MEB | OLINDA, A CIDADE DOS ARTISTAS

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Amélia Couto Antônio Mendes Antônio Paes Betty Gatis Daniel Samico Humberto Magno Ismael Caldas Iza do Amparo Jairo Arcoverde Zé Carlos José Cláudio José de Moura Leonardo Arcoverde Liliane Dardot Luciano Pinheiro Mané Tatú Marcelo Peregrino Paulo do Amparo Petrônio Cunha Rayana Rayo Gilvan Samico José Carlos Viana José Tavares

agosto/2019


Olinda, a cidade dos artistas


Esta exposição Olinda, a Cidade dos Artistas é uma abordagem da cidade como uma comunidade propícia à vida artística. Mesmo existindo a cinco quilômetros do centro, do Recife, uma metrópole, ou talvez por isso mesmo, seu Sítio Histórico sempre foi um aprazível, belo e acolhedor lugar para se viver na condição de artista. Olinda, no século passado, abrigou pouco a pouco artistas de todas as categorias: músicos, fotógrafos, gente de teatro, escritores e artistas plásticos. Outro aspecto fundamental contribuiu para isto: a abundância de espaços com locações baratas entre os anos de 1950 e 1980. Os artistas precisam de tranquilidade, mas também de espaço. Não estamos apresentando esta mostra num viés crítico, trata-se de uma narrativa das sequências de acontecimentos que aqui se desenrola neste setor da cultura, que talvez soe palavroso pelo excesso de citações, nomes, datas, mas que achamos interessante para quem deseja saber e se informar dos meandros da arte em Olinda. Um dos primeiros artistas de Olinda foi o desenhista ilustrador Hugo de Paula, que em 1937, instalou aqui seu ateliê, onde também dava cursos de desenho e pintura, no Centro Cultural Humberto de Campos fundado por seu

irmão, o político e também fundador das Ligas Camponesas Francisco Julião, num sobrado vizinho ao Mercado da Ribeira. Possivelmente não foi o primeiro entre pioneiros artistas da cidade. Foi a partir dos anos de 1950, com o ateliê coletivo de Montez Magno, Anchises Azevedo e Adão Pinheiro que se iniciou a ocupação de artistas que gerou a ideia desta exposição. A sequência de fatos é muito conhecida: a criação do Movimento da Ribeira pelos artistas que ocuparam por intermédio do prefeito Eufrásio Barbosa o Mercado da Ribeira em 1965; a criação da Cooperativa de Artes Plásticas Oficina 154; o Ateliê Mais 10; a instalação do Museu de Arte Contemporânea, como fruto da Campanha de Museus Regionais de Arte de Assis Chateaubriand; a Oficina Guaianases de Gravura, que se instalou também no Mercado da Ribeira, resultado da socialização dos equipamentos e das pedras litográficas do artista João Câmara e dos seus amigos, tendo à frente José Carlos Viana, mas também Delano, José de Moura, Luciano Pinheiro, Roberto Lúcio, Tereza Costa Rego, Samico, Liliane Dardot, entre outros; a criação, por Giuseppe Baccaro e um grupo de artistas do Ateliê Coletivo de Olinda,


responsável pelo renascimento da pintura de paisagem em Pernambuco. Desejamos aqui fazer alusão a generosidade de João Câmara e José Carlos que contou também com o interesse do arquiteto e artista Antenor Vieira de Mello, supervisor da Fundação de Preservação dos Sítios Históricos de Olinda, uma das pessoas mais entusiasmadas por esta ideia, agindo como mediador entre os artistas e os prefeitos José Arnaldo e Germano Coelho. Finalmente, tivemos a fase de Olinda Arte em Toda Parte, festival de artes plásticas que restaurou em muitos artistas a vontade de virem para cá criar, mostrar e comercializar seus trabalhos. Não se pode esquecer que o difícil mercado de arte reagiu na cidade com a instalação de galerias, umas que existiram e outras que ainda existem, como a galeria do Movimento da Ribeira em 1965; e depois na década de 1980, a galeria da Oficina Guaianases de Gravura, as galerias Lautreamont, Fandango, Varanda, 3 Galeras (de Tiago Amorim), Frans Post, Espaço Expositivo de Giuseppe Baccaro, Escritório de Arte Atenarte (do galerista Laurindo Pontes), Galeria Arte Geral, Galeria Sobrado (de Marcelo Peregrino),

Solar da Marquesa, Casa de Olinda, Espaço Luciano Pinheiro, A Casa do Cachorro Preto (de Raoni Assis), o restaurante Maison Bonfim, o botequim O Barrio (de Paulo Cavalcanti); além das galerias do Centro Cultural Mercado Eufrásio Barbosa e várias lojas de artesanato que também comercializam a rica produção de arte naife de Olinda. Fundamental é citar os museus da cidade: o Museu de Arte Contemporânea, o Museu de Arte Sacra de Pernambuco e o Museu de Olinda. Queremos mostrar nesta exposição alguns artistas que foram determinantes na continuidade desta ocupação, que teve também importante consequência, a formação de famílias de artistas que aqui se fixaram e se casaram e tiveram filhos que se tornaram também artistas, caracterizando assim a cidade. Naturalmente, a exposição não mostra todas essas famílias, em nosso projeto curatorial este tema retornará algumas vezes com variações que aprofundarão em outras mostras esta ideia de cidade dos artistas apresentando outros grupos familiares de artistas.


Não estão aqui, por exemplo, Tereza Costa Rego e Laura Francisca, sua filha; nem Roberto Lúcio e sua filha Marina Mendonça; Tiago Amorim e Marcos Amorim, seu irmão; ou ainda Maria Carmem e sua filha Vera Bastos. Não estão aqui também Aloisio Magalhães e Solange, sua mulher; ou ainda Luciano Pinheiro e Zeferino, seu irmão; Sylvia Pontual e seu neto Dudu, artista performático que anima a cidade; Bajado e sua filha Deda de Bajado; Alves Dias e sua mulher, a pintora naife Gina; Leide Melo e seu irmão o entalhador Ramos Melo. Também não fazem parte desta mostra o arquiteto, professor e artista Antenor Vieira de Mello e Nazaré Reis, sua mulher; Giuseppe Baccaro e seus filhos Matheus, Thomas e Francisco; o designer Roberto Peixe e sua filha Juliana Calheiros; Lourenço Ypiranga e seu filho Ypiranga Neto; Marisa Varella e a filha Gorettti; as irmãs Marisa e Marília Lacerda. Mostramos, porém, artistas individuais que têm ou tiveram importante presença na cidade com suas obras especiais e suas ligações com outros artistas que produziram dinâmicos desdobramentos na arte local.

São eles Ismael Caldas, José de Moura, Liliane Dardot, Luciano Pinheiro, Antônio Mendes, Amélia Couto, José Tavares. Das famílias de artistas que mostramos nessa exposição estão: José Cláudio e Mané Tatu seu filho; Gilvan Samico, Marcelo Peregrino, seu filho e Daniel Samico, seu neto; Humberto Magno, Paulo do Amparo e Iza Lins, mãe de Paulo; Jairo Arcoverde, sua mulher Bety Gatis e Leonardo Arcoverde, filho do casal; Petrônio Cunha e seu filho Antônio Paes e José Carlos Viana e seus filhos Rayana Rayo e Zé Carlos. Desejamos continuar a contar esta pequena e importante história da arte moderna na cidade de Olinda, além de abordar vários outros aspectos desse fenômeno que se aproxima de uma questão sociocultural da maior importância. Raul Córdula Olinda, agosto de 2019


José Tavares • “Retrato de Clara” Óleo sobre tela • 50 x 30 cm 1969 • Coleção Tânia e Carlos Marinho


José de Moura • “Dr. Aluísio – profissão palhaço” Óleo s/ tela • 80 x 60 cm Sem data • Coleção do autor


Liliane Dardot • “Coqueiro” Óleo s/ tela • 95 x 80 cm 1989 • Coleção Laurindo Pontes


Luciano Pinheiro • “Intolerância” Acrílica s/ tela • 70 x 100 cm 2016 • Coleção do artista


Petrônio Cunha • Sem título Recorte • 20 x 20 cm 2015 • Coleção Amélia Couto e Raul Córdula


Antônio Paes, filho de Petrônio Cunha • “Jungle Garden Circular 2” Nanquim s/ papel • 30 x 30 cm 2013 • Coleção do artista


Ismael Caldas • “O Enigma” Óleo s/ tela • 92 x 62 cm 2016 • Coleção José Antônio Sales (Totonho)


Jairo Arcoverde, casado com Betty Gattis • “Figura” Acrílica s/ tela • 28 x 20 cm 1983 • Coleção Amélia e Raul Córdula


Betty Gatis, casada com Jairo Arcoverde • Sem título Cerâmica de Alta Queima • 40 x 40 cm e 30 x 30 cm Coleção da artista


Leonardo Arcoverde, filho de Jairo Arcoverde e Betty Gatis • “Gato” Acrílica s/ tela • 40 x 60 cm 2008 • Coleção do artista


José Cláudio • “Pernas” Óleo s/ tela • 80 x 60 cm 1981 • Coleção Cláudio Córdula


Manuel Cláudio (Mané Tatú), filho de José Cláudio • “Mangue de Guadalupe” Acrílica s/ tela • 54 x 60 cm 2009 • Coleção Cláudio Córdula


Amélia Couto • “Pele sobre pele” Fotografia sublimada em tecido • 140 x 92 cm 2009 • Coleção da artista


Gilvan Samico • “Criação – As Estrelas” Xilogravura • 95 x 52 cm 2009 • Coleção Amélia Couto


Marcelo Peregrino Samico, filho de Gilvan Samico • “Carcará” Acrílica s/ madeira • 60 x 90 cm 2013 • Coleção do autor


Daniel Samico, filho de Marcelo Peregrino Samico e Neto de Gilvan Samico • “A lua e a onda” Xilogravura • 50 x 48 cm 2016 • Coleção Amélia e Raul Córdula


Antônio Mendes • “Paisagem” Acrílica s/ tela • 70 x 100 cm 2017 • Coleção do autor


Humberto Magno • “Bertioga” Guache s/ papel • 65 x 40 cm 1998 • Coleção Amélia e Raul Córdula


Iza Lins (Iza do Amparo) “Colagens” Acrílica s/ tela • 90 x 70 cm 2018 • Coleção da artista


Paulo do Amparo, filho de Humberto Magno e Iza do Amparo • “Samba Incompleto e Infinito” Óleo s/ tela • 70 x 90 cm 2018 • Coleção do artista


José Carlos Viana • “Alberto, o alquimista” Técnica mista • 62 x 92 cm 2007 • Coleção do autor


Zé Carlos, filho de José Carlos Viana • “Composição” Mista s/ tela • 80 x 50 cm 2019 • Coleção do autor


Rayana Rayo, filha de José Carlos Viana • “Paralelo” Mista s/ tela • 70 x 100 cm 2017 • Coleção da artista




foto: acervo da família

JOSÉ CARLOS VIANA O Centro Cultural Eufrásio Barbosa rende homenagem ao pintor José Carlos Viana, falecido dias após a abertura desta exposição, da qual ele participa ao lado dos seus filhos, também pintores, Rayana Rayo e José Carlos. José Carlos Viana foi um ativo agitador da vida cultural das cidades de Olinda e Recife, não apenas como artista, mas também como gestor. Em diferentes períodos foi presidente da Fundação de Cultura Cidade do Recife, Diretor do Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco, coordenador geral dos Museus do Estado de Pernambuco, membro do Conselho de Cultura do Estado de Pernambuco; e, principalmente ao lado de João Câmara, corresponsável pela instalação e funcionamento da Oficina Guaianases de Gravura, da qual também foi presidente.


GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO

EXPOSIÇÃO

Paulo Henrique Saraiva Câmara Governador do Estado de Pernambuco

Curadoria Raul Córdula

Luciana Santos Vice Governadora

Fotografia das Obras Gustavo Bettini

SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

Projeto Gráfico Pedro Alb Xavier

Bruno Schwambach Secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado de Pernambuco AGÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DE PERNAMBUCO - AD DIPER Roberto de Abreu e Lima Almeida Diretor-presidente da AD Diper Márcia Maria da Fonte Souto Diretora de Promoção do Artesanato e da Economia Criativa Maria Eduarda Belém Coordenadora do Centro Cultural Mercado Eufrásio Barbosa COMPANHIA EDITORA DE PERNAMBUCO - CEPE PREFEITURA MUNICIPAL DE OLINDA



apoio

realização


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