Mercado de Trabalho
Por: Pedro Wolff | Fotos: Divulgação | Ilustração: Raphaela Christina
Está
sobrando
vaga
Setores da economia do DF sofrem com baixa qualificação dos funcionários
D
e acordo com dados divulgados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em outubro do ano passado, o número de desempregados no Distrito Federal era de 172 mil. Mesmo que o mercado ofereça boas ofertas de trabalho, vários setores da economia carecem de mão de obra especializada. Cleiton Machado, presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília (Sindhobar) foi incisivo: “Na minha avaliação, quem está desempregado, ou não quer trabalhar ou está desqualificado”. Ele se refere aos problemas de seus colegas que ele acompanha, por exemplo: encontrar profissionais capacitados como garçons.
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Este problema gera um custo adicional para o empresariado. Os patrões têm que investir tempo e dinheiro para dar qualificação. “No meu entender, esse papel de educar e qualificar é do governo”. Cleiton acrescenta que pode ocorrer um desgaste ainda maior quando, depois de capacitado por uma empresa, o funcionário decidir procurar emprego na concorrente. O presidente do Sindhobar comenta também que a baixa escolaridade reflete na falta de especialização. Devido a esses fatores, o Sindhobar faz convênios com entidades como o Senac para preparar os trabalhadores. No setor de bares, o cargo mais carente de mão de obra é o de garçom, que representa um terço do
quadro de empregados da empresa. E diz que para a cidade receber a Copa do Mundo essa categoria profissional tem que saber uma língua estrangeira. Mais do que o próprio dono, porque o contato com o cliente praticamente se limita aos garçons. “Não precisa ser um inglês fluente, o garçom precisa entender o técnico como uma coca-cola com gelo e limão”. Na área da construção civil o problema é semelhante. Ezídio Santos, presidente da comissão política e de relações trabalhistas do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Distrito Federal (Sinduscon-DF), fala das dificuldades para se contratar de um ano e meio para cá. Devido ao boom no setor, houve um aumento significativo na procura por profissionais
especializados na área da construção civil. “Temos dificuldade de arrumar eletricista, carpinteiro, armador e bombeiro hidráulico”, enumera. Esse déficit fez com que as empresas investissem para reter empregados, oferecendo salários atrativos e assistência médica. “Hoje a rotatividade diminuiu porque o empresariado investe mais em curso de capacitação e oferece até curso de informática”. O presidente do Sinduscon-DF, Julio Cesar Peres diz que a solução para se investir na capacitação dos profissionais é um planejamento de longo prazo. “De 2004 a 2010, o número de empregos no setor saltou de 1,8 milhão para 2,9 milhões, segundo dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic). Até outubro de 2011, o setor gerou 309.425 vagas com carteira assinada”, destaca Julio Cesar Peres. Ele afirma que para minimizar essa defasagem de mão de obra qualificada no DF, as entidades do setor da Construção Civil têm feito a sua parte. Como é o caso do Serviço Social do Distrito Federal (Seconci-DF), que oferece cursos nas áreas de Segurança do Trabalho, Alfabetização e Capacitação. O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) também tem contribuído por meio de cursos técnicos e de qualificação profissional. No caso das lojas, uma solução de curto prazo para suprir a demanda é investir nos temporários. Antônio Moraes, do Sindivarejistas, diz que o comércio do DF cria em média seis mil empregos temporários a cada ano. “É preciso oferecer capacitação ao funcionário para que ele possa atender melhor o consumidor. O cliente hoje é muito mais exigente”. O presidente da Federação do Comércio do Distrito Federal (Fecomércio), Adelmir Santana, faz uma análise da realidade atual. Ele explica que houve descompasso do crescimento
da cidade com a formação de mão de obra. “Houve certa negligência na área dos cursos técnicos e, mesmo hoje, o esforço do Senac e Senai não consegue atender esta demanda”. Ele considera necessário que sejam pesquisadas quais as reais demandas do mercado, para não haver uma superposição de determinada função. Como, por exemplo, formar mais funcionários de uma categoria e a outra ficar defasada.
Julio Peres defende efetiva capacitação dos profissionais no setor de serviços
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