Anuario Cafe 2011

Page 1


Selgron: 20 anos integrando tecnologia e resultado

FiĂŠis Ă nossa vocação de desenvolver tecnologias integradas em &ODVVLĂ€ FDomR 6HOHFLRQDPHQWR (PSDFRWDPHQWR H $JUXSDPHQWR HOHWU{QLFRV, acreditamos na inovação e no potencial produtivo do agronegĂłcio nacional e permanecemos focados no crescimento de nosso seleto grupo de clientes, o que resulta em mais valor ao seu produto. HĂĄ duas dĂŠcadas no campo do desenvolvimento de soluçþes produtivas, nos orgulhamos de poder citar aqueles que mais contribuĂ­ram para nossa permanente evolução: QRVVRV FOLHQWHV. E ĂŠ a eles que dedicamos nossos 20 anos de histĂłria.


1 Inor Ag. Assmann


Sílvio Ávila

Expediente

PUBLISHERS AND EDITORS

EDITORA GAZETA SANTA CRUZ LTDA. CNPJ 04.439.157/0001-79 Diretor Presidente: André Luís Jungblut Diretor de Conteúdo: Romeu Inacio Neumann Diretor Comercial: Raul José Dreyer Diretor Administrativo: Jones Alei da Silva Diretor Industrial: Paulo Roberto Treib

Rua Ramiro Barcelos, 1.224, CEP: 96.810-900, Santa Cruz do Sul, RS Telefone: 0 55 (xx) 51 3715 7940 Fax: 0 55 (xx) 51 3715 7944 E-mail: redacao@anuarios.com.br comercial@anuarios.com.br Site: http://www.anuarios.com.br

ANUÁRIO BRASILEIRO DO CAFÉ 2011

Editor: Romar Rudolfo Beling Editora assistente: Angela Zamberlan Vencato Textos: Benno Bernardo Kist, Angela Zamberlan Vencato, Cleiton Santos, Cleonice de Carvalho, Erna Regina Reetz, Heloísa Poll e Romar Rudolfo Beling Supervisão: Romeu Inacio Neumann Tradução: Guido Jungblut Fotografia: Sílvio Ávila, Inor Assmann (Agência Assmann) e divulgação de empresas e entidades Projeto gráfico e diagramação: Márcio Oliveira Machado Arte de capa: Márcio Oliveira Machado, sobre tela gentilmente cedida pela artista plástica Valéria Vidigal Edição de fotografia e arte-final: Márcio Oliveira Machado e Juliane Mai Marketing: Maira Trojan Bugs, Andréa Lenz e Rafaela Jungblut Supervisão gráfica: Márcio Oliveira Machado Distribuição: Simone de Moraes Impressão: Coan Gráfica e Editora,Tubarão (SC) ISSN 1808-3439 É permitida a reprodução de informações desta revista, desde que citada a fonte. Reproduction of any part of this magazine is allowed, provided the source is cited.

2


A melhor solução para cada etapa na produção de café A Husqvarna possui uma linha completa de equipamentos para facilitar o seu dia a dia na lavoura. Prático e versátil, o "Kit Café Husqvarna" é composto por motosserra para poda, podador para esqueletamento, aparadores que podem acoplar derriçadeira, potente atomizador para pulverização de insumos, além de robusto soprador para limpeza geral na fazenda e secagem dos grãos no terreiro.

Localize a revenda mais próxima

www.husqvarna.com.br Ou ligue 0800 77 323 77. Horário de atendimento: segunda a sexta das 8h30 às 17h30.


Sílvio Ávila

Sumário

summary

08. Apresentação.Introduction 12. CENÁRIO.SCENARIO 32. ESTADOS.STATES 60. PERFIL.PROFILE 82. PESQUISA.RESEARCH 102. INDÚSTRIA.INDUSTRY 114. CONSUMO.CONSUMPTION 126. EVENTOS.EVENTS

4





Inor Ag. Assmann

Sem café não dá V Vamos sugerir um pequeno exercício. É de se pressupor que o leitor do Anuário Brasileiro do Café seja, em maior ou menor grau (em maior, esperamos), um apreciador desta bebida. Logo, é um consumidor do produto que, afinal, movimenta toda essa cadeia de produção. E assim sendo, não haverá maior dificuldade em ensaiarmos juntos um voo da imaginação. Em cada xícara de café que alguém tiver em mãos ou que estiver à sua frente, não importa que se trate de bebida pura ou com outro tipo de elaboração (com leite ou aromas, por exemplo), nos mais diversos recantos nacionais ou mesmo em países distantes, mundo afora; em casas suntuosas, em elegantes recepções sociais, ou em lares mais humildes; em

8

qualquer circunstância e em qualquer época do ano, é mais do que provável que ali esteja, junto, uma parcela de grão que foi colhido nos cafezais brasileiros. Maior produtor mundial, maior exportador do grão, segundo maior consumidor global, o Brasil reverbera pelo mundo todo o aroma, o sabor, o encanto e o convite de socialização, de interação e de integração que é inerente, como marca inconfundível, ao café. E é de acreditar, com convicção, que onde houver uma xícara de café haverá nada menos que uma pessoa feliz, haverá uma prazerosa e salutar sensação de conforto, um contexto de bem-estar. Quem saboreia essa bebida, aromatizada, energizada, esteja essa pessoa em casa, sozinha ou no convívio


com familiares, em diferentes horas do dia; ou esteja em algum ambiente externo, naturalmente estará vivenciando um dos seus agradáveis momentos de interação ou de satisfação pessoal. Assim sendo, o amplo conteúdo associado ao cenário de produção, ao perfil regional, ao beneficiamento, às inovações tecnológicas, ao comércio e ao consumo de cafés, que o Anuário apresenta nas próximas páginas, em sua edição 2011, nada mais é do que a sinalização de um estado de satisfação. Que o leitor possa, a cada reportagem, a cada matéria, a cada fotografia, apreciando os textos em português ou em inglês, deixar-se inspirar. Que ali vá antevendo aquele momento que é o mais importante, em que, enfim, estará saboreando

mais um gole dessa bebida. Por isso, não poderíamos deixar de sugerir a forma ideal de ler este Anuário. Em casa ou em seu ambiente de estar predileto, que o leitor se sirva - ou providencie que lhe sirvam - de uma generosa xícara de café brasileiro e, ao virar as páginas, vá provando. E aprovando. Seja consultando este Anuário, seja lendo um livro, seja apreciando outros atrativos artísticos e culturais, seja desfrutando do convívio das pessoas que merecem a estima, todos esses momentos, de bom requinte, parece que se tornam melhores, maiores e mais inesquecíveis se vierem acompanhados de... um bom café, servido a seu gosto. Então, o que você está esperando? Sirva-se!

9


no way

No coffee,

Inor Ag. Assmann

Let us suggest a small exercise. We take it that the reader of the Brazilian Coffee Yearbook is, to a minor or major extent (major, we hope) an aficionado of this beverage. And so, he is a consumer of a product that, after all, drives the entire production chain. Therefore, it will not be difficult for us to embark on an imaginary journey. In every cup of coffee someone happens to hold in their hands, or is right in front of them, no matter

10

if it is pure beverage or some type of combination (with milk or aromas, for example), in the most remote corners around the country or in distant countries around the globe; in luxury homes, at upscale social events, or even in humble households; at any circumstance and at any time of year, it is more than likely that a portion of the bean harvested from the Brazilian coffee fields will also be there. Largest world producer, leading coffee bean exporter, second largest global consumer, Brazil reverbera-

tes throughout the entire world the aroma, flavor, charm and a call for socialization, interaction and integration inherent to coffee as a distinguished and discerning mark. Unmistakable belief has it that where there is a cup of coffee, there is at least one person happy, a pleasant and lovely feeling of comfort, a cozy atmosphere of wellbeing. Those who savor this aromatized, energized beverage, whether at home, alone or with dear ones, at different hours; or out of home, will naturally be living through pleasant moments of interaction and personal satisfaction. Within this context, the vast content associated to the production scenario, to the regional profile, to the benefit, to technological innovations, to the market and the consumption of coffee, the Yearbook, in the following pages of its 2011 edition, features nothing else than a feeling of satisfaction. It is our hope that the readers get inspired from every article, topic or picture, appreciated either in Portuguese or in English. May they anticipate that important moment when, at last, they are savoring another cup of satisfying coffee. Therefore, we cannot afford not to suggest the ideal manner to read this yearbook. At home or at the favorite environment, may the readers help themselves for – or have someone else serve them – a generous cup of Brazilian coffee and, upon turning the pages, just continue savoring. Whether going through this yearbook, or reading a book, or enjoying other art or cultural works, or having a good time with dear ones, all these moments where refinement prevails, seem to be more magical, better and unforgettable if they come in the company of a good cup of coffee, served the way you like it. So, what are you waiting for? Help yourself!



Sテュlvio テ」ila

Cenテ。rio

scenary

E 12


Rompendo diferenças

Produtores brasileiros de café devem colher 43,54 milhões de sacas de 60 quilos em 2011, volume recorde para um ano de baixa do ciclo

E

Enquanto o aroma do café, preparado de acordo com sua preferência, invade a cozinha, o escritório ou as rodas de conversa na cafeteria, produtores e especialistas trabalham para aprimorar a cultura em solo brasileiro. Os resultados podem ser conferidos a cada safra, quando os números comprovam o bom desempenho da produção no País. Em 2011, não vai ser diferente, pois, de acordo com estimativa de maio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), deverão ser obtidas 43,54 milhões de sacas de 60 quilos do produto beneficiado (arábica e conilon). Ao comparar com o resultado da temporada anterior, a redução é de 9,5%, visto que, em 2010, o País somou 48,09 milhões de sacas. Porém, ao se considerar que o período é de baixa bienalidade (característica da cultura), o total supera o volume de 2009, quando foram produzidas 39,47 milhões de sacas. Conforme a Conab, a adoção de medidas técnicas diferenciadas e as condições climáticas favoráveis influenciaram no desempenho positivo. Para o diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CeCafé), Guilherme Braga Filho, a previsão é de que as diferenças, em termos de produção, sejam menores a cada safra. Salienta que a melhora nos preços, por exemplo,

possibilitou que produtores optassem por tratos culturais mais eficientes, o que potencializou ainda mais a produção. Em Minas Gerais, no Espírito Santo e em São Paulo, os três principais estados produtores, essa redução na oscilação, segundo análise da Conab, ocorreu devido à melhoria no manejo e à substituição de lavouras envelhecidas por adensadas, entre outros esforços. Ainda em termos de volume, a maior diminuição observada é a de café arábica, com queda de 12,6%, ou seja, 4,64 milhões de sacas. A produção do robusta (conilon) deve crescer 0,8%, o que corresponde a 90,7 mil sacas. Quanto à área cultivada, a Conab estima 2,282 milhões de hectares, 0,31% inferior ao período passado. Desse número, porém, 2.057,8 ha (0,9% menos que em 2010) estão em produção, enquanto o parque em formação apresentou crescimento de 6%.

ESSENCIAIS No Brasil, a produ-

ção cafeeira se concentra, principalmente, em três estados. Segundo levantamento da Conab, Minas Gerais, principal produtor, tem participação de 50,8% no País. Sua colheita, para 2011, está estimada em 22,124 milhões de sacas de café beneficiado. No Espírito Santo, responsável por 25,3% do todo nacional, a previsão é de

11,02 milhões de sacas. Em São Paulo, terceiro no ranking, com 8% de participação, a estimativa é de obter 3,475 milhões de sacas. Na opinião do diretor-geral do CeCafé, Guilherme Braga Filho, a abrangência da produção nesses estados e também na Bahia, no Paraná, em Rondônia e no Pará foram determinantes para os bons resultados da safra. Além disso, acredita que as tecnologias diferenciadas, utilizadas no momento do plantio, associadas aos sistemas de irrigação e à colheita mecanizada, elevaram os níveis de produtividade em anos de baixa bienalidade. Braga Filho destaca ainda o crescimento de outras áreas de produção no Brasil, como em Goiás, Belém e Maranhão. Fatores como esses prometem o desenvolvimento da cadeia produtiva por muitas outras safras.

EXPRESSIVA • EXPRESSIVE Evolução da produção brasileira de café beneficiado Ano Produção (milhões sacas 60Kg) 2007 36,07 2008 45,99 2009 39,47 2010 48,09 2011 43,54* Fonte: Conab/Maio de 2011 - *Estimativa

13


differences

Putting an end to Brazilian coffee producers are to harvest 43.54 million sixty-kilo sacks of coffee in 2011, a record volume for a bi-annual cycle of low yields

Inor Ag. Assmann

While the aroma of the coffee, prepared according to your preference, pervades every corner of the kitchen, offices or coffee tables in coffee houses, producers and specialists are deeply engaged in enhancing the crop in Brazilian territory. The results surface at every season, when the figures corroborate the good performance across Brazil. In 2011 things will not be different, since, relying on the estimate released by the National Supply Company in May, the crop is to reach 43.54 million sixty-kilo sacks of milled coffee (Arabica and conilon). In comparison to last year, the volume is down 9.5%, seeing that in 2010, the total volume in the Country amounted to 48.09 million tons. Nevertheless, considering that we are in a bi-annual cycle of low yields (a characteristic of this crop), the total outstrips the volume of 2009, when 39.47 million sacks were produced. According to Conab, the introduction of distinct technical measures and the favorable climate conditions had a positive influence on the performance. The chief executive director of the Brazilian Coffee Exporters Council (CeCafé), Guilherme Braga Filho, understands that the differences in terms of production will gradually shrink at every crop. He emphasizes that the rising prices, for example, made it possible for the growers to opt for more efficient cultural practices, boosting even further the potential of the crop. In Minas Gerais, Espírito Santo and in

14

São Paulo, three leading producers in Brazil, the more stable volumes, according to an analysis by Conab, result from better management practices and from the replacement of degraded coffee fields with denser plantations, among other variables. Still, in terms of volume, it is Arabica coffee that drops the most, 12.6%, representing 4.64 million sacks. The production of robusta coffee (conilon) is estimated to rise 0.8%, corresponding to 90.7 thousand sacks. As for the planted area, Conab estimates a total of 2.282 million hectares, down 0.31% from the previous season. Of this number, however, 2,057.8 ha (0,9% less than in 2010) are under production, while the park now being established soared 6%.

ESSENTIAL In Brazil, the production of coffee is particularly concentrated in three states. According to surveys conducted by Conab, Minas Gerais, leading producer, accounts for a share of 50.8% in the Country. Its harvest in 2011 is estimated at 22,124 million sacks of milled coffee. In Espírito Santo, responsible for 25.3% of the total in Brazil, the crop is estimated at 11.02 million sacks. In São Paulo, ranking third, with 8% of the total, a crop of 3.475 million sacks is expected. In the opinion of Guilherme Braga Filho, chief executive director of CeCafé, the production volumes in the above states and equally in Bahia, Paraná, Rondônia and in Pará played a decisive role in the good results of the crop. Furthermore, he believes that the distinct technologies, utilized at planting time, associated with the irrigation systems and mechanized harvesting, made the productivity rates soar in years of low bi-annual cycles. Braga Filho also refers to the growth in other production areas across Brazil, like Goiás, Belém and Maranhão. Factors like these sustain the development of the production chain for years to come.


Seu portal para fazer negócios com o Brasil!

www.brasilglobalnet.gov.br Ÿ Informações sobre 8.700 empresas exportadoras brasileiras; Ÿ Dados sobre 2.700 produtos relacionados a comércio exterior; Ÿ Indicadores econômicos, tabelas e gráficos sobre comércio exterior; Ÿ Mais de 300 feiras comerciais a serem realizadas no Brasil em 2011; Ÿ Oportunidades de investimento em infraestrutura, energia, indústria

pesada e megaeventos esportivos.

Ministério das Relações Exteriores Subsecretaria-Geral de Cooperação, Cultura e Promoção Comercial Departamento de Promoção Comercial e Investimentos


Além das fronteiras M Momento para não desanimar e seguir em frente. É assim que o diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CeCafé), Guilherme Braga Filho, resume o cenário atual da cultura no País. No ramo das exportações, os números revelam o bom desempenho frente aos principais países importadores. Avanço na qualidade dos grãos e bom resultado na colheita são alguns dos fatores que influenciaram positivamente. De acordo com balanço preliminar do CeCafé, os embarques entre junho de 2010 e maio de 2011 devem somar 34,392 milhões de sacas de 60 quilos. Com isso, a receita é estimada em US$ 7,02 bilhões. A boa performance do País no mercado internacional também é notável ao se comparar com os números da temporada anterior. De janeiro a maio de 2010, foram exportadas 12,240 milhões de sacas de 60 quilos. Nos mesmos meses em 2011, a apuração preliminar aponta para a comercialização de 13,606 milhões de sacas, o que representa variação positiva de 11%. Somente em maio o volume deveria chegar a 2,622 milhões de sacas. O arábica representou 84% dos embarques de janeiro a maio, enquanto o robusta e o solúvel registraram participação de 7% e 9%, respectivamente. Quanto aos mercados, calcula-se que o País tenha enviado 7,532 milhões de sacas de 60 quilos à Europa, acréscimo de 13% em relação a 2010 (considerando-se o período de janeiro a maio). Para a América do Norte, os embarques totalizariam 3,111 milhões de sacas e para a Ásia, 2,232 milhões. Entre os países consumidores do produto brasileiro, entretanto, o volume mais expressivo seguiria para os Estados Unidos, com 2,703 milhões de sacas. Em segundo lugar deve ficar a Alemanha, para onde seriam enviadas 2,551 milhões de sacas.

AVALIAÇÃO Para o diretor-geral do CeCafé, Guilherme Braga Filho, as exportações, que podem chegar a 35 milhões de sacas de 60 quilos entre junho de 2010 e junho de 2011, são vistas como um recorde para o setor. Nesse sentido, acredita que três fatores foram fundamentais para o desempenho positivo.

Um deles refere-se à colheita em 2010, quando a produção no País alcançou a 48,094 milhões de sacas de 60 quilos. A boa disponibilidade, por sua vez, significou maior oferta. Embora os resultados da safra não sejam ligados, diretamente, com os volumes de exportação, Braga Filho destaca que a melhoria na qualidade do café colhido também influenciou nas vendas externas. Como há crescimento na demanda por produtos de qualidade avançada, existem segmentos específicos que, ao longo dos anos, encontram-se em expansão. Junto

Safra recorde do café brasileiro em 2010 é um dos fatores que influenciam na boa performance do País no mercado externo 16


Inor Ag. Assmann

CAMINHO DE IDA • DESTINATION Exportações brasileiras de café (sacas de 60 kg) Países de destino

a isso, os preços satisfatórios registrados junto ao segmento motivaram o produtor a investir mais em tecnologias para aprimorar o grão. O diretor-geral do CeCafé acredita que, ao qualificar o produto, foi possível ampliar a participação no mercado. Com a quebra de safra na Colômbia, onde houve retração na produção de arábica, as possibilidades de vendas brasileiras cresceram. A consequência foram os bons números de exportação observados. Para o próximo período, contudo, os embarques podem registrar queda de até 10%. Devido à bienalidade da cultura, em 2011 o Brasil deve colher 43,543 milhões de sacas de 60 quilos, o que deverá refletir nos embarques, observa Braga Filho.

Estados Unidos Alemanha Itália Bélgica Japão Espanha Rússia Holanda (Países Baixos) Finlândia França Subtotal Outros Total geral

Jan-mai 2011* 2.703.185 2.551.385 1.223.269 1.124.124 905.339 355.007 314.478 305.244 266.695 258.112 10.006.838 3.599.283 13.606.121

Jan-mai 2010 2.238.436 2.286.185 1.084.735 846.519 868.936 335.858 331.975 213.556 170.249 259.363 8.635.812 3.605.135 12.240.947

Variação 20,76% 11,60% 12,77% 32,79% 4,19% 5,70% -5,27% 42,93% 56,65% -048% 15,88% -0,16% 11,15%

Fonte: CeCafé e Abics - *Preliminar

17


Overseas

Inor Ag. Assmann

Record coffee crop in 2010 is a factor that accounts for the good performance of the Country in the foreign market

18


It is no time for discouragement but for looking ahead. This is how the chief executive director of the Brazilian Coffee Exporters Council (Cecafé), Guilherme Braga Filho, summarizes the present scenario of the coffee in the Country. In the segment of exports, the figures reveal the good performance regarding the countries that are major importers. Strides in bean quality and good harvest performance are some of the factors that exerted a positive influence. According to a preliminary assessment by CeCafé, shipments from June 2010 to May 2011 should amount to 34.392 million 60-kilo sacks. This will bring in revenue of approximately US$ 7.02 billion. The good performance of the Country is also noteworthy if compared to the figures of the previous crop. From January to May this year, 12.240 million 60-kilo sacks were shipped abroad. Over the same period in 2011, a preliminary assessment points to 13.606 million sacks, up 11% from last year. In May alone, the volume was supposed to reach 2.622 million sacks. Arabica coffee accounted for 84% of the shipments from January to May, while robusta and soluble coffees represented 7% and 9%, respectively. Regarding the different destinations, it is estimated that 7.532 million 60-kilo sacks

were shipped to Europe, up 13% from 2010 (considering the January-May period). North America imported 3.111 million sacks and Asia, 2.232 million. Among the countries that consume our coffee, nonetheless, the most expressive volume was to be shipped to the United States, totaling 2.703 million sacks, followed by Germany, with a total of 2.551 million sacks.

EVALUATION The chief executive director of CeCafé, Guilherme Braga Filho, understands that our exports, which are likely to reach 35 million 60-kilo sacks from June 2010 to June 2011, are viewed by the sector as a record operation. Within this context, he believes that that there were three fundamental factors that explain the positive performance. One of them has to do with the 2010 harvest, which totaled 48.094 million 60-kilo sacks. The availability of huge volumes, in turn, resulted into expressive supply. Although crop results are not directly linked to the amount of exports, Braga Filho maintains that the enhanced quality of our beans has also influenced foreign sales. As there is soaring demand for products of distinguished quality, there are also specific segments, which, over the years, expand considerably. Along with this, the satisfactory prices fetched

by the segment have encouraged the growers to invest more money in bean quality enhancement technologies. The general director of CeCafé believes that, by qualifying the product, the segment managed to push up its share in the market. The crop frustration in Colombia, where Arabica coffee was severely affected, paved the way for Brazilian exports to soar considerably. The consequence was the promising figures that came from exports. For the next seasons, nonetheless, the shipments might register up to 10-percent declines. Due to the crop’s bi-annual cycle, in 2011 Brazil is estimated to harvest 43.543 million 60-kilo sacks, which should have reflections on exports, Braga Filho notes.

APRECIADORES • AFICIONADOS Principais mercados do café brasileiro (janeiro a maio de 2011) País Estados Unidos Alemanha Itália Bélgica Japão Outros

Participação 20% 19% 9% 8% 7% 37%

Fonte: CeCafé

Columbia, tradição em trading de commodities e manufaturados. O Grupo Columbia alia a experiência e a tradição de quase 70 anos em trading de commodities e manufaturados, ao empenho de uma equipe de negócios totalmente dedicada à logística e às operações de compra e venda de mercadorias.


Globalmente

bom

Resultado positivo na maioria das regiĂľes produtoras de cafĂŠ deve significar aumento de 8% na oferta em 2010/11

20


Sílvio Ávila

deve totalizar 62,8 milhões de O Brasil não foi o único A FONTE • THE ORIGIN sacas no ciclo. país a registrar bom desemPrincipais países produtores de café (em milhões de sacas) Para a temporada penho quanto à produção e 2009 2010 Variação (%) 2011/12, no entanto, as exportação de café na última País 39,470 48,095 21,9 perspectivas são variadas. safra. De acordo com relató- Brasil Vietnã 18,200 18,500 1,6 Enquanto o Brasil, maior rio de maio da Organização 8,098 9,200 13,6 produtor mundial, prevê Internacional do Café (OIC), a Colômbia 11,380 8,500 -25,3 redução da colheita, é posmaioria das regiões obteve in- Indonésia 6,931 7,450 7,5 sível que haja aumentos em cremento nos dois segmentos. Etiópia outros países. A Indonésia, Com isso, foram embarcadas Índia 4,823 4,733 -1,9 porém, também estima di62,7 milhões de sacas de 60 México 4,200 4,400 4,8 minuição, e o Vietnã, segunquilos no período de outubro Guatemala 3,835 4,000 4,3 do maior produtor, calcula de 2010 a abril de 2011. O re- Honduras 3,575 3,830 7,1 estagnação nos números de sultado significa aumento de Peru 3,286 3,718 13,1 colheita. O volume total da 16,7% em comparação a igual Fonte: OIC produção mundial, no anointervalo na safra 2009/10. otimismo ao setor. safra 2011/12, poderá Somente em abril de 2011, ser de aproximadamente 130 as vendas externas de todos os países PANORAMA Se as condições milhões de sacas de 60 exportadores somaram 9,7 milhões de climáticas se mantiverem favoráveis, al- quilos. sacas. Em decorrência da estabilidade dos guns países exportadores de café devem preços altos, muitas nações elevaram registrar aumento de safra. Conforme reo volume de embarques. Com isso, os latório sobre o mercado cafeeiro da OIC, quatro grupos de café – colombianos su- publicado em maio de 2011, a produção aves, outros suaves, brasileiros naturais na temporada 2010/11 é estimada em e robustas – registraram crescimento de 133 milhões de sacas, o que represenvendas. De outubro de 2010 a abril de ta acréscimo de 8,1% em relação ao 2011, as transações de robustas totaliza- volume anterior. Das regiões proram 21,423 milhões de sacas de 60 quilos, dutoras em todo o mundo, apeacréscimo de 14,4%. No mesmo período, nas Ásia/Oceania não obteve maior as vendas externas de arábicas chegaram colheita devido, principalmente, a uma quebra na Indonésia. A produa 41,240 milhões de sacas, alta de 17,9%. Conforme relatório da OIC, no ano ção colombiana voltou a crescer, decivil de 2010 o total exportado foi 96,7 pois de dois anos de queda, e deve milhões de sacas, em comparação com ficar em 9,2 milhões de sacas. A as 96,1 milhões em 2009. As importações América do Sul, que respontambém registraram evolução e soma- de por 47,2% da oferta ram 131,6 milhões de sacas em 2010, con- mundial do grão, tra 127,1 milhões no período anterior. O relatório salienta que a alta dos preços e o crescimento do consumo mundial continuam a incentivar o comércio internacional, o que também proporciona

21


Excellent performance in the

majority of the coffee producing regions should translate into an 8-percent rise

good in supply in the 2010/11 crop

Brazil was not the only country to celebrate an excellent coffee production and export performance in the past season. According to a report by the International Coffee Organization (ICO), published in May, most regions made strides in the two segments. This made exports soar to 62.7 million 60-kilos sacks from October 2010 to April 2011. The result represents an increase of 16.7% from the same period in the 2009/10 crop. Only in April 2011, foreign sales of all coffee exporting countries amounted to 9.7 million sacks. Due to the stable high prices, several nations shipped more coffee abroad. As a result, the four coffee groups – mild Colombian coffees, other mild coffees, Brazilian natural and robusta – celebrated soaring sales. From October 2010 to April 2011, robusta shipments totaled 21.423 million 60-kilo sacks, up 14.4% from the same period last year. During the same period, foreign sales of Arabica amounted to 41.240 million 60-kilo sacks, up 17.9%. According to a report by the ICO, in the civil year of 2010, total shipments reached 96.7 million sacks, compared to 96.1 million sacks in 2009. Imports also soared and registered a total amount of 131.6 million sacks in 2010, against 127.1 million in the previous period. The report stresses that the high prices and world consumption continue encouraging the international market, which is also reason for the sector to rejoice.

PANORAMA Should climatic conditions remain favorable,

some coffee exporting countries are likely to expand their coffee plantations. According to a report by the ICO on the coffee market, published in May 2011, the volume of the 2010/11 crop is estimated at 133 million sacks, up 8.1% from the previous crop. Of all other coffee producing regions around the world, only Asia and Australia did not harvest bigger crops, mainly due to the smaller than expected crop in Indonesia. In Colombia, production is back on track, after two years of smaller harvests, and should reach 9.2 million sacks. South America, responsible for 47.2% of the global production volumes, should reach a total of 62.8 million sacks in the season. For the 2011/12 cycle, nevertheless, there are variable perspectives. Brazil, largest global producer, foresees a smaller crop, but increases

22

Sílvio Ávila

Globally

VENDEDORES • VENDORS Principais exportadores de café (em milhões de sacas)* País

2009/10

2010/11

Variação (%)

Brasil

17,678

21,026

18,9

Vietnã

9,140

10,975

20,1

Colômbia

4,234

5,567

31,5

Índia

2,143

3,564

66,3

Indonésia

3,873

3,065

-20,9

Honduras

1,998

2,633

31,8

Guatemala

1,896

1,889

-0,4

972

1,734

78,3

Peru

1,354

1,730

27,8

Uganda

1,603

1,502

-6,3

Etiópia

Fonte: OIC - *Outubro a abril

SELECIONADOS • SELECTED Exportações mundiais de café (em milhões de sacas)* Grupo Colombianos suaves

2009/10

2010/11

Variação (%)

4,895

6,290

28,5

Outros suaves

11,969

14,488

21,0

Brasileiros naturais

18,104

20,461

13,0

Robustas

18,719

21,423

14,4

Arábicas (subtotal)

34,967

41,240

17,9

Fonte: OIC - *Outubro a abril

are likely in other countries. However, Indonesia is also bracing for a reduction in the volume, while Vietnam, second biggest producer, views no progress in the volume to be harvested. The total volume in the world, for the 2011/12 cycle, could reach approximately 130 million 60-kilo sacks.



Por

conquistar Incremento do consumo mundial,

aliado aos números positivos do Brasil em produção e exportação, devem abrir

as portas para novos mercados

O time de apaixonados pelo aroma, pelo sabor e pela qualidade do café cresce ano a ano. No lar, no escritório, nas cafeterias e nas boutiques especializadas, entre outros lugares, o aumento da demanda é evidente. Prova disso foram as 134 milhões de sacas consumidas mundialmente em 2010, 2,4% a mais que no ano anterior. No Brasil, junto ao desempenho positivo nas últimas safras, nos próximos anos o setor deve aproveitar o bom momento para ganhar novos mercados e impulsionar os negócios da cadeia produtiva. Em solo brasileiro não foram apenas os índices de exportação e produção que registraram recordes. O consumo per capita também atingiu nível histórico em 2010, alcançando a 4,81 quilos por habitante ao ano, conforme a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). O volume supera a marca atingida em 1965, que foi de 4,72 kg/ habitante/ano. Se comparado a 2009, quando se registrou 4,65 kg per capita, o incremento foi de 3,5%. O diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CeCafé), Guilherme Braga Filho, ressalta que,

24

com o crescimento do consumo, também houve elevação na demanda por grãos de qualidade. Segundo ele, existe uma tendência mundial de consumidores mais exigentes e com poder aquisitivo maior. Por isso, segmentos de mercado voltados à qualificação do grão vêm se expandindo. Vendas em pontos inovadores, preparo mais elaborado e apresentação diferenciada são atrativos para induzir a compra da bebida. Dados da Abic revelam que, somente em 2010, os brasileiros demandaram 19,13 milhões de sacas, 4,03% a mais que em 2009. Ainda conforme a entidade, o segmento de cafés finos e diferenciados, embora represente a menor parte do consumo, continua apresentando taxas de crescimento anual entre 15% e 20%. De acordo com Braga Filho, a alta dos preços possibilitou o processo de consolidação desse segmento cafeeiro. O consultor da P&A Marketing Carlos Henrique Brando resume o cenário atual do café no mundo como um despertar positivo. A demanda global em expansão, com crescimento de 2% a 2,5% ao ano, e os bons preços registrados podem auxiliar o País na conquista de

outros mercados mundiais. Esse movimento ocorre desde 2008, na avaliação do diretor-geral do CeCafé, Guilherme Braga Filho, quando se estabeleceu a crise econômica mundial. Problemas de queda na produção de alguns países líderes impulsionaram as exportações brasileiras. Com isso, o País se viu diante da oportunidade de ampliar a presença nos Estados Unidos, no Japão e na Europa, líderes no consumo da bebida. Além de intensificar as vendas para os principais países importadores, Brando salienta que o Brasil almeja ampliar o número de apreciadores na China, na


Consumo interno de café no Brasil (em milhões de sacas) Ano

Volume

2010

19,1

2009

18,4

2008

17,7

2007

17,1

2006

16,3

2005

15,5

Sílvio Ávila

SUBINDO

Fonte: Abic

Índia, na Rússia e em países do leste da Europa. Com o aumento da produção e da exportação nacionais e a estagnação de alguns concorrentes, é essencial que o País aproveite o momento para alavancar o potencial competitivo do grão produzido em seus cafezais. Para dar certo, apostar em qualidade e em estratégias diferenciadas será fundamental.

EM AÇÃO Participações em feiras, elaboração de material informativo diferenciado e criação de programas de degustação são algumas das estratégias nacionais para divulgar seus cafés

em todo o mundo. Exemplo disso é o Programa de Degustação dos Cafés do Brasil, desenvolvido pela Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics) com apoio do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Por meio do programa, realizado desde 2006, a marca Cafés do Brasil é promovida internacionalmente. Em 2010, nos meses de junho e julho, foram realizadas ações no Chile e no Uruguai. Ao degustar o café solúvel brasileiro, os estrangeiros têm a oportunidade de con-

ferir a qualidade do grão produzido, o que estimula o aumento do consumo. A participação do Brasil como país tema da principal feira de cafés especiais do mundo, a 23rd Annual SCAA (Specialty Coffee Association of America), também foi de extrema importância para reforçar a imagem do produto brasileiro no exterior. Realizado de 28 de abril a 1º de maio de 2011 em Houston, nos Estados Unidos, o evento contou com exibição de filmes, palestras e sessões de degustação, entre outras atividades que visavam a ampliar os horizontes do sabor e da qualidade para os grãos do Brasil.

25


Inor Ag. Assmann

To be conquered

26


Soaring global consumption, along with the good performance of Brazil in production and exports, should pave the way for the Country to make it to new markets The number of coffee aficionados and fond of its aroma, flavor and quality has been rising year after year. At home, in the office, in coffeehouses and refined boutiques, among other places, demand is on the rise. The fact is, 134 million sacks were consumed worldwide in 2010, up 2.4% from the previous year. In Brazil, along with the excellent

performance in the past seasons, the sector is set to take advantage of the good moment to conquer new markets and promote the businesses of the production chain. In the Brazilian territory, records were celebrated not only by the production and export sectors. Per capita consumption also hit all-time records in 2010, reaching 4.81 kilos per person a year, according to the Brazilian Coffee Industry Association (Abic). The volume outstrips the mark achieved in 1965, which totaled 4.72 kg/person/year. Compared to 2009, when consumption per capita hit 4.65 kg, representing a 3.5% rise. The chief-executive director of the Brazilian Coffee Exporters Council (Cecafé), Guilherme Braga Filho, maintains that, along with the soaring consumption, the demand for quality beans also soared. According to him, a global trend is pointing to more discerning consumers with higher purchasing power. Within this context, segments geared towards bean enhancement initiatives are expanding greatly. Sales in innovative outlets, more elaborate preparation and distinguished presentation are attractions that lure people into the habit of drinking coffee. Data released by the Abic reveal that, in 2010 alone, Brazilian people consumed 19.13 million sacks, up 4.03% from 2009. And there is more, according to the entity, the segment of fine and specialty coffees, although accounting for the smallest portion in consumption, continues thriving, annually soaring from 15% to 20%. Braga Filho understands that high prices led to the consolidation of this coffee segment. P&A Marketing consultant Carlos Henrique Brando summarizes the present global scenario of coffee as a promising wake-up scene. Global demand on the rise, at a 2% to 2.5% rate a year, along with the good prices, could pave the way for Brazil to conquer other global markets. In the opinion of the chief-

executive director at Cecafé, Guilherme Braga Filho, this situation has been occurring since 2008, when the global financial crisis set in. Crop reduction problems in some leading countries pushed up Brazilian exports considerably. Within this context, the Country envisioned an opportunity to expand its presence in the United States, Japan and Europe, leading consumers of coffee. Besides intensifying the sales to the major importing countries, Brando mentions that Brazil intends to increase the number of consumers in China, India, Russia and in Eastern European countries. With production and exports on a rising trend in Brazil, along with the stagnation environment in some competitor countries, it is essential for the Country to take advantage of the moment to strengthen its competitive edge, as far as coffee shipments are concerned. For rewarding results, an essential step is to bet on quality and distinguished strategies. IN ACTION Participations in fairs, confection of informative materials and the creation of Tasting Programs are some of the national strategies intended for announcing the Brazilian coffees around the world. An example is the Brazilian Coffee Tasting Program, developed by the Brazilian Soluble Coffee Industry Association (Abics) with financial support from the Coffee Economy Defense Fund (Funcafé) and from the Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply (Mapa). Through the program, conducted since 2006, the Brazilian Coffee brands are promoted internationally. In 2010, in the months of June and July, sessions were staged in Chile and Uruguay. Upon savoring soluble coffee from Brazil, foreigners have the chance to check the quality of the beans, which leads to rising consumption. The role of Brazil as theme country in the 23rd Annual Fair, promoted by the Specialty Coffee Association of America, was also extremely relevant for strengthening the image of the Brazilian beverage abroad. Held from 28th April to 1st May, in Houston, United States, the event featured films, lectures and tasting sessions, among other activities, all geared towards widening the horizons for the flavor and quality of the Brazilian beans.

27


Sílvio Ávila

Bem apreciado

Melhora nas cotações do café proporciona valorização inédita do grão e deve impulsionar novos investimentos nos cafezais brasileiros

D

Da tela do computador, acompanhar as cotações de café nas bolsas de valores é rotina para Carlos Aurélio de Freitas Júnior. Nos últimos meses, a atividade, realizada no departamento de comercialização e classificação de café da Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas (Cocapec), se mostrou bastante animadora para o supervisor. Mas o otimismo proporcionado pela alta dos preços ultrapassa as fronteiras de Franca (SP), onde trabalha. As boas perspectivas tomam conta dos cafezais de todo o País. Aelevação nas cotações acompanham o setor desde o segundo semestre de 2010. Em 2011, entretanto, a saca de 60 quilos do arábica chegou a ser comercializada por R$ 550. Conforme dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), em maio os preços seguiram firmes, sustentados pela oferta restrita de grãos de qualidade. A média registrada foi de R$ 530,76, montante 1,2% superior ao mês de abril. Os valores da saca do robusta, que chegaram a R$ 240 no ano, também continuam em alta no mercado brasileiro. A elevação, observada desde o início de 2011, também ocorreu em

28

maio. No mês, o indicador do Cepea registrou média de R$ 231,70 a saca de 60 quilos do grão, alta de 4,9% em relação ao mês anterior. Um dos fatores que motivam a valorização da variedade é a atual demanda (interna e externa) superior à oferta. As cotações dos cafés brasileiros também foram positivas no mercado exterior. De acordo com relatório de maio da Organização Internacional do Café (OIC), no mês os preços dos arábicas registraram queda em relação a abril, enquanto os valores pagos pelos robustas registraram alta significativa. Com isso, a média mensal do preço indicativo composto caiu 1,4%, passando de 231,24 centavos de dólar por libra-peso, em abril, para 227,97 no mês seguinte. Segundo a OIC, mesmo com o declínio, a média representa acréscimo de 78% frente ao patamar de maio de 2010 e de 54,8% em relação à média anual. Apesar das quedas, e de diminuir as diferenças nas cotações entre arábicas e robustas, os preços devem se manter firmes. Para o analista de mercado da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) Jorge Queiroz, o cenário atual deve se manter por pelo menos mais um ano.


Fatores como melhor distribuição de renda e expansão da classe média brasileira, aumento do poder de consumo e taxas de juros baixas nos países desenvolvidos, como os Estados Unidos, que enfrentam problemas de desemprego, foram determinantes para a formação do cenário atual, com alta remuneração e produção elevada. Queiroz ressalta, no entanto, um descompasso no setor, visto que a resposta da oferta não acompanha o ritmo de demanda.

PERSPECTIVAS Com os preços elevados, a tendência é que os produtores intensifiquem os investimentos tecnológicos nas lavouras. O consultor da P&A Marketing Carlos Henrique Brando acredita que o processo vai ocorrer em vários níveis. No imediato, salienta que serão promovidas modificações nos sistemas de podas e irrigação. A médio prazo, no entanto, devem figurar melhorias na fertilização e em técnicas de cultivo. A tendência para longo prazo (daqui a três ou quatro anos) refere-se ao aumento da área plantada. O risco da expansão, entretanto, está no excesso de oferta, visto que a produção ten-

de a crescer. De acordo com Brando, com novas plantações e elevação no potencial de produtividade, as colheitas de 2012 e 2013 devem mostrar aumento significativo. O consultor ainda prevê que em 2014, ano de alta do ciclo e com fatores climáticos favoráveis, o País poderá colher uma das maiores safras da história.

NA BOLSA

No atual cenário do mercado externo, o analista de mercado da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) Jorge Queiroz ressalta que houve maior procura pelo grão brasileiro pelos países importadores. O desempenho desfavorável de alguns países produtores, como a Colômbia, levou à valorização. Com isso, após anos de discussão, o Brasil passou a negociar o café lavado, despolpado ou cereja descascado na bolsa de Nova York, principal mercado de formação de preços desse tipo de produto. Segundo Queiroz, a cotação dos grãos é bastante favorável entre os países compradores. Destaca, contudo, que a qualidade do produto nacional é um dos principais atrativos.

29


Much

Inor Ag. Assmann

appreciated

30


Soaring coffee quotes make the beans fetch unprecedented prices, encouraging new investments in the Brazilian coffee fields Following the coffee quotations in the stock market on the computer screen is part of Carlos Aurélio de Freitas Júnior’s daily routine. Over the past months, the activity, carried out in the coffee classification department of the Coffee Producers, Farmers and Livestock Rearer’s Cooperative (Cocapec), turned out to be very promising for the supervisor. And the optimism stemming from the high prices goes beyond the frontiers of Franca (SP), where he works. The bright perspectives are now pervading all coffee fields across Brazil. The soaring quotations have been encoura-

ging the sector since the second half of 2010. In 2011, nonetheless, a 60-kilo sack of Arabica feched as much as R$ 550. From data released by the Center for Advanced Studies on Applied Economics (CEPEA), n May, prices were holding on to their steady course, sustained by tight supplies of superior beans, reaching an average of R$ 530.76, up 1.2% from April. The robusta coffee prices, which climbed to R$ 240 a sack over the year, are also holding to the rising trend in the Brazilian market. The uptrend in effect since early 2011, also occurred in May. Over that month, the Cepea indicator registered an average of R$ 231.70 per 60-kilo sack, up 4.9% from the previous month. One of the factors that encourage the higher value of the variety is soaring demand at home and abroad. In terms of prices, the Brazilian coffees also performed well in the international marketplace. According to the report of the International Coffee Association (ICA), in May, prices of Arabica dropped in comparison with April, while the prices fetched by the robusta varieties soared considerably. As a result, the monthly average of the indicative price went down 1.4%, from 231.24 dollar cents per pound, in April, to 227.97 the following month. According to the ICA, in spite of the decline, this average is up 78% from May 2010 and up 54.8% considering the annual average. In spite of the receding prices, and the smal-

ler difference between the Arabica and conilon quotes, prices are expected to remain stable. Jorge Queiroz, market analyst with the National Supply Company (Conab), maintains that the present scenario should hold for at least one more year. Such factors as fair income distribution and the gradual expansion of the Brazilian middle class, along with the rising purchasing power and low interest rates in the developed countries, like the United States, now facing unemployment problems, played a determining role in the development of the present scenario, where high remuneration and huge production prevail. Nonetheless, Queiroz refers to the fact that supply has not managed to keep pace with the rhythm imposed by demand.

PERSPECTIVES With prices on the rise, the trend is for the producers to opt for technology-oriented investments in their fields. P&A Marketing consultant Carlos Henrique Brando has it that the process will occur in several levels. Immediate measures include alterations to the pruning and irrigation systems. In the medium run, however, there should be improvements to fertilization and cultivation practices. For the long run, within three to four years, increases in planted areas are expected. The expansion risk lies in excessive supplies, seeing that the production volumes are bound to expand. According to Brando, with new plantations and soaring productivity rates, the trend is for the 2012 and 2013 crops to expand considerably. The consultant also predicts that in the 2014 crop, a bi-annual cycle of high yields, if climate conditions are favorable, Brazil might harvest the biggest crop on record.

ON THE STOCK MARKET

Regarding the current scenario abroad, market analyst with the National Supply Company (Conab), Jorge Queiroz mentions that coffee importing countries have shown soaring interest for Brazilian coffees. The crop frustrations in some coffee producing countries, like Colombia, account for this phenomenon. In light of this situation, after years of debates, Brazil began to trade washed coffee, depulped or unhulled cherry in the New York stock exchange, major market responsible for dictating the prices for this commodity. According to Queiroz, the quotations of the coffee beans are rather favorable among the purchasing countries. Nonetheless, he makes a point of mentioning that the quality of the Brazilian product is a major attraction.

31


Estados

32

states

Inor Ag. Assmann


Sem descanso

Cafeicultores de Minas Gerais melhoram tratos culturais e renovam a lavoura para obter mais qualidade e valorização dos grãos O Estado que concentra a metade da produção de café no Brasil está em constante busca por maior qualidade do grão. Em Minas Gerais, cresce a cada safra o número de cafeicultores que dispensam mais cuidados à lavoura e se preocupam com a renovação da área produtiva. O melhor tratamento na condução dos cafezais, o que nem sempre significa grande aumento nos custos, resulta em bons frutos e, como consequência, em maior valorização do produto. O engenheiro agrônomo Marcelo de Pádua Felipe, coordenador técnico estadual de café da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), enfatiza que nos últimos dez anos o parque cafeeiro do Estado passou de dois bilhões para três bilhões de covas, número que mostra a preocupação dos produtores com a renovação e o incremento da área cultivada. Segundo ele, o bom preço pago pelo grão na atual temporada tem estimulado os cafeicultores a realizarem os tratos culturais de forma adequada. Na safra 2011, conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgados em maio, Minas Gerais terá produção de 22,124 milhões de sacas beneficiadas, contabilizando redução de 12,05% em relação ao período anterior. O decréscimo tem como principal fator a bienalidade negativa da cultura.

Mesmo assim, observa Felipe, a diferença em relação ao ano de alto rendimento tem sido menor devido à adoção correta de tratos culturais. Além da qualidade, outra preocupação do setor é a produtividade, que também deve se beneficiar com a melhor condução das tarefas de lavoura. O coordenador técnico da Emater explica que os cafezais mineiros têm potencial de chegar a 30 sacas por hectare. Mas, mesmo com algumas lavouras atingindo de 60 a 70 sacas/ha, a média dos últimos dez anos alcançou apenas a 17 sacas/ha. A mecanização da colheita é outra tecnologia que vem se ampliando no Estado em função de a mão de obra estar cada vez mais cara e escassa. Felipe explica que os pequenos produtores estão utilizando derriçadeiras e roçadeiras, enquanto cafeicultores considerados médios trabalham com colheitadeiras e tratores. Para reduzir o custo com os equipamentos, o engenheiro agrônomo aconselha que sejam formados polos para a colheita coletiva das lavouras.

CONCURSO Para valorizar o café dos produtores que se dedicaram com mais afinco às suas lavouras, a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento realiza, junto com a Emater e a Universidade Federal de Lavras (Ufla), a 8ª edição do Concurso de Quali-

dade dos Cafés de Minas. O coordenador técnico regional da Emater, Marcos Fabri Júnior, que atua em Lavras, no sul do Estado, é o responsável pelo evento. Ele explica que o foco é o processo educativo e sustentável da atividade. “A Emater desenvolve laudos dos cafés participantes do concurso e presta assistência técnica para ajudar no processo de melhoria contínua dos cafezais”, enfatiza. Os produtores podem contar ainda com o programa Certifica Minas Café, que ocorre desde 2008 e até 2010 havia certificado 1.230 propriedades. Conforme o coordenador do programa, Julian Carvalho, que atua na Emater, a meta para 2011 é atingir a 1.500 propriedades. “Os cafeicultores aprendem a ter mais profissionalismo e a agregar valor a sua produção, identificando onde estão ganhando e perdendo”, destaca Carvalho. O cadastro no programa, a assistência técnica e as orientações para adequações das propriedades são feitas pela Emater. As auditorias preliminares de checagem das modificações, que devem estar de acordo com as exigências internacionais, são realizadas pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA). A auditoria final fica a cargo da certificadora suíça IMO Control, um organismo de avaliação de conformidade independente que verifica a adaptação das propriedades e emite um certificado de reconhecimento internacional.

33


rest

No time for Coffee farmers in Minas Gerais improve cultural practices and renew their fields with an eye towards quality and profits

Inor Ag. Assmann

The State that concentrates 50% of all coffee produced in Brazil is constantly seeking better bean quality. In Minas Gerais, the number of growers who carefully look after their crop and are concerned with field

34

renewal practices is constantly soaring. The best treatment in the conduction of the coffee fields, which does not always translate into higher costs, results into good fruit and, as a consequence, in more remuneration for the

product. Agronomic engineer Marcelo de Pรกdua Felipe, state technical coordinator of the Technical Assistance and Rural Extension Corporation of Minas Gerais (Emater-MG),


mentions that over the past ten years, the coffee park of the State jumped from two billion to three billion new trees, attesting to the preoccupation of the growers with the renewal and the expansion of the cultivated areas. According to him, the good price fetched by the beans in the current season has encouraged the farmers to carry out all cultural practices in appropriate manner. In the 2010/11 crop year, according to data from the National Supply Company (Conab), released in May 2011, Minas Gerais is to harvest a crop of 22.124 million sacks of milled coffee, down 12.05% from the previous year. The bi-annual cycle of low yields is responsible for the smaller crop size. In spite of this, Felipe observes, the difference in comparison to the bi-annual cycle of high yields has shrunk due to the adoption of correct cultural practices. Besides quality, another concern of the sector is productivity, which is also expected to benefit from the better field practices. The technical coordinator at Emater explains that the coffee fields in Minas Gerais have the potential to produce 30 sacks per hectare. However, although some fields produce 60

to 70 sacks per hectare, the average over the past ten years has remained at only 17 sacks/ hectare. Harvest mechanization is just one more technology on the rise throughout the State in light of the shortage of workers and ever more expensive labor costs. Felipe explains that the small-scale farmers are resorting to machine stripping and harvesters, while medium-sized coffee growers are resorting to harvesters and tractors. In order to reduce the costs with the equipment, the agronomic engineer recommends the farmers to get organized in hubs for collective harvesting.

CONTEST To add value to the coffee of those farmers who devoted more time to their fields, the State Secretariat of Agriculture, Livestock and Supply, holds the 8th edition of the Minas Coffees Quality Contest, jointly with Emater and the Federal University of Lavras (Ufla). Emater regional technical coordinator, Marcos Fabri Júnior, based in Lavras, in the southern portion of the State, is responsible for the event. He explains that the focus is the educational and sustainable process of the

activity. “Emater issues reports of the coffees that take part in the contest and provides technical assistance towards constantly improving the coffee fields”, he notes. The producers can also rely on the Certify Minas Coffee program, in force since 2008, having certified 1,230 farms up to 2010. According to the coordinator of the program, Julian Carvalho, who works with Emater, the target for 2011 is to certify 1,500 holdings. “The coffee growers learn how to be more professional and how to add value to their crop, clearly perceiving where they are making or losing money”, says Carvalho. The record of the program, technical assistance and the guidelines geared towards the adjustments of the farms are done by Emater. The preliminary audits checking the alteraions, which must comply with international Standards, are conducted by the Minas Gerais Agriculture and Livestock Institute (IMA). The final audit is under the responsibility of the Swiss IMO corporation, an independent compliance assessment organ which checks the adaptation of the farms and issues an international recognitions certificate.


Visão ampliada Cerrado mineiro trabalha com estratégia de valorização das pessoas e da região

envolvidas na cafeicultura

N

Não é de hoje que o café do Cerrado mineiro é reconhecido pela excelente qualidade e alta produtividade. Mas os produtores da região querem mais. A proposta, lançada em dezembro de 2010, é mudar a percepção sobre o processo produtivo, hoje focada no produto, para as pessoas e a região envolvidas. Com essa determinação, a Federação dos Cafeicultores do Cerrado, com assessoria do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) de Minas Gerais, trabalha com uma nova estratégia, batizada de Café de Atitude. O superintendente da federação, José Augusto Rizental, enfatiza que a intenção é fazer o consumidor perceber que não está adquirindo apenas um café, mas toda a experiência e a história da região e de suas comunidades. Uma das novidades é que o nome Café do Cerrado foi substituído pela nomenclatura Região do Cerrado Mineiro. Esta é a forma oficial da Indicação Geográfica, sendo esta a primeira área cafeeira no mundo a conseguir a distinção. Em outubro de 2010, foi dada entrada no pedido de concessão da Denominação de Origem no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi). A certificação protege e garante a origem e o processo de produção do café da região. Além da nova denominação, o projeto inclui o resgate da trajetória

36

de conquistas da cafeicultura do Cerrado mineiro desde 1992, quando foi criado o Conselho das Associações dos Cafeicultores do Cerrado (Caccer), embrião da atual federação, fundada em 2009. O projeto Café de Atitude está calcado em um tripé. A ética pressupõe o uso de práticas sustentáveis e a rastreabilidade foca o processo de produção com base nos preceitos da Indicação Geográfica. O terceiro ponto é a alta qualidade do grão para obtenção de cafés diferenciados. O processo foi conduzido em três fases distintas. Na primeira etapa foram realizadas pesquisas internas e externas e análises de mercado e de tendências de comportamento dos consumidores. Em seguida, definiu-se a plataforma estratégica junto com as ações organizacionais e estruturais a serem realizadas. Por fim, foi criada a nova expressão para a marca em termos verbais, visuais e comportamentais. A Região do Cerrado Mineiro tem 4.500 cafeicultores distribuídos em 55 municípios. Em cada safra são colhidos, em média, 5 milhões de sacas, principalmente do tipo arábica, e cerca de 70% é vendido para torrefadoras da Europa, dos Estados Unidos e do Japão. O clima ameno, o solo, os métodos de cultivo e o plantio em altitudes que variam de 800 a 1.300 metros resultam em um café com caracterísitcas únicas.


Sílvio Ávila

vision Widened

Cerrado region in Minas Gerais is strategically focused on adding value to the people and regions engaged in coffee growing For years, the coffee produced in the Minas Gerais Cerrado region has been acknowledged for its excellent quality and high yields. Nonetheless, the producers of the region want more. The proposal, launched in December 2010, is a change to the perception of the production process, now focused on the product, to the people and the regions involved in the activity. Relying on such determination, the Cerrado Coffee Growers’ Federation, assisted by the Brazilian Service of Support to Micro and Small Companies (Sebrae) of Minas Gerais, is now working with a new strategy, referred to as Attitude Coffee. The superintendent of the federation, José Augusto Rizental, insists that the intention is to make the consumers perceive that they are not just acquiring coffee, but the entire experience and history of the region and its communities. One of the novelties consists in the replacement of the name Cerrado Co-

ffee with Minas Gerais Cerrado Region. This is the official wording of the Geographic Indication, and it is the first coffee farming area in the world to conquer this distinction. In October 2010, an application for the Denomination of Origin was filed with the National Institute for Intellectual property (Inpi). The certification protects and guarantees the origin and the coffee production process in the region. Besides the new denomination, the project includes the reconstitution of the trajectory of conquests of the coffee farming operation in the Minas Gerais Cerrado region since 1992, when the Cerrado Coffee Growers’ Council of Associations (Caccer) was created, the embryo of the current association, founded in 2009. The Attitude Coffee Project is based on a tripod. Ethics presupposes the use of sustainable practices and traceability focuses on the production process in compliance with the Geographic Indication standards. The

third point is the high quality of the bean for making distinguished coffees. The process unfolded through distinct phases. The first stage comprised internal and external surveys, along with market analyses and consumer behavior trends. Then, the strategic platform was defined, along with the organizational structures and actions to be carried out. Finally, a new wording for the brand was created in verbal, visual and behavioral terms. The Minas Gerais Cerrado region is home to 4,500 coffee farmers scattered across 55 municipalities. On average, 5 million sacks are harvested at every crop, particularly Arabica coffee, of which about 70% is shipped to coffee roasting industries in Europe, the United States and Japan. The mild temperatures, the soil, the cultivation methods and plantings in high altitudes that vary from 800 to 1,300 meters result into coffee with unique characteristics.

37


Inor Ag. Assmann

No trilho Depois de conseguir aumentar a produtividade, cafeicultores do conilon capixaba trabalham para obter qualidade

O Espírito Santo é o segundo maior produtor de café do Brasil, com previsão de cultivo de um quarto do total nacional na safra 2011. O carro-chefe no Estado é o conilon, que representa 73,4% da estimativa de colheita. Isso significa que das 11,022 milhões de sacas beneficiadas a serem obtidas, 8,090 milhões devem ser desse tipo, com produtividade média indicada de 28,87 sacas por hectare. Os números são do levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado em maio de 2011. A boa valorização do grão arábica atingiu também o conilon, utilizado para blends, solúvel e espresso. Segundo

38

o engenheiro agrônomo Romário Gava Ferrão, pesquisador do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) e coordenador do Programa Estadual de Cafeicultura, existe demanda pelo robusta com mais qualidade e esta deve ser a preocupação dos produtores. Ferrão observa que, nos últimos 15 anos, houve uma campanha maciça na busca de aumento de produtividade para o conilon capixaba. Ele estima que nesse período, por conta das ações desenvolvidas, houve incremento em torno de 200% no rendimento das lavouras. Agora o programa estadual, que envolve mais de 30 instituições, se volta para a

melhoria da qualidade do grão. Batizado de É o Espírito Santo Produzindo Café de Qualidade, o programa busca a adesão dos produtores às recomendações na condução das lavouras, que são consideradas simples. As ações passam pela colheita do café já maduro, a secagem de forma mais lenta e as boas práticas agrícolas na lavoura e na armazenagem. De acordo com Ferrão, em 2011 deverá haver um salto de qualidade no conilon. O Estado passa ainda pela renovação no parque cafeeiro, com o plantio de novas lavouras cuja colheita ocorre a partir da segunda ou terceira safra. As antigas áreas passam por revigoramento com a


On the

right path After achieving higher productivity rates, coffee

growers in Espírito Santo are now betting on better quality

técnica da poda de esqueletamento. Conforme o pesquisador do Incaper, muitos são os fatores que contribuem para aprimorar a qualidade do grão, como o uso de melhores variedades, o plantio adensado e a irrigação. Para 2011, o Incaper tem programada uma série de ações relacionadas à melhoria da qualidade do conilon. Estão na agenda demonstrações de métodos adequados de cultivo, envolvendo unidades demonstrativas, dias de campo, excursões técnicas, encontros de produtores e cursos de capacitação de técnicos e produtores em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). Estima-se que serão assistidos em torno de 26 mil produtores de arábica e conilon.

Espírito Santo is the second largest coffee producer in Brazil, with an expected production corresponding to one fourth of the entire national crop in 2011. The leading variety in the State is conilon coffee, which accounts for 73.4% of the estimated crop size. It means that of the 11.022 million sacks of milled coffee of this year’s crop, 8.090 million should come from this type, with an average productivity rate expected to reach 28.87 sacks per hectare. The figures come from the survey conducted by the National Supply Company (Conab), released in May 2011. The good prices reached by the Arabica beans have rebounded on conilon, too, since the variety is used for soluble and espresso blends. According to agronomic engineer Romário Gava Ferrão, researcher at the Espírito Santo Institute for Research, Technical Assistance and Rural Extension (Incaper) and coordinator of the State Coffee Farming Program, there is demand for good quality robusta and this should be every grower’s concern. Ferrão observes that, over the past 15 years, massive campaigns were staged in pursuit of higher yields for the conilon coffee in the State of Espírito Santo. He maintains that over the period, as a result of all the initiatives, yields soared around 200%. Now the state program, which involves upwards of 30 institutions, is

geared towards quality enhancement. The program is referred to as Espírito Santo Producing Quality Coffee, and it is meant to convince the producers to follow the simple recommendations on how to conduct their fields. These recommendations start with harvesting only mature beans, followed by a slower drying process, preceded by best agricultural practices and correct warehousing. According to Ferrão, a leap in the quality of conilon coffee is expected for 2011. The State is also going through the renewal process of the coffee farming park, whereby new varieties are to be planted, and they start bearing beans after the second or third year. The old areas go through a reinvigorating process with the radical pruning technique. According to the Incaper researcher, many factors contribute towards enhancing the quality of the beans, like the use of improved varieties, dense planting and irrigation. For 2011, Incaper has scheduled a series of initiatives related to the enhancement of the quality of conilon coffee. The agenda includes the demonstration of suitable cultivation methods, field days, technical trips, meetings and capacity building courses for technicians and producers, jointly with the National Rural Training Service (Senar). It is estimated that 26 thousand producers of Arabica and conilon coffee will receive some kind of assistance.

39


Atenção integral Mesmo sendo o principal

N

Nem só de conilon vive o Espírito Santo. Na safra 2011, pelo levantamento de maio de 2011 da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a colheita de arábica deve atingir a 2,932 milhões de sacas beneficiadas, o equivalente a 26,6% do total da cafeicultura estadual. Em comparação com o período anterior, representa acréscimo de 5%, mesmo sendo este um ano de bienalidade baixa. A produtividade estimada é de 16,70 sacas por hectare. A preocupação com a qualidade do grão é a mesma dispensada ao conilon. O governo estadual trabalha com o programa Renovar Café Arábica, que tem como objetivo agregar valor ao produto cultivado no Espírito Santo, resultando em melhor renda ao produtor. O pesquisador do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) Romário Gava Ferrão, que coordena o Programa Estadual de Cafeicultura, explica que a área com arábica está um pouco menor, em função da renovação nos cafezais. As ações realizadas buscam auxiliar os produtores a melhorar a qualidade do café e assim aproveitar o bom momento da atividade, em termos de remuneração e mercado. O pesquisador do Incaper observa que as novas lavouras estão sendo implantadas de forma mais adensada, com cerca de cinco mil plantas por hectare, contra três mil plantas aplicadas anteriormente. “Esse ajuste tem contribuído para o aumento da produção”, destaca. O Espírito Santo possui em torno de 60 mil propriedades cafeeiras, prioritariamente de base familiar, que na safra 2011 está com 175.523 hectares em produção e outros 14.792 hectares

40

Inor Ag. Assmann

Estado com produção de conilon, Espírito Santo também cuida da qualidade do arábica

em formação. Ferrão avalia que mais da metade dos cafezais foram instalados há pelo menos 12 anos, com espaçamento mais largo e variedades com menor potencial produtivo. Nos últimos seis anos, com as ações voltadas à melhoria do rendimento, o arábica obteve crescimento na produtividade de cerca de 50%. As perspectivas para a cafeicultura capixaba são as melhores possíveis, com a atividade contando com planejamento até 2025. A cultura está presente em todos os municípios, com exceção da capital Vitória, e é a maior geradora de empregos do Estado, com cerca de 400 mil postos em toda a cadeia, dos quais 130 mil somente no setor produtivo. Sozinho o café representa 43% do Produto Interno Bruto (PIB) agrícola do Espírito Santo.


Conilon coffee is not Espírito Santo’s only business. A survey of the crop conducted in May 2011, by the National Supply Company (Conab), reveals that the Arabica crop should reach 2,932 million sacks of milled coffee, equivalent to 26.6% of the state’s total coffee crop. Compared to the previous year, it represents a 5-percent rise, in spite of the biannual coffee cycle of low yields. Productivity has been estimated at 16.70 sacks per hectare. The concern with the quality of the beans is in line with the concern with conilon coffee. The state government has created the Renew Arabica Coffee program, whose goal consists in adding value to a crop cultivated in Espírito Santo, making grower remuneration soar. The researcher of the Espírito Santo Institute for Research, Technical Assistance and Rural Extension (Incaper), Romário Gava Ferrão, who coordinates the State Coffee Farming Program, explains that the area planted to Arabica is somewhat smaller, in light of the coffee farms renewal program. The initiatives help the growers with enhancing the quality of Arabica coffee, thus taking advantage of the good moment the activity is going through, in terms of remuneration and market. The Incaper researcher observes that the new farms are being established in a denser manner, with about five thousand plants per hectare, compared to three thousand plants under the previous system. “This adjustment has been a factor in the soaring production volumes”, he stresses. Espírito Santo comprises some 60 thousand coffee growing holdings, most of them family operations, and in 2011 there are 75,523 hectares in full production and another 14,792 hectares in the developing stage. Ferrão maintains that more than half of all the coffee fields were established some twelve years ago, with wider spacing between rows and varieties with smaller production potential. Over the past six years, with all efforts geared towards improving the productivity rates, the yields of the Arabica variety soared about 50%. There are bright perspectives for the coffee farming operation in the State of Espírito Santo, with all the crops carefully planned until the year 2025. Coffee farming is present in all municipalities, with the exception of the capital city Vitória, and is a major source of jobs throughout the State, with some 400 thousand job positions in the entire chain, of which, 130 thousand in the production sector alone. As a single crop, coffee accounts for 43% of the state’s agricultural Gross Domestic Product.

Full

attention Although being the leading producer of

conilon coffee in Brazil, the State of Espírito Santo is also concerned with the

quality of Arabica coffee

41


Mais no mesmo O

Cafeicultura paulista tem obtido melhor desempenho em função da utilização de tecnologia simples, como o cultivo adensado

Sílvio Ávila

O cultivo de café em São Paulo tem ganhado incremento de produtividade e produção sem aumento da área plantada. Isso graças ao uso de tecnologia para o revigoramento do parque cafeeiro, que resulta em um melhor desempenho das lavouras. Uma das ações implantadas, e plenamente disseminada pelas regiões produtoras, é o plantio adensado. O número de plantas por hectare chega a 3.200, contra a média de 2.500 em 2007. Os dados do levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado em maio de 2011, revelam que a safra paulista deve chegar a 3,475 milhões de sacas beneficiadas no ciclo 2011, com produtividade de 20,65 sacas por hectare em uma área em produção de 168.283 ha e outros 13.704 ha em formação. Se for confirmada a produção estimada, a redução será de 25,5% sobre a temporada anterior, o que é considerado normal para o período de baixa bienalidade. O engenheiro agrônomo Celso Vegro, pesquisador do Instituto de Economia Agrícola (IEA), órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, explica que a Alta Mogiana, principal região produtora de café no Estado, foi severamente castigada

42

pela falta de chuvas, o que afetou bruscamente a agricultura paulista em 2010 e repercutiu na safra cafeeira como um todo. “É elevada a proporção de cafeicultores que optaram por podar as lavouras, aproveitando o contexto de baixa produção que se seguiria após a incidência de estiagem”, observa. De acordo com levantamento feito pelo IEA e divulgado pela Conab, a chamada Safra Zero, quando é feita poda de esqueletamento mais drástica, foi adotada em 427 propriedades, perfazendo 5.807 hectares de lavouras de café. Vegro acredita que os próximos ciclos serão conduzidos a partir da intensificação da área produtiva, combinada com a pequena expansão das lavouras e as tecnologias de manejo, especialmente a poda. Essas ações devem levar ao aumento da produtividade e da produção. “Esse resultado é altamente desejável no contexto de acentuadíssima escassez global do produto”, ressalta. O especialista vê com bons olhos a possibilidade da adoção do robusta, espécie atualmente inexistente em São Paulo. Ele considera ser uma boa alternativa, principalmente em função da entrada no mercado de novas variedades do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), o que deve ocorrer em breve. “São plantas com altíssimo interesse comercial, pois a prova de xícara se mostra promissora”, enfatiza.


Gaining

efficiency

Coffee farming operations in São Paulo have improved their performance through the use of simple technologies Coffee crops in São Paulo have made strides in productivity rates and production volumes without increasing the planted area. The credit goes to the use of technology for reinvigorating the coffee park, leading to a better performance of the fields. One of the initiatives that was implemented and fully disseminated throughout the producing regions, is the dense planting system. The number of plants per hectare reaches 3,200, against an average of 2,500 in 2007. The figures of the survey conducted by the National Supply Company (Conab), released in May 2011, point to a crop of 3.475 million sacks of milled coffee in São Paulo in the 2011 cycle, with an average yield of 20.65 sacks per hectare, in a planted area of 168,283 ha, while there are 13,704 hectares in the developing stage. If the estimated production confirms, it will be down 25.5% from the previous season, which is taken as normal in a bi-

annual cycle of low yields. Agronomic engineer Celso Vegro, researcher with the Agricultural Economy Institute (IEA), an organ of the Secretariat of Agriculture and Supply of São Paulo, explains that Alta Mogiana, leading coffee producing region in São Paulo, was severely hit by dry spells, clearly jeopardizing most agricultural crops across the state in 2010, with repercussions on the coffee crop as a whole. “There is a great number of coffee farmers who opted for pruning their fields, taking advantage of the low production context that follows a drought-stricken period”, he observes. According to a survey conducted by the IEA and disclosed by Conab, the socalled Zero Crop, when the plants are submitted to a radical pruning process, referred to as “esqueletamento” (cutting off all plagiotropic branches at 20-30cm from the orthotropic branch), was adopted in 427 holdings, totaling 5,807 hectares of

coffee fields. Vegro believes that the next cycles will be characterized by an intensification of the production area, combined with minor field expansion and field management practices, particularly the pruning process. These moves should lead to higher yields and bigger production volumes. “This is a highly desired result in a context where there is an acute shortage of the product around the world”, he emphasizes. The specialist lends a sympathetic eye on the chances to switch to robusta coffee, a variety that does not exist in São Paulo. He thinks it is a good alternative, especially because there are new varieties from the Agronomic Institute of Campinas (IAC) now about to make it to the market. “In commercial terms, these new varieties are highly valuable, because the coffee cup test has shown very promising”, he concludes.

43


Avanço das máquinas O Mecanização da colheita em São Paulo está disseminada pelas regiões produtoras devido ao custo e à escassez da mão de obra

O plantio de café está consolidado em várias regiões de São Paulo. Como ocorre em todo o País, também neste Estado a escassez e o custo elevado da mão de obra levam os produtores a se voltarem para uma maior mecanização da lavoura. O uso de equipamentos nas várias fases de condução da safra cafeeira paulista é bastante significativo em boa parte das propriedades. Estudo do Instituto de Economia Agrícola (IEA), órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, mostra que o uso de derriçadeiras ou de máquinas automotrizes e de arrasto na colheita do grão está disseminado pelo Estado. O trabalho foi conduzido pelo pesquisador da entidade, o engenheiro agrônomo Celso Vegro, junto com os colegas Vera Lúcia Ferraz dos Santos Francisco, que é esta-

44

tística, e o matemático José Alberto Ângelo. As informações foram publicadas em maio de 2011 na revista Informações Econômicas. Ao analisar uma amostra de 610 unidades produtivas, tendo como base a safra 2010/11, os autores concluíram que 43,72% das lavouras foram colhidas de forma mecanizada, com destaque para a Alta Mogiana, principal região produtora de café, que atingiu a 54,70%. Os equipamentos mais utilizados são as derriçadeiras, em função da possibilidade de emprego em condições de acentuada declividade. Os autores avaliam que a mecanização tem sido adotada para reduzir custos, que têm aumentado significativamente na contratação de mão de obra braçal, que muitas vezes precisa ser arregimentada em outros estados. Uma das conclu-


Inor Ag. Assmann

sões do estudo do IEA é que a colheita mecanizada torna-se mais econômica que a manual. A única exceção verificada foi com os custos advindos do uso de derriçadeira nas áreas que obtiveram produtividade superior a 90 sacas por hectare. O levantamento preocupou-se também em contabilizar o número de equipamentos usados em cada uma das propriedades analisadas, não distinguindo os que foram alugados ou arrendados. Dessa forma, os autores puderam estimar, de forma aproximada, as diárias economizadas com o uso da mecanização. Algumas hipóteses foram apuradas: a derriçadeira, operando com dois funcionários, substitui o trabalho manual de seis pessoas; a colhedora de arrasto, que necessita de quatro funcionários, substitui 60 trabalhadores; e a colhedora automotriz, operada por três pessoas, faz o trabalho de

75 funcionários. O IEA estimou que, entre junho e agosto de 2010, o valor da diária paga aos trabalhadores braçais foi de R$ 30,00. Dessa forma, a projeção de desembolso dos cafeicultores, que implementam a colheita com o uso de derriçadeiras, chegou próximo de R$ 20 milhões, enquanto o valor economizado em diárias ultrapassou os R$ 35 milhões. A mesma base de dados indicava que, em junho de 2010, o salário mensal do tratorista era de R$ 800,00. Como havia 5.008 trabalhadores empregados na colheita com o uso de máquinas, o valor desembolsado pelos produtores foi estimado em R$ 12 milhões, com economia superior a R$ 55 milhões em diárias não pagas, devido à substituição dos apanhadores de café pela mecanização.

45


machines Sテュlvio テ」ila

Switching to

46


Mechanical coffee harvesting in São Paulo has spread across the producing regions due to the shortage and high cost of labor Coffee farming has consolidated in various regions across São Paulo. Like in the rest of the Country, it is also the shortage and the high cost of labor that has led the growers to use mechanization systems. The use of equipment in the different stages of the coffee plantations in São Paulo is rather significant in most holdings. A study by the Agricultural Economy Institute (IEA), an organ of the São Paulo State Secretariat of Agriculture and Supply, shows that mechanical harvesters, self-propelled machines and hauling equipment have become quite popular throughout the State. The work was conducted by the entity’s researcher, agronomic engineer Celso Vegro, jointly with his colleagues Vera Lúcia Ferraz dos Santos Francisco, who graduated in statistics and mathematician José Alberto Ângelo. These data were published in May 2011 in the Economic Information magazine. Upon analyzing a sample of 610 productive units, in the 2010/11 crop year, the authors concluded that 43.72% of the fields were harvested mechanically, particularly in Alta Mogiana, a major coffee growing region, where it was 54.70%. Mechanical harvesters are very popular, as they can be used in rough terrain and steep declivity areas. The authors take it that mechanization was adopted for cost reduction purposes, as manual labor costs have risen considerably, and such labor is frequently not available in the region and has to be imported from other states. One of the conclusions drawn by the IEA study is that mechanized harvesting turns out to be less costly than manual harvesting. The only exception detected by the authors is related to the costs incurred by the mechanical harvesters in areas where yields exceed 90 sacks per hectare. The survey was also concerned with the number of equipment devices used in every surveyed holding, making no distinction between owned or leased equipment. This gave the authors the chance to roughly estimate the daily expenses saved through the use of mechanization. Some hypotheses were ascertained: Mechanical harvesters, requiring two operators, do the work of six people; the hauling harvester, which requires four operators, replaces 60 employees, and the self-propelled harvester, operated by three persons, does the work of 75 people. The IEA estimated that, from June to August 2010, the daily pay for the manual workers was R$ 30. Therefore, the projections for the expenditure of the coffee farmers that switched to mechanical harvesters, reached nearly R$ 20 million, while the amounts saved in daily wages exceeded R$ 35 million. The same basic data indicated that, in June 2010, operators were paid monthly wages of R$ 800. As there were 5,008 employees operating mechanical harvesters, the growers had to shell out around R$ 12 million, saving upwards of R$ 55 million in daily wages, due to the replacement of the coffee pickers with machines.

47


Vocação reconhecida Sílvio Ávila

Oeste da Bahia firma-se como grande polo de produção de café de qualidade no Brasil, com recorde de produtividade

A

A Bahia firmou-se nos últimos anos como um dos principais estados produtores de café no Brasil, cultivando tanto arábica quanto conilon. Na safra 2010, ocupou o quinto lugar no ranking, mas, em 2011, deve passar à quarta colocação, deixando para trás o Paraná, que teve grande retração de colheita em decorrência do período de baixa bienalidade. Essa é a estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em levantamento divulgado em maio de 2011, que aponta colheita de 2,475 milhões de sacas beneficiadas, 8% a mais que no ano anterior. Nas regiões baianas que se dedicam ao cultivo do arábica, o oeste se destaca, área que pertence ao bioma Cerrado. No polo instalado há pouco mais de 15 anos, as lavouras são altamente tecnificadas. Com 12.606 hectares em produção na safra 2011, estima-se que mais de cinco mil sejam irrigados. A dedicação dos produtores à atividade resulta na maior produtividade média do Brasil, que chegou a 39,56 sacas por hectare em 2010 e deve alcançar a 38,38 sacas em 2011.

48

Enquanto outras regiões produtoras não têm terras para expandir o plantio, o Cerrado baiano possui disponibilidade de aumento de área plantada de pelo menos 30 mil hectares, segundo dados da Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária do Estado. Além da fartura em termos de espaço, o oeste possui características que colaboram para o bom desenvolvimento do grão arábica, como altitude média de 800 metros e alta luminosidade. Toda essa condição privilegiada faz com que o produto da região seja de excelente padrão. O café arábica também é produzido no Planalto, predominantemente em municípios do sul e do centro do Estado. Essas são áreas mais tradicionais, com cultivo em sequeiro, e que apresentam baixa produtividade, com média de 12,02 sacas por hectare na safra 2010 e previsão de 12,37 sacas no período seguinte. O presidente da Associação dos Produtores de Café da Bahia (Assocafé), João Lopes Araújo, destaca que o Planalto não tem condições de expandir a lavoura e ainda pode ser atingido por problemas climáticos.


vocation

Acknowledged Western Bahia is steadily turning into a big production hub of quality coffee in Brazil, with record yields

Over the past years, Bahia has turned into a major coffee producer state in Brazil, growing both Arabica and conilon varieties. In the 2010 crop, the state ranked fifth, but in 2011, it is supposed to move to the fourth position, leaving behind the State of Paraná, where the crop dropped considerably in the bi-annual cycle of low yields. This is the estimate by the National Supply Company (Conab), in a survey disclosed in May 2011, which points to a harvest of 2.475 million sacks of milled coffee, up 8% from the previous season. In Bahia, of the regions that are devoted to growing Arabica coffee, the western portion, which is part of the Cerrado biome, is a major player. In the hub that was established more than 15 years ago, all fields rely heavily

on technology. With 12,606 hectares in their production stage in the current crop, it is estimated that upwards of five thousand hectares are irrigated. The dedication of the growers to the activity results into the highest average productivity rates all over Brazil, reaching 39.56 sacks per hectare in 2010 and estimated to remain at 38.38 sacks in 2011. While in other coffee farming regions every stretch of land has already been devoted to agriculture, in Western Bahia there are some 30 thousand hectares available for coffee farming purposes, according to data released by the State’s Secretariat of Agriculture, Irrigation and Land Reform. Besides the vast areas, the west is rich in characteristics that contribute towards the development of Arabica coffee fields, like the average alti-

tude of 800 meters and plenty of sunshine. Under such privileged conditions, the crops that come from these regions are obviously of excellent quality. Arabica coffee is also grown on the Plateau, predominantly in the municipalities of the South and center portion of the State. These are more traditional areas, where dryland crops prevail, and, therefore, the productivity rates are low, with an average of 12.02 sacks per hectare in the 2010 crop year, while for the coming crop it is estimated at 12.37 sacks. The president of the Coffee Producers’ Association of Bahia (Assocafé), João Lopes Araújo, clarifies that there is no way for the Plateau region to expand its coffee fields and it is also likely to be hit by unfavorable climate conditions.

49


Brisa marinha Conilon da Bahia é produzido no litoral e lidera em produtividade no Brasil, superando o maior

A

A Bahia registra as maiores produtividades em lavoura de café do Brasil. O destaque do Cerrado, no oeste, área de plantio de arábica, é dividido com o Atlântico, que abrange boa parte do litoral e onde reina o robusta. Esta espécie, conforme estimativa da Companhia Nacional de Abastacimento (Conab) no levantamento de maio, deve atingir a 29,11 sacas por hectare na safra 2011. No Espírito Santo, por exemplo, maior produtor nacional com 70% de todo o conilon cultivado no País, o rendimento deve ser de 22,58 sacas por hectare. A região de conilon na Bahia, que teve início com a migração de produtores capixabas, conta com quase 25 mil hectares em produção e outros 3,146 mil em formação, predominantemente de sequeiro. A colheita na temporada 2011 deve chegar a 726 mil sacas beneficiadas, contra 564,8 mil sacas do ano anterior, o que perfaz aumento de 28,5%. O expressivo incremento se deve à ampliação do parque cafeeiro, estimulada pelos bons preços pagos e à ocorrência de boas floradas. Segundo dados da Secretaria de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária do Estado, a região do Atlântico tem potencial para ampliar a produção para até 900 mil sacas beneficiadas devido à boa infraestrutura regional e a índices pluviométricos favoráveis. Pelo menos metade do parque cafeeiro passou por renovação. A área tem ainda como importantes vantagens a proximidade dos centros consumidores e dos portos de Ilhéus (BA) e de Vitória (ES). O presidente da Associação dos Produtores de Café da Bahia (Assocafé), João Lopes Araújo, estima que no Estado haja em torno de 15 mil cafeicultores. A entidade deve fazer um diagnóstico da atividade em breve. A última avaliação foi realizada em 2000. Na época, 12 mil agricultores se dedicavam ao cultivo do grão. Do total de produtores estimados por Araújo, apenas 1,5 mil são considerados grandes. Os demais plantam em áreas pequenas e médias, prioritariamente conduzidas em propriedades familiares. “O pequeno produtor cria galinha, vaca, planta mandioca, mas, para fazer dinheiro, cultiva café”, constata.

50

Inor Ag. Assmann

produtor do grão, Espírito Santo


breeze

Coastal In Bahia, conilon is produced on the

coastal region and celebrates the highest productivity rates in Brazil, outstripping the leading coffee bean producer, the State of Espírito Santo

Bahia registers the highest productivity rates of all Brazilian coffee fields. The highlight is the Cerrado region, in the west, where Arabica coffee predominates, and the border line is the Atlantic Ocean, which comprises a huge area along the coast, where robusta is predominantly cultivated. This variety, according to an estimate by the National Supply Company (Conab), in its May 2011 survey, should reach 29.11 sacks per hectare in the 2011 crop year. In Espírito Santo, for example, leading national producer, accounting for 70% of all conilon fields cultivated in the Country, yields should remain at 22.58 sacks per hectare. The conilon region in Bahia, which owes its beginning to settlers coming from Espírito Santo, is now home to 25 thousand hectares in full production, while another 3.146 thousand hectares are in the development stage, predominantly dryland coffee farms. The total volume to be harvested in the 2011 crop is estimated at 726 thousand milled coffee sacks, compared to 564.8 thousand sacks the previous year, representing a 28.5-percent rise. The expressive increase in planted area is in line with the expansion of the coffee farming park, stimulated by the good prices fetched by the crop, along with the occurrence of timely blossoming. According to data released by the State Secretariat of Agriculture, Irrigation and Land Reform, the Atlantic region has the potential to expand its production volumes to 900 thousand sacks of milled coffee due to its good regional infrastructure and timely rainfalls. At least half of the coffee park went through a renewal process. Other relevant advantages of the area include its proximity to the consumer centers and to the ports of Ilhéus (BA) and Vitória (ES). The president of the Association of Coffee Producers of Bahia (Assocafé), João Lopes Araújo, reckons that there are approximately 15 thousand coffee farmers in the State. The entity is soon to conduct a diagnosis of the activity. The last survey was conducted in 2000. Back then, 12 thousand farmers were devoted to coffee farming. Of the total number of producers, Araújo maintains that only 1.5 thousand fall into the commercial producers’ category. All others cultivate small or medium-sized areas, the vast majority of them run by small-scale farmers, also known as family farming operations. “The small-scale farmers raise chicken, cows, grow cassava, but for their cash needs they grow coffee”, he clarifies.

51


Rumo certo Safra Zero tem sido adotada nas lavouras de café do Paraná em anos de baixa bienalidade, resultando

O

O Paraná, que já foi um dos principais produtores de café do Brasil, está renovando seu parque cafeeiro com uma técnica simples, que independe de aumento de área plantada. Com o cultivo adensado – acima de cinco mil plantas por hectare, contra 1.500 de anos atrás –, os agricultores estão optando pelo uso da chamada Safra Zero. O sistema consiste na poda de esqueletamento e decote das plantas, de forma intensa, o que na prática leva ao aumento do potencial produtivo. O economista Paulo Sérgio Franzini, responsável pelo setor do café no Departamento de Economia Rural (Deral), órgão da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (Seab), explica que a técnica se aplica nas safras de baixa bienalidade. “Neste ano, não produz nada na área que sofreu a poda mais drástica, mas, no outro, a produtividade aumenta”, enfatiza. O resultado, segundo ele, é a redução em torno de 15% no custo da saca. “É uma forma de minimizar o grave problema da falta e do valor da mão de obra”, avalia. A escassez de trabalhadores na lavoura de café fez surgir uma discussão nova no Paraná: a do uso da colheita mecanizada, que vem sendo adotada por alguns produtores. A meta da Seab para os próximos quatro anos é que em torno de 40% da colheita deixe de ser feita manualmente. Conforme Franzini, aumentou muito a utilização de derriçadeiras de mecânica manual. A próxima etapa é criar condições para introdução das colheitadeiras automotrizes. “O maior problema é a topografia e o tamanho das propriedades”, destaca. A maior parte das lavouras tem no máximo seis hectares. Com a adoção gradual de tecnologias que priorizam a otimização do tempo e o menor uso de mão de obra, os cafeicultores do Paraná já estão com uma colheita mais farta. De acordo com o economista do Deral, antes da década de 2000 a produti-

52

Inor Ag. Assmann

em maior produtividade

vidade ficava em torno de sete sacas por hectare e, atualmente, ultrapassa as 20 sacas. O levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de maio, indica que o rendimento da lavoura paranaense foi de 27,90 sacas por hectare na safra 2010, com previsão de 22,58 sacas para 2011.

DESEMPENHO O Paraná deve somar 1,705 milhão de sacas beneficiadas em 2011. A redução é de 25,4% em relação ao ano anterior, quando a produção atingiu a 2,284 milhões de sacas. O índice, no entanto, é considerado normal por se tratar do período de baixa bienalidade. O parque cafeeiro é composto de 75,5 mil hectares de plantas em produção e 14,0 mil em formação. A estimativa do Deral é de que 12 mil propriedades tenham plantio de café no Estado. Paulo Sérgio Franzini, que também é secretário executivo da Câmara Setorial do Café no Paraná, adianta que em breve será realizado um cadastro para que se possa apurar o número exato de cafeicultores. Ele enfatiza que na maioria das áreas, de pequenos cultivadores, o grão não é a atividade principal. A renda maior vem das granjas de aves de corte, da pecuária leiteira e da fruticultura.


track

manual harvesting to 40% only. According to Franzini, there has been a huge increase in the number of portable coffee harvesting machines. The coming step consists in creating the necessary conditions for the introduction of mechanized harvesters. “The biggest problem is the topography of the coffee producing areas and the extension of the farms”, he mentions. Most coffee planting farms comprise only six hectares. With the gradual introduction of the new technologies, which lend priority to time maximization and to the minimum amount of labor, the coffee growers in Paraná are anticipating a lush crop. According to economist Deral, before the 2000s, productivity used to remain at about seven sacks per hectare and, currently, it is upwards of 20 sacks. The survey by the National Supply Company (Conab), conducted in May 2011, points to productivity levels of 27.90 sacks per hectare in 2010, with projections for 22.58 in 2011.

On the right

Zero Crop has been adopted in the coffee

fields in Paraná in years of bi-annual cycles of low yields, resulting into higher productivity rates

Paraná, once one of the biggest producers of coffee in Brazil, is now renewing its coffee park with a very simple technique, which does not depend on bigger planted areas. With dense cultivations – over 5 thousand plants per hectare, compared to 1,500 in the past —, the growers are opting for what is known as Zero Crop. The system consists in intensely pruning the trees and cutting off

the main branches, a practice that leads to a higher production potential. Economist Paulo Sérgio Franzini, responsible for the coffee division in the Rural Economy Department (Deral), an organ of the Secretariat of Agriculture and supply of Paraná (Seab), explains that the practice is adopted in years of bi-annual cycles of low yields. “During the year, the plants do not produce any beans on the branches that were drastically pruned, but productivity soars in the next crop”, he emphasizes. According to him, the results translate into an approximate reduction of 15% in the cost of a sack. “It is a manner to minimize the serious problem of labor shortages and high labor costs”, he argues. The small number of workers available for the coffee farms gives rise to a new debate in Paraná: the switch to mechanized harvesting systems, which have become more and more popular with some producers. Seab’s target for the coming four years is to reduce

PERFORMANCE Paraná is supposed to harvest 1.705 million sacks of milled coffee in 2011, down 25.4% from the previous year, when total production reached 2.284 million sacks. The rate is, nevertheless, taken as normal for a bi-annual cycle of low yields. The coffee park comprises 75.5 thousand hectares of plants in their bean production phase and 14.0 thousand in the growing stage. Deral estimates that 12 thousand rural holdings produce coffee throughout the State. Paulo Sérgio Franzini, who is also the executive secretary of Paraná’s Coffee Sectorial Chamber, anticipates that soon a survey will be conducted in order to ascertain the exact number of coffee producers. He insists that in most areas, where small-scale farmers prevail, coffee is not the main activity. Most income comes from poultry and beef cattle farming and also from dairy operations and fruit growing. 53


Sílvio Ávila

Trabalho com união Norte Pioneiro do Paraná retomou a cafeicultura com projeto conjunto entre produtores e entidades representativas voltado aos grãos especiais

A

A maior área produtora de café no Paraná se voltou para o segmento de grãos especiais como forma de retomar a atividade na região. Foi a partir de agosto de 2006 que a articulação de várias entidades tornou possível a elaboração do projeto Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná. Em cinco anos de implantação da proposta, os produtores têm muito a comemorar. O projeto foi desenvolvido em parceria entre Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/ PR), Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) e cafeicultores da região. Depois do trabalho inicial de realização de um diagnóstico sobre a atividade, foi criado um grupo gestor, responsável por

54

planejar as ações a serem implementadas para chegar ao objetivo pretendido. Como consequência natural das ações desenvolvidas no projeto, foi fundada em março de 2008 a Associação de Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná (Acenpp), que conta com 100 associados e abrange 45 municípios. Na região, 7.500 produtores cultivam 42 mil hectares e produzem em torno de 1 milhão de sacas beneficiadas a cada safra. Entre os integrantes da entidade, em torno de 85% têm área cultivada de até 30 hectares. Em abril de 2011, um novo passo foi dado, com a fundação da Cooperativa de Cafeicultores de Cafés Certificados e Especiais do Norte Pioneiro do Paraná

(Cocenpp). O presidente da Acenpp, Luiz Roberto Saldanha Rodrigues, explica que os produtores necessitavam de um braço comercial para se tornarem mais competitivos e organizados para cumprir as expectativas e exigências dos clientes nacionais e internacionais. No segundo semestre de 2010, a Acenpp apresentou ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) um pedido de reconhecimento da região como área de Indicação Geográfica (IG), distinção já conquistada pelos produtores do Cerrado mineiro. Até junho de 2011, o processo ainda não havia sido concluído. Com a concessão da distinção, os atributos sensoriais do café poderão ser associados à sua origem geográfica


efforts

Concerted Norte Pioneiro in Paraná resumed

coffee farming with joint projects of growers and representative entities focused on specialty beans

e isso agrega valor ao produto. Mesmo ainda sem a definição da IG, o produto do Norte Pioneiro tem obtido reconhecimento por sua qualidade. Segundo Rodrigues, os grãos estão sendo exportados para Ásia, Europa e América do Norte e, no mercado nacional, são comercializados em algumas das mais conceituadas cafeterias do País. “A partir de 2011, um novo cenário vai se abrir com a certificação Fair Trade para os pequenos produtores do projeto, ação que atrairá, a partir de julho, visitas de clientes internacionais”, comemora. O Fair Trade (ou comércio justo) é um sistema que possibilita aos pequenos agricultores acesso ao mercado internacional, mediante a observação de critérios sociais e ambientais.

The leading coffee producing area in Paraná has switched to the segment of specialty beans as a manner to resume the activity in the region. A move that started in August 2006, which included the engagement of several entities, made it possible to devise the Specialty Coffees project in Norte Pioneiro do Paraná. Since then, five years have passed and the growers have a lot to celebrate. The project was developed jointly by the Brazilian Micro and Small Business Support Service (Sebrae/PR), Federation of Agriculture in the State of Paraná (Faep) and coffee producers of the region. After the initial work that consisted of a diagnosis of the activity, a management group was created, responsible for planning the actions to be implemented to achieve the previously set goals. As a natural consequence of all the initiatives that were developed through the project, the Specialty Coffees Association in Norte Pioneiro do Paraná (Acenpp) was created in March 2008, and now comprises 100 associate members spread across 45 counties. In the region, 7,500 farmers cultivate 42 thousand hectares and produce about 1 million sacks of processed coffee at every crop. Approximately 45% of the members of the association cultivate up to 30 hectares. In April 2011, a new step forward was made, with the foundation of the Cooperati-

ve of Certified Specialty Coffee Producers in Norte Pioneiro do Paraná (Cocenpp). The president of Acenpp, Luiz Roberto Saldanha Rodrigues, explains that the producers needed a commercial division in order to get more competitive, organized and prepared to comply with the expectations and requirements of both national and international clients. In the second half of 2010, Acenpp filed an application with the National Institute for Industrial Property (Inpi) for acknowledging the region as a Geographical Indication (GI) area, a distinction already conquered by the producers in the Cerrado region of Minas Gerais. In June 2011, the process had not yet been concluded. By granting the distinction, the sensory attributes of the coffee are associated with its geographical origin and this adds value to the product. Although no GI has been defined, the coffee produced in Norte Pioneiro has earned recognition for its quality. According to Rodrigues, the beans are being shipped to Asia, Europe and North America, while in the domestic market they are present in some of the most famous coffeehouses in Brazil. “As of 2011, a new scenario is going to unfold with the Fair Trade certification of the small-scale farmers of the Project, which is expected to attract international clients from July onward”, he celebrates. Fair Trade is a system that makes it possible for small-scale farmers to sell their products in the international marketplace, provided social and environmental criteria are complied with.

55


Inor Ag. Assmann

Na sala O de aula

56


Cafeicultores de Rondônia estão aprendendo na prática a melhor forma de conduzir as lavouras de conilon e melhorar o rendimento

O

Os cafeicultores de Rondônia estão sendo orientados quanto à melhor forma de condução da lavoura, o que deve resultar em maior rendimento por hectare. O Estado apresenta uma das menores produtividades do País, estimada em 10,49 sacas de conilon por hectare na safra 2011. O Espírito Santo, que lidera o plantio dessa espécie, deve alcançar a média de 24,18 sacas por hectare. Para mudar essa realidade, a Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Regulação Fundiária (Seagri) põe em prática o programa Unidades de Sistema de Condução de Cafeeiros. Em locais pré-determinados, os produtores participam de atividades que abrangem as etapas de poda, desbrota, colheita, secagem e comercialização do grão. Em outras unidades de observação, são repassadas informações sobre irrigação das lavouras e adaptação do procedimento à quantidade de água disponível em cada região. Enquanto a semente é plantada e os frutos que virão dessa investida ainda

não forem colhidos, o Estado amarga prejuízos. Os problemas climáticos afetaram significativamente os cafezais rondonienses e o resultado da safra 2011 não deve ser satisfatório. Conforme o levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de maio, a produção não vai passar de 1,624 milhão de sacas beneficiadas, o que representa 31,4% menos que na temporada anterior. O técnico da Seagri Milton Messias dos Santos avalia que a quebra possa ser maior ainda, situando-se entre 40% e 45%. Ele acredita que a produção ficará em torno de 1,400 milhão de sacas beneficiadas. O culpado pelo baixo desempenho foi o déficit hídrico. Santos explica que no período da floração, entre junho e agosto de 2010, faltou chuva em boa parte do Estado. “A solução seria entrar com irrigação”, enfatiza. A tecnologia, no entanto, ainda é pouco utilizada em Rondônia.

MENOS ÁREA Um dos indícios

de que a cafeicultura em Rondônia está no caminho da profissionalização está na diminuição da área plantada. Segundo o técnico da Seagri, nos últimos dez anos o parque cafeeiro passou de 222 mil para 154 mil hectares, sem que houvesse retração significativa na produção. “Isso significa que estão ficando na atividade apenas os produtores que querem se dedicar ao café”, observa. Ele lembra que os agricultores que abandonaram o cultivo do grão migraram para a pecuária leiteira. Nesse mesmo período, a produção diária de leite passou de 800 mil litros para mais de 2 milhões. O aumento do preço do café e a perspectiva de estabilização da remuneração também estão colaborando para qualificar a atividade no Estado. Milton Messias dos Santos, da Seagri, enfatiza que um dos motivos que leva os agricultores a deixaram de cultivar o grão está na falta de mão de obra, basicamente familiar. “A produção vai ser mantida, porque quem ficar na cafeicultura vai ter mais cuidados com a lavoura”, observa.

57


Inor Ag. Assmann

58

classroom

In the


Coffee growers in Rondônia are

learning in practice the best manner to conduct their conilon fields and improve their yields

The coffee growers in Rondônia are being guided as to the best manner to conduct their fields, a move that is expected to result into higher yields per hectare. The State has to put up with one of the lowest productivity rates per hectare in the entire Country, estimated at 10.49 sacks of conilon per hectare in the 2011 crop year. The State of Espírito Santo, the leader of this variety of coffee, is expected to harvest 24.18 sacks per hectare, on average. To change this reality, The State Secretariat of Agriculture, Livestock and Land Regulation (Seagri) is now putting into practice the System Units Program for the Conduction of Coffee Fields. In pre-elected locations, the producers take part in activities that comprise the following phases: pruning, sucker killing, harvesting, drying and bean sales. In other observation units, information is passed on field irrigation systems and on the adjustment of the entire process to the amount of water available in the region. In the meantime, while the seeds are planted and the fruits they produce have not been reaped, the State continuous putting up with the losses. Climate problems have significantly affected the coffee fields in Rondônia and the results of the 2011 crop will certainly bring no smiles to the growers. According to a survey conducted by the National Supply Company (Conab), of May 2011, the production volume is not to surpass 1.624 million sacks of milled coffee, down 31.4% from the previous year. Seagri technician Milton Messias dos Santos believes in an even bigger reduction, something between 40% and 45%. He estimates the total volume at approximately 1.400 million sacks of milled coffee. The culprit of the low performance was the shortage of water. Santos explains that during the flowering period, from June to August 2010, rainfalls were below normal in that part of the State. “Irrigation would be the solution”, he stresses. Nonetheless, the technology is scarcely used in Rondônia.

SMALLER AREA One of the signs that coffee farming is now on a professionalizing track lies in the smaller planted area. According to the Seagri technician, over the past ten years the coffee park shrank from 222 thousand to 154 thousand hectares, without significant reduction in crop size. “It means that only those growers who really want to devote their activities to coffee farming are staying in the business”, he observes. He recalls that the farmers who got out of the coffee growing business have shifted to dairy cattle. During the same period, daily milk production jumped from 800 thousand liters to 2 million liters. The soaring coffee price and the perspective for stable remuneration are also giving their contribution towards qualifying the activity in the State. Milton Messias dos Santos, of Seagri, stresses that one of the reasons that explains why many farmers get out of the coffee business is the lack of labor, which consists basically of family labor. “Production will continue, as those who have opted for staying in the business will care more for their fields”, he observes. 59


Perfil

profile

Sテュlvio テ」ila

A 60


Driblando a natureza A

Em ano de baixa bienalidade do café, produção é favorecida pelo clima e por investimento em tratos culturais, motivados pela melhora dos preços

A safra 2011 de café deve render volume bem superior ao obtido em outros ciclos de baixa bienalidade. O estimado para a temporada é a colheita de 43,54 milhões de sacas de 60 quilos de arábica e conilon beneficiados, conforme o levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado em maio. Observando a evolução das safras de 1999 a 2010, verifica-se que o volume colhido em períodos de baixa ficou entre 28 e 39 milhões de sacas, enquanto nos de alta bienalidade o rendimento foi de 39 a 48 milhões. “A diferença menor entre um ano e outro está sendo verificada desde a safra passada, mas é nesta que a expectativa é maior, porque aliado às práticas culturais, o clima também foi bastante favorável à cultura”, explica Carlos Bestétti, gerente de Levantamento e Avaliação de Safra da Conab. Ele destaca que, em 2008/09, os produtores aproveitaram o período de preços baixos do café em grão para realizar os tratos culturais. As práticas mais utilizadas foram podas, recepas, esqueletamento, coroamento e outros mais simples para recuperar o potencial produtivo das plantas. Conforme Bestétti, o melhor resultado está previsto para ocorrer no Estado do Espírito Santo, responsável por cerca de 70% da produção de robusta do Brasil. “A variedade aceita e responde muito

bem aos tratos culturais mencionados”, destaca o gerente. No Estado foram implantados programas de renovação e revigoramento do café para diminuir o impacto da baixa bienalidade. Algumas orientações dos programas foram substituir lavouras envelhecidas e depauperadas por adensadas, com variedades de maior potencial produtivo associadas a outras tecnologias. Também em determinadas regiões de Minas Gerais foram adotadas técnicas que reduziram a oscilação da produção de uma safra para outra. O gerente da Conab ressalta a adoção sistemática de manejo diferenciado com diversos tipos de poda, novas técnicas de manejo e renovação gradual das lavouras. Uma outra motivação para os produtores investirem mais nas lavouras, além do clima favorável, foi a recuperação dos preços de comercialização do produto. Segundo Bestétti, qualquer gasto em tratos não rotineiros representa aumento considerável nas despesas dos cafeicultores. O robusta tem custo na faixa de R$ 5.000,00 a R$ 7.000,00 por hectare, enquanto o do arábica é superior a R$ 8.000,00. Ele acrescenta que o setor enfrenta dificuldades para encontrar mão de obra e o valor cobrado tem sido alto.

TÉCNICA A redução da diferença de produção entre os anos de baixa e alta

bienalidade foi favorecida pela poda programada do ciclo do café conilon. A técnica foi pesquisada e recomendada desde 1993 pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), que participa do Consórcio Pesquisa Café, executado pela Embrapa Café, de Brasília (DF). A tecnologia tem sido adotada pela maioria dos cafeicultores de conilon do Espírito Santo. Segundo o pesquisador Aymbiré Fonseca, da Embrapa Café e do Incaper, o cafeeiro conilon é uma planta de crescimento contínuo e possui hastes verticais e ramos horizontais. Após determinado número de colheitas, os ramos ficam envelhecidos e pouco produtivos, tornando-se necessária a poda da lavoura. Ele explica que a técnica consiste no corte das hastes verticais e dos ramos horizontais, que vão se tornando improdutivos, para que sejam substituídos por outros mais novos. Também os ramos estiolados, de baixo vigor, e o excesso de brotação são eliminados. As vantagens obtidas são aumento da produtividade, maior estabilidade de produção por ciclo e melhor qualidade final do produto. Além disso, resulta na redução de mão de obra, maior facilidade para realização de desbrota e tratos culturais, maior uniformidade das floradas e da maturação dos frutos e ainda melhoria no manejo de pragas e doenças.

61


nature

Inor Ag. Assmann

Outsmarting

62


In a bi-annual cycle of low yields, coffee production

takes advantage of climate conditions and investments in cultural practices, steming from better prices The 2010/11 coffee crop is expected to reach a much higher volume compared other bi-annual cycles of low yields. The harvest of the current season is estimated at 43.54 million 60-kilo sacks of milled Arabica and conilon, according to a survey conducted b y

the National Supply Company (Conab), disclosed in May 2011. A careful look at the crops from 1999 to 2010, reveals that the harvested volumes in bi-annual cycles of low yields remained between 28 and 39 million sacks, while in the years of bi-annual cycles of high yields the crops amounted to 39 to 48 million sacks. “A smaller difference between one year and the next has been holding since the past crop, but it is in the current crop that there is mounting expectation, because, along with the cultural practices, the climate was very favorable during the development stage”, says Carlos Bestétti, Conab Crop Survey and Assessment manager. He mentions that in 2008 and 2009, the producers took advantage of the low price fetched by the coffee beans to carry out cultural practices. The most common practices consisted in pruning operations, esquelatemento (cutting off all plagiotropic branches at 20-30 cm from the orthotropic branch), recepa (trimming), crowning and other more simple ones, all intended to recover the productive potential of the plants. According to Bestétti, the best result is likely to happen in the State of Espírito Santo, responsible for about 70% of the production of robusta coffee in Brazil. “The variety is very receptive and responds well to these cultural practices”, the manager says. Coffee renewal and reinvigorating programs were implemented throughout the State to reduce the impact of the bi-annual cycles of low yields. Some recommendations of the programs suggested the replacement of old and degraded coffee fields with dense plantations, using varieties of higher productive potential associated with other technologies. In some regions in Minas Gerais the producers introduced cultural practices that reduced the production oscillations from one crop to the next. The Conab manager stresses the need to systematically

adopt different management practices including different types of pruning systems, new management technologies and gradual field renewal. Another motivational factor for the growers to invest more in their fields, besides the favorable climate conditions, was the recovery of the prices in the market. According to Bestétti, any money spent on non-usual practices represents a big burden for the coffee growers. The production cost of robusta coffee ranges from R$ 5,000 to R$ 7.000 per hectare, while the cost of a hectare of Arabica exceeds R$ 8,000. He adds that the sector faces difficulties to find labor, which is scarce and expensive, not to mention the requirements set forth by the Regional Labor Tribunal (TRT).

TECHNIQUE The reduction of the difference in production between the bi-annual cycles of low and high yields was favored by scheduling the pruning cycle of conilon coffee. The technique is the result of research work carried out in 1993 by the Espírito Santo Institute for Research, Technical Assistance and Rural Extension (Incaper), a member of the Coffee Research Consortium, run by Embrapa Coffee, in Brasília (DF). The technology has been adopted by most conilon coffee producers in Espírito Santo. According to researcher Aymbiré Fonseca, of Embrapa Coffee and Incaper, the conilon coffee tree grows continuously and has vertical stems and horizontal branches. After a certain number of harvests, the branches get old and little productive, and then it is time to prune the entire field. He explains that the technique consists in cutting off the vertical stems and the horizontal branches, which have gradually become unproductive, and are then replaced with new ones. The etiolated branches, of low vigor and with excessive buds, are also eliminated. The advantages derived from these practices consist in higher yields, stable production per cycle and improved quality of the final product. Furthermore, less labor is needed, sucker killing gets easier and the same goes for cultural practices, there is more uniformity in blossoming and bean maturing, while disease and weed management practices are considerably improved. 63


Clima de prosperidade Na Alta Mogiana, que responde por 30% da área de café do Estado de São Paulo, produtores constroem histórias de sucesso

S

Seja no crescimento do consumo, seja nas boas expectativas quanto à produção ou nos recordes em exportação, o otimismo quanto ao cenário atual do café no Brasil é notável entre produtores, comerciantes, especialistas e representantes da cadeia produtiva. Projetos para aumento de área, inserção de novas tecnologias e preços elevados dominam as conversas nas fazendas e instituições. Nos grãos colhidos e nas sacas comercializadas o ânimo se revela. O clima na fazenda Salto Alegre, localizada no município de Pedregulho (SP), não é diferente. Do alto, ao passar pelo portão de madeira, os cafezais vistosos chamam a atenção. Mais adiante, após trilhar caminhos de terra, chega-se

64

à residência de Geraldo Augusto Ferreira. Acomodado na sacada, ele admira a propriedade, uma das mais tradicionais da Alta Mogiana paulista. Hoje a produção, toda de grãos arábica, se concentra em 40 hectares; há 30 anos, quando a atividade foi iniciada na fazenda, eram apenas 10 ha cultivados. Para cuidar do plantio, Ferreira conta com o auxílio da esposa, dos dois filhos (uma administradora de empresas e um engenheiro agrônomo) e de seis funcionários fixos, sendo que no período de safra são realizadas mais vinte contratações. O cafeicultor salienta, no entanto, que os números podem reduzir, pois a tendência é mecanizar cada vez mais a colheita. A safra de 2011 marca o quar-

to ano em que parte dos grãos é obtida de forma mecanizada na fazenda. Ele ressalta que essa mudança torna-se necessária uma vez que há dificuldades em encontrar mão de obra qualificada, além dos entraves burocráticos que dificultam a relação entre empregador e empregado. O trabalho junto aos cafezais garante produção média de 1,5 mil sacas da 60 quilos em anos de bienalidade baixa. Os mesmos resultados são observados nos outros 35 ha arrendados, divididos em duas propriedades que Ferreira possui no mesmo município. As diferenças, contudo, surgem quando o assunto é produtividade. Na fazenda são 3,5 mil pés por hectare, enquanto as outras


Inor Ag. Assmann

lavouras apresentam 4,7 mil pés/ha. Considerando que algumas áreas estão em formação, Ferreira calcula que o rendimento seja, em média, de 40 sacas de 60 quilos por ha.

TECNOLOGIA Com tratores, carretas e equipamentos para manutenção da lavoura, como pulverizadores e roçadeiras, entre outros recursos, o cafeicultor Geraldo Augusto Ferreira construiu seu patrimônio. Na região da Alta Mogiana, a fazenda Salto Alegre figura entre as de porte médio e grande. Filho de cafeicultor, viu na cultura a possibilidade de negócio e de crescimento. Apesar de dividir o dia a dia com a pecuária de corte – são 300 cabeças de gado –,

sabe que cada safra do grão possibilitou alcançar objetivos que antes pareciam impossíveis. Em termos de maquinário, atualmente Ferreira possui um secador rotativo horizontal. Além de resultar em grãos de melhor qualidade, o equipamento é 30% mais eficiente que o secador vertical, também utilizado pelo produtor. Para o futuro, entretanto, seu maior sonho é adquirir a própria colheitadeira e deixar de terceirizar o serviço, prática realizada nas últimas safras. O cafeicultor acredita que investir, encontrar meios para qualificar a produção e buscar alternativas são ações que devem fazer parte do cotidiano de qualquer produtor.

Ferreira salienta que o cenário atual do produto brasileiro, com a comercialização da saca em torno de R$ 500 e com o apoio de instituições para a busca de novas tecnologias, deve ser aproveitado ao máximo. Para o produtor, que já enfrentou tempos de preços baixos e de cafezais destruídos por temporais e chuvas de granizo, o momento é favorável para o desenvolvimento do segmento. Poder manter a propriedade, oferecer qualidade de vida à família e comercializar um produto ainda mais qualificado são aspirações que almeja colher nesta e em muitas outras safras. Um desejo que, por sinal, rege as plantações de muitos outros Geraldos concentrados nas regiões produtoras do País.

65


prosperity

An atmosphere of

SĂ­lvio Ă vila

Whether it is soaring consumption, or good production perspectives, or record exports, the positive feeling regarding the present scenario of the Brazilian coffee prevails among the growers, merchants, specialists and representatives of the production chain. Projects for area increases, incorporation of new technologies and high prices are subjects that commonly surface at farms and institutions. Harvested beans and marketed sacks of coffee bring smiles to the farmers. The

66

atmosphere in the farm known as Salto Alegre, located in the municipality of Pedregulho (SP), is not different. From the higher portion of the farm, while passing the wood gate, the lush coffee plantations capture the attention. Walking farther on down the dirt road, one arrives at Geraldo Augusto Ferreira’s homestead. From the balcony, he admires his farm, one of the most traditional in Alta Mogiana Paulista. His present production, exclusively Arabica coffee, is concentrated on 40 hectares;

thirty years ago, when coffee made it to the farm, only 10 hectares were cultivated. To look after his farm, Ferreira relies on his wife and two children (a business administrator and an agronomic engineer) and six permanent employees and, at harvest time, 20 more seasonal workers are hired. Nonetheless, the coffee grower stresses that this number might go down, since the trend is for mechanizing the harvest operations. The 2011 crop marks the fourth year in which part of the beans are har-


In Alta Mogiana,responsible for 30% of the coffee area in the State of São Paulo, producers build histories of success vested mechanically. He insists that this change is necessary because it is getting more and more difficult to find qualified labor, besides the bureaucratic hurdles that make the employeremployee relation very complicated. The work at the coffee fields results into a harvest of 1.5 thousand 60-kilo sacks in biannual coffee crop cycles. The same results are achieved from the other 35 leased hectares, split into two farms owned by Ferreira in the same municipality. The differences, however, surface when the subject is productivity. On the farm, there are 3.5 thousand trees per hectare, while in the other areas, the number of trees per hectare reaches 4.7 thousand. Considering that some areas are under formation, Ferreira estimates the productivity rates at 40 sixty-kilo sacks per hectare, on average.

TECHNOLOGY With tractors, carts and field maintenance equipment, like

Lider mundial em enfardamento automático.

chemical application equipment and bush cutting machines, among other resources, coffee grower Geraldo Augusto Ferreira built his asset. In the Alta Mogiana region, his farm Salto Alegre is seen as a mediumsized to big property. Son of a coffee farmer, he viewed the crop as a chance to start big businesses and make progress. Although splitting his everyday life into cattle farming, with a total of 300 head of beef cattle, and agriculture, he is perfectly aware of the fact that the grain crops have made it possible for him to achieve his objectives that seemed unachievable in the past. In terms of machinery, at the moment Ferreira owns a Horizontal Rotary Drier. Besides resulting into better quality beans, the equipment is 30-percent more efficient than vertical driers, also used by the grower. For the future, nonetheless, his big dream is to acquire a harvester and no longer outsource the work on

the farm, as has happened over the past crops. The coffee farmer believes that investing and finding means for qualifying the production operations should be part of the everyday life of a coffee grower. Ferreira stresses that great advantage should be taken of the present scenario of the Brazilian product, with a sack fetching around R$ 500, and rely on the support of institutions in pursuit of new technologies. The grower, who had to put up with low prices in the past, not to mention coffee fields destroyed by wind storms and hail storms, views the moment as favorable for the development of the segment. To maintain the farm and offer quality of life to his family and sell an even more qualified product are aspirations he wishes to reap from the present crops and the ones that follow. A desire which, by the way, rules the plantations of lots of other Geraldos that live in the coffee growing regions across Brazil.

Tecnologia para otimizar sua produção. FAST BALER GOLD Enfardadora Automática Enfardadora Automática com certificação CE. Sistema de segurança nível 3. Troca rápida de formatos juntamente com mecanismo superior. Desbobinador automático de série. IHM Touch Screen, com informações rápidas sobre operação do equipamento. Pode ser interligada a 2 empacotadoras automáticas com a produção de até 140 pacotes por minuto.

www.raumak.com.br (47) 3370-4540


Força mecânica

Cafeicultores familiares contam com o Programa Mais Alimentos,do governo federal,para financiar colheitadeiras com condições facilitadas

O

Os produtores familiares de café podem adquirir, desde maio de 2011, colheitadeiras financiadas pelo Programa Mais Alimentos, do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Os modelos foram lançados durante a Agrishow, ocorrida entre 2 e 6 de maio em Ribeirão Preto (SP). Segundo o coordenador do programa, Hercílio Matos, a inclusão do produto nessa modalidade de financiamento foi solicitada por cooperativas de pequenos cafeicultores. Ele destaca que os modelos foram definidos com a participação de produtores e representantes do setor de máquinas. “Conseguimos descontos significativos e prazo para a vigência dos preços”, salienta Matos.

68

Foram incluídas duas colheitadeiras da CASE IH e uma da empresa Matão, com valores que vão de R$ 190 mil a R$ 440 mil. Segundo Matos, a oferta de crédito e os melhores preços pagos ao café deverão alavancar as vendas desse tipo de máquina. A comercialização anual do segmento não passa de 200 unidades. A principal empresa do ramo, por exemplo, vende cerca de 40 unidades ao ano. Matos cita o exemplo de dois irmãos do município de Claraval, no sul de Minas Gerais, que financiaram uma colheitadeira no valor de R$ 193 mil, a ser paga em dez anos com juros de 2% ao ano. Os dois agricultores são Paulo Pedro Barbosa, de 36 anos, e Adjar José Barbosa, de 52

anos, que juntos plantam 50 hectares do grão. Ambos afirmaram que sem o Mais Alimentos não teriam condições de comprar a máquina. A projeção deles é que o equipamento representará redução de até 30% nos gastos com a colheita. Outra conquista com a nova aquisição será o fim da dependência do aluguel de máquinas de terceiros. Além de reduzir custos, a mecanização contribui para a melhoria da qualidade do grão. “Isso se dá pela velocidade que é possível realizar a operação e a colheita seletiva. Hoje, no País, é possível fazer mecanicamente o que a Colômbia faz à mão na colheita seletiva”, analisa Walmi Gomes Martin, gerente de produtos da empresa


Inor Ag. Assmann

Jacto. De acordo com ele, o grau de mecanização na atividade vem crescendo, mas está muito aquém quando comparado ao setor de cereais ou mesmo de cana-deaçúcar. Porém, em relação a outros países produtores, o Brasil é o que tem a cafeicultura mais mecanizada. Os grandes produtores nacionais são os mais adeptos, mas o uso de equipamentos vem aumentando em propriedades de portes variados. Nesse caso, a preparação da lavoura é fundamental para que se obtenha bons resultados na colheita à máquina “Hoje em dia, os novos plantios já vem contemplando itens fundamentais para isso”, relata. A mecanização também surge como

solução para enfrentar problemas relacionados à falta de mão de obra, principalmente na colheita do café. Martin observa que, atualmente, está ocorrendo um grande ganho de renda em todos os níveis da sociedade. Com isso, os trabalhadores estão buscando nos centros urbanos trabalhos com melhores remunerações e a agricultura como um todo não suporta os novos patamares salariais. Ele destaca que a primeira colhedora de café foi lançada pela Jacto em 1979.

INICIATIVA O Mais Alimentos, criado em 2008, é uma linha de crédito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Tem

o objetivo de promover a modernização produtiva das unidades familiares agrícolas de todo o Brasil. Atende a projetos individuais de até R$ 130 mil e coletivos de até R$ 500 mil, com juros de 2% ao ano, até três anos de carência e prazo de pagamento de até dez anos. O programa financia máquinas, implementos agrícolas, colheitadeiras, veículos de transporte de carga, projetos para construção de armazéns e silos, cerca elétrica para isolamento do rebanho, melhoramento genético, correção de solo, formação de pomares e melhoria da logística administrativa das propriedades rurais, como informatização dos estoques, entre outras ações.

69


Small-scale coffee growers count on the More Food Program of the Federal Government and finance harvesters on a low-interest installment plan

power

Sílvio Ávila

Mechanical

70

Since May this year, the small-scale coffee growers are entitled to acquire harvesters financed by the More Food Program, of the Ministry of Agrarian Development (MDA). The models were launched during the Agrishow Fair, held from 2 to 6 May in Ribeirão Preto (SP). According to the coordinator of the program, Hercílio Matos, the inclusion of the product in this financing scheme was decided at the request of the small-scale coffee growers’ cooperative. He recalls that the models were defined jointly by the growers and representatives of the machine sector. “We were granted significant


discounts and a considerable time during which their prices hold”, says Matos. The machines included in the Program comprise two harvesters, one manufactured by CASE IH and the other, by Matão, with prices ranging from R$ 190 thousand to R$ 440 thousand. According to Matos, the credit line and the good prices fetched by coffee are expected to leverage the sales of this type of equipment. Annual sales in the segment remain at or below 200 units. The leading company of the segment, for example, sells about 40 units per year. Matos cites the example of two brothers in the town of Claraval, in South Minas Gerais, who financed a harvester worth R$ 193 thousand, on a ten-year installment plan, at an interest rate of 2% a year. The two farmers are Paulo Pedro Barbosa, 36, and Adjar José Barbosa, 52, together they grow 50 hectares of coffee. Both admitted that without the More Food Program they would not have been able to purchase the machine. In their projections, the equipment should reduce by 30% their harvest costs. Another achievement stemming from the new acquisition is the end of the need to lease machines from third parties.

Besides being a cost reduction factor, mechanization contributes towards preserving the quality of the beans. “This is due to the speed at which the operation and selective harvest is carried out. In Brazil it is now possible to do mechanically what is done by hand in Colombia when it comes to selective harvesting”, notes Walmi Gomes Martin, products manager at Jacto, a machine manufacturing company. According to him, the degree of mechanization in the activity has been rising, but is lagging behind compared to the sector of cereals and even sugarcane. Nonetheless, compared to other coffee producing countries, Brazil is home to the most mechanized coffee farming operations in the world. The national commercial farmers are the most mechanized, but the use of equipment has been soaring in farms of different sizes. In this case, soil preparation plays a basic role for achieving good results with the use of machinery. “Nowadays, the new fields that are established care a lot about the fundamental topics”, he admits. Mechanization also comes in as a solution for problems related to the lack of labor, particularly at the coffee harvesting season. Martin

observes that, nowadays, people of all walks o life are earning more money. This leads most workers to look for jobs in urban centers, where wages are higher, and agriculture as a whole is not in a position to put up with bigger salary levels. He recalls that the first coffee harvester was launched by Jacto in 1979.

INITIATIVE The More Food Program, created in 2008, is a credit line of the National Program for Strengthening of Family farming (Pronaf). Its target is to modernize the family farming operations all over Brazil. It serves individual projects that involve up to R$ 130 thousand, and collective ones of up to R$ 500 thousand, at 2-percent interest rate a year, with up to three-year grace periods, to be amortized over a 10-year period. The program finances machines, farm implements, harvesters, cargo vehicles, projects for the construction of warehouses and silos, electric fences for cattle farming operations, genetic enhancement programs, soil correction, the establishment of orchards and administrative logistics projects in rural holdings, such as stock control computer programs, and other initiatives.


Origem comprovada Produtores da região da Serra da Mantiqueira, em Minas Gerais, obtêm

A

AAssociação dos Produtores de Café da Mantiqueira (Aprocam) venceu uma etapa importante em favor do café produzido na região. Foi aprovado o pedido de Indicação de Procedência (IP) para o grão denominado como da Região da Serra da Mantiqueira de Minas Gerais. A distinção foi concedida em 31 de maio de 2011 pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi). Esse foi o nono Selo de Indicação Geográfica, na modalidade de IP, dado no Brasil, o segundo para o café de Minas Gerais e o primeiro na microrregião do sul mineiro. Atualmente, outras quatro regiões cafeicultoras estão com pedidos de Indicação de Procedência tramitando no Inpi. Duas delas – Terras Altas e Alto Paraíso – são representadas pela Cooperativa Regional dos Cafeicultores de São Sebastião do Paraíso (Cooparaíso), em Minas Gerais. As outras são Alta Mogiana, com iniciativa liderada pela Associação dos Produtores de Cafés Especiais da Alta Mogiana, em São Paulo; e Norte Pioneiro do Paraná, que tem à frente do processo a Associação dos Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná. Na avaliação do diretor presidente da Aprocam, Hélcio Carneiro Pinto, “o selo de IP trará vários benefícios para a microrregião, como proteção e reconhecimento, agregação de valor ao produto e desenvolvimento sustentável”. Além disso, será favorável ao turismo rural e urbano, pois a microrregião se encontra no Circuito das Águas. A busca pela indicação começou em 2000 com a contratação da consultoria especializada de Ensei Uejo Neto. A partir do trabalho do consultor, foi identificado que a localidade possuía todos os requisitos para o desenvolvimento de uma Indicação Geográfica, tais como clima, solo, altitude e características sensoriais diferenciadas do café. O passo seguinte foi elaborar um plano estratégico abrangendo capacitação dos produtores, implantação de novos processos de produção, participação em concursos de qualidade e em feiras nacionais e internacionais. Incluiu a consagração da microrregião como produtora de café especial, o início do projeto de Indicação de Procedência, a delimitação territorial, feita pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), e o depósito do

72

Inor Ag. Assmann

Indicação de Procedência

processo de IP junto ao Inpi. Neste percurso, a Aprocam contou com vários parceiros nacionais, estaduais e regionais. Segundo o diretor presidente da Aprocam, o maior desafio será operacionalizar a indicação. “Teremos que colocar em prática todos os regulamentos relativos à IP”, detalha. Além disso, seguem as iniciativas em busca da Denominação de Origem, meta que conta com uma equipe de pesquisadores que desenvolve o embasamento técnico e científico para a conformidade de padrões de identidade e qualidade do café da região.

PARTICULARIDADES As propriedades associadas à Aprocam estão localizadas na microrregião localizada na Face Minas Gerais da Serra da Mantiqueira, dentro do entorno denominado Circuito das Águas, uma das regiões cafeicultoras mais tradicionais do Estado. A microrregião tem cerca de oito mil produtores, dos quais mais de 80% são agricultores familiares, e os cafezais abrangem 50 mil hectares, conforme o diretorsecretário da Aprocam, Antônio José Junqueira Villela. A cada safra são beneficiadas em torno de 1 milhão de sacas e o produto é exportado para Europa, Estados Unidos e Japão. Estudos técnicos da região e resultados nos diversos concursos nacionais mostram que a localidade possui condições edafoclimáticas diferenciadas e propícias para a produção de cafés de qualidade superior. A Serra da Mantiqueira é conhecida pelo clima de montanha, rica em estâncias hidrominerais, cujas águas são famosas por suas qualidades terapêuticas. Essas combinações contribuem para alta qualidade dos grãos e pela consistência na produção e no fornecimento.


origin

for an Indication of Origin project, territorial demarcation, carried out by the Minas Gerais Agriculture Institute (IMA), and the submission of the IO application to the Inpi. During the entire application period, Aprocam relied on the support from national, state and regional partners. According to the president of Aprocam, the biggest challenge will consist in putting the Indication into operation. “We will have to comply with all the rules regarding the IO”, he comments. Furthermore, the efforts aimed at getting the Denomination of Origin have not stopped. The achievement of this goal counts on the concerted efforts of a team of researchers that is in charge of the technical and scientific foundations for the purpose of compliance with quality and identity standards of the coffee produced in the region.

Acknowledged Producers in the Serra

da Mantiqueira region, State of Minas Gerais, obtain Indication of Origin

The Coffee Producers’ Association of Mantiqueira (Aprocam) has conquered an important distinction on behalf of the coffee harvested in the region. Their application for Indication of Origin (IO) was approved for the coffees produced in the Serra da Mantiqueira region in Minas Gerais. The distinction was granted on 31st May 2011 by the National Institute for Industrial Property (INPI). This was the first Geographical Indication, granted in Brazil, the second for Coffee produced in Minas Gerais and the first in the micro region of South Minas Gerais. Currently, four other coffee producing regions have filed Indication of Origin applications with the Inpi. Two of them — Terras Altas and Alto Paraíso — are represented by the Regional Coffee Growers’ Cooperative of

São Sebastião do Paraíso (Cooparaíso), in Minas Gerais. The two others are Alta Mogiana, under the initiative of the Specialty Coffee Producers’ Association of Alta Mogiana, in São Paulo; and Norte Pioneiro do Paraná, where the entire application process is under the responsibility of Specialty Coffee Producers’ Association of Paraná. Hélcio Carneiro Pinto, president of Aprocam views the “certification as a boon for the microregion, representing protection and acknowledgement, higher value for the product and sustainable development”. Furthermore, it will attract rural and urban tourists, as the microregion is located in the so-called Water Circuit. The pursuit for the indication started in 2000, when Ensei Uejo Neto, a renowned consultancy company, was hired for this purpose. The consultant soon came to the conclusion that the region fulfilled all the requisites for applying for the Geographical Indication, including climate, soil, altitude and coffee with distinct sensory attributes. The following step consisted in devising a strategic plan comprising capacity building initiatives for the growers, the implementation of new production processes, attendance at quality contests and fairs at home and abroad. The procedure includes the microregion as a producer of specialty coffees, the starting point

PARTICULARITIES The farms members of Aprocam are based in the microregion located in Face Minas Gerais da Serra da Mantiqueira, within the surroundings known as Water Circuit, one of the most traditional coffee producing regions in the State. The microregion is home to about 8 thousand producers, of which more than 80% run family operations, and the coffee fields total 50 mil hectares, according to the chief executive director of Aprocam, Antônio José Junqueira Villela. Some one million sacks are milled at every season, and the coffee is exported to Europe, the United States and Japan. Technical studies of the region and the results of several national contests attest to region’s distinguished edaphoclimatic conditions very appropriate for the production of superior quality coffees. Serra da Mantiqueira is known for its mountain climate, rich in hydro-mineral water sources, having a reputation for their excellent therapeutic properties. Such combinations contribute towards the excellent quality of the beans and for consistent production and supply. 73


Inor Ag. Assmann

Ao alcance da mão Ministério da Agricultura disponibiliza

aplicativo sobre o café brasileiro para ser baixado com exclusividade para o Ipad, da Apple

U

Uma nova ferramenta está divulgando o café brasileiro e facilitando ainda mais os contatos com potenciais clientes e compradores desde 27 de abril de 2011. Na data, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) lançou um aplicativo sobre o produto brasileiro exclusivo para Ipad, que pode ser adquirido sem custo na Apple Store, fabricante do aparelho. O Mapa desenvolveu o material que apresenta informações sobre produção, topografia, tipos de café, área plantada e sistema de processamento nas 12 regiões produtoras em seis estados do País – Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Paraná, Rondônia e Bahia. Além disso, disponibiliza vídeos e galeria de imagens dos locais de plantio. Oferece também dados sobre o perfil da xícara, que são as características da bebida, como sabor, aroma,

UNIÃO NA DIVERSIDADE

acidez e corpo. Segundo o Mapa, até o dia 12 de junho, o material havia sido baixado 716 vezes, em mais de 30 países. Além do Brasil, com o maior número de downloads, adquiriram o aplicativo internautas de países como Estados Unidos, Argentina, China, Reino Unido, Canadá, Japão, Alemanha, Itália, Portugal, Austrália, Suíça, Emirados Árabes, Arábia Saudita e outros. O download pode ser feito no link http://itunes.apple.com/gb/app/ cafes-do-brasil/id433533746?mt=8. A ferramenta foi apresentada durante a 23ª Feira da Associação Americana de Cafés Especiais (SCAA, na sigla em inglês), realizada entre 29 de abril e 1º de maio, em Houston, nos Estados Unidos. O público que visitou o estande do Brasil no maior evento de café do mundo conheceu o aplicativo instalado em quatro totens.

Em abril de 2011, foi criada uma entidade representativa dos cafeicultores batizada de Associação Brasileira das Origens Produtoras de Café (Abop Café). O objetivo é valorizar a diversidade de sabores, qualidades e histórias que compõem o cenário da atividade de Sul a Norte do País. A associação é presidida por José Augusto Rizental, que também é superintendente da Federação dos Cafeicultores do Cerrado. Ele explica que, em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) nacional, será realizado um trabalho para mostrar como funciona a cafeicultura brasileira. “Vamos ter que começar do zero”, enfatiza. Será feito um banco de imagens de cada região de origem para confecção de folders, além da produção de vídeos. Está previsto ainda o mapeamento de todo o parque cafeeiro nacional. Segundo Rizental, o trabalho da Abop Café será realizado de forma construtiva, ajudando os produtores de grãos de qualidade, que em grande parte é exportado, a ampliar as vendas também no mercado interno. Das 12 regiões produtoras de café no Brasil, oito aderiram à nova associação. São elas: Sul de Minas, Cerrado de Minas, Mogiana, Centro-Oeste de São Paulo, Montanhas do Espírito Santo, Norte Pioneiro do Paraná, Planalto da Bahia e Cerrado da Bahia. As demais regiões produtoras do País, que também foram convidadas a participar, são Chapada de Minas, Matas de Minas, Conilon Capixaba e Rondônia.

74


reach

Within hand’s Ministry of Agriculture offers an application

software on coffee to be exclusively downloaded to the Ipad, of Apple

Launched on 27th April 2011, a new tool is giving publicity to Brazilian coffee and further facilitating the contacts with potential clients and buyers. On that occasion, the Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply (Mapa) launched an APP on the Brazilian product, exclusive for Ipad, which can be acquired without any cost at the Apple Store, manufacturer of the device. The Ministry of Agriculture developed the material which features information on production, topography, types of coffee, planted area and processing system in the twelve coffee producing regions in six Brazilian states - Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Paraná, Rondônia and Bahia. Furthermore, videos and an image gallery of the coffee growing regions in Brazil are also available. Other data in-

clude the profile of the cup, which includes the characteristics of the beverage, like taste, acidity and body. According to Mapa officials, up to 12th June, the material had been downloaded 716 times, in more than 30 countries. Besides Brazil, with the biggest number of downloads, the APP was acquired by internet users from countries like United States, Argentina, China, United Kingdom, Canada, Japan, Germany, Italy, Portugal, Australia, Switzerland, Arab Emirates, Saudi Arabia and others. Download can be done at link http://itunes.apple.com/gb/app/cafes-dobrasil/id433533746?mt=8. The tool was presented during the 23rd Fair of the Specialty Coffee Association of America (SCAA), held from 29th April to 1st May, in Houston, United States. People who happened to visit Brazil’s stand in the biggest coffee event in the world came to know the APP installed in four totens.

united in Diversity

The Brazilian Association of Coffee Producing Regions (Abop Café) was created in April 2011, and it represents the coffee growers. The goal is to value the diversity of flavors, qualities and stories that compose the scenario of the activity from the South to the North of the Country. The association is presided over by José Augusto Rizental, who also serves as superintendent of the Federation of Cerrado Coffee Growers. He explains that, jointly with the national Brazilian Service of Support to Micro and Small Companies (Sebrae), a pioneer initiative will be conducted with the aim to show how coffee farming functions in Brazil. “We will have to start from scratch”, he emphasizes. The first step is the creation of a database featuring images of every different region, for the confection of folders, and the production of videos. A map of the entire coffee park in Brazil is also a priority. According to Rizental, the work by Abop Café will be carried out in constructive manner, lending support to the farmers that produce quality beans, which are exported, providing them with the chance to expand their sales in the domestic market, too. Of the 12 coffee producing regions in Brazil, eight have joined the new association. They are as follows: South Minas, Cerrado de Minas, Mogiana, Center-West of São Paulo, Montanhas do Espírito Santo, Norte Pioneiro do Paraná, Planalto da Bahia and Cerrado da Bahia. The other coffee producing regions throughout the Country, which were also invited to join, are as follows: Chapada de Minas, Matas de Minas, Conilon Capixaba and Rondônia.

75


Setor deve investir em capacitação e infraestrutura para produzir cafés de

A

qualidade em maior volume

A demanda mundial é por café de qualidade. Quanto a isso o setor cafeicultor não tem dúvidas. Dados apontam que enquanto a procura pelo café considerado comum avança 2% ao ano, o de melhor qualidade aumenta entre 15% e 20%. Outro exemplo é que o quilo de um produto de qualidade chega a custar R$ 30,00. As observações são do engenheiro agrônomo Gerson Silva Giomo, pesquisador do Instituto Agronômico de Campinas (IAC). Para ele, é o reconhecimento e a valorização da qualidade do produto que estimula uma produção mais qualificada. Esse cenário é visto como oportuno para o pequeno produtor, que poderá agregar mais renda ao seu produto, visto que seus ganhos maiores poderão vir da qualidade e não da quantidade. “O segmento tem mais condições para cuidar da condução da cultura por ter mão de obra própria”, avalia o agrônomo. Mas alguns entraves precisam ser vencidos. Um deles, segundo Giomo, é a falta de infraestrutura adequada para fazer um bom processamento do café. “Ainda é muito comum usar o terreno para a secagem do grão”, observa. Outro está relacionado à falta de planejamento da colheita. “Muitos não se organizam para desenvolver todas as estapas de acordo com a maturação do fruto”, relata. O pesquisador explica que se a colheita for feita antes da hora, resultará em uma grande quantidade de frutos verdes e em uma bebida de qualidade inferior, denominada como dura. Se retardar o processo, o resultado será muitos frutos secos. Nesse caso, se a região for úmida, o grão poderá fermentar na planta ou cair no chão. “O ponto ideal para realizar a colheita é quando a maioria dos frutos estão maduros, em estado cereja”, diz. É nesse estágio de maturação que o fruto vai gerar a bebida normal, considerada mole, de qualidade e que qualquer cafeicultor poderá produzir. “A colheita é o principal momento para definir a qualidade do produto. Isso se o ambiente também tiver sido adequado”, reforça. Torna-se essencial programar quanto tempo levará para conluir a etapa, quantas pessoas serão necessárias e se o espaço disponível será adequado para secar a safra.

76

Inor Ag. Assmann

Um bom começo Outra carência de eficiência ocorre no pós-colheita, quando se colhe mais do que é possível acomodar na propriedade. Conforme Giomo, é muito comum faltar espaço para secar o fruto. Quando isso ocorre, o produtor coloca uma camada muito extensa de grãos, o que pode provocar a fermentação do café. “O terreiro é a principal infraestrura na propriedade, porque possibilita fazer uma secagem ideal, importante para garantir a qualidade do produto”, aponta. Na opinião do pesquisador, “muitas vezes o pequeno produtor colhe no ponto errado e conduz o manejo de maneira inadequada não só por falta de espaço, mas também por desconhecimento”. O manejo correto não implicaria maiores investimentos, mas uma melhor capacitação do agricultor. Conforme Giomo, a maioria dos cafeicultores produz café de qualidade mediana, próprio para o mercado de commodities. Uma alternativa para melhorar o padrão de qualidade é investir em treinamento e infraestrutura. “Existe um diferencial de preço para um café de qualidade, então não devemos nos contentar com o de bebida dura, porque a espécie é adequada para produzir bebida mole”, argumenta. Muitas vezes, observa o engenheiro agrônomo, o produtor não tem força nem volume para exigir maior valorização do seu produto. Uma solução seria integrar cooperativas e associações que possuem mais força para negociar.

PÓS-COLHEITA Pequenos e grandes cafeicultores encontram no mercado uma linha completa de equipamentos que contribuem para o perfeito preparo do produto após a colheita. Segundo o gerente de vendas da Palini & Alves, Adalberto Golfieri, a empresa possui uma linha extensa de máquinas, desde equipamentos da “via úmida”, para lavagem, separação, limpeza, descasque, desmucilagem e pré-seca; até os da “via seca”, como secadores e máquinas de benefício e rebenefício dos grãos. Golfieri destaca que quanto mais apurado o preparo, maior é a qualidade “provável” na xícara.


Off to a

good start Sector is set to invest in capacity

building moves and infrastructure to produce higher volumes of good quality coffees Global demand is focused on quality coffee, and the sector has no doubt about it. Surveys show that while demand for the so-called common coffees advances 2% a year, demand for quality coffees rises from 15% to 20%. Another example is the fact that one kilo of quality coffee fetches up to R$ 30. The observations come from agronomic engineer Gerson Silva Giomo, researcher with the Agronomic Institute of Campinas (IAC). In his view, it is the acknowledgement and the high quality of the product that stimulate more qualified productions. The scenario is seen as very appropriate for small-scale farmers, now in a position to derive more income from their product, since gains can be derived from quality rather than from quantity. “The segment is in a better position to look after the crop as these farmers rely on their own labor”, the agronomist notes. But some hurdles need to be surmounted. One of them, according to Giomo, is the deficient infrastructure for the coffee processing needs. “Drying coffee beans on unpaved terrain is

still common practice”, he observes. Another hurdle has to do with the lack of crop planning. “Many farmers do not get organized in order to carry out every step in accordance with the fruit maturing process”, he notes. The researcher explains that if harvest is done before the ideal time, it will result into a huge amount of green berries and into a beverage of poor quality, referred to as bold coffee. If harvest is delayed, there will be big amounts of dry beans. In this case, if it is a region where humidity prevails, the beans might start fermenting while still on the tree and fall down. “The ideal harvesting point is characterized by the maturity of most fruit, in a cheery-like state”, he explains. It is in this maturing stage that the beans generate a normal beverage, considered light and of good quality, which could be produced by any grower. Harvest is the right moment to define the quality of the product, if weather conditions have been favorable”, he adds. It is essential to program the time needed to carry out the harvesting operation, the number of people needed and the available space for drying the crop. Another deficiency occurs in the post-harvest stage, and it happens when the warehousing structure is too small to accommodate the crop. According to Giomo, the lack of space for drying the product is very common. When this occurs, producers tend to resort to thick layers of beans, which, in turn, could create fermentation problems. “The terrain is the main infrastructure on the farm, and it provides ideal drying conditions, an important factor for ensuring the quality of the product”, he notes. In the researcher’s view, “Frequently, small-scale farmers harvest at the wrong time and resort to non recommended management practices, not because of the lack of space, but because of the lack of knowledge”. Correct management practices do not necessarily require more investments, but improved grower qualification. Giomo maintains that the majority of the coffee farmers produce medium quality coffees, ideal for the commodities market. An alternative for improving the quality standards is to invest in training and infrastructure. “Quality coffees fetch better prices, suggesting we should not just produce bold beverages, since the variety is appropriate for the production of light beverages”, he argues. Very often, the engineer observes, the producers are in no condition to dictate the prices for their product. A way out for these farmers could consist in joining cooperatives and associations, which are more powerful when it comes to negotiations”.

POST-HARVEST Small-scale and commercial farmers find in the market a complete range of equipment for all the correct postharvest procedures. According to the sales manager at Palini & Alves, Adalberto Golfieri, the company offers a complete range of machinery, including “humid line” equipment for washing, separation, cleaning, hulling, depulping and pre-drying; and “dry line” equipment, like driers and bean milling and re-milling machines. Golfieri stresses that the more accurate the preparation, the better the “possible” quality of the coffee in the cup. 77


Operação robusta Produtores de conilon buscam mudar o perfil comercial da commodity com melhoria da

qualidade e aperfeiçoamento dos processos

A

A cadeia produtiva do café conilon do Brasil melhorou seu perfil de produção e qualidade na última década ao custo de investimentos em tecnologia, manejo dos cafezais e aperfeiçoamento dos processos de pós-colheita e beneficiamento. Mas, para um produto comercializado por volume, os desafios de ampliar mercados e obter valorização são grandes. O analista da consultoria Safras & Mercado Gil Barabach destaca que cresceu a presença do conilon nos blends mundiais nos últimos anos por causa da postura mais agressiva do Vietnã, maior exportador global. Em razão dos altos volumes e das cotações internacionais mais baixas, as indústrias, inclusive do Brasil, flexibilizaram seus blends. De uma participação de até 30%, o robusta passou a fazer parte em até 40% das misturas no mundo, dependendo da safra. Como não há distinção de qualidade de bebida, como no arábica, apesar de esforços pontuais nesse sentido, o conilon é uma commodity classificada por defeitos e sua luta é por preço. “O Brasil não é competitivo no mercado internacional, seja pela ação vietnamita seja pelo alto custo de produção local ou pela política cambial”, destaca Barabach. O presidente da Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel da Palha (Cooabriel), do Espírito Santo, Antonio Joaquim de Souza Neto, complementa: “Não dá para competir”. Para ele, com o câmbio e os níveis de competitividade atuais do Brasil, exportar é prejuízo. “Se no futuro o câmbio favorecer e pudermos competir, será interessante, mas precisaria chegar à relação de R$ 2,20 o dólar”, afirma. Diz ainda que, em 32 anos na Cooabriel, jamais conseguiu uma exportação. “Tentamos, mas não conseguimos e vimos quem exportou quebrar porque teve prejuízo”. O café solúvel, explica Barabach, é o produto que garante a exportação, por vias indiretas, do conilon. Enquanto o mer-

78

cado interno estiver em crescimento, e o potencial é enorme, a produção brasileira de robusta será crescente. Nas exportações do solúvel, contudo, existem barreiras tarifárias europeias, que tornam o produto nacional muito caro. “Além disso, há na Europa a concorrência de países como Alemanha e Itália, que compram robusta do Vietnã, processam e vendem com vantagens competitivas. Isso também se aplica ao arábica”, observa o analista. Na opinião dele, o futuro do solúvel no mercado internacional dependerá também do conilon.

GARANTIA Na avaliação do presidente da Cooabriel, Antonio Joaquim de Souza Neto, o desafio do conilon no momento é alcançar preços de mercado que superem o custo de produção e garantam renda ao cafeicultor. “É uma operação e tanto, pois hoje o pior café arábica vale mais que o melhor conilon, pois tem garantia de preços do governo, inclusive para compra e formação de estoques. O robusta não tem esse trata-


Inor Ag. Assmann

mento”, enfatiza. Sem garantia de preços mínimos, o cafeicultor entrega o conilon pelo valor que a indústria quiser pagar, argumenta Souza Neto. “O pessoal do arábica resiste em valorizar o conilon, mas está atrelando seu produto à referência de preço baixo. Isso ajuda para que nem arábica nem conilon obtenham a valorização que precisam. Infelizmente, muitos ainda não perceberam que, atualmente, onde vai um tipo de café, vai o outro”, frisa. O dirigente cooperativista entende que é necessário desenvolver uma política federal de longo prazo para o conjunto do setor cafeeiro, que parta da segurança de preços mínimos. “No árabica a política federal também é de apagar incêndio, renegociar dívidas e resolver problemas pontuais. Não há uma proposta de longo prazo”, destaca. O analista da Safras & Mercado reconhece que há uma proteção maior do governo brasileiro ao arábica frente ao conilon. Conforme Barabach, o fato de o robusta vir de cotações mais

interessantes nas últimas safras desviou a atenção do governo e da cadeia produtiva. “O arábica passou por momentos mais críticos ultimamente”, analisa. Ele crê, no entanto, que a falta de preço mínimo não é limitante ao desenvolvimento do conilon. “As barreiras internacionais e a falta de competitividade no mercado externo podem ser problemas maiores num futuro próximo”, cita. Para Barabach, a cafeicultura brasileira chegou a uma encruzilhada. O cenário indica que ou o produtor se torna grande em termos tecnológicos, com mecanização, ganhos em qualidade, produtividade e baixos custos, ou se torna pequeno e trabalha em nichos de mercado, com selos de origem, ambientais e sociais e características de bebida diferenciada. Ao médio cafeicultor, que não alcança a escala de produção em nível competitivo ou tem alto custo, o momento preocupa. “No conilon, pela característica de commodity, é preciso ter ganho em escala”, ressalta.

79


robusta Inor Ag. Assmann

Operation

80


Conilon producer in pursuit of a change to the commercial profile of the commodity through quality enhancement and process improvement The production chain of Brazil’s conilon coffee operations has improved its production and quality profile over the past decade, at the cost of investments in technology, coffee field management and through considerably improving its post-harvest and processing operations. Nevertheless, for a product marketed by volume, the challenges in pursuit of better remuneration and other markets, are countless. Gil Barabach, market analyst with Safras & Mercado, mentions that the share of conilon in the blends around the world has soared, over the past years, because of Vietnam’s more aggressive stance, as leading global coffee exporter. By virtue of the high volumes and lower international quotes, the industries, including the Brazilian ones, became more resilient with their blends. From 30% robusta coffee’s share jumped to 40% in the coffees marketed around the world, depending on the crop. As there is no distinction regarding the quality of the beverage, as it happens with Arabica coffee, in spite of timely efforts towards this end, conilon is a commodity classified by a flaw detection system, and its fight is for better prices. “Brazil is not competitive in the international market, whether because of the Vietnamese

initiatives, or for the high local production costs, or for the exchange rate policy in force”, Barabach notes. The president of the Agrarian Cooperative of the Coffee Growers in São Gabriel da Palha (Cooabriel), in Espírito Santo, Antonio Joaquim de Souza Neto, complements: “There is no way competing”. In his opinion, with the present exchange rate policy and competitive levels in Brazil, exports represent losses. “If in the future the exchange rate becomes favorable, making it viable for us to compete, such a situation will favor us greatly, but a relation of R$ 2.20 to the dollar must be achieved”, he declares. He also reveals that in 32 years working with Cooabriel, he has never managed to export any coffee. “We tried, but to no avail and we have witnessed companies going bankrupt because of their exports”. Soluble coffee, Barabach explains, is the product that sustains conilon exports, through indirect means. If the domestic market sustains its upward trend, and there is an enormous potential for this, Brazil’s robusta coffee production will continue soaring. In the exports of soluble coffee, nonetheless, there are European tariff barriers, which press up the price of the national product considerably. ‘Furthermore, in Europe Brazil faces competition from such countries as Germany and Italy, which purchase beans from Vietnam, process them and sell the coffee at very competitive prices. This also holds for Arabica coffee”, the analyst observes. In his opinion, the future of the soluble in the international marketplace also depends on conilon.

GUARANTEE The president of Cooabriel, Antonio Joaquim de Souza Neto, understands that the challenge of the conilon at the moment is to fetch market prices that exceed the production cost and bring in income for the growers. “It is quite an operation, since nowadays the worst Arabica is worth more than the best conilon, as it is under the price protection umbrella of the government, even for purchases and for the arrangement of stocks. “No such treatment is bestowed on the rubusta”, he emphasizes. Under no minimum price protection system, the growers deliver their conilon to the industries without

caring about the prices the industries are prepared to pay, argues Souza Neto. “The Arabica people are against giving conilon coffee its due value. This is a factor that prevents both Arabica and conilon coffees from achieving the real values that they deserve. Unfortunately, lots of people have not yet come to grips with the reality of whatever the destination of one type of coffee is, the other follows suit”, he says. The cooperative official maintains that it is necessary to develop a federal policy for the long run for the coffee sector as a whole, under condition that it starts from minimum price tables. “Regarding the Arabica, the federal government is enacting a fire extinguishing policy, renegotiating debts and solving timely problems. There is no policy for the long run”, he argues. The Safras & Mercados analyst recognizes that the Brazilian government makes no secret of its preference for protecting the Arabica coffees to the detriment of the conilon. According to Barabach, the fact that robusta coffees have been catching better prices over the past crops, deviated the attention of the government and of the production chain. “The Arabica has gone through more critical moments lately”, the analyst recalls. However, he believes that the lack of minimum prices is not a limiting factor for conilon coffees. “The international barriers and the lack of competitiveness in the foreign marketplace could turn out to become very serious problems in a notso-distant future”, he cites. Barabach takes it that Brazilian coffee farming has reached a crossroads. The scenario leaves few options for the growers, and they have to decide whether to make strides in terms of technological advances, resorting to mechanization, gains in quality, productivity and low costs, or they turn small and look for market niches, with social, environmental and origin labels, supplying beans for coffees of distinguished characteristics. Mediumscale growers, not in a position to compete with commercial farmers, having to put up with high production costs, are going through difficult times. “Regarding the conilon coffee business, in view of the characteristics of the commodity, scale gains are needed”, he recommends.

81


Inor Ag. Assmann

Pesquisa

RESEARCH

H 82


Para esfriar

Pesquisa dimensiona a emissão de gases do efeito estufa na cafeicultura para verificar como diminuir o seu impacto ambiental

H

Historicamente os centros de pesquisa buscaram na eficiência dos insumos e no melhoramento genético formas de ampliar a produção de café. Desde a “Revolução Verde” as pesquisas sobre o desempenho da planta estiveram ligadas ao desenvolvimento e às dosagens de fertilizantes que assegurassem a expressão máxima do potencial produtivo das cultivares. No entanto, à medida que cresce a preocupação da ciência com o aquecimento global e os fenômenos relacionados ao clima, os conceitos mudam e novos desafios surgem para a cafeicultura. É preciso evoluir em produção e qualidade, mas também reduzir ou compensar a geração de gases do efeito estufa e seu impacto ambiental. Nesse sentido, estudos estão em andamento no Brasil. Os primeiros diagnósticos do Inventário de Emissão de Gases do Efeito Estufa (GEE) na Cafeicultura foram divulgados em março de 2011 pela empresa illycaffè e pelo Centro de Energia Nuclear na Agricultura da Universidade de São Paulo (Cena/USP), que, em parceria, desenvolvem o estudo inédito. O projeto identifica as emissões com a meta de desenvolver medidas que reduzam o seu impacto e ampliem a fixação de carbono. O objetivo é ajustar o manejo da lavoura – e, futuramente, da cadeia produtiva – sem afetar a produção e

a qualidade do café, mas, ao mesmo tempo, reduzir a contribuição do setor para o aquecimento global. A pesquisa, desenvolvida em Minas Gerais, Estado que concentra dois terços da safra nacional do grão, é coordenada pelo especialista em mudanças climáticas Carlos Clemente Cerri, pesquisador do Cena/USP. As análises, seguindo padrões internacionais, foram concentradas em três regiões mineiras: o Cerrado, no município de Presidente Olegário; Matas de Minas, em São João de Manhuaçu; e Sul de Minas, nas fazendas de Cabo Verde. Nesses locais, o estudo identificou os maiores focos de emissão de gases como o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4) – 25 vezes mais potente que o CO2 – e o óxido nitroso (N2O), 300 vezes mais forte que o CO2. A liberação dos gases ocorre ao longo do processo produtivo: do plantio ao beneficiamento, passando por colheita, transporte e secagem. A conclusão inicial é de que as principais fontes de emissão se concentram no solo e em resíduos decorrentes da cafeicultura. “Em breve essa informação será exigência do mercado. Estamos nos antecipando”, afirma Cerri.

CONSIDERAÇÕES A conclusão da primeira fase do Inventário de Emissão de Gases do Efeito Estufa (GEE)

na Cafeicultura, realizada de setembro de 2009 a agosto de 2010, mostrou que a atividade não é uma grande emissora de GEE se comparada a outras culturas. O coordenador do estudo, Carlos Clemente Cerri, argumenta que outros grãos emitem de três a quatro vezes mais. Sustenta, contudo, que é possível reduzir as emissões da cafeicultura. Entre os resultados preocupantes da pesquisa está o fato de o uso de adubação nitrogenada ter enorme impacto sobre as emissões da produção cafeeira. Esse tipo de adubação libera N2O, gás que muito contribui para agravar o efeito estufa. Nas Matas de Minas, 78% das emissões analisadas são provenientes do uso de adubos com nitrogênio em sua composição; no Cerrado, respondem por 75%; e, no Sul de Minas, por 50%. A vantagem do Sul está no maior uso de adubação organomineral. O diagnóstico indica que a utilizacão de calcário, combustíveis fósseis e eletricidade tem contribuição menor para o total de gases emitidos na comparação com os fertilizantes. Levando em consideração a intensidade das emissões em CO2 equivalente, o Cerrado lidera o ranking. Nesta região, constatou-se que são lançadas na atmosfera 4,95 toneladas de dióxido de carbono (CO2 eq) por hectare. Na Zona da Mata, são 2,83 t/ha e no Sul de Minas, 2,03 t/ha.

83


down

Cooling

Historically, most research centers have been seeking manners to expand the production of coffee through input efficiency and genetic enhancement. Since the “Green Revolution” research works into the performance of the plant have been linked to the development and fertilizer proportions able to ensure the maximum expression of the production potential of the cultivars. Nonetheless, as there is mounting concern regarding global warming and all phenomena related to the climate, concepts tend to change and coffee farming has to face new challenges. There is a need to improve both quality and production, but the generation of greenhouse gases must also be reduced or compensated, thus reducing the impact on the environment. Within this context, there are studies underway in Brazil. The first diagnoses of the Greenhouse Gas Emission Inventory (GEE) of Coffee Farming were disclosed in March 2011 by the Illycaffé company and by the Agriculture Nuclear Energy Center of the University of São Paulo (Cena/ USP), which, in partnership, developed this unprecedented study. The project identifies the emissions with the target to develop measures that reduce their impact and intensify the fixation of carbon. The goal is to adjust field management practices – and, in the future, the production chain –without affecting the quality of the coffee and its production volumes, but, at the same time, diminish the sector’s share in global warming The research work, conducted in Minas Gerais, State that concentrates two thirds of the national coffee crop, is coordinated by Cena/USP researcher Carlos Clemente Cerri, specialist in climate changes. The analyses, complying with international standards, were focused on three regions in Minas Gerais: Cerrado, in the county of Presidente Olegário; Matas de Minas, in São João de Manhuaçu; and Sul de Minas, on the Cabo Verde farms. In these locations, the study identified the biggest emission centers of such gases as carbon dioxide (CO2), methane (CH4) — 25 times as powerful as CO2 — and nitrous oxide (N2O), 300 times as strong as CO2. The liberation of the gases takes place along the productive process: from planting to processing, going through harvest, transport and drying. The initial conclusion is that the main sources of emissions are concentrated on the soil and in wastes from coffee farming operations. “Soon this piece of information will be required by the market. “We are acting in advance”, Cerri says.

84

CONSIDERATIONS The conclusion of

the first phase of the Greenhouse Gas Emission Inventory (GEE) in Coffee Farming, held from September 2009 to August 2010, showed that the activity is not a relevant producer of Greenhouse Gases if compared to other crops. The coordinator of the study, Carlos Clementi Cerri, argues that other cereals release three to four times more gas. However, he maintains that it is possible to reduce the emissions in coffee farming operations. Among the worrying results of the research is the fact that the use nitrogen-based fertilization has an enormous impact on the emissions derived from coffee plantations. This type of fertilization releases N20, a type of gas that aggravates the effects of the greenhouse gases. In Mata de Minas, 78% of all analyzed emissions stem from the use of fertilizers that contain nitrogen in their composition; in the Cerrado region, they account for 75%; and, in South Minas Gerais, for 50%. The South enjoys an advantageous position because of the use of organomineral fertilizers. The diagnosis points out that the use of lime, fossil fuels and electricity represents a smaller share in total gas emissions, compared to fertilizers. Taking into consideration the intensity of CO2 emissions equivalent, The Cerrado region comes first. In this region, it was ascertained that 4.95 tons of carbon dioxide (CO2 eq.) per hectare are launched into the air. In Zona da Mata, it is 2.83 thousand tons and in Minas, 2.03 thousand tons per hectare.


Sテュlvio テ」ila

Research dimensions the emission of greenhouse gases by coffee farming operations to verify how to reduce the environmental impact of the activity

85


O Sequestro festejado

Inor Ag. Assmann

Além de identificar as emissões de gases da cafeicultura,estudo verifica quanto de carbono é fixado na atividade e como melhorar essa equação

86


O

O diagnóstico do Inventário de Emissão de Gases do Efeito Estufa (GEE) na Cafeicultura indica conclusões importantes sobre medidas capazes de minimizar o impacto ambiental e a contribuição da cadeia produtiva para o aquecimento global. O coordenador do estudo e pesquisador do Centro de Energia Nuclear na Agricultura da Universidade de São Paulo (Cena/ USP), Carlos Clemente Cerri, diz que reduzir a emissão de gases na cafeicultura, como a do óxido nitroso (N2O), exigirá ajustes no sistema produtivo. Uma saída é o uso de fertilizantes com inibidores. “É o caso da adoção de insumo com inibidores de uréase (enzima responsável por decompor a ureia em amônia), nitrificação (processo formador de nitrito no solo pela ação de bactérias) e desnitrificação (formação de gás nitrogênio a partir de outras substâncias que também sofrem ação de bactérias)”, cita. Para Cerri, o diagnóstico evidencia que técnicos e produtores devem adequar as doses, as fontes e a forma de aplicação desse insumo. Uma solução é seguir o exemplo da cafeicultura do Sul de Minas Gerais, onde há maior uso de fertilizantes organominerais, o que reduz custos, dá mais rendimento e diminui a geração de gases. “Adotar máquinas e formas de energia mais eficientes também é importante”, acrescenta. As medidas capazes de minimizar as emissões de gases do efeito estufa na produção de café também podem incluir o sombreamento, com o cultivo de árvores

nas entrelinhas do café e/ou em quebraventos nas áreas de produção. São práticas capazes de imobilizar o CO2 da atmosfera ao fixar o carbono nas árvores. O uso da madeira para fabricar móveis ou na construção civil mantém o dióxido de carbono aprisionado, eliminando a produção do gás. A evolução do uso de máquinas nos procedimentos da lavoura e o transporte também ampliam a queima de combustíveis derivados de petróleo. Nesse caso, os pesquisadores recomendam substituílos por etanol, medida capaz de gerar economia de até 70% nas emissões de CO2 em uma propriedade. “O etanol é considerado um produto neutro, pois o gás emitido no cultivo da matéria-prima é compensado pela baixa emissão na forma do combustível”, explica Cerri.

CARBONO Na segunda fase das pesquisas de campo do Inventário de Emissão de Gases do Efeito Estufa (GEE) na Cafeicultura, desenvolvido pelo Cena/ USP, com apoio da empresa illycaffè, serão incluídos dois fatores que completam a equação que determina o índice de emissões de GEE. O estudo irá mensurar o carbono do solo e da biomassa para identificar o total fixado. “Os primeiros resultados identificaram o volume emitido, mas agora vamos mostrar quanto é sequestrado para ter um resultado líquido”, explica Carlos Clemente Cerri, coordenador do estudo.

Ao final, a pesquisa indicará o volume total de gases emitidos, menos o carbono fixado, com um resultado real. Os comparativos são feitos entre as lavouras de café, a mata nativa – antigamente derrubada para formar as lavouras – e as pastagens, substituídas por cafezais atualmente. Nesse caso, são comparadas as mudanças do estoque de carbono. As pesquisas de campo estão em fase final de contagem nos laboratórios e são foco de teses de doutorado e dissertações de mestrado da universidade, que fornecerão base importante às pesquisas e às práticas recomendadas à cadeia produtiva para minimizar o impacto da cultura no aquecimento global. “Com esses resultados saberemos o volume médio emitido e capturado de carbono, o que será importante para encontrar formas de conciliar rendimento, produção e sustentabilidade da cafeicultura mineira e, mais adiante, do Brasil”, relata Cerri. Para o pesquisador, a partir de trabalhos como este pode se tornar possível a fixação de carbono em outras áreas do ciclo produtivo. Dessa forma, o Brasil seria capaz de atingir a produção de um café com carbono zero, o suficiente para torná-lo um referencial diferenciado na cafeicultura mundial. Os cálculos não devem parar nesta amostragem e deverão alcançar outras áreas da cadeia produtiva, como o beneficiamento. Os resultados da segunda fase de estudos devem ser divulgados até agosto de 2011.

87


Sequestration

Sテュlvio テ」ila

celebrated

88


Besides identifying greenhouse gas emissions from coffee plantations, study

ascertains how much carbon is fixed in the activity and how to improve this equation The diagnosis by the Inventory of Greenhouse Gas Emissions (GEE) in Coffee Farming reaches relevant conclusions on measures able to minimize the environmental impact and the production chain’s share in global warming. The coordinator of the study and researcher with the Center for Nuclear Energy in Agriculture of the University of São Paulo (Cena/USP), Carlos Clemente Cerri, maintains that if it comes to reducing gas emissions in coffee farming, like nitrous oxide (N2O), adjustments in the production system will have to be implemented. A way out could be the use of fertilizers with inhibitors. “It is the case of inputs with urease inhibitors (enzyme that decomposes urea into ammonia), nitrification (process that creates nitrites through nitrobacteria action) and denitrification (a process that produces nitrogen gas from substances under the action of bacteria), he explains. Cerri takes it that the diagnosis makes it clear that technicians and producers should adjust the doses, the sources and the manner the input is applied. A solution could come from the coffee plantations in South Minas Gerais, where organo-mineral fertilizers are lushly applied, because they lower costs, boost yields and reduce gas emissions. “The use of more efficient machinery and energy sources is also a factor”, he adds. The measures capable of minimizing greenhouse gas emissions in the production of coffee could also include shade coffee plantations where the plants grow under the canopy of shade trees planted within the rows and/or protected by windbreaks. These practices could immobilize the CO2 of the atmosphere by fixing the carbon in the trees. The use of the timber for manufacturing furniture in civil construction arrests the carbon dioxide, eliminating the production of gas. The ever-soaring use of machinery for cultural practices and transport purposes also increase the amount of fossil fuels burned in these operations. In this case, researchers recommend their replacement with ethanol powered engines, a move that could reduce greenhouse gas emissions by up to 70% on the farm. “Ethanol is viewed as a neutral fuel, since the gas produced by the raw material is compensated by the low emission rates in its fuel state”, Cerri explains.

CARBON In the second stage in the Field experiments of the Inventory of Greenhouse Gas Emissions (GEE) in Coffee Farming, developed by Cena/USP, under support from illycaffè, a coffee company, two factors that complete the equation that determines the Gee index will be included. The study is set to measure the soil and biomass carbon levels to identify the fixed amount. “The first results identified the volume, but now we are going to show how much is sequestered for achieving a net result” explains Carlos Clemente Cerri, coordinator of the study. At the end, the research will show the total volume of gases, except the fixed carbon, with a real result. The comparisons are conducted between coffee plantations, native forests – in the past cut down for the establishment of fields – and pasturelands, currently replaced by coffee fields. In this case, the changes in carbon stocks are compared. The field experiments are now in their counting phase in the labs and are used as subjects for PhD and Master Degree theses in universities, which, in turn, will furnish an important base for the research works, along with recommendations to the production chains on how to minimize the impact of the crop on global warming. “From these results we will learn about the amount of gas emissions and sequestered carbon, which will play a relevant role in the process of coming up with formulas for equating yields, production volumes and sustainability of coffee farming in Minas Gerais and, later, in Brazil”, Cerri notes. The researcher understands that on the grounds of such research works it might make carbon fixation possible in other areas of the production cycle, leading Brazil to achieve a stage in which coffee is produced at zero carbon levels, quite a good chance for turning it into a distinct reference in global coffee farming. The calculations are not to stop at this sampling operation and are likely to reach other areas in the production chain, like processing, for example. The results of the second phase of the study are due to be published by August 2011. 89


Livre escolha

O

Os produtores brasileiros contarão em breve com três novas cultivares de café arábica desenvolvidas pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC) para ampliar a tecnologia das lavouras. São variedades com características importantes para a cultura, como alta produtividade, porte baixo, ótima qualidade de bebida e resistência a doenças. O pesquisador Oliveiro Guerreiro Filho, do Centro do Café do IAC, explica que a fase é de registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Contudo, elas estarão disponíveis para a produção de sementes e mudas em todas as regiões cafeeiras do Brasil na safra 2012. As variedades lançadas pelo IAC são Tupi RN IAC 166913, Ouro Verde IAC H 5010-5 e Obatã Amarelo IAC 4739. O pesquisador ressalta que duas, Tupi e Obatã Amarelo, são resistentes à ferrugem, principal doença do cafeeiro. Essa característica genética pode reduzir em 10% o uso de defensivos agrícolas, com menor custo de produção e impacto ambiental. A cultivar Tupi também é resistente ao nematoide Meloidogyne exigua, espécie mais disseminada nos polos de produção nacional, o que a torna alternativa importante aos cafeicultores. As cultivares têm produtividade média entre 40 e 60 sacas por hectare de café beneficiado em áreas irrigadas, para as quais são especialmente recomendadas. Nas regiões não irrigadas, o rendimento varia entre 30 e 45 sacas por hectare. Guerreiro Filho relata que 75% da produção nacional é do tipo arábica, dos quais 45% utilizam a variedade Catuaí e 35% a Mundo Novo, lançadas nas décadas de 1970 e 1950, respectivamente. “Apesar de o cafeicultor ser tradicional na escolha das plantas, os centros de pesquisas lançam variedades cada vez mais adaptadas às características agronômicas e climáticas das

90

Sílvio Ávila

IAC encaminha o registro de três novas cultivares de café arábica, que se destacam pelo porte baixo e pela qualidade da bebida

regiões, identificadas com demandas da indústria e do consumidor”, destaca o pesquisador. A adoção, assegura, é lenta e gradual. “O produtor planta uma área pequena, experimenta, e só aumenta de acordo com os resultados das primeiras safras e a qualidade da bebida.”

DIFERENCIAIS Pelo porte baixo, as novas cultivares do IAC facilitam a colheita, reduzindo o custo de mão de obra, e garantem o cultivo de mais plantas por área. A Tupi é a mais precoce na maturação dos frutos, seguida da Ouro Verde, com ciclo médio, e da Obatã Amarelo, de médio a tardio. Dessa forma o cafeicultor pode colher em períodos diferentes, com uma gestão mais eficiente da mão de obra e dos recursos de colheita. A qualidade das bebidas também é um ponto fundamental dos novos materiais. Se um ranking fosse feito com essas cultivares, segundo o pesquisador Oliveiro Guerreiro Filho, do IAC, a Ouro Verde ficaria na primeira posição, com qualidade de bebida considerada excelente. As outras duas viriam logo atrás, classificadas com boa qualidade. “Todas são boas, mas há pequenas variações”, explica o pesquisador.


choice

Free

IAC is registering three new

cultivars of Arabica coffee and they stand out for their small size and quality of the beverage

The Brazilian coffee producers will soon have three new Arabica coffee cultivars developed by the Agronomic Institute of Campinas (IAC) for the purpose of expanding field technologies. These are varieties that carry important traits for the crop, like high productivity rates, small size, excellent beverage quality and resistance to diseases. Researcher

Oliveiro Guerreiro Filho, of the IAC Coffee Center, explains that the time has come to register the varieties with the Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply (Mapa). Nevertheless, they will be available for the production of seeds and seedlings in all coffee producing regions across Brazil in the 2012 crop year. The varieties launched by IAC are Tupi RN IAC 166913, Ouro Verde IAC H 5010-5 and Obatã Amarelo IAC 4739. The researcher points out that two of them, Tupi and Obatã Amarelo, are resistant to rust, a major coffee tree disease. This genetic trait could reduce by 10% the use of agrochemicals, resulting into smaller production cost and lower environmental impact. The Tupy cultivar is also resistant to the Meloidogyne exígua nematode, the most disseminated strain in the national production hubs, turning it into an important alternative for the coffee growers. Average productivity rates of the cultivars range from 40 to 60 sacks of processed coffee per hectare in irrigated areas, for which there are particularly recommended. In the non-irrigated regions, the yield reaches from 30 to 35 sacks per hectare. Guerreiro Filho maintains that 75% of the national production is Arabica coffee, of which, 45% come from the Catuaí variety and 35%, Mundo Novo, launched in the 1970s and 1950s, respectively. “Although growers continue very traditional in their choice of the plants, research centers always launch varieties more and more adapted to the agronomic and climatic characteristics of the regions, identified through demands from the industry and from the consumers”, the researcher explains. The adoption of a variety, he says, is slow and gradual. “Growers plant a small area as a trial field, and expand the plantations according to the results of the first crops and the quality of the beverage is also a factor”.

DISTINCTIONS Because of their small size, the IAC cultivars facilitate the harvesting operations, reduce labor costs and allow for bigger number of plants per area. Tupi is the most premature variety if fruit maturation is considered, followed by Ouro Verde, with a medium cycle, and by Obatã Amarelo, from medium to long cycle. This makes it possible for the farmers to harvest in different periods, making a better use of labor and other resources. Beverage quality is also a basic trait of the new cultivars. If we ranked these new cultivars in order of importance, says researcher Oliveiro Guerreiro Filho, of IAC, Ouro Verde would be n° one, with the quality of the beverage considered excellent. The other two would come next, classified as good quality. “All of them are good, but there are minor variations”, the researcher explains. 91


Caça ao tesouro desenvolvimento de materiais e prioriza a seleção de plantas com

O

qualidade de bebida superior

O Instituto Agronômico de Campinas (IAC), vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, lançou em maio de 2011, na abertura da safra paulista, o Programa de Cafés Especiais. Segundo o pesquisador do instituto Gerson Silva Giomo, o programa tem por meta complementar ações do melhoramento genético convencional do cafeeiro desenvolvido pelo Centro de Café do IAC. Serão concentrados esforços de diferentes áreas de pesquisas, como pré e pós-melhoramento, para acelerar a obtenção de cultivares de café arábica adaptadas aos diversos ambientes de produção, com maior aptidão genética para produzir bebidas especiais com perfil sensorial diferenciado em sabor e aroma. “O objetivo é garantir qualidade ao café, da semente à xícara”, diz o pesquisador. A iniciativa une pesquisadores, produtores, torrefadores e comerciantes com a meta de aprimorar a qualidade do produto brasileiro. Além desse diferencial, o programa prevê o desenvolvimento de novas cultivares em prazo menor que os até 30 anos do sistema convencional. Com técnicas modernas de seleção e propagação de plantas, esse prazo poderá ser reduzido à metade. Aprevisão é desenvolver, inicialmente, três tipos de café para filtro (coador) e outros três para espresso. São grãos obtidos de cultivares ainda em fase de melhoramento genético, incluindo as de alta qualidade de bebida, como o Bourbon Amarelo. Os híbridos em seleção foram obtidos a partir de materiais nacionais e importados, com foco no produto com aroma e sabor diferenciados das cultivares comerciais. Participaram da formação variedades como Bourbon (vermelho e amarelo), Caturra, Catuaí, Icatu, Obatã e Mundo Novo, entre outras. De acordo com Giomo, os materiais em seleção têm boas

92

Inor Ag. Assmann

Programa de Cafés Especiais do IAC visa a acelerar o

características qualitativas e vantagens em relação ao tamanho do grão e à bebida se comparadas às testemunhas, além de produtividade igual ou superior. Considerando-se a diversidade do Banco de Germoplasma do IAC, existem inúmeras características que podem ser exploradas nas novas cultivares, com potencial para produzir cafés superiores. “São matérias-primas que possuem atributos sensoriais distintos, nos quais destacam-se aroma, sabor, doçura, corpo e acidez da bebida”, frisa. Ele explica que o programa se distingue de outras iniciativas por priorizar a qualidade de bebida e o perfil sensorial diferenciado na seleção de plantas. “Em outros programas a qualidade da bebida fica por último ou sequer é avaliada”. Diz ainda que há materiais resgatados e outros desenvolvidos a partir de novas combinações genéticas. Os grãos especiais se diferenciam pela qualidade superior da bebida. São cafés finos, aromáticos, agradáveis ao paladar e sem defeitos. Quanto mais complexo e diferenciado for o perfil sensorial, maior o valor no mercado. Bem preparados, não requerem qualquer aditivo para serem consumidos. É uma bebida que se ingere pura, sem adição de açúcar, leite, chocolate ou outro complemento.


hunting

Treasure

IAC’Specialty Coffees Program intends

to speed up the development of cultivars and gives priority to plants that yield superior quality beverage

The Agronomic Institute of Campinas (IAC), linked to the Secretariat of Agriculture and Supply of the State of São Paulo, launched the Specialty Coffees Program at the start of the season in São Paulo, in May 2011. According to Gerson Silva Giomo, researcher of the institute, the target of the program is to complement

the conventional coffee tree genetic enhancement developed by the IAC Coffee Center. Concerted efforts will include different research areas like pre and post-enhancement to speed up the creation of new Arabica coffee cultivars, adapted to various production environments, with improved genetic aptitude for the production of special beverages, with a different sensory profile both in aroma and flavor. “The goal is to make sure the quality of the coffee is preserved, from seed to cup”, says the researcher. The initiative brings together researchers, producers, coffee roasting industries and merchants with the target to enhance the quality of the Brazilian product. Besides this distinguished trait, the program is set to come up with the development of new cultivars in a shorter period of time compared to the 30 years in the conventional system. Relying on modern plant selection and propagation technology, this timeframe could be reduced by half. The Idea is

to, initially, produce three types of filter coffees and three others for espresso. These are beans that come from cultivars still in the genetic enhancement phase, including the ones for high quality beverage, like Bourbon Amarelo. The selected hybrids came from national and imported strains, focused on products with aroma and flavor distinct from commercial cultivars. The following varieties are included in the process: Bourbon (red and yellow), Caturra, Catuaí, Icatu, Obatã and Mundo Novo, among others. According to Giomo, the materials under selection present excellent qualitative traits and advantages with regard to bean size and to the beverage if compared to the counterparts, besides equal or superior productivity. Considering the diversity of the IAC program, there are countless traits that could be explored in the new cultivars, with the potential to produce premium coffees. “These are raw materials with distinct sensory attributes, especially aroma, flavor, sweetness, body and acidity”, he explains. He makes it clear that the program is different from other initiatives in that it lends priority to the quality of the beverage and to the distinct sensory profile in the selection process of the plants. “In other programs the quality of the beverage comes last, or is not considered”. He also recalls that there are rescued materials and others developed from new genetic combinations. What makes a difference with special beans is the superior quality of the beverage. These coffees are fine, aromatic, pleasant to the palate and flawless. The more complex and distinct the sensory profile, the bigger the market value. If well prepared, they will not require any additive for consumption. It is beverage that is ingested pure, without sugar, milk, chocolate or other component.

93


Preparadas para o calor Iapar desenvolve variedades

adaptadas às mudanças climáticas geradas pelo aquecimento global

E

Em seu programa de melhoramento genético, que integra o Modelo Tecnológico de Café Adensado, o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) está desenvolvendo cultivares adaptadas à seca e ao calor, antevendo o aumento das temperaturas médias globais decorrentes do aquecimento global. O coordenador do Programa de Melhoramento Genético de Café da instituição, Tumoru Sera, destaca que esta é apenas uma das linhas de pesquisa, que também tem foco em qualidade de bebida, produtividade, mecanização da lavoura e resistência a doenças e nematoides. Soma-se à proposta um sistema de manejo capaz de minimizar os riscos e os danos da geada e de fortes oscilações da temperatura. O projeto de adaptação das cultivares à seca e ao calor tem o apoio do Consórcio de Pesquisa do Café. “A partir de retrocruzamentos tradicionais do Coffea arabica com Coffea canephora e Coffea liberica, mantendo as características de bebida do arábica, mas transferindo a robustez, a rusticidade e a adaptabilidade das outras espécies ao ambiente, chegamos a excelentes resultados”, afirma Sera. “Foram geradas 13 cultivares arábicas com genes dessas espécies, sendo quatro delas potencialmente adaptadas às regiões mais quentes e secas, com variação de média climática até dois graus acima do atual limite superior de 23ºC anuais do café arábica, isto é, 25ºC.” O trabalho é desenvolvido há mais de 30 anos. No estudo constatou-se que a espécie C. liberica tem raízes mais robustas que, mesmo frente às adversidades ambientais, são capazes de nutrir com eficiência a planta. Essa é uma das características genéticas desejáveis para fortalecer as cultivares de arábica por tecnologia tradicional (não transgênica), além da resistência a doenças e pragas. Em produtividade, características de fruto e qualidade de bebida, no entanto, mantém-se os padrões das melhores plantas arábicas do Brasil. Na avaliação de Sera, este é um avanço significativo para a cafeicultura no Paraná, que deve se tornar mais efetiva à medi-

94

da que ferramentas da biotecnologia, como marcadores moleculares, passarem a ser usadas associadas ao suporte de cultivares híbridas e clonagem. Assim, será possível reduzir o tempo gasto na produção de cultivares do tipo linhagem de 30 anos para oito a 12 anos. Das 13 cultivares que o Iapar registrou no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), três são oriundas de cruzamento com o C. liberica e 11 com o C. canephora, mas que ainda exigem pesquisas complementares sobre o grau de adaptabilidade em ambiente quente e seco. Estudos para aproveitamento de características de germoplasma portador de genes da espécie Coffea racemosa com 93% de genes de arábica, ainda mais adaptada à seca e ao calor e com resistência ao bicho mineiro, também estão em andamento. “Nesse caso a tolerância será maior”, destaca o pesquisador. A faixa de adaptação das cultivares de arábica é de temperaturas médias de 20ºC a 21ºC, com margens inferiores de 18ºC a 19ºC e superiores de 22ºC a 23ºC. Sera observa que, “se o aquecimento global elevar essas médias para 24ºC a 25ºC, afetará a produção. Daí a busca por variedades resistentes que agreguem características desejáveis, como qualidade de bebida, resistência a doenças, pragas e produtividade”. Para a próxima década, confirmadas as previsões de aquecimento do planeta, os cruzamentos com C. canephora e C. liberica serão suficientes;


Inor Ag. Assmann

mas no caso de uma piora da previsão, as experiências com C. racemosa serão a base da adaptação de novas cultivares, num prazo que vai de 10 a 15 anos.

REFORÇO Das 13 cultivares arábica registradas pelo Iapar, foram lançadas quatro: Iapar 59, IPR 98, IPR 99 e IPR 103. Nenhuma delas, porém, foi difundida para plantio em larga escala, resumindo-se ao cultivo em testes de campo. As variedades, testadas nas quatro últimas safras sob temperaturas médias de 22ºC a 23ºC, indicam boa produtividade, menores danos causados por seca e calor, melhor adaptação do que a cultivar Catuaí e muito boa qualidade de bebida. Em 2011, o Iapar lançará a cultivar IPR 100, arábica com genes do Coffea liberica. A maturação é uniforme, com características da Catuaí e resistência até 10% maior ao estresse climático. O novo material é indicado a regiões com temperatura média acima de 21ºC a 23ºC, o que inclui a região do Arenito Caiuá, no Paraná. A região tem solo arenoso, com menor capacidade de retenção de água, característica que afeta o enchimento de grãos e a produtividade. “A adaptação à seca e ao calor é importante por agregar produtividade pela melhor nutrição da planta”, diz Tumoru Sera, melhorista do Iapar. As variedades adaptadas a uma temperatura média superior,

entre 23ºC e 25ºC, têm ciclo até 20% mais tardio que as principais cultivares usadas no Brasil. O sistema de manejo desenvolvido pelo Iapar, com zoneamento climático por cultivar e população de plantas, estabelece padrões que minimizam o risco de danos por geadas, pois no início de junho estão com 80% ou mais frutos maduros e favorecem colheita mecanizada. O ciclo maior agrega rendimento. Plantas com essa característica têm um robusto sistema de raízes, mais eficiente na absorção de nutrientes. Sera destaca que só as cultivares não bastam para obter melhores resultados na lavoura. “Trabalhamos com todo o sistema de produção, de pequenas propriedades a megafazendas, preferencialmente com café adensado e processos mecanizados adequados à realidade de cada propriedade”, diz. Ele observa que o maior problema visualizado pelos cientistas até o momento não é apenas a elevação das temperaturas médias, mas o efeito sobre a regularidade na distribuição das chuvas. “Atualmente, se nota que a média é igual, mas as chuvas são concentradas e intensas, enquanto a seca é prolongada. A quebra do ciclo das águas representa mais riscos. Quando chove demais, são as doenças. Quando estia, pragas e falta de enchimento do grão”, explica. A outra variedade resultante do cruzamento do C. arabica com o C. liberica é a IPR 105, que tem expectativa de ainda melhor adaptação ao calor.

95


Bracing for hot

weather In its genetic enhancement program, which part of the Technological Model for Dense Coffee Fields, the Agronomic Institute of Paraná (Iapar) is developing cultivars adapted to drought conditions and hot weather, anticipating the higher average global temperatures induced by global warming. The coordinator of the Coffee Genetic Enhancement Program of the institution, Tumoru Sera, mentions that this is just one research line, which is also focused on beverage quality, productivity, adjustment to field mechanization and resistance to nematodes and diseases. Furthermore, there is a management system able to minimize risks and damages induced by frost conditions and by sharp temperature oscillations. The project focused on adapting the cultivars to drought conditions and warm temperatures relies on support from the Coffee Research Consortium. Based on traditional retro-crossings of Coffea arabica with Coffea canephora and Coffea liberica, maintaining the characteristics of the Arabica-based beverage, but transferring the sturdiness, rusticity and adaptability of the other species to the environment, we achieved excellent results”, says Sera. “In all, there are 13 Arabica cultivars, and four of them are potentially adapted to the warmest and driest regions, with average climate changes of up to two degrees above the current upper limit, of the annual 23ºC of the Arabica variety, that is to say, 25°C”. The work has been conducted for more than 30 years. The study ascertained that the C. liberica species has more robust roots, which, although facing environmental adversities, is capable of efficiently nourishing the plant. This is a desirable trait for strengthening the Arabica cultivars through traditional technology (non-transgenic), besides the resistance to diseases and pests. In terms of productivity, fruit traits and quality of the beverage, it keeps the standards of the best Arabica plants in Brazil. In Sera’s view, this represents a significant step forward for the coffee farming business, which should become even more effective once biotechnology tools, like molecular markers, are used associated with the support from hybrid cultivars and clones. Therefore, it will be possible to reduce the time for developing cultivar strains from 30 to 12 years. Of the 13 cultivars registered Iapar in the Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply (Mapa), three come from crossings with the C. liberica and 11 with the C. canephora, but still require complementary research works regarding their adaptability to hot and dry environments. Studies for taking advantage of the germ plasm characteristics

96

bearing the genes of the Coffea racemosa, with 93% of coffee Arabica genes, more adapted to hot weather, drought conditions and to the leaf miner, are also being conducted. “In this case there will be a wider range of tolerance”, says the researcher. The adaptation range of the Arabica cultivars varies from average temperatures of 20ºC to 21ºC, with lower margins of 18ºC to 19ºC and upper margins of 22ºC to 23ºC. Sera observes that, “if global warming raises these average temperatures to 24ºC or 25ºC, it will affect production. This explains the search for resistant varieties with desirable characteristics, like beverage quality, resistance to diseases and pests, plus productivity”. For the coming decade, if the predicted warmer temperatures of the planet confirm, the crossings with C. canephora and C. liberica will be sufficient; but in the case the forecast temperature is surpassed, the experiments with C. racemosa will turn into the basis for adapting new cultivars, over a 10 to 15 year period.

REINFORCEMENT Of the 13 Arabica cultivars registered by the Iapar, four have so far been launched: Iapar 59, IPR 98, IPR 99 and IPR 103. None of them, nevertheless, have been released for commercial operations, as they are still in their field trial stage. The varieties, tested over the past four crops under average temperatures of 22ºC to 23ºC, point to good productivity rates, less damage caused by drought conditions and hot weather, better adapted compared to the Catuaí cultivar and very good beverage quality. In 2011, the Iapar will launch the IPR 100 cultivar, Arabica with Coffea liberica genes. The maturation process shows uniformity, with the characteristics of the Catuaí and resistance up to 10% higher to cli-


Sílvio Ávila

Iapar develops varieties able to sustain climate changes induced by global warming

mate stress. The new variety is recommended for regions with average temperatures above 21ºC to 23ºC, which includes the region of Arenito Caiuá, in Paraná. Sandy soil predominates in the region, with smaller water retention capacity, characteristic that affects the grain filling process and productivity. “The capacity to endure drought conditions and hot temperatures is important in terms of adding productivity for better plant nutrition”, says Tumoru Sera, ameliorator with Iapar. The varieties adapted to higher average temperatures, between 23ºC and 25ºC, have a 20-percent longer maturing cycle compared to the main cultivars used in Brazil. The management system developed by the Iapar, with climatic zoning per cultivar and plant population, sets standards that minimize the risk of frost induced damages, seeing that, in early June, over 80% of their fruit have already matured and they respond well to mechanized harvesting. The longer cycle makes productivity soar. Plants that bear such characteristics have a robust

root system, and are more efficient at nutrient absorption. Sera recalls that cultivars alone are not enough to yield good field results. “We involve the entire production system, from small-scale family operations to huge commercial farms, preferably with dense coffee plantations and mechanized processes, in line with the reality of every different farm”, he says. He observes, nonetheless, that a major problem up to the moment, detected by the scientists, is not only the higher average temperatures but the effect on the timely distribution of the rainfalls. “Nowadays, it is clear that the average temperature is the same, but the rainfalls are rather concentrated and very intense, while drought conditions tend to last longer. A rupture in the cycle of the rainfalls represents more risks. In the case o excessive precipitation, diseases will surface. Under drought conditions, it is pests and poor grain filling”, he explains. The other variety resulting from the crossing of C. arabica with C. liberica is known as IPR 105, which is expected to further improve its adaptation capacity to hot weather conditions.

97


Morro

acima Cultivar Paraíso,desenvolvida pela Epamig,exige menos aplicações de defensivos e é indicada para a cafeicultura de montanha

98

Inor Ag. Assmann

R

Resistência à ferrugem e ao nematoide, alta produtividade e excelente qualidade de bebida são algumas das características da cultivar Paraíso (MGH 419-1), desenvolvida pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) para ambiente de montanha. Caracterizada por pequenas propriedades e agricultura familiar, a cafeicultura de montanha tem entre suas limitações o clima ameno e os terrenos em declive, que dificultam a mecanização. Nesses ambientes o manejo é feito, basicamente, por mão de obra familiar. Adaptada às temperaturas amenas das regiões mais altas, a Paraíso tem na resistência à ferrugem – uma das principais doenças do cafeeiro – e ao nematoide um trunfo que facilita o manejo da lavoura, pois reduz a exigência de aplicações manuais de defensivos. A resistência ao nematoide também permite seu uso em renovação de área. Além disso, o porte baixo diminui o distanciamento de plantio, melhorando o aproveitamento da área. O pesquisador Antonio Alves Pereira, da Epamig Zona da Mata, revela que em diversas regiões de Minas Gerais o material mostra elevado vigor vegetativo e produtividade acima das variedades tradicionais. Na Fazenda Experimental de Machado, região com média anual de temperatura abaixo dos 18°C, a cultivar mostrou bons resultados, o que se repete em zonas com temperaturas superiores. Segundo Pereira, avaliações na Fazenda Experimental da Epamig em São Sebastião do Paraíso (MG) apontaram que o material teve melhor produtividade, com média de 61,1 sacas por hectare, em oito colheitas. Entretanto, alerta que o desenvolvimento inicial da variedade é lento se comparado à Catuaí. O pesquisador aconselha o cafeicultor a estudar bem as possibilidades antes de inserir novo tipo de plantas em sua lavoura. “Recomenda-se iniciar com pequenos talhões de diferentes cultivares antes de começar o plantio em escala. Depois de três a quatro colheitas, deve-se avaliar os resultados e identificar aquela cultivar que melhor se adapta à sua realidade”, indica. A Paraíso requer cuidados específicos no momento do plantio. É recomendado o uso de sementes certificadas, compradas de instituições idôneas, para ter garantia da pureza genética do material. Além disso, o solo deve passar por correção e adubação baseadas em eficiente análise. A adubação de cobertura também deve se basear na análise de solo, preferencialmente com uso associado de matéria orgânica.


Uphill Paraíso Cultivar,developed by Epamig,requires fewer chemical

applications and is recommended for highland coffee farms Resistance to rust and nematodes, high yield and excellent beverage quality are some of the characteristics of the Paraíso cultivar (MGH 419-1), developed by the Agricultural Research Corporation of Minas Gerais (Epamig) for hilly areas. Very common in small-scale farms and family farming operations, highland coffee farming is influenced by such limitations as mild climate conditions and steep terrain, which make mechanization very difficult. In such environments most cultural practices are carried out by family labor. Adapted to the mild climate conditions in the highlands, the Paraíso cultivar owes its success to its resistance to rust – a major coffee plant disease – and to nematodes, as there is no need for many manual chemical applications. Its resistance to nematodes also makes it appropriate for area renewal purposes. Furthermore, because of its small size no big spacing between rows and plants is needed, leading to good use of the area. Researcher Antonio Alves Pereira, of Epamig Zona da Mata, maintains that in several regions across Minas Gerais the cultivar boasts high vigorous vegetative Power and productivity rates that exceed traditional varieties. In an Experimental Farm located in Machado, region where average annual temperatures remain below 18°C, the cultivar has proved very efficient, a fact that is repeated in regions with higher temperatures. According to Pereira, assessments carried out at Epamig’s Experimental Farm in São Sebastião do Paraíso (MG) attested to the higher-than-normal yield of this cultivar, with 61.1 sacks per hectare, on average, in eight consecutive harvests. Nevertheless, he warns that the initial development stage of this variety is low compared to the Catuaí cultivar. The researcher recommends the coffee farmers to carefully evaluate the possible consequences, either bad or good, before introducing a new variety in their farm. “The recommendation is for starting with small stretches of the new cultivars before doing huge plantations. After three or four crops, the results should be evaluated in order to identify the cultivars that Best adapted to the specific reality”, he notes. Paraíso is a cultivar that requires special attention at planting time. The recommendation is for using certified seed, purchased from acknowledged institutions, so as to guarantee genetic purity. Soil correction and fertilization, based on careful analysis, are also a requirement. Sidedressing fertilization should also be based on soil analysis, preferably with the associated use of organic matter.

99


Inor Ag. Assmann

Não passa nada Equipamento desenvolvido pela Embrapa analisa com precisão a pureza de cafés torrados e moídos e elimina riscos de fraude

E

Em 2010, quando passou a vigorar a Instrução Normativa nº 16/2010, que definiu regras para medir impurezas e a qualidade de bebida do café torrado e moído, a preocupação da cadeia produtiva era com os mecanismos de fiscalização. A IN16, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), estabeleceu três regras a serem cumpridas para a comercialização interna e a importação do café torrado e moído no Brasil: percentual máximo de umidade de 5%; percentual máximo em conjunto de impurezas, sedimentos e matérias estranhas de 1%; e Qualidade Global da Bebida menor que quatro pontos. A medida atende à demanda do se-

100

tor, que busca elevar a qualidade do café, mas o grande gargalo era encontrar uma forma eficiente de fiscalizar a aplicação da norma. Com investimento de R$ 12 mil em materiais, cinco anos de pesquisa e tecnologia de ponta, a Embrapa Instrumentação, de São Carlos (SP), apresentou a resposta que a cafeicultura aguardava: desenvolveu o Analisador de Alimentos e Café (ALI-C). O equipamento é um passo importante para coibir as diversas formas de fraude no produto. Mesmo a borra do próprio café pode ser detectada. Segundo o físico que coordenou e executou o projeto, Washington Luiz de Barros Melo, inexiste em todo o mundo apare-

lho similar com essa finalidade. O estudo foi desenvolvido a partir da demanda de cafeicultores e da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). Com o equipamento, uma análise de pureza e qualidade cai de quatro horas, em média, para 20 segundos. O processo não é destrutivo, não altera as características do café e não envolve adição de substâncias químicas. O ALI-C analisa amostras do café torrado por dados obtidos através do efeito fototérmico do pó, comparando os dados obtidos de impurezas, cascas-paus, palhas e serragens, entre outras, com aqueles das amostras de café puro e os dados das amostras em análise. Com essas informações e uma


escapes

Nothing Equipment developed by Embrapa

accurately analyzes the degree of purity of roasted and ground coffees and eliminates any risk of fraud

relação matemática destas chega-se à determinação do teor daquela impureza. Esse é o único método que detecta borra de café. Este adulterante é o café usado que retorna ao comércio e não é detectado pelos métodos tradicionais. A empresa Quimis Aparelhos Científicos, sediada em Diadema (SP), colocará o aparelho no mercado ainda em 2011. Além de uma arma contra fraudes, o ALI-C é importante também para instrumentar a armazenagem e a comercialização do café ainda em grão. Armazenado fora de padrões adequados, o produto perde qualidade e preço, o que poderá ser evitado com testes realizados pelo aparelho. O envelhecimento do café, por exemplo, é facilmente detectado pelo equipamento.

In 2010, when Normative Instruction nº 16/2010 entered into force, defining the rules for measuring the impurities and the quality of the beverage made from roasted and ground coffee, the production chain had been very concerned with the inspection mechanisms. The IN16, of the Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply (Mapa), set forth three rules to be complied with at sales in the domestic market and imports of roasted and ground coffee in Brazil: maximum degree of moisture: 5%; maximum percentage of the amount of impurities, sediments and foreign matter: 1%; and Total Quality of the drink, below four points. The measure meets the demand of the sector, engaged in enhancing the quality of the coffee, but the big hurdle consisted in coming up with an efficient manner to inspect the compliance with the standard. With investments of R$ 12 thousand in materials, five years of research works and state-of-the-art technology, Embrapa Instrumentation, based in São Carlos (SP), came up with the response long-awaited by all coffee farming operations: the development of the Food and Coffee Analyzer (ALI-C). The equipment represents a huge step towards preventing the different types of coffee frauds. The dregs of the coffee itself can be detected. According to the physicist who coordi-

nated and executed the project, Washington Luiz de Barros Melo, there is no similar apparatus in the world for this purpose. The study was based on the demand by some coffee growing farmers and by the Brazilian Coffee Industry Association (Abic). With the equipment, a purity and quality analysis drops from four hours, on average, to 20 seconds. The process is not destructive, it does not alter the characteristics of the coffee and does not require any addition of chemical substances. The ALI-C analyzes roasted coffee from data obtained through the photo-thermal effect of the powder, comparing the data involving impurities, barks, sticks, straw and sawdust and others, with the samples from pure coffee, and the data of the samples under analysis. With such information and a mathematical relation between them, it is possible to determine the rate of such impurity. This is the only method that detects coffee dregs. This adulterating element is the used coffee that returns to the market and is not detected by the traditional methods. The company Quimis Aparelhos Científicos, based in Diadema (SP), is to launch the device in the market before the end of 2011. Besides being a weapon against frauds, the ALI-C is also important for instrumenting the warehousing and marketing of coffee beans. Stored under inadequate standards, the product loses its quality and price, which can be prevented with the tests conducted with this device. Aged coffee, for example, is easily detected by the equipment.

101


Sテュlvio テ」ila

Indテコstria

industry

R 102


Lado a lado

Indústrias cafeeiras produziram 4% a mais no período entre novembro de 2009 e outubro de 2010, acompanhando a elevação no consumo

R

Respaldada pelo consumo crescente dos últimos anos, a indústria brasileira do café investe para estar pronta a continuar nessa escalada, tanto quantitativa como qualitativamente. O setor é integrado por 1.222 torrefadoras, a grande maioria de pequeno porte e abrangendo mais de 2 mil marcas, e forneceu ao mercado volume correspondente a 19,1 milhões de sacas no período de novembro de 2009 a outubro de 2010. O desempenho supera em 4,03% o da temporada anterior, segundo os dados da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). Para os próximos dois anos, a entidade estima que os números de produção e consumo interno evoluam 5% ao ano, chegando a 21 milhões de sacas em 2012. Em termos de faturamento, as vendas de café industrializado em 2010 atingiram a R$ 7 bilhões e, no corrente ano, a expectativa é de que o valor obtido na comercialização do produto possa alcançar a R$ 7,5 bilhões. Os investimentos na área, especialmente entre as empresas de maior porte, que buscam a concentração, estão em torno de R$ 80 milhões por ano em

infraestrutura, maquinário e instalações fabris. A estes recursos somam-se as aplicações em marketing e publicidade, que ficam ao redor de R$ 50 milhões, impulsionando as vendas das marcas mais conhecidas. Também são lançadas mensalmente novas opções de cafés especiais para atender a esse segmento específico, que apresenta taxas maiores de crescimento (entre 15% e 20% ao ano). Em relação a mercados, a indústria brasileira atende basicamente ao interno, enquanto em nível externo se destaca a comercialização do grão verde. Os industrializados (torrado em grão e torrado e moído, com marca brasileira), contudo, são exportados regularmente desde 2002, quando a Abic e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) estabeleceram convênio de Projeto Setorial Integrado (PSI). Os valores neste comércio saltaram de US$ 2 milhões para mais de US$ 30 milhões, embora se verificasse um recuo recentemente em razão da crise mundial, ao mesmo tempo em que o câmbio continua problemático. Trabalha-se com a

perspectiva de aumentar essa participação a longo prazo, pela via já recomendada atualmente, de produtos de alta qualidade e maior valor.

CONSTANTE No caso do produto solúvel, o País é tradicional e grande exportador. A Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics) divulga que a capacidade instalada do setor, de l04 a 115 mil toneladas ao ano, equivalente a 4,5 a 5,0 milhões de sacas de grão verde, responde por mais de 60% de todo solúvel exportado pelos países produtores. Em 2010, o Brasil vendeu ao exterior 74.384 toneladas (correspondentes a 3,223 milhões de sacas), obtendo receita de US$ 518,79 milhões. A entidade enfatiza que a moderna indústria brasileira do setor produz todos os tipos de café que os clientes externos demandam e com alto padrão qualitativo e tecnológico. Vê ainda forte e geral expansão na demanda e, no mercado mundial, estima que, em 2015, cerca de 52% do consumo ocorra sob a forma de solúvel.

103


by side

Sテュlvio テ」ila

Side

104


Production at coffee industries went up 4% from November 2009 to October 2010, keeping pace with soaring consumption Propped up by soaring consumption over the past years, the Brazilian coffee industry is making investments to keep in line with this upward trend, both qualitatively and quantitatively. The sector comprises 1,222 coffee roasting industries, most of them small companies, and a total of upwards of 2 thousand brands, and supplied the market with a volume of 19.1 million sacks from November 2009 to October 2010. The performance is up 4.03% from the same period last year, according to data released by the Brazilian Coffee Industry Association (Abic). For the next two years, the entity expects the production volumes to rise 5% a year, reaching 21 million sacks in 2012. In terms of revenue, sales of industrialized coffee amounted to R$ 7 billion in 2010 and, in the current year, revenues from coffee sales are estimated at R$ 7.5 billion. Investments in the area, particularly by the big companies, which are in pursuit of concentration, reach about R$ 80 million a year in infrastructure, machinery and manufacturing plants. Investments in marketing and publicity amount to around R$ 50 million, driving the sales of the best known brands. New options of special coffees are also launched on a monthly basis to meet the needs of this specific segment, which presents higher growth rates (from 15% to 20% a year). With regard to the markets, the Brazilian industry basically supplies the domestic consumers, while foreign sales involve green coffee beans. Nevertheless, industrialized coffees (roasted beans, roasted and ground coffee – all Brazilian brands) have been exported regularly since 2002, when Abic and the Brazilian Investments and Export Promotion Agency (Apex-Brasil) entered into an Integrated Sectorial Project (PSI) agreement. The values in this market initiative jumped from US$ 2 million to upwards of US$ 30 million, in spite of a minor setback stemming from the global financial downturn and the recent unfavorable exchange rate fluctuations. In the long run, the expectation is for this share to go up, through the already recommended course of high quality and value added products.

CONSTANT In the case of soluble coffees, Brazil is a huge and traditional exporter. According to the Brazilian Soluble Coffee Industry Association (Abics), the installed capacity of the sector, from l04 to 115 thousand tons a year, equivalent to 4.5 to 5.0 million sacks of green beans, accounts for upwards of 60% of all soluble coffees exported by the coffee producing countries. In 2010, Brazil shipped abroad 74,384 tons (corresponding to 3.223 million sacks), bringing in revenue of US$ 518.79 million. The entity maintains that the modern Brazilian industry of the sector produces all types of coffee demanded by the foreign clients and with high qualitative and technological patterns. The entity also views demand rising steadily, while for the global market, it is estimated that by 2015, about 52% of all coffee consumed will be in soluble form. 105


Sílvio Ávila

Poder concentrado Fusões e aquisições têm modificado o cenário industrial brasileiro,com destaque para o avanço da participação estrangeira

O

O setor industrial do café está apresentando crescente concentração da produção em empresas maiores, que aumentam as operações na sua estrutura e efetuam aquisições. O fenômeno, presente com maior ênfase na última década, vem se acentuando. Assim, em outubro de 2010, as dez organizações mais expressivas já respondiam por 75,28% do total produzido pelas vinculadas à Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). No ano anterior, o percentual era de 72,90% e, em 2003, o índice ficava em 43,1%. Seguindo uma tendência verificada em outros segmentos, empresas grandes, com maior fôlego financeiro, aproveitam oportunidades de negócios que possibilitam ampliar vendas e atingir outras regiões e estados, expandindo a penetração no mercado nacional, analisa o diretor executivo da Abic, Nathan Herszkowicz. O processo se acelerou com a recente valorização dos preços do grão verde, apertando as margens da indústria no varejo, constata o consultor Carlos Brando, da P&A International Marketing. A absorção ocorre principalmente em empresas médias, com menor escala para adequar custos. As pequenas, que mantiveram a produção estável, mostram-se mais sustentáveis, com atuação em nível local e regional. Três empresas concentram a maior parte do café industrializado no País e as compras de outras marcas. A americana Sara Lee conquistou a liderança brasileira nos últimos anos com várias aquisições, a partir da Café do Ponto e da Seleto, em 1998, e dos cafés Pilão e Caboclo, em 2000. Em 2006, inaugurou a maior fábrica do setor na América Latina, em Jundiaí (SP), enquanto em 2008 incorporou a Moka, de São Paulo. Em 2010, foi a vez da Damasco, no Sul do País, com várias marcas. A empresa estaria em negociação também com a quarta colocada, a sergipana Maratá. Na segunda posição, conforme dados de 2010, está a 3 Co-

106

NA LINHA DE FRENTE • ON THE FRONTLINE As 10 maiores indústrias de café associadas da Abic Classificação UF Empresa 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

SP CE SP SE SP SP MG PB PR MG

Sara Lee Cafés do Brasil Ltda. Três Corações Alimentos S/A Melitta do Brasil Ind. e Com. Ltda. Inds. Alimts. Maratá Ltda. Cia. Cacique de Café Solúvel Mitsui Alimentos Ltda. Café Bom Dia Ltda. São Braz S/A Ind. e Com. de Alimentos Odebrecht Com. e Ind. de Café Ltda. Veloso e Tavares Ind. de Alims. Ltda.

Fonte: Abic (outubro de 2010)

rações, com sede no Ceará, que já detinha esta colocação no ano anterior, então sob o nome de Santa Clara. Recentemente, ampliou sua fatia, assumindo as operações da mineira Fino Grão. Seu faturamento, que foi de R$ 1,650 bilhão no período, pode atingir a R$ 2 bilhões em 2011. A alemã Melitta, sediada em São Paulo, ocupa o terceiro lugar, após ter avançado entre as líderes com a integração da Bom Jesus em 2006. A empresa vem registrando crescimento e aumentou o faturamento em 9% em 2010 em produtos à base de café, com expansão geográfica de suas marcas e avanço também no solúvel internamente, bem como nas exportações. Ainda entre as as dez primeiras, na comparação entre 2010 e 2009, o quadro se alterou a partir da sétima posição, onde estava a Damasco, adquirida pela Sara Lee, sendo ocupada pela mineira Café Bom Dia e, na sequência, pela São Braz, da Paraíba. Ainda ingressaram duas novas empresas nesta relação — a Odebrecht, do Paraná (antes 11ª), e a Veloso e Tavares, de Minas Gerais (13ª no ano anterior). As grandes organizações na área, segundo as informações divulgadas, mostram-se dispostas a investir e crescer, prevendo-se continuidade na concentração. Ocorre assim uma diminuição de empresas, mas acredita-se que, a exemplo do que ocorreu em outros países, como Itália e Estados Unidos, o número deve voltar a crescer após a redução, particularmente entre as de pequeno porte e especializadas.


power

2006, the group inaugurated the biggest factory in Latin America, in the town of Jundiaí (SP), while in 2008 it incorporated Moka, a company in São Paulo. In 2010, it was Damasco’s turn, in South Brazil, with several brands. Rumor has it that the company is negotiating with the fourth largest company in Brazil, known as Maratá, based in the State of Sergipe. The company that ranks second, according to data released in 2010, is 3 Corações, located in Ceará, which was holding this position the previous year, then called Santa Clara. Recently, it expanded its share, taking over the operations of Fino Grão, a company in Minas Gerais. Its sales which amounted to R$ 1.650 billion over the period, are likely to reach R$ 2 billion in 2011. The German industry Melitta, based in São Paulo, ranks third, after joining the select group of the leading companies with the acquisition of Bom Jesus in 2006. The company has been celebrating advances and its sales rose 9% in 2010 involving coffee based products, by geographically expanding its brands and, in the meantime, making strides in the domestic market with soluble coffees, as well as export operations. Meanwhile, among the ten leading companies, in terms of comparison between 2010 and 2009, the picture suffered changes from the seventh position onwards, occupied by Damasco, acquired by Sara Lee, with Café Bom Dia, a company based in Minas Gerais, climbing to this position, followed by São Braz, in Paraíba. The list was joined by two other companies — Odebrecht, in Paraná (previously ranking 11th) and Veloso and Tavares, based in Minas Gerais (13th the year before. The huge organizations in this area, according to information previously released, have shown their intentions to make investments and expand, hinting at the continuity of the concentration trend. This results into a smaller number of companies, but it is believed that, in line with what has happened in other countries, like Italy and the United States, the number should continue rising after this reduction, particularly among the small and specialized companies.

Concentrated Mergers and acquisitions have changed the

Brazilian industrial scenario, with an ever-increasing participation of foreign companies

The coffee industry sector is now going through a production concentration process with the big companies expanding their operational structures and acquiring smaller companies. The phenomenon reached its peak in the past decade but seems to be picking up steam again. In October 2010, the ten most expressive corporations accounted for 75.28% of the total volumes produced by the companies affiliated with the Brazilian Coffee Industry Association (Abic). In the previous year, it was 72.90% and, in 2003,

it was 43.1%. Following on the heels of a trend common in other segments, huge companies, in good financial standing, take advantage of business opportunities that lead to soaring sales and market opportunities in other regions and states, broadening their share in the national market, comments Abic executive director Herszkowicz. The process picked up steam with the recent price increase of green coffee beans, tightening the margin of the industries in the retail stores, ascertains consultant Carlos Brando, of P&A International Marketing. This absorption process is particularly common in medium-sized companies, with smaller cost adjustment ranges. The small companies, which kept production stable, prove more sustainable in their regional and local operations. Three companies concentrate most industrialized coffee in the Country and the acquisitions of other brands. American Sara Lee climbed to the leadership position in Brazil over the past years with several acquisitions, including Café do Ponto and Seleto, in 1998, and Pilão and Caboclo coffees, in 2000. In

107


Obsessão por qualidade Ministério da Agricultura passa

a fiscalizar a qualidade dos cafés nos pontos de venda, exigindo menor

O

O que vinha sendo estimulado e acompanhado pela indústria agora virou exigência legal. Desde 23 de fevereiro de 2011 está em vigor no País a Instrução Normativa nº 16, de 25 de maio de 2010, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que institui o Padrão Oficial de Classificação do Café Torrado em Grão e do Café Torrado e Moído. Quem não seguir as especificações estará sujeito a sanções, que vão de advertência a suspensão da comercialização, apreensão ou multa. É mais uma iniciativa voltada à qualidade, que já se destaca no produto nacional. “A norma permitirá que o consumidor brasileiro tenha à sua disposição um café absolutamente puro, o que atende ao principal requisito de qualidade do produto”, ressalta Manoel Bertone, secretário de Produção e Agroenergia do Mapa. Para o presidente da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), Luiz Paulo Dias Pereira Filho, “quem ganha é a cadeia produtiva como um todo, pois terá a certeza de um produto que segue rigorosos padrões de qualidade”. Conforme o Ministério da Agricultura, trata-se de uma norma inédita no mundo, de valorização do produto e defesa dos consumidores, construída durante três anos por representantes do governo, instituições de pesquisa, produtores, indústria e empresas privadas. “A instrução oficial vem se somar ao Programa Selo de Pureza, que desenvolvemos há 22 anos, e reforça o conceito de qualidade associada à pureza”, destaca Nathan Herszkowicz, diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). O programa da entidade serviu de base para essa normatização, que adota oficialmente limites de impurezas já utilizados e condutas como a coleta de amostras nos pontos de venda, e não nas fábricas. Serão analisadas, inicialmente, nas ações dos fiscais do ministério a presença de matérias estranhas e impure-

108

Inor Ag. Assmann

presença de impurezas

zas e o percentual de umidade. Em termos de impurezas, como cascas, paus e restos de folha do cafeeiro, o limite admitido fica em 1%; em material estranho, a tolerância é de apenas 0,1%, e o teor de água pode chegar no máximo a 5%. A norma prevê ainda a análise sensorial, que avaliará fragrância do pó, aroma, acidez e sabor da bebida. A sua vigência, no entanto, foi prorrogada, no dia 23 de fevereiro de 2011, por mais dois anos, até quando serão feitas as adequações exigidas, como a preparação de técnicos especializados para um controle mais detalhado. Paralelamente à instrução normativa, a Abic continuará e reforçará o seu Programa Selo de Pureza, pelo qual coleta mais de 2,8 mil amostras todos os anos e, segundo o presidente da entidade, Almir José da Silva Filho, tem inibido a ação de empresas que tentam adulterar produtos. Outras atividades e projetos da instituição também buscam e certificam os cafés de qualidade, objetivo sempre presente, de ponta a ponta, no setor, que assim cresce a cada ano.


have access to genuinely pure coffee, in compliance with product quality patterns”, says Manoel Bertone, Secretary of Mapa’s Production and Agroenergy division. Luiz Paulo Dias Pereira Filho, president of Brazil’s Specialty Coffee Association (BSCA) understands that “the beneficiary is the production chain as a whole, once it will have an assurance of a product that complies with the strictest quality Standards”. According to the Ministry of Agriculture, there is no similar standard in the world, concerned with the value of the product and its consumers, resulting from a threeyear period work, conducted jointly by research institutions, producers, industries and private companies. “The official instruction complements the Purity Seal Program, which has been in force for 22 years, strengthening the concept of quality associated with purity”, says Nathan Herszkowicz, executive director of the Brazilian Coffee Industry Association (Abic). The program of the entity served as basis for this standardization move, which officially adopts previously introduced impurity limits and such procedures as the collection of samples at retail stores, instead of factories. The initial works conducted by the Agriculture Ministry inspectors will consist in detecting the presence of foreign matter, impurities and moisture levels. In terms of impurities, pieces of bark, twigs and leaf bits, the limit remains at 0.1%, and a maximum of 5-percent water content. The standard also includes a sensory analysis, which evaluates powder fragrance, aroma, acidity and flavor. Nevertheless, the time limit for the Normative Instruction to enter into full force has been postponed for two years on 23rd February 2011, allowing more time for the required adjustments, like the qualification of specialized technicians for detailed control. Along with the normative instruction, ABiC will continue strengthening its Purity Seal Program, whereby it collects more than 2.8 thousand samples a year and, according to the president of the entity, Almir José da Silva Filho, has inhibited the initiatives of companies that adulterate their products. Other activities and projects of the institution also go in pursuit of and certify quality coffees, a goal always present, from beginning to end, in the sector, which, as a result, never stops growing.

Obsession

with quality Ministry of Agriculture undertakes

to inspect the quality of the coffees in retail outlets, requiring smaller percentages of impurities

What had been encouraged and supervised by the industry has now turned into a legal requirement. Normative Instruction nº 16, of 25 May 2010, of the Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply (Mapa) has been in force since 23rd February 2011. The Instruction presents the Official Classification Standard of Roast and Ground Coffee. Companies that do not comply with the specifications are subject to penalties, ranging from official notices to sales suspension, loss of product or fines. It is one more initiative focused on quality, a characteristic of the national product.”The standard will allow the Brazilian consumers to

109


A alma do negócio Baggio Coffees desponta

nacionalmente com linha de cafés especiais e previsão de duplicar

E

produção até o fim de 2011

Em pouco tempo no ramo de cafés torrados especiais tipo gourmet, a Baggio Coffees comprova que determinação e garra continuam acompanhando a família, que está na quarta geração de cafeicultores desde que chegou ao Brasil. Os muitos contratempos não impediram o imigrante italiano Salvatore Baggio de, com muito trabalho e economia, comprar o primeiro pedaço de terra em 1890. O protagonista dessa história, que veio para o País trabalhar nos cafezais de São Paulo, passou aos filhos e netos um ingrediente essencial para o sucesso: o amor pela cultura. A resposta aos ensinamentos do desbravador foi a expansão dos negócios em São Paulo, no Paraná e no Sul de Minas Gerais. Em 2006, é a bisneta Liana Baggio Ometto quem dá um novo rumo à história da família, criando a marca de cafés finos. Atualmente, a Baggio Coffees possui fazendas localizadas no Sul de Minas Gerais e na Mogiana paulista, regiões de clima e altitude propícios à produção cafeeira. A torrefação está localizada em Araras, no interior do Estado de São Paulo. A empresa conta com três linhas de produtos – Baggio Bourbon, Baggio Gourmet e Baggio Aromas, este oferecido em seis versões: Chocolate com Menta, Chocolate Trufado, Caramelo, Amaretto, Limão e Açaí. O diretor industrial da empresa, Clodoaldo Iglezia, aponta a dedicação ao negócio como um destaque da companhia. “Tudo o que fazemos é com a alma, com paixão. Queremos oferecer ao consumidor brasileiro um café de altíssima qualidade, que antes ele só poderia consumir fora do Brasil”. A resposta ao esforço vem do consumidor. Conforme Iglezia, em 2009 os resultados das vendas foram o dobro de 2008 e, em 2010, a empresa também conseguiu duplicar a comercialização em relação ao ano anterior. Para 2011, a meta é superar 2010, fazendo com que a empresa registre sempre um

110

crescimento anual superior a 100%. Os principais consumidores da Baggio estão no Estado de São Paulo, para onde é destinado 50% da produção, mas a empresa também conquistou paladares em Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais e até no Pará. “Nosso carro-chefe é o Baggio Gourmet, mas o Boubon está surpreendendo pela boa aceitação no Sul do País por ser naturalmente mais doce”, revela Iglezia.

QUALIDADES EXTRAS Além da linha de cafés, que passam por um criterioso processo de qualidade comandado pelo diretor industrial, Clodoaldo Iglezia, a Baggio Coffees também se destaca na apresentação do produto. As embalagens são feitas com um filme especial e possuem uma válvula que permite que os gases gerados pelos grãos saiam sem romper a embalagem, impedindo a entrada de oxigênio e garantindo


Divulgação

a qualidade e a oportunidade de o cliente sentir o aroma ainda no ponto de venda. Essa inovação recebeu prêmio da Associação Brasileira de Embalagem (Abre) e o World Star, importante distinção mundial de embalagens. Outro destaque é a cadeia de food service, na qual oferece um programa de treinamento inovador. Para garantir que a qualidade se mantenha até a xícara do cliente, a empresa investe em treinamentos de baristas, orienta sobre manutenção de máquinas e promove visitas dos clientes à torrefação. O treinamento capacita os profissionais de bares, restaurantes e cafeterias a manipularem corretamente o produto e a servi-lo mantendo o sabor ideal. De olho nas tendências de mercado, Iglezia adianta que a empresa deve apostar nas monodoses. “A ideia é oferecer o produto para um público que cada vez mais cresce na sociedade, o da pessoa que mora sozinha e quer praticidade e agili-

dade na hora de preparar o café”. E tudo isso sem prejudicar o gosto e o aroma. Sempre pensando em inovar e oferecer produtos de qualidade ao cliente, a Baggio lançou recentemente o Caffé.com, um café superior destinado principalmente a padarias que querem qualidade a um bom preço. “É um café 100% Mogiana que cai muito bem com leite, compondo a nossa famosa ‘média’”, afirma o diretor. A empresa busca agora o reconhecimento de sua marca e qualidade em outros países. Para isso, a Baggio está desenvolvendo um trabalho de divulgação no Chile. Juntamente com um parceiro local, a empresa participou de uma das feiras mais importantes para o setor no país, a ExpoGala. Segundo Iglezia, a aceitação está sendo grande, de modo especial num momento em que os chilenos passam a valorizar ainda mais a qualidade da bebida.

111


The soul of

business Having joined the gourmet type special roasted coffee segment only recently, Baggio Coffees attests to the fact that determination and endeavor have always been present in the family since their arrival in Brazil, now in the fourth generation of coffee producers. In spite of all setbacks, Italian immigrant Salvatore Baggio managed to save enough money to buy a piece of land in 1890. The protagonist of this story, who came to Brazil to work on coffee farms, passed down to his children and grandchildren an essential ingredient for success: the love for the crop. The response to the teachings of the Pioneer was the expansion of the businesses in São Paulo, Paraná and South Minas Gerais. In 2006, it is his granddaughter Liana Baggio Ometto who sets a new course to the family history, creating the fine coffees brand. Nowadays, Baggio Coffees runs farms located in the southern portion of Minas Gerais and in Mogiana paulista, regions where both climate conditions and altitudes are very appropriate for coffee farming. The coffee roasting plant is located in Araras, interior of the State of de São Paulo. The company is focused on three product lines – Baggio Bourbon, Baggio Gourmet and Baggio Aromas, which comes in six versions: Chocolate with Mint, Truffled Chocolate, Caramel, Amaretto, Lemon and Açaí. The industrial director of the company, Clodoaldo Iglezia, points to the dedication to the business as an outstanding trait of the company. “We put our heart in whatever we do, and we are driven by passion”. It is our intention to offer the Brazilian consumers really high quality coffee, which in the past was only available abroad”. It is the consumers that reply to our efforts. According to Iglezia, in 2009 sales results were up 100% from 2008 and, in 2010, the company also managed to double its market Sales compared to the previous year. For 2011, the target is to outstrip the 2010 result, leading the company to celebrate annual increases of more than 100%. The Baggio’s leading consumers live in the State of São Paulo, the destination of 50% of the entire production volumes, but the company has also conquered aficionados in Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais and even in Pará. “Our Best-selling brand is Baggio Gourmet, but the Bourbon has been surprisingly well accepted in South Brazil, as it is naturally sweeter”, says Iglezia.

EXTRA QUALITIES Besides the coffee brands, which go through a strict quality process under the control of commercial director Clodoaldo Iglezia, Baggio Coffees also excel in product presentation. All packagings are made of a special film and are equipped with a valve that allows the gases generated by the beans to be released without rupturing the packaging, preventing oxygen from coming in, ensuring 112

good quality standards and giving clients a chance to smell the aroma in the retail outlet. This innovation was given an award by the Brazilian Packaging Association (Abre) and by World Star, important global packaging distinction. Another highlight is the food service chain, which provides for an innovative training program. To make sure that quality holds until the coffee reaches the consumer cup, the company invests in training programs for coffeehouse bartenders, provides guidelines for machinery maintenance and promotes visits of clients to roasting plants. The training programs prepare the professionals that work in bars, restaurants and coffeehouses to handle the product appropriately and serve it in ideal flavor conditions. With an eye towards the market trends, Iglezia anticipates that the company is to bet on mono doses of coffee products. “The idea is to offer the product to a public that is constantly soaring in modern society, persons who live alone and look for practicality and speed when it comes to preparing a cup of coffee”. Obviously, without impairing the taste or aroma. Always with an eye towards innovation and quality products that please the consumers, Baggio recently launched the Caffé.com, superior coffee destined mainly for bakers shops interested in quality and affordable prices. “It is 100% Mogiana coffee and goes well


with milk, composing our famous cup of “coffee-with-milk�, the director comments. The company is now seeking the recognition of its brands and quality standards in other countries. To this end, Baggio is now conduc-

Inor Ag. Assmann

Baggio Coffees, a company that stands out nationally with its special coffee line and expectation to double production by the end of 2011

ting publicity work in Chile. Jointly with a local partner, the company took part in the one of the most important fairs of the sector in that country, the fair known as ExpoGala. According to Iglezia, there has been great acceptance, particularly at a moment when the Chilean consumers are getting more and more discerning about the quality of coffee.

113


Consumo

consumption

Inor Ag. Assmann

O 114


Hora do cafezinho

O

Consumo per capita da bebida atinge marca recorde no Brasil e resultado de 2010 é o melhor em 45 anos

O gostoso café produzido no País está sendo pedido cada vez mais pelos brasileiros nos últimos anos. Prova disso é o recorde no consumo per capita alcançado em 2010 com 4,81 quilos por habitante ao ano, superando pela primeia vez o de 1965, que havia sido de 4,72 kg/hab/ ano. O volume fica distante dos campeões na área, os países frios do Norte – Finlândia, Noruega e Dinamarca –, onde cada habitante bebe perto de 13 kg/ano, mas próximo de grandes consumidores, como Alemanha (5,86 kg/hab/ano). Se forem considerados os números totais, o país maior produtor não está longe de se tornar também o principal consumidor mundial, posto hoje ocupado pelos Estados Unidos. Para tanto, o Brasil precisará manter as previsões do setor industrial de crescer na ordem de 5% ao ano em 2011 e 2012. Entre novembro de 2009 e outubro de 2010, com um total de 19,13 milhões de sacas consumidas, a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) registrou, em todo segmento, acréscimo de 4,03% na comparação ao período anterior correspondente, enquanto junto às empresas associadas o índice chegou a 5,93%. Para 2012, a indústria estabeleceu o desafio de atingir a 21 milhões de sacas. Nos levantamentos até o primeiro semestre de 2011, apurava-se que a evolução ficava em torno de 4,5%. O consumo

chegou a experimentar recuo nos anos 1980. Foi quando a Abic lançou, em 1989, o Programa Selo de Pureza, primeira iniciativa setorial de certificação de qualidade em alimentos no Brasil. A ele aliou, em 2004, o Programa de Qualidade do Café (PQC), hoje a mais abrangente ação de qualificação e certificação para o grão torrado e moído no mundo, complementado, em 2006 e 2007, pelo Cafés Sustentáveis do Brasil (PCS) e pelo Círculo do Café de Qualidade. A melhoria qualitativa justamente é uma das razões apontadas para a reação na demanda pelo produto, segundo o diretor executivo da Abic, Nathan Herszkowicz. Passou-se a oferecer, desde a fazenda, grãos de alto nível, superiores, diferenciados por origem e certificação, com características especiais. Enfim, uma grande diversidade de opções, também para combinações de grãos, indo ao encontro do mercado. Se até 2000 praticamente não era oferecido café tipo gourmet, a não ser em restritos pontos, agora, comenta o dirigente, só no programa de qualidade da entidade são 110 marcas certificadas, sem considerar outro volume de alta qualidade não abrangido. Mais um motivo destacado por Herszkowicz para o resultado é o acentuado acréscimo no consumo fora do lar. Pesquisa da Abic, feita junto com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abaste-

cimento (Mapa), mostra que, de 2003 até 2010, esse crescimento alcançou a 307%. O número de cafeterias, por exemplo, é ampliado mês a mês e nelas procura-se oferecer bebidas de excelente qualidade e obter a fidelização do cliente, cada vez mais atento a esse aspecto, nota o executivo. Outro fator de influência no incremento da demanda é a melhoria de renda da população, que busca cafés de qualidade superior e, por consequência, mais caros. O gourmet, por exemplo, chega a custar quatro vezes mais.

A TODA HORA Na análise dessa conjuntura favorável acrescenta-se a disponibilidade do café a qualquer momento, propiciada pela novas tecnologias (máquinas) de preparo do espresso e do filtrado. Isso sem esquecer seu apelo saudável, o que igualmente interfere nas decisões de consumo. A informação mais recente divulgada nesse sentido refere-se à pesquisa da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, de que a bebida pode prevenir câncer de próstata. Ainda entre as inovações, o diretor executivo da Abic, Nathan Herszkowicz, menciona a introdução da monodose, com o preparo de espresso em sachê. A alternativa atende à demanda específica e atual, oferecida por diversas empresas, que estão indo ao encontro das exigências apresentadas pelo mercado.

115


coffee break

Inor Ag. Assmann

Time for a

116


Per capita consumption of the beverage reaches record high in Brazil and the 2010 result is the best in 45 years Over the past years the delicious coffee produced in Brazil has been getting more and more popular with the Brazilian people. Attesting to this fact is the record per capita consumption reached in 2010 with 4.81 kilos per person a year, for the first time outdoing the 1965 record of 4.72 kg/person/year. The volume is still a long way from the leaders in the area, the cold Northern countries — Finland, Norway and Denmark —, where every inhabitant consumes around 13 kg/year, but close to huge consumers, like Germany (5.86 kg/person/year). If the total numbers are taken into consideration, the leading coffee producer in the world is not far away from becoming the leading global consumer, a position now occupied by the United States. For this to happen, Brazil will have to maintain the 5-percent growth rate predicted by the industrial sector for 2011 and 2012. From November 2009 to October 2010, with a total consumption of 19.13 million sacks, the Brazilian

Coffee Industry Association (Abic) registered an increase of 4.03% in the entire sector, compared to the same period last year, while the associated companies reported an increase of 5.93%. For 2012, the industry has set a target for achieving 21 million sacks. The surveys conducted in the first half of 2011 showed an evolution rate around 4.5%. Consumption experienced a decline in the 1980s. It was the time when Abic launched the Purity Seal Program in 1989, the first sectorial action towards food quality certification initiatives in Brazil. In 2004, it was followed by the Coffee Quality Program (CQP), now the most comprehensive qualification and certification initiative regarding roasted and ground coffee in the world, complemented, in 2006 and 2007, by Brazil Sustainable Coffees (PCS) and by the Quality Coffee Circle. Qualitative enhancement is one of the reasons that accounts for the soaring demand of the product, says Abic executive director Nathan Herszkowicz. And quality concerns began on the farms, with high level and superior beans, distinguished by origin and certification, carrying special characteristics. It is in fact a great variety of options, also for bean combinations, meeting all market requirements. If practically no gourmet coffee was offered up to the year 2000, except for special occasions, now, the official comments, there are 110 certified brands, without taking into consideration another volume of high quality coffees not included in the former ones. Another reason recalled by Herszkowicz for the result is the upward trend in people

drinking coffee outside the home. The survey conducted by Abic with the assistance of the Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply (Mapa), showed that from 2003 to 2010, this increase was as high as 307%. The number of coffee houses, for example, has been rising month after month, and they offer coffee of excellent quality with the aim to conquer loyal clients, who are getting more and more discerning and tasteful with regard to this beverage, the official comments. Another factor with an influence on the soaring demand is the rising purchasing power of the population, now eager for superior quality coffees and, consequently, more expensive. Gourmet coffees, for example, are sometimes four times more expensive than common coffees.

ANY TIME The analysis of this favorable scenario should not overlook the fact that coffee is available any time, thanks to the new technologies like espresso machines and filtered coffee. Not to mention its healthy allure, which equally has a say in consumption decisions. The most recent breakthrough regarding the consumption of coffee is related to the research work conducted by the University of Harvard, USA, suggesting that the beverage might ward off prostate cancer. Still with regard to innovations, Abic executive director Nathan Herszkowicz mentions the introduction of the monodose capsule, with the preparation of instant espresso coffee sachets. The alternative meets specific and present demand, offered by several companies, which are now trying to conform to market requirements.

EVOLUÇÃO • EVOLUTION Produção e consumo interno de café – 2009 e 2010 Categoria Empresas associadas Empresas não associadas Total de empresas cadastradas Consumo não cadastrado Total geral de café torrado e moído Empresas de café solúvel (1) Total nacional de consumo de café* Consumo per capita: café em grão cru Consumo per capita: café torrado e moído

Ano anterior 11.659.750 3.758.590 15.418.350 1.953.260 17.371.600 1.018.300 18.389.920 5,81 4,65

Ano atual Crescimento (%) (Nov/08 a Out/09) (Nov/09 a Out/10) 12.350.750 5,93 3.758.590 16.109.340 4,48 1.953.260 18.062.600 3,98 1.069.240 5,00 19.131.830 4,03 6,02 4,81

Fonte: Abic - (1) Fonte: Mercado - *Em sacas de 60 kg

117


O

118

Inor Ag. Assmann


Boa pedida Levantamento mostra aumento do consumo de café entre os jovens até 19 anos no Brasil; índice segue alto nas demais faixas etárias

O

O número de apreciadores de café no Brasil vem crescendo em todas as faixas de idade. Sempre esteve alto entre os que tem mais de 36 anos, mas mostra avanço considerável também entres os mais jovens. É o que confirmou a pesquisa realizada desde 2003 pela Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) com o apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O levantamento, denominado Tendências de Consumo de Café, entrevistou, em 2010, 1.680 pessoas acima de 15 anos em 19 municípios de todas as regiões do País. Na faixa até 19 anos, o índice dos que tomam habitualmente a bebida subiu de 85% para 91% nesse período de oito anos. Nas idades intermediárias (19 a 26 anos e de 27 a 35 anos), os avanços ocorreram em níveis semelhantes e, no outro extremo (com 36 anos ou mais), onde já se alcançava patamar de 96%, chegou-se a apurar 98% de declaração de consumo. Na percepção do diretor do Departamento do Café do Mapa, Robério Silva, “o café se tornou fashion e os jovens se juntaram aos seus pais no gosto pelo nosso cafezinho”. A Abic, por sua vez, avalia que o consumidor jovem se sentiu atraído pela maior divulgação dos estudos científicos que comprovam benefícios do produto para a saúde e pela oferta nas cafeterias de maior variedade de receitas mais suaves, como as combinações com leite vaporizado, calda de chocolate, chantilly e até sorvete.

As vantagens do consumo regular são conhecidas por 50% dos entrevistados, enquanto 70% apontaram a sua característica de propiciar mais disposição. A melhoria da memória e da concentração foi mencionada por 30% dos consultados. “Associa-se o consumo a sensações positivas, dizendo que anima e melhora o humor, por exemplo. Isso é resultado de todas as campanhas educativas na área de café e saúde, cujo objetivo é justamente mostrar os benefícios do consumo diário e moderado”, comenta Almir José da Silva Filho, presidente da Abic, .

CONSISTENTE A pesquisa confere diversos aspectos do consumo, que de forma geral mostra consistência em patamares elevados, ficando na ordem de 95% de penetração entre os entrevistados em 2010. “Não é um produto sazonal. É um consumo consistente identificado ao longo dos anos”, afirma Ivani Rossi, responsável pelo estudo. Inclusive subiu de 65% para 69% o número de consumidores que dizem que não haverá substituto para o café, o qual ficou atrás apenas da água entre as bebidas preferidas, situando-se à frente dos refrigerantes. Entre os tipos de café, o moído-coadofiltrado é de longe o mais consumido (96%), seguido do instantâneo-solúvel (17%), ambos com crescimento nos índices, destacando-se também o espresso e começando a aparecer os especiais, como gourmet, descafeinado, orgânico, de região certificada e de origem. O con-

sumo de espresso e de gourmet aumentou 21,3%. Nas classes de consumidores, aparecem à frente a C – no espresso, o predomínio é da A – e no gênero, o público feminino, que também responde, na maioria, pela compra e pelo preparo. Por outro lado, a tradição, em menor proporção, continua a liderar a influência no hábito, mas crescem em importância o sabor e o aroma. Para 55% dos entrevistados, por exemplo, um bom café é aquele que é saboroso e deixa um sabor gostoso na boca. Esse fato vem ao encontro dos esforços que o setor tem feito em buscar cada vez maiores avanços qualitativos em diversos programas. “A nova percepção decorre do intenso trabalho realizado pela Abic com o Programa de Qualidade do Café (PQC), que certifica os produtos nas categorias Tradicional, Superior e Gourmet”, menciona Almir José da Silva Filho, presidente da entidade. Reitera a relevância do Selo de Pureza Abic, lançado há 22 anos e que, no entendimento da associação, foi determinante para que o mercado brasileiro do grão passasse de pouco mais de 6,4 milhões de sacas, no fim da década de 1980, para 19,1 milhões em 2010. O maior crescimento de consumo verificado pelo estudo, nos últimos anos, é o que ocorre fora do lar. Saltou de 14%, em 2003, para 57% em 2010 – variação de 307%. Entre as questões averiguadas, incluem-se perspectivas sobre novos produtos, com ênfase para misturas com leite e cafés prontos para beber.

119


Good choice The number of coffee aficionados in Brazil has been rising in all age groups. It has always been high among over 36 year olds, but it is now rising considerably among younger people. The confirmation comes through a survey conducted since 2003 by the Brazilian Coffee Industry Association (Abic) jointly with the Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply (Mapa). In 2010, the survey, known as Coffee Consumption Trends, interviewed 1,680 over 15 year old people in 19 municipalities across all regions in Brazil. In the up to 19 year old age group, the number of those who regularly drink coffee went up from 85% to 91% over this eight-year period. In the intermediate age groups (19 to 26 years and from 27 to 35 years) there were similar advances and, at the other extreme (36 years or more), where coffee was consumed by 96%, the proportion of coffee consumers reached 98%. In the view of Roberto Silva, director of Mapa’s Coffee Division, “Coffee has become fashionable and the young are following in their parents’ footsteps and are beginning to like coffee, too”. Abic, in turn, credits the publication of scientific studies, which attest to the health benefits of coffee, with the soaring consumption of the beverage among young people. Other factors include the variety of coffee recipes offered by coffee houses, combinations including vaporized milk, chocolate juice, Chantilly and even ice-cream. The benefits from regular consumption are well known by 50% of the interviewees, while 70% of them pointed to its characteristic of cheering people up. Memory and concentration improvement was mentioned by 30% of the interviewees. “Consumption is associated with positive sensations and is also credited with good humor, for example. This is the result of all publicity campaigns equating coffee and health, whose goal is to point out the benefits from daily and moderate consumption of coffee”, comments Abic president Almir José da Silva Filho.

CONSISTENT The research ascertains several types of consumption, which usually show consistence with high rates, reaching 95% of the people interviewed in 2010. “It is not a seasonal product. It is consistent consumption identified over the years”, says Ivani Rossi, responsible for the study. And the number of consumers who think there will be no substitute for coffee rose from 65% to 69%, and coffee comes only after water among the preferred beverages, followed by soft drinks. Among the different types of coffees, the filter strained is by far the most consumed (96%), followed by instant/soluble coffees (17%), both on a rising trend, special espressos, like gourmet coffees, decaffeinated, organic, from certified regions and bearing certificate of origin. Consumption of espressos and gourmet went up 21.3%. Among the consumers in general, class C is the leader, while espressos are mostly consumed by class A people and, with regard to gender, the women lead consumption, and they are also responsible for most coffee purchases and preparations. On the other hand, tradition, on a smaller scale, is still a factor with a great influence on the habit, but flavor and aroma are playing a relevant role, too. The majority of the interviewees, 55% in fact, have it that coffee must be delicious and leave a pleasant aftertaste. This ascertainment is in line with the efforts of the sector in search of constant qualitative advances through different programs. “The new perception stems from the intense work conducted by Abic with the Coffee Quality Program (CQP), which certifies the products in the following categories: Traditional, Superior and Gourmet”, says Almir José da Silva Filho, president of the entity. He reiterates the relevance of the Abic Purity Seal, launched 22 years ago which, in the association’s view, was a determining factor for the Brazilian market to jump from a consumption of 6.4 million sacks at the end of the 1980s to 19.1 million in 2010. The highest consumption rates ascertained by the study, over the past years, occur outside the home. They jumped from 14% in 2003 to 57% in 2010 – up 307%. Among the questions that were ascertained, the most relevant ones include the perspective for new products, especially combinations with milk and ready-to-drink coffees. 120


Inor Ag. Assmann

Survey attests to soaring consumption of coffee among up to 19 year olds in Brazil; the same holds true for all other age groups

121


Segredos da xícara Com amplas opções de formação, cresce o número

de baristas atuando no Brasil, profissionais responsáveis pela arte

de preparar bons cafés

E

Extrair o melhor do bom café brasileiro – e de forma original – é o papel que assume, com destaque cada vez maior, o barista. O expert no preparo do produto ganhou importância paralelamente à evolução do hábito de seu consumo fora de casa. Sua arte na criação de novas receitas e apresentações de café está mais em evidência e a sua formação está recebendo toda a atenção com a promoção de cursos e eventos. A atuação do barista alinha-se com a tendência de aperfeiçoamento que o mercado de trabalho exige hoje, diz a profissional do setor Silvana Leite, que está sediada em Salvador (BA). “A abertura de novas marcas de cafés especiais, a preocupação com o conhecimento mais aprofundado sobre estes e até mesmo as regras estipuladas pelos regulamentos para obter um perfeito espresso abriram, sobremaneira, os horizontes dessa área”, pondera. Esses fatos, segundo ela, deram-se em especial na última década. Como a expectativa do consumidor é sempre surpreender-se com o produto, avalia que é natural que procure, em cada estabelecimento, uma bebida diferente e melhor. Destaca também o papel da mídia na divulgação do novo hábito de frequentar cafeterias, estimulando mudanças de comportamento de quem não estava acostumado a fazer uma pausa em seu trabalho para tomar um café fora do escritório. Impressiona-se a barista com o nível de interesse pelos cafés de alta qualidade por parte dos consumidores. Observa que é notável a boa receptividade quando se apresenta uma xícara de café especial – “única, prazerosa e original”. Identifica uma reeducação ou reciclagem do paladar. O consumidor está sendo apresentado a sabores que ele tinha expectativa em encontrar, mas até então não sabia onde. Essa realidade, associada ao preço diferenciado e mais caro do produto, estimula o profissional a buscar ainda maior avanço na sua jornada de qualificação.

122

CONHECIMENTO A realização de cursos de barista está presente nos mais diversos estados e por iniciativas de diferentes organismos. Um dos ministrados pela instrutora Silvana Leite ocorreu durante o 12º Agrocafé – Simpósio Nacional do Agronegócio Café, realizado em Salvador, de 21 a 23 de março de 2011, pela Associação dos Produtores de Café da Bahia (Assocafé) e pela Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), entre outras entidades. A Associação Brasileira de Café e Barista (ACBB), existente há seis anos, promove vários cursos, workshops e campeonatos em muitas cidades do País. O Museu do Café, em Santos (SP), prepara baristas todos os meses, com apoio didático do Sindicato da Indústria do Café do Estado de São Paulo. O Centro de Preparação do Café (CPC), do mesmo sindicato, realizou em maio um curso


Apresentada ao mundo do café pelo marido, Silvio Leite, que tem sua trajetória de vida entrelaçada à cultura, Silvana Leite decidiu há sete anos adentrar no ramo dos cafés especiais e gourmets criando a empresa BBC Café Gourmet, em Salvador (BA). Atualmente, é responsável pelas marcas de grãos especiais BBC Café Gourmet, Sweet Bahia Café e Agricafé, dando foco a blends elaborados pelo marido com os mais finos cafés produzidos no País. Silvana teve como tutora a tricampeã brasileira de baristas Silvia Magalhães. O projeto iniciou-se na Loja Select do Posto Novo Bairro, localizado no bairro Itaigara, onde foi construída uma cafeteria para servir os mais finos drinques à base de café. Silvana passou a acompanhar os campeonatos de barista que se realizavam pelo Brasil, estando sempre envolvida diretamente com os principais profissionais do setor em nível nacional e internacional e com a logística dos cursos. Além disso, trabalha na montagem de cafeterias, elaboração de drinques, capacitação de funcionários e no fornecimento de um dos blends mais apreciados na Bahia, no Brasil e no mundo. Há quatro anos, deu início ao primeiro Campeonato de Barista do Nordeste, o qual mantém regularidade anual. Neste, os principais profissionais das melhores cafeterias da capital baiana passam pelo crivo de juízes, que avaliam a melhor desenvoltura na elaboração, preparação e execução das bebidas apresentadas pelos competidores. Silvana é referência no cenário baiano do setor. Dedicada à evolução dos cafés especiais no Estado, tornou-se a responsável no Nordeste pela certificação de baristas conduzida pela Associação Brasileira de Café e Barista (ACBB). em fazenda. Em Belo Horizonte (MG), a capacitação de baristas integrou o primeiro Circuito de Cafeterias, promovido entre 24 de maio, Dia Nacional do Café, e 24 de junho de 2011 com a participação de representantes de 18 casas especializadas. Atividades nessa área são igualmente realizadas por empresas. Os cursos, explica Silvana, são direcionados especialmente aos funcionários das cafeterias, buscando transferir todo o conhecimento necessário sobre a cultura, desde o plantio até a xícara. Também é enfocada de modo específico a função de barista e a melhor forma de exercê-la, incluindo a extração adequada e a limpeza da estação de trabalho. O fato de integrar a formação teórica e prática traz resultados muitos satisfatórios, tanto para os funcionários, que apresentam mais segurança no atendimento, quanto para o cliente, que pode

Inor Ag. Assmann

PERFIL

ter suas dúvidas esclarecidas. Destaca-se ainda a possibilidade de o barista buscar sua certificação, por meio de programa lançado em 2009 pela ACBB, que reúne pessoas atuantes dentro do mundo dos cafés especiais, abrangendo produção, comercialização, industrialização, serviços de apoio, produção de equipamentos e distribuição. Para alcançar a distinção, é realizado exame sensorial, teórico e prático, com conteúdo programático bem definido. Durante o processo avaliativo, somam-se a valorização do profissional e o estímulo ao estudo continuado, ao aprimoramento de técnicas e à criatividade na formulação de novas opções de consumo. Mostra-se uma efervescência na área, levando o tradicional hábito de tomar café às dimensões e sensações vivenciadas pelo mundo da arte, inspirado pelo mais puro e divino sabor dessa bebida.

123


the cup

Secrets of With a wide spectrum of options for training courses, the number of baristas, responsible for the art of preparing good coffee, is on the rise in Brazil

To extract the best out of the good Brazilian coffee – and in original manner – is a role increasingly assumed by baristas. The experts in the preparation of the product have gained momentum as the habit of drinking coffee outside the home set in. Their art in the creation of new recipes and coffee presentations has become more evident and their qualification skills have captured much public attention through the promotion of training courses and events. The work of the baristas is much in line with the qualificationoriented trend required by the present labor market, says Silvana Leite, a professional of the sector based in Salvador (BA). “The launch of new specialty coffee brands, the concern with a deeper knowledge of this type of beverage, along with the rules and regulations, have overwhelmingly widened the horizons of this particular area”, she ponders. These facts, she maintains, have particularly surfaced over the past decade. As consumers are always in for surprising products, she takes it as a natural course for them to look for something special and better in every shop or coffeehouse they happen to step in. She also refers to the role played by the media in giving publicity to the new habit of going to coffeehouses, suggesting behavioral changes to those who have not yet adhered to the habit of going for a coffee break outside their homes or offices. The barista admits she is surprised at the great interest consumers are openly showing in premium coffees. She observes that there is great enthusiasm around the cupping-table when specialty coffees – unique, pleasant and original - show up. She identifies a recycling or reeducation of the palate. Consumers are now being introduced to flavors that they had yearned for, but did not know where to find them. This reality, associated with the distinctive and higher price of the product, is reason for the professionals of the area to further invest in their qualification skills.

KNOWLEDGE Training courses for baristas are now common throughout the country, at the initiative of different organs. One of the courses given by Silvana Leite occurred during the 12th Agrocafé – National Coffee Agribusiness Symposium, held in Salvador, 21 - 23 March 2011, by the Coffee Producers’ Association of Bahia (Assocafé) and by the Association of Farmers and Irrigators of Bahia (Aiba) and some other entities. The Brazilian Coffee and Barista Association (ACBB), created six years ago, promotes courses, workshops and contests in many Brazi124

lian towns. The Coffee Museum, in Santos (SP), prepares baristas every month, under the didactic support from the Coffee Industry Union of São Paulo. The Coffee Preparation Center (CPC), of the same union, staged a course on a coffee farm in May. In Belo Horizonte (MG), the qualification of baristas was included in the first Coffeehouse Circuit, held from May 24th, National Coffee Day, to June 24th 2011, attended by 18 specialty coffee houses. Activities in this area are equally promoted by companies. The courses, Silvana explains, are particularly geared towards the employees of coffeehouses, where they learn everything they must know about coffee, from seedling planting to cup. What is also given special attention is the job of a barista and the best manner to carry it out, including appropriate preparation methods and work station cleaning procedures. By integrating both theoretical and practical qualification steps the results are very satisfactory for employees and consumers alike. The former perform their job with confidence and assurance, while the latter have a chance to clarify all their doubts.


Inor Ag. Assmann

PROFILE

Introduced to the world of coffee by her husband, Sílvio Leite, whose life is deeply intertwined with this crop, seven years ago, Silvana Leite decided to dive into the world of specialty and gourmet coffees and created the BBC Café Gourmet company, in Salvador (BA). At the moment, she is responsible for the special bean brands BBC Café Gourmet, Sweet Bahia Café and Agricafé, focusing on blends created by her husband with the finest beans produced in Brazil. Silvana’s tutor was Silvia Magalhães, three times winner in the Brazilian baristas contests. The project started at Loja Select do Posto Novo Bairro, located in the district of Itaigara, where a coffeehouse was built for serving the finest coffee-based beverages. Silvana started to follow all barista contests throughout Brazil and kept in touch with the most experienced professionals of the sector at national and international level, while keeping an eye towards the logistics of the courses. Furthermore, she is also involved with the installation of coffeehouses, the preparation of drinks, qualification of employees and she supplies one of the most cherished blends in Bahia and the world. Four years ago, she staged the first Barista Contest in the Northeast, which is now being held on a yearly basis. In these contests, the most renowned professionals of the coffeehouses in the capital city of Bahia are evaluated by a panel of judges, who consider such variables as the most efficient manner to prepare the drink, the way it is served and the manner the contesters deal with the coffee serving scenario. Silvana is a reference in the sector’s scenario in Bahia. Devoted to the ever-evolving segment of specialty coffees throughout the world, she was entrusted by the Brazilian Coffee and Barista Association (ACBB) with the responsibility to issue barista certifications in the Northeast.

There is also the chance for the baristas to seek certification, through a program launched by the ACBB in 2009, which brings together people activelyinvolvedinspecialtycoffees,comprisingproduction,marketing, industrialization, support services, equipment manufacturing and distribution. To achieve the distinction, the applicants take a sensory, theoretical and practical exam that covers well defined topics. During the

evaluation process, what is equally considered is the importance of the professional and their dedication to continued studies, leading to technical improvements and creativity in the formulation of new consumption options. There is much bustling and excitement in the area, leading the traditional habit of taking coffee to the dimensions and sensations experienced in the world of art, inspired by the overwhelmingly pure and fine flavor of this beverage.

125


Inor Ag. Assmann

Eventos

events

A 126


Comemorar e planejar

A

As belezas naturais e culturais da capital baiana, Salvador, dividiram os holofotes, mais uma vez, com uma de suas riquezas agrícolas. No 12º Agrocafé – Simpósio Nacional do Agronegócio Café, realizado de 21 a 23 de março de 2011, o destaque foi o grão brasileiro. Com o tema “Café, a estrela guia do desenvolvimento sustentável”, o evento proporcionou debates visando a qualificar a cadeia produtiva. No Centro de Convenções do Bahia Othon Palace Hotel, os participantes tiveram a oportunidade de trocar informações sobre inovação tecnológica, produção sustentável, utilização de novas ferramentas, manejo e controle racional, entre outros temas ligados à área. Por meio do Agrocafé, produtores, líderes e representantes puderam ampliar a discussão sobre a evolução e o direcionamento da produção no cenário nacional e internacional, tendo em vista o período de cotações em alta do produto. Um dos destaques da programação foi a palestra com o

Celebrate The natural and cultural beauties of Salvador, the capital city of Bahia, once again divided the searchlights with one of its agricultural riches. In the 12th Agrocafé – National Coffee Agribusiness Symposium, held on 21 -23 March 2011, the highlight was the Brazilian coffee bean. With the theme “Coffee, the guiding star of sustainable development”, the event featured debates aimed at qualifying the production chain. In the Convention Center at Bahia Othon Palace Hotel, the attendees had the opportunity to exchange information on technological innovations, sustainable production, use of new tools, rational management and control, among other

alpinista brasileiro Waldemar Niclevicz, que abordou o tema Conquistando o seu Everest, no qual relacionou a conquista da montanha mais alta do mundo com os desafios enfrentados pelos produtores. “O cafeicultor brasileiro tem espírito de luta. É um vencedor. A cultura já passou por muitos momentos, desde a chegada, a adaptação, os altos e baixos do mercado, e continua sendo importante e definitiva não apenas para a economia, mas como um valor cultural do brasileiro”, destacou durante a apresentação, a oitava que fez para a cadeia produtiva do grão. O foco do evento também foi a cafeicultura familiar, que representa a maioria das propriedades cafeeiras baianas. Da mesma forma, no encerramento foram abordados temas como crédito, cooperativismo e assistência técnica. Em 2012, a 13ª edição do evento está agendada para 12 a 14 de março. A cidade onde será realizado, no entanto, poderá ser uma das muitas novidades do próximo Agrocafé.

and plan

topics linked to the area. Through the Agrocafé, producers, leaders and representatives focused the debate on the evolution and the course of the national and international production scenario, considering that this is a period the product is experiencing high remuneration. One of the highlights of the program was the lecture by Brazilian mountain climber Waldemar Niclevicz, who addressed the theme Conquering your Everest, equating the conquest of the highest mountain in the world with the challenge faced by the producers. “The Brazilian coffee grower incarnates a fighting spirit. He is a winner. The crop has already endured different moments, since its arrival,

adaptation periods, the ups and downs of the market, and continues important and definitive not only for the economy, but as a cultural boon of the Brazilian people”, he stressed during his presentation, in fact, his eighth lecture to the coffee production chain. The event was also focused on small-scale coffee growers, who represent the majority of the farmers in Bahia. Likewise, at the end of the event, themes like credit lines, cooperatives and technical assistance were also approached. In 2012, the 13th edition of the event has been scheduled for 12 – 14 March. The venue of the coming Agrocafé might turn out to be one of the surprises of the event.

127


Divulgação

Está marcado Scheduled 19º Seminário do Café do Cerrado Data: 27 a 30 de setembro de 2011 Local: Espaço Cultural Municipal Joaquim Constantino Neto – Patrocínio (MG) Contato: (34) 3831.8080 – www.acarpa.com.br 10º Concurso de Qualidade – Cafés da Bahia Data: 28 de outubro de 2011 Local:Vitória da Conquista (BA) Contato: (71) 3241-4494 – assocafe@terra.com.br – www.assocafe.com.br 12º Concurso de Qualidade Cafés do Brasil – Cup of Excellence 2011 Data: Novembro de 2011 Local: Centro de Excelência do Café do Sul de Minas – Machado (MG) Contato: (35) 3295-7622 – info@bsca.com.br – ww.bsca.com.br 13º Agrocafé – Simpósio Nacional do Agronegócio Café Data: 12 a 14 de março de 2012 Local: A definir Contato: (71) 3241-4494 – assocafe@terra.com.br – www.assocafe.com.br Fenicafé 2012 – Encontro Nacional de Irrigação da Cafeicultura do Cerrado Data: 28 a 30 de março de 2012 Local: Pica-pau Country Club – Araguari (MG) Contato: (34) 3242-8888 – fenicafe@hotmail.com – www.fenicafe.com.br 6º Encontro Nacional do Café Data: Maio de 2012 Local:Vitória da Conquista (BA) Contato: (71) 3241-4494 – assocafe@terra.com.br – www.assocafe.com.br Expocafé 2012 Data: 19 a 22 de julho de 2012 Local: Fazenda Experimental da Epamig – Três Pontas (MG) Contatos: (31) 3489-5078/3489-5001 – expocafe@epamig.br – www.expocafe.com.br

128




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.