José Pires Branco - Externato de Santa Teresinha

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ÍNDICE

PREFÁCIO 03 INTRODUÇÃO 05 ENTREVISTA 09 SANTA TERESINHA: O TROPICAL MODERNISMO BEIRÃO 26 SANTA TERESINHA: DESENHOS 30 SANTA TERESINHA: DESENHOS TÉCNICOS 54 SANTA TERESINHA: FOTOGRAFIAS 74 BIOGRAFIA E LISTAGEM DE PROJECTOS 86

FICHA TÉCNICA DA EXPOSIÇÃO E AGRADECIMENTOS 82


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CASA ALBANO DE OLIVEIRA 1960-1963


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PREFÁCIO

PEDRO SALVADO, DIRECTOR DO MUSEU DO FUNDÃO

JOSÉ DIAS PIRES BRANCO o arquitecto discreto das substâncias

«No princípio era o caos. Ficaram dele rudes formas erectas talhadas no mistério da leveza da sua ligação à frágil terra.» António Salvado

Esta mostra ilumina um dos mais notáveis criadores da trama que tece e materializa a paisagem identitária da Beira contemporânea. Pires Branco foi um arquitecto tecelão, codificador de vivências gizadas a partir de um tempo novo, erguendo uma outra gramática de sentidos descodificadores e provendo um olhar renovado sobre as ligações entre o homem e o espaço. Evocar Pires Branco é falarmos de uma conjugação de vontades e de desígnios que estão no âmago da matriz do seu itinerário profissional: pensar o território. Um território que vai afirmar uma comunidade plural que se estrutura e se projetcará em formas, funções, zonas, políticas, substâncias, circunstâncias, emoções e símbolos. Na história da arquitectura do sul da Beira Interior do século XX, entre a montanha-mãe da Estrela e as linhas de água do Zêzere e do Tejo, o arquitecto é um nome referencial não apenas pelo seu pioneirismo criador mas, também, pela continuidade e fidelidade temporal a este laboratório geográfico. Pires Branco é um eixo do património beirão que percorre um côncavo local sempre em parceria com várias convexidades que o ligam a outros horizontes.


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Pires Branco foi um mestre da transformação e da renovação da paisagem da Beira. O conjunto da sua obra revela uma ampla diversidade de actos, vontades, desafios e escalas em confronto com os perfis vivenciais tradicionais então predominantes nestas longitudes do interior de Portugal. O tempo criativo de Pires Branco percorreu os contraditórios finais dos anos cinquenta do século passado, numa Beira em palpitação conservadora, atávica e rural cujas gentes, os seus poucos haveres e esperanças partiriam durante toda a década de sessenta e setenta para distintas margens europeias na desmedida aventura da emigração. Pires Branco ficou no interior e iluminou uma nova interioridade arquitectónica, atravessando fronteiras e conjugando direcções entre as estratigrafias rurais e as emergentes presenças urbanas da paisagem. De um secular passado rural, provinciano, lento, de geologia monocromática, a obra de Pires Branco vincou na paisagem todos os significados materiais e materiais contidos na palavra urbano. A sua obra traduz uma persistente actualização e uma reservada, mas analítica e orgânica acção que afirma a contemporaneidade materializada em formas distantes da formatação e idealização tradicional. Castelo Banco, Fundão e Covilhã foram as suas cidades visíveis. A carta da sua obra estabeleceu-se, também, numa dicotomia dinâmica no território entre aquilo que é meu e aquilo que é ou será nosso, do que é de todos, numa porosidade fronteiriça entre sítios, moradas, terras, mercados, praças, ruas, jardins, igrejas, bairros e zonas.

Arquitectava e planeava, deslocando-se e oscilando entre o oikos e o topos. Nunca esqueceremos o impacto que nos provocou o edifício da Segurança Social de Castelo Branco que rompeu o velho muro alvo da nossa memória de infância, antiga fronteira da face Este da cidade atravessada pelo caminho-de-ferro e que separava as casas dos campos e dos granitos. Carapalha, nome de uma espécie de carvalho, é hoje o bairro mais populoso da cidade. Do campo restaram apenas os topónimos das quintas e das eiras. Ressaltamos também a edificação da igreja de Nossa Senhora do Valongo que, com a sua volumetria ascensional, sacraliza o caos, numa redenção da desordem de uma das maiores áreas de clandestinização urbana surgidas em Portugal nos anos oitenta. Pires Branco não ficou nunca à margem ou ao aconchego do calendário cíclico. Abrigou o tempo e o espaço no nosso viver conjugando a firmeza das raízes à livre imaginação do futuro.


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INTRODUÇÃO

PEDRO NOVO, ARQUITECTO E CURADOR DA EXPOSIÇÃO

O DESEJO DO DESENHO O ECLETISMO DO SABER

O reconhecimento da arquitectura moderna enquanto património é muito recente. São assim tarefas primordiais a realização de vários exercícios de inventariação e estudo aprofundado deste universo. A divulgação deste legado a um público cada vez mais alargado adquire uma importância fulcral na sua preservação e entendimento pelas instâncias políticas e de salvaguarda do património. O processo de inventariação da Arquitectura Portuguesa do Século XX, por motivos diversos, encontra-se por encerrar, tornando esta herança desprotegida e longe de estar considerada acautelada. Perante as constantes pressões de especulação fundiária e imobiliária, em particular nos centros das cidades, este património corre riscos generalizados de efectivo desaparecimento ou brutal descaracterização. Para além da divulgação deste património, pretende-se alertar e sensibilizar os Municípios e entidades governamentais para um quadro de política de responsabilidade partilha, numa perspectiva futura de classificação parcial ou particular deste património. A valorização do Interior pretende considerar um extenso e clivoso território através de estratégias de descentraliza-


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ção, com o enquadramento dos respectivos concelhos numa estratégia turística em torno da arquitectura e actividades acessórias irá adquirir um papel diferenciador na região. A exposição “José Pires Branco – Um Ecléctico Beirão Moderno” pretende ser exercício embrionário de descoberta da prática na profissão por parte do arquitecto num território com uma escassez económica e culturalmente pouco disponível para a encomenda de arquitectura. Esta mostra pretende criar uma janela sobre o estudo da sua obra e na interpretação de um momento histórico ímpar na região da Beira Interior. Permitindo que outros possam descobrir o seu acervo pretende-se, paralelamente, reconhecer a qualidade do legado de José Pires Branco, ainda em vida. A apresentação desta visão global do percurso do autor irá permitir conhecer um certo fascínio sobre o movimento moderno. Em 1948, o primeiro Congresso Nacional de Arquitectura revela pela primeira vez uma leitura mais estratificada do pensamento arquitectónico português em relação às propostas do Movimento Moderno. Percebe-se através das actas, uma aceitação da proposta e algumas interpretações reveladores de conhecimento de causa. Duas décadas, onde Carlos Ramos e Keil do Amaral eram duas faces da moeda. Por um lado a força do academismo clássico das belas artes enraizado em cânones estéticos, e por outro, um sangue novo vanguardista e muito

critico à posição actual com uma actuação virada para uma arquitectura de leitura moderada das mais arrojadas vanguardas. José Pires Branco com formação nas Belas Artes do Porto no decorrer da década de 40, partilha os estiradores com uma geração que vivia esta transição de pensamento. Dos demais, destacamse os nomes de Agostinho Ricca, Fernando Távora, José Carlos Loureiro ou Rogério de Azevedo. Após a sua formação, parte para Lisboa acabando por sediar o seu ateliê na vila do Fundão em conjunto com arquitectos da sua geração. Perante um panorama difícil economicamente com consequente escassez de encomenda, a escolha do Fundão acabou por ser feliz, na medida em que Pires Branco conseguiu encetar um sem número de obras construídas na região, aliando paralelamente actividade no ensino, cinema, televisão (RTP), desenho, gravura e cargos na administração central. No levantamento do seu espólio, no arco de tempo entre a década de 50 e 80 do séc. XX é possível contabilizar 40 habitações unifamiliares, 9 igrejas, 8 planos de arranjos exteriores, 30 planos de urbanização e cerca de 50 projectos/planos dos mais diversos edifícios de complexidade variada. Se a sua arquitectura bebia de uma linhagem moderna tropical brasileira, o uso combinado do betão das estruturas entrecruzado com paramentos de granito rebocados no seu interior, produziu uma tectónica construída. Estes processos permitiram


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verdadeiras aproximações ao passado numa procura das raízes vernaculares que a arquitectura popular tradicionalmente produziu. É neste sentido moderado que Pires Branco assume a “linhagem” de pensamento de Keil do Amaral, onde a “enclausura” do interior do país lhe permitiu definir o seu percurso com maior discernimento e sensibilidade pela envolvente construída. José Pires Branco afigura-se como uma das figuras mais importantes e interessantes no panorama da arquitectura moderna da região centro interior do país. Com um portfólio inigualável em quantidade e qualidade, a sua capacidade inventiva permitiu desenvolver uma obra ecléctica na produção da escala e versátil nas respostas aos desafios programáticos dos seus clientes. A sua singularidade é manifestamente representativa da sua importância numa geografia que no seu tempo fora despida de profissionais de arquitectura. Hoje a sua obra é estudada e analisada por permitir desvendar os mistérios do “modernismo” e as transições do vernáculo na construção menos erudita da Beira Interior. Os movimentos em torno da sua obra, que hoje possibilitam o desenvolvimento de processos de classificação de algumas das suas obras, permitem com segurança definir José Pires Branco como uma das figuras mais importantes da chamada “geração moderna portuguesa”.


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ENTREVISTA

CONDUZIDA POR PEDRO NOVO E PAULO FORTUNATO EM NOVEMBRO DE 2014 NA ESCOLA DE SANTA TERESINHA, FUNDÃO

SABOR DAS PALAVRAS

Como é que se proporciona a sua ida para as Belas Artes no Porto? Foi o gosto pelo desenho? Ou obra do acaso? José Pires Branco - Talvez as duas coisas. Eu estava a tirar um curso de contabilidade e fiz um curso de guarda-livros numa escola de contabilidade, uma escola comercial, particular e, nessa altura, vivia no Porto, na Avenida Rodrigues de Freitas, que era onde estava instalada a Antiga Escola Superior de Belas Artes do Porto. Passei a ter visualmente contacto com os frequentadores e comecei a ter conhecimento com alguns deles, ocasionalmente, e foi-se desenvolvendo um certo interesse pelas Belas Artes, coisa que até aí eu não dava grande importância. Embora eu fizesse uns desenhos que muitas vezes mereciam o aplauso e a apreciação de pessoas que diziam que eu tinha muito jeitinho para o desenho. Ligando estas coisas do jeito para o desenho, o conhecimento e a infiltração, digamos, dentro da escola e do ambiente da Escola Superior de Belas Artes do Porto, fiz aptidão à escola. No primeiro ano fiz a área de pintura e depois, no segundo exame, passei para


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a arquitectura. Fiz as provas correspondentes para a arquitectura e daí, olhe, foi nascendo este pobre e humilde servidor de todos nós, o arquitecto. Essa descoberta foi feita no espaço da Faculdade? PB – Sim! Termina a faculdade com 41 anos, em 1969? PB - Sim... Talvez. O seu processo de formação enquanto arquitecto já é algo tardio para os dias de hoje? PB - Bom, isso deve-se à orgânica do curso de arquitectura na altura, que era dividido fundamentalmente em duas fases distintas: curso especial, que era uma preparação comum: pintores, escultores e arquitectos, e depois teríamos os cursos complementares de especialização, que era o caso de urbanismo, arqueologia, história, etc... O ingresso na vida militar não lhe atrasou também o percurso académico? PB - A vida militar atrasou a minha vida, porque na altura eu tinha a preparação necessária e obrigatória para fazer o curso de oficiais milicianos, mas tinha que ter um aproveitamento das respectivas disciplinas no ano. Enquanto

tivesse esse aproveitamento eu podia protelar os tais concursos de especialização: de composição, de arqueologia, de urbanismo, etc... Como eu tinha aproveitamento, davam a faculdade de eu poder adiantar ou retardar os concursos. Podia ir ou podia não ir, mas não tinha consequências de maior se não fosse, ou se adiasse de uma época para outra. É claro, isto criou-me maus hábitos, criou-me o hábito de ter uma carteira, digamos, mais gorda que não tinha até aí e, portanto, fui retardando. Entretanto a minha vida modificou-se. Nessa altura a minha situação como arquitecto era de estagiário, faltava-me o diploma. E isso retardou muito tempo. Depois fiquei na tropa até sair graduado em tenente miliciano e, portanto, apareci com atraso relativamente ao ano de ingresso no curso de arquitectura e relativamente à parte dos meus colegas, porque em alguns deles também aconteceu a mesma história. Quando volta desse período da vida militar, porque é que vem sediar ao Fundão, sendo natural de Casegas? Por que é que a Covilhã não foi uma opção? O que é que havia aqui que lhe promoveu a escolha? PB - Foi, fundamentalmente, o encontro com uns colegas, os arquitectos irmãos: José Joaquim Alves Nogueira e Francisco Alves Nogueira, e dos dois engenheiros civis:


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José Catela das Neves e João Eduardo Lemos Brito. O que é que o faz vir para o Fundão e não para a Covilhã? PB - Naturalmente porque, por um lado, eu tinha feito o serviço militar na Covilhã, no Batalhão de Caçadores 3, salvo erro. Isto é uma raiz que se criou durante o tempo que lá estive. Por outro lado, porque a proximidade geográfica entre Covilhã e Fundão é tão reduzida que eu fui encontrar, quando fui colocado nesse quartel da Covilhã, velhos amigos e conhecidos entre eles os irmãos Alves Nogueira, os engenheiros, e passámos a constituir a base de um gabinete técnico de arquitectura e engenheira. E, talvez por poder de fixação maior da parte dos engenheiros, o Eng.º João Eduardo Lemos Brito e o José Catela das Neves, nós alugámos aí um espaço e constituímos o nosso gabinete de arquitectura e engenheira. Ainda se recorda onde era esse atelier? PB - Foi mais do que um sítio, foi pelo menos em três ou quatro sítios e que numa determinada altura até assumiu um aspecto engraçado, à semelhança do que antigamente acontecia com as farmácias. As farmácias eram um ponto de reunião, uma botica. E nós, quando alugámos o nosso primeiro espaço e constituímos verdadeiramente um gabinete de arquitectura e engenharia, com toda a nossa carga de inexperiência, também tínhamos os ami-

gos da nossa idade e passámos a fazer ali ponto de discussão. Entre eles tínhamos uma alma especial que era o António Paulouro. O António Paulouro é uma pessoa, realmente, com uma vitalidade intelectual fantástica. Isto deu um certo empolamento e a nossa ação começou a estender-se para além da própria área estritamente Fundão e passámos também para Covilhã, Tortosendo, etc... A nossa área foi alargando. Até que a determinada altura, também como é natural por efeitos desse alargamento e dessa propagação, fomos mais longe. A nossa vida passou a desenvolver-se num espaço muito maior.


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A opção de terem constituído o atelier juntos foi porquê? Por uma questão de encomenda? Por uma questão de conforto? PB – Por questões puramente afectivas. Porque estes amigos que se juntaram a nós tinham feito, por coincidência, todos o seu curso no Porto. Os engenheiros civis na Faculdade de Engenharia do Porto. Havia também um outro engenheiro que era de máquinas. Havia vários cursos que nos ligaram facilmente. Foi fácil a ligação e a articulação com eles. Como era a relação do arquitecto e do engenheiro na época? PB - Na época era, acho eu, que seria uma fórmula a manter e desenvolver. Eu acho que o arquitecto e o engenheiro são duas profissões que se completam e que embora tendo os seus limites de acção, têm um ponto comum que é realmente, a construção e sobretudo, a produção arquitectónica, a arte, o cultivo da arte. E nós, naquela altura, tínhamos a ansiedade de modificar o mundo à nossa volta. E encontrámos aí o ambiente próprio para isso. O Fundão calhou mais por esta circunstância acidental, dos dois engenheiros estarem aqui e eram originários daqui, enquanto que eu embora natural da Covilhã, não tinha

nascido propriamente na cidade da Covilhã. Acaba por acompanhar a cidade num turbilhão, nos meados da década de 50 até meados de 60, a cidade do Fundão tem uma transformação radical, com o desenho da avenida, da construção do Cine Gardunha, a nova Estação de Correios, a Auto Gare, o próprio Externato de St.ª Teresinha, mais tarde o externato de St.º António... Como é que olha, com este afastamento para aquela época? O que é que eram os motores de transformação desta cidade? Era a personalidade do António Paulouro, o Dr. Menezes? As âncoras desta cidade? A família Pião com a Auto Gare, que produziu uma transformação radical na economia local? Qual a sua leitura? PB - É um bocado difícil sintetizar a questão, mas houve aqui uma série de conjugações que nos levaram realmente a isso. Um dos factores de grande importância foi a abertura, ou a demarcação da avenida, na altura Salazar, e que acessoriamente trouxe a necessidade de disciplinar os terrenos marginantes. Daí ter nascido o projecto do arquitecto Carlos Ramos, a instalação, o desenvolvimento industrial com forte ligação ao ramo automóvel, garagens, oficinas, etc... Na altura acaba por fazer um projecto para a Metalúrgica?


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PB - Há uma série de equipamentos que começam a surgir. Começa pelo menos a surgir a ideia, o caso do Hospital; o ensino, o colégio na altura, este colégio (St.ª Teresinha), teve uma influência muito grande porque era um colégio que criou nome, naturalmente, porque fez obra e porque fez alguma coisa em prol da cultura. Houve uma série de circunstâncias que realmente impeliram isto tudo. Tendo como referência o Colégio de St.ª Teresinha, consegue fazer um apanhado de como é que foi o processo inicial? Já com a existência do Externato de St.º António, aí foi o vosso primeiro contacto do atelier? PB – Não. O primeiro proprietário e diretor do Colégio do Fundão, isto agora estou a falar um bocadinho fora de mim que eu nessa altura ainda não estava ligado ao Fundão, era o Dr. Gil, irmão do médico Dr. Alfredo Mendes Gil e que mais tarde, por vicissitudes que eu já não sei bem explicar porquê, foi comprado pelo Dr. Menezes. O Dr. Menezes era um homem também empreendedor e que resolveu transformar, isto é, fazer um colégio novo, um Colégio de St.º António novo. Os colégios suscitaram, realmente, o interesse de muita gente e isto teve uma frequência muito grande e, portanto, foi um elemento motor muito poderoso para o desenvolvimento do Fundão. Além de que, no Fundão, não haviam terrenos para construção,

também não havia capacidade para construir. Mas a pouca que existia era praticamente nula ou sem efeito, porque os terrenos estavam na posse de proprietários que não tinham necessidades económicas e não se desfaziam dos seus terrenos porque ainda não tinha chegado a hora, ou por qualquer outro raciocínio. E isto começou a abrir-se quando entraram, enfim, novos princípios e preocupações de ordenamento territorial. Porque até uma determinada altura ninguém pensava em planos de urbanização e, certamente, isso não teria uma influência directa, imediata, como mais tarde se veio a provar. Hoje, como toda a gente sabe, o sector do ornamento territorial implica com muita coisa, tem uma vastidão tão grande que é difícil entrarmos no assunto assim de repente. A preocupação de promover estudos e suscitar o interesse da própria administração central, que era a administração central, naquela altura não havia financeiros locais, era o estado é que comparticipava as câmaras municipais, normalmente, até uma taxa de 90%, quer dizer que competiria à câmara arranjar os 10% restantes. Mas, começou a sair legislação sobre o urbanismo, sobre essas matérias e, naturalmente, isso despertou o estímulo, enfim, para modificar esta coisa. Tanto quando eu posso assim resumidamente dizer, mas a matéria é muito mais vasta, tem muito mais que se lhe diga.


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Como foi o trabalho com o Dr. Menezes? Deu-lhe carta branca para fazer o desenho? Haviam algumas premissas base? PB - Eu hei-de dizer que o projecto começou naturalmente, como é normal, por um estudo preliminar. Fazer um colégio, quer dizer, do nosso ponto de vista de arquitectos, começa por querer fazer um programa. Fez-se o programa e pensou-se o que é que isto poderia ser. O Dr. Menezes entregou o Colégio preferentemente a jovens, uma questão de opção, porque os velhos que não havia, não havia arquitectos. Basta dizer que quando eu me formei haveria, provavelmente, quinhentos arquitectos no país, e hoje não sei quantos milhares são, vinte e dois mil... De maneira que tiveram que recorrer aos arquitectos jovens, aos jovens promissores, onde aparecem estes tais arquitectos e engenheiros que são também o princípio de um novo movimento, mas postos à disposição. Era da nossa responsabilidade, e eu vou falar agora por mim, eu fazia o que sabia, que era pouco. Era um jovem arquitecto que tinha pouca experiência ainda, mas ia fazendo coisas. Eu próprio também comecei a ser elemento motor. Comecei a fazer coisas novas, algumas delas, se calhar, com dispartes muito grandes, mas acho que todos nós mais ou menos passamos pela mesma coisa. O Colégio, os edifí-

cios e o conjunto foi desenhado numa perspectiva, numa miragem da arquitectura moderna da altura, que era o que nós aspirávamos. Quais eram os elementos motores para irmos para a frente? Era o Le Corbusier, o Niemeyer, o Gropius, e outros grandes arquitectos que fizeram grandes obras. Nós também queríamos ser, e à semelhança do que é natural nessas idades, também queríamos ser uns Le Corbusieres e uns Niemeyers pequeninos. Essas influências, da década de 60, em que era difícil viajar, o acesso a informação era complicado, como é que vocês, arquitectos, “bebiam” desta informação?


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PB - Eu sou da escola do Porto, no Porto vivíamos um ambiente que considero muito bom, aquilo era uma verdadeira academia. Nós tínhamos as aulas normais, aliás muito preenchidas, e depois das aulas arranjávamos, à custa dos nossos parcos escudos, alugámos um escritório em comum e vínhamos continuar os estudos. Aí praticávamos o princípio, a tal coisa da intercomunicação: cada um passava aos outros, criticava, recebia críticas e, portanto, nós vivíamos permanentemente uma vida académica ligada, realmente, ao curso. Acho que isso foi uma prática que na altura deu resultado, pelo menos na escola do Porto. Em Lisboa também, evidentemente que eu fui fazer lá umas

cadeiras, mas o ambiente já era diferente. Relativamente à orgânica do edifício (St.ª Teresinha), de algum modo tínhamos atravessado uma dinâmica muito forte de implementação de equipamentos escolares com o plano “Centenários”, em que eram trabalhadas tipologias pré formadas e que eram implementadas em determinados pontos do território, na leitura, até na disposição das salas de aula este equipamento é diferenciado dos outros. No caso de St.ª Teresinha, o modo como é feita a escola, todos escrevem com a luz vinda da esquerda, foi uma preocupação? Ou coincidência? PB - Preocupação pelo seguinte, porque esta noção de luz da direita e luz da esquerda, nas nossas cadeiras de desenho artístico: estátua, modelo vivo, etc..., havia uma preocupação de prestar muita atenção à luz. A luz vinha às horas de manutenção constantes daquela intensidade lumínica era garantida numa certa orientação. Quer dizer, se nós rodássemos mais o edifício para um lado ou para o outro, obtínhamos melhor resultado, enquanto que havia outras posições que a mudança era mais rápida. Nós estávamos a desenhar numa determinada apreensão do objecto e aquilo mudava completamente. Desta outra forma mantinha-se. No edifício percebe-se que os corredores estão a poente


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e as salas de aula a nascente, numa dinâmica de aprendizagem pela manhã. Esta situação da luz pela manhã pelo lado esquerdo acontece. Agora na questão estética, passando um pouco para a questão do regime, e sabendo que é uma encomenda particular, por algum momento existiu alguma abordagem relativamente à estética que estava a ser produzida? Na altura existia uma série de situações e fortes influências para que o chamado Português Suave fosse implementado e enraizado, quase de uma forma enquanto propaganda política, por algum momento sentiu, essa pressão, aquando do desenho deste equipamento? PB - Isso sentia-se naturalmente. Eu vou citar um caso verídico, passado aqui com a história da construção dos colégios. A alguém, na altura, não vale a pena estar a citar nomes, era uma pessoa de representação social e cultural, foi-lhe perguntada a opinião sobre este colégio. Fazia parte do desenho geral do projecto uma perspectiva, uma perspectiva que tinha representado um automóvel como símbolo de uma aspiração. Um automóvel era uma coisa que nem toda a gente podia ter, mas todos nós desejaríamos. E, no mesmo desenho, num desenho imaginário, evidentemente, mas que procurava reflectir alguma coisa do real, das condições reais, estava também uma palmeira. A pessoa interrogada disse: “Olhe, isto pelo automóvel

e pela palmeira não é paisagem de cá, não tem nada que ver connosco!”. Enfim, não me senti ofendido com isto, senti que era natural uma reacção destas. Era uma pessoa também diferente, era uma pessoa que podia ser meu pai, ou meu avô e portanto, admiti perfeitamente. Mas não era fácil romper certas muralhas. Havia situações que franqueavam portas, enfim colaboravam. Havia outros que não, fechavam, “o que eu quero é isto, é uma casa...”. Bom, e aí meteram-nos na ideia, e bem, acho eu, que a vida não pára, está sempre a evoluir e, portanto, não podíamos repetir sempre as mesmas casinhas que se faziam antigamente. Anos antes tinha desenhado com Alves Nogueira o Externato St.º António, apesar de colaborarem no mesmo atelier e viverem a dinâmica do projecto em conjunto, consegue justificar uma diferença tão grande a nível estético entre as duas escolas? Existe alguma razão? Ou foi uma questão do acaso, do lote que obrigou àquele desenho? PB - Eu acho que isto brotou naturalmente das intuições que cada um tinha e dos projectos que alimentou em si próprio. Procurámos colaborar activamente, eu e Alves Nogueira, mas sem propriamente exercermos qualquer pressão um sobre o outro. Portanto, cada um manifestouse livremente. Ele fez aquilo que eu também subscrevi, de certa maneira, mas ele é que era, digamos, o chefe de


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projecto. Paralelamente à actividade de atelier, participou também em diversos cargos na administração local durante muitos anos. Qual a importância que teve na sua formação e na concepção de projecto? Deu-lhe um outro olhar sobre uma leitura quase regional, uma leitura mais ampla, mais global? Nos primeiros anos foi uma leitura cirúrgica de implementação de alguns equipamentos na cidade, num plano que começava a definir-se e a determinada altura, passa a ter um olhar num patamar diferente na CCDR ? PB - Eu vim a ter uma ligação muito mais directa e profunda, com uma matéria que na altura pouco me dizia, ou não me dizia o suficiente, que era o urbanismo. Urbanismo era uma matéria que estava um bocadinho fora das necessidades diárias da população portuguesa. Portanto não se lhe dava, acho eu, o devido interesse. Quando comecei na função pública como arquitecto, cumulativamente com as funções de professor no Liceu de Castelo Branco, ligava pouco à questão do urbanismo. Mas fui, por força das circunstâncias, imiscuindo-me nos assuntos de ordenamento. Sem querer, sem querer ou querendo, aconteceu esta coisa, aquilo de que eu tinha vagos conhecimentos que era o urbanismo, passou a ser uma actividade intensa, porque eu fui arquitecto ambulatório, andei

de terra em terra como chefe da 6.ª zona de urbanização e arquitectura, que é um departamento que na altura existia e que dava assistência aos distritos de Castelo Branco e Portalegre, também tive uma altura cumulativamente também com a Guarda. De maneira que a minha vida passou-se muito para um domínio de ordenamento em desfavor, digamos, do projecto, da elaboração dos projectos. Por outro lado, como eu era funcionário público cortava um pouco a minha liberdade, quer dizer, não podia fazer todos os projectos, pelo menos para as áreas onde eu exercia essa profissão. Mas fora disso, evidentemente que o fazia com a anuência e com o estímulo do Diretor Geral de Urbanização da altura e o próprio Ministro Arantes de Oliveira, que nos dizia quando íamos de Câmara em Câmara: “Então e o que é que o senhor precisa?”, e naturalmente, os presidentes das Câmaras apresentavam as suas necessidades cruciais, e o que eram: eram os bombeiros, era uma escola... E o Ministro perguntava: “Então e tem projecto?” que era para receberem a comparticipação. “Não, não temos projecto!”; “Então não falaram com ninguém, com um arquitecto?”; “Não, nós não temos dinheiro para...”. Isto é falar uma linguagem popular mas real, era assim mesmo. “Oh homem, há aqui tantos arquitectos!” Naquela altura quando o Ministro vinha, vinha um séquito e trazia muita gente, trazia muitos arquitectos


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e engenheiros. Mas na realidade, na prática, não havia. Eu era arquitecto só, aqui, quando estive no Fundão e era o único arquitecto residente em Castelo Branco. De maneira que dizia o Ministro “Pois não tem ... Então mas o senhor fale, com tantos arquitectos que estão aqui, fale com um deles e faça um estudo e apresentem um estudo...” que o Ministro também queria era fazer obra. Como era a relação com a Igreja? Alguns dos seus projectos da igreja de Oleiros e em Castelo Branco, sabendo a influência que a igreja na época tinha, como é que era essa relação? Como surgia a encomenda? PB - A encomenda surgiu, naturalmente, pela progressão

da nossa posição como profissionais, cada vez éramos mais conhecidos. Além dos quinhentos arquitectos que existiam, já existiam mais uns tantos. Portanto, pela projecção profissional e surgia, também, vou confessar, sem prejudicar nada, que o nosso departamento do estado estava orientado para obras de equipamento, equipamentos de vários tipos, entre eles o equipamento religioso. Esses projectos, e a tal história de arquitecto solitário nas terras, eu tinha por incumbência de funções, fazer a apreciação desses projectos para ver se tinham condições ou não de ser comparticipados, se eram efectivamente úteis, ver se tinham uma lógica para se construírem. Naturalmente, isso guindou a minha pessoa, o meu nome, ao conhecimento da igreja, dos párocos da aldeia. Separei o profano do divino, como diz o outro, os que não eram da minha paróquia, passo o termo, podia fazê-los livremente, os que eram da incumbência do estado apoiava-os. Eu tinha de apoiar os meus colegas arquitectos que na altura eram, então, contratados para fazer os projectos. Eu mantinha, com eles, uma relação. Como o caso do arquitecto Teotónio Pereira, com a igreja de Penamacor, um dos muitos casos; Boidobra e muitos mais. Eu, nessa altura, também fui muito influenciado pelo intercâmbio muito intenso que surgiu em matéria de construção de igrejas, de edifícios religiosos, a que pertencia o Nuno Teotónio Pereira, como


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membro de uma comissão do patriarcado de Lisboa, para a construção das novas igrejas. O arquitecto Teotónio Pereira influenciou-me bastante porque, naquela altura, também estava a fazer um projecto de uma igreja e era um novato, passo o termo. Mas era um novato que estava muito imbuído das ideias do concílio do Vaticano II e, portanto, fiz muitos projectos de igrejas também. Dos projectos não construídos, qual aquele em que sente uma pequena mágoa de não ter sido construído? PB – Infelizmente, é coisa que todos os arquitectos e outros profissionais têm de referir é isso. Os bons projectos, costuma-se dizer na nossa linguagem, que os melhores ficaram na gaveta. Não vou dizer que foi o caso de todos os que fiz, simplesmente, muitos consegui, ou melhor, consegui o que foi possível, outros não foi possível, foi-me impedido um percurso livre. Destes de gaveta eu tenho muitos, quase que nem sei por onde devo pegar, mas foram muitos.

PB – Sim havia. Eu conheci-o bem, quer dizer, não era íntimo, porque havia uma diferença de idades muito grande, mas entendia-me bem com ele enquanto profissional. Assim como me entendia com o arquitecto que foi quase arquitecto geral de Portugal, João António de Aguiar, foi inspector superior de obras públicas e era o autor de todos os planos de urbanização do país desde a Covilhã, Fundão, Castelo Branco, Guarda, Viseu, e Ultramar quase todo, também. O João António de Aguiar era uma pessoa que tinha uma experiência vastíssima, era um dos braços direitos do célebre Ministro das obras públicas Duarte Pacheco. Eu tinha tão boa relação, tão bom relacionamento com o João António de Aguiar que ele perante umas críticas disse: “Arquitecto, você não me leve a mal, mas eu não fazia assim.”; “Diga-me lá como é quer que eu faça, que eu assino.”; “Por amor de Deus não cheguemos a tanto...”; “É só para lhe dizer que eu estou inteiramente disponível para colaborar. Discutindo e pela razão, se nós acharmos que é assim, é assim que vamos fazer.”.

Na época ainda acompanhou a evolução da cidade, acompanhou os edifícios a serem construídos. Na altura havia contacto entre os arquitectos, isto é, chegou a contactar quando o arquitecto Gomes Egeia da Auto Gare? Havia essa relação?

E relativamente ao Cine Gardunha? PB – O Cine Gardunha foi uma história que deu bravo na altura. O antigo sindicato dos arquitectos entrou activamente nessa guerra. Foi um projecto encomendado já não me recordo a quem, foi quando eu vim para o Fundão, no


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principio mesmo, mas o projecto estava eivado de uma expressão que tenderia assim para uma arquitectura quase estilo Raul Lino, não era bem, era um pouco incaracterístico, e o sindicato dos arquitectos opôs-se. Procurou fazer luta nesse sentido, no sentido de evitar que aquele projecto fosse concretizado. O projecto tinha algo que ver com a expressão, assim repentina, de uma igreja e, o sindicato dos arquitectos, mandou fazer uns desdobráveis que traziam na capa, em letras bem garrafais, “IGREJA OU CINEMA?”, era a interrogativa. Portanto, na altura, o cinema não foi muito bem recebido pelo menos da nossa parte, da parte das camadas mais jovens. No entanto, ele fez-se e acho que cumpriu a obrigação e que hoje não nos envergonha muito que aquilo tivesse sido feito. Podia ter sido melhor, também podia ter sido pior. O desenho do Cine Gardunha actual é da autoria do arquitecto alemão Willy Braun, que fez também um equipamento muito similar em Pombal. O arquitecto alemão teria estado no Fundão, eventualmente a acompanhar a obra? Os desenhos são assinados por ele e depois por um engenheiro que acaba por acompanhar a obra. PB – Tive conhecimento com o responsável pelo projecto de estabilidade, que era o engenheiro técnico Marçal, e esse é que era, pelo menos legalmente, e perante a Câma-

ra Municipal, o responsável pelo projecto de estabilidade. A passagem para Castelo Branco, acontece porquê? Para quem nasceu na Covilhã, viveu e trabalhou tanto tempo no Fundão depois acaba por ir para Castelo Branco. PB – Dificuldades da vida. A minha primeira tentativa de fixação, como já disse, foi o Fundão. Aqui me enraizei, acabei por casar no Fundão e nessa altura, as necessidades económicas aumentaram. Não sei se já tinha filhos na altura, mas de qualquer maneira avizinhava-me dessa situação e precisava procurar melhorar a minha situação económica. Pensei ir para Lisboa. Primeiro terminava os tais cursos complementares que me faltavam e em segundo


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lugar, era uma forma de profissionalmente evoluir mais, tinha mais perspectivas de evolução em Lisboa do que no Fundão. Porque numa determinada altura os meus colegas foram-se embora, quer os engenheiros civis, quer o arquitecto e eu fiquei sozinho. Então decidi tentar Lisboa. Mas, entretanto, não é inconfidência minha é a realidade, eu dava-me bem com o director do colégio do Fundão, o Dr. Filipe Menezes, e ele fez-me uma proposta, uma proposta que não surge todos os dias, dava-me uma cota para participar, ser sócio do colégio do Fundão. Mas isso obrigava-me a exclusivamente, viver para o colégio. Eu pensei e disse “Agradeço muito, mas não pode ser, eu não desisto de terminar o meu curso de arquitectura, uma vez que estou como estagiário e vou acabá-lo. Portanto, não pode ser.“ Arrisquei e fui para Lisboa. Em Lisboa trabalhei como era hábito naquela altura, o estudante trabalhador não é só de agora, já naquela altura existia e daí a razão de ter trabalhado, em Lisboa, com o Filipe Nobre Figueiredo. Fizemos vários projectos, desde a casa do Presidente da República Américo Tomás, em Cascais uma série de projectos que o Filipe Nobre Figueiredo fez em co-autoria com o arquitecto do Campo Pequeno, o arquitecto Sobrado. Depois trabalhei com outros arquitectos, inclusivamente com o arquitecto Chorão Ramalho. Trabalhei com ele à noite, de dia tinha outras ocupações também relaciona-

das com arquitectura. Mas ia à noite lá para a Rua da Alegria, assim a horas um pouco tardias, e lá pormenorizava projectos de arquitectura, porque ele tinha muitas encomendas, sobretudo para a Madeira. Ia trabalhar à hora. Isto explica a demarcação do Fundão para Lisboa. Lisboa não me dei bem, porque eu pensava que ia ser colocado no Ensino Secundário e não fui, não tive lugar, o problema dos professores continua, não digo o mesmo, mas semelhante. Concorri ao Liceu de Castelo Branco e fiquei no liceu e, simultaneamente, fui contratado como arquitecto consultor da Câmara de Castelo Branco. O Governador Civil da altura disse que um arquitecto não podia estar no ensino, que era uma profissão que exige outra participação que não esta, de maneira que me colocou na Direcção Geral dos Serviços de Urbanização e aí passei a ter a tal missão inter-regional. Acabei por me aposentar na condição de Director Regional do Ordenamento do Território para o distrito de Castelo Branco. Quando cheguei aos 60 anos fui embora para casa e não pensei mais no assunto. É esta, resumidamente, a justificação da mudança de um território para outro. Eu ia rebuscar esse período que esteve a colaborar com o arquitecto Chorão Ramalho e gostava que me reproduzisse a história da Pensão Rivoli aqui no Fundão.


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PB – A Pensão Rivoli, onde eu estive como hóspede enquanto estive cá, nos primórdios. A primeira razão era de admiração por um profissional. Nós, estudantes, tínhamos profunda admiração e veneração pelos nossos colegas, pelos nossos mestres. E o arquitecto Chorão Ramalho era uma pessoa que, se me dissessem, na altura, desamparadamente, como disseram a primeira vez “Olhe o autor é o arquitecto Chorão Ramalho.”. Eu disse “Não, não, não! Não pode ser! Há aqui um abismo total entre uma coisa e outra.” A melhor forma de esclarecer era perguntar-lhe. Para isto era preciso um certo atrevimento e uma certa irreverência, também, de juventude. Que eu fiz isto sem ofensa nenhuma, sem a vontade de estar a espicaçar. Até porque o perfil do Arquitecto Chorão Ramalho era austero, era de uma pessoa muito forte de carácter, o que também não era fácil esse tipo de abordagem. PB – Mas eu fi-lo com uma certa descontracção. Com a simplicidade e ingenuidade de um miúdo que faz a pergunta ao mais velho. E ele respondeu-me com toda a humildade, como já referi “Foi, foi verdade!”. Naquela altura ele até disse mais, disse que tinha tido uma influência forte das ideias vigentes na altura, mas era matéria de arquitectura moderna do nosso, que foi também meu professor, o Mestre Carlos Ramos. O Chorão Ramalho era

um aluno predilecto do Carlos Ramos. E, portanto, foi esta questão que eu punha, em princípio como impossível, ele confessar, com a ingenuidade, com a limpeza, com a transparência: “Sim senhor, fui eu. Não nego a paternidade. Fui eu que o fiz.” E eu é que lá passei para olhar. E já olhava para o arquitecto Chorão Ramalho com muito respeito, era realmente uma pessoa por quem eu nutri grande admiração. Tive também contactos com ele, porque ele fazia muitos projectos para a Caixa Geral de Depósitos, sobretudo, na Guarda. Naquela altura lá andava eu na Guarda e o projecto lá me vinha ter à mão e tinha contactos com ele a este nível profissional. Entendi-me sempre maravilhosamente. Aliás o arquitecto Chorão Ramalho tinha um exterior social que eu apreciava muito. Era um tipo tranquilo, um tipo sereno e que era realmente rigoroso no que fazia. Na fase final consegue-se perceber que o arquitecto Pires Branco tem uma abordagem mais ao nível do planeamento de urbanizações. Passado agora este tempo e esta reflexão, onde é que se sentiu mais à vontade? Foi na fase final com mais experiência no planeamento de urbanizações, até mesmo na análise deste tipo de projectos de teor público, ou na fase inicial em que tinha a encomenda privada e tinha essas dinâmicas particulares em mãos?


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PB – Senti, na minha formação complementar, que a urbanização teve uma influência muito profunda na minha pessoa. Porque era uma matéria que eu aflorava, na altura o curso não aprofundava excessivamente as questões do urbanismo. Falava, como não podia deixar de ser, mas não havia, digamos, talvez, o interesse, o espicaçar de interesses que hoje o urbanismo tem. Aliás, não vale a pena estar a filosofar sobre isso, é uma matéria muito vasta. Simplesmente é o urbanismo é que nos tem empurrado por aqui fora. E eu, que passei praticamente do oito para o oitenta, eu sabia pouco, muito pouco sobre urbanismo, passei a saber alguma coisa. Eu não me considerei o melhor da rua, mas considerei que tinha armazenado conhecimentos muito mais vastos e de grande interesse. Os funcionários públicos não eram tantos como se dizia e nós precisávamos de incentivar as coisas. As próprias Câmaras Municipais, o corpo de vereadores, eram pouco sensíveis a estas matérias e eu senti, perante estes problemas, que tinha uma obrigação até especial sobre isto. Era pura inerência das minhas funções, o presidente de todas as comissões técnicas de acompanhamento dos planos de directores municipais, tinha a meu cargo uma série de planos, fiz planos para o Fronteira, o Teotónio Pereira e o Portas eram autores ou co-autores desse projecto, e eu entrava nessa coisa toda e por piada, os meus colegas afir-

mavam “É um açambarcador de comissões”. Portanto, eu vivia o dia-a-dia ligado ao urbanismo. Mas, compreendem, isto é dentro de um corpo de funcionários públicos, saído da função pública e trabalhando como arquitecto em regime liberal, estes clientes praticamente desaparecem e só são possíveis quando entregues a grandes empresas de projecto. Portanto, eu desliguei-me completamente. Quer dizer, não sou velho, já tenho quase 100 anos, mas desliguei-me. Mas senti que entesourei, passo o termo, muito conhecimento, muita matéria que eu antes não sabia. Passados tantos anos e voltando aqui a St.ª Teresinha, qual é o sentimento? PB - A primeira impressão é uma boa impressão referente à limpeza e higiene que o edifício tem. E confesso que não sei, se calhar seria qualquer coisa diferente, mas não me repugna nada reconhecer a paternidade deste edifício. Até tem algum saudosismo envolvido no caso. Rematando, gostei, gostei de ver. Não sei qual será o futuro disto, oiço falar que há ideia de alienar ou de fazer qualquer coisa diferente... Enfim, será ou não será, isso já não é comigo, mas está ligado, há aqui uma parte afectiva que ficou.


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SANTA TERESINHA O TROPICAL MODERNISMO BEIRÃO


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PERSPECTIVAS PEDRO NOVO

SANTA TERESINHA O TROPICAL MODERNISMO BEIRÃO

Poucos poderiam considerar uma escolha acertada por parte do Dr. Menezes, quando este convidou o jovem arquitecto Pires Branco para o desenho da sua nova escola feminina (Externato de Santa Teresinha). O seu percurso inicial apenas em torno de residências familiares, provia-lhe pouca experiência em edifícios de programa público ou de maior escala. Contudo a qualidade constatável na sua obra inicial, nomeadamente nos edifícios Sede do Jornal do Fundão, na Moradia Morais Sardinha no Fundão ou até mesmo a casa Manuel Monteiro na Covilhã, levaram a um dos mais influentes empreendedores da vila a convidar o jovem arquitecto que dava por essa altura as suas primeiras cartas no mundo da arquitectura. José Pires Branco demonstra uma linguagem de ruptura com os arcaísmos dominantes localmente afigurou-se rejuvenescedora num contexto regional que iniciava uma esclarecedora abertura sobre a encomenda de arquitectura. Sobre um programa inicial arrojado e complexo, desenvolve diversos estudos iniciais que viriam a apresentar uma envergadura e escala significativamente reduzidas na


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sua proposta final. Com base no novo programa, José Pires Branco desenvolve um exercício depurado, com uma linguagem modernista apoiada numa estrutura de betão com uma leitura longitudinal em dois pisos. A cobertura é o elemento mais reconhecido no desenho urbano, através do singular desenho de duas águas multiplicadas em igual dimensão ao longo do edifício. A cobertura define o programa, onde cada sala ocupa quatro águas da cobertura. As salas organizam-se com os envidraçados a nascente/sul com a circulação, num largo corredor a poente que organiza toda a lógica do edificado. Uma “sala corredor” que balança luminosamente sobre a envolvente através de um vão em todo o seu comprimento que adquire diferenciadas dimensões na marcação das caixas de escadas. O acesso ao primeiro piso é feito através de duas caixas de escadas nos topos do edificado, articulando-se com o ajustamento das instalações sanitárias. As palmeiras que surgem em alguns desenhos de estudo, assim como na publicação do Jornal do Fundão no anúncio da sua inauguração, foram muito criticadas por entenderem que se pretendia colocar demasiada modernidade numa vila conservadora. Entende-se que estas referências das palmeiras são de facto alusões a um tropicalismo brasileiro, onde, por esta altura, o modernismo adquiria uma força complexa e estruturada. Um edifício cheio de recursos

modernistas onde janelas, palas, desenhos estilizados, azulejos com interessantes jogos cromáticos ou um sistema moldura na fachada, permitem evidenciar a beleza do construído e potenciando a regra estrutural que edifica o exterior e organiza o interior. O Externato de Santa Teresinha incorpora um exercício cromático muito interessante com a introdução de uma palete de novos materiais conjugados com os tradicionais da região. O granito marcando o embasamento do edificado nas suas extremas é adornado por painéis de azulejos de padrões geométricos que anunciam a entrada e equilibram o edifício. O piso superior com uma fachada composta por sistema de moldura marcada por diferenciados planos de cores diversas, dramatiza-se pelas sombras dos ângulos da cobertura e do ondulado barrento da telha de fibrocimento. A introdução deste novo material na fachada é reveladora de uma profunda irreverência e de um extremo sentido de contemporaneidade. Marcadamente um edifício que nos permite assegurar que José Pires Branco dominava as correntes dominantes e percebia para onde o tempo nos conduzia. Estaremos, provavelmente, perante um dos mais interessantes edifícios do século XX no eixo territorial entre Guarda e Castelo Branco.


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SANTA TERESINHA DESENHOS


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DESENHO A LÁPIS E TINTA SOBRE PAPEL VEGETAL


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DESENHO A LÁPIS E TINTA SOBRE PAPEL VEGETAL


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DESENHO A LÁPIS SOBRE PAPEL VEGETAL


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DESENHO A LÁPIS SOBRE PAPEL VEGETAL


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DESENHO A LÁPIS E TINTA SOBRE PAPEL VEGETAL


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DESENHO A LÁPIS E TINTA SOBRE PAPEL VEGETAL


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DESENHO A LÁPIS E TINTA SOBRE PAPEL VEGETAL


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DESENHO A LÁPIS E TINTA SOBRE PAPEL VEGETAL


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DESENHO A LÁPIS E TINTA SOBRE PAPEL VEGETAL


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DESENHO A LÁPIS SOBRE PAPEL VEGETAL


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DESENHO A LÁPIS SOBRE PAPEL VEGETAL


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DESENHO A LÁPIS SOBRE PAPEL VEGETAL


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DESENHO A LÁPIS E TINTA SOBRE PAPEL VEGETAL


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DESENHO A LÁPIS SOBRE PAPEL VEGETAL


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DESENHO A LÁPIS SOBRE PAPEL VEGETAL


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DESENHO A LÁPIS SOBRE PAPEL VEGETAL


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DESENHO A LÁPIS E TINTA SOBRE PAPEL VEGETAL


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DESENHO A LÁPIS E TINTA SOBRE PAPEL VEGETAL


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DESENHO A LÁPIS E TINTA SOBRE PAPEL VEGETAL


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DESENHO A PASTEL E TINTA SOBRE VEGETAL


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DESENHO A LÁPIS E TINTA SOBRE PAPEL VEGETAL


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DESENHO A LÁPIS SOBRE PAPEL VEGETAL


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SANTA TERESINHA DESENHOS TÉCNICOS


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DESENHO A TINTA SOBRE PAPEL VEGETAL


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DESENHO EM IMPRESSÃO OFFSET MONOCROMÁTICO COM INSCRIÇÕES A LÁPIS


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DESENHO EM IMPRESSÃO OFFSET MONOCROMÁTICO COM INSCRIÇÕES A LÁPIS


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DESENHO EM IMPRESSÃO OFFSET MONOCROMÁTICO COM INSCRIÇÕES A LÁPIS


59 PLANTA R/C 1. DISPENSA 2. AUDITÓRIO 3. ESCRITÓRIO 4. COZINHA 5. REFEITÓRIO 6. CASA DE BANHO 7. ESCADAS 8. PÁTIO

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DESENHO EM IMPRESSÃO OFFSET MONOCROMÁTICO

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60 PLANTA DO PRIMEIRO ANDAR 1. DISPENSA 2. SALA DE AULA 3. VARANDA 4. ESCADAS

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DESENHO EM IMPRESSÃO OFFSET MONOCROMÁTICO


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DESENHO EM IMPRESSÃO OFFSET MONOCROMÁTICO


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DESENHO EM IMPRESSÃO OFFSET MONOCROMÁTICO


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DESENHO EM IMPRESSÃO OFFSET MONOCROMÁTICO


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DESENHO EM IMPRESSÃO OFFSET MONOCROMÁTICO


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DESENHO EM IMPRESSÃO OFFSET MONOCROMÁTICO


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DESENHO EM IMPRESSÃO OFFSET MONOCROMÁTICO


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DESENHO EM IMPRESSÃO OFFSET MONOCROMÁTICO


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DESENHO EM IMPRESSÃO OFFSET MONOCROMÁTICO


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DESENHO EM IMPRESSÃO OFFSET MONOCROMÁTICO


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DESENHO EM IMPRESSÃO OFFSET MONOCROMÁTICO


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DESENHO A LÁPIS E TINTA SOBRE PAPEL VEGETAL.


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TÉCNICA MISTA COM COLAGEM, DESENHO A LÁPIS E TINTA SOBRE PAPEL.


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SANTA TERESINHA FOTOGRAFIAS


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JOSÉ DIAS PIRES BRANCO BIOGRAFIA E LISTAGEM DE PROJECTOS


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BIOGRAFIA

JOSÉ DIAS PIRES BRANCO ARQUITECTO


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Nascido no primeiro dia do ano de 1928, em Casegas no concelho da Covilhã, inicia a sua actividade profissional na cidade do Fundão, ainda na década de 50 do séc. XX. Conclui a sua formação, uma década mais tarde, na Escola de Belas Artes do Porto. Durante a sua carreira trabalha em co-autoria ou em colaboração com os arquitectos Laia Rodrigues, Arq. Filipe Nobre Figueiredo e o Arq. Chorão Ramalho. Inicia o seu atelier com os irmãos Alves Nogueira constituindo uma obra extensa e diversificada disseminada substancialmente pelos concelhos da Beira Interior. Desenvolve diversos projectos de programas privados de habitação, equipamentos públicos, desenho urbano e em particular diversas igrejas com expressão diversificada. Mais tarde assume vários cargos de administração pública local e central, que não lhe permitiram desenvolver com o mesmo afinco o seu trabalho de atelier. Em 1986 é eleito presidente do NARBI – Núcleo de Arquitectos da Beira Interior.

“… e rematando, gostei!” José Pires Branco


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LISTAGEM DE PROJECTOS

JOSÉ PIRES BRANCO ARQUITECTO

1955-1958. Casa Morais Sardinha. Fundão. 1957.

Estação de serviço para o Alcambar. Fundão.

1957-1958. Casa Anaquim. Covilhã. 1957-1958. Casa Manuel Monteiro. Covilhã. 1957-1959. Sede do Jornal do Fundão. Fundão. 1959-1960. Casino Fundanense. Fundão. 1959-1960. Casa Herculano Rebordão. Souto da Casa. Fundão. 1960.

Casa Beirão Amaral. Penhas da Saúde. Covilhã.

1960.

Casa Carlos Pinto Sousa. Penhas da Saúde. Covilhã.

1960.

Casa Manuel Farinha Freire. Sertã.

1960-1961. Edifício Habitacional. Tortosendo. 1960-1961. Edifício para a Metalúrgica do Fundão. Fundão. 1960-1961. Casa Vladimir Spohr. Covilhã. 1960-1962. Externato de Santa Teresinha. Fundão. 1960-1963. Casa Albano de Oliveira. Fundão. 1961.

Casa Ernesto Sousa. Penhas da Saúde. Covilhã.

1961-1962. Casa Joaquim Simões dos Reis. Tortosendo. 1962.

Estalagem e Restaurante. Piornos. Covilhã.

1962.

Casa da Estrela. Penhas da Saúde. Covilhã.

1962.

Casa Horácio Venâncio Leão. Castelo Branco.


90 1962-1963. Casa Américo Sousa. Tortosendo.

1972-1973. Sede do Grémio da Lavoura. Portalegre.

1963-1965. Edifício na Rua Marquês D’Ávila e Bolama. Covilhã.

1972-1973. Envolvente da Praça do Município. Castelo Branco.

1963-1965. Casa J.M. Cabrito. Castelo Branco.

1972-1973. Casa José Régio com José Laia Rodrigues. Portalegre.

1964.

Igreja Matriz. Estreito. Oleiros.

1972-1973. Loteamento Capitão Geraldes Nunes. Castelo Branco.

1965.

Casa Amêndoa. Mação.

1973.

Igreja de Cortes. Góis.

1965-1967. Ginásio Instituto de São Fiel. Louriçal do Campo.

1973.

Fundo de Fomento da Habitação. Castelo Branco.

1965-1967. Edifício ETRA. Fundão.

1973-1974. Banco de Fomento Nacional. Castelo Branco.

1966.

Bloco de Habitação José Nunes Correia e Filhos. Covilhã.

1974.

1967.

Edifício Habitacional Apolinário Baptista. Tortosendo.

1974.

Loteamento Bravo Serra. Cernache do Bom Jardim.

1967.

Casa Vladimir Spohr. Portalegre.

1975.

Projecto de casas pré-fabricadas ´´Novobra’’. Fundão.

1967-1968. Casa Araújo dos Anjos. Montalvão. Castelo Branco.

1975.

Projecto de casas pré-fabricadas ´´Novobra’’. Covilhã.

1968.

1975.

Projecto de casas pré-fabricadas ´´Novobra’’. C. Branco.

1968-1969. Colégio de Medelim. Idanha-a-Nova.

1976

Proposta Rua Conselheiro de Albuquerque. C. Branco.

1968-1969. Bloco Habitacional Bartolomeu Mourão. Castelo Branco.

1976.

Lot. Albano Pinto Bastos.Póvoa da Atalaia. Fundão.

1968-1969. Casa Adelino da Silva Branco. Casegas. Covilhã.

1976-1977. Campismo com José Laia Rodrigues. Idanha-a-Nova.

1969.

Tese Final de Curso. Castelo Branco.

1976-1977. Centro de Dia com José Laia Rodrigues. Idanha-a-Nova.

1969.

Casa Manuel Leão. Penhas da Saúde. Covilhã.

1976-1979. Mercado Municipal. Proença a Nova.

1970.

Restauro da Igreja Matriz. Aldeia de Joanes. Fundão.

1978.

1970.

Remodelação Edifício dos Bombeiros. Idanha-a-Nova.

1979.

Loteamento Albano Pinto Bastos II. Zebras. Fundão.

1970.

Loteamento António Martins Manso. Sertã.

1980.

Loteamento António Lopes Lobo. Fundão.

1970-1971. Casa de Retiro de Castelo de Vide. Portalegre.

1980.

Lot. Maria da Graça Boavida. Lardosa. Castelo Branco.

1970-1975. Loteamento da Quinta da Carapalha. Castelo Branco.

1980.

Lot. Elvira Martins dos Santos. Belmonte.

1972.

Conjunto Habitacional Área do Hospital. Portalegre.

1981.

Loteamento Fagundes. Aldeia de Joanes. Fundão.

1972.

Fundação Joaquim Lourenço. Proença-a-Nova.

1982.

Lar e Centro de dia, Santa Casa da Misericórdia. Oleiros.

1972.

Edifício Varandas. Castelo Branco.

1982.

Loteamento no Rosmaninhal. Idanha-a-Nova.

Casa Albertino Duarte Branco. Casegas. Covilhã.

Conjunto Hab. Estádio da Fontedeira. Portalegre.

Lot. Quinta das Camélias. Cernache do Bonjardim.


91 1982.

Lar de S. Pedro. Casegas. Covilhã.

1986.

Casa João António Franco Frazão. Penamacor.

1982.

Restauro Capela Mortuária de S. Marcos. Castelo Branco.

1986-1987.

Centro Pastoral de Nª Sª do Almurtão. Idanha-a-Nova.

1982.

Centro Comercial Herdeiros de António Pião. Fundão.

1986-1987.

Lot. Feliciano de Sousa. Termas de Monfortinho.

1983.

Reconversão de Bairro. Vila Velha de Rodão.

1986-1987.

Praia Fluvial de Casegas. Covilhã.

1983.

Loteamento nas Termas. Monfortinho. Idanha-a-Nova.

1986-1988.

Loteamento em Penha Garcia. Idanha-a-Nova.

1983.

Zona Industrial com Joaquim Costa. Vila de Rei.

1987.

Restauro da Igreja de Aranhas. Penamacor.

1983.

Loteamento no Alcaide. Fundão.

1987.

Loteamento Maria Nicolau. Vila Velha de Rodão.

1983.

Lot. Manuel Correia e Artur Costa Nogueira. Fundão.

1987.

Plano de Ordenamento da Zona Industrial. Santarém.

1983-1984. Edifício Habitacional Quinta das Violetas. C. Branco.

1987.

Casa João Augusto Ferreira. Fundão.

1984.

Moradia tipo área envolvente ao Hospital. Vila-de-Rei.

1987.

Exteriores da Escola Secundária do Fundão. Fundão.

1984.

Conj. Hab. com Laia Rodrigues. C. do Bonjardim. Sertã.

1987.

Exteriores Escola Primária da Aldeia de Joanes. Fundão.

1984.

Loteamento em Medelim. Idanha-a-Nova.

1988.

Casa Pires Robalo. Penamacor.

1984.

Casa Fernando Russel Ferreira. Cebolais. Castelo Branco.

1989.

Remod. da Igreja Matriz de Sobral de S. Miguel. Covilhã.

1985.

Loteamento Joaquim Matias. Termas de Monfortinho.

1990.

Igreja Nª Srª do Valongo com Laia Rodrigues. C. Branco.

1985.

Urb. Quinta de Guimarães. C. do BonJardim. Sertã.

1990.

Ampliação e Remodelação da Casa Grande. Aldeia Nova

1985.

Remodelação da Igreja do Espírito Santo. Idanha-a-Nova.

1990-1992.

Ampliação do Cemitério. Idanha-a-Nova.

1985.

Jardim Publico. Idanha-a-Nova.

1992.

Piscina com o Arq. Pais Albano. Castelo Branco.

1985-1986. Casa José Antunes. Monfortinho. Idanha-a-Nova.

1994.

Igreja Janeiro de Cima com Aníbal Nunes. Fundão.

1986.

Pensão José Antunes. Monfortinho. Idanha-a-Nova.

1994.

Casa Urbano dos Santos Antunes. Castelo Branco.

1986.

Casa António Ezequiel. Dominguizo. Tortosendo.

1995.

Casa Diamantino em co-autoria Arq. Bonifácio. Fundão.

1986.

Urbanização Alcafozes. Idanha -a- Nova.

1999-2000.

Casa do Cimo. Aldeia Nova do Cabo. Fundão.

1986.

Secundária com José Laia Rodrigues. V. Velha de Rodão.

1986.

Lot. do Cemitério com Laia Rodrigues. V. Velha de Rodão.

1986.

Casa Martins da Cruz. Penamacor.

1986.

Remod. Casa Santa Maria com Laia Rodrigues. C. Branco.


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CASA ALBANO DE OLIVEIRA 1960-1963


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FICHA TÉCNICA DA EXPOSIÇÃO E AGRADECIMENTOS

Organização Ordem dos Arquitectos

Curadoria Pedro Novo Paulo Fortunato

Assessoria Científica João Luís Marques

Projecto Expositivo Pedro Novo Arquitectos

Fotografia Pedro Novo Paulo Fortunato Alexandre Azevedo Vídeo Alexandre Azevedo

Produção Brais Rodicio Marta Golasz Maris Kohv Kevin Rebelo Nicholas Peterson


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Agradecimentos: Agradece-se o respeitoso convite da Direcção do Conselho Directivo Nacional, na pessoa do seu Presidente, José Manuel Pedreirinho pela confiança prestada; à Ana Pedroso, Ana Paulista e Sílvia Barros da Ordem dos Arquitectos por acreditarem que no pouco tempo disponível esta exposição seria possível; à incansável e determinada Rosa Azevedo que sem o seu esforço nunca esta mostra poderia ter lugar. Agradecemos também a disponibilidade e interesse da Câmara Municipal de Castelo Branco em particular à Dr.ª Teresa Antunes; ao director da Biblioteca de Castelo Branco, Dr. José Martins, por todo o trabalho de colaboração; assim como à Câmara Municpal do Fundão, na pessoa da Dr.ª Alcina Cerdeira, ao Museu do Lanifícios da Covilhã em particular à Dr.ª Helena Correia; aos Amigos do Museu Francisco Tavares Proença Júnior de Castelo Branco na sua directora Dr.ª Adelaide Salvado; à ROCA e à Sónia Felgueiras por acreditarem neste projecto, ao João Milheiro, Toni Brarreiros e Nuno Alves e Inês Carmo do FAB LAB Aldeias do Xisto do Fundão; ao Sr. Padre António Marques Neto da Igreja do Estreito em Oleiros, à arquitecta Inês Campos, ao Agrupamento de Escolas do Fundão e sua presidente

Dr.ª Helena Filipe e funcionários da escola EB3 do Fundão; ao Jornal do Fundão no seu director Nuno Francisco; revistas Anteprojectos e Projectista e Jornal Construir. Um agradecimento especial aos companheiros de “luta”, Dr. Pedro Salvado, Hugo Domingues, Ana Raposo, arq. João Luís Marques e Alexandre Azevedo. Por fim, não poderemos deixar de ter uma enorme palavra de apreço ao arquitecto José Pires Branco que desde o primeiro momento demonstrou total confiança na construção deste projecto.

Um sentido bem-haja a todos eles. Pedro Novo Paulo Fortunato





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