Revista Inn São Paulo #4

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Editorial w w w . i n n s a o p a u l o . c o m . b r

Expediente DIRETORA RESPONSÁVEL Fátima Lopes fatimalopes@innsaopaulo.com.br DIRETOR EXECUTIVO João de Paulo Neto joaodepaulo@innsaopaulo.com.br PROJETO EDITORIAL Editora Inn

FOTO DE CAPA: KEINY ANDRADE

CONSELHO EDITORIAL Rosane Aubin Fátima Lopes João de Paulo Neto EDITORA CHEFE Rosane Aubin

Estão chegando as flores

PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO

DIREÇÃO DE ARTE Edgard Santos Jr. Eric Iwamoto

Q

UEM MORA em São

todos os gostos, Cláudia Rocco fez

Paulo sabe que a

uma cuidadosa seleção de atrações

cidade é pobre, muito

culturais e entrevistou os atores que

pobre

áreas

interpretam o casal central de Shrek

verdes. Mas, quando a natureza tem

- O Musical. Lucy Cardia investigou

espaço para brotar, e a mão habilidosa

os lançamentos imobiliários da cidade

do paulistano entra em ação, São

e

Paulo pode virar uma linda cidade,

sustentabilidade estão em alta. Eu,

como prova a reportagem feita com

seguindo a dica da amiga Bride

carinho pela jornalista Renata

Machado, fui ao Colégio Dante

Turbiani.

Ela

em

desafiou

descobriu

que

tecnologia

e

quatro

Alighieri conhecer as pinturas que

paisagistas a escolher os parques mais

o artista Canato está fazendo nos

bonitos da cidade, e o fotógrafo Keiny

corredores da escola, e fiquei

Andrade foi registrar a explosão da

impressionada

primavera

em

renascentista

com do

o

pintor.

estilo

entrevista, ele conta que já pintou

Fundação Maria

várias capelas, inclusive a que Hebe

Luisa e Oscar

Camargo ganhou de presente do

Americano e o do

sobrinho. E tem mais: moda,

Ibirapuera.

decoração, pizzarias, academias...

E

FOTO Keiny Andrade TEXTO Renata Turbiani Cláudia Rocco Lucy Cardia DIRETORA DE PROJETOS ESPECIAIS Alessandra Cominara alessandra@innsaopaulo.com.br JORNALISTA RESPONSÁVEL Rosane Aubin (MTB 12.275) ASSISTENTE DE PUBLICIDADE Pedro de Paulo IMPRESSÃO

Em

dois deles, o da

como São Paulo

DIRETOR DE FOTOGRAFIA Julio Portes

REDAÇÃO E PUBLICIDADE Av. José Giorgi, 1.121 Cj. 15 Granja Viana - Cotia - São Paulo CEP: 06707-100 Tel.: (11) 4612-2253 editora@innsaopaulo.com.br As opiniões e os artigos nesta edição não expressam, necessariamente

é pródiga em

Uma ótima leitura!

programas para

Rosane Aubin

a opinião dos editores. É proibida e reprodução em qualquer meio de comunicação das fotos e matérias publicadas sem a autorização do editor. As pessoas não listadas no expediente não estão autorizadas a falar em nome da revista ou a retirar qualquer tipo de material sem prévia autorização emitida pela redação ou pelo departamento de marketing da revista INN São Paulo. Os preços citados nesta edição estão sujeitos a alterações sem aviso prévio bem como os estoques dos produtos são limitados.

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Sumário

w w w . i n n s a o p a u l o . c o m . b r

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Capa Inn Os mais belos jardins

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Reportagem Imóveis: sustentabilidade e tecnologia em alta

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Dicas O ogro canta na cidade

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Motores Os carros que dispensam motorista

46 GPS

O mapa das joias

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Happy Hour Avek mistura adega e bistrô

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Decoração

INN SÃO PAULO I 2013

Moda Verão alegre

58

Roteiro

Next Nature: beleza natural

Pizzarias e academias

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66

Canato: pintura à moda Renascentista

O ousado Edifício Martinelli

Cidadão Inn 6

52

São Paulo em 2 Tempos



Happy Hour

“SE VOCÊ NÃO GOSTA de um prato, é melhor não colocá-lo no cardápio. Vai acabar sendo malfeito”, diz o chef Alain Uzan, um francês radicado no Brasil há 14 anos que agora está à frente do restaurante Avek, no corredor gastronômico da Rua Joaquim Antunes. Ele justifica assim a variedade gastronômica do novo espaço, em que criou um cardápio com seus pratos preferidos: a base é flagrantemente francesa, mas o paladar apurado do chef também viajou por outras nacionalidades, incluindo especialidades como o ceviche e o arroz com pato à portuguesa. E o melhor: apesar de as delícias valerem por si sós uma degustação, elas ainda são harmonizadas com os vinhos selecionadas pela sommelière Luciene Carvalho. Os rótulos também podem ser levados para casa. “O Avek nasceu com a proposta de unir no mesmo espaço restaurante, bar à vin e loja de vinhos”, diz Uzan. Sobre o fato de ter como vizinhos vários restaurantes conceituados, como o Maní, 46º colocado na lista de 50 melhores do mundo, o francês diz que é um privilégio. “Meu pai sempre dizia que ter uma forte concorrência faz com que gente tente sempre fazer o melhor”, diz. Quem quiser conhecer melhor a história de Alain Uzan, aliás, tem uma ótima chance com o documentário Por Que Você Partiu, de Eric Belhassen, em que ele, ao lado de Erick Jacquin, Emmanuel Bassoleil, Roland Villar, Frédéric Monnier e Laurent Suaudeau, conta por que se mudou da França para o Brasil e ficou. Para sempre. “Estou muito bem aqui”, diz. www.avek.com.br

FOTOS: TADEU BRUNELLI

À moda do chef

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Alain Uzan: para o prato ficar bom, o chef tem que gostar 8

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Dois em um: gastronomia e adega do Avek

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Happy Hour Festa doce

Brezel Presunto

O ANO DA ALEMANHA NO BRASIL, festejado entre maio deste ano e maio de 2014, inspirou a doceria Leckerhaus, nos Jardins, a preparar quitutes especiais que começaram a ser servidos no início de agosto. Entre eles, os com maior potencial de causar água na boca dos fãs de bons doces são as tortas Obstorte Murbeteig e a Alemanha. A primeira tem massa fininha e crocante e cobertura de calda de frutas vermelhas. A Alemanha é feita com massa de baunilha e lascas de amêndoas, merengue, recheio de frutas vermelhas e cobertura de marzipan. Para os fãs de salgados, a doceria preparou várias versões de lanches com o pão brezel, em formato de laço: com recheio de rosbife, salmão e presunto. www.leckerhaus.com.br

Festa alemã: a Leckerhaus serve pratos especiais como o brezel de presunto, a torta Alemanha e a Obstorte Murbeteig

Torta Alemanha

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Obstorte Murtebeig


Decoração

HABITAT NATURAL Madeiras com vincos à vista, pisos de pedras rústicas e plantas ganham cada vez mais espaço com o estilo Next Nature Por: Renata Turbiani I Fotografia: Divulgação

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Decoração

Q

UERENDO DAR UMA RENOVADA no visual da sua casa? Então aposte sem medo na Next Nature, tendência para o verão 2014 apontada pela WGSN, líder mundial no serviço de pesquisa on-line, análise de tendências e notícias para as indústrias da moda e de estilo, e que tem entre os clientes Adidas, Dolce & Gabbana, Diesel, Harrods, MTV, Sony Ericsson e Zara. Como explica Daniela Bernauer, gerente de Home Build Life da WGSN Brazil, segundo o movimento Next Nature, no futuro todos nós iremos pensar sobre as coisas biologicamente em vez de mecanicamente. “Ideias tradicionais de natureza e ecologia estão sendo revistas enquanto a natureza nos mostra que ela também faz parte da humanidade, da tecnologia e do design”, diz. Ela observa que as plantas estão cada vez mais sendo incorporadas nos interiores e no design de produtos, seja em sua forma real ou em sugestões por meio de cores, materiais e estruturas. “O importante é criar a sensação, mixando cores e materiais sintéticos e naturais nos ambientes”, afirma. Em seu espaço na Casa Cor 2013, um dos principais eventos de decoração do país – foi realizado em São Paulo entre os dias 28 de maio e 21 de julho – o arquiteto Bruno Gap incorporou a tendência. Ele participou da mostra

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com o Ateliê do Estilista, projetado especialmente para Eduardo Pombal, criador da nova coleção da grife Tufi Duek para a Fashion Week. “Tudo o que remete à natureza, mas sem ser no sentido óbvio, é considerado Next Nature. É possível aplicá-la na decoração por meio de elementos naturais, texturas, revestimentos e cores como painel de madeira com vincos bem delineados, piso de pedras e peças rústicas, tudo isso somado ao uso de cores neutras (variados tons de bege, verde e marrom e o branco)”, diz o profissional. Com o Ateliê do Estilista, Bruno Gap buscou desenvolver um local que integrasse escritório e living sob uma atmosfera campestre. O segredo apareceu nos materiais, nos itens escolhidos e em sua disposição. “Os produtos certos são essenciais para atingir os resultados esperados na decoração. Minha proposta foi demonstrar que, mesmo incomum em escritórios e home offices, o natural é totalmente indicado a esse modelo de ambiente, e os produtos me deram todo o suporte”, comenta. Entre as escolhas do arquiteto estão o tapete Sunpat, da By Kamy, produzido artesanalmente em ponto fino e com fibras de bromélia em sua composição; a mesa Dinn, da Clami, fabricada em aço carbono revestido por lâminas de madeira; e o piso Natural Stone Crossover, da Portinari, que reproduz a aparência de pedras calcárias.


“Esses elementos proporcionam aconchego e bem-estar. Eles funcionam como um escape do concreto das grandes cidades e, quando bem aplicados e usados com leveza, são totalmente atemporais”, diz Bruno. E quando falamos em natureza não podemos nos esquecer das plantas, claro. Incorporá-las à decoração também faz parte do Next Nature. A ideia, neste caso, é usá-las de uma forma diferente. Cultivadas em um vaso extremamente rústico ou que deixe as raízes aparentes são algumas opções. Também dá para traduzir a tendência de forma mais sutil: ao adicionar uma peça em formato de folha ou uma almofada com estampas florais, por exemplo.

5 Autêntico: o estilo traz para

dentro de casa a rusticidade da madeira, o verde das plantas e a solidez das pedras

3 Natureza explícita: o

estilo Next Nature foi usado por Bruna Gap na criação do Ateliê do Estilista para a Casa Cor

Outras tendências A WGSN apontou ainda outras duas tendências relacionadas à decoração e ao design de interiores: Neo Geo e NDA (do inglês, New Digital Aesthetic ou Nova Estética Digital). Daniela Bernauer, gerente de Home Build Life da WGSN Brazil, fala um pouco mais sobre elas. Neo Geo: “Cientistas declararam uma nova era geológica: a Antropocena. É uma nova era fabricada pelo homem, que reconhece a extensão dos efeitos que a humanidade tem tido na Terra. Nosso planeta não é mais somente sujeira, pedras e minerais, mas também plástico, concreto e lixo, e as sobras do homem se tornaram um material geológico inspirador. Designers se afastam do excesso de consumo para adotar uma maneira diferente e mais positiva de conceber e desenvolver produtos. O foco está em combinar materiais rústicos com processos hi-tech e reinventar objetos em vez de produzir novos. Com isso, temos referências de tons terrosos neutros, tintas com acabamento mais natural, materiais com camadas definidas aparentes, artesanato minimalista...” NDA: “A maneira como nós vemos o mundo está mudando. Enquanto passamos mais tempo olhando a vida através das lentes de nossos smartphones, câmeras, tablets e computadores, as maneiras como essas máquinas ‘enxergam’ e como nós enxergamos estão se entrelaçando. As máquinas não vêem diferença entre o bonito e o feio e isso está influenciando o design de hoje, fornecendo novas oportunidades para designers explorarem o que pode ser o ‘novo feio’. O ‘pixel infinito’ do design chegou, com componentes singulares que se combinam de diversas maneiras para chegar a um número incrível de shapes e objetos. Produtos podem ser percebidos de diversos pontos de vista. Espelhos, prismas, facetados e geométricos são chave para essa tendência. Uma nova geração de objetos está surgindo, trazendo a estética do 2D para o mundo virtual do estilo de vida 3D”.

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Temas sagrados: a pintura Sete Obras de Misericテウrdia

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Cidadão

UMA JANELA PARA O SUBLIME Canato pinta paredes e capelas à moda renascentista Por: Rosane Aubin

2013 I INN 2013SÃO I INN PAULO SÃO PAULO

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H

Cidadão

Á TRÊS ANOS as crianças que estudam no Colégio Dante Alighieri, nos Jardins, acostumaram-se a ver aquele pintor com roupas manchadas de tintas de várias cores subir no elevador-andaime. Tornou-se parte do dia a dia da escola parar para observar surgirem das tintas e pinceis homens e mulheres sofrendo, castigos terríveis e até um paraíso com a bela Beatriz, mas tudo com uma beleza estética que remete − até para quem não é nenhum fã das artes plásticas − a quadros famosos e nomes que viraram lenda: Caravaggio, Leonardo da Vinci, Botticelli, Rafael... “Alguns viraram amigos, param todo dia para conversar. E até já adotei algumas sugestões das crianças, elas têm ideias brilhantes”, diz Canato, de 47 anos, um pintor que nasceu no século XX mas que bem poderia ter sido colega dos artistas citados anteriormente, nos séculos XV e XVI, quando a Itália viu ressurgirem as formas perfeitas e a estética apurada da Antiguidade Clássica. Canato já pintou 100 metros quadrados nas paredes dos corredores do Dante Alighieri. Reproduziu o célebre inferno tão bem descrito pelo escritor que dá nome ao colégio no clássico A Divina Comédia, com seus nove círculos, castigos e pecados dos mais variados tipos e gravidade. A obra, aliás, é tão significativa para a cultura ocidental que até a igreja adotou as definições do escritor; e recentemente Dan Brown, um dos maiores produtores de best-sellers do planeta, inspirou-se nela para criar seu novo romance, Inferno. Nas paredes da escola, Dante aparece de roupa vermelha, às vezes acompanhado por

Virgílio, descendo ao inferno, no purgatório e depois entrando no paraíso, conduzido por Beatriz. O artista também criou dois painéis em homenagem a Leonardo da Vinci, em que o artista aparece em vários momentos de sua trajetória pintando algumas de suas obras mais conhecidas. Canato é um artista de grandes espaços: já pintou várias capelas, incluindo uma na casa de Hebe Camargo. Diz que esse exercício lhe deu mais intimidade e facilidade para pintar, mas mantém a produção de telas. Às vezes, como em Sete Obras de Misericórdia, as dimensões superam e muito os limites de um quadro médio: a pintura tem 3,75 metros por 2. Essa obra ganhou o prêmio principal Salão Paulista, em 2001. O artista, aliás, coleciona prêmios, mas seu grande prazer mesmo é interagir e perceber o efeito de suas obras públicas nas reações dos transeuntes que vão e vem. “Minha obra tira a pessoa daquele bem-estar cômodo do dia a dia, faz pensar, lidar com os problemas que estão dentro de nós e só vão se resolver se enfrentarmos. Mas estou preocupado em indicar um possível caminho, ajudar a trilhar uma vida melhor”, diz. Atualmente, além de pintar os corredores do Dante, ele prepara uma série de telas sobre os 12 trabalhos de Hércules e uma coleção de história da arte para crianças, em que assina os textos e as ilustrações. INN São Paulo conversou com o artista numa tarde no Colégio Dante Alighieri, numa conversa que era interrompida por crianças que vinham conversar com Canato. “Alguns vem todo dia me cumprimentar na entrada e na saída”, diz. INN SÃO PAULO - Como surgiu o convite para pintar o colégio? Canato - Já havia sido chamado duas vezes para fazer painéis no Dante. Antes do centenário, festejado em 2011, deu certo. O presidente do colégio, José de Oliveira Messina, que gosta muito de arte, me chamou e estou aqui desde 2010. A primeira obra precisava ficar pronta para a comemoração, mas eu acabei fazendo a Divina Comédia e mais um painel sobre Leonardo da Vinci. Eu pensei que iria parar por aí, mas estamos continuando, acho que por conta da repercussão interna, pais e alunos gostam muito. Você vem todo dia para cá? Virou minha rotina, eu faço várias outras coisas, mas venho todos os dias. Eu adoro isso que estou vivendo: acordar, andar pela cidade. Eu moro em Pinheiros, venho de metrô, e gosto de andar e saber que vou chegar na minha parede, subir o andaime... É uma vida de pintor. É romântico pensar assim, mas eu consegui fazer o que sonhava quando era pequeno. Em vários momentos, como quando pintei uma capela, fiquei morando dentro desse lugar um ano e meio, no interior, em Espírito Santo do Pinhal. É uma capela linda. Tem mais área pintada lá do que aqui no Dante, são cerca de 150 metros quadrados. Aqui já são 100, vou pintar mais 35. É uma área considerável.

Canato em seu elevador-andaime, no Colégio Dante Alighieri 16

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Como é essa convivência intensa com o público? O Dante é minha primeira obra pública de fato, antes eu era como outros pintores, tinha um trabalho solitário no ateliê. Aqui, pinto enquanto as pessoas passam, param para falar comigo. As crianças gostam de me ver trabalhando. Elas conversam, às vezes dão sugestões brilhantes. Eu uso coisas antigas: para traçar uma linha, por exemplo, uso barbante e carvão, dou uma estilingada e a marca fica na parede. As crianças adoram, pedem para fazer de novo. Com isso, o doutor Messina acabou me convidando para organizar um curso livre de arte. O curso nasceu, já tem 60 alunos, me deram um ateliê. É um espaço lú-


Castigos: parte do corredor do Dante Alighieri

5 Cena da

Divina Comédia

5 Painel sobre

Leonardo da Vinci

3 O momento em que

o escritor é levado ao paraíso pela bela Beatriz

dico, eu não tenho nenhuma pretensão maior. Não sou professor, sou pintor, mas sei muito do meu trabalho, e como explicar. Sou autodidata, aprendi na raça. O que eu sei, sei mesmo. Tem algumas sutilezas que só pegamos com a prática. Criança você tem que deixar livre, ela tem que fazer o que quer, do jeito dela. Quanto eu tenho a oportunidade, explico um pouco de teoria, falo do pintor. Dou aula duas vezes por semana para três grupos, é aberto para todas as idades e para pessoas de fora. Tenho desde um aluno de 6 anos até mães. Como foi a preparação para fazer os painéis sobre a Divina Comédia? Eu segui a narrativa do próprio Dante, tentei ser literal. O primeiro painel é um resumo, o Dante aparece várias vezes, de vermelho, em alguns momentos acompanhado por Virgílio. Segui a narrativa, mas tive que tomar certas liberdades, porque é difícil reproduzir o inferno inteiro numa parede tão pequena. Ele é tridimensional, tem nove círculos, cada um é sempre pior que o anterior em sofrimento. E cada círculo tem várias subdivisões, com penas específicas para pecados específicos. É muito complexo, tomei a liberdade de escolher. No primeiro, por exemplo, que é um mar de sangue, juntei um punhado de cada pecado, coloquei no mesmo círculo. Eu li várias edições,

inclusive uma que explicava quem era cada personagem da história, porque o Dante inspirou-se em pessoas que realmente existiram. E gosto muito dos desenhos que o Botticelli criou para a história, com o Dante em várias posições e contextos. A pintura mural precisa disso, tem começo, meio e fim, narra uma história de um personagem. Como surgiu o seu interesse pela pintura? Não sei de onde veio essa vontade, mas eu nasci desenhando bem (risos). A minha avó era uma pintora de domingo, e de vez em quando eu sentia aquele cheiro de terebentina, queria fazer aquilo. Ganhei meu primeiro material muito cedo, porque desenhava muito, copiava qualquer coisa. Passava o fim de semana inteiro desenhando e meus pais foram chamados aqui no colégio para falar sobre isso. Então ganhei um livro da coleção Mestres da Pintura, e tive contato com a grande pintura. Pensei que nunca conseguiria fazer aquilo, tinha dificuldade para fazer figuras humanas. Meu pai, que é médico, me ajudou muito nisso. Desde o início você já gostava da pintura renascentista? Decidi lá atrás pela pintura clássica, já fiz 40 anos de pintura, se contar que pinto desde os 7 anos − mas vou comemorar 30, oficiais. Estudei comunicação visual no Mackenzie, trabalhei no mercado publicitário com ilustração e criação. 2013 I INN SÃO PAULO

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Cidadão Mas sempre que tinha a oportunidade de pintar, largava o emprego. Tive um grande professor, João Rossi, ele foi meu mentor, apesar de ser um pintor abstrato. Trabalhei no ateliê dele, foi um bom aprendizado, mas aprendi a usar óleo sozinho. Aos 19 anos, trabalhava como estagiário na Secretaria de Estado da Cultura, na Libero Badaró, e pintei minha primeira parede. Nessa época não conseguia fazer um corpo humano, estudava muitos nos livros de anatomia do meu pai. Aí comecei a usar as figuras estilizadas de Picasso, que me deram um atalho. Fui colocando cada vez mais detalhes, e num determinado momento saí do abstrato, meio Picasso, para um estilo mais próximo ao de Caravaggio. Depois de pintar o painel, foi difícil voltar para as coisas pequenas, até pinto quadros, mas me sinto à vontade na dimensão. Sou um pintor de grandes espaços, um muralista, na essência. Quantas capelas e paredes você já pintou? São várias... Pintei uma capela no Horto Florestal, que acho que não existe mais; um painel importante num prédio do Centro onde funcionava a Justiça do Trabalho. E a capela do Moinho Santo Antonio, uma pintura que ainda existe, mas está danificada. Quando pintei foi curioso, eles queriam que eu trabalhasse à noite, tinha uma visitação intensa. Acendiam tanta vela para Santo Antonio que a pintura pegou fogo (risos). Fiz uma parede inteira com todos os Antonios que conheci, meus avós, um amigo, o tio da minha mulher. Fiz também uma capela para Zé Victor Oliva e Hortência, quando eram casados, outra no interior, em Espirito Santo do Pinhal. Você também fez uma para a Hebe Camargo? Sim, há pouco tempo. Pintei escondido dela. Eu não a conhecia, já estava trabalhando no Dante, saía e ia para a casa dela. Entrava sem ela saber e passava o dia lá, durante um mês. O sobrinho dela, Cláudio Pessutti, encomendou. Atrás da parede que eu pintava estava o mezanino em que ela passava o dia. Eles me diziam: ‘A dona Hebe está aí’, e eu não podia fazer barulho. Fiz tudo num silêncio absoluto, via o carro dela passar... Quando terminei, ela viajou para o santuário de Lourdes. Eles terminaram a obra e abriram a parede, ela só viu quando voltou. Fiz uma Nossa Senhora de Fátima linda, e o projeto da capela é todo meu, criei a divisão espacial, os vitrais... Sei que ela gostou, mas não aconteceu um encontro, porque ela estava doente. Cheguei a ser convidado para a cerimônia de inauguração, que seria com uma missa do Padre Marcelo, mas no dia telefonaram desmarcando. Isso numa segunda-feira, e no sábado ela morreu. Eu soube pela imprensa que fizeram a inauguração, mas ela estava muito mal, então só estavam presentes os mais íntimos. Infelizmente não conheci a Hebe, mas fiquei

3 Nossa Senhora na capela que era de Hebe Camargo 18

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feliz porque soube que ela gostou demais. Outro dia a pintura apareceu no Fantástico, o Cláudio deu entrevista, abriu a casa. Você tem sempre esses temas com um pé na arte sacra. É religioso? Sou. Gosto de várias religiões. Sou católico, mas sou estudioso, me interesso por aprender. Gosto do ambiente, acho que as igrejas de hoje poderiam ser mais bonitas. Tenho esse sonho de pintar igrejas, porque foi graças a elas que a Renascença aconteceu. É uma via de mão dupla, a igreja proporcionou esse espaço, e os artistas usaram para passar a sua mensagem, que muitas vezes era maior do que a própria religião. O Michelangelo, por exemplo, não ficou preso a nada; fez obras interessantíssimas, que nos fazem pensar até hoje. Eu também não fico preso, questiono, quero saber o que significa de fato. Gostaria de ter uma paredona, um teto imenso, na minha mão, para poder resolver, criar um ambiente. Acho que no período da Renascença a arte humanizou as figuras góticas, que eram feitas para você temer a Deus, e de repente vem um Michelangelo e pinta um Deus lindo. Sou bastante religioso, não consigo desvincular arte e religião: acho a arte uma coisa de Deus, algo elevado. Quem faz ou consome arte de certa forma entra em contato com algo maior, que faz bem. Quando faço meu trabalho, não consigo não pensar em Deus. Sou religioso sim (risos). Qual a sua igreja predileta na cidade? Gosto muito de uma que é simples, onde casei, a São Pedro e São Paulo, no Morumbi. E a São Luiz, na Paulista. Não tanto da arquitetura, mas do teto. Tem uma perto da MTV (Paróquia de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, na Dr. Arnaldo). Não gosto da Nossa Senhora do Brasil, porque as pinturas são cópias de obras italianas, o pintor tentou fazer a Sistina. E tem uma igreja de italianos, a Paróquia Nossa Senhora da Paz, que tem afrescos do Fulvio Pennacchi e esculturas de Galileo Emendabili. É muito bonita, as esculturas conversam com a pintura.

Capela em fazenda no Espírito Santo do Pinhal


Capa

!

OS MAIS BELOS JARDINS DE Sテグ PAULO

Quatro paisagistas top elegem suas テ。reas verdes preferidas na capital Por: Renata de Farias

2013 I INN Sテグ PAULO

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S

Capa

UPERLATIVA EM TODOS os sentidos, São Paulo nem sempre carrega boa fama. Dizem por aí que é uma cidade cinzenta, árida e fria. Pode até ser, mas entre as toneladas de ferro e concreto de suas construções também existe vida − os mais de 100 parques, jardins e áreas verdes públicos, e isso sem contar os particulares, estão aí para provar. De norte a sul da capital visitantes e moradores se deparam com verdadeiros oásis, locais onde é possível passear, encontrar os amigos, praticar atividades físicas ou apenas relaxar em meio à natureza. Nesta edição da Revista INN São Paulo resolvemos eleger os mais belos jardins paulistanos, mas como essa seria uma missão quase impossível, convidamos quatro top paisagistas que têm escritórios na capital para nos ajudar: Alex Hanazaki, Benedito Abbud, Eduardo Fernandez Mera e Luis Carlos Orsini. Em suas listas, o Parque Burle Marx foi unanimidade. “Embora seja um parque, ele nasceu de um jardim, e é um local que tem uma história. Na década de 1940, o empresário Baby Pignatari quis dar um presente especial para sua noiva, e contratou Roberto Burle Marx para fazer o paisagismo da casa onde iriam morar”, conta Benedito Abbud. “Eu acho que é este um lugar lindo para se esque-

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! cer da vida”, completa Alex Hanazaki. Outros clássicos paulistanos também foram escolhidos por dois ou mais dos nossos jurados. Um deles é o Parque do Ibirapuera: “É um local bastante aprazível e bem cuidado, onde os frequentadores aproveitam ao máximo as mais diversas atividades ao ar livre”, segundo Luiz Carlos Orsini. Outro, o jardim francês do Museu Paulista: “Esse jardim possui uma formatação clássica francesa com espécies topiárias, espelho d’ água e paginação de piso em mosaico português. Ponto para a história brasileira”, na opinião de Eduardo Fernandez Mera. O terceiro é o Jardim Botânico de São Paulo: “Com suas estufas e o belo orquidário, o Jardim Botânico é um local interessante e um passeio delicioso para se fazer com a família nos finais de semana”, destaca Abbud. O quarto, o Parque da Água Branca: “Ótimo para caminhar”, segundo Hanazaki. A seguir você conhecerá um pouco mais sobre esses parques e jardins cheios de lembranças e vida. Também aproveitamos a oportunidade para falar de outros dois locais belíssimos citados pelos paisagistas, mas não muito conhecidos dos paulistanos: a Fundação Maria Luisa e Oscar Americano e o Solo Sagrado. Boa leitura! Bom relaxamento!


Alex Hanazaki

FOTO: MURILLO CONSTANTINO

- Parque do Ibirapuera - Praça Victor Civita - Parque Burle Marx - Parque do Carmo - Parque da Água Branca

Parque da Água Branca

Benedito Abbud Fundação Maria Luisa e Oscar Americano

-Jardim da Fundação Maria Luisa e Oscar Americano - Parque Burle Marx - Jardins do Museu Paulista (mais

conhecido como Museu do Ipiranga)

FOTO: KEINY ANDRADE

- Jardim do Parque da Luz - Jardim Botânico de São Paulo

Eduardo Fernandez Mera -Jardim do Solo Sagrado de Guarapiranga -Parque da Juventude -Parque Burle Marx -Jardim da Casa das Rosas -Jardins do Museu Paulista (mais conhecido como Museu do Ipiranga)

Parque Burle Marx

Luiz Carlos Orsini

FOTO: KEINY ANDRADE

- Parque Burle Marx - Jardim Botânico de São Paulo - Parque do Ibirapuera - Parque Villa-Lobos - Parque da Água Branca

Parque do Ibirapuera 2013 I INN SÃO PAULO

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Capa Capa

!!

Fundação Maria Luisa e Oscar Americano

FOTO: KEINY ANDRADE

O sentimento de preservação ambiental já estava presente nos projetos concebidos e desenvolvidos pelo engenheiro Oscar Americano. Foi então que, no final da década de 1940, ele e sua mulher Maria Luisa Ferraz Americano idealizaram e projetaram a futura residência da família, em que a principal preocupação era a integração arquitetônica e paisagística. A casa de 1,5 mil metros quadrados de área construída foi projetada pelo arquiteto Oswaldo Bratke e o parque pelo engenheiro agrônomo e paisagista Otavio Augusto Teixeira Mendes. No contrato firmado com Mendes, ficou estabelecido que ele seria pago por árvore de qualidade plantada e vingada. “Por causa disso, ele montou um viveiro nos fundos do terreno, importou mudas de diversos estados brasileiros e, com a ajuda de sua equipe, concluiu o trabalho após um ano”, relata Claudia Calandra Barroquello de Lima, diretora da Fundação Maria Luisa e Oscar Americano, localizada no bairro do Morumbi, na Zona Sul da capital. Em 1974, dois anos após o falecimento de Maria Luisa, seu marido instituiu a fundação, doando à cidade de São Paulo a casa em que viveu com a família durante 20

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anos, a coleção de obras de arte e o belo parque. A partir de 1980, os acervos arquitetônico, paisagístico e artístico tornaram-se acessíveis ao público. Totalizando 75 mil metros quadrados, o parque é uma das mais importantes reservas ecológicas da cidade, um local onde é possível passear, ler, meditar ou brincar com as crianças em meio a natureza. Lá se encontram cerca de 25 mil árvores. Dentre elas: angico, pau-ferro, sibipirunas, pau-brasil e jacarandá. Além da ampla área verde, a fundação possui o Salão de Chá (espaço para a degustação da bebida servida à inglesa) e salas para a realização de concertos musicais e cursos. Av. Morumbi, 4.077, Morumbi. Aberto de terça-feira a domingo, das 10h às 17h30. Entrada: R$ 10,00 (estudantes e pessoas com mais de 60 anos pagam meia entrada; gratuito para crianças até 6 anos e professores mediante apresentação de carteirinha da escola) e entrada gratuita para todos no primeiro sábado do mês. Informações: Tel. (11) 3742-0077 ou www.fundacaooscaramericano.org.br


Jardim Botânico de São Paulo

No final do século XIX, a área do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga − onde fica o Jardim Botânico de São Paulo −, na Zona Sul de São Paulo, era uma vasta região com mata nativa ocupada por sitiantes. Por ordem do governo de Júlio Prestes, as desapropriações na área vinham ocorrendo desde 1893, visando a recuperação da floresta, a utilização dos recursos hídricos e a preservação das nascentes do Riacho do Ipiranga. Em 1917 o local tornou-se propriedade do governo e passou a se chamar Parque do Estado. Até 1928 serviu para captação de águas que abasteciam o bairro do Ipiranga. Neste mesmo ano, o naturalista e orquidófilo Frederico Carlos Hoehne foi convidado para implantar um jardim botânico na região. “Foram então importadas da Inglaterra duas estufas metálicas, e assim surgiu o Jardim Botânico de São Paulo. Dez anos depois criou-se o Departamento de Botânica, na época órgão da Secretaria da Agricultura, Indústria e Comércio de São Paulo, e, em 1969, o Parque do Estado, onde ambos estão localizados, passou a denominar-se Parque Estadual das Fontes do Ipiranga”, conta Nelson Antonio Leite Maciel, especialista ambiental do Núcleo de Pesquisa em Educação para Conservação do Jardim Botânico de São Paulo. Ocupando 36 hectares e inserido em uma unidade de conservação, o local tem como compromisso primordial a pesquisa científica, a educação e o lazer. Lá, o visitante pode passear, fazer piqueniques e conhecer melhor a flora nacional. Mas não é permitido entrar com animais, jogar bola, andar de bicicleta, patinete ou skate e nem empinar pipa.

São muitas as atrações do Jardim Botânico de São Paulo: Museu Botânico Dr. João Barbosa Rodrigues, Jardim de Lineu, Estufas e Orquidário Dr. Frederico Carlos Hoehne, Palmeto Histórico, Bosque das Imbuias, Jardim dos Sentidos, Lago dos Bugios, Bosque dos Passuarés, Conjunto Escultural à Paz e à Liberdade, Brejo Natural, Lago e Trilha da Nascente do Riacho do Ipiranga, Alameda Fernando Costa, Lago das Ninféias, Córrego Pirarungauá, Bosque das Guaricanas, Túnel de Bambu, Mirante, Bosque do Pau-Brasil, Trilha de Terra Batida, Alameda Von Martius e Arboreto. Em seus bosques, alamedas e recantos o visitante encontra uma grande diversidade de espécies de árvores nativas e de outros países do mundo, como paineira branca, ingá, quebra-foice, cipreste italiano, sequóia, figueira lacerdinha, tamboril, suinã, imbuia e sapucaia. Mas também há outras espécies: orquídeas (são mais de 20 mil), bromélias, plantas epífitas (que vivem sobre outras plantas), xaxim, gramíneas, ninfeias, plantas aquáticas, carnívoras, manjericão e capim cidreira, entre muitas outras. Avenida Miguel Stéfano, 3.031, Água Funda Aberto de terça-feira a domingo e feriados, das 9h às 17h. Entrada: R$ 5,00 (estudantes e pessoas com mais de 60 anos pagam meia entrada). Informações: (11) 5067-6000 ou www.ibot.sp.gov.br 2013 I INN SÃO PAULO

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Museu Paulista rosas e arranjos de palmeiras e pinheiros. No bosque ao fundo do Museu encontram-se espécies como araribá-rosa, canela, canela-branca, cedro, embiruçu, falsa-seringueira, figueira-mata-pau, imbiruçu, jatobá, marinheiro, pau-ferro, pinheiro-do-paraná e sapucaia. Nas laterais do parque os bosques heterogêneos têm araribá-rosa, eucalipto, jacarandá-mimoso, jaqueira, paineira, palmeiras e sibipiruna. Foram registradas 186 espécies, das quais oito estão ameaçadas, como a cabreúva, a grumixama e o palmito jussara. No jardim francês é proibido andar de skate, bicicleta ou patins, atividades que são permitidas no restante do Parque da Independência. É importante salientar que o museu está fechado para reformas − a data de reabertura não foi informada −, mas as áreas verdes continuam abertas para visitação. Parque da Independência, s/nº, Ipiranga Aberto de terça-feira a domingo, das 9h às 17h. Entrada gratuita (apenas a visita aos jardins; o ingresso para o museu custa R$ 6,00). Informações: (11) 2065-8000 ou www.mp.usp.br

FOTO: DIVULGAÇÃO/SVMA

Às margens do riacho do Ipiranga, onde D. Pedro I proclamou a independência do Brasil, fica um dos jardins mais bonitos de São Paulo: o do Museu Paulista, mais conhecido como Museu do Ipiranga. Inspirado nos jardins do Palácio de Versalhes, na França, ele foi idealizado pelo paisagista belga Arsenius Puttemans, e sua construção aconteceu entre 1907 e 1909. O Museu Paulista, que fica no Parque da Independência, na Zona Sul da capital paulista, foi inaugurado em 7 de setembro de 1895 como museu de História Natural, e a primeira coleção que abrigou foi a do Coronel Joaquim Sertório. No período do Centenário da Independência, em 1922, foi reforçado o caráter histórico da instituição. A partir daí formaramse novos acervos, com destaque para a história da cidade. Atualmente, estão em exposição no local mais de 125 mil unidades, entre objetos, iconografia e documentação textual, do século XVII até meados do XX. O jardim em estilo francês é um convite ao relaxamento e à contemplação. Tem vegetação composta por áreas ajardinadas e bosques heterogêneos e, entre as espécies, destaque para as topiárias de azaleia, buxinho e falsa-figueira-benjamim, sem contar os canteiros de

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Parque Burle Marx Na década de 1940, o empresário Baby Pignatari contratou o renomado paisagista Roberto Burle Marx para idealizar e realizar os jardins de sua residência projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer. Lá, ele iria viver com a futura esposa, a princesa austríaca Ira Von Fürstenberg, mas o casal nunca chegou a desfrutar das belezas do local, pois se separou antes do casamento. Apesar de a história de amor não ter tido um final feliz, Pignatari acabou deixando um verdadeiro presente para São Paulo: o Parque Burle Marx, na Zona Sul. Inaugurado em 1995, ele destaca-se pelo conjunto das esculturas do painel de alto e baixo-relevo, espelhos d’água, pergolado, jardim xadrez e uma composição de 15 palmeiras imperiais. Sua vegetação é composta predominantemente por variedades remanescentes da Mata Atlântica (andá-açu, gameleira-brava, marinheiro, pau-brasil, copaíba, tapia, ipês amarelos e roxos, castanheira, paineira e sibipiruna são algumas). Nas áreas gramadas e nos jardins paisagísticos o visitante ainda pode encontrar costelas-de-adão, lírios, helicônias e clorofitos, bem como diversas orquídeas. “Uma curiosidade sobre o parque é que todo o adubo utilizado é proveniente de nossa estação de compostagem, área onde realizamos a decomposição do material vegetal produzido para transformá-lo em adubo orgânico”, conta Thiago Santos, gestor ambiental do local.

Mas nem só de flora vive o Parque Burle Marx, que tem 138 mil metros quadrados e é administrado pela Fundação Aron Birman. Lá também se encontram 92 espécies de fauna, sendo 82 de aves. Entre elas estão as aquáticas (socozinho, savacu, martim-pescador-grande, garça-branca-grande, irerê e biguatinga, por exemplo) e as aves de área aberta, como quero-quero, anu-branco e anu-preto. A vegetação também serve de abrigo para saguis, gambá-de-orelha-preta, preá, ratão-do-banhado, “camaleãozinho” (lagarto diurno que vive tanto sobre arbustos quanto no chão da mata), sapo-cururuzinho e rãzinha-piadeira. Segundo Santos, além de apreciar a natureza e relaxar, os visitantes podem praticar exercícios físicos − há trilhas para caminhada e corrida −, brincar com os filhos no playground, visitar a antiga Casa de Taipa e Pilão, datada do século XIX , e passear pelo Bosque das Jabuticabeiras, que tem árvores com mais de 100 anos de idade. No parque não é permitida a entrada de animais e nem andar de bicicleta e skate e jogar bola. Avenida Dona Helena Pereira de Moraes, 200, Panamby Aberto todos os dias, das 7h às 19h. Entrada gratuita. Informações: (11) 3746-7631 ou www.parqueburlemarx.com.br

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Parque Dr. Fernando Costa (Parque da Água Branca) O Parque Dr. Fernando Costa (ou Parque da Água Branca, como é mais conhecido), na Zona Oeste, foi criado em 2 de junho de 1929 pelo então secretário de Agricultura, Fernando Costa. Mas seu processo de formação começou bem antes: em meados de 1904, o então prefeito de São Paulo, Antônio da Silva Prado, idealizou a Escola Prática de Pomologia e Horticultura para que as pessoas pudessem se dedicar à atividade agrícola de forma profissional − a escola funcionou até 1911. “Este é um parque diferente de todos os outros que têm na cidade. Ele tem uma vocação mais rural. Por exemplo, aqui o visitante encontrará galinhas, patos, gansos, pavões e micos, todos soltos, e ainda pode ter aulas (pagas) de equitação”, comenta Maria Lúcia Vieira Lisbois, diretora do local. Em 1996, o espaço foi tombado como bem cultural, histórico, arquitetônico, turístico, tecnológico e paisagístico pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado (Condephaat) e, em 2004, foi tombado também pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp). Seus prédios em estilo normando foram projetados por Mário Whately, e os vitrais do portal de entrada, em estilo

art déco e datados de 1935, desenhados pelo artista Antonio Gomide. A área atual é de quase 137 mil metros quadrados, sendo 79 mil de área verde. Como explica Maria Lúcia, não se trata de uma reserva de mata nativa, mas um parque totalmente implantado, desde a construção até a vegetação. Por lá encontram-se aproximadamente três mil árvores adultas (araucária, pitangueira, palmeira imperial e jabuticabeira são algumas). Há ainda diversas espécies utilizadas para fins paisagísticos e de alimentação para animais. No parque o visitante pode praticar atividades físicas; participar de cursos e oficinas gratuitos ou simplesmente curtir a paisagem e o caráter rural que inspira a área. Lá não é permitido andar de skate, bicicleta e patins e nem passear com animais. Outras atrações são a feira de produtos orgânicos (acontece às terças, sábados e domingos, das 7h às 12h), o Museu Geológico, a Casa do Caboclo, o Espaço Leitura, a Arena, o Pergolado, o Bambuzal e a Trilha do Pau-Brasil. Avenida Francisco Matarazzo, 455, Barra Funda Aberto todos os dias, das 6h às 22h. Entrada gratuita. Informações: (11) 3865-4130 ou www.ambiente.sp.gov.br/parqueaguabranca

FOTO: MURILLO CONSTANTINO 26

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Parque do Ibirapuera Andar de bicicleta, skate e patins, praticar exercícios físicos, jogar vôlei, basquete e futebol, passear com os cachorros ou simplesmente relaxar em meio à natureza. Essas são algumas das atividades que o visitante pode fazer no mais famoso dos parques de São Paulo, o Ibirapuera, na Zona Sul. Construído como parte da comemoração do 4º Centenário da cidade, ele foi inaugurado em 21 de agosto de 1954. Mas antes disso, em 1928, foi instalado na área um viveiro de plantas, da Divisão de Parques e Jardins da Prefeitura, para impedir que os terrenos fossem invadidos, ao mesmo tempo em que se plantavam eucaliptos para reduzir a umidade do solo e dificultar a presença de posseiros. O projeto arquitetônico do Ibira, como é carinhosamente chamado pelos paulistanos, ficou a cargo de Oscar Niemeyer, Eduardo Knesse de Mello, Ícaro Castro Mello, Ulhôa Cavalcanti e Zenon Lotufo. Já o paisagismo foi obra de Otávio Augusto Mendes, mas Roberto Burle Marx também contribuiu − em 1992 ele foi convidado para fazer algumas melhorias. Hoje ocupando uma área de 1,6 m ilhão de metros quadrados, o Parque do Ibirapuera possui riquíssima flora. Lá são cultivadas mais de 200 espécies de árvores nativas da Mata Atlântica, além de plantas exóticas, gramados, forrações, arbustos

e palmeiras. A Secretaria do Verde e do Meio Ambiente da Prefeitura de São Paulo diz que a manutenção é feita por uma equipe composta por 10 jardineiros e que, conforme a disponibilidade do Viveiro Manequinho Lopes, aquele mesmo instalado em 1928, são realizadas a reposição de mudas em algumas épocas do ano. Além de pistas de corrida e caminhada, ciclovias e quadras poliesportivas, o parque abriga museus, planetário, auditório, espaços para a realização de eventos, como a São Paulo Fashion Week e a Bienal de Arquitetura, e uma escola de jardinagem. O Pavilhão Japonês, uma das mais belas atrações do Ibirapuera, está fechado para reformas e não há previsão de quando será reaberto para visitação. Avenida Pedro Álvares Cabral, s/nº, Ibirapuera Aberto todos os dias, das 5h às 24h. Entrada gratuita. Informações: (11) 5574-5505 ou www.prefeitura.sp.gov.br

FOTOS: KEINY ANDRADE

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Solo Sagrado

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Em 1945, seguindo o exemplo da natureza, onde tudo se desenvolve a partir de uma pequena forma ou de um pequeno modelo, Mokiti Okada, fundador da Igreja Messiânica Mundial, iniciou no Japão a construção de protótipos do Paraíso Terrestre, os quais chamou de Solos Sagrados, locais que se caracterizam pela harmonia entre a beleza natural e a criada pelo homem. O objetivo era deixar para a humanidade a base para a construção de um mundo ideal, concretizado na verdade, no bem e no belo. Ele começou o projeto em cidades japonesas, com o intuito de que outros modelos pudessem ser construídos ao redor do mundo. O de São Paulo, localizado na Zona Sul, foi construído às margens da Represa de Guarapiranga e é considerado um dos maiores espaços para a contemplação da natureza e meditação existentes no país − ocupa uma área de 327 mil metros quadrados. Sua construção teve início em 1991, após um elaborado projeto, em que cada detalhe foi estudado para proporcionar um local onde as pessoas possam entrar em sintonia com a natureza e elevar a espiritualidade. Na entrada já é possível avistar um belo gramado em vários tons de verde. Em seguida, o visitante depara com alamedas floridas e pedras de diversos tipos colocadas em diferentes posições. José Carlos dos Santos, engenheiro florestal e ministro da Igreja Messiânica Mundial do Brasil, diz que o projeto paisagístico inicial foi desenvolvido por Andrés Tomita, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro. A segunda fase é assinada pelo professor japonês Tsutomu Kassai. “A construção desenvolveu-se com a participação de uma equipe japonesa e uma brasileira”, afirma. Tanto o projeto paisagístico quanto o arquitetônico foram elaborados de forma a provocar o menor impacto ambiental possível, buscando unir a beleza natural do lugar com a arte dos jardins criada pelo homem, bem como preservar a floresta nativa de 95.880 metros quadrados que já existia no local. No Caminho das Represas ainda foram replantadas, em uma área de 47.160 metros quadrados, inúmeras espécies de árvores nativas da Mata Atlântica, como abiurana, açoita-cavalo, alecrim-do-campo, castanheira-do-pará, dedaleira, guaco, guapuruvu, jatobá, jequitibá, manacá-da-serra, paineira, palmeira, pau-ferro, peroba e quaresmeira, entre outras. A escadaria que conduz ao templo (ou nave) possui sete patamares ladeados por floreiras nas cores do arco-íris. Para mantê-las sempre coloridas e vivas, Santos conta que são usadas flores anuais. “São espécies de pequeno porte com duração no canteiro de dois a três meses. A produção é feita em viveiro próprio com média de 80 mil mudas por mês. Usamos sementes importadas e o cultivo é orgânico, ou seja, sem uso de 28

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agrotóxicos e adubos químicos”, complementa. O Solo Sagrado, considerado um verdadeiro paraíso ecumênico e que recebe cerca de 30 mil pessoas todos os meses, também conta com um Centro Cultural com espaço para exposições, setor de audiovisual e duas salas para cursos e palestras. Lá não é permitida a entrada de carros, motos, animais e bicicletas. Avenida Professor Hermann Von Ihering, 6.567, Parelheiros Aberto de quarta-feira a domingo, incluindo feriados, das 8h às 16h; fechado às segundas e terças-feiras (mesmo nos feriados) e no primeiro domingo de cada mês. Entrada gratuita. Informações: (11) 5970-1000 ou www.solosagrado.org.br


Árvores salvam vidas Um recente estudo do Serviço Florestal dos Estados Unidos, realizado em 10 cidades daquele país, constatou que as árvores, em ambiente urbano, exercem um importante papel na redução de matéria fina particulada (poluentes com menos de 2.5 micrômetros) presentes no ar. Ótima notícia, principalmente quando levamos em conta que tais partículas provocam efeitos sobre a saúde, como inflamações pulmonares, alteração de funções cardíacas, aceleração da arteriosclerose e até mesmo mortes prematuras. Com base no estudo americano, os pesquisadores verificaram que as árvores podem salvar, em média, uma vida por ano em cada cidade pesquisada, e oito apenas em Nova York. Segundo o paisagista Benedito Abbud, a arborização das cidades é realmente fundamental para garantir a qualidade de vida das pessoas. Confira, a seguir, algumas dicas do profissional: - Nas cidades, é importante determinar o local correto do plantio, que deve ser realizado preferencialmente na faixa de serviço (espaço da calçada de, no mínimo, 0,70 metro); - As árvores de pequeno porte têm de ser plantadas a, no mínimo, três metros de distância de um poste; - Para existir vegetação adequada nas cidades é necessário que os espaços para plantios sejam previstos, reservados e garantidos, desde as calçadas residenciais, com larguras para que não haja conflito entre o fluxo de pedestre e as árvores, até os grandes parques urbanos; - Na escolha das espécies é importante consultar o Departamento

de Meio Ambiente das prefeituras ou um profissional especializado; - Também é fundamental considerar as questões estéticas relacionadas ao porte, à forma da copa, à queda de folhas, à floração e até as raízes, que podem levantar e destruir pisos, muros e construções; - A priori, algumas espécies de árvores indicadas para plantio sob a fiação são pata-de-vaca, urucum, aroeira mansa, sena aleluia, quaresmeira, manacá e angelim; - Em passeios mais estreitos são indicadas espécies arbustivas especialmente preparadas por viveiros, que as podam no formato de pequenas árvores. Por exemplo: hibiscos, malvaviscus, murtas e rosedás; - Frutíferas são bem-vindas, mas devem ser tomados cuidados quanto ao tamanho da fruta. Mangueiras, jaqueiras e abacateiros produzem frutos enormes e que, ao caírem, podem danificar carros e machucar pedestres; - Não se deve pintar a parte inferior dos caules das árvores com cal. A substância “queima” a casca do tronco, enfraquecendo-o e tornando-o suscetível a pragas e doenças, além de deixar uma feia cicatriz; - Cimentar em volta do tronco e colocar placas também são outras atitudes que prejudicam as plantas, assim como canteiros estreitos com pisos muito compactados; - Vale destacar que o piso permeável (ou drenante) nas calçadas é importante para o melhor desenvolvimento das árvores. Ele permite que as raízes se espalhem e recebam a água do solo mais facilmente.

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Tendência para todos os bolsos: os cuidados para economizar recursos naturais e novidades como pisos aquecidos estão disponíveis em vários tipos de imóveis 30

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Reportagem

LAR HIGH-TECH E POLITICAMENTE CORRETO A sustentabilidade e a tecnologia são destaque nos empreendimentos inovadores que chegam ao mercado Por: Por Lucy Cardia I Fotografia: Divulgação

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E VOCÊ JÁ SE SENTIU tentado a ter uma das novas geladeiras que dispõem de listas de compras, avisam a validade dos produtos e ainda se conectam à internet para pesquisar preços nos supermercados, espere para ver o que já está disponível em termos de tecnologia para quem pretende adquirir um imóvel. Melhor ainda: muitos empreendimentos residenciais aliam recursos para tornar o edifício sustentável, o que, além de politicamente correto, permite reduzir os custos de condomínio. Embora ainda raros, alguns desses empreendimentos possuem até certificação de conformidade com critérios internacionais da sustentabilidade. Esses diferenciais não estão disponíveis apenas para empreendimentos de alto padrão nem se restringem a engenhocas eletrônicas criadas para aguçar o comprador ou elevar o preço. Eles são uma tendência, garantem os especialistas, com novidades para todos os bolsos e perfis. Para quem não abre mão do conforto com muito estilo, as opções que já fazem parte dos novos imóveis

à disposição no mercado vão desde o aquecimento no piso do banheiro e tratamento acústico de piso para garantir menor nível de ruído entre os andares até gerador próprio capaz de atender todos os pontos de iluminação do apartamento no caso de falta de energia, wireless nas áreas comuns do condomínio e ponto de força para recarga de carros elétricos no estacionamento. Se o foco é segurança, além dos recursos tradicionais, a ordem do dia são os sistemas de biometria (liberação de entrada por meio do reconhecimento de digitais ou da face) nas entradas do apartamento, em elevadores ou nos acessos às áreas comuns do prédio. Quem busca contribuir com a sobrevivência do planeta pode encontrar imóveis que ofereçam, entre outras opções, estação de tratamento de água, feiras orgânicas, janelas com dimensões maiores que o padrão para ampliar a iluminação natural e economizar energia, torneiras com fechamento automático nas áreas comuns, apartamentos com laje aparente para menor utilização de gesso e geração de entulho ou mesmo aproveitamento de containers utilizados na obra para a arquitetura do edifício.

Novas técnicas: construída sobre pilotis, a Casa de Vidro foi a moradia e local de trabalho de Lina e Pietro 2013 I INN SÃO PAULO

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Max Haus Panamby: inovação desde a planta, livre de vigas

Sustentabilidade por decreto Quer mais? Pois saiba que ter uma bicicletaria no condomínio e dispor de infraestrutura para a colocação de painéis de aquecimento solar não são mais exclusividade dos imóveis de alto luxo. Virou lei. Desde maio de 2013, um decreto da Prefeitura de São Paulo estabelece que toda edificação nova ou que for reformada deverá dispor de vagas de estacionamento para bicicletas, com espaço mínimo de 2 metros de altura e 1,80 metro de extensão. A exigência legal de um sistema de aquecimento de água por energia solar é mais antiga (de 2008), porém depende do tamanho das unidades e recai somente sobre novas edificações. O item é obrigatório em apartamentos com quatro ou mais banheiros (incluindo lavabos). Para imóveis com três banheiros, a legislação determina que o edifício disponha da infraestrutura necessária para futura instalação do sistema, com tubulação de água quente e espaço na cobertura para o reservatório térmico e as placas coletoras de energia.

Mais sustentável, mais caro Segundo Carlos Borges, vice-presidente de Tecnologia e Qualidade do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo (Secovi), “o top do mercado imobiliário residencial é a eficiência energética, que pode gerar economia de 30% a 40% na conta mensal, mas exige um investimento maior durante a construção”. Pelas contas de Roberto de Souza, mestre e doutor em Engenharia Civil pela Escola Politécnica e presidente do Centro de Tecnologia de Edificações (CTE), o empreendimento sustentável eleva o custo de 1% a 5%, porém o morador terá benefícios por muitos anos. Há quem questione esses percentuais, mas ele afiança que, “o custo das incorporadoras durante a construção aumenta em média apenas 2%, e representa um acréscimo em torno de 1% no valor final do imóvel para o consumidor, considerando que parte da despesa inicial é revertida com a economia de materiais.” A sustentabilidade, de acordo com o presidente da CTE, está concentrada em dois pontos, além da coleta seletiva de 32

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lixo: a economia de energia, principalmente nos sistemas de elevadores, iluminação e ventilação, e a redução no consumo de água. “Há tecnologias para a coleta da água de chuva e reúso na geração de energia, refrigeração de equipamentos, limpeza de pisos, pátios ou galerias de águas pluviais, que já são aplicadas a tempos nos empreendimentos comerciais. Também é possível o reúso da chamada ‘água cinza’ (utilizada em lavatório, banheira ou chuveiro), que pode ser tratada no subsolo do edifício e bombeada para descargas dos apartamentos”, explica. A questão é que nem sempre o comprador está disposto a arcar com essa despesa extra, ainda que tenha economia nas contas futuramente. Em função disso, embora visualizem essas inovações como tendência e demanda futura, as incorporadoras ainda são criteriosas na hora de determinar os empreendimentos que terão tecnologia sustentável. Se você imaginou que o público jovem está dentro da categoria adepta ao high-tech e atenta à proteção ambiental, acertou. Mas eles não estão sozinhos. Essa combinação atrai, por exemplo, as famílias, porque proporciona a praticidade necessária para quem trabalha fora e atende à pressão dos filhos. 4


Reportagem Souza conta que já atendeu administradoras de condomínio interessadas em tecnologia sustentável. “A demanda vem de pais de crianças e jovens que estão aprendendo e adotando práticas sustentáveis na escola e não concordam com desperdícios no condomínio onde moram”.

Compacto e funcional O avanço da tecnologia e da sustentabilidade nos imóveis residenciais pode ter sido facilitado, em parte, por um novo perfil de empreendimentos que vem ganhando destaque. “São imóveis de alto luxo, porém muito compactos, funcionais e com um leque de serviços”, destaca Luiz Paulo Pompéia, Diretor de Estudos Especiais da Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp). “Desde 2007, os empreendedores perceberam uma oportunidade nova de negócio, capaz de suprir uma demanda crescente no segmento de alta renda e fugir dos tradicionais apartamentos espaçosos de alto padrão, categoria já bem servida de ofertas”, diz. Pompéia identifica três públicos distintos como alvos dos novos lançamentos. “O primeiro nicho de mercado − que pode ter sido o estopim da nova vertente − é formado por jovens de famílias da classe alta, com idade entre 20 e 30 anos, que saem da casa dos pais para morar sozinhos. Eles buscam imóveis modernos e muito bem localizados − de preferência em bairros como Jardins, Itaim Bibi, Ibirapuera, Vila Nova Conceição, Morumbi ou Panamby −, que ofereçam conforto e comodidades, mas não querem grandes espaços. Outra fatia é do público GLS, que vem consumindo boa parte desse novo mercado de alto padrão. O terceiro grupo está na faixa da terceira idade (casados ou viúvos), que já criaram os filhos e agora vivem em uma casa grande demais para eles.” Em sua avaliação, os dois primeiros segmentos se interessam mais pelos estúdios e imóveis de um dormitório, com área privativa reduzida (entre 30 a 40 metros quadrados), enquanto o público mais velho opta pelas unidades de dois dormitórios, com mais segurança, medidas mais generosas (acima de 70), alto padrão e, preferencialmente, que disponham de uma gama de serviços para dispensar a contratação de diversos empregados.

“Em geral, são apartamentos com uma área de convivência ampla, uma suíte principal confortável para acomodar o casal e outra suíte menor, destinadas aos netos ou amigos que morem no exterior e que eles costumam hospedar quando visitam o País.” Segundo Pompéia, “é uma tendência que vem crescendo muito e tem boas possibilidades de evolução nos próximos 10 ou 20 anos”, assim como os empreendimentos voltados para a terceira idade, que dispõem de enfermaria e diversos recursospara quem tem problemas de saúde. A explicação para a perspectiva de expansão desse segmento é simples: a pirâmide etária está mudando. O Brasil deixou de ser um país de jovens e está concentrando uma significativa população da terceira idade, que representa um novo segmento de clientes.

Norma de Desempenho Embora de forma ainda muito tímida, o conceito de sustentabilidade começa a ser aplicado também durante a fase de construção, tanto na hora da escolha de materiais como nos processos de trabalho e organização do canteiro de obras. A tendência promete se intensificar a partir de agora, com a chamada Norma de Desempenho (ABNT NBR 15.575 - Desempenho de Edificações Habitacionais), que entrou em vigor em 19 de julho de 2013. De acordo com Borges, um dos coordenadores da comissão da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que criou a regulamentação, a medida é “um divisor de águas para o mercado imobiliário”, uma vez que estabelece três níveis (mínimo, intermediário e superior) de qualidade na construção para diversos quesitos, como durabilidade, segurança contra incêndios, desempenho térmico e conforto acústico, entre outros. Estão fora das novas regras os imóveis prontos, em construção e os projetos protocolados nos órgãos públicos antes de 19 de julho, mesmo que ainda não tenham sido lançados. Na prática, as mudanças prometem elevar o patamar da construção civil brasileira e reduzir de forma considerável as reclamações nos condomínios em relação ao salto da moradora do andar de cima. Tomara.

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Reportagem Empreendimentos inovadores BK30 Alto da Boa Vista Localizado a 100 metros da futura estação de metrô Adolfo Pinheiro, o empreendimento oferece 117 unidades de 1 dormitório e 1 vaga, com área privativa entre 32 e 35 metros quadrados (70 na cobertura), que pretende atrair o público jovem e executivos. Construção: BKO. Entrega prevista: setembro de 2015. Preço: R$ 320 mil. Alguns diferenciais: Wifi na área social do condomínio, Pay-per-use, car sharing (locação de veículos disponíveis no condomínio), empréstimo de bicicletas elétricas, biometria nos acessos às áreas comuns, previsão para automação nos apartamentos, pontos para abastecimento de carros e bicicletas elétricas, fechadura codificada nos apartamentos e sistema de correio inteligente, que avisa o morador da chegada de correspondência por meio de torpedo no celular. Rua Coronel Luís Barroso, 392, Alto da Boa Vista Construção: BKO. Entrega prevista: setembro de 2015. Preço: R$ 320 mil.

MaxHaus Panamby

Max Haus: tipo loft americano

Nesse empreendimento, a inovação começa pela planta: a arquitetura é totalmente aberta, livre de colunas e vigas, permitindo que o morador escolha o tamanho do apartamento, a quantidade e a disposição dos cômodos. Inspirado no conceito dos lofts americanos (com direito a acabamento em concreto aparente e cimento queimado), o projeto tem plantas a partir de 70 metros quadrados de área privativa livre, sem paredes, que pode ser utilizado como um apartamento aberto ou combinado com outros apartamentos, na vertical ou horizontal (ou ambos), para formar imóveis maiores − de 140, 210, 280, 560 metros quadrados ou mais. O número de cômodos também é determinado pelo comprador: totalmente aberto ou com 1, 2, 3 ou mais dormitórios. O projeto possui 194 apartamentos de 70 metros quadrados, distribuídos em 2 torres de 22 andares cada, com até 2 vagas e 4 apartamentos por andar (coberturas de 165 metros quadrados, com 3 vagas). Alguns diferenciais: porta de entrada com campainha MP3 que permite colocar o toque que o morador preferir, porta cartas, visor unidirecional e abertura por controle remoto; dimerização da iluminação, banheiro pronto, que inclui piso em mármore e ducha alemã; automação que possibilita integrar, entre outros, a TV, cortinas, temperatura, iluminação e até programar cenários, controlados por interruptores inteligentes, pelo celular ou via web; janelas especiais com vidros laminados duplos de 1,60 metro e estrutura em aço escovado. Na área comum, o empreendimento possui lounge com café e, entre outros, elevador com fundo de vidro transparente para visualizar as pinturas colocadas nas paredes dos andares e no fosso. R. Ventura Ladalardo, 50, Vila Andrade Construção: BKO. Entrega: pronto para morar. Preço: sob consulta.

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Essenza Moema

Voltado para famílias, o empreendimento é composto por duas torres em um terreno de 4.040 metros quadrados. Os apartamentos (um por andar) têm 288 metros quadrados privativos (448 na cobertura), com 4 suítes e 4 ou 5 vagas. Alguns diferenciais: fechadura biométrica no acesso aos apartamentos, desembaçador do espelho e aquecimento elétrico no piso do banho da suíte master, previsão para aspiração central, gerador nos pontos de iluminação e tomadas do apartamento, infraestrutura para toalheiro aquecido, ar-condicionado nas suítes e salas, lounge adulto com simulador de golfe, agility dog, sistema de reúso de águas pluviais para irrigação automática, ponto para recarga rápida de carro elétrico e telhado verde na cobertura do térreo. Av. Jurucê, 693, Moema Construção: Cyrela. Entrega prevista: setembro de 2016. Preço: sob consulta.

Essenza: fechadura biométrica

Set Brooklin: telas touch screen no hall social

Set Brooklin Elaborado para atender às necessidades da família, o empreendimento terá 50 apartamentos de 2 ou 3 dormitórios, distribuídos em 8 pavimentos (1 torre), com 3 unidades por hall social. A área privativa de cada unidade ficará entre 60 e 168 metros quadrados, com até 3 vagas. Alguns diferenciais: Wifi na área social do condomínio, biometria nos acessos às áreas comuns, telas touch screen no hall social com informações sobre o condomínio (como agendamento de uso de salão de festas e controle de correspondência) e sobre as condições do tempo e trânsito, pontos para abastecimento de carros e bicicletas elétricas, previsão para automação nos apartamentos e janelas com dimensões acima do padrão para melhor ventilação e aproveitamento da luminosidade, com economia de energia. Rua Ribeiro do Vale, 367, Brooklin Construção: BKO. Entrega prevista: março de 2014. Preço: a partir de R$ 829 mil.

Jardim das Perdizes − Condomínio Recanto Jacarandá Com 250 mil metros quadrados de área total, o Jardim das Perdizes é um novo bairro planejado, voltados para famílias das classes A e B. Distribuído em nove ruas e duas avenidas, o complexo terá 28 torres, das quais 25 residenciais, 1 torre comercial com salas, 1 edifício comercial corporativo e 1 hotel, mais strip mall (mix de lojas, como padaria, salão de beleza, açougue, pet shop, etc.) e um parque aberto ao público. Foi o primeiro empreendimento residencial do País a receber o certificado AQUA, que atesta o enquadramento nas diretrizes da sustentabilidade. Em fase de lançamento, o Recanto Jacarandá conta com 2 torres de 25 pavimentos e 8 unidades por andar. Cada apartamento dispõe de 80 metros quadrados ou 108 privativos. Os demais conjuntos de torres do complexo terão área útil de 110, 159, 197, 241 ou 283 metros quadrados. Alguns diferenciais: fiação subterrânea e iluminação led, vagas para carros elétricos, compartilhamento de bicicletas, etiquetagem de eficiência energética Procel Edifica Nível A, madeira certificada e sistema de aquecimento solar, biometria nos elevadores, infraestrutura para automação de persianas nos apartamentos, isolamento acústico em ramais de esgoto, sistema de acionamento parcial ou total nas bacias dos vasos sanitários e vaga inteligente, com condições especiais de acesso e apoio para mães com filhos pequenos, gestantes e pessoas acidentadas ou com mobilidade reduzida. Av. Marquês de São Vicente, esquina com a Av. Nicolas de Boer, Barra Funda Construção: Tecnisa. Preço: a partir de R$ 772 mil. 2013 I INN SÃO PAULO

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Dicas

Vinte quilos de prテウteses: o ator Diego Luri conta com a ajuda de uma dupla de caracterizadores e de um fisioterapeuta para entrar na pele do personagem 36

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Dicas

O OGRO DANÇA E CANTA Montagem do musical Shrek estreia em São Paulo Por: Cláudia Rocco

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HREK - O MUSICAL, que conta a saga do carismático ogro em luta contra um nobre trapalhão pelo amor de sua princesa Fiona estreou em São Paulo no início de setembro e ficará em cartaz até dezembro no Teatro Bradesco. As peripécias dessa divertida saga são agora cantadas e contadas de forma singular pela produção brasileira, baseada no original da DreamWorks The Atricals, num conjunto cenográfico que transpõe fantasticamente a plateia para o pantanoso e divertido mundo de Shrek. Aplaudido por mais de 2,5 milhões de pessoas nos países por onde passou (EUA, Inglaterra, Espanha, Itália), Shrek − O Musical estreou no Rio de Janeiro e passou por Curitiba, sempre com sessões lotadas. Para saber um pouco mais sobre esta superprodução, a INN SÃO PAULO bateu um papo com Diego Luri e Giulia Nadruz, que interpretam Shrek e Fiona. INN SÃO PAULO: Como é dar vida a um dos casais mais esquisitos e, ao mesmo tempo, mais queridos dos desenhos animados? Diego - É maravilhoso! A gente se diverte bastante. A cada dia temos uma nova história para contar. A cada sessão, um novo espetáculo. Apesar de ser uma grande responsabilidade viver um personagem tão conhecido, a gente tem recebido uma resposta muito bacana do público. Giulia - É realmente especial dar vida a Fiona. Ela é a “antiprincesa”, com toda a sua bipolaridade em ser meio princesa e meio ogra. Com certeza achar o equilíbrio entre essas duas personalidades é, ao mesmo tempo, a maior diversão e o maior desafio. Vocês já haviam sido protagonistas em um musical? Como é a reação do público, principalmente das crianças? Diego - É o meu primeiro protagonista em uma grande produção musical, e é muito gostoso ver como a resposta tem sido positiva. Curiosamente, a resposta não vem só das crianças. Os adultos curtem tanto ou até mais do que as crianças. São eles quem mais abordam a gente. As crianças ficam um pouco tímidas. Mas o público jovem e adulto viu o Shrek nos longas de animação, desde o início da série. Ou seja, se apega ao personagem e vai ao teatro conhecer de perto o ogro que marcou a adolescência deles. É um espetáculo para todas as idades. Giulia - Fiona é minha segunda protagonista. A primeira foi a personagem Serena Katz no musical “Fame”, que também esteve em cartaz em São Paulo. É muito gratificante a troca com o público do Shrek. Tanto as crianças como os adultos interagem bastante e saem muito animados. 4

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Dicas Quais são as coisas mais estranhas que vocês precisam fazer em cena? Diego - Ogros arrotam, soltam gases, são desajeitados. E tudo isso está presente no musical. Tem uma cena no segundo ato em que o Shrek e a Fiona se divertem em um festival de flatulências e arrotos. É quando começa a surgir uma sintonia maior entre eles e começam a apaixonar-se. O cheiro deve ser afrodisíaco (risos). Giulia - A cena mais “estranha” é essa cena flatulenta e cheia de arrotos! (risos). Confesso que é bem divertido fazer essa cena tão politicamente incorreta, é o momento em que os personagens dão vazão à essa personalidade ogra, se identificam e se divertem com isso. O público num primeiro momento fica surpreso, mas logo entra na brincadeira conosco. As crianças então nem se fala, adoram! Quanto mais o público ri, melhor para vocês? Quais são as principais diferenças e semelhanças entre o filme e o musical? Diego - Eu gosto muito de sentir a reação do público. Não necessariamente rindo, mas atento. E essa atenção se manifesta de muitas formas. Risadas, sorrisos, aplausos. Algumas crianças até fazem coMedo de altura: mentários durante a peça que Giulia levita em cena a gente, por vezes, ouve das coxias. E é muito legal saber que a cena está viva e que o público consegue se transportar para dentro da história. O musical é baseado no primeiro filme da série. A grande diferença é que a música ajuda a contar a história e, no musical, o público também vai poder conhecer mais o passado dos personagens, especialmente do Shrek, da Fiona e do Farquaad. É bem surpreendente. Sem contar os efeitos especiais. Um dragão de oito metros sobrevoa o palco cuspindo fumaça e batendo as asas. A Fiona levita. O nariz do Pinóquio cresce. Enfim, são muitas atrações visuais que contam com o apoio de manipuladores, ilusionista e, claro, com o trabalho maravilhoso do elenco. Giulia - O musical, assim como o filme, tem muitas cenas de comédia, mas também tem emoção e sensibilidade. É 38

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claro que o riso da plateia é muito gratificante, porque é uma troca imediata, mas tem espaço e momento para tudo. O Shrek, além de entreter, transmite uma mensagem de amor e respeito ao próximo, independente da sua aparência física e diferenças. O musical de certa forma foi tropicalizado, ou seja, trouxemos um pouco daquela história para a nossa realidade. Diego, o seu figurino pesa mais de 20 quilos. Como você faz para atuar e cantar com uma roupa tão pesada? E para você, Giulia, qual é a sensação de levitar durante a peça? Diego - Aproximadamente 20 quilos. São próteses de corpo por todos os lados e uma prótese de silicone nas mãos e na cabeça, cobrindo quase todo o rosto. Nisso a gente leva cerca de duas horas de maquiagem, com uma dupla supercompetente de caracterizadores que me ajuda durante toda a sessão, retocando a cola e a tinta do meu rosto todas as vezes em que saio de cena. É bem puxado. A gente costuma usar ventiladores bem fortes nas coxias e os aparelhos de ar condicionado na máxima potência, para ajudar a suportar e poder cumprir bem o papel, cantando, dançando, correndo de um lado pra outro. Aqui em São Paulo acho que o calor vai dar uma trégua. Creio que será menos difícil. O trabalho com um figurino tão pesado e quente triplica. A gente também conta com a ajuda de uma fisioterapeuta que ajuda com exercícios de resistência. É um trabalho duro na coxia e recompensador em cena. Isso é que importa. Giulia - Levitar em cena é uma sensação muito peculiar, boa e com uma pitadinha de medo. Confesso que tenho um pouco de medo de altura (risos). Se eu contar como é feito perde a graça, não é? Esse mistério é um dos segredos do nosso musical! www.shrekomusical.com.br


Peças Débora Falabella no palco Até o dia 6 de outubro, o público poderá acompanhar a trajetória completa do Grupo 3 de Teatro, dirigido por Yara de Novaes, Débora Falabella e Gabriel Fontes Paiva desde 2005. Durante cinco semanas, de terça a domingo, o Teatro Sérgio Cardoso recebe as peças A serpente (2005), releitura do clássico de Nelson Rodrigues, O amor e outros estranhos rumores − 3 histórias de Murilo Rubião Companhia própria: (2010), com adaptação de Silvia Débora Falabella apresenta as Gomez e O Continente Negro produções de seu grupo de teatro (2007), texto inédito no Brasil do dramaturgo chileno Marco Antônio de La Parra, dirigido por Aderbal Freire-Filho. Às terças e quartas-feiras, Débora Falabella interpreta Guida em A Serpente. Ela é uma mulher muito ligada à irmã. Elas casam-se no mesmo dia e os casais passam a dividir um apartamento em Copacabana. Um ano depois, Guida vive uma intensa lua-de-mel e Lígia é praticamente virgem. Infeliz, ela expulsa o marido de casa e diz para a irmã que está pensando em morrer. Então, Guida faz uma proposta: a irmã deve passar uma noite com seu marido. Às quintas e sextas-feiras entra em cena O Continente Negro. O texto fala sobre relações amorosas de forma fragmentada, com diferentes personagens e histórias. Aos finais de semana é a vez de O Amor e Outros Estranhos Rumores. No elenco, Débora Falabella, Rodolfo Vaz, Maurício de Barros e Priscila Jorge. Ingressos no teatro (Rua Rui Barbosa, 153) ou pelo site www.ingressorapido.com.br

Par O grupo mineiro Ponto de Partida chega a São Paulo com sua 33ª montagem, o espetáculo PAR, que traz canções de Chico Buarque, Caetano Veloso, Tom Jobim, Dorival Caymmi, Pixinguinha, Milton Nascimento, Rita Lee e outros, num musical de visual caprichado. Toda a história é contada por meio da música, com trilha ao vivo de violão (Gilvan de Oliveira), sax (Cléber Alves) e percussão (Serginho Silva). O espetáculo que tem como tema a relação e seus inúmeros tons: o enamoramento, a paixão, o ciúme, a dor, os encontros, os desencontros, a celebração do amor. De sextas-feiras a domingos, até dia 22 de setembro. www.sescsp.org.br/belenzinho

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Uma luz sobre os afetos: o PAR aborda os relacionamentos a partir de grandes clássicos da música popular brasileira

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Shows

Dicas

Heavy sem concessões Depois de 15 anos, o maior festival de rock em “estado puro”, o Monsters of Rock, está de volta ao Brasil. Criado na Inglaterra no ano de 1980, é considerado um dos principais do mundo e consagrou-se por não fazer concessões: diferente da maioria dos outros eventos, só inclui em suas apresentações bandas de hard rock e heavy metal. A quinta edição brasileira acontecerá nos dias 19 e 20 de outubro na Arena Anhembi. No primeiro dia se apresentam Slipknot, Korn, Limp Bizkit, Killswitch, Engage, Hatebreed, Gojira e Hellyeah. No dia seguinte é a vez de Aerosmith, Whitesnake, Ratt, Buckcherry, Queensrÿche, Dokken, Dr Sin e Doctor Pheabes. Os ingressos estão disponíveis nas bilheterias do Estádio do Morumbi, das 10h às 18h (exceto em dias de jogo), no site www.livepass.com.br/monsters-of-rock/ e no telefone 4003-1527.

Ringo Starr em ritmo de festa Depois da bem-sucedida turnê pela Ásia e Oceania, em fevereiro deste ano, o ex-beatle Ringo Starr e sua All Starr Band − formada por Steve Lukather (Toto), Gregg Rolie (Santana), Richard Page (Mr. Mister), Todd Rundgren, Mark Rivera e Gregg Bissonette − fazem show em São Paulo dia 29 de outubro, no Credicard Hall. Ainda no Brasil, Ringo e sua banda se apresentarão em Curitiba, no dia 31. O anúncio dos shows acompanha o lançamento mundial do DVD “Ringo At The Ryman”, gravado no lendário teatro Ryman, em Nashville, Estados Unidos, no aniversário de Ringo, em 7 de julho de 2012. Ingressos já disponíveis nas bilheterias do Credicard Hall, pelo site www. ticketsforfun.com.br e pelo telefone 4003-5588. 40

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Discos – The Gathering A banda holandesa de rock The Gathering, formada em 1989 e com a formação atual desde 2007, anuncia o lançamento do álbum “Afterwords” para o mês de setembro. Com nove faixas − três inéditas, um remix e três regravadas de um EP lançado no ano passado −, o álbum contará com a participação de Bart Smits, ex-integrante e fundador da banda. A última passagem pelo Brasil da banda composta por Silje Wergeland (vocal), René Rutten (guitarra e flauta), Hans Rutten (bateria), Frank Boeijen (teclado) e Marjolein Kooijman (baixo) foi no ano de 2011. O álbum já está em pré-venda na loja virtual da banda (http:// shop.gathering.nl). INN SÃO PAULO bateu um papo com eles para saber os planos para a futuro, entre eles uma turnê latino-americana que pretendem fazer em breve. INN SÃO PAULO: Quais são as marcas mais fortes deste novo álbum? Frank Boeijen - Este é um lançamento especial. Não é um álbum totalmente gravado em estúdio, mas é como um “after party” do nosso álbum anterior “Disclosure”. Tem regravações de canções do “Disclosure” e algumas que de nosso EP “Afterlights”, lançado no ano passado apenas em vinil. Temos muitos pedidos para liberá-lo em CD ou em formato digital e, pensando nisso, decidimos adicionar este material neste lançamento. O trabalho será lançado em CD e também em vinil? Vocês acham que o vinil voltou para ficar? Definitivamente, esta é uma maneira de apreciar a música que está de volta. Nós, por exemplo, amamos discos em vinil. Você pode tocar aquele objeto, sentir o cheiro e o visual é ótimo também! Além disso, o processo de tocar um LP na vitrola é um ritual especial. Nós amamos o fato de um LP ter dois lados, pois você pode dizer que o disco tem duas faixas de abertura e pode fazer a dinâmica ainda mais interessante.

– Ana Carolina - #AC (Sony Music) Em junho chegou às lojas o sexto álbum de músicas inéditas da mineira Ana Carolina. Aos 14 anos de carreira, ela aproveitou o novo trabalho para viajar nos temas e na sonoridade contemporânea, e trocou as baterias por grooves e scratches, apresentando um som mais voltado para o pop. #AC conta com a participação especial de Chico Buarque na faixa “Resposta da Rita”, que resgata a música “A Rita”, gravada por Chico em 1966, e parcerias com Guinga, Moreno Veloso, Edu Krieger, Chiara Chivello, entre outros. Além disso, o álbum tem faixas em trilhas sonoras de novelas da Rede Globo como “Combustível”, de “Amor à Vida”, e “Luz Acesa”, em “Flor do Caribe”. É a presença do Mutante Arnaldo Baptista em “To burn”, um punk funk que abre o novo trabalho do grupo.

Sobre as músicas inéditas do álbum, há alguma inovação em estilo, letra, melodia? Acreditamos que este álbum seja mais espiritual e introvertido. Como dissemos, pegamos trechos de “Disclosure” e os jogamos dentro de um liquidificador criativo, por assim dizer. Experimentamos métodos eletrônicos e vários outros para ter um estilo único, como desacelerar em 50% ou usar amplificadores de guitarra (como vocais, sintetizadores, trompetes, cordas). Não houve grandes planos por trás disso, era mais um playground criativo, onde podíamos experimentar ainda mais. Nós fizemos isso em “Disclosure”, mas desta vez queríamos ir mais longe. Vocês têm algum plano de fazer shows no Brasil? Infelizmente, ainda não. Mas, nós amamos fazer show na América do Sul. Nos sentimos muito bem recebidos e acolhidos aí. Por isso, esperamos que nossa próxima apresentação aconteça em breve!

– Diogo Nogueira – Mais Amor (EMI Music) O cantor Diogo Nogueira lança o disco Mais amor, o quinto de sua discografia. Além de apresentar músicas inéditas de sua autoria, como é o caso de Muito mais além, o sambista incluiu composições criadas por ases do samba contemporâneo como Jorge Aragão, Arlindo Cruz, Xande de Pilares, Serginho Meriti e Flavinho Silva especialmente para Mais Amor. A faixa Quem vai chorar sou eu conta com a participação especial de Zeca Pagodinho.

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Dicas Para celebrar a literatura

PROJETO PRIMEIRA PÁGINA ESTREIA EM ENCONTRO EMOCIONANTE COM FERREIRA GULAR Por: Rosane Aubin

A expectativa era grande: um encontro com um dos principais nomes da literatura brasileira, Ferreira Gular, mediado por uma jornalista com muita afinidade com o tema, Mona Dorff, pelos organizadores Cândida Morales e Clovys Torres, e com a leitura de poemas pelos atores Regina Braga e Elias Andreato. E foi superada. A estreia do projeto Primeira Página, que promete promover grandes encontros, foi rica e emocionante tanto para a plateia, que com entusiasmo aplaudiu a poesia de pé, quanto para o autor, que com um largo sorriso ficou por longo tempo fitando o público ao final da apresentação. À vontade no cenário aconchegante − elaborado por Gustavo Calazans − que imitava a sala de sua casa, com estantes repletas de livros, sofás, escrivaninha e arquivos, Ferreira Gular lembrou passagens importantes de sua trajetória com humor, frases inteligentes e afeto. Contou que quando começou a ler os novos poetas brasileiros que chegavam ao Maranhão, na sua juventude, achou que aquilo não era poesia. “O primeiro modernista que chegou foi Drummond, ‘lua diurética’, e eu: ‘O quê?’. Aí descobri que isso tinha sentido e quem estava defasado era eu.” Mas, quem diria, o jovem um pouco assustado com tanta modernidade virou um artista de vanguarda, capaz de desafiar as convenções. Como quando fez o Poema Enterrado, que surgiu porque ele foi percebendo que os versos concretos que escrevia para serem lidos palavras por palavras não surtiam este efeito. “Um amigo ligou para comen-

3 Adélia Prado participa do Primeira Página 42

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tar que tinha visto um poema meu que repetia a palavra verde no jornal. Perguntei se tinha lido e percebido que da palavra surgia o final do poema, ‘Eva’, e ele disse que não havia lido palavra por palavra”, conta. Para fazer com os leitores passassem a ler dessa forma, ele criou um poema que deveria ser colocado num cubo, que conteria outro cubo e ainda outro que, juntos, formariam a palavra rejuvenesça. Isso dentro de uma sala subterrânea. Para sua surpresa, o amigo Hélio Oiticica conseguiu convencer seu pai a fazer a sala para o poema, mas quando eles foram inaugurá-lo, após uma enorme enchente, tiveram uma surpresa. “Eu abri a porta e desci as escadas da sala subterrânea para inaugurar o poema, cercado de amigos, e logo vi que os cubos boiavam nas águas da inundação.” Outro momento histórico que ele narrou em detalhes foi a criação do Poema Sujo, uma de suas obras mais importantes e tocantes, com 74 páginas. Ferreira Gullar estava no exílio, por causa da ditadura militar, em Buenos Aires. Quando começaram os rumores de que a Argentina também sofreria um golpe de estado, ele tentou renovar o passaporte na embaixada brasileira. Resultado: como estava na lista dos que lutavam contra a ditadura, tentaram confiscar-lhe o documento. Achando que em breve acabaria preso e provavelmente morto, decidiu escrever um poema sobre sua vida, um testemunho do seu tempo. A primeira inspiração foi a de deixar as palavras fluírem como num vômito. Daí surgiram as primeras palavras: “turvo turvo/ a turva/ mão do sopro/ contra o muro/ escuro/ menos menos/ menos que escuro/ menos que mole e duro menos que fosso e muro: menos que furo escuro.” E um dos poemas mais impressionantes da literatura brasileira nascia. A próxima atração do projeto Primeira Página, realizado no Tuca, será a romancista e também poeta Adélia Prado, no dia 1º de outubro. Acompanhe as novidades no site www.primeirapagina.art.br.


Motores Motores

APERTEM OS CINTOS, O PILOTO SUMIU Carros que andam sozinhos estテ」o sendo testados no mundo todo, inclusive no Brasil Por: Renata Turbiani

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Motores

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S CARROS AINDA não podem voar, mas em breve estarão aptos a rodar por aí sem a interferência do motorista. A previsão dos especialistas é de que em dez ou 15 anos os veículos autônomos já estejam à venda. Atualmente, diversas empresas − muitas nem sequer fazem parte do setor automotivo − e universidades, inclusive algumas brasileiras, têm trabalhado duro neste tipo de projeto. É o caso do Google. Em 2010, o gigante da internet anunciou que estava desenvolvendo um automóvel que anda sozinho. Para isso, instalou uma série de equipamentos, entre computadores, sensores, radares e câmeras, em um Toyota Prius. O sistema é capaz de formar um mapa do ambiente, fazer A USP São Carlos equipou um Fiat Palio a leitura dos sinais e das placas de com computadores, trânsito, perceber a presença de pesensores e câmeras que destres e ainda calcular a distância o tornam autônomo em relação aos obstáculos. Seu funcionamento acontece da seguinte forma: após coletar todos os dados, o sistema os envia para um computador, que, com a ajuda de softwares específicos, os lê e interpreta. A partir daí, motores elétricos, também acionados por computador, fazem o carro acelerar, frear e girar o volante. Ao motorista cabe apenas informar, falando ou digitando na tela, para onde deseja ir. Após diversos testes e muitos quilômetros rodados, o Google até já conseguiu permissão para trafegar por ruas, estradas e avenidas de alguns estados americanos, como Nevada e Califórnia. Mas, por enquanto, uma pessoa precisa obrigatoriamente estar no carro para assumir a direção se houver necessidade.

Brasil No Brasil, os projetos dos automóveis autônomos também andam a todo vapor. Batizado de Carro Robótico para Navegação Autônoma, ou simplesmente Carina, o programa do Laboratório de Robótica Móvel do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) de São Carlos, da Universidade de São Paulo (USP), que visa o desenvolvimento de um veículo inteligente capaz de navegar em ambientes urbanos sem a necessidade de um condutor humano, foi iniciado em 2010. Como explica Denis Fernando Wolf, coordenador da pesquisa e professor do Departamento de Sistemas de Computação da instituição, entre os objetivos deste estudo destacam-se a diminuição do número de acidentes em ruas e rodovias, o aumento da eficiência do trânsito em geral e o desenvolvimento de um sistema de auxílio ao motorista, que possa avisá-lo de uma situação de risco durante a condução do veículo, bem como assumir o controle quando o perigo é eminente. O Carina conta com controle computacional de esterçamento, aceleração e freio. O sistema de acoplamento 44

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magnético, também acionado por computador, permite que o veículo seja conduzido por um motorista humano ou pelo sistema inteligente. O carro traz ainda computadores embarcados conectados em rede e diversos sensores, como GPS, câmeras e lasers. Eles são usados para localização, navegação, detecção de obstáculos e tomada de decisão. Por enquanto, os testes com o carro (Palio Adventure) são realizados apenas dentro do campus da universidade. “Nosso maior desafio é replicar a tomada de decisões, ou seja, fazer com que o computador tenha um comportamento parecido com o do ser humano para perceber e entender o mundo ao seu redor e decidir o que fazer em cada situação, sempre de forma segura”, comenta Wolf. Na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o projeto de carros que se locomovem sozinhos começou em 2007. Apelidado de Cadu, sigla para Carro Autônomo Desenvolvido na UFMG, o automóvel, um Chevrolet Astra, surgiu com o objetivo primário de criar e aperfeiçoar sistemas de segurança que podem ser utilizados em automóveis convencionais. 4


O carro se desloca apenas por comandos computacionais. Basta que o motorista programe a rota desejada − pelo sistema GPS − e aguarde a execução. Ações básicas como acelerar, frear e virar o volante também são executadas por sistemas de automação, que podem ser realizadas por comandos de voz ou joystick, como em vídeogames. Ele conta ainda com uma câmera na parte superior, capaz de substituir a visão humana. Ela detecta buracos, quebra-molas e outras adversidades que aparecem nas pistas, e, ao fazer isso, o veículo consegue programar soluções, como desviar, frear ou até mudar a rota inicial. De acordo com o coordenador do projeto, o professor Guilherme Augusto Silva Pereira, do Departamento de Engenharia Elétrica, além do processo de adaptação física, todos os softwares que dirigem o modelo foram desenvolvidos pela UFMG. “Nossa ideia é que o carro não seja autônomo o tempo todo, mas, sim, que seja capaz de assumir o controle por alguns momentos caso perceba situações de perigo. Por exemplo, se o motorista estiver dirigindo e começar a sair da estrada, um sensor pode identificar o problema e corrigir o trajeto. O que queremos é ajudar a minimizar o número de acidentes”, garante. Outro projeto brasileiro é o da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). O carro elaborado pelo Laboratório de Computação de Alto Desempenho (LCAC), do Departamento de Informática, apareceu este ano do programa Mais Você, da Rede Globo, e acabou “atropelando” a apresentadora Ana Maria Braga. Porém, como explica Alberto Ferreira Souza, professor de pós-graduação em Ciência da Computação e coordenador do estudo, o que aconteceu foi erro humano e não

falha técnica. “Na ocasião, o carro funcionou perfeitamente. O problema é que houve uma mudança no roteiro e eu fiquei fora do carro. Não percebi que o freio de mão não tinha sido puxado e mudei o sistema para o modo manual, só que estávamos em um pequeno declive, aí ele acabou indo para trás e ‘empurrou’ a Ana Maria.” Desenvolvido desde 2009 na teoria, e desde 2012 na prática, o automóvel, um Ford Escape Hybrid, foi criado com o intuito de entender como funciona a mente humana. “Estamos usando o carro como se ele fosse um organismo vivo. Queremos que o cérebro dele se pareça com o nosso e que, no futuro, os dois possam interagir”, afirma Souza. O veículo da Ufes é equipado com sensores a laser, chamados velodyne, e câmeras que giram 20 vezes por segundo para colher medidas de distância. A partir daí, um computador processa as informações e gera imagens de como é o mundo exterior. Segundo o coordenador, por enquanto o carro consegue detectar e reconhecer apenas placas de trânsito. O próximo passo é desenvolver softwares para detecção e reconhecimento também para sinais de trânsito, pedestres e outros veículos (caminhões e motos, inclusive). “Estamos trabalhando bastante nisto e acreditamos que até agosto do ano que vem estejamos com tudo pronto”, diz o professor. Se tudo der certo, já no segundo semestre de 2014 a equipe do LCAD pretende sair com o automóvel autônomo do campus da universidade, em Vitória, e rodar até o município de Guarapari, um trecho de cerca de 50 quilômetros. “É um caminho mais sofisticado, com desafios maiores e mais reais. Se conseguirmos, será um ótimo teste”, completa Souza.

Pelo mundo Devido ao avanço nas pesquisas com os carros autônomos, muitas montadoras entraram no negócio, como Lexus, Toyota e Nissan. As duas primeiras apresentaram seus projetos durante a Consumer Electronics Show, que aconteceu em janeiro, em Las Vegas, nos Estados Unidos. O conceito da Nissan, baseado no elétrico Leaf e que é capaz de se dirigir e até estacionar sozinho, foi mostrado no ano anterior na feira Combined Exhibition of Advanced Technologies (Ceatec), no Japão. Por enquanto, as marcas dizem que o objetivo é aprimorar os aparatos de segurança dos veículos atuais, para contribuir para uma direção mais cautelosa e, consequentemente, ajudar a diminuir o número de acidentes e, principalmente, as mortes no trânsito.

Nissan NCS-2015 adota um sistema de monitoramento remoto; controle pode ser feito por smartphones

Mudanças na legislação Segundo especialistas, os carros autônomos ainda deverão demorar entre dez e 15 anos para chegarem às lojas por dois motivos. O primeiro deles é o preço. Como explica Guilherme Augusto Silva Pereira, professor do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e coordenador do projeto Cadu, os dispositivos eletrônicos usados nestes veículos são extremamente caros. “Esses equipamentos, a maioria deles importados, custam, pelo menos, duas vezes o valor do automóvel. O desafio agora, além de deixá-los 100% seguros, é torná-los viáveis comercialmente”, complementa. Outra limitação é a legislação, já que hoje as leis de trânsito são muito focadas no motorista. “No caso dos autônomos, se acontecer um acidente, de quem será a culpa? Do carro? Da tecnologia? Do ser humano?”, questiona Denis Fernando Wolf, coordenador do Carina e professor do Departamento de Sistemas de Computação do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) de São Carlos. Até que todas essas perguntas sejam respondidas, e também que alguma montadora faça o lançamento oficial de um veículo autônomo, muitos estudos e discussões serão necessários. Enquanto isso, o que os motoristas poderão fazer é aproveitar todos os aperfeiçoamentos que estes estudos trarão para os automóveis em termos de segurança, e, para isso, com certeza, a espera será pouca. 2013 I INN SÃO PAULO

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ENDEREÇOS PARA BRILHAR Conheça as principais joalherias da cidade

O diamante é o melhor amigo da mulher”, cantava a diva Marilyn Monroe no famoso musical Os Homens Preferem as Loiras, um sucesso que marcou época na Broadway. De Cleopatra a Dilma Rousseff, passando por mulheres de várias culturas e meios sociais, as joias são objeto de desejo desde que a nossa primeira ancestral com uma quedinha por invenções fashion pendurou um dente no pescoço. “A joia é moeda universal que não perde seu valor material, é documento que resiste ao tempo, é patrimônio impregnado de sentimentos e de história”, diz Eliana Gola, autora do livro A Joia − História e Design (Editora Senac). Além de seu valor sentimental e estético, essas peças também podem ser um bom investimento, desde que o comprador conheça bem o mercado e saiba aplicar seu dinheiro em modelos com bom potencial de valorização. “Comprar joia é como adquirir uma obra de arte; quem não conhece o assunto não vai saber o valor real da peça nem quanto ela poderá valorizar com o tempo”, diz o consultor financeiro Samuel Marques. Uma coisa é certa: algumas marcas, seja pela comprovada qualidade, seja pela capacidade de inovação, já atingiram um patamar incontestável entre os fãs de uma boa joia. Confira a seguir onde e o que encontrar nas melhores joalherias da cidade. 4

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GPS Amsterdam Sauer

A marca, criada em 1941 pelo francês Jules Roger Sauer, que havia emigrado para o Brasil sozinho em 1939, com apenas 18 anos, virou sinônimo de bom gosto e qualidade. Pioneiro na divulgação da esmeralda brasileira, Sauer transformou sua empresa numa referência internacional nesta pedra, tanto as de origem nacional quanto as colombianas. Com mais de 20 lojas, a grife mantém o Museu Amsterdam Sauer de Pedras Preciosas e Minerais Raros, em Ipanema, no Rio de Janeiro. Lá os visitantes podem conhecer desde pedras em estado bruto até as mais diferentes lapidações, além de joias premiadas em importantes concursos internacionais. Trata-se da mais completa coleção particular de pedras preciosas da América Latina, com mais de 3 mil peças. Shopping Morumbi (Av. Roque Petroni Jr, 1089) www.amsterdamsauer.com.br

Ana Tinelli

De família italiana, Ana Tinelli cresceu entre pedras e metais preciosos: seu bisavô era joalheiro de profissão. Cursou moda na faculdade e acabou se apaixonando pelo design de joias. Aprofundou-se em Gemologia e matriculou-se na unidade japonesa da ESMOD, tradicional escola de moda francesa. Praticante de yoga e com muitas visitas a países do Oriente, usa esses temas como conceito e inspiração. O atendimento aos clientes é exclusivo e suas peças são únicas. Shopping JK Iguatemi (Av. Pres. Juscelino Kubitschek, 2041, Piso 1, Vila Nova Conceição) www.anatinelli.com.br

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Antonio Bernardo

Antonio Bernardo é um caso único na história da joalheria brasileira. Filho de dono de uma loja de peças para joalheria, ele na juventude foi morar na Suíça, em Lausanne, onde estudou relojoaria e estagiou em importantes marcas. Essas experiências ecoam até hoje em sua obra, uma das mais premiadas em troféus internacionais como o iF Design Award, considerado o Oscar do design. Inovadoras mas feitas com precisão e rigor, suas joias surpreendem e criam um jogo lúdico com o consumidor, como o anel Puzzle, que pode ser desmontado: é feito em várias partes que se encaixam como num jogo. Bernardo lançou recentemente uma nova coleção masculina com anéis, abotoaduras, pulseiras e correntes. Com várias endereços em São Paulo, no Brasil e no exterior, o designer está sempre renovando suas coleções. Rua Bela Cintra, 2063 Tel.: 11-3083-5622 www.antoniobernardo.com.br

Guerreiro

Ex-fotógrafo e modelo, José Carlos Guerreiro é o principal designer da marca, que conta com uma clientela fiel. Depois de atuar como modelo de grifes como Valentino e Dener, ele iniciou sua carreira como joalheiro nos anos 1970 e logo conquistou os jovens com suas misturas inusitadas de materiais. Uma de suas pulseiras, com uma placa para gravar o nome, marcou época. O designer mantém a capacidade inventiva e seu trabalho autoral. Rua Oscar Freire, 727 Tel.: 11 3088 8922 www.guerreiro.com 2013 I INN SÃO PAULO

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GPS H.Stern

Considerada a principal joalheria da América Latina e uma das maiores do mundo, a marca está presente em 32 países por meio de 150 lojas próprias e 130 pontos de venda comandados por parceiros comerciais. Nas últimas duas décadas, a H. Stern deu uma grande guinada conceitual, investindo em um design inovador, sem deixar de lado a qualidade das pedras preciosas e o fino acabamento. Temas como moda, comportamento, arte e arquitetura, e parcerias com criadores de outras áreas oxigenaram a grife. Rua Oscar Freire, 652 Tel.: 11 3068-8082 www.hstern.com.br

Jack Vartanian

A marca, usada por celebridades como Gisele Bundchen, Kate Hudson, Isabelli Fontana, Cameron Diaz e Catherine Zeta-Jones, tem lojas no Brasil e na Madison Avenue, em Nova York. De uma família com tradição em negócios com pedras preciosas, Jack conviveu com o universo da joalheria desde criança, começou a trabalhar na empresa do pai na adolescência e logo decidiu lançar sua própria marca. Suas joias ecoam a tradição mas trazem um toque de vanguardismo e de sofisticação. Rua Bela Cintra, 2.175 Tel.: 11 3061-5738 www.jackvartanian.com

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Julio Okubo

Marca paulistana reconhecida pelo trabalho com esmerado acabamento em ouro, pedras e pérolas, a Julio Okubo produz peças clássicas com pequenas pitadas de tendências contemporâneas. Presente em vários shoppings da capital, a marca surgiu em 1934, quando a mãe de Julio, Rosa Okubo, abriu sua joalheria e passou a ser conhecida como a Rainha das Pérolas. Explica-se: ela tinha um conhecido que foi precursor no cultivo de pérolas no Japão e passou a revender a produção no Brasil. Julio começou a trabalhar com a mãe aos 14 anos e hoje seus filhos também o ajudam na empresa. Shopping Morumbi (Av. Roque Petroni Jr., 1089, loja 57 S) Tel.: 11-5181-2157 www.juliokubo.com.br

Vivara

Criada no Centro de São Paulo, em 1962, a marca hoje conta com mais de 100 lojas e produz suas joias em uma fábrica de dois mil metros quadrados e 80 profissionais especializados em ourivesaria e design. Coleções delicadas e com um pé na tradição joalheira feitas sob medida para datas especiais são a marca da grife. Morumbi Shopping (Av. Roque Petroni Jr., 1089) Tel.: 11 5183-8607 www.vivara.com.br

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Moda

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VERÃO ALEGRE E FEMININO Sensualidade discreta, alegria, suavidade e leveza marcam a moda primavera-verão

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Por: Rosane Aubin Fotografia: Divulgação Mercedes Benz Fashion Week Nova York e Berlim

O PRÓPRIO PARAÍSO para as mulheres que gostam de andar bem vestidas mas não dispensam o conforto e a leveza. E ainda de quebra querem manter a feminilidade e a sensualidade, mas sempre com muita discrição. “No verão nos sentimos mais dispostas, com vontade de usar roupas que transmitam alegria, frescor e suavidade. É exatamente assim que estará a próxima temporada, em que cores, texturas, tecidos e formas aliam-se para deixar a mulher elegante e confortável”, diz Marcele Goes. Consultora de imagem pessoal e corporativa da Estilo sob Medida e membro da Associação Internacional de Consultoria de Imagem (AICI), a profissional está sempre bem informada sobre as tendências e sugere linhas gerais que podem orientar a escolha de quem quiser colocar no guarda-roupa peças atuais e lindas. Marcele dividiu por temas: cores, tecidos, estampas e formas. Confira as dicas da especialista. www.estilosobmedida.com.br Cores

“As cores estão divididas em três grupos. O primeiro tem tons extremamente vibrantes como azul royal, tangerina, verde folha, vermelho, violeta, amarelo néon. O segundo inclui tonalidades suaves e delicadas, remetendo ao universo da lingerie de antigamente, com cores como rosa claro, coral, verde água, azul céu. E o terceiro são os neutros, com branco, bege claro, caramelo suave, cinza, preto e marinho, que se juntam aos coloridos já citados. Bastante explorada no inverno, a dupla preto e branco continua forte, mas com a composição invertida: maior peso para o branco com pequenas doses de preto para dar o contraste.”

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2 (1) Laurel, desfile em Berlim; (2) Laurel; (3) Max Azria, em Nova York; (4)Caramelo. 54

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Tecidos

Vestido de noite de Farah Angsana

“Os tecidos são leves, com estrutura e movimento ao mesmo tempo, como tricolines e sarjas leves, georgete de seda e crepes sintéticos para as alfaiatarias. Há também tramas mais trabalhadas, como as rendas − que surgem em desenhos diferentes, que não remetem muito ao universo das lingeries, mas como uma textura de construção do tecido mesmo −, os vazados com diferentes desenhos, piquês e bordados de paetê. A transparência é um atributo bastante explorado, tanto na parte vazada quanto na espessura fina e delicada dos tecidos lisos.” 2013 I INN SÃO PAULO

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Estampas “Verão e estampa floral formam uma ótima combinação! Mas a cada coleção os desenhos vêm com nova roupagem. Dessa vez, as flores são bem realistas, com alto contraste nas cores, bem contornadas, menos românticas e mais extravagantes. Uma tendência bastante presente nos desfiles é a composição de estampas, com uma repetição da mesma padronagem no look, em diferentes tamanhos. Outra forma de repetição é nos acessórios: sapato e bolsa, bolsa e saia, bolsa e cinto ou terninho e bolsa.”

(1) Tori Burch (2) Joanna Mastroianni (3) Carlos Miéle

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Formatos “De maneira geral, as roupas não estão muito grudadas, mas têm uma forma mais enxuta, sem muito volume. A impressão geral da silhueta é uma forma mais reta, cilíndrica, enfatizada pelas influências da década de 1920 que apareceram no inverno, variando para o formato “A”, mais ajustado na parte de cima e abrindo suavemente em direção à barra. Um ponto específico, que apareceu em diversos desfiles, foi a calça de modelagem solta, como a calça baggy de antigamente, mas com a cintura mais baixa. É chamada de calça relaxed, e cai solta desde o cós até a barra, sem desenhar muito as formas do corpo. Outra tendência que merece destaque é a de recortes vazados nas roupas, que podem aparecer em qualquer ponto: no ombro, no decote, nas costas, na cintura, na lateral do quadril, nas coxas. O terninho com short ou bermuda também aparece em diversas coleções. O peplum, aquele babado evasê inserido na cintura de blusas, vestidos e saias, também continua, bem evidente e misturado às rendas e estampas.”

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A modelo Heidi Klum desfila em Nova York: recortes sensuais

Glamour 40 graus A moda praia também promete deixar as mulheres cheias de charme e feminilidade neste verão. A consultora Marcele Goes diz que as cinturas estarão altas, com calcinhas que lembram as de antigamente, especialmente nos trajes de banho decorativos − aqueles que não são usados para tomar sol. “Como nas roupas comuns, os recortes vazados também aparecem bastante nos maiôs, com vazados na lateral da cintura, nas alças ou na junção da calcinha com a parte de cima do maiô. Outra tendência emprestada das roupas comuns é o uso do peplum nos maiôs”, diz a especialista em moda. Nas cores, Marcele vê uma predominância da mistura preto e branco, tons neutros e coloridos vibrantes e cítricos. “Os tons suaves, na linha pastel, aparecem muito pouco”, diz. E as estampas florais, um dos pontos fortes das últimas estações, continuam, com tons fortes e contornos bem definidos.

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(1) Brilhos: maiô azul da Dolores Cortes; (2) Enfeites: biquíni da Aqua di Lara abusa das amarrações e tem até um babadinho; (3) Pretos com algo a mais: peças da Beach Riot, com brilhos; (4) Retrô e moderno: calcinha alta e cores vibrantes da Poko Pano; (5 e 6) Sauvage, com dourados e amarrações; (7) Abertura sensual: o vazado na lateral valoriza o modelo da Suboo. 2013 I INN SÃO PAULO

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Roteiro

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Roteiro Academias Bio Ritmo

Charmosa e moderna, a unidade Bio Ritmo Morumbi tem como diferencial uma piscina semiolímpica com água salinizada, oferecendo aulas de natação e hidroginástica. Ao todo conta com 29 modalidades, incluindo Bio Pilates (exercícios de flexibilidade e força a partir do trabalho da musculatura que envolve o centro de gravidade e o equilíbrio) e Sh’Bam (condicionamento cardiovascular por meio de movimentos de dança coreografados, utilizando vários estilos musicais). Na sala de musculação, as esteiras têm televisão individual, e o público infantil tem aulas diferenciadas, como judô e balé. A academia possui ainda cyber café, lanchonete, sauna a vapor e loja de moda praia e fitness. Av. Giovanni Gronchi, 4.415, Morumbi. Seg. a qui., das 6h às 23h; sex., das 6h às 22h; sáb. e dom., das 10h às 16h. Tel.: (11) 3745-2500. Site: www.bioritmo.com.br

Cia Athletica

Já imaginou cuidar da saúde ao mesmo tempo em que assiste a um show ou a uma partida de futebol? Para os alunos da unidade da Cia Athletica do Morumbi este sonho já é uma realidade. Além do posicionamento Premium, a unidade traz um conceito novo de convivência entre a área da atividade física e social. O local possui salas de musculação e ginástica, sauna, estúdio de pilates, área para a prática de exercícios cardiovasculares e pista externa de cooper. Na parte de ginástica, algumas atividades oferecidas são: Power ABS , Fast Glúteos e Cia Local Ball (aula que utiliza uma base com bola e elásticos acoplados para a realização de exercícios funcionais). Estádio do Morumbi (Praça Roberto Gomes Pedrosa, s/nº, portões 4 ou 17, Morumbi). Seg. a sex.. das 6h às 23h; sáb., dom. e feriados, das 9h às 16h Tel.: (11) 2762-3000. Site: www.ciaathetica.com.br

Competition

Fundada em 1984, a Competition tem três unidades em São Paulo, nos bairros de Cerqueira César, Higienópolis e Bela Vista. Esta última, de 9 mil metros quadrados, conta com aparelhos dotados de monitoramento eletrônico, piscina semiolímpica, salas de lutas e ginástica, estúdio de pilates, quadra poliesportiva, sauna seca, campo de futebol society e anfiteatro com capacidade para 120 pessoas. A unidade oferece ainda outros serviços, alguns realizados em parceria com empresas terceirizadas, como nutricionista, personal trainer, fisioterapia, restaurante, cabeleireiro, loja de artigos esportivos e até lavanderia. Rua Cincinato Braga, 520, Bela Vista Seg. a sex., das 6h às 23h; sáb., das 10h às 16h; dom., das 10h às 16h (nos dias de plantão). Tel.: (11) 3149-9777. Site: www.competition.com.br 60

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Gracie Morumbi

Com mais de dez anos de funcionamento, a Gracie Morumbi é a academia ideal para os amantes das lutas. As modalidades oferecidas são jiu-jitsu (inclusive aulas especiais para mulheres e crianças) e muay-thay, mas o aluno também pode fazer musculação. Quem quiser uma aula mais personalizada conta com os serviços de um personal trainer. Segundo o proprietário Leopoldo Casco, na academia o conhecimento é transferido de forma totalmente didática, possibilitando o aprendizado a pessoas em qualquer nível de condicionamento e experiência. Av Giovanni Gronchi, 5.174, cj 1, Vila Andrade. Seg a sex., das 7h30 às 21h. Tel.: (11) 3742-4034. Site: www.graciemorumbi.com.br

Runner

A Runner Morumbi ocupa uma área de 3 mil metros quadrados e conta com estacionamento coberto gratuito, sala de musculação com 500 metros quadrados, três salas de ginástica, uma sala de spinning, uma sala de lutas com ringue, piscina semiolímpica coberta e aquecida, piscina recreativa descoberta com deck e solarium, duas quadras (uma coberta), espaço kids com vestiários adaptados e independentes, saunas seca e úmida, ofurô e espaço de convivência. Algumas das modalidades disponíveis na unidade são: yoga, Bike Class (simula o ciclismo indoor em bicicleta especial estacionária), Runner Jump (aula em que coreografias lúdicas montadas com exercícios simples são realizados sobre uma superfície elástica), natação, hidroginástica, capoeira, pilates e Street Dance. Av. Aureliano, 201, Morumbi. Seg. a sex., das 6h às 23h; sáb., das 9h às 17h. Tel.: (11) 3502-6490. Site: www.runner.com.br

Smart Fit

Em 2009, o Grupo Bio Ritmo trouxe o modelo Smart Fit ao Brasil, academia que oferece mais praticidade para quem precisa praticar exercícios aeróbicos e musculação, mas sem compromissos com aulas de ginástica e nem com contratos burocráticos. Os preços também são mais competitivos (dependendo da unidade, a mensalidade custa a partir de R$ 49,90, mas também são cobradas taxa de adesão e anuidade). Um dos diferenciais é o plano Black, que dá acesso a todas as academias Smart Fit do país (são mais de 77), exceto a de Botafogo, no Rio de Janeiro. Rua da Consolação, 3.122, Jardins. Seg. a sex., das 6h às 23h; sáb. e dom., das 10h às 16h. Site: www.smartfit.com.br

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Roteiro Pizzarias 1900 Pizzeria

A primeira unidade da 1900 Pizzeria foi inaugurada em 1983, na Vila Mariana. Vinte e oito anos depois e com mais quatro lojas no portfólio, os proprietários decidiram abrir uma unidade no Morumbi. No cardápio são diversas as opções com massa média tradicional ou integral. Confira alguns sabores: Carciofini (R$ 70,50 a grande), que leva coração de alcachofra e parmesão; XXV (R$ 65 a grande), preparada com presunto defumado, cebolas caramelizadas, cream cheese e ciboulette; e Fiorentina (R$ 56,90), com presunto, cebola, provolone e orégano. Entre as sobremesas, além das pizzas doces, destaque para a receita exclusiva da casa, o GiroMille (R$ 17,50), massa recheada com nutella, doce de leite, chocolate, banana, morango ou maçã e assada em formato de rosca, polvilhada com canela e açúcar e servida com sorvete de creme e farofa doce. R. Dr. Fonseca Brasil, 282, Morumbi. Dom. a qui., das 18h às 24h; sex. e sáb., das 18h à 1h. Cc: Master e Visa. Tel.: (11) 3129-1900. Site: www.1900.com.br

Bráz Pizzaria

A casa busca inspiração nas pizzas tradicionais, no bairro do Brás, reduto dos italianos, para elaborar suas criações. Segundo os proprietários, tudo lá foi pensando para que o cliente tenha a mais autêntica experiência de saborear uma verdadeira pizza, e isso inclui a escolha dos ingredientes, como o tomate pelado importado da Itália, a receita da massa, que deve ter exatos 450 gramas e 35 cm de diâmetro, e o forno a lenha que chega a 450°. Entre as pizzas mais vendidas estão a Bráz (R$ 59,50), preparada com fatias de abobrinha refogadas em alho e azeite de oliva, salpicadas de mussarela, gratinada com parmesão ralado; a Caprese (R$ 67,50), que traz, sobre uma base de mussarela, fatias de tomate caqui, rodelas de mussarela de búfala artesanal, folhas de manjericão gigante e pesto de azeitonas pretas; e a Napolitana (R$ 57), com alho cru fatiado, parmesão ralado e folhas frescas de manjericão. Rua Graúna, 125, Moema. Seg. a qui., das 18h30 às 24h30; sex. e sáb., das 18h30 à 1h30. Cc: Todos. Tel.: (11) 5561-1736. Site: www.brazpizzaria.com.br 62

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Jullia Pizza Bar

Inaugurada em 1996 pelos sócios Alessandro Molina e Wilson Capellini no bairro de Santana, na Zona Norte de São Paulo, a Jullia Pizza Bar tem um estilo rústico chique. O menu conta com entradas, bruschettas, saladas, carpaccio e, claro, pizzas. Entre as redondas, destaque para a Bellissima (R$ 68), com mussarela, leve toque de gorgonzola, geléia de figos frescos e fatias de presunto cru; e Sorpresa (R$ 56) que leva mussarela e rúcula regada com limão siciliano. Um dos diferenciais da casa é que o cliente pode pedir metade pizza e metade calzone. Na lista de sobremesas estão brigadeiro de colher, waffle, mouse e salada de frutas. Rua Francisca Julia, 465, Santana. Dom. a qui., das 18h às 24h; sex. e sá., das 18h à 1h. Cc: Todos. Tel.: (11) 2959-5077. Site: www.pizzariajullia.com.br


Pizzaria Camelo

Com cinco casas em bairros nobres da, a Pizzaria Camelo é uma das mais tradicionais de São Paulo. A abertura da unidade do Morumbi, em julho de 2002, fez parte dos planos de expansão da marca após os netos do fundador assumirem o negócio. Sob a supervisão do chef José Antonio Macedo, responsável pela cozinha e pelo forno desde o início, o cardápio é o mesmo das outras casas e apresenta redondas de massa fina. Os recheios vão dos clássicos mussarela (R$ 49,00) e calabresa (R$ 64,00) a criações como a Pacaembu (R$ 67,00), feita com peito de peru, alho-poró, tomate caqui, mussarela de búfala e azeitonas pretas fatiadas ou a Caprese (R$ 69,00), que leva tomate, mussarela de búfala, azeitona preta moída e manjericão. R. Mal. Hastinfilo de Moura, 73, Morumbi. Dom. a qui., das 18h às 24h30; sex. e sáb., das 18h à 1h. CC: Todos. Tel.: (11) 3747-4450. Site: www.pizzariacamelo.com.br

Veridiana Pizzaria

Pizzaria Nacional

Nova casa do Grupo São Bento, é inspirada nos anos 1950 e 1960, quando a pizza popularizou-se no país. Entre as pizzas, a de massa de longa fermentação é feita com ingredientes especiais, como a farinha Caputo e o molho de tomate Ciao, importados da Itália. O chope e o sorvete são especiais, frutos de parcerias exclusivas com a Bacio de Latte e a Hoegaarden. Entre as pizzas tradicionais, destaca-se a Calabresa (molho de tomate, calabresa artesanal fatiada, cebola e azeitonas pretas; R$ 49,50 a média, R$ 55,50 a grande); e entre as 18 especialidades da casa, a Columbia (molho de tomate, mussarela, queijo brie, abobrinha fatiada marinada, alho, queijo grana padano e pecorino ralados; R$ 48 a média, R$ 53 a grande), e a Excelsior (molho de tomate, mussarela de búfala, tomate cereja com molho pesto, pinoli e lascas de queijo grana padano; R$ 56,50 a média, R$ 62,50 a grande). O cardápio também traz saladas e dez sobremesas. R. Canário, 480, Moema. Dom. a qui., das 18h30 à 0h30; sex. e sáb., das 18h30 à 1h30. Tel.: (11) 3074-4389/5052-5729. Site: www.gsbg.com.br

A Veridiana incluiu mais uma opção em seu cardápio de pizzas gourmet. A criação é uma releitura de um clássico da culinária italiana: Melanzane Parmiggiana. A nova pizza é uma versão mais leve da berinjela ao forno, preparada com molho ragu, parmesão e uma camada de mussarela. A grande sai por R$ 64 e a individual por R$ 53. Outra opção é a Cablanca (R$ 65 a grande e R$ 53 a individual), preparada com queijo de cabra holandês, com miniaspargos frescos e pinole. A decoração dos amplos espaços, com samambaias nas paredes de pedra, é assinada pela cenógrafa e paisagista Célia Alves. No ambiente da pizzaria, destacam-se o piano Steinway em um palco suspenso de cristal, o grande espelho d’água e uma lareira para os dias mais frios. Rua José Maria Lisboa, 493, Jardins. Dom. a qui., das 18h às 24h30; sex. e sáb., das 18h à 1h30. Cc: todos. Tel.: (11) 3559-9151. Site: www.veridiana.com.br

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Roteiro Restaurantes Aji-to

A região conhecida como Baixo Augusta acaba de ganhar mais uma opção gastronômica: a Aji-To Temakeria. O espaço projetado pela arquiteta Heloisa Dabus agrega salão de entrada, balcão e salão principal ao fundo. O ambiente moderno e descontraído, em tons de preto e laranja, tem paredes decoradas com figuras do Japão dos séculos XIX e XXI, gueixas, paisagens e imagens do Japão atual. No comando da cozinha está Eduardo Inoue, um dos criadores da Temakeria e Cia, e o cardápio conta com entrada, temakis, pratos quentes, sushis, como o Katsu, (sushi especial de arroz com ovas, coberto com suflê de salmão e cebolinha e maionese, R$ 22,90), e sobremesas. Rua Augusta, 1.416, Consolação. Seg. a qui., das 12h às 23h30; sex., das 12h às 2h; sáb., das 14h às 4h; dom., das 16h30 às 23h30. Cc: Todos. Tel.: (11) 4323-0683. Site: www.ajito.com.br

Andiamo

Criado em 1992 pela família De Angelis, proprietária de uma rede de lojas de roupas espalhadas em vários shoppings de São Paulo, o Andiamo nasceu inicialmente para atender os consumidores e lojistas. O cardápio faz referência às tradicionais cantinas italianas e as massas, em versões lisas ou recheadas, são o carro-chefe da rede. Alguns dos pratos mais pedidos são Filletti com penne al Limone (medalhões de filé servidos com penne ao molho branco com limão, R$ 52), Filletti alla parmegiana (receita servida com purê de batata, R$ 47), Rondelli Bianco al Sugo (R$ 44) e Polpettone com fusilli (R$ 47). Shopping Morumbi (Av. Roque Petroni Júnior, 1089, Morumbi, piso Lazer, loja 33). Seg. a qui., das 12h às 22h30; sex. e sáb., das 12h às 23h; dom., das 12h às 22h. Cc: Todos. Tel.: (11) 5182-5822. Site: www.andiamorestaurante.com.br

Era uma vez um Chalezinho

Quando se pensa em fondue, um dos primeiros restaurantes que vem à cabeça é o Era uma vez um Chalezinho. Original de Belo Horizonte, em Minas Gerais, a casa chegou a São Paulo em 2001. O piano localizado logo na entrada proporciona aos clientes uma recepção aconchegante. O local ainda dispõe de bar, mezanino, que inclui uma sacada com vista panorâmica do bairro, e terraço na parte externa. A iluminação é em meio tom à luz de velas, a música romântica e a decoração rústica. No cardápio, elaborado por Ricky Marcellini, as fondues, servidas para duas pessoas, acabam sempre sendo as grandes atrações, como a de queijo Chalezinho (R$ 118,70) e a de chocolate Lindt Classic (R$ 98). R. Itapimirum, 11, Morumbi. SSeg. a qui. e dom., das 18h às 24h; sex. e sáb., das 18h à 1h. Cc: Todos. Tel.: (11) 3501-9322. Site: www.chalezinho.com 64

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Floriano

Restaurante voltado para a família. O bufê de almoço (R$ 49,50 por pessoa) é composto por várias mesas: de antepastos, saladas, queijos e frios e pães artesanais. Há ainda uma mesa com 14 opções de pratos quentes. Entre eles salmão com risoto de arroz negro com caldo de abóbora; medalhão de mignon com laranja kinkan e redução de aceto balsâmico; carré de cordeiro com geleia de hortelã; picanha na crosta de castanha de caju e legumes caramelizados; salmão assado ao molho de cream cheese e dill; rolê de frango com presunto Parma e funghi seco, e brandade de bacalhau com azeitonas pretas e alcaparras. Quem preferir pode optar pelo serviço à la carte, que traz desde pizzas até saladas e massas. Rua Joaquim Floriano, 466, Itaim Bibi. Todos os dias, das 12h às 23h. Cc: Todos. Tel.: (11) 3079-3500. Site: www.restaurantefloriano.com.br

O Pote

Sob o comando dos empresários e entusiastas das artes Tomás Yazbek e Ivan Arcuschin, um dos nomes à frente da Escola São Paulo, o restaurante O Pote, que antes tinha o sobrenome Do Rei, reabriu de cara nova. O projeto arquitetônico é do escritório Ito Ventura e a consultoria gastronômica de Fernanda Cestari. O chef Alexandre Abreu é quem assina o cardápio com inspiração franco-italiana. No menu são oferecidos pratos como o Prime Rib Suíno (costela prime de porco com toque de mostarda acompanhada de risoto de cogumelos, R$ 48), o Risoto de Frutos do Mar (lulas, camarões e vieira no molho de tomate, R$ 56) e o Robalo Grelhado, servido acompanhado de purê de cenoura e bock choy com toque de amêndoas (R$ 59). Rua Joaquim Antunes, 224, Pinheiros. Ter. a qui., das 12h às 15h e das 19h30 às 24h; sex., das 12h às 16h e das 19h30 à 1h; sáb., das 13h à 1h; dom. e feriado, das 13h às 17h30. Cc: Todos. Tel.: (11) 3068-9888.

Ramona

Localizado no centro de São Paulo, o Ramona foi inaugurado em julho de 2012 com a proposta de ser um ambiente moderno e intimista, para servir culinária contemporânea de apelo urbano desde o almoço até o jantar (sob o comando do chef de cozinha Bruno Fischetti) ou mesmo para apenas um drinque (a carta é elaborada pelo barman Renan Tarantino). O menu traz entrada, saladas, carnes, massas, hambúrgueres e sobremesas. Algumas opções são Chancho ramônico (corte suíno) com batata assada, berinjela japonesa grelhada e vinagrete de pimenta biquinho e coentro (R$ 41); Galeto desossado recheado com pera e brie, acompanhado de lentilha, cevadinha, alface romana e lascas de bacon (R$ 37); Cheeseburger Ramona (200 gramas de fraldinha coberta com queijo Canastra, ovo caipira frito, maionese da casa, alface romana e tomate caqui (R$ 33), e pudim de leite (R$ 13). Av. São Luís, 282, República. Seg. e terça, das 12h às 24h; qua a sex., das 12h às 2h; sáb., das 13h às 2h. Cc: Todos. Tel.: (11) 3258-6385. Site: www.casaramona.com.br 2013 I INN SÃO PAULO

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São Paulo em 2 Tempos

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O MAIS ALTO Texto e Foto: Rosane Aubin

UANDO FOI CONSTRUÍDO, em 1929, o Edifício Martinelli era tão alto que assustou a população. O industrial italiano Giuseppe Martinelli teve que instalar a sua casa no último andar para provar que a construção era segura. Na época, era o maior da América Latina, com 105 metros de altura, 30 pavimentos e 1.267 dependências entre salões, apartamentos, restaurantes, cassinos, night clubs e até uma igreja no 17º andar. Foi desapropriado pela Prefeitura em 1975 e hoje abriga as Secretarias Municipais de Habitação e Planejamento, as empresas Emurb e Cohab-SP e o Sindicato dos Bancários de São Paulo, além de vários estabelecimentos comerciais no piso

térreo. O prédio tem um programa de visitas, que podem ser agendadas no site www.prediomartinelli.com.br. Monitorado, o passeio leva os visitantes até a villa italiana que serviu de moradia para o construtor italiano, no 26º andar, de onde é possível avistar grande parte da cidade, incluindo o Pico do Jaraguá. Se fizer a visita, preste atenção no entorno: além do Edifício Altino Arantes, o Banespa, vizinho próximo, é interessante ver de cima construções históricas como a Catedral da Sé e o Mosteiro de São Bento, entre tantas outras do Centro da Cidade. A foto antiga, feita por volta de 1950, é do livro lembranças de São Paulo, de João Emilio Gerodetti e Carlos Cornejo, editado pela Solaris.

O Edifício Altino Arantes, o Banespa, ao fundo, e o Martinelli, à direita: marcos da cidade

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