PEDRO LUIZ TRALDI
SUSTENTABILIDADE EM REDE DE HABITAÇÕES DE INTERESSE SOCIAL Projeto de pesquisa apresentado ao Centro Universitário Moura Laceda para cumprimento das exigências parciais para a obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo sob a orientação da Prof. Luciana Pagnano.
RIBEIRÃO PRETO 2016
PEDRO LUIZ TRALDI
SUSTENTABILIDADE EM REDE DE HABITAÇÕES DE INTERESSE SOCIAL Projeto de pesquisa apresentado ao Centro Universitário Moura Laceda para cumprimento das exigências parciais para a obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo sob a orientação da Prof. Me. Luciana Pagnano Ribeiro.
Banca examinadora
_________________________________________________________ Prof. Me. Luciana Pagnano Ribeiro
_________________________________________________________ Prof. Me. Tânia Bulhões
_________________________________________________________
RIBEIRÃO PRETO 2016
Agradecimentos: Agradeço primeiramente a Deus por me dar forças, persistência e condições de superar as dificuldades encontradas para continuar sempre em frente afim de atingir os meus objetivos. Agradeço aos meus pais, minha namorada e minha família por não medirem esforços para me ajudar em tudo que eu precisei e tenho precisado. Pelo apoio incondicional, amor e incentivo que me deram e por investirem nos meus sonhos acreditando em meu potencial, algumas vezes mais do que eu mesmo acreditei. Aos meus professores e aos meus amigos, que sempre estiveram ao meu lado dando suporte, cada um ajudando à sua maneira em tudo o que poderiam me ajudar. Por fim um agradecimento especial à minha orientadora, Luciana Pagnano pela ajuda, por suas críticas sempre construtivas e suas correções. A todos que contribuíram de forma direta ou indireta para a conclusão deste trabalho, deixo meus mais profundos préstimos de carinho, gratidão e admiração.
Sumário CAPÍTULO 01 - PLANO DE PESQUISA 1.1 APRESENTAÇÃO..............................................................................9 1.2 PROBLEMÁTICA.............................................................................11 1.3 OBJETIVOS....................................................................................12 1.3.1 OBJETIVOS GERAIS....................................................12 1.3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS........................................12 1.4 JUSTIFICATIVAS...........................................................................12 CAPÍTULO 02 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 A SUSTENTABILIDADE NA HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL................................................................................................................15 2.2 SISTEMAS CONSTRUTIVOS SUSTENTÁVEIS...........................16 2.3 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA...........................................................18 2.4 ENERGIA SOLAR..........................................................................19 2.5 UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS HIDRÍCOS...............................20 2.6 TELHADOS VERDES....................................................................21 2.7 CONSTRUÇÕES SECAS..............................................................22 CAPÍTULO 03 - REFERÊNCIAS PROJETUAIS 3.1 HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL SUSTENTÁVEL.............23 3.2 LLANO EXIT STRATEGY.............................................................26 3.3 CASA VILA MATILDE..................................................................27
CAPÍTULO 04 - PROJETO 4.1 ANÁLISE DO TERRITÓRIO.....................................................................31 4.2 PARTIDOS E PREMISSAS...................................................................33 4.3 UNIDADE DE HABITAÇÃO...................................................................35 4.3.1 MATERIALIDADES...............................................................36 4.3.1.1 LIGHT STEEL FRAMING....................................36 4.3.1.2 APROVEITAMENTO DE ÁGUA DE CHUVA.....37 4.3.1.3 TELHADO VERDE.............................................38 4.3.1.4 ENERGIA SOLAR..............................................39 4.3.1.5 TINTAS À BASE DE TERRA.............................40 4.3.1.6 HORTAS URBANAS.........................................40 4.3.2 FLEXIBILIDADE DA PLANTA..............................................41 4.3.3 CORTE ESQUEMÁTICO......................................................44 4.3.4 IMAGENS DA UNIDADE DE HABITAÇÃO........................46 4.4 ESCOLHA DO TERRENO......................................................................48 4.5 ZONEAMENTO E LEGISLAÇÃO...........................................................52 4.6 PROJETO...............................................................................................54 4.7 DESENHOS TÉCNICOS.........................................................................64 REFERÊNCIAS.............................................................................................71
1.1 Apresentação:
CAPÍTULO 01 - PLANO DE PESQUISA
“A base de toda a sustentabilidade é o desenvolvimento humano que deve contemplar um melhor relacionamento do homem com os semelhantes e a Natureza.” (Neto, Nagib Anderaós)
O contexto atual em que vivemos faz com que sejam cada vez mais evidenciados os temas que se baseiam no desenvolvimento sustentável da nossa sociedade. Os problemas sociais e ambientais que nos cercam após anos de uma expansão descontrolada e impensada tem como resultado danos graves ao meio ambiente e esgotamento dos recursos naturais. Levando em consideração que a construção civil é o maior consumidor de matérias-primas e recursos naturais do planeta, torna-se imprescindível o desenvolvimento e o incentivo às práticas de construções ecologicamente corretas. A questão ambiental, atrelada à gestão empresarial, é vista hoje como primordial para se manter dentro de um mercado competitivo e como forma de sobrevivência do planeta, com seus ecossistemas e ciclos de renovação preservados. Embora a constituição preveja a todos o direito à moradia, visando uma vida mais digna, na maioria dos países há problemas com a questão habitacional, e a maior preocupação existente é em relação ao custo atrelado a qualidade dessas moradias. Porém, é de extrema importância que as propostas para habitações tendam à melhoria da qualidade de vida e a proteção ao meio ambiente, visando a inclusão social e a redução do impacto ambiental. É sabido que hoje no Brasil temos 20 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza de acordo com a Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH). Além disso 48% dos municípios não contam com sistema de saneamento básico; 75% do esgoto vai para os mananciais sem nenhum tratamento prévio e o percentual de enfermidades que são decorrentes da falta de serviço de saneamento básico chega ao índice alarmante de 70% segundo
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dados do IBGE e IDHEA apresentados em 2012. Todavia, a principal barreira a se transpor quando se trata deste tema em questão é o custo superestimado pelos agentes imobiliários e pelas construtoras em geral, principalmente em se tratando de habitações de interesse social, ou seja, voltadas para a população carente. Mas quando nos referimos à população de baixa renda, o problema não termina com a construção da residência, visto que muitas vezes os custos para manutenção da mesma se tornam excessivamente altos. Métodos de aproveitamento e reuso de águas pluviais, energia elétrica proveniente da luz solar, telhados verdes que melhoram o desempenho térmico e acústico da casa, composteiras e hortas caseiras são exemplos que podem ser adotados para que os custos mensais da casa, tais como energia e água sejam reduzidos, e colaborem com uma arquitetura viável ambiental e economicamente. A proposta deste trabalho é analisar a situação da habitação no município de Santa Cruz das Palmeiras, interior de São Paulo. A ideia é construir uma pequena vila sustentável destinada a população de baixa renda. De acordo com a GEN (Global Ecovillage Network) “Ecovilas são comunidades urbanas ou rurais formadas por pessoas que se esforçam para integrar o ambiente social cooperativo com um estilo de vida que não cause danos ao meio ambiente. Para atingir este objetivo, junta-se também vários aspectos de planejamento e projeto ecológico, construção ecológica, produção verde (orgânica, sem agrotóxicos), fontes alternativas de energia, práticas para construir a comunidade e outros fatores mais. No ano de 2007 foi executado, em parceria com o governo federal pelo programa da CDHU, o conjunto habitacional Olga Callegari Bento, que contemplou 181 famílias no município de Santa Cruz das Palmeiras. Para tal, foi usada uma área de 75.600 m² localizada na
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periferia do município. Isso significa que para a viabilização deste projeto, foi utilizada uma área grande e que precisou passar por todo o processo de infraestrutura urbana, como rede de água, luz, esgoto, asfalto, guias e calçadas; o que gerou um custo de aproximadamente R$ 10 milhões. O que este trabalho propõe é que ao invés de se usar uma grande área para criação de novos conjuntos em áreas cada vez mais na periferia da cidade para suprir o déficit habitacional, que se usem os lotes vazios que existem no município para implantação destas moradias. Quando observamos os lotes que estão desocupados na cidade de Santa Cruz das Palmeiras, percebemos que eles existem em todos os bairros da cidade, e se estes lotes vazios tiverem suas áreas somadas, nota-se que a área correspondente a eles é equivalente a área utilizada na implantação de um novo conjunto habitacional. Desta forma, se fosse feita a ocupação destes lotes vazios criando-se pequenas vilas em cada um destes lotes, o resultado seria a dispersão das habitações de interesse social na totalidade da área do município. Este sistema de implantação traria como ponto positivo uma menor segregação social da cidade (uma vez que a população com menor poder aquisitivo deixa de ser cada vez mais marginalizada nas periferias da cidade); e um menor custo de infraestrutura urbana, já que estes lotes vazios estão inseridos em um contexto urbano já consolidado, a implantação de nova rede de água, luz, esgoto e asfalto seriam muito menores. Outro ponto positivo é que quando criamos um bairro novo em uma área de periferia, com ele também necessita-se a implantação de novos equipamentos públicos para atender a demanda desta grande população inserida em uma única área; enquanto se houver esse espraiamento da população em áreas já consolidadas da cidade, os equipamentos existentes conseguem
suprir esta demanda populacional. Para isto, técnicas construtivas ecoeficientes e materiais sustentáveis serão tomados como partido para a execução do projeto; temas como construção seca, telhados verdes e energias renováveis serão alguns dos itens que servirão de diretrizes e serão abordados ao longo deste trabalho.
1.2. Problemática: Elaboração de um projeto de habitação de interesse social, ocupando-se pequenos lotes vazios existentes no município de Santa Cruz das Palmeiras, de forma que este projeto possa ser facilmente replicado e adaptado para outros lotes do município ou mesmo de outros municípios. A implantação consiste em uma pequena vila sustentável, com ênfase no uso de recursos naturais e de técnicas que minimizem custos de construção. Também serão levados em conta sistemas que reaproveitam águas de chuva, energia solar, compostagem e hortas urbanas sem deixar de lado o conforto e estética.
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1.3 Objetivos: 1.3.1 Objetivo Geral: Elaborar um projeto arquitetônico residencial na forma de uma vila voltado para a população de baixa renda com ênfase na arquitetura sustentável. 1.3.2 Objetivos Específicos: 1.Propor a elaboração de vilas sustentáveis em pequenos lotes vazios da cidade de Santa Cruz das Palmeiras, voltados a população de menor poder aquisitivo com alternativas de baixo custo e mínimo impacto sobre o meio ambiente para materiais e tecnologias de construção 2.Criação de um projeto que possa ser facilmente adaptado em outros lotes da cidade, diminuindo a segregação social atual criada pelos programas de habitação instalados nas periferias. 3.Encontrar formas de reaproveitar recursos naturais para que sejam utilizados na habitação como forma de reduzir os custos de manutenção da residência, tais como contas de água e energia elétrica. 4.Propor formas de produção de subsistência como compostagem e plantio de hortaliças.
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1.4. Justificativas: O presente trabalho tem a intenção de assessorar a gestão pública no que se trata de moradias dignas para a população. Ajudar municípios quando coordenarem programas de habitação, envolvendo e instruindo os construtores da comunidade. Mostrar que alguns custos que a princípio parecem encarecer a edificação, a médio prazo geram economias significativas, sendo, portanto, investimentos, e não gastos a mais como se pensava. Este trabalho possibilitará desenvolver a capacidade de construir e compreender a relação entre a edificação e o meio em que está inserida, seus limites e suas possibilidades, através da combinação de várias técnicas (modernas e tradicionais), permitindo assim a criação de um ambiente mais harmonioso, digno e sustentável para se viver. Na prática o desenvolvimento deste projeto pode ser uma solução bastante eficiente para a grande maioria das cidades, onde é cada vez mais comum vermos moradores de rua que fazendo de viadutos, pontes, marquises e calçadas a sua moradia, sem o mínimo de dignidade. A expectativa é ao final da pesquisa, desenvolver um projeto de habitação em que o custo da moradia seja minimizado por técnicas alternativas de construção vernacular, nas quais o próprio morador da edificação seja capaz de construir a sua residência se necessário. Além disso, o fato de se tratar de uma pequena comunidade inserida em um lote pequeno, fortalece os laços entre os moradores, estimulando cada vez mais o suporte entre eles, fazendo com que todos se ajudem e sejam responsáveis pelos espaços comuns. Os custos de manutenção da residência também devem ser considerados, e serem desenvolvidas técnicas para otimizar os recursos
naturais e a utilização de energias renováveis. Entre elas podemos citar a utilização de energia solar como alternativa para baratear as contas de luz, sistema de reaproveitamento e de armazenamento de água de chuva, além de iniciativas que estimulem o proprietário a produzir uma pequena horta de subsistência que utilize técnicas de compostagem como adubo com os detritos gerados pela própria casa. O tema abordado visa, através da elaboração de um projeto arquitetônico para habitações de interesse social sustentáveis, sanar ou pelo menos amenizar dois problemas que atingem praticamente todas as cidades: a crise da habitação e o impacto ambiental provocado pela construção civil.
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2.1 A sustentabilidade na habitação de interesse social:
CAPÍTULO 02 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
“Semear ideias ecológicas e plantar sustentabilidade é ter a garantia de colhermos um futuro fértil e consciente” (Filho, Sivaldo)
Entende-se por sustentabilidade o conjunto de atividades e ações que tem por objetivo suprir as necessidades do ser humano, de forma que seu impacto seja nulo, ou muito reduzido, para que esta ação não venha a prejudicar as gerações futuras. Ou seja, a sustentabilidade está atrelada a capacidade da sociedade ou do indivíduo evoluírem social e economicamente, sem causar grandes interferências ao meio ambiente, de modo que seja minimizado o uso de recursos primários ou substituídos por recursos renováveis Em suma, “Sustentabilidade é a característica de um sistema que responde às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de responder às suas necessidades” (MATTAR, 2007; apud FURUKAWA, CARVALHO, 2011). De acordo com Lengen (2010), a bioarquitetura é um novo conceito surgido há algumas décadas que une ecologia, arquitetura e urbanismo. Sua visão nasceu da observação direta entre os vários povos que conheceu, aprendendo a usar o material existente ao seu redor de forma racional, equilibrada e consciente. Visa integrar o homem ao seu meio, respeitando e explorando a natureza em toda sua plenitude e riqueza. Propõe um esclarecimento global, ensinando técnicas que ajudam a melhorar a vida, transformando cada homem no arquiteto de sua habitação, oferecendo a todos a possibilidade de alterar a realidade onde as condições são difíceis e/ou escassas. Lengen revela maneiras simples e inovadoras de construção que proporcionam às pessoas uma forma mais digna de habitar o mundo. Quando tratamos de habitação, percebe-se que na contramão da constituição, que prevê a todos o direito à moradia, ainda hoje, não só no Brasil, mas na maioria dos países, a questão habitacional apresenta problemas. Segundo Bonduki (apud FITTIPALDI, 2008) a
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crise da habitação é desencadeada principalmente pela desigualdade social, o que dificulta ou impede o equilíbrio na apropriação dos espaços urbanos. “A necessidade de se buscar alternativas de construção de moradia de baixo custo para a população carente é uma realidade atual. Propor uma arquitetura voltada para o meio ambiente, utilizando-o para prover materiais alternativos para a construção, que podem ser encontrados na região, além de escolher materiais industrializados que não interferem na saúde do ser humano, é a alternativa mais consciente para sobreviver no futuro. Esta é uma das metas da pesquisa científica, contribuir para um projeto maior de inclusão social.” (FITTIPALDI, 2008, p 01.)
Sempre foi muito evidente uma clara setorização e uma marginalização das camadas de menor poder aquisitivo e sua inserção no espaço urbano. Segundo o secretário de Estado da Habitação e Presidente da CDHU, Lair Krähenbühl, para os empreendimentos destinados a população de menor poder aquisitivo, há uma escassez de pesquisas para o tratamento dos espaços urbanos habitacionais. Essa marginalização dos conjuntos habitacionais faz com que a criação destas áreas na periferia da cidade vá na direção oposta da sustentabilidade, pois quando o empreendimento é realizado desta forma, existe a necessidade de se criar toda uma infraestrutura urbana nova para suprir as demandas do mesmo, enquanto seria muito mais sensato e menos impactante ao meio se este empreendimento fosse executado em um dos muitos vazios urbanos existentes e desta forma já tivesse toda uma infraestrutura para servi-lo na malha da cidade. A produção de habitações de interesse social sustentáveis visa,
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portanto, a diminuição direta de dois dos principais problemas da nossa sociedade contemporânea: o déficit habitacional e a diminuição no impacto causado pelas cidades no meio ambiente. 2.2 Sistemas construtivos sustentáveis É sabido que a construção civil é hoje responsável por grande parte do impacto ambiental e da emissão de gás carbônico para atmosfera, seja de forma direta como a impermeabilização do solo da cidade, ou de forma indireta como por exemplo no processo de fabricação do cimento desde a extração da pedra na jazida até chegar na construção, este processo libera uma quantidade enorme de gás carbônico na atmosfera, contribuindo para o efeito estufa. “Toda atividade da cadeia produtiva da construção civil, desde a terraplanagem ao uso efetivo das edificações, utiliza uma grande diversidade de materiais. O desenvolvimento de novos materiais de baixo impacto ambiental vem crescendo com o passar dos anos, visto que os recursos naturais estão se tornando cada vez mais escassos. A utilização de materiais regionais também é considerada atividade de baixo impacto ambiental. Isso porque através desta iniciativa, a emissão de gás carbônico proveniente da queima do combustível dos veículos utilizados no transporte dos materiais é reduzida, diminuindo desta forma os danos à camada de ozônio. ” (FURUKAWA, CARVALHO, 2011, p 35.)
Os materiais sustentáveis não significam que não produzem nenhum impacto no meio ambiente, isso seria praticamente impossível, mas se comparado a métodos convencionais tem um impacto menor, seja no seu processo de fabricação ou na sua aplicação. O
que caracteriza uma construção como sustentável é um conjunto de requisitos: Redução do consumo de recursos naturais; reutilização de recursos; reciclagem de materiais e usar recursos recicláveis; eliminação de materiais nocivos de todas as etapas da obra; gestão equilibrada com recursos para a proteção dos ecossistemas. Hoje existem no mercado vários materiais ecologicamente corretos entre eles podemos citar: •Cimento ecológico: Tem em seu processo de fabricação a incorporação de 35% a 70% de resíduos de altos fornos de siderúrgicas. Desta forma o cimento ecológico aproveita um material que seria descartado além de diminuir a emissão de gases que seriam produzidos em processo de fabricação convencional. Ainda tem maior impermeabilidade; flexibilidade de aplicação, podendo ser usado em qualquer etapa da obra; maior resistência se comparado ao cimento comum; menor probabilidade de fissuras; durabilidade até 40% superior ao cimento convencional. •Tijolo de solo-cimento: Leva este nome pois a sua composição é de água, cimento e terra compactados. Seu processo fabril não inclui a queima de madeira como conhecido nas olarias para fabricação do bloco cerâmico. São altamente recomendados, pois, depois que esta material seca ele fica muito resistente além de possuir ótimas propriedades acústicas. Seu formato permite ainda a incorporação da infraestrutura hidráulica e elétrica, evitando que a alvenaria necessite ser rasgada para que estes materiais sejam embutidos; além disso seu formato também facilita o assentamento, já que as peças têm um sistema de encaixe fixado somente com cola branca, dispensando também o uso de argamassa e diminuindo o tempo de obra em até 50%.
Imagem 01: Tijolo de solo-cimento. Fonte: http://molinacuritiba.blogspot.com. br/2011/02/normando-perazzo-barbosa-ao-longo-de.html
•Tubulações PEAD E PPR: Esse tipo de material incorpora em sua produção materiais menos no-civos ao ambiente se comparados com as tradicionais tubulações de PVC. Enquanto a pri-meira pode ser usada para água fria (até em torno de 60°C) a segunda pode ainda ser usada para água quente (até 110°C). Estes dois materiais além de serem mais resistentes e atóxicos, além disso dispensam o uso de isolamento térmico para as tubulações de agua quente, outra vantagem quando comparados as tubulações de cobre.
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Imagem 02: tubulação ppr. Fonte: http://construcaomercado.pini.com.br/negocios-incorporacao-construcao/136/artigo299745-1.aspx
2.3 Eficiência energética: De acordo com Furukawa e Carvalho (2011), A eficiência energética pode ser definida como a ob-tenção de um serviço com baixo gasto de energia incorporada. Ou seja, um edifício é mais eficiente energeticamente que outro quando este proporciona as mesmas condições ambientais com menos consumo de energia. (FURUKAWA, CARVALHO, 2011, p 19). Os benefícios de se ter uma edificação eficiente energeticamente vão além da redução dos custos da conta de energia do consumidor final, também contribuem com a qualidade do sistema elétrico da construção e reduz o impacto ambiental relacionado a produção de energia elétrica. Segundo SALVATERRA (2010) (apud FURUKAWA, CARVALHO, 2011, p 20.), as metas energéticas de projetos habitacionais se apoiam nos seguintes elementos: • O uso do projeto voltado ao clima, que incorpora técnicas pas-
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sivas para reduzir o consumo de energia associado à calefação, à refrigeração e ao aquecimento de água; à iluminação • A utilização de sistemas de vedação externa capazes de criar uma separação térmica ade-quada entre o interior e o exterior por meio de estanqueidade ao ar, isolamento térmico, elimina-ção de pontes de térmicas, seleção de materiais de acabamento externos adequados, localização e uso de janelas e vidros de alto desempenho apropriados; • A possibilidade de controle da ventilação; • Escolha de equipamentos e eletrodomésticos eficientes em energia. Uma forma eficiente e econômica de se manter um conforto térmico adequado no interior de uma residência, energeticamente muito mais eficiente do que um aparelho de ar condicionado por exemplo é a utilização da ventilação cruzada, a qual através da circulação do ar no interior do edifício, ajuda na manutenção da temperatura no seu interior. Para que este fenômeno ocorra é importante que se haja um estudo do microclima da região onde será construída a edificação e a partir daí desenvolver um projeto aproveitando as aberturas e as dimensionando corretamente, tornando o ambiente interno mais agradável. As aberturas além de terem um importante papel na ventilação do edifício contribuem também para a entrada de luz natural, desta forma minimiza-se o uso de iluminação artificial durante o dia, resultando em economia direta de energia e contribuindo para a eficiência energética da edifica-ção.
2.4 Energia solar A utilização da energia solar se dá através da instalação de painéis como células fotovoltaicas, ou seja, que tem a capacidade de converter a energia proveniente da luz solar em energia elétrica. Em uma área tropical como é o caso do Brasil, este método se torna muito viável, pois a energia solar nesta região dos trópicos é bastante intensa, podendo ser amplamente utilizada. Outra vantagem deste sistema de energia autossuficiente é que a energia produzida, se for excedente à consumida, pode ser devolvida para a rede pública, revertendo assim em créditos para o usuário diminuindo assim ainda mais seus gastos com energia. Pode-se dizer que este investimento em tecnologias para utilização solar não são mais tão caros quanto eram há alguns anos atrás, sendo que hoje é uma alternativa completamente viável de ser utilizada em qualquer tipo de residência. Seus custos de instalação se pagam em aproxima-damente entre cinco a oito anos de utilização, sendo que a vida útil de um equipamento como este gira em torno de 25 a 30 anos, ou seja, a médio e longo prazo é uma tecnologia completamente viável. Outra forma mais simplificada para utilização da energia solar é para o aquecimento da água do chuveiro. É sabido que o chuveiro elétrico, assim como todos os equipamentos que possu-em resistência, é um dos eletrodomésticos que mais consomem energia Segundo FURUKAWA e CARVALHO (2011), a maneira mais simples e de menor custo para se reduzir o consumo de energia de um empreendimento é diminuir a demanda de água quente. A princípio essa afirmação parece ser trivial, porém ainda é pouco utilizada nos projetos de edifica-ções espalhados por todo o Brasil. Através desta prática, o tamanho do sistema solar de aqueci-mento de água pode
ser reduzido, diminuindo desta forma os custos iniciais de sua incorporação.
Imagem 03: Representação do sistema de energia solar residencial. Fonte: https://www.energiapura.com/content/sistema-solar-fotovoltaico-grid-tie-7-kw
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2.5 Utilização dos recursos hídricos: A água é recurso vital para a manutenção da vida no nosso planeta, é fonte para a agricultura, para pecuária e para manter a vida humana. Houve um tempo em que se achava que a água fosse um recurso renovável e inesgotável, hoje a perspectiva é bem diferente. Segundo a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP), somente 0,007% de toda a água doce disponível é própria para o consumo, e as recentes crises hídricas enfrentadas pelo estado nos últimos anos elevaram a importância da boa administração deste precioso recurso a um outro patamar. Para minimizar esse efeito, cada vez mais tem se procurado soluções para melhor aproveitar os recursos hídricos e evitar o desperdício. Na construção civil algumas técnicas como captação de água de chuva e reaproveitamento das águas cinzas são soluções eficientes para um uso mais consciente da água. •Captação de águas pluviais: O sistema de armazenamento de água de chuva de uma edificação consiste na captação das águas pluviais por ralos, grelhas e canaletas e encaminhadas para uma cisterna ou tanque de armazenamento. Essa água, previamente filtrada para retirar corpos maio-res como folhas e galhos, é então tratada para equilibrar seu ph e então está pronta para ser utili-zada para fins como irrigação de jardim, torneiras de lavagem, descarga e qualquer outro fim ex-ceto o consumo humano. •Reuso de águas cinzas: Outro processo que pode ser adotado principalmente em edificações residenciais é o reuso das águas cinzas, que são aquelas provenientes do ralo do chuveiro, da tor-neira do banheiro, banheiras e etc. e esta água que literalmente seria jogada pelo ralo é captada e sofre um processo parecido com o
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explicado acima, desta forma pode ser reutilizada na residência para irrigação, lavagem e para descarga. De acordo com FURUKAWA E CARVALHO (2011), O emprego deste sistema de reaproveitamento de águas, além de agregar um maior valor para o projeto, gera grande economia da água potável, visto que a descarga na bacia sanitária é responsável pelo maior gasto em uma residência, che-gando a 41% do consumo total.
Imagem 04: Sistema de aproveitamento de água de chuvas de uma residência. Fonte: http://ecorenovacao.com.br/captacao-de-agua-da-chuva/
2.6 Telhados Verdes: Conhecidos também como telhados ecológicos, este tipo de cobertura tem muitos aspectos po-sitivos. Sua instalação pode ser feita tanto em lajes planas como em planos inclinados. Os benefícios deste tipo de cobertura vão desde o aspecto do conforto térmico e acústico até a melhoria na qualidade do ar. Em geral é formado por plantas que podem resistir a períodos de se-ca, desta forma se torna um sistema de manutenção simples e barata. Esta camada vegetal sobre o edifício protege o mesmo da radiação solar, possibilitando uma temperatura mais agradável no espaço interior. Além disso as camadas de vegetação e substrato atuam efetivamente na diminui-ção dos ruídos das cidades. Do ponto de vista da cidade, os telhados verdes fornecem benefícios além do seu lote, pois de-volvem parte do verde das cidades, colaboram com a qualidade do ar dos centros urbanos, pois a vegetação retira o dióxido de carbono do ar e devolve oxigênio através da fotossíntese. Mais do que isso a cobertura vegetal ainda atua na captação das águas de chuva, pois o siste-ma retém parte da chuva como se fosse um jardim, o que diminui o escoamento das chuvas e as-sim evitam outro problema nos centros urbanos que são as enchentes causada pela impermeabili-zação do solo das cidades.
Imagem 05: Esquema das camadas que compõe um telhado verde. Fonte: https://ecotelhado.com/telhados-verdes-o-que-sao-e-como-podem-ser/
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2.7 Construções secas: O termo construção seca se deve ao fato de não se utilizar água durante o processo de execu-ção da obra. Dentre estes sistemas se incluem o Steel Framing e o Wood Framing. Pouco difundi-dos no Brasil, mas com grande aceitação em países como Estados Unidos e Canadá onde chegam a representar 90% do sistema construtivo local. O sistema consiste em uma estrutura de perfis de aço leves (Steel Framing) ou madeira (Wood Framing), contraventadas com placas estruturais de OSB, uma espécie de placa de madeira lami-nada, que em conjunto formam um sistema que confere rigidez, forma e sustentação a edificação. Este sistema permite a criação de construções mais leves, o que resulta em fundações mais simples, e mais rápidas de serem construídas se comparadas às construções tradicionais brasi-leiras em concreto. A flexibilidade é outro ponto forte deste sistema construtivo, uma vez que permite a utilização de qualquer tipo de acabamento, tanto interior como exterior; é facilmente aplicável a qualquer estilo arquitetônico além de ser indicado tanto para habitações unifamiliares ou construções multi-familiares de pequeno e médio porte até cinco pavimentos. Quanto aos aspectos termoacústicos, o sistema se comporta de forma bastante eficiente. Além disso, os usos de materiais ecologicamente corretos como o OSB garantem uma economia de energia tanto durante o processo construtivo como após a ocupação do imóvel; reduz o desperdí-cio de materiais; diminui a geração de resíduos (menos de 1%); reduz o consumo de água e a emissão de gás carbônico.
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Imagem 06: Sistema de Steel Framing. Fonte: http://pequenasreformas.com. br/civil/construções-rapidas
3.1 Habitação de interesse social sustentável:
CAPÍTULO 03 - REFERÊNCIAS PROJETUAIS
O projeto do escritório 24.7 foi o 1º colocado abordando a tipologia de casas térreas. O lote em que foi pensada a implantação está localizado na cidade de Ribeirão Preto no bairro Jardim Botânico entre as ruas Rubens Ubida e Vicente Tronco.
Imagem 07: Implantação do projeto. Fonte: http://www.archdaily.com.br/ br/01-141035/habitacao-de-interesse-social-sustentavel-slash-24-dot-7-arquitetura-design
“Pensar em sustentabilidade é pensar na família, no próximo e em você mesmo.” (Moura, Djalma Augusto)
De acordo com os autores do projeto o maior desafio foi a busca por uma solução lógica e raci-onal capaz de demonstrar que a qualidade de uma habitação não deve corresponder ao padrão econômico de uma determinada classe social, mas sim aos conhecimentos técnicos do seu mo-mento histórico, rompendo um paradigma antigo e dominante de que as casas populares devem ser marcadas pela simplicidade de suas construções.
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O objetivo consiste na idealização de uma casa compacta que possa dar mais liberdade aos mo-radores, com espaços livres dentro de suas dependências, sem deixar de lado, é claro, a qualidade visual e volumétrica das mesmas. A preocupação com a fachada, com a identidade, a heterogenei-dade e a descompactação do tradicional modelo da casa retangular são pontos chaves na elabora-ção da nossa proposta. A residência consiste em um programa reduzido, resolvido a partir de dois blocos lineares in-terligados por um terceiro bloco com funções distintas, sendo um módulo para os dormitórios e banheiro, outro para a área de serviços (cozinha e lavanderia) e um terceiro – de ligação – para abrigar a sala de refeições e a sala de estar. O formato alongado e estreito visa garantir a iluminação e radiação direta total dos ambientes da casa, já que, de acordo com a inclinação do sol para a latitude da cidade, o formato quadrado ou retangular de certas dimensões impossibilitaria o alcance da luz em toda a sua extensão. O mesmo terreno, com as mesmas dimensões, foi pensado para abrigar a casa de dois e três dormitórios, prevendo, assim, a expansão de mais um quarto da menor habitação em caso de crescimento do número de integrantes da família.
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Imagem 8: A imagem da esquerda representa a planta com dois dormitórios, enquanto a da direita é a opção de três quartos com um quintal menor. Ambas são acessíveis. Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/01-141035/habitacao-de-interesse-social-sustentavel-slash-24-dot-7-arquitetura-design
O objetivo do projeto era obter um resultado em que fosse possível aliar baixo custo, facilidade na construção, sustentabilidade e bioclimatismo. Concebida com blocos de concreto estrutural de 29 de forma modular para facilitar a construção; a cobertura é feita com telhas termoacústicas e o bloco central conta com uma cobertura verde aliando conforto térmico, e uma redução do consu-mo de energia juntamente com os caixilhos pensados para garantirem uma insolação e uma venti-lação adequadas e os captadores de energia solar.
Outro ponto de importância fundamental do projeto é a identidade visual de cada edificação. Esta identidade se dá a partir da pintura da caixa d’água e se estende por todo o bloco central. Cada habitação difere das outras de acordo com a sua cor, conforme foto abaixo
Imagem 09: Corte esquemático da edificação com estudo da ventilação. Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/01-141035/habitacao-de-interesse-social-sustentavel-slash-24-dot-7-arquitetura-design Imagem 11: Detalhe da identidade visual das edificações. Fonte: http://www. archdaily.com.br/br/01-141035/habitacao-de-interesse-social-sustentavel-slash-24-dot-7-arquitetura-design
Imagem 10: Detalhe do sistema de captação de energia solar. Fonte: http:// www.archdaily.com.br/br/01-141035/habitacao-de-interesse-social-sustentavel-slash-24-dot-7-arquitetura-design
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3.2 Llano exit strategy: O projeto foi construído na cidade de Austin, Estados Unidos. Quatro casais de amigos que se co-nhecem há mais de 20 anos decidiram construir uma vila de frente para o lago Llano que dá nome ao projeto. O projeto das cabanas sustentáveis ficou a cargo do arquiteto e designer Matt Garcia. Ca-da cabana conta com uma área de aproximadamente 37m², espaço suficiente para um quarto-sala, banheiro e varanda. Imagem 12: Os telhados inclinados captam a água da chuva e armazenam em um tanque de 5mil litros. Fonte: http://awebic.com/cultura/melhores-amigos-criam-mini-vila-sustentavel-para-viverem-juntos-ate-a-velhice/
Imagem 11: Detalhe do espaço interno da cabana. Fonte: http://awebic.com/ cultura/melhores-amigos-criam-mini-vila-sustentavel-para-viverem-juntos-ate-a-velhice/
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Os telhados inclinados conduzem toda a água da chuva para uma espécie de cisterna, que pode armazenar até cinco mil litros de água para ser usada pelos moradores para manutenção das árvores e toda a vegetação do local visto que o clima é bastante árido na região. As paredes externas são feitas de uma chapa de aço corrugado, que ajudam a manter a tempe-ratura do interior mais fresca. Já as no interior, paredes e teto foram revestidos com placas de madeira compensada, que segundo o arquiteto Matt Garcia “é um acabamento de alto nível e não custa muito”. Cada cabana custou aproximadamente US$ 40 mil.
3.3 Casa Vila Matilde
Imagem 13: Detalhe das paredes internas e teto do quarto-sala revestidos com madeira compensada. Fonte: http://awebic.com/cultura/melhores-amigos-criam-mini-vila-sustentavel-para-viverem-juntos-ate-a-velhice/
Imagem 14: Alvenaria estrutural com blocos de concreto sem reboco possibilitaram agilidade e economia na construção. Fonte: http://www.archdaily.com.br/ br/776950/casa-vila-matilde-terra-e-tuma-arquitetos
Da autoria de Terra e Tuma Arquitetos, o projeto da casa da dona Dalva, diarista que mora há mais de vinte anos na Vila Matilde, na cidade de São Paulo, foi escolhido entre os melhores projetos residenciais do ano, eleito internacionalmente Building of the Year 2016 (Construção do Ano 2016). Em 2014, a casa de Dona Dalva passou por patologias após uma forte chuva, que fez parte do teto desabar, com isso a proprietária se viu forçada a morar de aluguel na casa de um parente próximo. Desta forma a reforma da casa precisava acontecer, e de forma rápida, do contrário os gastos com aluguel consumiriam os recursos economizados ao longo dos anos para a reforma da casa. A opção para viabilizar esta proposta foi a construção com blocos de concreto aparentes tanto para estrutura como para vedação, que
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viabilizariam uma obra com baixo custo, maior controle e agilidade. Além da solução de deixar a alvenaria e estruturas aparentes, todo o projeto seguiu esta linha, eletrodutos e conduítes também ficam aparentes, o que diminui o tempo e os resíduos gerados para se embutir esses elementos na alvenaria, consequentemente diminuem também os custos. O lote onde a casa foi implantada tem 4,8m de frente por 25m de profundidade. O programa dispõe de uma casa térrea com sala, lavabo, cozinha, área de serviço e a suíte da moradora. Ainda conta com uma segunda suíte no pavimento superior com a intenção de receber visitas, totalizando 95m².
Imagem 15: Corte e Implantação da residência. Fonte: http://www.archdaily. com.br/br/776950/casa-vila-matilde-terra-e-tuma-arquitetos
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Uma articulação entre lavabo, cozinha, área de serviço e um jardim interno conectam a sala, locali-zada na parte frontal, e os quartos localizados na parte posterior. Na área central da casa, o pátio cumpre a função essencial de iluminar e a ventilar. Esta área, serve também como extensões da cozinha e da área de serviço. A laje que cobre a sala foi aproveitada para ser um terraço que abri-ga uma pequena horta, podendo futuramente ser coberto para atender novas demandas dos moradores.
Imagem 16: Detalhe do pátio interno a esquerda com a segunda suíte no pavimento superior. À direita, detalhe do pátio e do terraço criado sobre sala. Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/776950/casa-vila-matilde-terra-e-tuma-arquitetos
A reforma levou quatro meses na fase de demolição e reforço das estruturas e fundações, pois precisou ser um processo delicado para não afetar as casas vizinhas que possuem o muro da divisa como parede comum. Terminada esta fase da obra, todo o processo efetivo da construção levou apenas seis meses para ficar pronto e custou aproximadamente R$ 150 mil.
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4.1 Análise do território:
CAPÍTULO 04 - PROJETO
O município de Santa Cruz das Palmeiras está localizado na porção nordeste do estado de São Paulo, à aproximadamente 250km da capital paulista e 110km do município de Ribeirão Preto. Santa Cruz das palmeiras é uma cidade pequena, com cerca de 33 mil habitantes atualmente, e sua economia se baseia principalmente na produção sucroalcooleira regida pelas duas grandes usinas de açúcar e álcool presentes no município.
Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/08/SaoPaulo_Municip_SantaCruzdasPalmeiras.svg
“A sustentabilidade é a abertura para o futuro, caso fecharmos não existirá futuro.” (Dias, Diogo)
A expansão urbana da cidade sempre aconteceu de forma orgânica, tendo seus limites demarcados pela geografia natural do terreno. Esta forma de expansão não planejada, porém, gerou uma série de problemas que são inerentes à maioria das cidades. Houve uma clara segregação da sociedade, na qual o corrego Pessegueiro, que corta a cidade, se tornou um agente de segregação social, dividindo a sociedade com maior poder aquisitivo em uma margem do córre-
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go e a de menor poder aquisitivo na outra margem. Este fato também se deve a construção dos primeiros conjuntos habitacionais criados na cidade. Esta porção do município ficou conhecida popularmente como “Serra” em alusão ao garimpo de Serra Pelada e sua grande concentração de pessoas
Fonte: https://www.google.com.br/maps/@-21.8271772,-47.2542605,3219m/data=!3m1!1e3 (Adaptada)
Além da segregação social evidente criada pela forma de expansão urbana da cidade, notamos muitas áreas ociosas em bairros já consolidados do município. É muito comum ao se caminhar pelas ruas de Santa Cruz das Palmeiras nos depararmos com lotes desocupados (particulares ou públicos), onde não se têm nenhuma intenção de construir.
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4.2 Partido e Premissas: Tendo em vista esta situação dos lotes vazios no município de Santa Cruz das Palmeiras, foi pensada uma forma de ocupa-los. A solução proposta de usá-los para abrigar habitações de interesse social surgiu a partir de um estudo no qual as áreas destes lotes foram somadas e comparadas às áreas dos últimos loteamentos destinados a habitações de caráter popular realizadas pela prefeitura e por programas habitacionais do Estado. A conclusão a que se chegou foi de que se estes lotes que hoje se encontram ociosos fossem utilizados como formas de abrigar habitações de interesse social, não haveria necessidade de se ter criado o último conjunto habitacional inaugurado na cidade no ano de 2008 contemplando 183 famílias. Para realização do conjunto Olga Callegari Bento, foi disponibilizada uma área de 135 mil metros quadrados na área mais periférica da cidade. Tal fato se comprova quando observamos que além do perímetro demarcado pelas últimas ruas do conjunto habitacional já existem plantações de milho e cana-de-açúcar. Ou seja, a população carente novamente foi levada para uma grande área na periferia da cidade, tão na periferia que hoje o conjunto divide zona urbana de zona rural. Além da discrepante segregação social que este tipo de programa habitacional impõe, temos outros problemas como a necessidade de criação de novos equipamentos públicos, tais como creches, escolas e postos de saúde para suprir a demanda da população que fora marginalizada. Também se faz necessária a criação de toda uma nova infraestrutura urbana de saneamento básico; novas redes de água, luz, esgoto, pavimentação, guias e calçadas que são somadas aos custos de se implantar tal conjunto na periferia do município. Quando analisamos os custos de um empreendimento deste por-
te e nestas condições verificamos que aproximadamente 40% dos custos totais da obra se referem a esta infraestrutura que deve ser criada; ou seja, no caso do Olga Callegari Bento dos 11 milhões de reais necessários para sua construção, apresentado na licitação, mais de 4 milhões se destinavam a implantação de redes de água, luz, esgoto, terraplanagem, pavimentação, guias, calçadas, arborização e etc. Tendo em vista estes fatores que foram apresentados acima, surgiu o ponto de partida para o desenvolvimento deste projeto; uma forma de se ocupar os lotes vazios da cidade para instalação de habitações de interesse social. Desta forma os custos de execução de nova infraestrutura seriam minimizados ou não existiriam, uma vez que estes lotes vazios estão inseridos em um contexto urbano já consolidado. Mais do que uma economia de custos de implantação destas habitações, que como vimos acima ficaria em torno de 40% mais barata; esta proposta também leva em consideração o caráter social, pois se estas famílias estiverem disseminadas por todo o território do município a segregação social causada pela marginalização destas pessoas alocadas na periferia seria minimizada. Outra forma encontrada para otimizar o sistema de habitação proposto foi a de propor a criação de pequenas vilas sustentáveis nestes lotes vazios. Desta forma, um lote que inicialmente se destinaria a uma única residência unifamiliar pode passar a abrigar mais famílias vivendo em comunidade. A ideia de ser uma pequena vila sustentável surgiu da intenção de que esse sistema causasse o menor impacto possível desde sua construção e seu efetivo funcionamento, e que além disso pudesse
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se manter com pouco custo aos moradores. Para se atingir este objetivo, o projeto será concebido com materiais de baixo impacto ambiental e pouca geração de resíduos, além de formas de se utilizar os recursos naturais, tais como aproveitamento de água de chuva, utilização de energia solar, compostagem, e formas construtivas ecologicamente eficientes como as tintas a base de terra, os telhados verdes e o steel framing que permite a modulação das habitações, resultando em menos resíduos e otimização do tempo de construção de cada moradia.
Parte do mapa do município, mostrando a quantidade de lotes vazios em um trecho da cidade. Em azul estão marcadas as construções.
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4.3 Unidade de Habitação: Para viabilizar a ideia do partido projetual, de chegar a um produto que pudesse ser adaptado nos lotes vazios da cidade, foi necessário se fazer o processo contrário do que convencional quanto a concepção do projeto arquitetônico. O partido do projeto neste caso não foi o terreno, mas chegar em uma unidade de habitação que contemplasse os requisitos necessários para torná-la sustentável, nas dimensões de uma habitação de interesse social e que pudesse se adaptar a diversos tipos de terreno.
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4.3.1 Materialidades: O projeto em questão tem como objetivo a elaboração de uma vila sustentável com habitações de baixo custo voltadas principalmente para a população de menor poder aquisitivo. Portanto, a solução encontrada parte dos princípios de sustentabilidade como o uso de energia solar, aproveitamento de água de chuva, construções secas como o light steel framing, tintas a base de terra, telhados verdes e o conceito de agricultura de subsistência com a incorporação de hortas urbanas ao projeto.
O Light Steel Framing, ainda permite a utilização de uma gama de materiais bastante diversificada. Por ter esta flexibilidade, não tem grandes restrições projetuais, racionalizando e otimizando a utilização de recursos e o gerenciamento das perdas. É facilmente customizável, além de ser durável e reciclável.
4.3.1.1 Light Steel Framing: O Light Steel Framing é um sistema construtivo estrututurado por perfis de aço galvanizado que trabalhando junto com outros sub-sistemas suporta as cargas da edficação. Devido a sua estrutura leve e distibuição homogênea de cargas, o sistema do Light Steel Framing pode ser utilizado sobre qualquer tipo de fundação, o que torna os custos desta etapa mais baixos, uma vez que os mais utilizados são as fundações rasas como o radier e as sapatas corridas. A vedação deste sistema é feita com placas estruturais que conferem ao sistema características que suportam tanto as cargas horizontais quanto as verticais, bem como as cargas de corte (sismos), motivo de ser muito utilizado em regiões que sofrem com terremotos. Do ponto de vista das instalações hidráulicas e elétricas utilizados por este sistema é exatamente igual ao sistema construtivo de uma casa de alvenaria, mas com a vantagem da agilidade e praticidade na instalação.
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Fonte: http://www.clotansteel.co.za/index.php/light-steel-frames/ Tendo em vista as vantagens deste sistema construtivo sobre o sistema convencional de alvenaria de blocos comumente empregado no Brasil, o Light Steel Framing foi escolhido para ser o sistema construtivo deste projeto, uma vez que sua produção de entulho é menor e o tempo de sua construção também. Além disso, sua flexibilidade proporcionará a adequação da habitação em vários tipos de terreno, que é o foco principal deste projeto.
4.3.1.2 Aproveitamento de água de chuva: A água é um dos recursos mais importantes para a vida humana; mas na maioria das vezes não é tratada com o devido valor. A preocupação em se aproveitar a água das chuvas em um projeto de habitação social é importante pois neste tipo de projeto, normalmente há uma grande área impermeabilizada do solo, o que dificulta o escoamento natural das águas pluviais. Esta água, ao invés de ser jogada para a rede, pode facilmente ser armazenada e utilizada para diversos fins não potáveis. Portanto esta água se for coletada e armazenada de forma correta é um investimento que se paga dentro de dois a cinco anos aproximadamente, variando de acordo com as dimensões do sistema instalado.
Neste caso, por se tratar de um projeto, cujo objetivo é que possa ser adaptado em qualquer tipo de lote, a solução encontrada foi criar um sistema de captação individual na unidade de habitação, e que desta forma possa ser somado ao das outras unidades que formarão a vila criando assim um sitema coletivo de aproveitamento de água de chuva que será utilizado em beniefício de todos os seus moradores. Para isso, o porjeto prevê a criação de telhados verdes nas unidades habitacionais que além de aumentarem a área permeavel do terreno, funcionam também como coletores de águas pluviais, que através de um sistema drenante conduzem esta água até uma cisterna para que seja tratada e possa ser reutilzada. Esta iniciativa além de ser sustentável e gerar uma economia efetiva na conta de água destes moradores, também é um fator de valorização imobiliária do empreendimento.
Cobertuta das unidade de habitação que funcionam como um sistema conjunto de captação de água de chuva.
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4.3.1.3 Telhado verde: Os telhados verdes são uma soluçaõ eficiente para a cobertura das edificações. As coberturas das edificações normalmente são construídas com uma certa inclinação e com telhas, o que impossibilita a utilização desta cobertura pelo morado. O telhado verde em contrapartida agrega diversos benefícios quando utilizado. Do ponto de vista térmico e acústico os telhados verdes são extremamente bem sucedidos, pois são capazes de segurar grande parte do calor e dos ruídos do ambiente mantendo o interior da habitação mais agradável. Do ponto de vista ecológico, os telhados verdes são uma forma de contenção de águas pluviais, uma vez que a sua capacidade de permeabilidade é de 50% em relação a permeabilidade da mesma área no solo. Outro ponto positivo neste quesito é a respeito da filtragem do ar, pois os telhados verdes são capazes de absorver parte do CO2 presente na atmosfera dos centros urbanos. Este tipo de cobertura verde também permite que o morador utilize este espaço como uma área de jardim para plantação de alguns tipo s de vegetação de porte menor como hortaliças, vegetação herbácea, flores e etc.
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Ilustração do telhado verde utilizado nas unidades habitacionais do projeto.
4.3.1.4 Energia solar: A energia solar é uma forma eficiente de se aproveitar a radiação e o calor emitidos pelo sol e que podem ser convertidos em energia térmica e/ou elétrica. Atualmente o Brasil utiliza cerca de 70% de sua matriz energética proveniente de hidrelétricas, mas aos poucos formas alternativas de obtenção de energia vêm sendo cada vez mais difundidas. Em um país tropical como é o caso do Brasil, a abtenção de energia elétrica a partir do sol seria extremamente viável. Esta forma de energia limpa e sustentável entretanto não é tão utilizada, pois o custo para ser implantado em uma residência ainda é uma barreira para a maioria dos brasileiros. Felizmente com o avanço da tecnologia e a sua popularização, hoje em dia os sistemas residenciais para obtenção de energia solar estão bem mais acessíveis. Estima-se que atualmente o investimento neste tipo de equipamento seja recuperado em torno de cinco anos de uso, enquanto a sua vida útil chega próxima aos trinta anos de utilização. Pensando na energia limpa gerada a partir do sol e da relação custo benefício, optou-se pela instalação do equipamento de obtenção de energia solar, encarando-o como um investimento a médio prazo para os moradores das vilas sustentáveis.
Fonte: http://www.portal-energia.com/wp-content/uploadsthumbs/vantagens-energia-solar-700x357.jpg
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4.3.1.5 Tintas a base terra:
4.3.1.6 Hortas urbanas:
As tintas a base de terra como o próprio nome sugere, possuem a sua pigmentação proveniente de quantidades de terra e/ou areia misturadas no processo de fabricação. Este material pode ser facilmente fabricado por qualquer pessoa, misturando-se amostras do próprio solo e de outros corantes naturais como o urucum, para se obter a coloração desejada. A Universidade Federal de Viçosa possui um projeto chamado “cores da terra” no qual ensinam a fabricaar este tipo de tinta sustentável. A “receita” leva apenas água, cola, terra e caso necessário algum pigmento natural como açafrão, urucum ou areia para compor a cor; evitando assim agrande quantidade de produtos químicos que são utilizados para se fabricar uma tinta convencional. A escolha deste material para pintura das unidades habitacionais do projeto se deu por conta das vantagens ambientais agregadas a este tipo de tinta e pelo seu custo, 70% mais em conta, quando comparados às tintas convencionais.
As hortar urbanas vêm se popularizando em meio aos grandes centros urbanos. A falta de espaço disponível para plantio nas grandes metrópoles faz com que o plantio de hortaliças aconteça em meio ao prédios da cidade, normalmente na área dos telhados. Esta iniciativa além de incentivar o plantio e o consumo de produtos orgânicos, também leva o verde para as grandes metrópoles. A ideia da utilização deste recurso num projeto de habitação de interesse social veio a partir da concepção dos telhados verdes e da ideia de que a população pudesse plantar e colher o seu próprio alimento, e que em caso de uma produção excedente, isso poderia gerar uma renda extra aos moradores. Apesar da cidade de Santa Cruz das Palmeiras ser uma cidade de pequeno porte, o fato da implantação do projeto acontecer em lotes pequenos, reservar uma área no solo para produção de uma horta seria inviável, portanto optou-se pela criação das hortas nos telhados verdes.
http://mdmundo.s3-us-west-2.amazonaws.com/wp-content/uploads/ Thumb-Youtube-e-site-Tinta-de-terra-editavel.jpg
https://tudosobreplantas.files.wordpress.com/2015/09/selec3a7c3a3o_302.png
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4.3.2 Flexibilidade da planta:
Planta baixa da unidade básica de habitação com 44m²
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Após os estudos realizados, chegou-se ao resultado representado em planta acima. A escolha dos materiais foram fundamentais para estabelecer a diretriz do projeto. As paredes de light steel framing permitem uma flexibilidade na distribuição dos cômodos. O modelo apresentado possui um total de 44m², distribuídos em uma sala integrada a cozinha, dois quartos e um banheiro que foi fragmentado em dois espaços privados (banho e sanitário) e a pia colocada do lado de fora. A ideia de fragmentar o banheiro surgiu após se analisar o perfil das famílias que normalmente moram em habitações de interesse social. Normalmente famílias compostas por casais com mais de um filho, desta forma, um banheiro fragmentado permite até 3 usos simultâneos, pois como as atividades acontecem de forma independente, é possível termos uma pessoa tomando banho, outra usando o vaso sanitário e outra usando a pia ao mesmo, o que se torna uma solução muito viável em uma habitação com um único banheiro.
Ilustração do banheiro fragmentado com área de banho, área de sanitário e área da pia.
Uma abertura na parte de cima dos espaços de banho e de sanitário é responsável por criar uma ventilação cruzada e iluminar
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estes ambientes.Para que se pudesse separar a sala deste espaço, foi utilizada uma estante, que divide o os ambientes e serve como estocagem. Outro ponto importante que foi levado em consideração foi a possibilidade de ampliação desta habitação. O projeto prevê um espaço na frente da casa que se tornou um espaço curinga. Este espaço conta com 6m² e foi pensado para que o morador possa ter um cômodo extra se assim for necessário. Este espaço pode ser transformado em um quarto extra, uma pequena oficina de trabalho, um local para armazenagem de ferramentas de trabalho, ou uma varanda se o morador não tiver a intenção de aumentar a sua habitação. Neste estudo de caso, o espaço curinga foi transformado em uma estação de trabalho. Levando-se em consideração o perfil das familías que geralmente moram em habitações de interesse social, percebemos que muitos adaptam suas casas para que possam atender clientes nelas. Especificamente para este estudo, o espaço curinga se tornou um pequeno salão de beleza.
Ilustração do banheiro fragmentado com área de banho, área de sanitário e área da pia.
Planta baixa da unidade de habitação ampliada com 50m². Utilização do espaço curinga como salão de beleza.
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4.3.3 Cortes
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4.3.4 Imagens da unidade de habitação:
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4.4 Escolha do terreno:
O terreno está situado no bairro Jardim São Vicente, no município de Santa Cruz das Palmeiras. Este bairro compreende uma área aproximada de 6 hectares e tem seus limites definidos por dois pontos importantes do município; o primeiro deles é a antiga estação ferroviária e o segundo é o córrego do pessegueiro que corta a cidade. Assim como o restante da cidade, o Jardim São Vicente é composto em sua maioria por edificações de gabaritos baixos até dois pavimentos; entretanto, o lote imediatamente vizinho do objeto de estudo é um caso atípico da cidade, pois abriga o único prédio com
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quatro pavimentos no município. O bairro é essencialmente residencial, entretanto nas proximidades da entrada da antiga estação ferroviária, alguns galpões antigos foram mantidos e hoje abrigam as atividades comerciais, religiosas e industriais do bairro. O Jardim São Vicente apresenta um fluxo intenso se tratando de um município de 35 mil habitantes, pois é passagem para outros bairros maiores que só podem ser acessados por este caminho. Por ter seu limite definido pelo córrego Pessegueiro, o Jardim São Vicente é bem servido de áreas verdes, visto que uma parte do bairro é uma área de preservação permanente devido a proximidade do córrego. Apesar de não ser um bairro novo da cidade, o Jardim São Vicente ainda apresenta muitos lotes vazios, visto que alguns moradores dali ainda tem terrenos muito grandes onde criam animais como vacas, galinhas e cavalos, além de pastos para estes animais e eventualmente pequenas plantações de subsistência. O terreno onde era a antiga estação ferroviária hoje se tornou o “Centro de Lazer do Trabalhador”. De responsabilidade da prefeitura este grande lote abriga um teatro (“Teatro de Tábuas”), playgrounds, pista de skate, além de abrigar as festas e eventos da cidade. Neste lote algumas construções originais foram mantidas e tiveram seus usos transformados; nestas construções se encontram a base da guarda municipal, uma quadra poliesportiva, e a “Casa Abrigo” (Instituição municipal que abriga menores abandonados.).
Teatro de tábuas. Fonte: Google Earth
Área de preservação permanente nos fundos do terreno margeando o córrego Pessegueiro. Fonte: Google Earth
Antiga estação ferroviária de Santa Cruz das Palmeiras. Fonte: Google Earth
Parte da “casa abrigo” onde se encontra a sede da guarda municipal de Santa Cruz das Palmeiras. Fonte: Google Earth
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Rua José Pedroso de Moraes
élio oque Corn Antonio R
O terreno sito a rua José Pedroso de Moraes possui 12 metros de frente e 45 metros de comprimento, resultando em 540m². O terreno possui um declive de 4 metros que foi aproveitado para a implantação dos projetos.
Planta baixa do lote escolhido
Este terreno hoje encontra-se desocupado, porém existem no local algumas edificações que um dia serviram como moradia irregular na forma de um cortiço. Este lote chegou a abrigar simultâneamente oito famílias Quando o atual dono do terreno comprou este lote, foi feito um acordo com as familias que ali moravam, dizendo que não havia interesse em manter o cortiço. Assim sendo, com o passar do tempo as familías foram deixando este local e se mudando, até ficar como se encontra hoje, completamente desabitado. Atualmente, a maioria das moradias foi demolida, sendo mantidas apenas três delas, das quais duas estão sem uso e uma delas está locada para um mecânico que guarda algumas ferramentas neste local. A parte da frente do terreno é acessada pela rua José Pedroso de
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Moraes, entretanto existe um portão nos fundos do lote que permite o acesso pela avenida Antonio Roque Cornélio que margeia o córrego Pessegueiro e que portanto é área de preservação permante.
Foto dos fundos do lote apresentado visto da rua Antonio Roque Cornélio. Fonte: Acervo pessoal.
Foto da frente do lote apresentado visto da rua José Pedroso de Moraes. Fonte: Acervo pessoal.
Vista interna do lote apresentado. Fonte: Acervo pessoal.
Vista interna do lote apresentado. Fonte: Acervo pessoal.
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4.5 Zoneamento e Legislação: O lote definido para a execução do projeto está situado na região do município Zona Mista 1 (ZM1), desta zona se caracteriza: Zona Mista – ZM: são porções do território do perímetro urbano destinadas à implantação de usos residenciais e não residenciais, de comércio, de serviços e indústrias, inclusive no mesmo lote ou edificação, segundo critérios gerais de compatibilidade de incômodo e qualidade ambiental, que tem como referência o uso residencial, classificadas como:
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ZM1: zona mista de densidade demográfica e construtiva baixa, com coeficiente de aproveitamento mínimo igual a 0,2 (dois décimos), básico igual a 1,0 (um) e máximo igual a 1,0 (um). Porém, como o projeto parte de um princípio de que possa ser replicado em outros lotes, esta legislação somente está enquadrada para o lote objeto de estudo; para outros lotes há a necessidade de verificação da zona urbana onde estará inserido e adequá-lo a legislação correspondente.
Mapa de uso do solo do municĂpio de Santa Cruz das Palmeiras num raio de 500m a partir do lote escolhido, demarcado em preto no mapa acima
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4.6 Projeto:
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A implantação do projeto no terreno se deu de forma que as habitações ficasse todas concentradas na lateral direita do lote, desta forma toda a área restante no lado esquerdo foi utilizada como circulação. Como a inclinação original do terreno foi mantida, esta circulação se deu na forma de uma rampa de acesso que se estende desde o início até o fim do terreno, permitindo assim que toda a área do térreo seja acessível à pessoal portadoras de defiência. As rampas foram executadas em três seguimentos criando assim patamares de descanso entre elas intercalados com trechos de jardim.
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Todas as áreas comuns pavimentadas são cobertas com um piso intertravado drenante para que possa absorver melhor a água das chuvas. Além do piso drenante, os canteiros deixados ao redor das rampass também permitem uma drenagem eficiente das águas pluviais. Essa água de chuva será captada e abastecerá uma cisterna para que possa ser reaproveitada para fins não potáveis. Os jardins criados não só servem como um sistema de absorção de água de chuva, mas sobre os jardins também se encontram alguns equipamentos de uso comum dos moradores como bancos e bicicletários
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O acesso do terreno foi mantido pela rua José Pedroso de Moraes, tanto para pedestres como para veículos. Para não se gerar uma situação conflitante e de risco principalmente para os pedestres, os acessos, apesar de serem pela mesma rua, acontecem de forma independente. A garagem ficou na lateral direita do lote aproveitando-se dos seis metros de afastamento da edificação. Foram criadas três vagas de garagem para veículos, seguindo o percentual estipulado na constituiçaõ federal para habitação de interesse social.
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O piso da garagem também é um intertravado drenante para captação de água de chuva e um pergolado de madeira forma a cobertura da garagem. Já o acesso de pedestres acontece pela lateral esquerda, onde está localizada a rampa de acesso e a escada metálixa para o pavimento superior.
O pavimento superior se organiza da mesma forma que o pavimento inferior, ou seja, acompanhando o declive do terreno. Cada unidade do pavimento superior está um metro acima da unidade imediatamente próxima. A partir do segundo pavimento, podem ser acessados os telhados verdes que funcionam como uma extensão das áreas comuns, criando áreas de convívio. Os telhados verdes também escondem a infraestrutura de instalações das edificações e são captadores de água pluvial.
Revestidas por pedras para terem seu volume destacados, encontram-se as caixas d’água de cada unidade de habitação. O revestimento de pedras também esconde o shaft criado para esconder tanto as tubulações do reúso de água de chuva bem como a tubulação que faz as ligações hidráulicas de cada unidade.
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As unidades de habitação foram organizadas de forma que não ficassem coladas uma na outra. As unidades do térreo estão distantes três metros uma da outra, e as unidades do segundo pavimento foram inseridas de forma que cobrissem os vãos deixados no pavimento inferior. Desta forma, as unidades do primeiro pavimento servem como um apoio estrutural para as unidades do pavimento superior. A intenção de criar estes vazios, foi a de criar pequenos pátios cobertos entre as unidades de habitação, que possam ser utilizados para diversas finalidades de acordo com a necessidade dos moradores.
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É possível criar neste espaço um ambiente de lazer, uma área para brincadeiras de crianças, um espaço para se criar um animal de estimação, etc. Este espaço também é aproveitado para que se possam realizar as aberturas das unidades habitacionais.
No último desnível do terreno, no espaço do afastamento posterior foi criado um espaço de recreação infantil. Foi pensado um gramado onde será instalado um playground. Para se manter a mesma leitura do projeto focado na sustentabilidade, o playground foi pensado para ser construído todo em madeira reaproveitada.
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IMPLANTAÇÃO 1:125
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0,00 -1,00 -2,00 -3,00 CORTE AA 1:125
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