Teoria da cor: a cor e suas propriedades
Para entendermos as cores é necessário que conheçamos o fenómeno da luz, que é o maior responsável pelas nossas sensações cromáticas. A luz é uma onda electromagnética e, assim sendo, possui frequências e comprimentos de onda variados. Inicialmente acreditava-se que a nossa visão provinha da incidência da luz sobre os nossos olhos, permitindo a visualização de superfícies, quando na verdade hoje sabe-se que a luz incide sobre uma superfície e esta reflecte-a nos olhos do observador.
A luz branca, como a do sol, é a totalidade dessas ondas visíveis, e todas as cores que conhecemos estão contidas nela. Cada comprimento de onda da luz branca na faixa de 400 até 700 nanómetros é responsável por uma cor distinta, apresentando as seguintes variações: vermelho, laranja, amarelo, verde, ciano, azul e violeta. A esse
conjunto
de
sete
cores
visíveis
conseguidas pela decomposição da luz branca damos o nome de espectro de luz visível.
Todas as superfícies têm a propriedade de absorver e reflectir determinados comprimentos de onda conforme a sua estrutura físico-química. As ondas que não são filtradas chegam aos nossos olhos criando a sensação de cor. Portanto,
as
superfícies
não
possuem
qualquer tipo de cor própria. Uma folha de cartão terá a cor verde se ela absorver todas as outras frequências de cores, reflectindo apenas as ondas correspondentes ao verde.
Tendemos a pressupor que os objectos possuem uma cor natural, própria e imutável, mas isso não é verdade. Dependendo do tipo de luz que incide num objecto, este pode assumir as mais variadas tonalidades. Se iluminarmos uma folha de papel branco com uma lâmpada amarela, os dois terão a mesma cor, porém a nossa percepção tende a ignorar este facto e continua a entendê-la como branca.
ELEMENTOS DA COR (MÉTRICA DA COR)
Toda a cor possui três características principais responsáveis por medi-las e identificá-las:
Matiz – É a própria cor na sua máxima intensidade. Vermelho, verde ou azul, por exemplo, são matizes. As mudanças nos matizes são obtidas pelo acréscimo de outros matizes.
Saturação – Grau de pureza de um matiz, ou seja, a capacidade de preservação da intensidade máxima. Uma
cor
tem
a
máxima
saturação
quando
corresponde a seu próprio comprimento de onda no espectro. A dessaturação de uma cor pode surgir pela proporção de um matiz em relação ao preto, branco, cinza ou a sua cor complementar.
Luminosidade – Trata-se da capacidade da cor de reflectir a luz branca, tornando o matiz mais claro ou mais escuro, independentemente da sua saturação.
SÍNTESES CROMÁTICAS
Chamamos de sínteses cromáticas aos sistemas com os quais conseguimos gerar o espectro de cores.
1)Síntese aditiva
É formada pelas cores obtidas através de feixes luminosos, chamadas cores-luz. Essas cores não possuem corpo material, existindo apenas quando as projectamos sobre uma superfície com o auxílio de alguma fonte luminosa, como um reflector. Nesta síntese partimos da ausência total de luz, caracterizada pelo preto, e vamos adicionando luminosidade até obtermos ponto máximo, ou seja, a luz branca. A síntese aditiva é aplicada em televisão, cinema, iluminação cénica e, claro, na fotografia.
2) Síntese subtractiva
Aqui as cores são obtidas por corantes que tem maior ou menor capacidade de absorver luminosidade, obtendo as corespigmento. Quando temos uma superfície branca, o ponto inicial desta síntese, significa que ela é capaz de reflectir 100% dos raios luminosos. Ao aplicar um pigmento sobre esta superfície, ele subtrai luminosidade até conseguir um índice máximo de absorção, caracterizado, teoricamente, pelo preto. Na prática, a impureza dos pigmentos faz com que cheguemos até um cinza neutro, sendo necessário o reforço do preto nos processos gráficos. A síntese subtractiva é largamente usada na indústria gráfica, indústria química, indústria têxtil, nas artes plásticas, entre outros.
3) Síntese partitiva
É a soma fisiológica das sínteses aditivas e subtractivas, resultando na cor-óptica. Neste caso, as cores não são misturadas materialmente, mas através da impressão que causam ao se agruparem numa maior ou menor proporção sobre uma superfície. Um bom exemplo desta síntese são os trabalhos dos pintores impressionistas. A ilusão de uma vasta combinação de cores dáse não pela mistura das tintas, mas pela sensação que a justaposição de cores puras causa, como neste quadro do pintor Georges Seurat. As cores são divididas conforme os efeitos que causam à percepção:
1) Cores primárias São cores que não podem ser decompostas e que através delas são criadas todas as outras cores. Cores-luz primárias: vermelho, verde e azul. Cores-pigmento primárias: ciano, magenta e amarelo.
Obs1: Durante muito tempo usou-se como cores-pigmento primárias o azul e o vermelho, em vez de ciano e magenta. Isso deveu-se à semelhança entre eles e pela dificuldade de se achar esses pigmentos na natureza. Obs2: O magenta, ao contrário das outras cores, não se encontra no espectro de luz, isso porque é criado pela sobreposição dos dois extremos do espectro, ou seja, violeta e vermelho.
2) Cores secundárias São as cores formadas pela mistura de duas cores primárias Cores-luz secundárias: Ciano (verde+azul), magenta (vermelho + azul), amarelo (vermelho + verde).
Cores-pigmento secundárias: verde (ciano + amarelo), vermelho (magenta + amarelo), azul (magenta + ciano).
Obs1: As cores secundárias de um sistema resultam nas primárias de outro. Obs2: Aqui vemos que na cor-pigmento o vermelho e o azul vêm do ciano e do magenta, logo, são cores secundárias e não primárias.
3) Cores terciárias São cores obtidas pela mistura de uma primária e uma secundária. São ao todo seis, independentes da síntese: laranja, oliva, turquesa, celeste, violeta e rosa.
4) Cores complementares São as cores opostas que, se misturadas, resultam no ponto final de cada síntese. Ou seja, branco na aditiva e preta na subtractiva.
5) Cores quentes e frias O psicólogo alemão Wundt percebeu que as cores podem provocar diversas sensações térmicas, estabelecendo a divisão delas em dois grupos:
Cores quentes - São o magenta, amarelo e todas em que essas predominem. Sugerem luz, calor, fogo, proporcionando uma sensação de actividade e dinamismo.
Cores frias - São o ciano, verde e todas as demais relacionadas. Transmitem sensação de conforto, tranquilidade, associando-se ao frio e a água.
Obs.: Embora as cores possam sugerir uma determinada sensação térmica, essa em nada tem a ver com a real temperatura da cor, sendo apenas um efeito psicológico. Na verdade cores de temperatura elevada tendem ao azul e as mais amenas ao vermelho.
6) Cores neutras
São cores que não são influenciadas nem influenciam nenhuma outra devido a pouca energia que possuem, como o preto, o branco e todas as cores que, por dessaturação, tendem a essas duas.
7) Cores análogas São as cores que têm uma cor base em comum, estando lado a lado no espectro de luz, possuindo, assim, pouquíssimo contraste entre elas.
8) Monocromia Refere-se à graduação em termos de saturação e luminosidade de um único matiz.
CÍRCULO CROMÁTICO Trata-se de uma representação das cores do espectro visível, mostrando as suas formações através das primárias e as relações entre si. Legenda: 1-12: Matizes 3, 7, 11: Cores-luz primárias / Cores-pigmento secundárias 1, 5, 9: Cores-pigmento primárias / Cores-luz primárias 2, 4, 6, 8, 10, 12: Cores terciárias A: Cores Complementares B: Cores quentes C: Cores frias D: Cores análogas E: Escala de neutralização
PSICOLOGIA DA COR As cores exercem influência psicológica no ser humano de tal maneira que são assimiladas mais rapidamente pelo cérebro do que a própria forma de um objecto. Ao ler a palavra AZUL, a impressão do vermelho é muito mais activa que o próprio nome da cor azul. Por isso mesmo é de vital importância para quem actua na área visual entender como reagimos às impressões cromáticas, para, assim, controlar o fenómeno a nosso favor, abrindo um leque de possibilidades comunicativas. Embora o significado das cores seja de carácter essencialmente cultural – uma mesma cor pode representar emoções diferentes e até mesmo opostas, dependendo da cultura – algumas generalizações foram percebidas e estudadas, criando relações que, embora aparentemente contraditórias, ajudam a traçar o perfil emocional de cada cor. Aqui estão algumas delas: VERMELHO Características: É a cor que possui a maior quantidade de efeitos psicológicos, devido à sua rara ocorrência na natureza. Estimula os sentidos, atenuando a melancolia e a inércia. Afecta a pressão sanguínea e incita a sensação de fome. Quando bem utilizada passa a ideia de sofisticação e riqueza. Tonalidade intensa que rapidamente cansa os olhos, por isso a sua aplicação deve ser muito bem calculada. Associações: Acção, amor, actividade, bravura, calor, desejo, dinamismo, emoção, energia, excitação, extroversão, fogo, força, guerra, impacto, ira, lábios, martírio, motivação, movimento, mulher, pecado, perigo, potência, revolta, sangue, sensualidade, sexo, sol, timidez, vergonha, vida, violência, vitalidade, vontade, vulgaridade. AMARELO Características: Desenvolta e desportiva, porém imprecisa, podendo causar desvio de atenção. Embora não seja uma cor motivadora por essência, está sempre ligada à alegria, ao sol e todo o tipo de referência ao brilho e à luminosidade. Geralmente usada em contraste com o preto ou alguma cor mais sóbria com fins de destaque. É a cor mais intensa de todas, por isso, associada à riqueza e nobreza.
As variações do amarelo, principalmente o esverdeado, podem provocar efeitos negativos, como sensação de inveja e má-fé, ou doença, como a icterícia e a hepatite. Também associado à cobardia. Associações: Adolescência, alerta, ciúme, conforto, egoísmo, esperança, espontaneidade, flores grandes, gozo, iluminação, inveja, lógica, ódio, orgulho, originalidade, razão, sabedoria, sol, verão, versatilidade, vivacidade. LARANJA Características: É a cor que mais está presente na natureza. Representa imaginação, aventura e jovialidade, por isso, quando usado em excesso pode provocar a impressão de ausência de seriedade. Construtiva, porém expansiva. Por ser uma mistura do amarelo e do vermelho, representa moderação, sendo mais equilibrada que as duas. Associações: Aurora, energia, euforia, festa, outono, pôr-do-sol, prazer, sentido de humor, tentação. VERDE Características: Associada directamente com a natureza pela sua predominância na primavera, por isso muito usada em produtos que indicam naturalidade, como azeites, frutas, verduras e legumes, porém pouco agradável para alimentos em geral. Transmite sensação de frescor, liberdade e limpeza. Símbolo da esperança. Associações: Abundância, águas claras, bem-estar, bosque, ciúme, coragem, crença, desejo, dinheiro, equilíbrio, esmeralda, firmeza, frescor, imortalidade, liberdade, limpeza, natureza, perseverança, primavera, ressurreição, Santa Trindade, saúde, tapete de jogos, tranquilidade, humidade. AZUL Características: Cor estável e sóbria, denotando requinte e confiabilidade. É uma das tonalidades mais frias de todas e a sua mescla com o verde produz os matizes mais gelados. Possui grande poder de atracção e estabiliza as inquietações. Raramente prende o olhar e, dependendo da aplicação, pode ser entendida como apática. Associações: Afecto, águas tranquilas, amizade, amor, céu, confiança, divindade, espaço, fidelidade, frio, gelo, infinito, intelectualidade, inteligência, limpeza, mar, masculinidade, meditação, organização, precaução, profundo, pureza, sabedoria, sentimento, serenidade, simplicidade, verdade, viagem, virgindade. ROSA Características: A mais feminina e romântica de todas as cores. Possui pouca vitalidade e muita delicadeza. Associações: Dança, doces, flores, fraqueza, graciosidade, homossexualidade, infância, inocência, lingerie, mulher, namoro, perfume, saúde, suavidade, vagina, verdade. ROXO Características: Austero e fúnebre, porém altamente elegante. Evoca enigma, magia, religião e luxúria. Usado comummente em artigos religiosos, acessórios funerários e produtos finos. O uso excessivo desta cor pode trazer demasiada introspecção, causando impressão de algo ruim. Associações: Caixão, calma, delicadeza, dignidade, egoísmo, espiritualidade, fantasia, feminilidade, floral, gentileza, grandeza, gratidão, hematoma, igreja, justiça, mistério, misticismo, noite, profundo, sonho, tranquilidade. CASTANHO Características: É a cor do retro, evoca o rústico, o passado. Pode trazer sensação acolhedora e intimista ou de extremo desconforto, por isso deve ser usado com muita cautela. Ligada à terra e tudo que vem dela.
Associações: Conforto, família, fezes, lama, lar, lareira, madeira, melancolia, outono, receptividade, resistência, rodeio, terra, vigor. CINZA Características: Neutro e diplomático, é utilizado para passar confiança, estabilidade, cautela e discrição. Não implica uma posição definida, simbolizando o equilíbrio de forças antagónicas (preto e branco). Tende a ser uma cor depressiva, levando à extrema introspecção. Se mal utilizado pode passar impressão de falta de confiança. Associações: Antiguidade, chuva, cidade, cimento, decadência, elegância, inverno, máquinas, neblina, neutralidade, passado, pó, refinamento, sabedoria, seriedade, tédio, tristeza, velhice. BRANCO Características: Imaculada por qualquer cor, por isso representa pureza, calma, paz, limpeza e tranquilidade. Propõe leveza, requinte e minimalismo na sua aplicação. Transmite uma acentuada percepção de espaço. Pode afectar negativamente as cores quentes por torná-las extremamente vivas. Para os ocidentais simboliza a vida e para os orientais a morte. Associações: Ausência, bem, casamento, castidade, cisne, frio, gelo, harmonia, leite, limpeza, neve, ordem, paz, pureza, simplicidade. PRETO Características: Contrário do branco, por isso os seus significados são directamente opostos. Sugerem seriedade, absolutismo, decisão, elegância, sofisticação, minimalismo. Associações: Angústia, crime, desgraça, dor, enterro, extinção, fim, frigidez, mal, maldade, miséria, morte, noite, opressão, prudência, seriedade, sobriedade, sombra, sordidez, sujeira, tristeza.
TEMPERATURA DE COR Associa-se muito o conceito de temperatura de cor com a sensação térmica psicológica que elas causam ou com o calor físico dissipado por uma fonte de luz, mas na verdade o termo é usado para indicar com precisão a cor aparente de uma luz emitida, ou seja, o seu matiz. O uso do termo temperatura está associado às experiências do físico britânico William Thomson, também chamado de Lord Kelvin, que no século XIX criou um método que podia mensurar o desvio da luz branca e definir exactamente quando um corpo começa a irradiar luz visível. Essa experiência consistia em aquecer um bloco de carbono (mais tarde chamado de “corpo negro”) até o ponto da sua fusão. Kelvin percebeu que o calor faz com que um corpo comece a produzir energia, e à medida que a sua temperatura aumenta, produz luz em diversos comprimentos de onda visíveis, gerando vários matizes. Até certa temperatura as ondas de calor irradiam ondas infravermelhas, portanto não visíveis aos olhos, passando por todas as ondas do espectro visível até chegar às ondas ultravioletas, também invisíveis aos olhos humanos. A partir dessas temperaturas, aferidas na grandeza kelvin (onde 0K = -273,3ºC), criou-se uma escala que relaciona um matiz gerado por uma fonte de luz com o calor necessário para consegui-lo.
Percebemos através da imagem à direita que, ao contrario do fenómeno psicológico, quanto maior a temperatura de cor, mais ela tende para o azul, portanto menor é a sensação psicológica de calor e vice-versa. Temperatura de cor e temperatura psicológica da cor são conceitos inversamente proporcionais. LUZES QUENTES E FRIAS Há uma grande confusão a respeito das terminologias “luz quente” e “luz fria”. Não é para menos, pois misturam-se aqui três conceitos: o calor que uma luz produz, a temperatura de cor e a sensação psicológica que esta luz provoca. Uma lâmpada fluorescente comum pode chegar até 6500K de temperatura correlata de cor, porém, ela tem uma radiação de calor menor que uma lâmpada de filamento. Isso acontece porque elas trabalham não com incandescência, mas usam a electricidade para energizar os átomos dos gases que compõem a sua estrutura. Por esta baixa emissão de calor, são chamadas de lâmpadas de “luz fria”. Embora a luz seja fria, ela pode assumir qualquer temperatura de cor dependendo de como foi balanceada, e é essa temperatura de cor que vai influenciar, em ordem inversa, nos aspectos psicológicos do observador. Ou seja, uma mesma fonte de luz pode assumir três aspectos distintos: temperatura física (irradiação de calor), temperatura de cor (matiz) e temperatura psicológica (cores frias e quentes). Abaixo estão alguns exemplos de como esses três factores se podem misturar numa mesma referência luminosa: Lâmpadas incandescentes: Luz quente (alta dissipação de calor), de baixa temperatura de cor (3000K) produzindo uma cor de temperatura psicológica quente (amarelo); Lâmpadas incandescentes com filtro azul: Luz quente (alta dissipação de calor), de alta temperatura de cor (supondo entre 4000 e 5000k) produzindo uma cor de temperatura psicológica fria (branco-azulado); Lâmpadas Fluorescentes daylight: Luz fria (baixa radiação de calor), de alta temperatura de cor (5500K), produzindo uma cor de temperatura psicológica fria (branco-azulado). Lâmpadas Fluorescentes XX: Luz fria (baixa radiação de calor), de baixa temperatura de cor (4000K), produzindo uma cor de temperatura psicológica quente (branco-amarelado). Obs.: Como visto anteriormente, uma temperatura de cor baixa vai gerar sempre uma cor psicológica alta e vice-versa. A luz do sol, também denominada luz natural, é utilizada como referência de ideal de iluminação, pois todos os seus comprimentos de ondas estão em harmonia, gerando assim a luz branca. Ela é naturalmente a mesma em todos os horários, porém a sua temperatura de cor pode variar por causa da sua posição em relação à atmosfera terrestre, que filtra determinadas cores pelas partículas de poeira, poluição e água entre as moléculas de gás que a compõem. As ondas de maior comprimento, como os tons avermelhados, contornam os obstáculos mais facilmente, enquanto as curtas, como os azulados, são desviados e acabam por se espalhar pelo céu. Por isso o sol nos parece amarelo, pois é a mistura das ondas longas que chegam até aos nossos olhos. Conforme o sol muda sua posição em relação à Terra, os seus raios têm uma área maior para atravessar e as ondas longas também vão sendo espalhadas no céu em ordem crescente até chegar ao vermelho, que por ser a cor de maior comprimento de onda, é a última a desaparecer até que o sol esteja totalmente abaixo do horizonte.
ÍNDICE DE REPRODUÇÃO DAS CORES (IRC) O IRC é uma unidade de medida usada para avaliar o quanto a luz artificial se aproxima da natural. Quanto mais próximo de 100% for o índice de uma fonte de luz, mais fiel será a reprodução de uma cor. Abaixo está listada uma faixa provável de IRC: Abaixo de 50% - reprodução precária Entre 50% e 80% - reprodução satisfatória Entre 80% e 90% - reprodução boa Entre 90% e 100% - reprodução excelente
GUIA DE CORRELAÇÃO A tabela a seguir mostra diversas fontes de luz com as respectivas temperaturas de cor correlata.
VISÃO CROMÁTICA HUMANA O olho humano é o órgão responsável pela captura da luz reflectida pelos objectos. Porém, enquanto a visão é um processo complicado, o olho apenas recebe a luz. O sistema que possibilita a visão pode ser comparado com o de uma máquina fotográfica. A luz reflectida penetra pela córnea, que faz a focagem da imagem, passando pela íris que regula a quantidade de luz que entra nos olhos aumentando ou diminuído a sua abertura central, a pupila. A luz então passa através do cristalino, que converge todos os raios para focagem na retina, localizada na parte posterior do olho. A retina, por sua vez transforma a luz em impulsos eléctricos que chegam ao cérebro através do nervo óptico. Como a imagem formada na retina é invertida, cabe ao cérebro descodificar esta imagem e revertê-la à forma original. Na retina, mais precisamente na área chamada fóvea central, existem milhões de células fotossensíveis capazes
de
transformar
a
luz
em
impulsos
electroquímicos. São os cones e os bastonetes. Os bastonetes não possuem nenhuma informação cromática,
sendo
responsáveis
apenas
pelas
informações de intensidade luminosa dos objectos, não distinguindo diferenças finas entre forma e cor. Já os cones são capazes de fornecer imagens mais nítidas e detalhadas, proporcionando as impressões de cor. Existem três tipos de cones e cada um é responsável pela informação de um matiz diferente: vermelho, verde ou azul. É através da interacção dos cones e dos bastonetes que o ser humano é capaz de perceber todo o espectro cromático. O olho sofre uma acomodação de toda a vez que tenta visualizar uma área de cor diferente, já que cada onda de cor converge para pontos diferentes da retina. Por isso é necessário que o cristalino sofra pequenas alterações, através de pequenos músculos, para focar correctamente a imagem do objecto visualizado, ficando mais convexo ao focar os tons vermelhos e mais relaxado ao focar os azuis.
Existe, também, um mecanismo fisiológico capaz de equilibrar as cores devido a um forte estímulo visual. Ao interromper o movimento dos olhos, a sensibilidade dos cones é reduzida, criando as chamadas “ pósimagens”, onde uma cor é equilibrada com sua complementar. Observe a figura abaixo durante 30 segundos e desloque o olho para a parte branca. Você verá a formação de suas complementares. Isso acontece porque diante de um estímulo forte a uma determinada cor, a resposta dos cones responsáveis por ela é suprimida temporariamente, enquanto os outros respondem normalmente.
PONTO DE FOCO DAS CORES
DIFERENÇA DE PERCEPÇÃO DE CORES O processo de percepção cromática é variável, sendo dependente de factores como o sistema visual, assimilação cerebral e até mesmo as deficiências nas células da retina. Esses factores fazem com que cada ser humano possa interpretar o conceito das cores de uma forma diferente. Quando o sistema cones/bastonetes presentes na retina não está em conformidade, produz-se uma série de irregularidades na captação das cores, causando a discromatopsia (daltonismo). Existem três grupos de discromatopsia: monocromacias, dicromacias e tricromacias anômalas Monocromacia – Visão em preto, branco e tonalidades de cinza. Existem as monocromacias de bastonetes e de cones. Dicromacia - É caracterizada pela ausência de um grupo especifico de cones, apresentando-se sob a forma de protanopia (ausência de cones vermelhos), deuteranopia, (ausência de cones verdes) e tritanopia (ausência de cones azuis). Tricromacia anômala – Causada por uma mutação no pigmento dos cones, manifestando-se sob as formas de protanomalia, (sensibilidade menor aos vermelhos), deuteranomalia (menor sensibilidade ao verde) e tritanomalia, (impossibilita a percepção dos azuis e amarelos). http://www.colblindor.com/coblis-color-blindness-simulator/
HARMONIA CROMÁTICA Tecnicamente, harmonia cromática é o resultado do equilíbrio entre cor dominante (que possui a maior extensão na composição), a cor tónica (coloração vibrante que dá tom ao conjunto) e a cor intermediária (meio termo entre a dominante e a tónica). Todas as cores podem ser combinadas, o que não significa que o resultado será harmónico. Para que isso ocorra, deve-se buscar o resultado que proporcione maior conforto visual, arranjando as cores como um músico faz com as notas musicais. Daí, então, a semelhança terminológica entre a teoria musical e a cromática. O estudo da harmonia não deve ser entendido como um limitador, e sim como um aliado que fornece o conhecimento necessário para se obter resultados melhores e até mesmo inusitados. Abaixo estão listados alguns tipos possíveis de harmonias cromáticas:
HARMONIA MONOCROMÁTICA Utiliza-se apenas de um matiz e a sua variação de luminosidade
HARMONIA COMPLEMENTAR OU DE CONTRASTE Também conhecido como parelha, é formada por uma díade de complementares. Graficamente, é representada pelas cores situadas no diâmetro do círculo cromático.
HARMONIA TRIÁDICA
É a tríade obtida por um triângulo equilátero inserido no círculo cromático. Dentre as tríades, a formada pelas cores primárias será mais forte. É possível também obter uma tríade a partir de um triângulo isósceles, deslocando as cores da base do triângulo para uma cor adjacente.
HARMONIA QUADRÁTICA Formada por tétrades que definem um quadrado formado pela união de duas díades perpendiculares entre si. Também é possível fazer uma tétrade a partir de um rectângulo formado por duas díades a 60º entre si.
HARMONIA DERIVADA São combinações derivadas das citadas anteriormente, como o hexágono formado por duas tríades perpendiculares e o octógono formado por duas tétrades perpendiculares
HARMONIA ANÁLOGA Obtida através de cores vizinhas no círculo cromático
HARMONIA POR SATURAÇÃO É a soma de uma única cor às demais usadas, criando uma composição onde todas as cores são saturadas pela mesma cor. No exemplo abaixo o círculo cromático foi saturado com laranja, assim como a foto, por natureza, tem a mesma saturação.
O ESTUDO DA COR Aristóteles A mais antiga teoria sobre cores que se tem notícia é de autoria do filósofo grego Aristóteles. Aristóteles concluiu que as cores eram uma propriedade dos objectos. Assim como peso, material, textura, eles tinham cores. E, pautado pela mágica dos números, disse que eram em número de seis, o vermelho, o verde, azul, amarelo, branco e preto. Idade média O estudo das cores sempre foi influenciado por aspectos psicológicos e culturais. O poeta medieval Plínio certa vez teorizou que as três cores básicas seriam o vermelho vivo, a ametista e uma outra a que chamou de conchífera. O amarelo foi excluído desta lista por estar associado a mulheres, pois era usado no véu nupcial. Renascença Na renascença a natureza das cores foi estudada pelos artistas. o
Leon Battista Alberti Leon Battista Alberti, discípulo de Brunelleschi, diria que seriam quatro as mais importantes, o vermelho, o verde, o azul e o cinza as cores em número de quatro estão relacionadas aos quatro elementos (Fogo-vermelho; ArAzul; Água-verde; Terra-Cinza (como escreve em sua obra "De Pictura") . Essa visão reflecte os seus gostos na tela. Alberti é contemporâneo de Leonardo da Vinci, e teve influencia sobre ele.
o
Leonardo da Vinci
Leonardo Da Vinci Leonardo da Vinci reuniu anotações para dois livros distintos e seus escritos foram posteriormente reunidos e num só livro intitulado "Tratado da Pintura e da Paisagem". Ele opor-se-ia a Aristóteles ao afirmar que a cor não era uma propriedade dos objectos, mas da luz. Havia uma concordância ao afirmar que todas as outras cores se poderiam formar a partir do vermelho, do verde, do azul e do amarelo. Afirma ainda que o branco e o preto não são cores mas extremos da luz. Da Vinci foi o primeiro a observar que a sombra pode ser colorida, pesquisar a visão estereoscópica e tentou construir um fotómetro (aparelho que mede a intensidade da luz). o
Isaac Newton Newton acreditava na teoria corpuscular da luz tendo grandes desavenças com Huygens que acreditava na teoria ondulatória. Posteriormente, provou-se que a teoria de Newton não explicava satisfatoriamente o fenómeno da cor. Mas sua teoria foi mais aceite devido ao seu grande reconhecimento pela gravitação. Apesar disso, Newton fez importantes ensaios sobre a decomposição da luz com prismas e acreditou que as cores advinham do tamanho da partícula de luz. Realizando várias experiências ao longo dos anos, Isaac Newton revolucionou os conhecimentos sobre a luz. Em 1666, na feira de Woolsthorpe, comprou um prisma de vidro (vidro triangular – um peso de papel) e observou no seu quarto, como um raio de sol da janela se decompunha ao atravessar o prisma, sua atenção foi atraída pelas cores do espectro, onde um papel no caminho da luz que emergia do prisma apareciam as sete cores do espectro, em raios sucessivos: vermelho, alaranjado, amarelo, verde, azul anil e o violeta. Desta forma ele produziu seu pequeno arco-íris artificial. "Para cumprir a minha promessa anterior, devo sem mais cerimónias adicionais informar-lhe que no começo do ano de 1666 (época que me dedicava a polir vidros ópticos de formas diferentes da esférica), obtive um prisma de vidro rectangular para tentar observar com ele o celebre fenómeno das cores. Para este fim, tendo escurecido meu quarto e feito um pequeno buraco na minha janela para deixar passar uma quantidade conveniente de luz do Sol, coloquei o meu prisma numa entrada para que ela (a luz) pudesse ser assim refractada para a parede oposta. Isso era inicialmente um divertimento muito prazeroso: ver todas as cores vividas e intensamente assim produzidas, mas depois de um tempo, dedicando-me a considerá-las mais seriamente, fiquei surpreso por vêlas..." (escritos de Isaac Newton) De seguida, Newton repetiu a experiência com todos os espectros correspondentes às sete cores, mas eles permaneciam simples. Desta forma ele concluiu que a luz branca é composta por todas as cores do espectro e provou isso reunindo as faixas coloridas mediante a uma lente, obtendo, no seu foco, a luz branca. E mais tarde Newton afirmou:
"Cores não são qualificações da luz derivadas de refracção ou reflexões dos corpos naturais (como é geralmente acreditado), mas propriedades originais e inatas que são diferentes nos diversos raios. Alguns raios são dispositivos a exibir uma cor vermelha e nenhuma outra; alguns uma amarela e nenhuma outra, alguns uma verde e nenhuma outra e assim por diante. Nem há apenas raios próprios e particulares para as cores mais importantes, mas mesmo para todas as cores intermediárias." o
Le Blon Ainda no século XVIII, um impressor chamado Le Blon testou diversos pigmentos até chegar aos três básicos para impressão: o vermelho, verde e azul.
o
Goethe No século XIX o poeta Goethe apaixonou-se pela questão da cor e passou trinta anos tentando terminar o que considerava sua obra máxima: um tratado sobre as cores que derrotaria a teoria de Newton. A principal objecção de Goethe a Newton era de que a luz branca não podia ser constituída por cores, cada uma delas mais escura que o branco. Assim ele defendia a ideia das cores serem resultado da interacção da luz com a "não luz" ou a escuridão. Por exemplo, a experiência da luz decomposta em cores ao passar por um prisma foi explicado por ele como um efeito do meio translúcido (o vidro) enfraquecendo a luz branca. O amarelo seria a impressão produzida no olho pela luz branca vinda na nossa direcção através de um meio translúcido. O sol e a lua parecem amarelados devido à sua luz passar pela atmosfera até chegar a nós. Já o azul seria o resultado da fuga da luz de nós até a escuridão. O céu é azul porque a luz reflectida na terra volta em direcção ao espaço negro através da atmosfera. Da mesma forma o mar, onde a luz penetra alguns metros em direcção ao fundo escuro. Ou as montanhas ao longe que parecem azuladas. O verde seria a neutralização do azul e do amarelo. Como no mar raso ou numa piscina, onde a luz reflectida no fundo vem em nossa direcção (amarelo) ao mesmo tempo que vai do sol em direcção ao fundo (azul). A intensificação do azul, ou seja a luz muito enfraquecida ao ir em direcção à escuridão torna-se violeta, do mesmo modo que o amarelo intensificado, como o sol nascente, mais fraco, e tendo que passar por um percurso maior de atmosfera até nosso olho fica avermelhado. A interpretação do arco-íris é assim modificada. Os dois extremos tendem ao vermelho, que representa o enfraquecimento máximo da luz. E ele realmente descobriu aspectos que Newton ignorara sobre a fisiologia e psicologia da cor. Observou a retenção das cores na retina, a tendência do olho humano em ver nas bordas de uma cor complementar, notou que objectos brancos parecem sempre maiores do que negros. Também reinterpretou as cores, pigmentos de Le Blon, renomeando-os púrpura, amarelo e azul claro, se aproximando com muita precisão das actuais tintas magenta, amarelo e ciano utilizadas em impressão offset. Porém as observações de Goethe em nada feriram a teoria de Newton, em parte devido ao enorme prestígio do físico inglês, e em parte porque as suas explicações para os fenómenos eram muitas vezes insatisfatórias e ele não propunha nenhum método científico para provar suas teses. A sua publicação "A teoria das Cores" caiu em descrédito na comunidade científica, não despertou interesse entre os artistas e era complexo demais para leigos. As suas observações foram resgatadas no início do século XX pelos estudiosos da gestalt e sobre pintores modernos como Paul Klee e Kandinsky. Actualmente, o estudo da teoria das cores nas universidades divide-se em três matérias com as mesmas características que Goethe propunha para as cores: a cor física (óptica física), a cor fisiológica (óptica fisiológica) e a cor química (óptica físico-química).
O conteúdo é basicamente a teoria de Newton acrescida de observações modernas sobre ondas. Os estudos de Goethe ainda podem ser encontrados em livros de psicologia, arte e mesmo livros infanto-juvenis que apresentam ilusões de óptica. O termo "cor" indica algo muito mais próximo da neurofisiologia do que da física. É algo que consiste mais no comportamento próprio de um indivíduo do que num fenómeno independente de validade universal. Podemos, no entanto, estudar as cores através da física propondo uma teoria conhecida como teoria das cores. Assim surge a colorimetria como ciência da medição das cores. A palavra "cor" é empregue para se referir à sensação consciente de um observador cuja retina é estimulada por energia radiante.
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