ESCOLA SECUNDÁRIA GABRIEL PEREIRA DISCIPLINA DE HISTÓRIA PEDRO MARQUES, 10ºD nº28
O Grande Incêndio de Roma
Incendie à Rome, óleo de Hubert Robert (1785)
O Grande Incêndio de Roma
Índice I - Introdução............................................................................................................3
II - Hipótese 1 - Nero.................................................................................................3
III - Hipótese 2 - Cristãos...........................................................................................5
IV - Hipótese 3 - Fogo Acidental................................................................................5
V - Conclusão.............................................................................................................5
VI - Notas e Referências............................................................................................6
VII - Webbliografia.....................................................................................................6
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O Grande Incêndio de Roma
Introdução Na noite de 18 de julho, no ano 64, deu-se início ao grande incêndio de Roma que viria a destroçar 10 das 14 zonas da urbe romana, chegando mesmo a destruir completamente três dessas zonas, onde se situavam o antigo Templo de Júpiter Stator e o lar das Virgens Vestais. Segundo Tácito, historiador e político romano, o fogo começou a sudeste do Circo Máximo (antiga arena e local de entretenimento), onde se localizavam os postos onde se vendiam produtos inflamáveis. Rapidamente se alastrou e manteve-se ativo durante seis dias, ajudado na sua propagação pela ordenação urbana da cidade e pela estrutura de madeira de três a cinco andares das insulas em que habitavam a maioria dos romanos. Tácito, contudo, tinha uns meros nove anos na noite do incêndio e o único historiador vivo na altura a relatar o acontecimento para alem dele é Plínio o Velho, já que foi omitido das obras de vários autores daquela altura, tais como Epiteto, Plutarco, Flávio Josefo e Dião Crisóstomo. Existem várias versões sobre a causa deste incêndio e ninguém conseguirá identificar com total certeza a origem do fogo que danificou drasticamente a cidade de Roma, quer se trate de um acidente ou de um ato premeditado.
Hipótese 1 - Nero Provavelmente a versão mais famosa, é a que atribui a Nero (37-68), quinto imperador do Império Romano (representado no busto da imagem à direita), a responsabilidade relativamente ao incêndio. Adotado pelo Imperador Cláudio, que lhe prometeu a sucessão, foi proclamado imperador ainda muito jovem. Era um homem com virtudes artísticas e literárias e dotado de uma grande inteligência, para além de ter ganho a admiração do exército e da administração (ao contrário do seu antecessor) e de exibir uma certa tolerância para com a população durante os seus primeiros anos no governo. No entanto, rapidamente perderia esse estatuto. Nero era também um homem sevo, vaidoso e tirânico. Ordenou a morte do seu irmão, mãe e esposas, para além de inúmeros cavaleiros, patrícios e senadores que ele próprio matou no Circo
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Máximo, aclamando-se como gladiador ou queimando-os vivos no contexto de uma oferenda aos deuses. Quem não aplaudisse as suas toadas aquando das suas aparições em público a cantar e tocar lira, sujeitava-se à pena máxima. Nero foi apontado como o responsável, já que, segundo Suetónio e Dião Cássio, enquanto a cidade era consumida pelas chamas, Nero deleitava-se a contemplar o cenário, tocando a sua lira e cantando o Iliupersis1. No entanto, segundo Tácito, Nero estava em Anzio2 na altura do incêndio e, quando soube da ocorrência do mesmo, apressou-se para voltar a Roma e encarregar-se pessoalmente de socorrer as vítimas, abrindo um fundo para pagar alimentos que seriam distribuídos pelos sobreviventes e os portões do seu palácio às pessoas que perderam a sua habitação. Porém, havia mais razões pelas quais Suetónio e Dião Cássio consideravam Nero o causador do incêndio. Os dois historiadores acusaram o imperador de premeditar e provocar a tragédia com o intuito de reconstruir a cidade de acordo com o seu gosto e com o que ele considerava ser um projeto urbanístico que tornaria a cidade de Roma arquitetonicamente mais majestosa e eficiente, baseando-se numa reconstrução racional e disciplinada das ruínas adotando princípios arquitetónicos como a altura limitada dos edifícios e alinhamentos retificados, entre outros, numa cidade que até então se tinha desenvolvido e alargado de uma forma algo desordenada. No entanto, o facto de ter dado ordem aos seus agentes para adquirir, a preço barato, uma parte dos terrenos afetados pelo incêndio, nos quais mandou construir um novo palácio, a sua nova residência, a Domus Aurea, que se opunha à miséria em que se encontrava o resto da cidade, tornou-o, junto ao povo romano, o principal suspeito de ter responsabilidade no desastre. Como se isso não bastasse, Nero aumentou os impostos das províncias imperiais para financiar a construção do seu luxuoso complexo. Há ainda a versão , elaborada por romancistas cristãos pósteros que atribui a Nero a condição de louco e a uma suposta tentativa de se inspirar poeticamente (de forma a produzir um poema como Homero ao descrever o incêndio de Troia), o motivo que levou o imperador a alegadamente atear fogo à cidade.
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Hipótese 2 - Cristãos Tácito relata que, no ano de 65, depois do incêndio, a população procurava um bode expiatório. Os rumores de que Nero seria o responsável começavam a intensificar-se entre os habitantes romanos e haveria já uma conspiração contra o imperador. Para afastar as culpas da sua pessoa e calar as suspeitas, Nero acusou uma nova seita judaica, os cristãos. Ordenou inúmeras execuções, nomeadamente que uns fossem queimados vivos e crucificados, enquanto que outros eram soltos aos cães, originando assim a primeira grande perseguição a esta (na altura) recente religião. Não conseguiu, porém, livrar-se das acusações de que era alvo. Três anos mais tarde, vários grupos rebeldes começaram a nascer em vários pontos do Império. Sozinho, abandonado pelos pretorianos, acabou por se suicidar.
Hipótese 3 - Fogo Acidental Uma outra hipótese baseia-se na possibilidade de o incêndio não passar de um acontecimento acidental, provavelmente um fogo que se alastrou pela cidade arrastado pelo vento, devorando as habitações de madeira onde os moradores recorriam ao fogo para se aquecer e alimentar. Os incêndios acidentais eram comuns na Roma Antiga, tendo ocorrido mais dois não muito depois, um no ano 69 e outro no ano 80, sob os reinados de Vitélio e de Tito Flávio Sabino Vespasiano, respetivamente.
Conclusão À luz dos dados que recolhi e da pesquisa que efetuei relativamente a este tema, não me parece minimamente plausível que alguma vez no futuro se venha a ter provas ou arquivos históricos suficientes para se determinar indubitavelmente a verdadeira origem do incêndio de Roma. Resta-nos, portanto, os poucos relatos que sobreviveram e as desconfianças relativamente à sua fidedignidade. Elaborando uma opinião pessoal a cerca do sucedido, e correndo o risco inevitável de esta ser influenciada pelas poucas fontes históricas à disposição, expresso a convicção de que não passou de um fogo
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acidental que, infelizmente, tomou dimensões ainda mais destrutivas do que o usual. Considero o facto de Nero ter aproveitado a ocasião para reformar a planta da cidade de um oportunismo que se impõe a um líder de uma civilização pragmática como a romana e as acusações por parte do povo nada mais do que consequências de uma revolta reprimida no que diz respeito a atitudes sanguinárias e medidas tirânicas impostas por Nero anteriormente ao incêndio. Os relatos de que este permaneceria no seu palácio, a contemplar o fogo a consumir a cidade enquanto cantava e tocava, então, parecem-me pura ficção e difamação. Ainda para mais vindo de historiadores posteriores ao acontecimento e que provavelmente ouviram essa versão por terceiros, ainda ressentidos da política de Nero e submergidos numa cultura de lendas em que cada um acrescenta um ponto.
Notas e Referências 1
Poema épico perdido do Ciclo Troiano relacionado com a Guerra de Troia.
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Comuna italiana da região do Lácio, província de Roma.
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"Nero canta enquanto Roma queima". Cartaz do filme italiano Quo Vadis de 1912.
Webbliografia http://pt.wikipedia.org/wiki/Grande_inc%C3%AAndio_de_Roma (5 de Outubro de 2013) http://en.wikipedia.org/wiki/Great_Fire_of_Rome (5 de Outubro de 2013) http://www.infopedia.pt/$incendio-de-roma (5 de Outubro de 2013)
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