TFG MICRO FAZENDAS URBANAS - LUNA PELLICCIARI

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MICRO FAZENDAS URBANAS

NOS TERRENOS VAZIOS DA CIDADE



LUNA DE ALMEIDA F. PELLICCIARI ORIENTADORA PROFª SOLIMAR ISAAC

MICRO FAZENDAS URBANAS NOS TERRENOS VAZIOS DA CIDADE

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO (TFG) APRESENTADO À FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO DO CENTRO UNIVERSITÁRIO BELAS ARTES DE SÃO PAULO (FEBASP) 2020/1



Enxergar problemas como soluções.



AGRADECIMENTOS

Agradeço à minha familia. Aos meus avós pelo apoio e investimento à minha educação, aos meus pais pela criação de forma criativa, proporcionando olhares diferenciados às coisas comuns, aos meus irmãos pela parceria, e a todo restante da família que esteve sempre junto a mim, me apoiando, torcendo e vibrando a cada conquista. Agradeço aos amigos da vida, em especial aos amigos que estiveram nessa jornada da faculdade de arquitetura juntos comigo, em especial Giovanna, Juliana, Leandro, Marcela, Ornella e Vitória, que delícia foi dividir essa caminhada com vocês e que delícia será levar essa amizade para a vida. Agradeço aos professores que sempre estiveram com a disposição e alegria para ensinar, compartilhar e nos inspirar. Em especial à minha orientadora maravilhosa Solimar Isaac, obrigada pelas risadas, ideias e elogios, obrigada por contribuir para que a fase do TFG fosse prazerosa. Ao professor Ivanir Reis por ministrar cada aula com o entusiasmo que nos fazia brilhar os olhos, à Denise Xavier e Vanderlei Rossi, obrigada pelo carinho e cuidado ao exercerem uma profissão de tamanha responsabilidade. Obrigada a todos pelas trocas.



RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo trazer a reflexão sobre as possíveis mudanças no cenário urbano, através das micro intervenções, a fim de beneficiar a vida nas cidades, para a população e para o meio ambiente. O trabalho se desenvolve através da análise dos cenários urbanos atuais, das projeções futuras, do entendimento do metabolismo e da resiliência urbana, do vazio como solução, da crítica ao modelo de produção agrícola atual e do despertar de novas possibilidades para o cultivo de alimentos inserido nos centros urbanos, através da fazenda vertical. Palavras chave: Fazenda Vertical, Intervenções Urbanas, Vazios Urbanos


01 02 0

A CIDADE

12

A A G R I C U LT U R A CONVENCIONAL

A AGRICUL URBANA

28

3.1 AMBIENTES D

1.1 O METABOLISMO URBANO

16

1.2 A RESILIÊNCIA URBANA

18

3.2 A FAZENDA V

1.3 A CIDADE CRIATIVA E

20

3.2.1 SISTEMAS D

1.4 O VAZIO COMO

22

COMPACTA

OPORTUNIDADE

2.1 PROJEÇÕES FUTURAS

24


03 04 05

LT U R A

30

ESTUDOS DE CASO

40

O PROJE TO

48

DE CULTIVO

34

4.1 FLATPACK URBAN FARM

42

5.1 PARTIDOS

52

VERTICAL

36

4.2 GREEN BELLY

44

5.2 LOCALIZAÇÃO

54

DE CULTIVO

38

4.3 MINI FARM

46

5.3 DESENHOS

62

5.4 INSERÇÃO EM

112

OUTROS TERRENOS



INTRODUÇÃO

O trabalho nasce da crítica ao modelo de produção agrícola atual, da crítica à quantidade de vazios urbanos na cidade de São Paulo, e da busca por uma alternativa para reestruturar esses terrenos através da inserção da produção agrícola nos centros urbanos. O projeto tem como princípio a implementação de fazendas urbanas espalhadas pela cidade gerando assim uma modificação positiva no meio urbano. Para primeiro estudo e implantação do edifício, o bairro de Pinheiros foi o escolhido por diversos motivos, sendo um deles a tamanha quantidade de terrenos subutilizados no bairro, em especial os estacionamentos a céu aberto. Para se tornar possível tais microintervenções, projeta-se um protótipo modelo, em um terreno em “L” que faz ligação às ruas Artur de Azevedo e Antonio Bicudo, com estrutura totalmente modular, de fácil montagem e desmontagem, pré fabricada, leve e versátil. Além disto, foca-se na aproximação do centro urbano para com o meio ambiente e na busca de minimizar os problemas ambientais, através da permeabilização do solo, das trocas entre vegetação e meio externo, com consequente diminuição do CO² e das ilhas de calor. Aborda-se conceitos como Metabolismo Urbano Circular, Resiliência Urbana, Cidade Compacta, Criativa e Policêntrica, Agricultura Urbana e Fazenda Vertical para o melhor entendimento e justificativa do projeto das Micro Fazendas Urbanas nos terrenos vazios da cidade. 11


01

A CIDADE 1.1 O METABOLISMO URBANO 1.2 A RESILIÊNCIA URBANA 1.3 A CIDADE CRIATIVA E COMPACTA 1.4 O VAZIO COMO OPORTUNIDADE

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12

13


[1]

A CIDADE Como começar um projeto arquitetônico sem antes entender o funcionamento da cidade em que será implantado, tendo em vista que terá influência direta no meio e na qualidade de vida das pessoas que ali transitam? Começando do começo, o que se caracteriza como cidade? “A cidade é uma construção humana bastante antiga, cuja concepção genérica pode ser expressa pela aglomeração de pessoas (mais equipamentos e edificações) e seu dinamismo (atividades) num determinado local.” afirma Mendonça (2001, p. 81). No decorrer do tempo e da formação dos meios urbanos, a Era Moderna obteve grande importância no significado e na mudança dos meios urbanos. De acordo com Mendonça (2001, p. 81), o estabeleciomento das relações sociais, políticas e ecônomicas de tal era, impuseram uma nova dinâmica às cidades. As mesmas passaram a centralizar cada vez mais a produção, o consumo, a circulação e o poder. Com isso, o ambiente natural, paisagem intocada antes da intervenção humana, testemunhou transformações grotescas diretamente proporcionais ao interesse nas relações econômicas e de produção do local, resultando no fato de algumas cidades apresentarem ambientes mais degradados que outras. Esta conduta moderna gera ambientes urbanos altamente nocivos à maioria dos habitantes das cidades no que concerne às suas funções vitais e psicosociais, principalmente naqueles países caracterizados por um contexto socioeconômico de desenvolvimento complexo, nos quais se observa êxito econômico associado à alarmantes injustiças sociais. A racionalidade moderna, através da qual o pensamento científico foi estruturado, reservou ao conhecimento da natureza e da sociedade caminhos bastante distintos e muitas vezes opostos. (MENDONÇA, 2001, p. 81)

“As cidades que construímos e que são o habitat da humanidade, são hoje a maior ameaça à sobrevivência dessa mesma humanidade no planeta. Irônico como o homem para sobreviver está destruindo o próprio meio de subsistência e que a construção da cidade nos moldes atuais será a ruina do ser humano.” argumenta Murotani (2017, p. 16).


De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), é a primeira vez, desde 2007 que mais pessoas vivem na cidade do que em áreas rurais, tendo como projeção que até 2050 mais de 2/3 da população viverá em meios urbanos. As cidades consomem 75% dos recursos finitos da terra e produzem 60% a 80% dos gases do efeito estufa. Se continuarmos assim, precisaremos de 1,6 planetas Terra para suprir tais necessidades e absorver todo o lixo sólido, líquido e gasoso gerado. A industrialização, a produção, circulação e consumo de mercadorias, dentre outros fatores, e a concentração populacional nas cidades que se intensificou nos dois últimos séculos, tanto promoveram a explosão urbana quanto introduziram paulatinamente a degradação dos ambientes urbanos. Esta realidade moderna passou então a exigir, notadamente, do Estado, iniciativas no sentido de ordenar o desenvolvimento dos aglomerados humanos e a intervenção no equacionamento dos problemas daí derivados; é, certamente, num tal contexto que se observa o nascimento do planejamento urbano. {MENDONÇA 2001, p.82)

A cidade vai além de um espaço com grandes edifícios e vida econômica ativa. Para um meio urbano funcionar bem é necessária a harmonização de uma rede de sistemas tais como infraestrutura, energia, água, transporte, alimentos, espaços públicos de estar, entre outros. A cidade de São Paulo especificamente, além de contribuir drasticamente com as altas emissões de carbono e utilização de recursos finitos, sofre com diversas problemáticas decorrentes da urbanização e mal planejamento urbano. Entre as quais, há a falta de permeabilidade gerando diversas ilhas de calor, contribuindo para enchentes e alagamentos; o alto adensamento populacional compactuando com as grandes distâncias entre moradia, trabalhos e comércio gerando grande número de movimentos pendulares diários dependentes dos sistemas de transporte; os vazios urbanos; os poucos espaços verdes de estar. É sabido que não temos a possibilidade de duplicar o nosso planeta por puro comodismo de não se reinventar e não olhar com mais carinho para a casa de todos os seres. Portanto, como modificar e melhorar esse cenário? 15


[1.1]

O M E TA B O L I S M O U R B A N O Em uma definição sucinta, o Metabolismo Urbano “é a soma total dos processos técnico-científicos realizados nas cidades que resultam em produção de energia, crescimento urbano e geração de resíduos” (Kennedy, 2007 apud Carvalho e Costa, 2015, p. 5). De acordo com a ONU, a maioria das áreas urbanas vivem hoje um Metabolismo Linear, onde a maioria dos recursos entram na cidade e saem em forma de resíduo sólido, líquido ou gasoso. O ideal para transformar as cidades em sustentáveis e resilientes é converter o Metabolismo Linear em Metabolismo Circular, onde os resíduos se transformem em novos recursos. Para isso, a cidade deve oferecer serviços que sejam eficientes, amigáveis ao clima, resilientes e igualitários. Devemos ter como meta avançar na direção de um metabolismo circular buscando tecnologias menos impactantes; reciclando nossos resíduos; reutilizando materiais; diminuindo o consumo de água e energia; aproveitando fontes energéticas alternativas como a energia solar e eólica; diminuindo os deslocamentos de pessoas e materiais (BUENO, 2007, p.5 apud SIEBERT, 2012 p. 10).

Wolman (1965, apud Carvalho e Costa, 2015) comparou uma cidade a um ecossistema em equilíbrio dinâmico, ou seja, um sistema que possui entradas, estoques e saídas. As entradas são água, energia e alimentos enquanto as saídas são esgoto sanitário, resíduos sólidos e poluentes atmosféricos. Já o estoque é tudo aquilo que ficou retido no processo metabólico da cidade e foi usado para gerar os produtos e serviços capazes de oferecer a seus habitantes moradia, trabalho, cultura e lazer. Como dito anteriormente, o ideal é que esse metabolismo trabalhe de forma circular, sem gerar excedentes para atingir assim uma cidade sustentável. O conceito de cidade sustentável reconhece que a cidade precisa atender aos objetivos sociais, ambientais, políticos e culturais, bem como aos objetivos econômicos e físicos de seus cidadãos. É um organismo dinâmico tão complexo quanto a própria sociedade e suficientemente ágil para reagir com rapidez às suas mudanças que, num cenário ideal, deveria operar em ciclo de vida contínuo, sem desperdícios (cradle to cradle).(LEITE; AWAD; 2012, p. 135)


Rogers (2008) cita o argumento do estudioso de ecologia urbana Herbert Girardet sobre o metabolismo circular nas cidades e como isso é benéfico ao minimizar novas entradas de energia. [...] metabolismo circular nas cidades, onde o consumo é reduzido pela implementação de eficiências e onde a reutilização de recursos é maximizada. Devemos reciclar materiais, reduzir o lixo, conservar os recursos não-renováveis e insistir no consumo dos renováveis. Uma vez que grande parte da produção e do consumo ocorre nas cidades, os atuais processos lineares de produção, causadores da poluição, devem ser substituídos por aqueles que objetivem um sistema circular de uso e reutilização. (ROGERS, 2008, p.30)

Para Despommier (2010, p.34) o ecossistema é fruto do estabelecimento de relacionamentos de mútua dependencia que formam um ciclo, e trazer os recursos de fora da cidade faz com que não exista esse ciclo que devolve o que retiramos do meio ambiente. Segundo ele, se o ambiente construido conseguir se comportar refletindo a integração de funções equivalentes as de um ecossitema, a vida na cidade seria muito mais sustentável. Além disto, Despommier (2012 p.24) declara que o avanço da tecnologia tornou possivel que a cidade escolha ser funcional como um ecossitema através de estratégias de transformação do lixo em energia, sistemas de recuperação de água e alternativas de produção alimentar. Para ele, a mudança do funcionamentodos nossos sistemas é imprecindível. Precisamos repensar a maneira de viver em cidades, de forma a continuar aproveitando os benefícios da vida comunitária que só a cidade permite, mas minimizando os impactos das aglomerações urbanas. Os recursos naturais não são inesgotáveis, e a natureza tem limites em sua capacidade de absorção de nossos resíduos. Se as necessidades humanas consumirem mais recursos que a capacidade de recarga dos ecossistemas existentes, o planeta entrará em colapso. (VENDRAMINI, 2005 apud SIEBERT, 2012, p. 10).

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[1.2]

A RESILIÊNCIA URBANA Resiliencia Urbana e Metabolismo Urbano Circular andam juntos como recursos para a melhor transformação das cidades. Resiliência Urbana pode ser definida como “a capacidade das cidades de enfrentar eventos devastadores e reduzir minimamente os seus danos” afirma Campanella (2006 apud Carvalho e Costa, 2015, p. 22). Sejam esses danos gerados por causas naturais ou através de alterações causadas pelo próprio ser humano. As próprias atividades comumente realizadas pelo homem, como trabalho, transporte e comercialização podem ter consequências positivas ou negativas no meio urbano. As consequências negativas ocorrem pois o crescimento das cidades e seus sistemas (infraestruturas, atividades exercidas, etc) rompem com várias relações harmônicas estabelecidas entre o meio ambiente e os seres vivos que ali estão. Despommier (2010 p.16) diz que poderíamos imitar e redesenhar a cidade, porque se foi a urbanização das cidades que nos levou a crise ambiental, cabe à cidade redesenhar seus sistemas para achar uma alternativa que recupere o meio ambiente. Precisamos fazer as pazes com o mundo natural. Nossas cidades são dependentes de consumo de energia elétrica e combustível fóssil para aquecimento, resfriamento e transporte, desprezando as possibilidades de ventilação e iluminação natural; de energia solar e eólica; de captação da água da chuva; de uso da vegetação para o conforto ambiental; de deslocamentos não motorizados. Nossas cidades são segregadas, com bairros monofuncionais gerando deslocamentos desnecessários, ineficiência e congestionamentos. (SIEBERT, 2012, p. 8)

Para isso, é necessário se reinventar e focar nas medidas de mitigação que reduzem o impacto ambiental nas cidades. Os impactos negativos da urbanização sobre o meio natural, com o uso predatório dos recursos naturais, nos levam ao questionamento sobre a sustentabilidade do modelo vigente de desenvolvimento urbano nas grandes cidades.


Por exemplo, o aumento da área ocupada pela vegetação, sobretudo arbórea, tem benefícios em termos de mitigação das alterações climáticas (como forma de redução do CO2 ), de mitigação da Ilha de calor e de adaptação às alterações climáticas (como o aumento do conforto dos cidadãos, menor gasto de energia para arrefecimento nos edifícios próximos); tendo ainda consequências positivas adicionais em termos de biodiversidade, do comportamento hidrológico no espaço urbano (aumentando as áreas de infiltração) e dos aspectos sociais, culturais e económicos (ALCOFORADO, 2009, p.59 apud SIEBERT, 2012, p. 10).

Correlacionando os conceitos de Metabolismo Urbano e Resiliencia Urbana, podemos definir como “a capacidade do sistema de absorver uma perturbação e de recuperar as suas funções após a mesma” (Lhomme, 2012 apud Carvalho e Costa, 2015, p.22). Portanto, é urgente e necessário criar ações que reduzam as consequências causadas por perturbações nas cidades. Transformar as cidades em criativas, compactas e policêntricas, alterando o caráter monofuncional dos bairros em multifuncionais; diminuindo os deslocamentos diários por transportes que utilizam combustível fóssil; valorizando as produções locais; transformando a cidade em convidativa para com os cidadãos se emergirem e criarem o sentimento de pertencimento; utilizando das microintervenções urbanas como artifício e recurso para minimizar tais problemas.

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[1.3]

A C I D A D E C R I AT I VA E C O M PA C TA É tempo de reinventar as cidades e utilizar o que elas tem de melhor para auxiliar nessa transformação para um meio urbano mais sustentável, que caminhe junto com a natureza. Minha experiência profissional me ensinou que as cidades não são problemas, são soluções. Precisamos mudar criativamente as lentes negativas por meio das quais vemos as cidades em lentes positivas, e focar no potencial incrível de transformação que elas encerram. Por exemplo, se é nas cidades que 75% das emissões de carbono são geradas – devido às técnicas e materiais de construção, consumo de energia, pegadas digitais, entre outros –, é precisamente nelas que os resultados mais efetivos podem ser atingidos. É na concepção das cidades que podem ser feitas as maiores contribuições para modelos mais sustentáveis. (REIS e col. , 2011, p. 49)

A implementação de cidades criativas, compactas e policêntricas é imprescindível para que ocorra essa mudança. A proximidade de moradias, trabalhos e serviços nos diversos micro pólos do meio urbano garante a diminuição dos movimentos pendulares diários, a reconexão e sentimento de pertencimento do cidadão para com o seu entorno, o carinho com os espaços públicos, a resiliência urbana. A cidade criativa possibilita uma série de conexões. Entre pessoas e seus espaços, o que está profundamente ligado à identidade e à essência da cidade, bem como ao entendimento do passado para construir o futuro, a “possibilitar aos habitantes se reconciliarem, se apropriarem da história de sua cidade e redescobrir seus lugares”. argumenta Reis e col. (2011, p. 24) A capacidade de inovação atual se da em ambientes de competitividade, cooperação, compartilhamento e prosperidade. A economia do conhecimento, um sistema de mobilidade inteligente, ambientes inovadores/criativos, capital humano de talento, habitação acessível e


diversificada para todos, e sistemas inteligentes e integrados de governo (transporte, energia, saúde, segurança pública e educação) constroem cidades mais inovadoras e interessantes. (LEITE; AWAD, 2012, p. 103)

A cidade compacta otimiza os sistemas e a preservação dos recursos naturais. Alguns aspectos podem melhorar de forma radical a qualidade do ar e da vida na cidade compacta: proximidade, espaços públicos, paisagem natural e exploração de novas tecnologias urbanas. Outra vantagem da cidade compacta é que sua área rural fica protegida contra invasão advinda do desenvolvimento urbano. (ROGERS, 2008, p.40)

A cidade criativa e compacta gera uma cidade ecológica e sustentável. Para Register (2006), uma cidade ecológica é um assentamento humano que permite que seus residentes tenham boa qualidade de vida usando um mínimo de recursos naturais. Para Register (2006), a cidade ecológica apresenta as seguintes características: • as edificações aproveitam o sol, o vento e a chuva para suprir as necessidades de seus ocupantes, e liberam o terreno para áreas verdes com a verticalização; • há biodiversidade, com corredores ecológicos para o lazer em contato com a natureza; • cortam o custo de transporte de alimentos e outros recursos trazendo-os das vizinhanças; • a maioria dos moradores moram perto do trabalho, minimizando a necessidade do uso do automóvel; • há transporte coletivo público eficiente e uso compartilhado de automóveis; • na indústria, os produtos são feitos para reuso e reciclagem, com matéria-prima reaproveitada; • a economia é intensiva em mão de obra e não em consumo de água, energia e materiais. (SIEBERT, 2012, p.14)

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[1.4]

O VA Z I O C O M O OPORTUNIDADE Como visto anteriormente, as cidades compactas são extremamente benéficas para o desenvolvimento sustentável do meio urbano. É interessante agora que a cidade volte a crescer para dentro, não mais se expandindo horizontalmente, a fim de preservar as paisagens naturais. Reciclar o território é mais inteligente do que substituí-lo. “Concentrar a cidade em áreas menores, com o aproveitamento de espaços não utilizados, permitiria que as nossas megacidades operassem uma lógica de cidade mais compacta.” argumenta Leite e Awad (2012, p. 27) Para isso, é necessário ter em vista os terrenos vagos ou ociosos da cidade como possibilidade de reinventar o meio urbano por meio das micro intervenções urbanas. Os terrenos vagos causam uma ruptura no meio urbano, além disso, segundo Leite e Awad (2012, p.57) “determina uma rede desconexa de espaços residuais, vazios urbanos. Um território permeado por fraturas urbanas. Os cidadãos perdem, então, o senso da totalidade, da abrangência da urbe, do seu território. Passamos a ser então, nas nossas cidades, estrangeiros na sua própria terra.”, sendo caracterizado, assim, como algo negativo para a cidade. No entanto, é possível e necessário transformar esta negatividade em recurso e oportunidade. Assim a relação entre todos os significados dá uma conotação termo “terreno vago” na sua dimensão urbana. À conotação negativa impõe-se a esperança do potencial presente: área sem limites claros, sem uso atual, vaga, de difícil apreensão na percepção coletiva dos cidadãos, normalmente constituindo uma ruptura no tecido urbano. Fratura urbana, mas também área disponìvel, cheia de expectativas, com forte memória urbana. A memória de seu uso anterior parece maior que a presença atual, potencialmente única, o espaço do possível, do futuro - a possibilidade do novo território metropolitano. (LEITE; AWAD, 2012, p. 56)


Em seu artigo sobre a utilização de vazios urbanos na sustentabilidade da cidade de São Paulo, Almeida (2017) analisa como melhor solução de revitalização dos espaços vazios e ociosos, a implementação das hortas urbanas, a fim de melhorar a situação ambiental das cidades e cumprir a função social dos terrenos. O ideal é que tenhamos políticas públicas com o escopo de promover a ocupação das áreas urbanas, com plantação de hortaliças, árvores frutíferas, paisagismo, composteiras, horta medicinal, utilizando terrenos baldios, pertencentes ao poder público e privado, com isso, incentivando-se a produção de alimentos em terrenos abandonados, garantindo que a população tenha acesso à alimentação saudável, estimulando a geração de emprego e renda , além de colaborar com combate ao foco do mosquito da dengue. Muitos terrenos estão sendo utilizados para despejo de lixos, perpetuando nestes terrenos abandonados a crescente presença de animais peçonhentos, pelo que a ocupação dos vazios urbanos de forma sustentável tornará a cidade mais limpa e saudável, além de promover a inclusão social, a partir da melhoria da renda das famílias. (ALMEIDA, 2017, p.18)

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02

A A G R I C U LT U R A CONVENCIONAL 2.1 PROJEÇÕES FUTURAS


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[2]

A A G R I C U LT U R A CONVENCIONAL A agricultura no Brasil é feita hoje de forma extensiva e linear, normalmente em áreas rurais, longe dos centros urbanos, sendo uma das principais atividades causadoras dos problemas ambientais. O modelo vigente possui grandes falhas, em que recursos finitos são extraídos, recursos naturais são prejudicados, a porcentagem de desperdício da produção é enorme e a contribuição para o aumento da poluição atmosférica também. Além de depender de insumos químicos e não valorizar o poder nutritivo dos alimentos. Souza (2016), afirma que muitas vezes com uma gestão ambiental deficiente ou inexistente, o sistema atual visa somente a maximização de produção e do lucro, deixando de lado questões ambientais. Os principais problemas existentes são: utilização linear de 70% da água potável do planeta, uso de combustível fóssil para maquinário e transporte, aplicação de fertilizantes inorgânicos, utilização de agrotóxicos e conservantes químicos, contaminação do solo, altas taxas de desmatamento e desperdício de 60% da produção (seja, no plantio, na indústria, no transporte ou no consumidor) chegando a 40 mil toneladas por dia no Brasil, de acordo com Souza (2016). Além de prejudicial à saúde do planeta, o modelo mais usado hoje pela agricultura, acaba sendo prejudicial para o agricultor, que é dono da produção, para o trabalhador, que fica exposto a agrotóxicos e químicos, e consequentemente para o consumidor, que corre o risco de receber um produto de baixa qualidade que pode causar problemas de saúde a curto ou longo prazo. Outra característa convencional da produção agrícola, super prejudicial ao meio ambiente é o cultivo em monocultura, no qual é necessáro ainda mais pesticidas e agrotóxicos para se livrar de pragas, degradando cada vez mais o solo. Além disso, o sistema apresenta longas distâncias entre local de produção e consumidor, agravando o aumento da quantidade de CO² emitida na atmosfera e distanciando a familiaridade e conhecimento entre a sociedade e seus produtos consumidos.


Trajeto da comida na agricultura rural convencional

PRODUTOR

CONSUMIDOR

INDÚSTRIA

ARMAZÉM

MERCADO

Desenho desenvolvido pela autora com base em Hage (2012 apud Souza 2016)

Com todo este percurso, transporte e troca de embalagens, os alimentos acabam perdendo nutrientes, sabor e textura, além de necessitar do uso de conservantes para que o produto prolongue sua validade e sua aparência apelativa. Atualmente, o setor agroalimentar é responsável por quase um quarto das emissões de gases de efeito estufa globalmente, degrada os recursos naturais dos quais depende e polui o ar, a água e o solo. O equivalente a seis caminhões de lixo de alimentos adequados ao consumo é perdido ou desperdiçado a cada segundo. Nas cidades, menos de 2% dos nutrientes biológicos essenciais dos coprodutos dos alimentos e resíduos orgânicos (excluindo esterco) são compostados ou valorizados de outra forma. (MACARTHUR, 2019, p. 8)

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[2.1]

PROJEÇÕES FUTURAS Somando-se aos problemas gerados nos tempos atuais, é necessário também analisar as perspectivas de crescimento populacional e de demanda de alimentos. De acordo com estudos da ONU, o crescimento populacional tem perspectiva de 8,5 bilhões de habitantes em 2030, podendo chegar a 11,2 bilhões em 2100. Tendo como consequência a necessidade de aumento de 70% da produção agrícola, que se for mantida no modelo atual, serão necessários mais de 109 milhões de hectares produtivos (equivalente a todo o território brasileiro + 20%) (MATSUI, 2017). Dados da Administração Nacional da Aeronática e Espaço (NASA) e da FAO, confirmam que 80% das terras adequadas para a agricultura disponíveis do planeta já estão sendo usadas, ou seja, não haverá terra suficiente para um crescimento populacional de 53%, como o estimado, pelo menos não da maneira que cultiva-se atualmente. Mapa com extensão das áreas que apresentam terras degradadas no globo. Solo muito degradado Solo degradado Solo estável Solo desprovido de vegetação

Fonte: PNUMA (2004 apud Souza 2016).


“De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), nas próximas 3 décadas existirá 849 milhões de hectares de terras naturais (área equivalente ao Brasil) degradados se os padrões atuais de uso da terra forem mantidos.” afirma Souza (2016, p. 9) Segundo Matsui (2017, p.7) “além dos impactos ambientais causados pelo sistema convencional de agricultura, esse tipo de prática produtiva está cada vez mais sujeita as mudanças climáticas do planeta.” A mudança climática afeta todas as coisas vivas na terra. As preocupações particulares é como as RCC (Rapid climate changes) vão afetar nossa capacidade de cultivar. Onde campos nós cultivamos hoje serão completamente diferentes de onde nós poderemos cultivar amanhã...” (DESPOMMIER, 2010, p. 107)

Analisando as grandes falhas vigentes no modelo atual, as perspectivas de crescimento populacional e aumento da demanda alimentícia, é necessário pensar em novas estratégias produtivas, de baixo custo e impacto ambiental, proporcionando alimentos de qualidade e acessíveis para as cidades. Deixando assim o meio natural livre para se regenerar. A acomodação de fazendas na cidade é benéfica também para as terras que já foram degradadas pelo homem, pois o ecossistema é extremamente resistente, e capaz de se recuperar de inúmeros desastres, mas para tal, é preciso ser deixado de lado, com tempo para se curar, não para o agronegócio retomar essas terras algum tempo depois, mas para termos novamente florestas, a regeneração natural de plantas nativas e a reconstituição do horizonte. (SOUZA, 2016, p. 14)

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03

A A G R I C U LT U R A URBANA 3.1 OS AMBIENTES DE CULTIVO 3.2 A FAZENDA VERTICAL 3.2.1

SISTEMAS DE CULTIVO


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[3]

A A G R I C U LT U R A U R B A N A Como alternativa para otimizar e aproximar a produção de alimentos ao consumidor, reduzir os impactos ambientais, como as ilhas de calor e oferecer alimentos de maior qualidade nutricional, a agricultura urbana se encaixa perfeitamente. A agricultura urbana não visa resolver o problema da fome mundial, mas sim ter consciência do cenário urbano futuro e poder fornecer à população um alimento de qualidade reduzindo a sua pegada de carbono, com baixo consumo de água, sendo saudável tanto para o consumidor como para o meio ambiente. 1. O envolvimento comunitário, a fim de desenvolver a interação e inclusão social dos habitantes locais seja como mão-de-obra voluntária, fomento cultural ou de capacitação. 2. Fornecer à população alimentos saudáveis visando seu bem estar, na intenção de uma reeducação alimentar. 3. Produzir melhor com menos, aperfeiçoar recursos de maneira sustentável em pouco espaço geográfico. (MATSUI, 2017, p. 9)

No livro “Arquitetura, Cidade e Sustentabilidade” de Leila Rabello, Marcia Auriani e Ricardo Ruiz Martos, o capítulo sobre Fazendas Urbanas, desenvolvido por Rafael Antonelli Rosa e Fernando Puccetti Laterza, define a agricultura urbana diferindo-se da agricultura rural, de acordo com sua localização, sua integração aos sistemas urbanos e suas possibilidades de implantação. Segundo a CdT (Células de Transformação), a agricultura urbana é definida como a prática de culturas agrícolas em áreas interurbanas e periurbanas. Sua característica mais marcante, que a distingue da agricultura rural, é que ela é integrada ao sistema econômico e ecológico urbano: a agricultura urbana está embutida, e interage com o ecossistema urbano e pode ser utilizada em áreas privadas, públicas, residenciais, varandas, paredes ou telhados; em edifícios públicos, ruas, bosques ou margens de rio. (AURIANI; MARTOS; RABELLO ; 2016, p. 199)

Ademais, segundo Rosa e Laterza (2016), a ocupação de espaços urbanos ociosos para plantio através da agricultura urbana, oferece oportunidades de renda e segurança alimentar. A possibilidade de possuir


produtos frescos prontamente disponíveis para os moradores locais geram melhora na economia e melhoria da saúde física e mental da população. Além disso, a questão ambiental é muito favorecida com essa prática. Ao aproximar a produção do consumidor, além de otimizar e reduzir as distâncias e necessidade de longos trajetos feitos por caminhões, a agricultura no meio urbano consegue difundir a cultura da produção, engajar a população, educar ambientalmente e aproximar o conhecimento de onde vem o alimento. Além de gerar novas profissões (o fazendeiro urbano), utilizar a tecnologia como aliada e servir como fornecedor à mercados, feiras, restaurantes locais, pessoas físicas, etc. A agricultura urbana é realizada em pequenas áreas dentro de uma cidade, ou no seu entorno (periurbana), e destinada à produção de cultivos para utilização e consumo próprio ou para a venda em pequena escala, em mercados locais. [...] a atividade destina-se, normalmente, para utilização ou consumo próprio; há grande diversidade de cultivos; e a finalidade da atividade é distinta, pois normalmente não é requisito para a agricultura urbana a obtenção de lucro financeiro. (ROESE, 2003, p.01)

Fonte: Cartilha Agricultura Urbana: guia de boas práticas (2018).

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[3.1]

A M B I E N T E S D E C U LT I V O Seja para um cultivo domiciliar ou para uma produção em grande escala o desenvolvimento tecnológico propicia novos horizontes, praticidade e qualidade. O design de novos produtos para a agricultura é um mercado crescente e com inúmeras possibilidades, aliando desenho, funcionalidade e tecnologia. O cultivo pode ser feito de várias maneiras, seja em hortas comunitárias térreas, hortas na cobertura de um edifício, na própria varanda ou em fazendas verticais, por exemplo. Sistemas de cultivo externos Caracteriza-se como cultivos externos aqueles que são feitos em áreas abertas, com interferências dos agentes naturais externos, tais como insolação, ventilação e chuvas (em alguns sistemas). Deixando claro que são muito benéficos para a melhoria dos problemas climáticos. Outro fator positivo de estar no meio urbano, é a quantidade de dióxido de carbono abundante, que as plantas precisam para realizar o processo de fotossíntese, e com isso liberar oxigênio, o que significa que essas coberturas podem funcionar como pulmões para a cidade e auxiliar na purificação do ar, o que é necessário devido aos altos níveis de poluição. ( SOUZA, 2016, p. 14)

Alguns exemplos de cultivo em ambientes externos são: hortas convencionais térreas, com utilização de adubo para nutrir as mudas; hortas em coberturas de edifícios, com algumas modificações em contraponto à convencional, a fim de diminuir o peso, tal como a diminuição de adubo e utilização de argila expandida; hortas em estufas, sendo elas sem interferêcia de ventilação direta e chuvas, podendo ser no chão, com utilização de adubo ou elevadas, com utilização de hidropônia, aeroponia e/ou aquaponia; hortinhas individuais em sacadas e varandas por meio de vasos com adubos e/ou hidroponia e aeroponia, com interferencia dos raios solares e ventos. Sistemas de cultivo internos Com o avanço da tecnologia, se tornou possível cultivar alimentos em ambientes fechados, totalmente isolados dos agentes externos. Além de possível, ficou claro que há uma significativa otimização da pro-


dução quando todos os agentes são controlados. A maioria das produções internas são feitas de maneira vertical, de forma hidroônica, aeropônica ou aquapônica, com utilização de substratos liquidos, que irrigam as mudascontrolados por temporizadores e auxiliados por bombas. Além disto, há utilização de luzes de led e controle de temperatura do ambiente. “Uma das tecnologias mais difundidas no cultivo indoor é a iluminação LED especial para o crescimento das plantas, desenvolvida para intensificar o processo da fotossíntese, ela é grande aliada devido a necessidade de luz adequada para o crescimento, nem sempre disponível em uma construção reabilitada para esse uso.” argumenta Matsui (2017, p.11)

Horta cobertura Shopping Eldorado cultivo externo

Horta das Corujas cultivo externo

Pink Farms, fazenda vertical cultivo interno

Fonte: Archdaily (2016)

Fonte: Horta das Corujas (2015)

Fonte: Pink Farms (2019)

35


[3.2]

A FA Z E N DA V E RT I C A L De acordo com Souza (2016, p.10), o conceito de fazendas verticais vem se desenvolvendo desde o início do século, porém, não era considerado economicamente viável, já que os valores a serem investidos eram altos, o que encarecia demasiadamente o preço do alimento. Com o passar dos anos, duas coisas mudaram: a procura por alimentos locais, mais frescos e com maior qualidade, e o avanço tecnológico, que vem como aliado para tornar a agricultura urbana menos custosa e mais acessível. A ideia de plantar na própria comunidade não é nova, já existe e está em prática há centenas de anos, porém, com as novas tecnologias vistas anteriormente, é possível renovar esse conceito e trazê-lo para a sociedade atual, inserindo-o no contexto urbano caracterizado pela presença de vários prédios, pouco espaço e alta demanda de alimentos. Estas inovações também permitem que a agricultura urbana não seja consumida apenas por quem a cultiva, mas que também seja vendida em mercados locais, feiras e até restaurantes, diminuindo o custo com transporte e refrigeração, dando acesso ao cliente a alimentos frescos e com mais nutrientes a um preço competitivo.(SOUZA, 2016, p.12)

Conceito desenvolvido pelo Dr. Dickson Despommier, professor da universidade de Columbia, as fazendas verticais apresentam um cultivo inteligente, trabalhando como um organismo com um ciclo fechado de produção. Em uma mesma infraestrutura tem-se a produção e o processamento de água e resíduos. Utilizando a hidroponia e aeroponia como métodos de produção, o sistema fechado e circular, além de trazer benefícios para o cultivo, traz inúmeras contribuições para o meio ambiente. Segundo Despommier (2010, p. 162), com o emprego da hidroponia e da aeroponia em ciclo fechado, é possivel utilizar, em casos extremos, até 95% menos água que em sistemas convencionais de produção agrícola. Além disto, para ele, algumas fazendas verticais poderiam funcionar como instalações autônomas de tratamento de água. Um sistema de serpentina poderia ser projetado para auxiliar na condensação e colheita da umidade liberada pelas plantas. As plantas na fazenda vertical poderiam converter a água cinza em água potável através da transpiração. (DESPOMMIER, 2010, p. 7)


Em seu livro “The vertical farm – Feeding the world in the 21st century” o Dr. Despommier discorre sobre o tema, e elenca 11 vantagens da Fazenda Vertical. (2010, p.145) 1. Produção agrícola durante todo o ano 2. Não há perda de produção relacionada ao clima 3. Sem escoamento agrícola 4. Propiciar a restauração do ecossistema 5. Sem uso de pesticidas, herbicidas ou fertilizantes 6. Economia de água de 70 – 95 % 7. Significativa redução de transporte de alimentos 8. Maior controle da segurança alimentar 9. Novas oportunidades de emprego 10.Purificação de água cinza em água potável 11.Alimentação animal a partir de material vegetal pós-colheita Para Despommier (2010, p. 145), atualmente a constante evolução dos sistemas de cultivo parece ser o próximo passo à viabilidade de uma agricultura vertical: a hidroponia e a aeroponia são técnicas altamente eficazes quanto à produção de alimento sem uso do solo. A variedade dos produtos pode ser enorme, pois o sistema hidropônico, um dos mais comuns nas fazendas verticais já existentes, permite o crescimento dos mais variados frutos, vegetais, leguminosas, grãos, ervas e temperos, garantindo uma dieta variada a quem tem acesso a estes produtos. (SOUZA, 2016, p.11)

37


[3.2.1]

S I S T E M A S D E C U LT I V O Para cultivo em fazendas verticas, os sistemas de cultivo utilizados são a hidroponia e aquaponia. “A hidroponia é a ciência de cultivar plantas sem solo, onde as raízes recebem uma solução nutritiva balanceada que contém água e todos os nutrientes essenciais ao desenvolvimento do planeta.” (Domurath e Schroeder 2009 apud Murotani 2017, p.58) Ao combinar o sistema de hidroponia com o de piscicultura, cria-se um micro ecossistema chamado aquaponia. Os peixes produzem resíduos altamente nutritivos que podem ser nutritivos que podem ser utilizados para nutrir as plantas da fazenda vertical, enquanto as plantas por sua vez filtram a água para os peixes. Os dois sistemas são fisicamente separados e são interligados por um sistema de bombeamento que leva a água com resíduos dos peizes para do sistema hidropônico e devolve água limpa do sistema hidropônico para o tanque de peixes. (MUROTANI, 2017, p. 61)

TIPOS DE HIDROPONIA De acordo com o Canal do Horticultor (2018), os sistemas hidropônicos podem ser classificados em estáticos ou dinâmicos (quanto à movimentação da solução nutritiva) e como abertos ou fechados (quanto ao retorno da solução ao reservatório). A maioria dos sistemas utilizados são do tipo dinâmico, havendo circulação forçada de água ou de ar para aeração da solução. Sistema estático Sistema de Pavio, muito utilizado em vasos decorativos. (canal do horticultor, 2018) Sistemas dinâmicos Sistema Floating:

As plantas flutuam numa espécie de piscina com solução nutritiva. Em geral, são apoiadas em placas de isopor com pequenos furos. Exige muita água e um excelente sistema de aeração. São próprios para regiões de clima de calor intenso.

Sistema de Sub Irrigação: A irrigação, junto à zona radicular, é feita de baixo para cima e de tempos em tempos. Entre uma irrigação e outra quase toda solução retorna ao reservatório. Trata-se de um sistema fechado. São feitas 2 a 3 irrigações por dia, dependendo das necessidades das plantas e cultura cultivada.


Sistema NFT O NFT é o sistema mais difundido atualmente. Nele, um temporizador aciona a moto(Nutrient Film Technique) -bomba de forma intermitente (por exemplo, mantendo 10 min ligado e 10 min desligado enquanto houver luz do dia). Como não há substrato entre as raízes, a solução circula e volta rapidamente ao reservatório, que mesmo sendo pequeno é capaz de atender a uma grande quantidade de plantas. Esquema Sistema NFT

Desenho desenvolvido pela autora com base em Canal do Horticultor (2018)

Sistema de Gotejamento

Neste caso, as plantas são irrigadas gota à gota. Os dispositivos chamados gotejadores ficam na superfície do substrato, junto ao pé da planta. Um temporizador aciona o sistema de irrigação de forma intermitente, podendo ser de 2 a 3 vezes ao dia. A maioria destes sistemas são do tipo aberto e, nesse caso, é possível utilizar substratos diversos como a serragem de madeira.

Sistema de Aeroponia

Ela representa a tecnologia mais avançada em hidroponia, exigindo maior investimento dos produtores. Nela, a solução nutritiva é nebulizada em uma câmara escura, onde as raízes estão simplesmente suspensas e expostas ao ar interior. No lado de fora da câmara, a parte aérea das plantas recebe luz solar e/ou artificial. É um sistema fechado e utiliza temporizador com sensibilidade de curtos intervalos de tempo.

Esquema Sistema Aeropônico

(CANAL DO HORTICULTOR, 2018)

Desenho desenvolvido pela autora com base em Canal do Horticultor (2018)

39


04

ESTUDOS DE CASO 4.1 FLATPACK URBAN FARM 4.2 GREEN BELLY 4.3 MINI FARM


Fonte: Human Habitat (2019)

41


[4.1]

T H E F L AT PA C K U R B A N F A R M Feito pelo escritório Human Habitat, o Flatpack Urban Farm possui dois locais de implantação, Copenhagen em 2016 e Nova York em 2018. O primeiro protótipo foi locado em uma região de Copenhagen para um evento e posteriormente foi movido através de um conteiner para seu local de permanência no bairro de Norrebo, Copenhagen. Deixando clara a facilidade de transporte e mudança de local de implantação do projeto. Possui um sistema autossuficiente de energia através da captação de energia solar por meio de placas fotovoltaicas, captação da água da chuva e sistema de compostagem. O projeto utiliza a madeira como material para estrutura, possui ambientes de permanência além da produção hidropônica e os fechamentos são feitos com material translúcido fosco para proteção do cultivo sem tirar o contato com a luz do sol.

Fonte Imagens: Human Habitat (2019)


43


[4.2]

G R E E N B E L LY Greenbelly é o estudo de caso que mais se assemelha ao projeto. O protótipo projetado pelo AVL Studio, em 2019 ainda não foi implantado porém tem como fundamento dar uso às empenas cegas dos edifícios de qualquer região, transformando-as em espaços de produção agrícola através de módulos de 2,25x2,75m empilhados. Possui o ideal de um sistema circular, com captação de água da chuva, geração de energia solar e compostagem de lixo orgânico para se transformar em matéria prima para produção de novos alimentos. Com a produção, o greenbelly coloca diversas opções de clientes/público alvo, desde supermercados, passando por restaurantes de escritórios, aluguel para pessoa física e até apoio de doação de alimentos à moradores de rua. Todos os módulos são feitos em estrutura metálica leve e com utilização de madeira para mobiliário e piso. Possuem facilidade na montagem e desmontagem e grande flexibilidade de replicação.

Fonte Imagens: Green Belly (2019)


45


[4.3]

M I N I FA R M O projeto Mini Farm, de 2012 do Soa Architects, localizado em Paris, não foi construído mas tem como ideal ocupar os espaços vazios da cidade, trazendo vegetação para o meio urbano, proximidade do produto e do consumidor e, como diferencial, a ideia de iluminar a cidade por meio das luzes das torres de produção. Módulos de 125m² divididos em 3 ou 4 níveis, com estrutura metálica leve ou estrutura em madeira, fechamentos translúcidos para cultivo de alimentos hidropônicos e aeropônicos, sem utilização de terra e com utilização de luz natural e luz artificial e cultivo em hortas térreas, com utilização de terra na parte externa. Implantado em terrenos vazios degradados ou abandonados, tem como função trazer de volta a vida às periferias de Paris. Segundo o projeto, sua administração pode ser feita por empresas, pelo ministério da agricultura ou por pessoas físicas. A dúvida que os próprios desenvolvedores do projeto colocam é se seria mais adequado implementá-lo como um comércio ou como uma economia comunitária.

Fonte Imagens: Soa Architectes (2019)


47


05

O PROJE TO 5.1 PARTIDOS 5.2 LOCALIZAÇÃO 5.3 DESENHOS 5.4 INSERÇÃO EM OUTROS TERRENOS


49


[5]

O PROJE TO O projeto nasce da crítica ao modelo de produção agrícola atual, que é feito de forma extensiva e linear e da ideia de trazer uso aos terrenos vazios e ociosos da cidade, em especial aos estacionamentos, por meio das Micro Fazendas Urbanas. Tendo como função principal o cultivo de hortaliças, frutas e vegetais de forma hidropônica, por meio das torres, bandejas, paredes e árvores frutíferas, utilizando um sistema circular, com redução de até 70% de utilização de água em contraste ao modelo extensivo, além da produção de sua própria energia por meio das placas solares localizadas nas coberturas. A ideia é que as Micro Fazendas Urbanas estejam espalhadas nos terrenos vazios e/ou subutilizados da cidade, criando uma rede formada por pequenas intervenções que favorecem a transformação do meio urbano. Diminuindo as ilhas de calor e aumentando a permeabilidade do solo. Para tornar-se possível, a arquitetura modular e pré fabricada é essencial para facilitar a implantação em diferentes terrenos e sua replicação, além de possibilitar a flexibilidade das fachadas por meio das placas de fechamento perfuradas, com mobilidade para melhor adaptação à insolação e ventilação que o projeto demandar. Contribui-se então à implantação de policentros relacionado à distribuição de alimentos na cidade, com diminuição do trajeto entre produto e consumidor e consequente diminuição de emissão de carbono por meio do transporte e do desperdício no trajeto. Além disto, contribui-se para a mudança na cultura das pessoas, o reconhecimento das mesmas para com a sua cidade e seu entorno, aproximando o conhecimento da produção do alimento que chega em suas casas. Cria-se também a oportunidade de uma nova profissão, o/a fazendeiro/a urbano. Para garantir a viabilidade do projeto, o primeiro modelo foi inserido em um terreno no bairro de pinheiros, próximo a uma diversidade de possíveis públicos alvo, tais como mercados, escolas, bares, restaurantes e residências, tendo em vista que os mesmos podem alugar módulos da fazenda para garantir sua própria produção.


51


[5.1]

PA R T I D O S “Você pode começar fazendo um protótipo” Dickson Despommier

ARQUITETURA LEVE, MODULAR, DE FÁCIL MONTAGEM E REPLICAÇÃO FACILIDADE DE IMPLANTAÇÃO EM TERRENOS DE DIFERENTES TIPOLOGIAS FACHADA FLEXÍVEL E ADAPTÁVEL (VENTILAÇÃO E INSOLAÇÃO) AUMENTO DA PERMEABILIDADE DO SOLO COM EDIFÍCIO ELEVADO SISTEMA CIRCULAR DE ENERGIA E ÁGUA DIMINUIÇÃO DAS ILHAS DE CALOR PROXIMIDADE PRODUTO - CONSUMIDOR AUMENTO DE ESPAÇOS PÚBLICOS DE ESTAR NO MEIO URBANO


53


[5.2]

LOCALIZAÇÃO Micro Fazendas Urbanas, espalhadas nos terrenos vazios e/ou subutilizados da cidade, gerando uma rede formada por pequenas intervenções que favorecem a transformação do meio urbano. Tendo isso como propósito de trabalho, fica claro que a implantação poderia ser feita em qualquer um desses terrenos vazio encontrados no meio urbano. Porém, para mostrar que isso é possível através da arquitetura modular do projeto, o primeiro modelo foi implantado na cidade de São Paulo, no bairro de Pinheiros, mais precisamente em um terreno que atualmente é um estacionamento com acesso às ruas Artur de Azevedo e Antônio Bicudo. Depois de ensaiar o projeto em vários terrenos, o bairro de Pinheiros foi o escolhido pela sua diversidade de tipologias, gabaritos e usos, com potencial de atingir diferentes públicos alvo, como pessoas físicas que residem ali perto, mercados, escolas, bares e restaurantes. Localizado em uma Zona de Estruturação Urbana (ZEU), utiliza-se como possível forma de viabilização a estratégia do plano diretor de Projeto de Intervenção Urbana (PIU). Além disto, pode ser viabilizado através de patrocinio de alguma empresa que apoie o projeto ou pessoa física que queira investir. Além disso, segundo o STJ, incide o ITR (imposto territorial rural) sobre imóveis localizados na zona urbana, que exerçam atividades rurais, o que significa que o imposto cobrado pela posse ou propriedade do terreno possuiria uma carga tributária significantemente menor. “Assim, não incide IPTU, mas sim o ITR, sobre imóvel localizado na área urbana do Município, desde que, comprovadamente, seja utilizado em exploração extrativa, vegetal, agrícola, pecuária ou agroindustrial.” (Recurso Especial nº 1.112.646 – SP)


Bairro de Pinheiros

0

1

Cidade Universitรกria USP

3

Jockey Club Sรฃo Paulo

2

Marginal Pinheiros

4

Estรกdio do Pacaembu

450

1350

Recorte estudado

55


MAPA CHEIOS E VAZIOS Cheios Vazios

0

450

1350


PINHEIR OS R. DOS

R. ARTUR DE AZEVEDO

R. TEODORO SAMPAIO

R. CARDEAL ARCO VERDE

R. ANTONIO BICUDO

AV. REBOUÇ AS

AV. PEDROSO DE MORAES

R. CUNHA GAGO

MAPA VIAS Ruas e Avenidas AV. FARIA LIMA

Terreno de projeto

0

450

1350

57


MAPA ESTACIONAMENTOS Estacionamentos Descobertos Estacionamento - Terreno de Projeto

0

450

1350


MAPA PÚBLICO ALVO ENTORNO Mercados Escolas Restaurantes e Bares Estação de Metrô Terreno de projeto

0

450

1350

59


MAPA USOS PREDOMINANTES Residencial Vertical Médio/Alto padrão Residencial Horizontal Médio/Alto padrão Residencial, Comércio e Serviços Comércio e Serviços Escolas Terrenos vagos Terreno de projeto 0

450

1350


MAPA ZONEMENTO Zona de Estruturação Urbana Zona de Centralidade Zona Exclusivamente Residencial 1 Zona de Corredor 1 e 2 Zona Mista Terreno de projeto 0

450

1350

61


[5.3]

DESENHOS


63


DIAGRAMA INSOLAÇÃO


DIAGRAMA BLOCOS lazer bloco A bloco B

65


DIAGRAMA USOS cobertura solar produção administração/apoio

lazer passarela


DIAGRAMA PÚBLICO / PRIVADO área pública área privada

67


DIAGRAMA ELEMENTOS

1 . ESTRUTURA PILARES VIGAS GUARDA CORPO GUARDA CORPO LAZER RAMPA PASSARELA

METALON 10X10 CM METALON 10X20 CM COM TRILHO E RECORTE PREVISTO PARA TUBULAÇÃO METALON 2X120 CM CHAPA 3X120CM CHAPAS METÁLICAS


2 . CIRCULAÇÃO VERTICAL ESCADAS MONTA CARGA

69


3 . PLACAS SHAFT CHAPAS METADE PERFURADAS METADE SHAFT 1,25X2,5X0,05m


4 . PISOS PLACAS DE PISO METÁLICAS PERFURADAS COM SHAFT EMBUTIDO 3,75 x 2,5 x 0,1m

71


5 . COBERTURA EM STEEL DECK COM CAPTAÇÃO DE ÁGUA DA CHUVA PARA CISTERNA E PASSAGEM NO FILTRO PARA REUTILIZAÇÃO NAS SOLUÇÕES NUTRITIVAS


6 . PLACAS SOLARES PAINEL SOLAR FOTOVOLTAICO 280W 1,95X1,0X0,035 m

73


placas viga metalon perfil “U” metalon com trilho

CORTE DETALHE TRILHO

DETALHE TRILHO

7 . PLACAS FACHADA CHAPAS PERFURADAS COLORIDAS (3 TIPOS DIFERENTES) 1,25X2,5X0,02m


INSERÇÃO NO TERRENO 75


O MÓDULO [ 3,75x2,5m medidas internas] ESTRUTURA METALON

|

PILAR 10x10 cm

PISO 2,5x3,75x0,1 m (com contraventamento)

|

|

VIGA 20x10 cm (com recorte previsto para hidráulica e elétrica)

PLACAS FECHAMENTO PERFURADAS 1,25x2,5x 0,01 m

PLACAS SHAFT 1,25x2,5x0,05 m

ESTRUTURA

PLACAS DE PISO

PLACAS DE F


FECHAMENTO

SHAFT E ILUMINAÇÃO

MOBILIÁRIO PRODUÇÃO

77


PROGRAMA TÉRREO MÓDULOS 3,75 X 2,5m BLOCO A 1 RECEPÇÃO 3 LOJA 1 COPA 1 ADMINISTRAÇÃO 2 DEPÓSITO 3 APOIO 2 SANITÁRIO 2 MATERNIDADE 2 BERÇÁRIO 2 ESCADA 1 MONTA CARGA BLOCO B 2 RECEPÇÃO 1 DEPÓSITO 1 APOIO 2 SANITÁRIO 2 MATERNIDADE 2 BERÇÁRIO 1 ESCADA 1 MONTA CARGA 2 COMPOSTAGEM BLOCO LAZER 6 MOBILIÁRIO URBANO 1 ESCADA

IMPLANTAÇÃO TÉRREO

0

5

15


PROGRAMA 1º PAVIMENTO MÓDULOS 3,75 X 2,5m BLOCO A 19 PRODUÇÃO 1 APOIO 1 SANITÁRIO 2 ESCADA 1 MONTA CARGA BLOCO B 13 PRODUÇÃO 2 APOIO 1 SANITÁRIO 1 ESCADA 1 MONTA CARGA BLOCO LAZER 3 MOBILIÁRIO URBANO 1 ESCADA

PLANTA PRIMEIRO PAVIMENTO

0

5

15

79


PROGRAMA 2º PAVIMENTO MÓDULOS 3,75 X 2,5m BLOCO A 20 PRODUÇÃO 1 APOIO 1 SANITÁRIO 2 ESCADA 1 MONTA CARGA 1 TÉCNICO ENERGIA SOLAR BLOCO B 20 PRODUÇÃO 1 APOIO 1 SANITÁRIO 2 ESCADA 1 MONTA CARGA 1 TÉCNICO ENERGIA SOLAR

PLANTA SEGUNDO PAVIMENTO

0

5

15


PROGRAMA COBERTURA MÓDULOS 3,75 X 2,5m BLOCO A 2 CAIXA DÁGUA 52 PLACAS SOLARES (1,0x1,95) BLOCO B 2 CAIXA DÁGUA 24 PLACAS SOLARES (1,0x1,95)

PLANTA COBERTURA

0

5

15

81


CORTE AA BLOCO A


83

0

5

7,5


CORTE BB BLOCO B


0

5

7,5 85


ELEVAÇÃO ENTRADA R ANTONIO BICUDO


0

5

7,5

87


ELEVAÇÃO LATERAL BLOCO B


0

5

7,5 89


ELEVAÇÃO ENTRADA R. ARTUR DE AZEVEDO

0

5

7,5


CORTE AA BLOCO A

ELEVAÇÃO ENTRADA R ANTONIO BICUDO

CORTE BB BLOCO B

ELEVAÇÃO LATERAL BLOCO B

ELEVAÇÃO ENTRADA R. ARTUR DE AZEVEDO

91


OS MÓDULOS DE PRODUÇÃO

P | 166 MUDAS SIMULTÂNEAS

ELEMENTOS 2 Torres Aeropônicas 1 Bandeja Hidropônica

M | 252 MUDAS SIMULTÂNEAS

ELEMENTOS 2 Bandejas Hidropônicas


BANDEJA 126 mudas simultâneas

TORRE 20 mudas simultâneas

G | 280 MUDAS SIMULTÂNEAS

ELEMENTOS 2 Torres Aeropônicas 2 Paredes Hidropônicas

PAREDE 120 mudas simultâneas

93


OS SISTEMAS DE CULTIVO HIDROPÔNICO NFT

BANDEJA

PAREDE


AEROPÔNICO

TORRE

95


O QUE PODE SER PRODUZIDO HORTALIÇAS DE FOLHA, FLORES E HASTES

agrião | acelga | alface | almeirão | aspargo | brócolis | cebolinha | couve | couve-flor | coentro | espinafre | repolho | rúcula | salsa

DE FRUTOS

abóbora | abobrinha | berinjela | chuchu | ervilha | feijão-vagem | jiló | pepino | pimentão | pimenta | quiabo | tomate | milho verde

DE RAÍZES, TUBERCULOS, BULBOS E RIZOMAS

alho | batata doce | beterraba | cará | cebola | cenoura | couve-rábano | mandioca | nabo | gengibre

PLANTAS MEDICINAIS erva cidreira | capim limão | alho | babosa | arnica | erva doce | erva mate | hortelã | malva | quinoa

FRUTAS tomate | morango | melão | amora | framboesa | uva | melancia | frutas cítricas | maracujá | romã


FASES DE CULTIVO

MATERNIDADE OU GERMINAÇÃO DE 8 A 12 DIAS EM MÉDIA

BERÇÁRIO OU PRÉ CRESCIMENTO 3 SEMANAS EM MÉDIA

CRESCIMENTO FINAL DE 21 (ALFACE) A 80 DIAS (BATATA) EM MÉDIA

97


DIAGRAMA DE ALUGUEL P | 166

M | 252

G | 280

BLOCO A Micro Fazenda Urbana - Artur de Azevedo


P | 166

M | 252

G | 280

BLOCO B Micro Fazenda Urbana - Artur de Azevedo

99



PERSPECTIVA ENTRADA R. ANTONIO BICUDO 101



O MOBILIÁRIO URBANO BANCOS ENCAIXÁVEIS ESTRUTURA ASSENTO ENCOSTO

METALON 3X3cm MDF MDF

ALGUMAS VARIAÇÕES

PERSPECTIVA BLOCO LAZER

103



PERSPECTIVA CAMINHO DIREÇÃO R. ARTUR DE AZEVEDO

105



PERSPECTIVA ENTRADA R. ARTUR DE AZEVEDO

107



PERSPECTIVA NOTURNA CAMINHO DIREÇÃO R ANTONIO BICUDO

109



PERSPECTIVA DIURNA CAMINHO DIREÇÃO R ANTONIO BICUDO

111



PERSPECTIVA SUPERIOR

113


[5.4]

INSERÇÃO EM OUTROS TERRENOS

AV . FA

RIA

LIM

A

R. DOS PIN

HEIROS

Estacionamentos Descobertos Estacionamentos Novas Propostas Terreno de projeto


R. CU

NHA

0

450

GAG

O

1350

115



MICRO FAZENDAS URBANAS BAIRRO DE PINHEIROS 117



CONSIDERAÇÕES FINAIS A cidade e seu ecossistema estão em constante mudança, passado pelo momento de foco total em industrialização e crescimento urbano e econômico na Era Moderna, atualmente os ideais estão sendo repensados. A cidade tem capacidade de destruir o ecossistema, mas tem também a mesma capacidade de reestruturá-lo. A vida longe da paisagem natural se distancia cada vez mais de uma vida saudável, seja física ou psicologicamente. O contato direto com a produção de alimentos modifica a relação do consumo e garantem a qualidade do cultivo. É hora de refletir sobre onde deve incidir o foco econômico na cidade e de valorizar a agricultura urbana, que além de reestruturar a cidade e seus meios, criar uma nova atividade comercial. É preciso incentivar os novos fazendeiros urbanos, engajar a população e espalhar cada vez mais a ideia de cultivar na cidade. O projeto exposto veio primeiramente com o foco de atingir a cidade de São Paulo, mas tem como ideal servir de modelo para outras cidades. Por meio da construção modular de fácil adaptação, da facilidade do cultivo e da potência de colaborar com diversos setores, as Micro Fazendas Urbanas se apresentam como um equipamento estratégico para a requalificação do meio urbano, além de restabelecer o contato do cidadão com o espaço público e de contribuir com a reestruturação das paisagens naturais e do meio ambiente. 119


isto ĂŠ uma folha de papel semente destaque picote plante regue veja a vida semear


pense pense pense pense pense

global, global, global, global, global,

aja aja aja aja aja

local. local. local. local. local.


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LUNA DE ALMEIDA F. PELLICCIARI TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO


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