Mundo Animal
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Por: Pedro Wolff | Fotos: Victor Hugo Bonfim
Bichinhos Estranhos
U
nir o amor a animais silvestres e o engajamento ambiental. Esse é o sentimento que move o servidor público Wesley Junqueira Alves, 32 anos. Por isso, há dois anos ele fundou e preside o grupo dos Criadores de Animais Silvestres Nativos e Exóticos do Distrito Federal (Case-DF). Hoje com 400 filiados na capital federal e em outras cidades do Brasil, o grupo atua na preservação das espécies por meio do combate ao comércio ilegal e do incentivo à implantação de criadouros autorizados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Esses defensores da fauna também têm seus animais de estimação. Alguns nada comuns, como iguanas e teiús. Com 1,60m de comprimento, a jibóia Panthro (é macho) é o animal que faz companhia a Wesley há pouco mais de um ano.
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A cobra foi adquirida em um viveiro do Pará. Mas o presidente da Case-DF informa que “99% das serpentes criadas no país são ilegais”. E acrescenta que de acordo com dados da Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas), “para cada animal silvestre contrabandeado, nove morrem pelo caminho”. Wesley cita quanto o Brasil perde em receita ao não estimular o comércio de forma sustentável de animais silvestres. “Esse mercado movimenta no mundo quase 70 bilhões de dólares. Desse total, o Brasil participa com menos de 7%”, enfatiza. Ele reforça que a Holanda, por exemplo, exporta 20 vezes mais papagaios brasileiros do que o próprio Brasil. Isso porque, aqui no país, é muito grande a burocracia para regulamentação de um criadouro de qualquer espécie de animal, argumenta o presidente do Case-DF. O Ibama é o responsável pela concessão das licen-
ças e, na opinião de Wesley, “o órgão faz tantas exigências que desestimula muitos criadores, além do processo ser muito demorado”. O analista ambiental do Ibama, Felipe Alves Barroso, destaca que os interessados em ter um criadouro devem apresentar documentos necessários. Em seguida, o Ibama fará uma inspeção para avaliar se o empreendedor está apto. Ele diz ser necessária essa burocracia para evitar maus tratos ou risco de fuga dos animais. Um fator que dificulta a liberação de licenças, admite Felipe Alves, é a falta de estudo sobre esses animais. “É preciso estudar as reações dos animais para garantir a segurança dos seres humanos”, esclarece. O analista ambiental alerta que posse ilegal de animal constitui um crime ambiental. Os interessados devem checar com o Ibama da sua região quanto à legalidade da loja ou criadouro.
A equipe do CASE-DF, dedicada ao amor pelos animais silvestres
Como nasceu o Case-DF Hoje, o grupo Case-DF costuma realizar campanhas em shoppings e parques para mostrar às pessoas a importância da preservação e do combate ao tráfico. E o apoio à causa já chegou ao Congresso Nacional. A “bancada eco-passarinheira”, a Frente Parlamentar de Proteção Animal e alguns parlamentares, de forma independente, apóiam a causa. Nos encontros do grupo, há a preocupação de mostrar às pessoas que aqueles animais um tanto incomuns nasceram em um ambiente doméstico e que são mansos. Wesley Junqueira Alves garante que sua cobra de 1,60m de comprimento é um animal manso e causa mais curiosidade e admiração do que medo nas pessoas. “É como qualquer outro animal de estimação que tem suas peculiaridades como qualquer outro”, comenta. Uma das peculiaridades às quais Wesley se refere é a do réptil não ser tão afetivo como um mamífero. Mas, independente disso, ele desperta admiração por sua imponência, elegância e independência. Uma das vantagens de criar esses animais é que se pode criar em espaço pequeno. “Na hora que você não quer contato com ele,
você pode deixá-lo no terrário, e ele não ficará estressado”. Wesley diz que essa independência lhe causa admiração e mesmo assim ele assiste TV com o Panthro e o leva para pegar sol. Mas Wesley nem sempre teve esse amor por serpentes e de-
mais animais silvestres. Ele conta que, quando era mais jovem, era comum matar as cobras que apareciam na chácara de sua avó. Aos 15 anos ele começou a se questionar e percebeu que a maioria das cobras que ele matou não era peçonhenta. “Fui vendo o papel que elas desempenham no equilíbrio na natureza e aos poucos comecei a amar estes animais”. Serviço Case-DF | Wesley Junqueira (61) 8448.6766 wesley@casedf.com.br
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