
ximo à rede, buscando novos desafios e jogadas surpreendentes, tendo êxito em algumas situações, utilizando esses artifícios. Steven Johnson, um dos maiores pensadores e estudiosos de tecnologia da atualidade, em seu sensacional livro “Como chegamos até aqui”, demonstrou em seus estudos muito bem categorizados, a evolução ou a relação do ser humano ao longo do tempo com cada um dos itens abordados em seus respectivos capítulos, como o frio, em que se discorre sobre como as pessoas utilizavam a refrigeração antigamente até culminar no surgimento do ar condicionado, a influência do som, sua evolução e importância para as propagandas nazistas durante a Segunda Grande Guerra ou para a difusão da música dos Beatles, a maior banda de todos os tempos, enfim, leitura prazerosa e com informações valiosas. No capítulo sobre higiene, apenas para citar mais um exemplo utilizado no livro, antes presumia-se que somente o contato da criança com determinados germes poderia desencadear a imunidade; atualmente, no entanto, como relatado por Johnson, diante da indústria da limpeza, estimada na movimentação de U$ 80 bilhões (isso, no momento em que o autor realizou seu estudo, pois hoje essa cifra provavelmente seja maior), por onde em todos os lugares pelos quais passamos como supermercados ou drogarias, encontrando milhares de produtos dedicados ao combate de bactérias, desde os utilizados para pias, vasos sanitários, pisos, talheres, dentes ou pés, essa obsessão, enfim, pela limpeza, talvez, tenha chegado longe demais como sugerem alguns já que, em um mundo cada vez mais higienizado, esse aspecto pode se relacionar com as crescentes taxas de bronquite e alergia, mediante o sistema imunológico infantil que se desenvolve sem se expor a toda diversidade de germes. Eis aqui o primeiro ponto de minha singela visão sobre a evolução a qual pode se bifurcar: de um lado, a evolução ecológica, ou seja, aquela que promove benefícios individuais, às pessoas, comunidades e sociedades do mundo todo; o descobrimento das vacinas proporcionou o controle ou a eliminação de inúmeras doenças, por exemplo. Entretanto, pela outra via de acesso, podemos constatar que o ser humano pode extrapolar ou fazer uso de algo não necessariamente capaz de promover mudanças benéficas, ilustrado pelo, graças aos avanços tecnológicos, aparecimento de armas cada vez mais automatizadas, silenciosas ou letais. Pois bem. Levando-se em consideração a zona ecológica de nossa evolução, originada pela perícia em algo, Steven Johnson, foi muito feliz em citar um dos discursos mais emblemáticos proferidos por Steve Jobs, em Stanford 40
que, em minha opinião, evidencia o significado da “estruturação para desestruturar-se” ou, em outras palavras, em um verdadeiro processo de “construção – desconstrução - reconstrução”, resultando em descobertas ou redescobertas de si, de outrem, ou de teorias, produtos etc. Jobs, nesse momento, contou histórias sobre o poder criativo ao topar com novas experiências, a de abandonar a faculdade para assistir a uma aula de design que culminou na moldagem da interface gráfica do Macintosh ou, ao ser obrigado a sair da Apple, quando resolveu lançar a Pixar e criar o computador NeXT. “O peso de ser bem sucedido foi substituído pela leveza de ser novamente um iniciante, com menos certezas sobre tudo. Isso me libertou para entrar num dos períodos mais criativos de minha vida”, disse Jobs. Essa parte do discurso remeteu-me ao astro do basquetebol norte-americano Michael Jordan quando deixou o seu esporte para aventurar-se no beisebol. Em outra parte do discurso de Jobs, porém, depois de relatar as maneiras como as improváveis colisões e pesquisas podem libertar a mente, concluiu: “- Não fique preso a dogmas, que é viver dos resultados de pensamento de outras pessoas. Não deixe que o alarido da opinião dos outros cale sua voz interior. E, o mais importante, tenha coragem de seguir seu coração e sua intuição.” Agora, Steven Johnson arremata: “Não basta ser fiel a si mesmo. Ninguém deseja criar preso à ortodoxia convencional. Decerto, os grande inovadores da história tiveram tenacidade para acreditar em seus palpites por longos períodos de tempo. Mas há um risco comparável a ser fiel ao próprio senso de identidade e às próprias raízes. É melhor contestar essas intuições, explorar territórios desconhecidos, estabelecer novas conexões que permanecer confortavelmente acomodado em sua rotina.” “Se você quer melhorar um pouco o mundo, vai precisar de foco e determinação; vai precisar ficar dentro dos limites de um campo e abrir novas portas para o possível adjacente. Mas se quiser ter uma “percepção intuitiva das coisas ocultas”, precisará sentir-se um pouco perdido”. Isso é sensacional! Apenas para fim de esclarecimento, o “possível adjacente” é definido pelo autor em seu outro best-seller “De onde vêm as boas ideias”, como a expressão que capta tanto os limites quanto o potencial criativo de mudança e inovação. O possível adjacente tem a ver tanto com limites quanto com aberturas. Vale à pena estudar mais profundamente esse conceito, assim como o con41
ceito da serendipidade e da exaptação. A palavra serendipidade foi cunhada pelo romancista inglês Horace Walpole, em 1754, proveniente do conto de fadas “Os três príncipes de Serendip”, cujos protagonistas estavam sempre a descobrir, por acidente e sagacidade, coisas que não procuravam. No início dos anos 1950, o médico sueco Per Ingvar Bränemark, durante sua investigação da microcirculação sanguínea em tíbias de coelho, com ajuda de uma câmara de observação em titânio, “serendipitosamente”, percebeu que o metal e o osso se integravam perfeitamente, sem rejeição. Com base nessa observação, desenvolveu cilindros personalizados para serem implantados na tíbia de coelhos e cães e, hoje, após mais de 50 anos, os implantes de titânio são utilizados em clínicas e consultórios odontológicos de todo o mundo para a substituição de dentes perdidos, constituindo-se na melhor e mais eficiente modalidade de reabilitação de que se tem notícia até o momento. Isto é, enquanto Bränemark tinha por objetivo um fim para seus estudos, acabou gerando, por meio de suas conexões, descobertas pelas quais não esperava identificar. Similarmente, o conceito de exaptação, refere-se às evoluções ocorridas ao longo da história em que, por exemplo, uma pena de uma espécie de ave, adaptada para o aquecimento, mais tarde, contribuiu para o desenvolvimento de seu voo, ou seja, a pena adaptada para aquecer foi exaptada para o voo. Não é fascinante? É possível alcançarmos esse nível de evolução? Sim. A vocação, aliada sucessivamente aos treinamentos e à diferenciação, levando-se sempre em consideração os processos, as pessoas e o propósito ou a missão de vida, é capaz de provocar a redescoberta de si mesmo e constantemente. Jamais imaginei escrever livros. Meu conhecimento era praticamente zero; não detinha quaisquer conhecimentos da técnica da escrita. Porém, as conexões surgiram, belos “insights”, novos estudos e busca de informações, associadas às minhas experiências, fizeram-me escrever e publicar alguns livros, montar uma editora e efetuar algumas palestras sobre o assunto, segmento de atividade totalmente diverso de minha profissão principal. Já passou por uma experiência parecida? A de procurar algo, perder-se e, despretensiosamente achar algo que jamais pensava em encontrar? A sensação é indescritível. Busque e experimente. Nisso consiste viver o presente e com intensidade. Portanto, “estruture-se para desestruturar-se”, entregue-se ao desconhecido e aceite os sacrifícios para o alcance do sucesso. 42
Capítulo 10 Ligando os pontos CESPP - Conexões Steve Jobs foi um dos grandes responsáveis pelo conceito das conexões entre as partes e a sua influência no processo criativo. Para explicar melhor, as partes são definidas por todos os conhecimentos os quais adquirimos ao longo de nossas vidas, mesmo que, aparentemente, não tenham uma única chance de interagirem entre si, tamanha a distinção entre esses aprendizados, ou possam sugerir pouca ou nenhuma utilidade futura. Lembro-me, somente para ilustrar melhor, ao assistir a uma palestra do ex-enxadrista Geovani Vescovi, várias vezes campeão brasileiro, considerado na época de seu auge um dos 50 maiores enxadristas do mundo, em que ele dizia que, em um determinado momento de sua vida, resolveu aprender o idioma russo. Por que aprender a falar em russo? O que o motivou a isso? Ele simplesmente respondeu que satisfez a sua curiosidade e, em virtude desse aprendizado, fez muitas amizades com russos, cujo país é conhecido por sua excelência no jogo de xadrez. Então, como é possível estimular conexões entre os mais diversos conhecimentos pelos quais nos deparamos ao longo da vida? Cada um escolhe a sua técnica de preferência. No caso de Bill Gates, por exemplo, a leitura é reservada para períodos específicos, com o objetivo de efetuar conexões entre ideias dos vários autores ou conexões entre suas próprias experiências e as experiências descritas nos livros. De fato, ao demorarmos para ler um livro, durante a conclusão de sua leitura, é difícil lembrar os pensamentos, vivências e dicas, mesmo que sejam efetuados os apontamentos dos trechos principais, ou realizado a confecção de esquemas em um caderno ou bloco de anotações, além das observações escritas no próprio livro e/ou grifar as frases mais merecedoras de atenção, como fazem muitos leitores. A leitura rápida ou relativamente mais rápida, estimula a ligação dos pontos, o que chamo de conexão entre ideias e experiências, antes totalmente sem a mínima relação entre elas, que podem ser relacionadas após a leitura, incentivando o aparecimento de “insigths” ou ideias inovadoras. Outro ponto importante: essas conexões ocorrem em momentos, muitas vezes, de relaxamento, em um intervalo para o café, antes de dormir ou ao acordar, durante o banho, a caminhada ou a prática de um esporte, diante de um fil43
me no cinema, enfim, mediante inúmeras situações que possam acender nossos contatos entre o que estudamos, trabalhamos, aprendemos e vivemos. Dessa maneira, a crença de que a “Lei da gravidade” foi descoberta quando o cientista Isaac Newton, em plena sombra de uma árvore, despertado pela maçã que caiu e atingiu a sua cabeça, ao fazê-lo com que gritasse “Eureka”, demonstrando que isso foi determinante para seus postulados, talvez, não faça tanto sentido, apesar de todas as interpretações distorcidas com relação a esse episódio. Pois, os “insights”, pelo menos, na maioria das vezes, posso afirmar, não acontecem tão repentinamente assim. Ninguém escreverá a próxima tese que concorrerá ao Prêmio Nobel, sem que o mínimo de esforço seja dispendido nesse sentido. A ideia de que algo inesperado e incrível aconteça e mude a vida ou paradigmas para sempre, mantendo doses de relaxamento além do devido em seus hábitos cotidianos, é totalmente ineficaz ou contraproducente, para dizer o mínimo; nesse caso, é como jogar na loteria. O universo responde sempre a nosso favor quando damos o primeiro passo. Porquanto, o esforço é necessário para provocar os “insigths”. O incansável Thomas Edison, manteve anos e anos de estudos diários até chegar à sua grande descoberta que o definiu como um dos grandes gênios da história. Várias de suas frases, algumas das mais emblemáticas, podem ilustrar o que estou discutindo aqui: “Talento é 1% de inspiração e 99% de transpiração”; essa ideia, além de tudo, expressa a humildade de Edison. Veja outra: “Nossa maior fraqueza está em desistir. O caminho mais certo de vencer é tentar mais uma vez”, ou “Muitas da falhas da vida acontecem quando as pessoas não percebem o quão perto estão quando desistem”. Vamos a mais outras que exprimem o que todos os seus esforços representaram e representam para todo ser humano: “Tudo alcança aquele que trabalha duro enquanto espera”; “Um gênio é uma pessoa de talento que faz toda a lição de casa”. Soa inspirador? Eis mais algumas sobre surpreender-se ou buscar algo antes desconhecido e que, posteriormente, torna-se revelador, no âmbito da estruturação para a desestruturação ou da construção para a desconstrução e, desta para reconstrução de algo totalmente distinto daquilo que foi construído anteriormente: “A oportunidade é perdida pela maioria das pessoas porque ela vem vestida de macacões e se parece com trabalho”, ou sobre a importância de nossas experiências fracassadas em que diz “Eu aprendi muito mais com os meus erros do que com meus acertos”. 44
Não é fascinante? Eis aqui mais duas últimas, referentes às grandes ideias: “Se fizéssemos todas as coisas de que somos capazes, nós nos surpreenderíamos a nós mesmos”, e “The best vision is insight”, em uma tradução aproximada teremos algo como “A melhor visão é a intuição”. Faz sentido? Acredito que sim. Portanto, quem acredita sempre alcança ou tudo alcança quem menos espera? No caso das ideias inovadoras e “insights”, tudo é possível desde que se mantenha conectado. Outrossim, há pessoas que viajam o mundo e não desfrutam da experiência criativa. Napoleon Hill, em seu livro-curso, “A Lei do Triunfo”, expressa a importância do pensamento organizado, em um processo educativo em que se aplica o que se aprende mediante uma meta definida, com o objetivo de alcançá-la sem, no entanto, violar os direitos de seus semelhantes. Em um outro livro, mais um de seus best-sellers, “Quem pensa enriquece”, ratifica o poder dos esforços organizados capazes de promoverem a criatividade, levando-se, indubitavelmente, em consideração, a fé, a persistência, a auto-sugestão, a imaginação e a intuição. Concluindo, a “ligação dos pontos” é proveniente, em grande parte, de tudo o que nós fazemos ao longo de nossas vidas e, talvez, nem damos importância, porém, caso nos mantivermos atentos e receptivos às “vibrações do universo” e, simultaneamente, empenhados em praticar, de maneira disciplinada a nossa vocação organizada ou, em algumas situações, sem que a vocação seja tão determinante assim, seremos “contemplados” com ideias surpreendentes não só para os outros, mas também para nós mesmos e tudo passará a fazer sentido. “A sensação de sentido é sentir o próprio propósito.”
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Capítulo 11 O poder da leitura CESPP – Descobertas Em 10 de maio de 1933, na praça Bebelplatz, Berlim, Alemanha, 40 mil pessoas acompanharam o ato de queima de dezenas de milhares de livros pelos nazistas alemães. Manifestações semelhantes ocorreram em outras cidades do país e estima-se que, ao final da Segunda Guerra Mundial, mais de 100 milhões de exemplares foram destruídos pelas cinzas. Esse ato foi retratado pela autora americana Molly Guptill Manning, em sua obra “Quando os livros foram à guerra”, cuja participação dos Estados Unidos na Segunda Guerra, a partir de 1941, estimulou campanhas de arrecadação de livros em todo o país a fim de que fossem enviados aos soldados americanos nos fronts de batalha. Os livros proporcionaram companhia aos soldados, além de possibilitarem consolo, alívio de sofrimento, saudade da família e de suas residências, entre outros sentimentos que serviram de estímulo para a sobrevivência durante um período de exaustão física e depressão emocional, de acordo com muitos de seus relatos. Americanos se mobilizaram em todo o país em prol da campanha liderada pela Victory Book Campaign e as editoras reformularam sua produção, lançando livros menos pesados para que fossem mais fáceis de serem carregados pelos soldados. Estava decretada, nesse instante, a origem das edições de bolso, livros menores e desprovidos de capas duras. A convivência com os livros durante a guerra tornou-se a mais surpreendente possível, como se pode constatar pelos depoimentos dos soldados, cujas impressões, experiências e o impacto causado pela leitura das histórias, foram, muitas delas, remetidas por meio de cartas, aos autores dos livros e editores, destinados dos ambientes mais árduos que um ser humano tem a enfrentar. Ao final da guerra, estima-se que 123 milhões de livros da Armed Services Editions foram publicados e mais 18 milhões de livros doados ao número total distribuído às tropas americanas. Introduzi esse assunto para demonstrar, pelo menos, uma ínfima parte, o que um livro é capaz de proporcionar. Leonardo da Vinci, um dos maiores polímatas da história, graças aos seus conhecimentos múltiplos em áreas como a ciência, engenharia, astronomia, escultura e pintura, entre outros, empregando durante sua vida, a invenção 46
e a criatividade, diante de criações como lunetas, máquinas hidráulicas e de tecelagem, protótipos aviadores e mais centenas de trabalhos desenvolvidos durante sua incansável passagem terrena, exprimiu em seus registros escritos que “detalhes fazem a perfeição e a perfeição não é um detalhe.” E, ainda, “assim como um dia bem vivido dá prazer uma noite bem dormida, dá prazer o ato de morrer.” Da Vinci esteve o tempo todo alinhado ao seu sentido de vida, viveu por algo e seu legado permanece 500 anos depois de sua morte. Não me vejo, por exemplo, sem a possibilidade de, em um dia sequer, manter-me distante da magia de descobrir o que os livros me contam. A leitura é um momento comparável à produção de Leonardo da Vinci. Sempre há algo a criar, descobrir, sentir, pensar e refletir. E cada criação, descoberta, sentimento, pensamento e reflexão, podem remeter-me ou levar-me a algo concreto como alguém que efetua uma pesquisa em anos de dedicação e conclui seus experimentos obtendo algo desconhecido ou inesperado, totalmente distinto do que se almejava no início, mas que vai muito além de suas expectativas em jornada totalmente gratificante e estabelecida graças à serendipidade, característica abordada dois capítulos atrás. A leitura refina a alma. Faz com que olhemos mais para nós mesmos, onde os detalhes colaboram para o crescimento próprio e dos outros, quando os conhecimentos são, respectivamente, praticados e transmitidos. Os livros tornam-se companheiros quando, assim, validamos o que aprendemos. Conhecimento sem prática, todos já sabem, equivalem a conhecimento nenhum. Dificilmente deparo-me com alguém bem sucedido que não tenha praticado, no mínimo, uma ação que encontrou em livros. Ler levou-me a escrever. É a maneira que encontrei de intensificar a minha experiência com a leitura. Escrever necessita de prática, técnica, aprimoramento e leitura. Aprende-se a escrever mais e melhor lendo mais e melhor. São descobertas constantes. Bons livros acompanham boas pessoas. A informação, em plena era da sabedoria, é concretizada através de nossas ações. Tenho, também, nos livros os meus mentores. Por isso, assim como os soldados norte-americanos, alguns dos quais jamais haviam pegado em um livro sequer, em plena trincheira, perante o tédio, solidão, morte e bombas, obtinham alívio ou consolo, reserve um tempo de seu dia para ler um livro e poder evitar o tédio, a solidão, a “morte em vida” e as “bombas” de nossas provações terrenas. 47
Aliás, leia para aprimorar-se. Comece com títulos de sua preferência e por poucas páginas ao dia. Depois, estabeleça algumas metas de 10, 15 ou 20 páginas ao dia. E, em estágios subsequentes, uma leitura, automaticamente, levará à outra, graças à curiosidade despertada por determinados assuntos abordados no livro anterior. Mantenha o espírito crítico e valide o aprendizado através da prática daquilo que encontrou de benéfico. A escrita, para mim, é uma extensão da leitura. Ao intensificar minha experiência de leitura, obtenho esboços ou apontamentos inerentes ao assunto estudado assim como uma redação, crônica, conto ou ensaio. Posso resumir a minha experiência com os livros por meio de uma sigla, denominada CLEP-A. Cada letra expressa uma atitude dinâmica exercida durante a leitura: um livro deve ser “C” (consultado), “L” (lido), “E” (estudado) e “P” (pesquisado). A letra “A”, separada por hífen, significa “aplicado”, isto é, praticado, exercido, fomentado, fundamentado, concretizado. Além disso, a letra “A” expressa o conceito de nota máxima alcançada em uma avaliação. Dessa maneira, podemos supor que há duas importantes diferenças entre um leitor CLEP e um leitor CLEP-A. Um leitor CLEP estará distante anos-luz de um leitor CLEP-A, pois a prática consolida o conhecimento benéfico e ecológico. Outro aspecto importante, é o da descoberta. Um leitor CLEP mantém uma experiência de leitura satisfatória embora insuficiente; necessita, ainda, descobrir a letra “A”, a prática daquilo que apreendeu de benéfico para si e para os outros, suplementando, ou melhor, estabelecendo, assim, a verdadeira experiência da leitura, a leitura da descoberta ou a descoberta da leitura. Por fim, descubra pela leitura. Descubra e descubra-se.
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Capítulo12 Austoestima CESPP – Autoestima Em 1830, Sthendal, um dos escritores mais representativos da França, publicou o título “O vermelho e o negro”, inaugurando uma nova era na literatura, em que o realismo dos acontecimentos são retratados através do fluxo de consciência das personagens, cujo leitor ou leitora toma parte das condições psicológicas envolvidas nas cenas e conflitos revelados na história. O protagonista Julien Sorel, filho de um carpinteiro, fã incondicional de Napoleão Bonaparte, ambiciona à aristocracia e não mede esforços para alcançar os seus intentos importando-se, tampouco, com os meios para concretizá-los. Para resumir, trata-se de uma obra, como poucas no mundo, a analisar as motivações e objetivos individuais que compõe o papel de cada um como ser humano na sociedade, perante um dos períodos franceses mais conturbados de sua história, passando-se da República, às guerras napoleônicas, à Restauração e à conquista da Argélia. Eis aqui o paralelo que vou procurar ilustrar entre esse período de transformação da França e o mundo de hoje. Quando se fala em autoestima, a independência e autoconfiança são dois aspectos constitutivos, em minha humilde opinião. A independência para julgar, tomar atitudes e definir as metas sem que, portanto, as influências do meio sejam preponderantes para a formação dos próprios julgamentos de fatos, pessoas e concepção de ideias. Dessa forma, determinam-se, ulteriormente, após avaliação deliberada dos riscos, os objetivos alinhados aos sonhos, seguidos da tomada de decisões baseada em planejamentos bem concebidos e na busca de informações criteriosas sobre o negócio ou projeto. A autoconfiança demanda experiência, treinamento, êxitos conquistados decorrentes dos aprendizados com fracassos anteriores, além do espírito de liderança e escopo, isto é, proatividade ou fazer algo relevante antes que seja ordenado. No entanto, o lado obscuro da autoestima, ou seja, se a autoestima for utilizada a todo custo e de qualquer maneira, desprovida totalmente de propósitos ecológicos que, por conseguinte, desconsideram irresolutamente o outro, passa-se a aflorar a tão famigerada arrogância. É evidente que muitas pessoas pretendem estudar de forma inconteste para 49
obter uma boa nota na avaliação, treinar várias horas ao dia para emagrecer, montar um negócio a fim de comprar uma casa própria ou conquistar sua independência. Porém, deparamo-nos com, mais uma vez aqui retratada, a crença de que se deve ser bem sucedido em algo para ser alguém na vida. Os valores estão em baixa e a pressão exercida por essas crenças sobre crianças, adolescentes, jovens e, simultaneamente, à ânsia pelas respostas imediatas, em uma era de tecnologia que nasce e morre todos os dias, talvez, tenha uma relação mais profunda com o aumento dos índices de depressão e suicídio junto às faixas etárias inferiores do que se imagina. Assim como na famosa frase da obra “O vermelho e o negro”, “Uma efêmera nasce às nove horas de um lindo dia de verão para morrer às cinco horas da tarde; como haveria ela de compreender a palavra noite?”, tendemos a viver, enfim, de forma efêmera? Efêmera não apenas no sentido de tempo, já que temos a sensação de que tudo passa cada vez mais rápido atualmente, mas no sentido, também, de buscar a profundidade de tudo, chegar ao âmago do que pensamos, sentimos e fazemos. Estudamos nossos negócios com afinco e, dessa maneira, temos nos preparado para aprimorar processos, elevar a produtividade ou atuar de forma mais eficiente? Diante de conflitos entre líderes e funcionários, marido e mulher, pais e filhos, professores e alunos, temos a perseverança para avaliar os pormenores e nos obstinarmos, assim, à conciliação? Pois, diante dos mais variados conflitos terrenos, a pior sensação que alguém pode experimentar é a de não estar plenamente em porte do controle da situação. Dessa forma, a previsão das consequências torna-se mais difícil de se mensurar e as surpresas agradáveis ou desagradáveis tendem a ocorrer. Um divórcio litigioso onde se espera pela determinação da divisão da herança ou dos bens, por exemplo, depende da sentença de um juiz. Quem está com a verdade nesse caso? Há vencedores e vencidos? Ganhadores e perdedores? As partes estão, contudo, diante de três verdades, a verdade de uma das partes, a verdade de outra das duas partes e a verdade dos fatos ou aquilo que realmente aconteceu. E o controle da situação perante conflitos é ternamente estabelecido conforme reconhecemos a nós mesmos com profundidade. Isso definitivamente resume a autoestima. A autoestima é manter os equilíbrios emocional e físico. A autoestima enaltece nossos anseios, mas, não pretende tornar alguém refém dos próprios anseios, objetivos, ambições; aqui, deturpa-se o conceito de autoestima, 50
influenciado pela “disrupção” de nosso planeta e relações entre os seres. Outro detalhe muito importante com relação à autoestima: aceite as imperfeições da vida. Um cliente exasperado ou insatisfeito com um serviço ou produto oferece uma excelente oportunidade de encantá-lo. O encantamento vai além da satisfação correspondida. Nessas ocasiões, como empresário, prestador de serviço, comerciante ou funcionário, ouça atentamente a reclamação e fixe-se em seu cliente. Sinta-se feliz por lhe oferecer a chance de ser melhor. Na odontologia, nem tudo ocorre como esperado. Por mais que todas as técnicas sejam aplicadas como mandam os protocolos, muitas vezes, o paciente não evolui como esperado após uma cirurgia ou apresenta-se com uma complicação pós-operatória. A resolução, no entanto, é única. Interfira com paciência e perseverança, contribuindo para o toque final de encantamento. Aceite, enfim, as imperfeições de si mesmo, as imperfeições de outrem e as imperfeições de processos que, por ventura, tenham ocasionado algum problema com a entrega de um produto ou alguma falha na realização de um serviço, por exemplo. É natural. Nesse ponto, da aceitação consistem as boas leis de convivência, já que o perfeccionismo ou a busca irreparável pela perfeição pretendem dar passagem ao sofrimento inconteste. A beleza da vida advém de desfrutá-la aceitando o próximo como ele é, apesar de suas falhas e das falhas próprias. A cada dia a noite chega para que possamos compreender o sentido do recomeço. Portanto, confie, mantenha a fé em seus propósitos, colha sentido, esqueça as críticas. Críticas são provenientes de, na maioria das vezes, mapas diferentes de nosso próprio território. Prefira feedbacks sinceros e que possam auxiliar a caminhada pelas ruas da jornada contemplativa, divertida, feliz, superando os obstáculos e aceitando as imperfeições, os quais fortalecem o amor-próprio. Autoestima, enfim, é contemplar-se como se estivesse diante de seu próprio espelho interior.
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Capítulo 13 Networking CESPP - Networking “Se pude ver mais longe é porque me apoiei sobre os ombros de gigantes”, disse o físico Isaac Newton. O “pai da mecânica”, certamente, reconheceu a importância da “ampliação de seus horizontes” ao estudar com afinco os postulados dos grandes cientistas da humanidade até então e, além disso, de manter contato com pessoas de visão ou que pudessem “aguçar” os seus sentidos, culminado em suas descobertas, conhecidas atualmente, depois de centenas de anos. Eis aqui, portanto, as duas mais valiosas considerações sobre networking. A primeira. Sua rede de contatos é importante quando possibilita grandes oportunidades de “brainstorming”, termo muito conhecido no meio do marketing e da publicidade, cujo significado é “tempestade de ideias”. Ou seja, perante o anúncio de um problema, por exemplo, todas as ideias são rapidamente “colocadas na mesa” até que as soluções sejam desenvolvidas ou alcançadas. O exercício de “brainstorming” permitiu, apenas para ilustrar, entre outros infinitos exemplos, o surgimento do Rotary International, na cidade de Chicago, Estados Unidos, em 1905, graças a quatro homens, liderados por Paul Harris, os quais reuniam-se em sistema de rodízio, cada dia em uma propriedade diferente – por isso, a organização é conhecida como Rotary – e, dessa maneira, deram origem a pequenas ações que pudessem promover benefícios à população local, diante do aumento dos índices de criminalidade vigentes na região e, hoje, mais de cem anos depois, a organização se espalhou pelo mundo inteiro, colocando em prática projetos para a erradicação da pobreza, manutenção da saúde materno-infantil, alfabetização, paz e resolução de conflitos, investimentos em recursos hídricos e saneamento, desenvolvimento comunitário e econômico. Outro aspecto importante inerente ao networking que descobri nas próprias reuniões de Rotary das quais participo: mantenha o respeito por cada integrante do grupo. Nenhuma ideia pode ser descartada. É evidente, contudo, que as primeiras ideias apresentadas tornam-se muito diferentes quando transformadas no planejamento final. Porém, por incrível que possa parecer, até as ideias aparentemente mais esdrúxulas podem conceber grandes “insigths”. Chegamos a praticar um 52
exercício durante o seminário Empretec, em que representávamos sobre uma cartolina, em forma de desenhos, a resultante de ideias provenientes de novos desafios propostos até que, estabelecidas as relações entre cada uma das animações, montamos um esquema do qual culminou o aparecimento de um plano para novas ações sustentáveis para nossa empresa. Esse planejamento só foi possível graças a uma de minhas ideias proferidas em tom bem humorado, em que eu havia cogitado a possibilidade de efetuar as entregas de nossos produtos utilizando drones. Apenas para concluir a história. Pelo menos até o momento, não efetuamos uma única entrega manuseando drones. Mas, durante as fases mais incipientes de nosso negócios, chegamos a entregar nossos produtos munidos de uma bicicleta, mantendo a ideia inicial de sustentabilidade, ao evitar a utilização de veículos automotores poluentes. É importante enfatizar que, nas reuniões para “brainstorming”, os participantes vão apontando suas ideias ou sugestões de forma repentina e rápida, similar ao aparecimento e à velocidade dos relâmpagos de uma tempestade. Ou seja, diante de um problema, falam aquilo que vem à cabeça no momento. Dessa maneira, posso abordar, agora, a segunda consideração sobre networking diretamente relacionada com a primeira. Manter uma boa rede de contatos é vital para incentivar e/ou estabelecer novas “conexões neuronais”, as quais possam resultar na “ligação dos pontos”, já discutido em capítulos anteriores. Assim, as ideias são expostas, lapidadas e transformadas em ideias maiores, culminado na concepção de um projeto e seus planos de ação. “Nenhum problema pode ser resolvido pelo mesmo grau de consciência que o gerou”, disse Albert Einstein. Assim, sua rede de contatos torna-se essencial para os mais diversos aspectos de um negócio e, até mesmo, para a modelagem ou lapidação de sua empresa. Pois, essencial mencionar que o networking deve ser muito bem escolhido e empregado; a rede de contatos é fundamental para o sucesso. Por isso, envolva-se com “gigantes”. Quando eu era criança e estava aprendendo a jogar xadrez, meu pai sempre dizia: “- Jogue com pessoas que são melhores do que você!” Porquanto, há relatos na história, de pintores que não eram tão talentosos quanto aparentavam, mas tornaram-se famosos por conviverem com grandes pintores de sua época. Outrossim, um alerta. Os amigos nem sempre (ou raramente) pertencem a nossa rede de contatos. O networking é praticado quando os dois aspectos citados aqui são aplicados como objetivos fundamentais; primeiro, a opor53
tunidade de possibilitar novas ideias e, segundo, a capacidade para estabelecer conexões entre ideias e experiências próprias com as ideias e experiências dos outros, ou somente a ligação entre ideias de si ou de outrem, assim como as experiências de si ou de outrem, promovendo um “entrelaçamento” de todas elas. Se em uma roda de amigos, por exemplo, os dois fatores acima, o “brainstorming” e as “conexões”, não são realizadas ou, no mínimo, possibilitadas para que, em reuniões futuras, sejam praticadas, reveja seus conceitos. Não sou maquiavélico, mas enquanto mantemos contato com pessoas que não contribuem para o nosso crescimento ou, reciprocamente, possa contribuir para o crescimento dessas mesmas pessoas, estaremos perdendo a chance de, realmente, crescermos em todos os âmbitos, sejam eles, pessoais, profissionais e espirituais. Há uma grande história da literatura que ilustra o que acabo de refletir. Edmond Dantés, um jovem marinheiro, protagonista de “O conde de Monte Cristo”, do brilhante escritor francês Alexandre Dumas, foi preso injustamente, em razão de um “conluio” envolvendo pessoas de seu convívio e, após 14 anos de detenção em um calabouço, escapa da prisão e obtém fortuna, graças à amizade com um abade na cadeia para, dessa forma, buscar o paradeiro de seus antigos algozes. Em meio aos acontecimentos narrados, posso enumerar as principais frases encontradas na obra, muitas delas sobre networking: “Nunca estamos quites com quem nos faz um favor, pois quando já não devemos mais dinheiro devemos gratidão.” “Chi ha campagno, ha padrone (Quem tem sócio tem patrão).” “Nossos piores inimigos são os que estão perto de nós e tem algo a dividir conosco.” “A profissão alimenta o profissional.” “A felicidade nos cega até mais do que o orgulho.” “ A ausência separa tanto quanto a morte.” “Às vezes, a alegria causa efeitos estranhos, machuca tanto quanto a dor.” “Vocês que detêm o poder, só contam com os meios criados pelo dinheiro, nós, que o esperamos, contamos com os meios criados pela dedicação.” “Na política não há homens, mas ideias; não há sentimentos, mas interesses; não se mata um homem: suprime-se um obstáculo.” “Se quer descobrir o culpado de algum crime, pergunte primeiro a quem o crime cometido pode ser útil.” “Por melhor que sejamos, deixamos de procurar as pessoas que nos entristecem.” 54
“Para todos os males, há dois remédios: o tempo e o silêncio.” “Em matéria de especulação, o homem põe e o dinheiro dispõe.” “Mas quem tem vontade de lutar não perde um tempo tão precioso: devolve imediatamente à sorte o golpe que dela recebeu.” “As ideias não morrem às vezes, elas cochilam, mas despertam mais fortes do que antes de adormecer.” “Os amigos de hoje tornam-se os inimigos de amanhã.” “Os corações inflamados pelos obstáculos esfriam na segurança.” “Os homens autenticamente generosos estão sempre prontos à compaixão quando a desgraça de seu inimigo ultrapassa os limites do ódio.” Assim, querido leitor ou querida leitora, em presença dos bons, afastamos os ruins e, em presença dos ruins, afastamos os bons. E “o ótimo é inimigo do bom”, de acordo com Voltaire. Por fim, dizem que somos a média das cinco pessoas com quem mais convivemos e isso podemos escolher. O sucesso depende muito de nossas escolhas, especialmente três principais escolhas, com quem podemos considerar amigos, com quem montamos um negócio e com quem nos casamos. Portanto, desejo a você boa escolhas e um belo e feliz networking.
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Capítulo 14 Humildade CESPP – Humildade Mediante o título deste capítulo, independentemente da fé que se professa (ou não), é vital reconhecer a simbologia representada pelos cristãos, durante o período da Quaresma, considerada de reflexão e sacrifícios, em especial, às vésperas da Páscoa, em que se celebram as últimas horas passadas com Jesus antes de Sua morte, ilustrado pelo episódio do lava-pés, conforme testemunha o Evangelista João: “- Se eu, o Senhor e Mestre, vos lavai os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros.” Historicamente, é bom que se diga, no Oriente Antigo, o lava-pés era um sinal de boas-vindas ao hóspede que tinha acabado de chegar depois de atravessar estradas poeirentas. Normalmente, esse serviço ficava sob cargo de um empregado na época. Quando os discípulos não admitem que seu Mestre tome a atitude de lavar os pés dos outros, Jesus profere a frase citada acima, em uma de suas mais nobres expressões de humildade. Trata-se, pois, de um sinal de despojamento da própria grandeza, às vésperas de dar a vida sobre a cruz. Ao cristão, segundo seu entendimento e sua espiritualidade, cabe a validação dessa experiência por meio da atenção gratuita aos mais necessitados e, rejeitando, simultaneamente, o servilismo diante de quem tem poder e prestígio. “Se eu, o Senhor e Mestre, vos lavai os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros.” O que, então, significa, na verdade, essa frase proferida por Jesus? Significa que, mesmo em situações trágicas ou complexas, devemos contribuir para o “bem”, “sujar as nossas mãos”, sem esperar recompensas, com generosidade genuína. Assim, um dos fundamentos da vida cristã e, não só cristã, é vivermos “para” os outros, como cumprimento, por exemplo, da verdadeira liderança, ilustrada no livro “O monge e o executivo”, do autor James Hunter, ao definir o significado de amor como compromisso e prática, muito mais do que sentimento, já que a intenção sem ação nada significa. A verdadeira liderança, de acordo com o autor, é definida como a “habilidade de influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente a fim de atingir objetivos para o bem comum”, ou seja, exerce-se liderança na medida em que se executam as tarefas e constroem relacionamentos; nada mais sublime, 56
pois, que um líder abnegado e servidor a fim de incentivar todos a desfrutarem das coisas mais belas da vida. O líder servidor contribui para o grupo defrontar-se com o propósito em comum e, individualmente, com o propósito de cada um dos participantes desse mesmo grupo. Lembro-me de duas grandes personagens da literatura, abordadas por um dos maiores autores da história, o russo Leon Tolstói, em dois de seus livros de sua brilhante obra. A primeira delas, em “Guerra e paz”, Pierre, representando uma das principais personagens da literatura mundial, constantemente, procura evoluir como ser humano, entra para a maçonaria, torna-se filantropo, liberta os escravos de sua propriedade, participa de algumas batalhas expressando, curiosamente, um sorriso, ilustrando o “prazer” de passar por uma experiência como essa na medida em que ouve o barulho das bombas e vê o movimento dos canhões e a fumaça deixada pelos artilheiros. Em mesma medida, no livro “Ana Karênina”, em que as personagens são muito verossímeis, de forma mais ou menos parecida com à intenção de Pierre, deparamo-nos com a figura de Liêvin que, apaixona-se por Kitty, casa-se, é disciplinado diante da administração de suas terras e afazeres, preocupa-se com seus colaboradores e seu irmão e, apesar de tudo, mesmo sendo bem sucedido em seus negócios, sente que algo lhe falta e tudo passa a fazer sentido quando, diante de um episódio delicado pelo qual sua esposa passa, causando sofrimento a todos ao redor e a ele próprio e, mais tarde, perante suas reminiscências acerca da vida, encontra-se, finalmente, com seu propósito. E, Liêvin, antes descrente, compreende que, “se o bem tiver uma causa já não é um bem; se tiver consequência, quer dizer, recompensa, também não. Portanto, o bem está fora do encadeamento de causas e efeitos.” Assim, independentemente da crença, passou a acreditar que “estava de posse do sentido indubitável do bem que lhe era capaz de infundir.” Logo após o curso de PNL, ficou mais clara, para mim, a função de um líder, principalmente pelos seus três aspectos fundamentais, o líder na essência, a sua habilidade e o espírito de grupo. Geralmente, a liderança é exercida por alguém habilitado para a função, graças às técnicas, experiências pregressas e currículo compatíveis; o espírito de grupo é expresso pela atribuição de mérito ao grupo pelas conquistas executadas após a participação de todos os integrantes, cada um em sua respectiva área, alinhando o planejamento à meta, intermediados pelo compartilhamento da missão da empresa ou instituição como uma escola ou organiza57
ção não governamental; enquanto isso, mediante o fracasso, o líder assume a responsabilidade, evitando apontar culpados. A essência do líder, enfim, está diretamente relacionada aos dois aspectos fundamentais citados, além do que se resume pelo servir. O melhor líder é o servidor. Servir de maneira profunda é manter a humildade. Humildade de ser e de aprender; de abraçar o próprio propósito ou de sujeitar-se a revelá-lo aos outros através de suas boas ações. Humildade é fazer o bem sem saber a quem, não é mesmo? Por isso, procuro manter a humildade de aprender sempre, sejam os professores as pessoas, os livros e/ou as experiências. Aprendizagem, liderança, humildade e servidão, são palavras-chave que podem encerrar este capítulo, quiçá perpetuar nossas reflexões e ações.
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Capítulo 15 Rápido e devagar CESPP - Equilíbrio Durante a leitura de “Rápido e devagar”, do israelense Daniel Kahneman, vencedor do Prêmio Nobel de Economia de 2002, em que disserta sobre as duas formas de pensar, uma rápida e intuitiva e, a outra, mais devagar, porém mais lógica e deliberativa, deparei-me com um exercício muito interessante, o qual fez parte de seus experimentos. Eis a seguir. Peço ao leitor ou leitora que utilize a sua intuição. “Um bastão e uma bola custam 1,10 dólar. O bastão custa um dólar a mais que a bola. Quanto custa a bola?” Veio um número à cabeça. Se 10 centavos, a resposta, embora mais atraente, é incorreta. Pois, se a bola custa 10 centavos, então o custo total será de 1,20 dólar (10 centavos para a bola e 1,10 dólar pelo bastão), não 1,10 dólar. A resposta correta é 5 centavos, pois se 5 centavos para a bola, diante da diferença de 1 dólar entre o bastão e a bola, teremos, assim, 1,05 dólar para o valor do bastão, resultando em 1,10 no total. Não se chateie com a escolha incorreta se foi o seu caso. Milhares de universitários americanos, correspondentes a mais de 50% dos alunos de Harvard, MIT e Princeton, responderam inadequadamente. Em universidades menos seletivas, esses índices chegaram a mais de 80%. O que o autor quis demonstrar com esse experimento é o quanto as pessoas tendem a evitar o raciocínio lógico ou se deixam vencer por um pequeno investimento de esforço. Pessoas que optam pela resposta “10 centavos” parecem ser adeptos da lei do menor esforço, enquanto as que evitam essa resposta parecem dotadas de uma mente mais ativa. Parece óbvio mencionar que, em nosso cotidiano, diante de, por exemplo, um artigo ou produto de nosso desejo, prevalece a emoção sobre a razão. Se levarmos em consideração a proporção entre as duas partes, estima-se que o ser humano, mediante suas escolhas de consumo, corresponde a 95% emoção e somente 5% são reservados à razão. O que fazer em relação a isso? Como manter o controle? Mais uma vez, o alinhamento entre falar, pensar, sentir e agir, resulta no equilíbrio, tão almejado pelo ser humano (aliás, muitos, ainda, tampouco, 59
visam a esse equilíbrio). Talvez, os estudiosos Deepak Chopra, autor de mais de 80 livros e, Rudolph E. Tanzi, um dos pioneiros na condução de pesquisas contra Alzheimer, venham contribuir e, muito, para a prática do equilíbrio, graças aos postulados apresentados, em especial, no livro “Supergenes”, em que destacam as principais escolhas em prol de um bem-estar radical: 1) alimentação saudável, proveniente de um dieta livre de inflamação; 2) controle de estresse; 3) atividade física e como esse aspecto pode transformar boas intenções em ações; 4) meditação e seus benefícios; 5) qualidade do sono; e 6) emoções e como obter mais satisfação. O equilíbrio, portanto, pode interferir diretamente sobre o controle das emoções. Já tomei conhecimento de que alguns atletas de basquetebol chegaram a efetuar exercícios sem bola como se estivessem arremessando-a junto à cesta e “visualizavam” seu destino antes de, efetivamente, exercerem seus treinamentos propriamente ditos. Quando crianças fazíamos exatamente isso. Nossa imaginação flui. Infelizmente, em fase adulta, essa prática tende a desaparecer. Assim, deixamos voar a imaginação durante a infância e, quando adultos, somos levados pelos desejos e necessidades, em algumas situações, que não foram atendidas enquanto crianças e, buscamos satisfazer esses desejos e necessidades como crianças mesmo sendo adultos. Agora, necessitamos, em prol do equilíbrio, efetuar escolhas acertadas inerentes à alimentação, controle de estresse, exercícios físicos, meditação, sono e controle das emoções, a fim de que o equilíbrio seja conquistado e usufruído, diante das mais variadas facetas de nossas vidas. Crescer é muito doloroso. A auto-sugestão, no caso dos atletas do basquetebol, consiste em um treinamento, preparação ou ensaio. Seria o equilíbrio um estado em que, para alcançá-lo e vivenciá-lo em plenitude, necessitaria treinamento, preparação ou ensaio? Como criança, eu diria que não, isso é naturalmente experimentado e de forma privilegiada pelas crianças; à fase adulta, eu me arriscaria a dizer que sim e, dessa maneira, nos esforçamos mais racionalmente que emocionalmente para conquistar esse estado de equilíbrio, diante dos inúmeros problemas enfrentados no cotidiano. Lembro-me muito bem de um jogo de minha infância chamado “Super Senha”. Esse jogo, disputado por dois jogadores, consiste em decifrar a senha estipulada pelo operador, compreendida por cinco peças de cores diferentes, 60
onde o sujeito ou aquele que busca desvendá-la, dispõe de oito peças de cores diferentes. Além de procurar acertar as cores das cinco peças, o sujeito deve, também, acertar a posição onde as respectivas peças foram colocadas. Conforme o sujeito efetua suas jogadas, o operador coloca guias, ao lado das tentativas realizadas pelo sujeito, equivalentes a pinos brancos e pretos; o pino branco corresponde a cor correta de uma das peças, e o pino preto é colocado quando a cor e a posição de uma das peças estiverem corretas. A colocação desses pinos marcadores é aleatória. Se mais de uma cor e/ou posição das peças estiverem corretas, o operador colocará os pinos de acordo com o número de acertos efetuados pelo sujeito. Da mesma forma, se cores e/ou posições não estiverem corretas, nenhum pino será colocado. O operador terá até 12 tentativas para decifrar a senha, ou seja, a cor e a posição corretas de cada uma das peças. O mais interessante é constatar que, apesar do exercício de lógica proposto pelo jogo, sempre devemos “lançar mão”, também, de nossa intuição com o objetivo de desvendar a senha. Chegaremos à solução, enfim, quando há um equilíbrio entre razão e emoção, ambas trabalhando juntos nessa dinâmica. Experimente esse jogo e julgue por si mesmo. O que eu quero dizer com isso? A palavra para a resposta é uma só: equilíbrio. Coloquemos, pois, em aspectos essenciais de nossas vidas as mais sutis facetas das crianças que estão dentro de nós e desfrutemos, assim, mais irrefreavelmente o “agora”, sempre sob controle de um adulto responsável, definido por metas maduras, organizadas e bem planejadas. Eis, por conseguinte, um pequeno retrato do equilíbrio regido, incomensuravelmente, pela perseverança, “um saboroso sorvete de chocolate que a criança mais ama recebido de presente de um adulto responsável”.
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Capítulo 16 Quem tem razão? CESPP - Respeito Por inúmeras vezes, senti-me frustrado ao voltar para casa depois de um encontro com amigos, participando de discussões das mais diversas e chegar à conclusão de que ninguém convenceu ninguém. Nessas situações, não havia a mínima consideração para com o outro; prevalecia, entretanto, a ânsia de se “vencer uma discussão” por meio de uma “corrida de conhecimento”. A liberdade de expressão é símbolo de nosso tempo; significa a superação da ditadura em grande parte dos países da América Latina, o despojamento dos preconceitos já que cada crença, religião, grupo, partido político, opção sexual, toda diversidade, por conseguinte, pode se manifestar. O próprio filósofo e escritor Voltaire, com todo respeito à sua importância e representatividade na história, por muitos de seus pensamentos e contribuição à profundidade de determinadas reflexões e, também, conhecido por “colecionar confusões”, “vivendo perigosamente” ao provocar oponentes, autoridades e tiranias, disse: “posso não concordar com o que diz, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-lo”, frase, aliás, atribuída à sua biógrafa, uma inglesa, como relatam alguns historiadores, ratifica, enfim, a importância da liberdade de expressão. No entanto, acredito que o próprio Voltaire, certamente, reconheceu, como verificado em muitos de seus escritos, algumas, pelo menos, das armadilhas do ego. No conto “Zadir”, por exemplo, em que, ante a história, permeiam os ensinamentos de Zoroastro, deste, um deles, ao leitor se revela: “o amor próprio é um balão inflado de vento, de onde saem tempestades quando recebe uma alfinetada”. Já percebeu o quanto, diante de uma roda de amigos, um encontro, reunião, conferência, seja o que for, cometemos falhas ao comentarmos sobre nossas qualidades e virtudes sem, contudo, antes e, principalmente, perguntarmos sobre as qualidades e virtudes do outro? O interesse pelo outro consiste em um dos primeiros passos para manter uma boa comunicação. Desde que, é bom que se diga, o interesse esteja totalmente desprovido de “segundas ou terceiras” intenções, sem que, além disso, interfiramos mediante nossos julgamentos ou quaisquer outras expressões de 62
aprovação ou reprovação perante o que é dito. “- Ah, mas, o conhecimento deve ser compartilhado!”, alguém pode dizer. Isso mesmo, compartilhado! Jamais demonstrado, utilizado ou ajuizado em detrimento de outrem. A palavra “detrimento”, de acordo com sua etimologia, é originada, do termo latim “detrimentum”, relacionado também com “detrito”, indica uma perda ou desgaste causado pelo atrito; “detrimento” pode indicar um dano ou prejuízo sofrido por alguém, que pode ser moral ou material. Dessa maneira, por que nos esmeramos tanto em demonstrar o que somos e fazemos e uma das “armas” das quais portamos com esse intuito é o conhecimento? “- Então, o conhecimento ou o mau emprego do conhecimento pode ser perigoso?”, outro alguém pode questionar. Ora, levando-se em consideração que, muitos estelionatários aplicam sobre suas vítimas todo o seu poder de persuasão e convencimento, mantendo a atenção plena sobre essas mesmas vítimas, cujas reações e gestos indicam, rapidamente, durante o exercício do crime, quais as “portas que lhes são abertas”, contribuindo para que prossiga o caminho até o êxito de seu delito e, de maneira diametralmente oposta, “quais portas se fecham”, impedindo-os de continuarem e, assim, desistirem, promovendo a busca por outras vítimas, é uma ilustração da prática do conhecimento da técnica, astúcia e senso de oportunidade, “em detrimento” de sua vítima. Na área da ciência, em mais outro exemplo, há uma corrida frenética a bordo da ânsia pelas descobertas e, automaticamente, lançamento de novos produtos farmacêuticos os quais poderão ser distribuídos em escala mundial para a cura de diversos males, ou apenas para uma doença em específico, com o intuito da fomentação dos lucros da indústria. Dessa forma, as longas pesquisas são fundamentadas e, logo, divulgadas com a finalidade de respaldar a comercialização dos produtos, passando esse ciclo, pelas conferências médicas e suas posteriores consultas e prescrições, diante das visitas intermitentes dos representantes dos laboratórios envolvidos, fazendo-os chegarem aos “consumidores”. Evidentemente, diante desse exemplo, estamos diante de um dilema: de uma lado, está em jogo o empenho de cientistas, médicos e toda a cadeia produtiva para que novos fármacos estejam à disposição ao tratamento ou cura de doenças; do outro lado, se a dissipação dos interesses econômicos da indústria farmacêutica, além de todos os outros sujeitos associados ao ciclo de pesquisa, ciência, produção, consumo e lucro, sobrepõe-se à saúde e bem 63
estar do indivíduo e sociedades, resultando em algumas possíveis consequências como a dependência de medicamentos ou tratamentos associados, pode-se afirmar que há o benefício de uma das partes “em detrimento” da outra. Porém, não vou entrar mais profundamente no mérito dessa questão, pois, desprovido de conhecimento para tal, posso correr o risco de “disparar alguns alarmes”, desnecessários para o âmbito da discussão aqui proposta. Se for mais longe, poderia citar a produção da bomba atômica, resultado do emprego do conhecimento dos maiores cientistas da época, como revelam alguns historiadores, “em detrimento” das cidades japonesas Hiroshima e Nagasaki, totalmente destruídas pelo lançamento, em ato de retaliação dos americanos após serem atacados na Batalha de Pearl Harbor, pelos aviadores nipônicos. Durante muito tempo de minha vida profissional, investi tempo, recursos, dedicação, disciplina e persistência na conquista de conhecimento técnico, como já relatado em capítulos anteriores, na ânsia da montagem de um currículo diferenciado, sob influências de um ensino educacional defasado, em que “tornar-se alguém” é preponderantemente mais enaltecido “em detrimento” da formação de verdadeiros valores. Outrossim, o conhecimento técnico é importante? Sim, conhecimento é vital. Move o ser humano e suas relações mundanas. O mundo evolui através do conhecimento. Porém, diante do que foi exposto, seria precipitado dizer que uma “discussão pode gerar uma guerra”? Até onde é importante levar uma discussão? É preciso, realmente, “vencer” uma discussão? Albert Einstein dizia: “jamais o conhecimento dever ser exercido para o poder, pois essa combinação é desastrosa.” O pensador indiano, Krishnamurti, autor de mais de 60 livros, enfatizou: “A forma mais elevada de inteligência humana é dirigir a atenção desprovida de julgamento”, ou ainda: “Afirmo que a Verdade é uma terra sem caminho. O homem não pode atingi-la por intermédio de nenhuma organização, de nenhum credo (…) Tem de encontrá-la através do espelho do relacionamento, através da compreensão dos conteúdos da sua própria mente, através da observação.” Segundo Krishnamurti, o conhecimento é apenas um segmento. A sabedoria não pode ser substituída pelo conhecimento. A sabedoria inclui o conhecimento e, acima de tudo, o respeito pelo outro, a integridade e a liberdade. O sistema educacional vigente, tende a nos tornar, (no meu caso, no do leitor ou da leitora e de milhões de alunos do mundo inteiro, especialmente no Brasil), 64
mais superficiais. Outrora deixei de encontrar determinados amigos e participar de discussões que não me encaminhariam para lugares promissores, tentando “rebater” argumentos e acumular frustrações no regresso para casa, além de “levá-las” para o chuveiro e, mais tarde, ao dormir, para o travesseiro; “remoer” as frustrações, atribuíam-me a necessidade de refletir e buscar novas pesquisas e informações para a reformulação de argumentos mais convincentes e audaciosos. E, similarmente, mesmo que eu estivesse presente durante esses encontros de amigos e assumisse a postura de nada discutir, mantendo silêncio absoluto, os gestos ou expressões faciais, poderiam exprimir as impressões, levando-me, posteriormente, a casa, ao chuveiro ou à cama, junto aos novos conflitos internos, os quais, por sua vez, induziam-me à busca de novas pesquisas, busca de informações e reformulação dos argumentos debatidos. Porquanto, meus amigos discutiam os mais variados assuntos para vencer. Mas, eu também agia da mesma maneira. Mesmo em condição de silêncio. Levei um bom tempo para “dar-me conta disso”. Portanto, quando experimentamos percebemos. Assim, exatamente, enquanto escrevia estas linhas, uma música de que gosto muito, da famosa banda “Fleetwood Mac”, fundada na década de 1960, com alguns de seus integrantes incluídos no Hall da Fama, chamada “Dreams”, tocou na televisão da sala, de onde, junto ao escritório de minha casa, pude ouvir o seu refrão: “Thunder only happens when it’s raining Players only love you when they’re playing Say women they will come and they will go When the rain washes you clean you’ll know You’ll know” Ou seja, em tradução aproximada: “Só há trovões quando chove Jogadores só te amam quando estão jogando Dizem...mulheres...elas virão e irão Quando a chuva lavar você, você saberá... Você saberá” Então, quem tem razão? Experimente e você saberá.
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Capítulo 17 As três ordens da fortuna CESPP - Comportamento De acordo com o conde de Monte Cristo, emblemática personagem do livro escrito no século XVIII, a fortuna é resumida em três ordens: as de 1ª ordem, representadas pelos tesouros que estão à mão, terras, minas, correspondentes a uma centena de milhões; as de 2ª ordem, equivalentes às empresas em sociedade, que se estendem de 1,5 a um total de 50 milhões; e as de 3ª ordem, representados pelos juros compostos, bolsas etc, isto é, que dependem da operação de outrem, em uma cifra de 15 milhões. Para os dias atuais, poderíamos comparar cada uma das ordens de fortuna acima com o patrimônio para as de 1ª ordem, o seu negócio ou empresa para as de 2ª ordem e, os investimentos para as de 3ª ordem. Portanto, quando se diz que todo o dinheiro a ser investido ou aplicado, deve receber diversos destinos, mediante ditados semelhantes a exemplo de “não coloque todos os ovos na mesma cesta”, de maneira similar nos nossos negócios ou empresas, necessitamos evitar a relação com apenas um ou poucos fornecedores. Pois, ficando à mercê de apenas um único colaborador, se em um determinado momento e por algum motivo, ocorram contratempos ou acontecimentos inesperados, que possam implicar na incapacidade de manutenção de cumprimento da entrega, prazos ou provocar a interrupção definitiva dos trabalhos, os empresários, donos de negócio ou prestadores de serviço, sofrerão as consequências e, uma delas, a pior, perda de qualidade e eficiência, cujas consequências desastrosas repercutirão penosamente sobre os clientes. Por meio de práticas de gestão eficientes, fundamentadas em delegação de poderes, feedbacks vencedores graças às consultorias eficientes, revisão dos processos, tomada de decisão estratégica, estímulo pelo comprometimento entre todos os envolvidos na empresa, entre muitas outras ferramentas, podemos manter o controle ou chegar muito próximo do controle total da situação. Entretanto, em um mercado cada vez mais exigente, acelerado e repentino, apesar de todo o afinco para a manutenção da qualidade dos produtos ou serviços e, simultaneamente, perante o aprimoramento dos processos e da eficiência dos negócios, eventos que fogem do nosso controle são cada vez mais suscetíveis, principalmente depois do trágico episódio ocorrido no fatí66
dico dia 11 de setembro de 2001, envolvendo a queda das “Torres Gêmeas” de Nova Iorque. Segundo o escritor e professor libanês Nassim Nicholas Taleb, em seu livro “A lógica do cisne negro”, eventos inesperáveis, conhecidos como “cisnes negros”, são caracterizados por três fatores: são imprevisíveis, provocam resultados impactantes e, depois que acontecem, inventamos um meio para explicá-los. Em sua tese, o autor, propõe a seguinte reflexão: “Por que não reconhecemos o fenômeno antes que ele ocorra?” Parte da resposta, deve-se ao fato do ser humano limitar-se a aprender conteúdos específicos em vez de adquirir sabedoria em diversas áreas do conhecimento. Assim, tendemos a evitar o desconhecido e deixamos de enxergar as oportunidades à nossa volta impulsionados pela ânsia de organizar e simplificar processos, por exemplo. Um experimento muito interessante apresentado no livro e proposto pelo estudioso do cérebro Alan Snyder, em que se distingue didaticamente a função do hemisfério direito da do hemisfério esquerdo, onde, genericamente, credita-se ao direito o reconhecimento de novidades, tendendo a identificar uma série de fatos, enquanto o esquerdo percebe os padrões, possibilitou algumas descobertas. Leia isso: MAIS VALE UM PÁSSARO NA NA MÃO DO QUE DOIS VOANDO Percebeu algo estranho? A palavra “na” está escrita duas vezes. Assim, Snyder constatou: se o hemisfério esquerdo do cérebro de uma pessoa destra for inibido, o índice de erro na leitura da frase é reduzido. A propensão por impor sentido e conceitos bloqueia a percepção dos detalhes que formam o conceito. Se choques forem dados no hemisfério esquerdo, a pessoa pode desenhar melhor. Enfim, entre outros detalhes mais profundos inerentes às descobertas dessa pesquisa, podemos resumir, novamente, como dito em capítulo anterior, que estamos diante do dilema emoção versus razão. Diante do exposto, retomando o assunto sobre fortuna, podemos inferir que, conforme Paulo Vieira, já citado anteriormente, riqueza é comportamento. Comportamento, porém, regido por técnicas capazes de transformar nossos afazeres em hábitos consistentes. Contudo, por mais paradoxal que possa parecer, a intuição também deve 67
ser levada em consideração. A intuição é importante mediante a contratação de um funcionário que, mesmo perante seu currículo impecável, possa permitir ao contratante, a “captação” de, pelo menos, algumas características pessoais do postulante à vaga de emprego, totalmente relevantes para lidar, por exemplo, com relacionamentos, chefes, feedbacks etc. Eu, por exemplo, já “abri mão” de funcionárias com boa capacidade técnica e com dificuldades de relacionamento, ao contratar, porém, alguém menos capacitada e com mais vontade de aprender e maior facilidade de relacionamento com as pessoas. Estamos diante de eventos semelhantes ao avaliar se o futuro sócio ou a sócia em potencial, realmente contribuirá de forma mútua para um negócio em comum. Enfim, perante o objetivo de gerenciar a própria riqueza, razão e emoção devem ser equilibradas e decisivas, jamais escolhidas segundo o descomprometimento de se optar pela razão em detrimento da emoção ou vice-versa. Certa vez, como citei em outro momento deste livro, durante um curso, tive a oportunidade de conversar com uma pessoa que admiro muito, um empreendedor de destaque e atuante na área de liderança. Falei rapidamente do momento em que eu estava passando, após a obtenção de um índice de 44% de satisfação de meus clientes, conforme pesquisa realizada no início de ano de 2019; porém, apesar do resultado totalmente positivo, convivia com um grau de desconforto com relação à riqueza. Assim, perguntei: “- Como posso converter esse índice em riqueza?” “- Ajude mais pessoas”, respondeu-me imediatamente. Fiquei surpreso com a resposta. Logo ele reforçou: “- Sim, não sou eu quem estou dizendo. Ajude mais pessoas. Na odontologia, há duas maneiras, ou você atende muita gente, oferecendo serviços por um custo acessível ou você atende poucas pessoas oferecendo serviços com valor agregado e custos diferenciados.” Permaneci em reflexão por alguns instantes a fim de buscar novas respostas. “De que forma poderia ajudar mais pessoas?” Descobri. Descobri, enfim, que minha jornada pela riqueza estava apenas começando.
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Capítulo 18 A atitude mais valiosa CESPP – Prática Assim como as descobertas são provenientes da observação, pesquisa e estudo deliberados de algo, e a autoestima advém do poder da contemplação, tudo o que aprendemos somente será definido por conhecimento se o praticarmos. O conhecimento só é validado pela prática, como já mencionado no início deste livro. Obtive bastante prática, em determinado período de minha vida, ao trabalhar, simultaneamente, em vários lugares. Apesar da rotina cansativa, aproveitava as chances de executar meu trabalho da melhor maneira possível e contribuir para a resolução de problemas e desejos dos pacientes. Adquiri, assim, uma bagagem técnica, cuja prática me proporcionou mais segurança para a resolução de problemas semelhantes e levou-me, por conseguinte, a abrir horizontes para a busca de novos conhecimentos seguidos, subsequentemente, de novas práticas, com a finalidade de atender outras demandas, aumentado, dessa forma, meu repertório de serviços a serem oferecidos os quais, por consequência, incidiram em aumento da clientela. O número de pessoas que eu cheguei a atender nessa época, muitas vezes, estava além das possibilidades físicas e mentais, e exigia raciocínio rápido, pois dispunha de um tempo relativamente curto para dispender com cada um dos clientes, tamanha a demanda. Além disso, obrigava-me a consultar a literatura, livros, revistas e outras fontes especializadas quando me deparava com casos um pouco mais complexos. Notei, por fim, depois de um determinado momento praticando consistentemente que, mediante a carga de trabalho, a produtividade era alta assim como o nível de resolução. E, quando nos encontramos nesse estágio, há dois caminhos: ou buscamos novos conhecimentos para aplicação futura ou permanecemos na rotina que perfaz a zona de conforto. Hoje, posso ratificar que, diante de todas as evidências, a zona de conforto é a mais enfadonha das duas opões acima. É preferível trabalhar muito, empregando diversas ferramentas e obtendo ideias adicionais para facilitar as novas conexões e “insigths”, repaginando periodicamente o seu serviço ou negócio, que executar tarefas todos os dias da mesma forma. 69
Na zona de conforto não se ambicionam “novos ares”, novas metodologias, estudos e conhecimentos; nesse estágio, as pessoas aceitam o que lhes é oferecido e, tampouco, esforçam-se para melhorar processos, estratégias, produção e, principalmente, contribuir para a melhoria do indivíduo e de todos os outros ao redor. Não há propósito nem sentido e, quanto menos, colaboração para um futuro mais sustentável, desprovido, porquanto, de total visão. Alguém confirma sua posição na zona de conforto ao criticar ou não se importar com alguém que busca conhecimento e novas práticas. Acabam por ignorar melhorias por rejeitarem os esforços alheios. Na verdade, rejeitam os próprios esforços e a si mesmos. Essas pessoas sabem que a intenção positiva de evitarem os riscos diante de novos investimentos e planos, viagens para capacitação, reorganização da rotina mediante o tempo necessário para os estudos, é exatamente não dispender tempo, recursos, dinheiro etc. Equivocam-se, contudo, pois, incomodam-se com o que os outros estão fazendo e buscando. “Quem não faz sucesso não deseja que você faça.” Por isso, a zona de conforto, na verdade, é o lugar mais desconfortável onde um empresário, prestador de serviços, funcionário ou dono de negócios, pode permanecer. Nessa zona, há um debate interior constante, uma luta contra o próprio eu, que tem, frequentemente, incomodado o sujeito justamente para que saia desse lugar. “Talento não é tudo”, como diz John Maxwell, em seu livro, ao conceber sua tese de “lapidação” do talento, além de mencionar os atributos que formam o talento propriamente dito, entre eles, o foco, a paixão e a perseverança. Já ouviu falar da teoria das 10 mil horas? O próprio autor defende que alguém torna-se perito em algo quando atinge 10 mil horas de execução dessa mesma tarefa. Mito ou verdade, o fato é: ninguém faz bem alguma coisa se não tiver praticado consideravelmente bem e melhor cada vez mais. “Sempre um pouco melhor, um pouco mais rápido e um pouco mais barato”, é uma das frases proferidas por uma das facilitadoras do EMPRETEC, durante uma de suas palestras, que demonstram o cumprimento de um dos comportamentos vitais ao empreendedor, a exigência de qualidade e eficiência. Outra constatação: Maxwell citou o atributo paixão. Nesse contexto, acredito que, ao mencionar a paixão, é levada em consideração a vocação. Vocação está diretamente relacionada a exercer algo que realmente faça sentido para você. Se imaginássemos um trem com vários vagões em que, cada um deles 70
representasse uma característica de talento, como o foco, a paixão e a perseverança, entre muitos outros, e pudéssemos aplicar o conhecimento contido em cada um desses mesmos vagões de maneira consistente, gerando, subsequentemente, a energização e o aparecimento de novas ideias permitindo a “ligação dos pontos”, os quais, por sua vez, tendem ao aprimoramento do funcionamento desse mesmo trem, ao provocar a “desestruturação-reestruturação”, facilitando, consequentemente, o seu alinhamento com o propósito e missão de vida, a máquina locomotiva seria representada pela vocação, um dos ingredientes fundamentais de nossas decisões. Fazer o que se ama é vital. Se ainda não o faz, continue trabalhando até encontrar a oportunidade certa de fazê-lo. Muitas pessoas chegam àquilo de que mais gostam começando e aprendendo pelo que não gostam; depois, aperfeiçoam-se e dirigem seus trabalhos conforme seus objetivos eliminando o que não gostam, mas que foi importante para elas, pois permitiram a obtenção de recursos, conhecimento e a “ligação dos pontos.” Já mencionei em outro de meus livros que muitos funcionários de restaurantes tornaram-se donos desses mesmos estabelecimentos ou estabelecimentos distintos do mesmo setor de negócios. Deram preferência, nesse caso, pela aprendizagem e prática “pelo lado de dentro”, lavando pratos ou enxugando o chão, ao invés de passarem anos e anos, estudando as mais diferentes variáveis de conhecimento que podiam influenciar o negócio que almejavam dirigir. Antes de encerrar o capítulo, eis aqui mais uma rápida consideração sobre a prática da liderança. Quero ressaltar dois atributos essenciais à liderança: o protagonismo e a autorresponsabilidade. Os verdadeiros líderes dão o primeiro passo. São protagonistas e líderes de si mesmos antes de líderes dos outros. Se alguém cometeu uma falta, toma a iniciativa de possibilitar um recomeço e, se, ao contrário, equivocou-se mediante uma decisão, procura, imediatamente reconhecer seu erro e aperfeiçoar-se, mantendo uma boa relação com outrem. Portanto, enquanto você depender do outro para crescer, você mesmo não vai crescer. Muitas pessoas, no entanto, tendem à vitimização; alegam diante de uma determinada situação, por exemplo: “- Ah, ninguém nunca ligou para mim!”. Assim, automaticamente, pode-se replicar: “- E, você, ligou para alguém?” Provavelmente não, principalmente, quando a autorresponsabilide é evitada. Já testemunhei muitos voluntários deixando as instituições as quais antes ajudavam justificando a saída por motivos de compromissos assumidos no trabalho. Muitos, realmente, dedicam-se por mais tempo ao trabalho e 71
mantém suas justificativas mais ou menos validadas. Outros, porém, veem a participação em entidades de prestação de serviços como um empecilho à obtenção de suas metas profissionais, ao dispenderem seu tempo em outras atividades distintas de suas ocupações principais ou por não se sentirem úteis na instituição. Mas, é importante salientar que uma coisa está diretamente ligada à outra. O sucesso vem quando se ajuda o próximo. Caso não ajude o próximo a probabilidade de progredir será diminuída, tanto pessoalmente quanto profissionalmente, mesmo que um tempo maior seja dedicado ao trabalho. Praticar é a chave. Pratique muito, impulsionado pelo protagonismo e autorresponsabilidade rumo ao propósito.
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Capítulo 19 O sentido da vida CESPP - Propósito Já ouviu falar sobre o velho dilema faustiano, abordado pelo escritor alemão Thomas Mann, em sua obra-prima “Doutor Fausto”? Trata-se de um pacto firmado entre o músico Adrian Leverkühn e “Mefistófoles”: este teria proposto àquele a entrega de sua alma ao diabo por 24 anos em troca da mais sublime e arrebatadora “verve musical” privando-se, em contrapartida, do amor. A partir desse encontro, a ampulheta começa a contagem e Adrian dedica-se à solidão e ao protagonismo de misteriosos e trágicos acontecimentos. Abordo essa forte história para analisarmos juntos uma das vertentes que constituem o propósito de vida. Antes, uma pergunta: apesar da aceitação do pacto proposto, há intenção positiva na atitude de Adrian? Sim, a ambição pela magnificência de sua obra musical e, quiçá, reconhecimento pela sua arte e, por isso, tem o apoio de seus mentores e é inspirado por sua “musa” Esmeralda. Sei que a leitura do livro pode garantir mais profundidade de julgamento ao leitor ou leitora, porém, sabe-se que Adrian pode até ter obtido seus objetivos na arte, incorrendo, porém nas mais sérias consequências. “- Ah, mas você mesmo disse que, para alcançar seus objetivos, deve-se abrir mão de alguma coisa”, alguém pode repreender-me agora. Eis, aqui, portanto, o principal alerta: quando os sacrifícios são praticados em prol de um objetivo, meta ou sonho, mantém-se um propósito ecológico. A ecologia define o bem para si e para outrem, jamais em detrimento de um ou do outro. Abrir mão de algo é afinar o instrumento, é alinhar o seu objetivo com o propósito. Deixei, em determinado momento de minha vida, de beber. Não tomo bebidas alcoólicas desde 2014. Eu gostava? Sim, muito. Nada como um bom vinho e um queijo de qualidade em companhia dos amigos. “- Mas, quais os benefícios para os outros com relação a não tomar bebida alcoólica?” É uma pergunta oportuna quando abordamos o assunto propósito. Pois, nesse caso, minha intenção positiva é pura e simplesmente colocar em prática bons hábitos de saúde; trata-se de uma decisão que tomei para me sentir mais 73
produtivo, manter o foco e a concentração, observar fatos e atitudes com mais sobriedade, otimizar minha produtividade (já que após algumas doses de cerveja, por exemplo, tende-se a não produzir tanto quanto se gostaria no dia seguinte), apesar de algumas pesquisas e médicos afirmarem que uma taça, garrafa ou doses de vinho ao dia, contribuem para o bom funcionamento do coração. Assim, tomei minha decisão. Eu fiz essa opção e me comprometi com a escolha. Para mim é fundamental; para os outros, talvez, essa atitude não implique em benefícios (salvas as situações embaraçosas cujos excessos podem provocar; aliás, olhando por esse ângulo, o outro também pode ser beneficiado pela minha sobriedade). Enfim, para citar um exemplo mais profundo. Após refletir sobre minha vida e estabelecer algumas metas, resolvi deixar encontros, festas, happy-hours com amigos, busquei novas amizades, parei de beber, desconectei-me para escrever (aliás, algo que pratico até hoje), aperfeiçoe-me em minha profissão, aprimorei a técnica e os processos de meus negócios e estive aberto a novas ideias. É evidente que todas essas decisões não foram tomadas de uma hora para outra; tudo aconteceu gradativamente. Cada uma dessas escolhas foram importantes para dedicar-me aos meus projetos com mais afinco, abrindo mão de algo de que eu gostava de fazer, mas sem prejuízo a outrem, tudo, enfim, para organizar uma agenda mais produtiva, alinhando-me com o meu propósito de auxiliar as pessoas a, também, empreenderem seus sonhos em consonância com o próprio ser. Contando a minha história por meio dos livros, por exemplo, tenho a possibilidade de fazer com que as pessoas sintam-se incentivadas a darem um tempero para suas próprias vidas, a estimularem-se a aplicar algo que realmente faça sentido, pelo simples ato de gratidão a maior dádiva que recebemos, a nossa vida terrena. Fica mais claro, agora, compreender que seria impossível conciliar os meus projetos com as “saidinhas” junto dos amigos, festas, bebidas alcoólicas etc. Há um belo pensamento o qual diz que efetuar boas escolhas rumo às metas e objetivos consiste, em muitas situações, em “aparar as arestas” e deixar de fazer algo para “lapidar-se”, fazendo o que, realmente importa, desde que esteja alinhado ao seu propósito. Aproveitar todas as oportunidades é excelente. Em meu caso, por exemplo, fazer cursos, participar de congressos e conferências se constituem em momentos de excelência; mas, há cursos, congressos e conferências acontecendo agora em várias partes do Brasil e do mundo. Porquanto, aproveitar 74
todas as oportunidades, nesse caso, torna-se inviável. Porém, podemos aproveitar todas as oportunidades inerentes aos nossos propósitos quando nos são ofertadas. Quando nos alinhamos a um propósito, as chances são oferecidas. Acredite nisso. É evidente que não podemos esperar de braços cruzados as chances caírem do céu; quero expressar, entretanto, que, ao tomar a iniciativa de se dar os primeiros passos, as oportunidades são criadas e o universo passa a conspirar a favor. Então, como chegar ao propósito? Aqui estamos diante da descoberta que, talvez, esteja faltando para a plenitude da vida de cada um. Além de ecológico, o propósito pertence única e exclusivamente a uma pessoa: você. Você refina sua vida, revê seus conceitos, define metas, planeja firmemente, aproveita as oportunidades, tudo gradativamente, até que os caminhos se abrem. Na verdade, os caminhos já foram abertos há muito tempo pelos que se propuseram a agir desde cedo. Encontrar o propósito é como abraçar um tesouro antes escondido, mas com uma diferença: o tesouro que desejamos encontrar é definido por nós mesmos, não o achamos de maneira repentina. O tesouro já está em nós assim como todos os recursos. A gratidão é valiosa. E a certeza de se obter algo ou de conquistar um sonho, vem depois da gratidão. A gratidão pela contemplação da estrada e os aprendizados que ela nos oferece como as lições de superação; ser grato pelo dia que amanhece, pela noite que chega, aos pais, irmãos, colaboradores, mentores bons e ruins, enriquece a nossa autorresponsabilidade e autoestima, enaltece a nossa vontade de querer e vencer. E não é por mim ou por nós que buscamos querer e vencer. Só seremos bem sucedidos na vida se oferecemos algo aos outros despretensiosamente, sem interesse, ou intenção de reconhecimento ou exigência de contrapartida alheia. O visionário Henry Ford, um apaixonado pelo seu ofício, mencionou que as pessoas não sabem o que querem até você mostrar a elas. Hoje, porém, estamos diante de um mundo com tantas possibilidades como nunca antes já se viu. Esteja ao alcance de suas possibilidades. Das possibilidades que estão mais próximas de você do que imagina, ao alcance de si mesmo e do propósito que deixa legado.
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Capítulo 20 Conclusão CESPP - Integridade E, ao fim deste singelo ensaio, posso concluir que a interação entre todos os CESPPs (Componentes Essenciais de Satisfações Pessoal e Profissional), vão contribuir, fundamentalmente, para a constituição do ser em sua integridade. Os CESPPs mencionados se completam como o leitor ou leitora já percebeu. Muitas discussões, exemplos e relatos abordados em um capítulo podem ser remetidos a outro capítulo, quiçá dirigido a dois ou mais capítulos diferentes do principal. Isso vem demonstrar que os CESPPs formam uma teia e se entrelaçam. Cada um dos componentes unificam o todo. Por isso, estude, reveja e pratique cada um deles; otimize seus CESPPs mais fortes e enriqueça os que necessitam aprimoramento, conforme diagnóstico preciso. Através do diagnóstico, mude antes que seja forçado pelas circunstâncias, afine o instrumento, transforme os fracassos anteriores em novas oportunidades e, diante disso, assuma a responsabilidade pelos seus atos, deixe de buscar culpados pelos seus erros. Sofremos muitas interferências internas, ou seja, dentro de nosso ambiente de trabalho, e externas, apontadas pelos avanços tecnológicos, fatores sócio-culturais e econômicos, porém, nossas reações aos acontecimentos são determinadas por nós mesmos, pela nossa autorresponsabilidade. Dessa maneira, modelamos ou lapidamos nossos serviços, produtos ou negócios e, até mesmo, as relações com clientes, fornecedores e concorrentes. Mantenha a humildade, ligue os pontos, desestruture-se quando sentir o momento a fim de reinventar-se mediante o desconhecido. Faça a releitura das metas estabelecidas periodicamente e as utilize para tomar decisões, inclusive com relação à fortuna, praticando, concomitantemente, um networking de qualidade, aprendendo sempre com as experiências dos outros, em consonância com os equilíbrios emocional e racional. Por fim, vital alinhar todos esses componentes ao propósito, nosso principal instrumento de vida, aquilo que justifica nossa passagem por esta terra, rumo ao alcance de si, antes longínquo, hoje, cada vez mais congruente com o próprio ser. Nisso consiste a própria liberdade. A liberdade de ser verdadeiramente. Portanto, um último detalhe: se deseja sucesso, esteja atento aos livros, pessoas e experiências, todos irradiam luz de nosso próprio espelho. Sucesso e grande abraço a você, leitor ou leitora, grande que é! 76
Sobre o autor Dr. Marcel Fernandez Davides, natural de Jaú – SP, nascido em 27/02/1978, formou-se pela Faculdade de Odontologia de Lins-SP (FOL/UNIMEP), em agosto de 2001, e exerce sua profissão em consultório próprio em Bariri-SP, desde novembro do mesmo ano; Especializou-se em implantodontia em 2010, mas atua na área desde 2005; Aperfeiçoou-se em marketing e administração para consultórios odontológicos, endodontia, odontologia estética, prótese sobre implantes, implantodontia, estética e harmonização faciais; Participou de vários estágios, campanhas, trabalhos de extensão (Parque Indígena do Xingu), congressos nacionais e internacionais e obteve aprovação em seis concursos, dois em 1º lugar; Foi sócio fundador e 1º Presidente do Rotary Club de Bariri – 16 de Junho, em 2011-2012, e Governador Assistente do Grupo I do Distrito 4480 do Rotary International, em 2012-2013; Em 2019, participou do Seminário EMPRETEC, foi co-fundador da empresa GinCasa e realizou curso de PNL (Programação Neuro-Linguística); Autor de “Abra a boca e mostre os dentes, empreendendo para viver” (2016), “Dicas de livro: motivacionais” (2018), reunindo 50 resenhas de livros voltados para o ramo de motivação e negócios, “Dicas de leitura: clássicos” (2019), incluindo 50 resenhas dos grandes clássicos da literatura mundial, mantém o blog “dicasdelivrosite.wordpress.com.br”, é sócio do Clube do Livro de Bariri e publica, agora seu mais novo ensaio “Ao alcance de si”.
Lançamento da Prima Editora, quarto livro do cirurgião-dentista Marcel Devides, este ensaio “Ao alcance de si”, aborda em cada um dos vinte capítulos um requisito fundamental à evolução do ser humano, designado CESPP (Característica Essencial de Satisfações Pessoal e Profissional), baseado na aprendizagem, nas experiências e no contato com seus mentores, em que o autor almeja difundir a integração dos acontecimentos e do conhecimento como fonte de experiências para crescimento próprio e de todos ao seu redor, seja na esfera pessoal ou profissional. Além disso, em contato com o leitor ou leitora, os componentes procuram expandir a discussão sobre os temas abordados, não os encerrando, portanto, nestas singelas linhas, sujeitas, ainda, à contestação, aprovação ou reprovação, incentivando, consecutivamente, a uma busca mais vasta e aprofundada dos assuntos aqui tratados, como a importância da mudança e da reciclagem em nossas vidas, a autorresponsabilidade, a definição de metas, as qualidades como o respeito e a humildade, o networking de qualidade, as boas escolhas em nosso cotidiano, a autoestima e o poder do propósito, entre outros, certamente, não encontrados nas maiores universidades, compêndios e, tampouco, proferidos pelos grandes mestres educadores formais, talvez, até, subestimados ou tidos como de “pouca importância” ou “inúteis”, porém, conforme mencionou Richard Feynman, físico, vencedor do Prêmio Nobel de 1965: “o poder da educação em geral é pouco eficaz, exceto nas felizes ocasiões em que ele é quase supérfluo.” “Somos o resultado de nossa interação com os livros, pessoas e experiências.”