Ideal da Cavalaria

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ESCOLA SECUNDÁRIA GABRIEL PEREIRA DISCIPLINA DE HISTÓRIA PEDRO MARQUES, 10ºD nº28

O Ideal da Cavalaria

Lancelot, Artur e Guiniévre num banquete na corte de Rei Artur (manuscrito, século XII)


O Ideal da Cavalaria

Índice I - Introdução.............................................................................................................3

II - Ascendência, Difusão e Decadência do Ideal.......................................................3

III - Amor Cortês........................................................................................................4

IV - A aprendizagem e a passagem da espada..........................................................4

V - Novelas Arturianas e outras narrativas e influências...........................................5

VI - Conclusão............................................................................................................6

VII - Notas..................................................................................................................6

IX - Webbligrafia........................................................................................................6

X - Bibliogrfia.............................................................................................................6

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O Ideal da Cavalaria

Introdução A cultura no final da Idade Média passou por uma fase de progresso considerável. Havia uma maior tendência para o investimento na educação, passando pela construção de escolas e universidades. A rudeza de maneiras e a violência de sentimentos vinham lentamente a ser substituídas pela contenção e delicadeza. A nobreza passara a identificar-se com o modelo de perfeito cavaleiro. Bom, corajoso, desinteressado, capaz de defender os fracos e a justiça e seguir as regras do amor cortês eram apenas uns dos "mandamentos" exigidos a um cavaleiro.

Ascendência, Difusão e Decadência do Ideal O ideal da cavalaria surgiu na sociedade francesa medieval no século X e teve o seu auge entre os séculos XI e XIII, devido a uma crescente militarização da população e à progressiva restrição da atividade a um setor da sociedade. Refletiu-se na religião cristã - o bispo Aldebaran de Lyon no século IX dividiu a socidade em 3 grupos:  oratores (os que oram);  bellatores (os que guerreiam);  laboratores (os que trabalham). “A minha alma a Deus, a minha vida a Deus, a Honra a mim mesmo". Era este o lema que se difundia nas cortes da Europa por volta de 1300 e com o qual a nobreza se identificava. O código da cavalaria era um sistema moral que integrava certas condições e valores essenciais pelos quais os cavaleiros se deveriam reger. Nomeadamente, a sua ascendência. Era necessário ser-se nobre para se poder aspirar a ser cavaleiro. Mas não só, um cavaleiro deveria demonstrar certas virtudes militares herdadas de séculos anteriores: misericórdia e honra perante o inimigo e destreza, coragem e perseverança em batalha. Um cavaleiro deveria defender aqueles que não tinham capacidade de se proteger, como viúvas, crianças e idosos. Seguem-se ainda a honestidade,

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generosidade, disciplina, a obediência perante a hierarquia de comando e a lealdade perante o seu senhor, tal como a Deus. O ideal da cavalaria era um ideal religioso e o cavaleiro era um militar cristão. No final da Idade Média, o termo cavaleiro era utilizado como um instrumento de promoção social, um título sem real significado, dada a extinção do reino de Jerusalém, a supressão da ordem dos Templários, as guerras e dado os reis concederem o título a crianças e burgueses que o pretendessem comprar.

Amor Cortês O amor cortês é um conceito europeu medieval de atitude e etiqueta para enaltecer o amor, e que gerou vários géneros de literatura medieval incluindo o romance. O florescimento das cortas régios e senhoriais proporcionou um convívio mais mundano entre os dois sexos. Não se podendo limitar minimamente às suas proezas guerreiras, o cavaleiro deve mostrar-se delicado e tímido em frente da sua amada. O ideal da cavalaria integra, também, um código de amor, um conjunto de regras que dizem quem e como se deve amar. Definem o lugar que o amor ocupa na vida do cavaleiro ideal: o cavaleiro é o herói que combate por amor. Sem quebrar os laços com a sensualidade e o amor físico, o amor cortês era essencialmente espiritual e platónico, um campo aberto a todas as perfeições morais. Concluindo, o cavaleiro deveria elevar-se perante Deus e os homens como um exemplo de educação, delicadeza e refinamento, demonstrando contenção nos gestos e palavras, paciência, respeito perante as mulheres, bom humor, elegância e coragem.

A aprendizagem e a passagem da espada A aprendizagem começava aos 7 anos de idade, momento em que o rapaz deixava os cuidados da mãe e começava a servir o pai ou era enviado para o paço de um senhor de maior estatuto, onde permaneceria até à idade adulta e onde seria instruído na arte do amor e da guerra. Serviria primeiro como pajem, iniciando-se na equitação e no manejo de amas. Aos 14 anos era promovido a escudeiro, servindo o seu senhor e a sua

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corte e desenvolvendo as suas aptidões físicas e intelectuais. Serviria o seu senhor nesta qualidade durante outros 7 anos, tratando do seu cavalo e armas, acompanhando-o nas suas expedições e assistindo-o em tudo o que respeitasse às lides da cavalaria. A destreza dos cavaleiros e dos escudeiros estava constantemente à prova, pois boa parte do tempo de que dispunham era ocupado em desportos mais ou menos violentos que contribuíam para manter o vigor físico. Entre estes desportos, cuja prática de considerava essencial, destacam-se a caça, os torneios e as justas. Aos 21 começava-se a preparar para o ritual de investidura das armas. Depois de catorze anos de dura aprendizagem, o jovem escudeiro proferia os votos da cavalaria. Eram votos sagrados, de significado espiritual, sendo enquadrados num ritual solene, que incluía: 1

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Banho Colocação da túnica branca Colocação da túnica vermelha Colocação do gibão preto Jejum de 24h Vigília de uma noite na capela A confissão, missa e sermão Benção da espada Prestação dos votos Imposição da armadura, esporas e espada  O beijo ou "collée"  Colocação do elmo

Novelas Arturianas e outras narrativas e influências O cavaleiro perfeito deveria seguir e ser iluminado pelos Grandes Exemplos como o arcanjo S. Miguel, chefe dos exércitos celestes que defendem o trono de Deus e é considerado o fundador da cavalaria. Mas também outros modelos da Antiguidade como os lendários César, Aníbal, Alexandre e Artur, rei da Bretanha

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e os seus cavaleiros da Távola Redonda. Estas e outras figuras foram objeto de narrativas romanceadas que os reis e os grandes senhores faziam ler ao serão, na presença d toda a sua corte. Costumam agrupar-se em ciclos, isto é, conjuntos de novelas que giram à volta do mesmo assunto e movimenta as mesmas personagens. De carácter místico e simbólico, relatam aventuras penetradas de espiritualidade cristã e subordinam-se a um ideal místico, que diviniza o amor profano. As novelas arturianas foram as mais difundidas de todas as sagas cavaleirescas e inspiraram muitas outros relatos que se enquadram no mesmo género. Os seus temas, as aventuras amorosas e galantes, os feitos militares, a que acrescia um fundo místico, eram fortemente apreciados pela nobreza cortesã.

Conclusão A propagação do ideal de cavalaria nos séculos finais da Idade Média surge não só como uma celebração da educação, da proeza e da coragem, mas também como tentativa de redenção de uma sociedade habituada a atitudes rudes, violentas e indelicadas. Uma tentativa de alcançar a superioridade moral e salvação divina, retificando comportamentos que já não eram adequados segundo os parâmetros da sociedade e da sua religião. O cavaleiro perfeito encarna assim a honestidade, a fidelidade e a lealdade; encarna os valores característicos de alguém com uma certa superioridade moral.

Notas 1

Ordenação de um Cavaleiro, por Edmund Blair Leighton (1901)

Webbliografia http://medievalimago.org/2013/09/28/o-ideal-da-cavalaria/ (12 de Março de 2014) http://pt.wikipedia.org/wiki/Cavalaria_medieval (12 de Março de 2014) http://www.infoescola.com/historia/cavalaria-medieval/ (12 de Março de 2014)

Bibliografia COUTO, Célia Pinto de e ROSAS, Maria Antónia, 2013 - Um novo Tempo da História, Porto, Porto Editora, 2º vol.

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