Anuário do Café

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EDITORA GAZETA SANTA CRUZ LTDA. CNPJ 04.439.157/0001-79 Diretor Presidente: André Luís Jungblut Diretor Secretário: Romeu Inacio Neumann Diretor Comercial: Raul José Dreyer Diretor Administrativo: Jones Alei da Silva Diretor Industrial: Paulo Roberto Treib

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Rua Ramiro Barcelos, 1.224, CEP: 96.810-900, Santa Cruz do Sul, RS Telefone: 0 55 (xx) 51 3715 7800 Fax: 0 55 (xx) 51 3715 7912 E-mail: redacao@anuarios.com.br comercial@anuarios.com.br Site: http://www.anuarios.com.br

ANUÁRIO BRASILEIRO DO CAFÉ 2010 Editor: Romar Rudolfo Beling Editora assistente: Angela Zamberlan Vencato Textos: Daiani da Silveira, Angela Zamberlan Vencato, Benno Bernardo Kist, Cleiton Santos, Cleonice de Carvalho, Erna Regina Reetz, Romar Rudolfo Beling e Sílvio Corrêa Supervisão: Romeu Inacio Neumann Tradução: Guido Jungblut Fotografia: Sílvio Ávila, Inor Assmann (Agência Assmann) e divulgação de empresas e entidades Ilustrações: Hugo Braz Projeto gráfico e diagramação: Juliane Mai Arte de capa: Juliane Mai, sobre ilustração de Hugo Braz Edição de fotografia e arte-final: Juliane Mai e Márcio Oliveira Machado Gráficos e tabelas: Mariana Frey Marketing: Maira Trojan Bugs, Andréa Lenz, Tatiana Kappel e Rafaela Jungblut Relações institucionais: Mariana Frey Supervisão gráfica: Márcio Oliveira Machado Impressão: Coan Gráfica e Editora, Tubarão (SC)

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Anuário brasileiro do café 2010 / Daiani da Silveira ... [et al.]. – Santa Cruz do Sul: Editora Gazeta Santa Cruz, 2010. 128 p. : il.

ISSN 1808-3439

1. Café - Brasil. 2. Café - Cultivo. I. Silveira, Daiani da.

Catalogação: Edi Focking CRB-10/1197 ISSN 1808-3439 É permitida a reprodução de informações desta revista, desde que citada a fonte. Reproduction of any part of this magazine is allowed, provided the source is cited. 2

CDD : 633.730981 CDU : 633.73(81)


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Sumário_Summary Apresentação 08 Introduction CENÁRIO 12 SCENARIO PERFIL 44 PROFILE PESQUISA 86 RESEARCH INDÚSTRIA 100 INDUSTRY

Inor /Ag. Assmann

CONSUMO 114 CONSUMPTION PAINEL 124 PANEL EVENTOS 126 EVENTS ARTE 128 ART

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Asas à imaginação O café constitui um dos maiores símbolos de hospitalidade na cultura de vários povos – para os brasileiros em especial. É um consagrado gesto de cordialidade e de civilidade servir essa bebida quando se recebe uma visita, ou mesmo convidar amigos para saborear uma xícara de um bom cafezinho. Da mesma forma, ele se torna excelente companhia em meio às atividades diárias, contribuindo na execução das tarefas profissionais ou estimulando a concentração e a capacidade de memória. Em todas as circunstâncias, mais do que saciar a sede, é também elemento de bem-estar, de relax e de conforto – em suma, de prazer; sem esquecer de seus benefícios em favor de uma vida mais saudável. Bem por isso, dentro ou fora do lar, nas cafeterias que se espalham em número crescente, a bebida tornou-se artigo essencial na rotina da popu-

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lação. Degustado puro ou em misturas – dentre as quais a com leite é casamento perfeito no hábito do brasileiro –, quente ou gelado, adoçado ou aproveitado em sobremesas e outras elaborações culinárias e gastronômicas, ele firmou o status de produto indispensável.


Sílvio Ávila

Se a demanda aumenta, com ela crescem as exigências dos consumidores, e os reflexos são imediatos nas áreas de produção. Isso pode ser testemunhado nos principais polos nacionais de cultivo, especialmente nas regiões do Sudeste, do Nordeste e do Norte, historicamente envolvidas com a atividade. O Brasil é o maior produtor mundial do grão e igualmente o maior exportador dos cafés verdes (não industrializados). Para manter e até ampliar sua participação no comércio global, os cafeicultores de estados como Minas Gerais (responsável por metade da colheita nacional), Espírito Santo, Bahia, São Paulo, Paraná e Rondônia se esmeram no tratamento dado a seus cafezais. Da pesquisa à indústria, e passando naturalmente pelo produtor, a atenção à qualidade, à padronização, à rastreabilidade e à exce-

lência das características do grão é fundamental. Mais adiante, o País investe de maneira crescente na industrialização, como forma de agregar valor, tanto ao torrado e moído quanto ao solúvel e aos especiais. Graças a esse esforço, e independentemente do destino que terá esse produto, seja o mercado interno ou o cliente internacional, o café brasileiro a cada ano impõe-se por sua capacidade de surpreender o paladar do mais exigente consumidor. É de consenso, junto aos especialistas, que um grão ruim não rende bebida boa; assim, para assegurar que esta seja de pleno agrado, é imprescindível, desde o princípio, contar com grãos primorosos, o que implica em eficiência em todas as etapas do processo produtivo. Com um café de excelente qualidade, o consumidor terá plenas condições de dar asas à imaginação na formulação da melhor bebida. E é isso que a cadeia produtiva no Brasil fixa como meta constante: cativar os clientes. Dessa forma, a asa da xícara em que estará o melhor café do mundo habilitará todos a, simbolicamente, voar cada vez mais alto na busca da satisfação.

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Sílvio Ávila

Free rein to fancy Coffee is an overwhelming symbol of hospitality in the culture of different peoples – especially in Brazil. It is a widely accepted gesture of hospitality and good manners to offer a cup of coffee to visitors, or give friends a warm greeting and a steamy cup of coffee. Likewise, coffee is an excellent company for the daily activities, giving its contribution towards carrying out professional tasks or stimulating such skills as concentration and memory. Under any circumstances, more than just quenching the thirst, it also adds up to the well-being, relax and comfort of people – in short, it pleases; without overlooking its health related benefits. Just because of this, either in or out of home, in the everrising number of coffeehouses, coffee has become part of people’s daily routine. Sipped pure or in mixtures – coffee with milk is the preferred one in Brazil –, hot or cool, sweetened or coffee and dessert pairings and other culinary and gastronomic preparations, have made coffee indispensable. As demand soars, so do consumer requirements, with immediate reflections on the production area.The main production hubs throughout Brazil bear witness to this, particularly the Northeast and North, historically coffee farming regions. Brazil is the largest coffee producer in the world and equally the largest exporter of green coffees (not industrialized). To maintain and even expand its share in the global mar10

ketplace, the coffee growers in states like Minas Gerais (responsible for half of the national production volumes), Espírito Santo, Bahia, São Paulo, Paraná and Rondônia spare no effort and are deeply devoted to their coffee plantations. From research to industry and, of course, without overlooking the growers, quality concerns, along with strict standards, traceability and highly distinctive bean characteristics are fundamental features. Later, the Country invests in industrialization projects, as a manner to add value to all types of coffee: roasted, ground, soluble or specialty coffees. Thanks to this effort, and regardless of the destination of this product, either for domestic consumers or foreign buyers, Brazilian coffee is constantly standing out for its capacity to please the palate of the most discerning consumers around the globe. It is common belief among specialists that bad beans do not make good coffee; therefore, to make this beverage as pleasing as possible, since the beginning, coffee beans of unquestionable quality are indispensable, which implies in efficiency over all the production stages. With coffee of excellent quality, consumers can freely dig into their imaginative power to prepare their beverage of choice. To attract clients, is the inevitable target of Brazil’s production chain.Therefore, by grabbing the handle of the mug that holds the best coffee in the world, symbolically, people are invited to fly high in search of satisfaction.


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12 Sテュlvio テ」ila


É positivo Safra de café em 2010 deve atingir crescimento de 19,2% em relação ao ano anterior. Foram produzidas 47,042 milhões de sacas de 60 quilos A produção cafeeira do Brasil na safra 2010 ganhará impulso devido ao período de bienualidade positiva e às condições climáticas favoráveis registradas até dezembro de 2009. A estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgada em maio de 2010, aponta para crescimento de 19,2% em relação à temporada 2009, alcançando a 47,042 milhões de sacas de 60 quilos. O resultado do período significa incremento de 7,57 milhões de sacas em relação às 39,47 milhões obtidas no ciclo anterior. A colheita, que se iniciou em abril, deve apresentar maior concentração entre junho e agosto. Cabe aqui destacar que, como a Conab adota como referência de safra o ano, o mesmo será empregado no Anuário quando se referir a informações dessa instituição. No anúncio do relatório da Conab, Wagner Rossi, ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), afirmou que a produção da cafeicul-

tura brasileira está solidamente encaminhada para um aumento muito equilibrado. “Colher uma safra de ciclo alto num momento em que o mercado internacional se ressente da falta de bons cafés arábica é uma oportunidade para ocupar maior espaço nos blends, ou seja, produtos que resultam da composição de diferentes tipos de café”, destaca. O ministro observou, no entanto, a necessidade de toda a cadeia produtiva estar unida, a fim de solidificar o momento favorável. “Se todos estiverem sintonizados com a oportunidade que há hoje para o café, poderemos avançar neste momento.” Segundo a Conab, o maior acréscimo deve ocorrer na colheita do arábica, estimada em 35,307 milhões de sacas, o que representa ganho de 6,440 mil sacas, ou 22,3%, sobre o período anterior, que foi de 28,9 milhões de sacas. Esse tipo de grão representa 75,1% do total nacional.

A produção de robusta ou conilon, que significa 24,9% da safra brasileira, deve atingir a 11,735 milhões de sacas, alta de 10,7%, o equivalente a 1,130 mil sacas. A área cultivada com o grão cresceu 32 mil hectares (1,5%), saindo de 2,09 milhões de ha no ciclo passado para 2,12 milhões de ha na temporada atual. A produtividade é calculada em 22,14 sacas por ha. O resultado da safra poderia ter sido maior não fosse a inversão climática — estiagem acompanhada de altas temperaturas — ocorrida a partir da segunda quinzena de dezembro de 2009, notadamente no Espírito Santo; nas regiões da Zona da Mata, de Rio Doce e Jequetinhonha, em Minas Gerais; e na região Atlântico, na Bahia. A situação causou perdas expressivas na produção, compensadas, em parte, pelos ganhos registrados nas regiões Sul e Centro-Oeste de Minas Gerais e nas áreas irrigadas do Estado da Bahia, principalmente no Oeste.

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It is positive The 2010 Brazilian coffee crop is expected to soar 19.2% from last year. Total production reached 47.042 million 60-kg sacks

Sílvio Ávila

The 2010 coffee crop in Brazil is taking advantage of the upswing year in coffee’s biennial cycle and of the good climate conditions until December 2009. Estimates released by the National Supply Company (Conab) in May 2010, point to a 19.1-percent increase compared to the 2009 crop year, totaling 47.042 million 60-kg sacks. The result means an additional 7.57 sacks compared to the 39.47 million sacks in the previous year. Harvest started in April and normally gets into full swing June through August. Maybe, it is worth highlighting that Conab adopts the crop-year as reference, and

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the same holds for the Yearbook with regards to information about this institution. Commenting on Conab’s report,Wagner Rossi, minister of Agriculture, Livestock and Food Supply (Mapa), said that Brazil’s coffee producing business was firmly on track for balanced steps forward. “Harvesting a crop in the upswing of coffee’s biennial cycle, at a time when good quality coffees are in short supply in the international scenario, represents a good opportunity to gain more shares in the blends, i.e., products that result from the composition of different types of coffee”, he argues. The minister, nevertheless, referred to the need for the entire coffee production chain to join efforts, if the favorable moment is to be solidified. “If all the parties keep in tune with the opportunity now at hand, we are likely to make strides in this sector”. According to Conab, Arabica coffee will be responsible for the biggest share in the bigger crop, estimated at 35.307 million sacks, representing an extra 6.440 thousand sacks, or up 22.3% from last year’s 28.9 million sacks. This type of coffee represents 75.1% of the entire national crop. The production of robusta or conilon coffee, which accounts for 24.9% of the Brazilian crop, is estimated at 11.735 million sacks, up 10.7%, equivalent to 1.130 thousand sacks. The area planted to this type of coffee soared 32 thousand hectares (1.5%), from 2.09 million hectares in the previous crop to 2.12 million in the current one. Yields are estimated at 22.14 sacks per hectare. Had it not been for the climatic inversion phenomenon – drought followed by warm temperatures – from mid December 2009 onward, notably in Espírito Santo; Zona da Mata region, Rio Doce and Jequetinhonha, in Minas Gerais; and in the Atlantic region in Bahia. The problem was responsible for substantial production losses, partly compensated by the exuberant crop in the South, Center-West of Minas Gerais and irrigated crops in Bahia’s Center West.


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Assim não é bom Clima não ajudou os cafezais, que estão produzindo grãos de qualidade inferior no período 2010 A qualidade do café não vai acompanhar os bons resultados da safra 2010. Devido às adversidades climáticas, os arbustos do tipo arábica tiveram de três a quatro floradas, o que prejudicou a uniformidade de tamanho e o amadurecimento dos grãos. Em uma mesma planta podiam ser encontrados, no início da colheita, frutos que vão do verde ainda em formação ao maduro e seco. Além disso, o excesso de chuvas provocou maior incidência de doenças, como cercosporiose, antracnose e outros fungos que afetam a qualidade. A estiagem nos meses de dezembro a março levou à má formação de frutos, com grãos mais leves e queimados e com elevada porcentagem de chochamento, de acordo com informações da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Com tudo isso, haverá diminuição dos cafés finos e aumento dos de varreção. A estiagem e as altas temperaturas na fase de enchimento de grãos, durante a segunda quinzena de dezembro e a segunda quinzena de março, afetaram também a região de conilon no Espírito Santo. Houve redução de, pelo menos, 735 mil sacas na produção. Os prejuízos não foram maiores porque o cafeicultor realizou os tratos culturais, envolvendo adubação, poda, desbrota e controle adequado de ervas daninhas e, nas lavouras novas, utilizou materiais genéticos com maior potencial produtivo. Assim, o rendimento previsto é de 28,07 sacas por hectare. Hercílio Amaral Neto, diretor do Conselho Nacional do Café (CNC), diz que a qualidade da safra está diretamente ligada aos fatores climáticos e aos tratos culturais. “Em re-

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lação ao clima, o produtor não tem muito o que fazer, mas no que diz respeito ao bom manejo do cafezal, o cafeicultor brasileiro vem buscando dar a melhor atenção possível, dentro da sua realidade financeira”. Diante da situação de dificuldade de alguns agricultores, Amaral Neto pede maior sensibilidade por parte do governo federal, liberando recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) de forma ágil e dentro dos prazos adequados para ser utilizado. “Além disso, é preciso que o governo implemente planos de safra específicos à cafeicultura, permitindo que o produtor tenha acesso aos créditos disponibilizados à atividade”, observa. Ele destaca também a necessidade de poder “comercializar o café nos intervalos de melhores preços, ao longo dos 12 meses de cada ano-safra, e não apenas, forçadamente, a preços baixos logo após a colheita, fato corriqueiro na última década, para honrar compromissos financeiros e parcelas do endividamento.” O diretor do CNC afirma que, com esse auxílio governamental, o cafeicultor poderá investir mais em tecnologia e melhores tratos culturais, fatores fundamentais para obter renda na atividade e dar sequência a um ciclo interessante e rentável na cafeicultura. Segundo Amaral Neto, “com mais recursos, o produtor investe mais na lavoura e obtém melhor qualidade e rentabilidade, mitigando, em parte, os efeitos de virtuais adversidades climáticas que possam interferir negativamente na qualidade do café e na rentabilidade dos grãos”.


It’s not good Climatic conditions were no help for coffee fields, now producing berries inferior in quality compared to the 2009 season is directly linked to climatic factors and cultural practices. “With regard to the climate, growers cannot do much about it, but as far as the management of coffee fields is concerned, Brazilian coffee farmers have been doing their best, within their financial limitations”. In light of the difficulties afflicting some growers, Amaral Neto calls on the government for more action, liberating resources from the Coffee Economy Defense Fund (Funcafé) with no delay and within the appropriate timeframes. “Furthermore, there is need for the government to implement crop plans specific for coffee farming, allowing the farmers to have access to the available credit lines for the activity”, he observes. He also stresses the need to “commercialize the crop during high price intervals over the 12 months period of each crop, and not only unwillingly, immediately after the harvest, when prices are usually low, a fact that has been very common over the last decade, to make good on loan installments or for debt payments”. The NCC director maintains that, with such government aid, coffee farmers could make more investments in technology and cultural practices, vital factors if profits are to be obtained, and for giving continuity to this profitable and attracting coffee cycle. According to Amaral Neto, “with more resources, farmers tend to invest more in their farms in order to produce better quality and profits, partly offsetting eventual climatic adversities that might negatively interfere with the quality of the berries and subsequent profit margins.

Sílvio Ávila

In terms of quality, this year’s coffee will not keep pace with the good results in the 2010 crop. Due to adverse climatic conditions, Arabica coffee plants blossomed three to four times, which impaired size uniformity and the maturing process. At the beginning of harvesting time, on the same plant you could find berries in the growing stage, while others were ripe or even dry. Furthermore, excessive precipitation rates prompted disease outbreaks, like brown eye spot, anthracnose and quality impairing fungus diseases.The drought conditions from December to March caused berry malformation problems, like lighter and scorched grains with a high degree of wilting, according to figures from the National Supply Company (Conab). By and large, this will reduce the amounts of fine coffees, whilst raising the percentage of varrição coffee (low quality berries). Drought conditions and high temperatures in the podfilling phase, during the second half of December and the second half March, also ill affected the conilon coffee fields in Espírito Santo. There was a reduction of, at least, 735 thousand sacks in terms of production volumes. Damages were not bigger because the farmers carried out timely cultural practices, such as fertilization, trimming, sucker and weed controls, while in the field, varieties of higher productive potential were used. This results into a forecast yield of 28.07 sacks per hectare. Hercílio Amaral Neto, director of the National Coffee Council (NCC), maintains that the quality of the coffee

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É mineiro, sô! Minas Gerais é responsável por metade da produção nacional de café, sendo 99% do tipo arábica Metade do café colhido no Brasil tem uma origem: Minas Gerais. O Estado segue como o maior produtor nacional e responde por 50,9% do volume total. Dados de maio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimam a safra 2010 em 23,944 milhões de sacas de 60 quilos, das quais 98,9% são de arábica. Quando comparado às temporadas de 2009 e 2008, o cálculo representa incremento de 20,44% e 1,5%, respectivamente. O início do período chuvoso, a partir de setembro de 2009, favoreceu o desenvolvimento vegetativo e produtivo das lavouras, contribuindo para o crescimento e o enchimento dos frutos. No entanto, nas regiões da Zona da Mata, de Rio Doce e do Jequitinhonha uma forte estiagem, acompanhada de altas temperaturas ao longo dos meses de janeiro e fevereiro, período no qual ocorre o crescimento dos grãos, prejudicou os cafezais localizados nas regiões mais baixas e quentes, notadamente as mais novas e mal nutridas. Além disso, chuvas extemporâneas no inverno de 2009 provocaram a abertura de multifloradas, causando a formação de frutos desuniformes nas diversas regiões produtoras do Estado, afetando a qualidade. Em segundo lugar no ranking nacional está o Espírito Santo, com 23,4% da colheita e predomínio de robusta. A safra está prevista em 11,031 milhões de sacas de café beneficiado, sendo 8,144 milhões de sacas de conilon (74%) e 2,887 milhões de arábica (26%). A seca e as altas temperaturas durante a segunda quinzena de dezembro e a segunda quinzena de março, justamente na fase de enchimento de grãos, atingiram a maior parte das lavouras do Sul do Estado e aquelas localizadas em terrenos mais arenosos, gerando perda de 735 mil sacas. O Estado de São Paulo é o terceiro produtor brasileiro com estimativa de obter 4,36 milhões de sacas, 27,2% superior ao volume da temporada anterior, que foi de 3,423 milhões de sacas. O incremento deve-se à bienualidade positiva, aliada ao excelente desenvolvimento vegetativo das lavouras e do emprego da tecnologia recomendada na maioria dos cinturões de plantio. Em razão disso, a qualidade do café será boa. 18


duramente a região de conilon. Rondônia vai colher 2,192 milhões de sacas, resultado 41,7% superior, e o Paraná, 2,110 milhões. A boa situação climática favoreceu Rondônia com chuvas nos estágios de floração, paralelamente à incorporação de novas áreas. No Paraná, o clima atípico no inverno provocou floradas irregulares, compensadas pela regularidade no regime de chuvas nas principais regiões produtoras a partir de novembro. Sílvio Ávila

O quarto, o quinto e o sexto maiores polos cafeeiros têm desempenhos semelhantes. A Bahia deverá produzir 2,321 milhões de sacas, 23,9% a mais que em 2009. Do total, 1,822 milhão de sacas são de arábica e 498,5 mil sacas são de conilon. O Estado contou com chuvas regulares no mês de novembro, situação que proporcionou floradas dentro da normalidade. No período de dezembro a fevereiro, contudo, ocorreram estiagens que afetaram mais

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SĂ­lvio Ă vila

I’m from Minas Gerais! Minas Gerais is responsible for half of the national coffee crop, 99% Arabica Half of the coffee harvested in Brazil has one origin: Minas Gerais. The State is the largest national producer and accounts for 50.9% of the total in Brazil. According to data from the National Supply Company (Conab), released in May, the 2010 crop is estimated at 23.944 million 60kg sacks, of which, 98.9% are Arabica coffee. Compared to the 2009 and 2008 cycles, the figure represents a rise of 20.44% and 1.5%, respectively. The beginning of the rainy season, as of September 2009, greatly favored the vegetative and productive growth in the 20

fields, contributing towards bean development and growth. However, in the Zona da Mata, Rio Doce and Jequitinhonha regions, a prolonged drought, followed by warm temperatures in January and February, during the bean growing phase, damaged the coffee plantations located in warm and lowlands, particularly the new and malnourished ones. Moreover, erratic rainfalls in winter in 2009 triggered a multi-blooming process, resulting into fruits lacking uniformity throughout the coffee producing regions in the State, ultimately impairing quality.


The State of Espírito Santo ranks second in Brazil, with 23.4% of the total harvest, predominantly robusta coffee. The crop is estimated at 11.031 million sacks of processed coffee, split into 8.144 sacks of conilon (74%) and 2.887 million sacks of Arabica (26%). A dry spell and high temperatures in the second half of December and in the second half of March, at the pod-filling phase, hit most fields in the southern portion of the State and the ones located in sandy soils, generating losses of 735 thousand sacks. The State of São Paulo ranks third in Brazil and its crop is estimated at 4.36 million sacks, up 27.2% from last year, when it was 3.423 million sacks.The upswing in coffee’s biennial cycle is credited with the rise, along with the excellent vegetative development of the fields in conjunction with the use of the recommended technology in most coffee producing belts. This also results into coffee of good quality.

The fourth, fifth and sixth major coffee producers share similar performance rates. Bahia is expected to harvest 2.321 million sacks, up 23.9% from 2009. Of this total, 1.822 million sacks are Arabica and 498.5 million sacks, conilon. The State was lucky with the weather conditions, and had good rains in the month of November, resulting into timely blossoming. Nevertheless, December through February, the conilon growing regions suffered from severe drought conditions. Rondônia is going to harvest 2.192 million sacks, up 41.7% from last year, and the State of Paraná, 2.110 million sacks. Good weather conditions and regular rainfalls during the flowering phase are credited with the success of the crop, along with the incorporation of new areas. In Paraná, erratic climate conditions triggered irregular flowering conditions, but were compensated by regular rains starting in November in the leading producing regions.

Aqui tem • There is coffee here Café beneficiado – Comparativo de produção

Produção (mil sacas beneficiadas)

UF/Região

Minas Gerais

Arábica Safra

Safra

2009

2010

19.598,0 23.690,0

Conilon Variação

Safra

Safra

Total Variação

Safra

Safra

Variação

%

2009

2010

%

2009

2010

%

20,9

282,0

254,0

-

19.880,0

23.944,0

20,4

Sul e Centro-Oeste

9.750,0

12.094,0

24,0

0,0

0,0

-

9.750,0

12.094,0

24,0

Cerrado (Triângulo, Noroeste, Alto Parnaíba)

3.859,0

5.064,0

31,2

0,0

0,0

-

3.859,0

5.064,0

31,2

Zona da Mata (Jequitinhonha, Mucurí, Rio Doce, Central e Norte)

5.989,0

6.532,0

9,1

282,0

254,0

-

6.271,0

6.782,0

8,2

Espírito Santo

2.603,0

2.887,0

10,9

7.602,0

8.144,0

7,1

10.205,0

11.031,0

8,1

São Paulo

3.423,0

4.355,6

27,2

0,0

0,0

-

3.423,0

4.355,6

27,2

Paraná

1.467,0

2.100,0

43,1

0,0

0,0

-

1.467,0

2.100,0

43,1

Bahia

1.332,0

1.822,6

36,8

542,0

498,5

(8,0)

1.874,0

2.321,1

23,9

Cerrado

436,0

521,4

19,6

0,0

0,0

-

436,0

521,4

19,6

Planalto

896,0

1.301,2

45,2

0,0

0,0

0

896,0

1.301,2

45,2

Atlântico

0,0

0,0

-

542,0

498,5

(8,0)

542,0

498,5

(8,0).

Rondônia

0,0

0,0

-

1.547,0

2.192,0

41,7

1.547,0

2.192,0

41,7

Mato Grosso

11,0

10,9

(0,9)

13,4

12,6

(3,8)

141,0

136,0

(3,5)

Pará

0,0

0,0

-

228,0

214,0

(6,1)

228,0

214,0

(6,1)

Rio de Janeiro

252,0

239,4

(5,0)

13,4

12,6

(6,0)

265,4

252,0

(5,1)

Outros

180,0

201,4

11,9

260,0

294,6

13,3

440,0

496,0

12,7

10,7

39.470,4

47.041,7

19,2

Brasil

28.866,0 35.306,9

22,3

10.604,4 11.734,8

Fonte: Conab, com participação de Mapa e Secretaria de Produção e Agroenergia (Spae) - Maio de 2010 *Em outros está a produção dos estados de Acre, Ceará, Pernambuco, Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal

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Até o último grão Produção mundial de café, nos últimos anos, não acompanhou o ritmo de crescimento do consumo e há dúvidas se a próxima safra será suficiente O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou, em junho de 2010, estimativa de que a produção mundial de café será de 139,7 milhões de sacas na safra 2010/11. A Organização Internacional do Café (OIC), contudo, prevê colheita menor, ficando em 135 milhões de sacas. Na previsão anterior, o USDA tinha apresentado um número mais baixo, de 134 milhões de sacas. O cálculo atual desse organismo internacional para a produção brasileira é de 55,3 milhões de sacas, mais de 8 milhões acima dos números da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Conforme o USDA, o ciclo atual será 11% superior ao 2009, quando a safra mundial do grão atingiu a 127,443 milhões de sacas, redução de 5,4% em relação à de 2008, que foi de 134,768 milhões de sacas. Com uma demanda mundial de 135 milhões de sacas, a produção atenderia a esse volume pelos números da OIC e, pelos do USDA, haveria sobra. O crescimento internacional do consumo

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tem sido entre 2% e 2,5% ao ano e, nos últimos cinco anos, os estoques ficaram reduzidos. Em 2003/04, os estoques globais iniciais eram de 48,809 milhões de sacas e, em 2009/10, baixaram para 40,063 milhões de sacas, o que representa queda de 18%. Na safra anterior a reserva havia sido ainda menor: 37,729 milhões de sacas. Além da elevação do consumo, tradicionais produtores de café tiveram redução de suas safras no último ano devido a problemas climáticos. A Colômbia, que aparecia como segundo maior produtor, depois do Brasil, perdeu essa posição para o Vietnã e foi ultrapassada ainda pela Indonésia, em razão da queda da sua produção nas temporadas 2008 e 2009 em relação a períodos anteriores. Em 2009, foi levemente superior a 2008, mas bem abaixo das colheitas de 2007, 2006 e 2005, que ficaram acima das 12,5 milhões de sacas. Em 2008 o país colheu 8,664 e, em 2009, 9,5 milhões de sacas, de acordo com a OIC. Essa conjuntura favorece o Brasil, que está colhendo uma safra expressiva em razão da bienualidade positiva e de condicões climáticas favoráveis. Segundo a Conab, o País produzirá 47,042 milhões de sacas, com aumento de 19,2% em relação ao ano anterior, o que corresponde a 7,57 milhões de sacas a mais. No total são 55 países que plantam café no mundo. Os 20 maiores produtores são responsáveis por 95% da oferta, ou seja, 117,676 milhões de sacas. Os outros 35 respondem pelos 7,388 milhões de sacas restantes na temporada 2009. Entre os 20, Vietnã, Tailândia e Costa do Marfim cultivam apenas robusta; oito somente arábica (Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Etiópia, Honduras, México, Nicarágua e Peru); e os demais, os dois tipos de café.


Sílvio Ávila

Donos da lavoura • Leading producers

Os 20 maiores produtores mundiais (em mil sacas) Países 2004 2005 Brasil 39.272 32.944 Vietnã 14.370 13.842 Indonésia 7.536 9.159 Colômbia 11.573 12.564 Etiópia 4.568 4.003 Índia 4.592 4.396 México 3.867 4.225 Guatemala 3.703 3.676 Peru 3.425 2.489 Honduras 2.575 3.204 Uganda 2.593 2.159 Costa do Marfim 2.301 1.962 Nicarágua 1.130 1.718 Costa Rica 1.887 1.778 El Salvador 1.437 1.502 Tanzânia 763 804 Venezuela 1.327 1.506 Papua Nova Guiné 998 1.268 Camarões 727 849 Tailândia 884 999 Subtotal 109.528 105.047 Outros 6.534 6.416 Produção mundial 116.062 111.463

2006 42.512 19.340 7.483 12.541 4.636 5.159 4.200 3.950 4.319 3.461 2.700 2.847 1.300 1.580 1.371 822 1.571 807 836 766 119.354 9.784 129.138

2007 36.070 16.467 7.777 12.504 4.906 4.460 4.150 4.100 3.063 3.842 3.250 2.598 1.700 1.791 1.621 810 1.520 968 795 653 113.045 6.351 119.396

2008 45.992 18.500 9.350 8.664 4.350 4.372 4.651 3.785 3.872 3.450 3.200 2.353 1.615 1.320 1.547 1.186 930 1.028 750 675 121.590 6.393 128.183

2009 39.470 18.000 11.500 9.500 4.850 4.827 4.500 4.000 3.850 3.650 3.000 1.850 1.700 1.659 1.135 875 850 835 825 800 117.676 7.388 124.064

Fonte: OIC

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Inor /Ag. Assmann

To the last grain Global coffee production has not kept pace with consumption over the past years and nobody knows if enough coffee will be produced in the coming crop The United States Department of Agriculture (USDA), in June 2010, estimated the global coffee volume of the 2010/11 crop year at 139.7 million sacks. The International Coffee Organization (ICA), however, is forecasting a smaller crop, approximately 135 million sacks. At its previous estimation, the USDA had shown a smaller figure, 134 million sacks.The current estimation of this organ for the Brazilian production volumes is 55.3 million sacks, more than 8 million sacks in excess of the figures released by the National Supply Company (Conab).According to USDA sources, the volume in the present cycle will be up 11% from 2009, when the global coffee crop reached 127.443 million sacks, down 5% from 2008, when it was 134.768 million sacks. With global demand amounting to 135 million sacks, this volume would be achieved by the ICA figures, while by the USDA figures, there would be surpluses. Consumption around the globe has risen from 2% to 2.5% a year and, over the past five years, global stocks dropped. In 2003/04, initial global stocks reached 48.809 million sacks and, in 2009/10, they dropped 18% to 40.063 million sacks. In the previous crop, reserves had even been smaller: 37.729 million sacks. Besides the rising consumption figures, traditional coffee producers suffered crop reductions last year, mainly due to 24

climate problems. Colombia, which ranked second, coming only after Brazil, lost this position to Vietnam and was also outstripped by Indonesia, by virtue of the lower crop in the 2008 and 2009 seasons, compared to the previous years. In 2009, Colombia showed a slight recovery, but way below the harvests in 2007, 2006 and 2005, when upwards of 12.5 million sacks were harvested. In 2008, the country harvested 8.664 million sacks and, in 2009, it was 9.5 million sacks, according to the International Coffee Organization (ICO). This situation favors Brazil, which is now harvesting a very expressive crop by virtue of the upswing in coffee’s biennial cycle, along with favorable weather conditions. According to the National Supply Company (Conab), the Country will produce 47.042 million sacks, up 19.2% from last year, corresponding to an extra 7.57 million sacks. There are 55 countries in the world that plant coffee. The 20 major producers are responsible for 95% of the total global crop, that is to say, 117.676 million sacks. The other 35 countries account for the 7.388 million remaining sacks in the 2009 season. Among the 20 countries, Vietnam, Thailand and Ivory Coast cultivate only robusta coffee; eight of them, only Arabica (Colombia, Costa Rica, El Salvador, Ethiopia, Honduras, Mexico, Nicaragua and Peru); and the others, the two types of coffee.


É do mundo • Worldwide

Oferta e demanda global de café (em mil sacas) Ano Est. inicial Produção Importação 2000/01 20.875 117.521 1.478 2001/02 22.618 111.518 1.647 2002/03 43.234 128.422 28.418 2003/04 48.809 111.561 71.740 2004/05 42.807 122.616 82.571 2005/06 46.006 116.951 83.153 2006/07 38.611 133.465 88.000 2007/08 42.838 122.838 87.349 2008/09 37.729 134.768 89.612 2009/10 40.063 127.443 87.885 2010/11* 35.293 131.000 91.000

Oferta 139.874 135.783 178.457 232.110 247.994 246.110 260.076 253.025 262.109 255.391 257.293

Exportação 90.937 88.292 95.876 91.497 93.482 92.723 101.725 96.202 101.159 99.039 101.000

Consumo 26.319 27.774 47.987 97.806 108.506 114.776 115.513 119.094 120.887 121.059 123.480

Est. final 22.618 19.717 34.594 42.807 46.006 38.611 42.838 37.729 40.063 35.293 32.813

Fonte: USDA, com elaboração da Conab / *Projeção

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Batendo à porta Brasil conta com situação favorável para elevar exportações de café, justamente em ano de bienualidade positiva

Inor /Ag. Assmann

A retomada do consumo de café na Europa e nos Estados Unidos, após a crise econômica mundial, a queda dos estoques globais e a redução da safra dos países produtores concorrentes são fatores que devem favorecer as exportações do Brasil, que está colhendo um volume expressivo graças à bienualidade positiva. Guilherme Braga, diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do

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Brasil (CeCafé), aposta que, até o fim de 2010, os embarques nacionais cheguem a 31 milhões de sacas, 700 mil a mais que em 2009, quando foram vendidas ao exterior 30,309 milhões de sacas. Ele embasa sua opinião no montante já embarcado e acredita que, no segundo semestre, os envios chegarão a 17 milhões de sacas, 1 milhão a mais que no mesmo período de 2009. Otimismo semelhante é manifestado por Wagner Rossi, ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que destaca os pontos favoráveis às transações internacionais: o mundo está com baixos estoques do grão, houve queda na safra dos principais países produtores e há boa inserção do café nacional usado em blends nas regiões do planeta onde a bebida é mais consumida. “A cafeicultura brasileira precisa aproveitar as oportunidades colocadas diante da atual situação do mercado internacional”, declarou o ministro em maio de 2010 ao participar de reunião em Brasília (DF) com cafeicultores, parlamentares, cooperativas, exportadores, associações e outros representantes do setor. Os envios brasileiros, em 2009, tiveram aumento de 26,6% sobre o ano anterior, quando foram embarcadas 29,522 milhões de sacas, sendo 89% de arábica, 10% de solúvel e 1% de conilon. O principal cliente é a Alemanha, respondendo por 19% do total, vindo a seguir Estados Unidos, com 17%; Itália, com 10%; Japão, com 8%; e Bélgica, com 8%. Esses cinco países absorvem 61% das vendas nacionais ao exterior. As compras da Alemanha foram 17% maiores em relação a 2008. Os Estados Unidos elevaram as importações em 14% e o Japão, em 4%. Itália e Bélgica reduziram em 14% e 13% respectivamente. De janeiro a abril de 2010, foram embarcadas 9,652 milhões de sacas, sendo 8,509 milhões de arábica, 991.435 de solúvel, 130.520 de conilon e 20.618 de café torrado. Essas transações representaram faturamento de US$ 1,524 bilhão.


Knocking at the door

Brazil is now going through a favorable moment as far as soaring coffee exports are concerned, exactly in the upswing year of coffee’s biennial cycle With coffee consumption on the rise in Europe and the United States, following the global economic downturn, along with lower world stocks and smaller crops in major competitor countries, are factors that will certainly benefit Brazilian exports, in light of the upswing in coffee’s biennial cycle. Guilherme Braga, general director of Brazil Coffee Exporters Council (Cecafé), maintains that, by the end of 2010, national coffee shipments will reach 31 million sacks, up 700 thousand sacks from 2009, when 30.309 million sacks were sold. The foundation of his belief is based on the amount already shipped and he has it that, over the second half of the year, shipments will reach 17 million sacks, up one million from the same period last year. Similar optimism is expressed by Wagner Rossi, minister of Agriculture, Livestock and Food Supply (Mapa), who points out the favorable aspects of the international transactions: global coffee stocks are low, major competitor countries suffered crop reductions and our national coffee is making its way into different blends in the countries where the beverage is widely consumed. “Brazilian coffee

farming business must take advantage of these opportunities, in light of the present picture of the global market”, said the minister in May 2010 at a meeting in Brasília (DF), attended by coffee producers, members of parliament, cooperative officials, exporters, associations and other representatives of the sector. In 2009, Brazilian shipments soared 26.6% over the previous year, when 29.522 million sacks were sent abroad, split into 89% of Arabica coffee, 10% soluble and 1% conilon. Germany is the main client, accounting for 19% of the total, followed by the United States, with 17%; Italy, with 10%; Japan, 8%; and Belgium, with 8%. These five countries acquire 61% of all our national exports. Imports by Germany were up 17% from 2008. The United States imported 14% more than the year before, and Japan 4% more. Italy and Belgium reduced their purchases by 14% and 13%, respectively. January through April 2010, shipments amounted to 9.652 million sacks, split into 8.509 million sacks of Arabica, 991,435 soluble , 130,520 conilon and 20,618 sacks of roasted coffee. These transactions raked in US$ 1.524 billion.

Vai bem • On the rise

Exportações de janeiro a abril de 2010 (volume em sacas de 60 kg e receita em US$ milhões) Mês Arábica Conilon Solúvel Torrado Sacas 2.205.747 43.601 237.655 3.610 Janeiro Receita 341,406 4,451 38,435 1,063 Sacas 2.000.319 22.516 234.569 7.899 Fevereiro Receita 323,388 2,421 38,268 2,282 Sacas 2.341.691 45.839 250.260 4.271 Março Receita 370,476 4,961 41,500 1,216 Sacas 1.926.120 18.574 268.951 4.838 Abril Receita 308,321 1,959 43,203 1,265 Sacas 8.509.877 130.520 991.436 20.618 Total Receita 1.343,593 13,793 161,408 5,828

Total 2.490.613 385,357 2.265.293 366,361 2.642.061 418,154 2.254.483 354,750 9.652.450 1.524,624

Fonte: CeCafé

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Sílvio Ávila

Próprio para o consumo Momento é propício para elevar demanda mundial de cafés especiais do Brasil e BSCA realiza esforços para aproveitar oportunidade O cenário otimista para as exportações brasileiras de café estende-se ao segmento de grãos especiais e diferenciados, que contam com propriedades ou processos certificados, como UTZ Certified, Fairtrade Labelling Organizations International e Rainforest Alliance, afirma Vanúsia Nogueira, secretária executiva da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA). Outra expectativa é de que o País consiga negociar também na Bolsa de Nova York (BNY), o que, segundo Vanúsia, abrirá novos mercados. Robério Oliveira Silva, diretor do Departamento de Café do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), diz que o produto nacional está em processo 28

de consulta para obter esse direito. A discussão arrasta-se há 10 anos, mas agora houve interesse do comitê da BNY, “que começa a perceber que o País tem participação importante nesse mercado”, destaca. A secretária executiva da BSCA justifica o otimismo com base no reconhecimento internacional para despolpados e cereja descascado (CD), que têm características semelhantes aos grãos colombianos. “Eles possuem nível de acidez agradável ao paladar dos que gostam desses cafés mais ácidos”, assinala. Acrescenta que esse tipo de grão pode entrar nos blends internacionais e, com isso, consolidar-se e crescer. Ela assegura que há garantia na continuidade de


FOCO NELES O alvo da iniciativa desenvolvida por BSCA, Apex e Mapa são oito países, entre os quais se incluem alguns novos e outros antigos importadores do Brasil, mas não de cafés especiais. Entre esses últimos estão Itália e França, que adquirem o produto como commodity. São países que têm tradição no consumo, mas não estão acostumados com produtos mais finos, diferenciados. Entre os novos, aparecem Polônia, China e Coreia do Sul. Além desses cinco, estão incluídos os principais mercados, como Estados Unidos, Japão e Alemanha. Vanúsia Nogueira, secretária executiva da BSCA, explica que a Polônia foi escolhida por integrar o Leste Europeu, região que, paulatinamente, está aumentando o poder aquisitivo e bebendo mais café. “A Polônia é um país bem estruturado e o trabalho será a médio e longo prazos, com educação de consumo e mostra dos cafés finos”, afirma. A China é uma nação de grande potencial, devido ao crescimento de estrangeiros que visitam o país, inclusive a negócios, e por causa do exemplo dos japoneses que elevaram sensivelmente o seu interesse pela bebida nos últimos anos. O consumo na China, atualmente, segundo Vanúsia, é de apenas uma xícara por pessoa ao ano. Ela diz que não está contando com 1,250 bilhão de chineses, cuja tradição é de beber chá, mas com um patamar de 200 milhões de pessoas de classe média que habitam as grandes cidades e que podem elevar o consumo para 4 a 5 xícaras/pessoa/ano. A Coreia do Sul foi escolhida por ficar próxima ao Japão e se espelhar muito nesse país, que se tornou um dos grandes consumidores mundiais nos últimos anos. É com ações como essas que a BSCA pretende elevar entre 5% e 10% as vendas externas de grãos especiais, cujos volumes têm-se mantido nos mesmos patamares, abrir novos mercados e aproveitar o período favorável.

Bem recebido • Welcome

Exportações brasileiras – Principais destinos (em mil sacas de 60 kg) Países 2008 2009 Alemanha 5.189 6.074 Estados Unidos 5.194 5.896 Itália 2.914 2.509 Japão 2.073 2.159 Bélgica 2.461 2.134 Espanha 1.028 882 Suécia 747 721 França 679 693 Eslovênia 932 656 Argentina 656 625 Outros 7.649 7.960 Total 29.522 30.309 Fonte: CeCafé

Inor /Ag. Assmann

entrega, uma das exigências dos clientes do exterior. “O momento é propício para o café brasileiro”, destaca. Para atender às oportunidades que estão surgindo, a BSCA, juntamente com a Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) e o Mapa, está desenvolvendo iniciativa para conquistar novos mercados e ampliar os embarques nacionais de grãos especiais. Todos os elos da cadeia são convidados a aproveitar o momento positivo. Vanúsia diz que, recentemente, visitou uma feira de alimentos em Viena (Áustria) onde notou grande curiosidade em torno do produto brasileiro.Além disso, observou acirrada disputa nos leilões realizados em 2010 de cafés ganhadores de prêmios em concursos mundiais de qualidade.

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Sílvio Ávila

Fit for consumption Moment is appropriate for pushing up global demand for Brazilian specialty coffees and BSCA is sparing no effort to take advantage of the opportunity The shining scenario for Brazil’s coffee exports is now extending to the segments of special beans that make a difference, and come from certified processes like UTZ Certified, Fairtrade Labelling Organizations International and Rainforest Alliance, says Vanúsia Nogueira, executive secretary of the Brazilian Specialty Coffee Association (BSCA). Another expectation is for Brazil to negotiate at the New York Stock Exchange (Nyse), which, says Vanúsia will pave the way for new markets. Robério Oliveira Silva, director of the Coffee Division of the Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply (Mapa), notes that the national product is now going through a consulting process to achieve this right. The debate has been going on for 10 years now, but now the Nyse committee has shown interest, “and is now beginning to realize that Brazil has an important share in this market”, he notes. BSCA’s executive secretary justifies this optimistic mood based on the recognition of the international market 30

of our depulped and cherry coffees, which are very similar to Colombian coffee beans. “Their acidity level pleases the palate of those who go in for these rather acid coffees”, he notes. He has it that this type of coffee may enter international blends and, therefore, consolidate and grow. She assures that deliveries will not suffer any delays or interruptions, one of the requirements by foreign buyers. “The moment looks bright for Brazilian coffees”, he points out. To see to the opportunities now arising, BSCA, jointly with the Brazilian Trade and Investment Promotion Agency (Apex Brasil) and the Mapa, is conducting initiatives to conquest new markets and broaden the national shipments of special coffee beans. All the links of the production chain are invited to take advantage of this positive moment. Vanúsia refers to her recent visit to a food fair in Vienna (Austria) where she observed the Brazilian product arising great curiosity. In addition, she noticed tight competition for the 2010 award winning coffees in global quality contests.


IN THE LIMELIGHT The target of the initiative conducted by the BSCA, Apex and Mapa are eight countries, among them some are new buyers and others, long-time importers, but of specialty coffees. The latter include Italy and France, which acquire the product as commodity. These are countries where coffee is traditionally consumed, but know little about more refined and discerning coffees. The newcomers include Poland, China and South Korea. Besides these five countries, major markets like the United States, Japan and Europe are also included. Vanúsia Nogueira, executive secretary to BSCA, explains that Poland was selected as a country of the East-

ern European Bloc, a region where the purchasing power of the population is gradually rising and, consequently, sipping more coffee. Poland is a well structured country, and the campaign is supposed to yield results over the medium and long terms, with consumption-oriented education and coffee-tasting events”, she argues. China is a nation that boasts great potential, due to the rising number of foreigners that visit the country, whether on business or for pleasure, and also because of the example set by Japan, where consumption has been rising significantly over the past years. Currently, consumption in China, according to Vanúsia, remains at only one cup per

person a year. She says she is not relying on the 1.2 billion Chinese, whose tradition is to drink tea, but on 200 middle class people living in big urban centers and could raise the consumption of coffee to 4 or 5 cups a year per person. South Korea was chosen because of its proximity with Japan and because that country mirrors itself in Japan, where consumption has been rising considerably over the past years. It is through this type of initiatives that the BSCA intends to push up foreign sales of specialty coffees, which have remained stable over the past years, from 5% to 10%, open new markets and take as much advantage as possible of the favorable times.

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Grandechance Café arábica brasileiro poderá ser negociado em contratos futuros na Bolsa de Nova York, segundo dirigentes da instituição

Inor /Ag. Assmann

A possibilidade de entrega do contrato futuro do café arábica brasileiro de padrão lavado na Bolsa de Nova York (BNY), nos Estados Unidos, estimulou representantes do setor, lideranças e especialistas, que veem na oportunidade a chance de

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conquistar uma nova imagem para o produto no cenário internacional.A expectativa baseia-se no aumento do volume do grão nacional de qualidade e da ampla aceitação no mercado. O volume de produção por via úmida gira em torno de 4


milhões de sacas ao ano. Além disso, existe escassez de lavados dos países da América Central e da Colômbia, havendo risco de especulação, com volume negociado desproporcional àquele passível de entrega, conforme avaliação de Guilherme Braga, diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CeCafé). Ele diz que a cotação na bolsa reduziria a volatilidade dos preços com base em fatores in-

ternos, como tamanho da safra ou estoques.Acrescenta que “ter a cotação regida pela BNY facilita a formação do preço negociado, resultando em uma melhor precificação para os cafés que atendam à qualidade exigida pelo contrato”. A escassez de lavados deve-se tanto à quebra da colheita em tradicionais países produtores quanto à expansão do mercado de grãos especiais, com segmentação de canais que, progressivamente, têm reduzido o volume negociado em bolsa. Para Celso Luís Vegro, pesquisador do Instituto de Economia Agrícola (IEA), de São Paulo (SP), a possibilidade de comercialização do produto nacional na Bolsa de Nova York é uma oportunidade de ‘diamante’. “Talvez seja o fato mais importante para o agronegócio café brasileiro a ocorrer em 2010”, enfatiza, convocando as representações da cafeicultura a se mobilizarem para acelerar o processo e o aceite para o contrato C em Nova York. O contrato de café tipo C é o padrão mundial do arábica, explica o professor de Economia Luiz Gonzaga de Castro Júnior, da Universidade Federal de Lavras (Ufla). Ele acrescenta que os preços dos grãos verdes para entrega do produto, a partir dos 19 países de origem, são formados segundo a qualidade do produto perante uma base diferencial, o que resulta em prêmios ou descontos, de acordo com os portos de entrega e a procedência. A campanha para inserção dos cafés brasileiros processados por via úmida teve como marco importante um estudo técnico realizado pelo CeCafé, em 2004, que incluiu uma série de verificações da qualidade do grão produzido em diversas regiões. Os testes de qualidade, realizados em Nova York por provadores de diferentes países, resultou na superação das barreiras de natureza técnica. Faltava superar outros fatores de natureza política e burocrática, que afastaram o País de participar desses contratos por tantos anos. Agora, a possibilidade parece próxima. Uma sinalização nesse sentido foi emitida pela própria BNY (ICE Futures US) em recente comunicado, segundo Rodrigo Costa, vice-presidente de Vendas Institucionais do Newedge Group. Conforme Costa, a bolsa tem interesse em um maior número de agentes.“Ela é pró-business”, assinala. No entanto, mesmo que a medida fosse confirmada em maio de 2010, a entrega só poderia ser feita a partir do contrato com vencimento em maio de 2013, considerando que existem contratos em aberto até o vencimento em março daquele ano. 33


Greatchance Brazilian Arabica coffee could be traded in the New York Futures Exchange, say officials of the institution The chance to trade Brazilian Arabica coffee futures contracts in the New York Futures Exchange, USA, has encouraged the representatives, leaderships and specialists of the sector, and they now spot the chance for a new image for the national product in the international scenario. The expectation is based on the bigger volumes and good quality coffee beans and their popularity in the market. Volumes coming from coffee washing stations generate about 4 million sacks a year. Besides, There is a shortage of washed coffees in Central American countries and Colombia, a fact that could trigger speculation, with negotiated volumes disproportionate with the ones to be delivered, according to an evaluation by Guilherme Braga, general director of the Brazil Coffee Exporters Council (Cecafé). He maintains that stock exchange prices would reduce price volatility based on internal factors, like crop size or carryover stocks. He adds that “having prices ruled by the New York Futures Exchange would facilitate the formation of negotiated prices, resulting into an improved price setting system for the coffee, in line with the quality standards set forth in the contract”. The shortage of washed coffees is blamed on crop frustrations experienced by traditional coffee producers and on the expansion of the specialty beans market, with segmentation of channels, which, progressively, have reduced the volumes traded in the Stock Exchange. Celso Luís Vegro, researcher with the Agricultural Economy Institute (AEI), based in São Paulo (SP), views the chance for trading our national product in the New York Stock Exchange as a “diamond” opportunity. “It might be the most relevant event for Brazil’s coffee agribusiness in 2010”, he empha-

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sizes and , at the same time, calling on all coffee farming representations to get mobilized to speed up the process and the acceptance of the C contract in New York. The type C coffee contract is the global Arabica coffee standard, explains Luiz Gonzaga de Castro Júnior, Economy professor at the Federal University of Lavras (Ufla). He adds that the delivery prices for green coffee berries, from the 19 countries of origin, are formed in accordance with product quality confronted with a differentiating basis, which results into prizes or discounts, according to the ports where the product is delivered and its origin. The campaign for inserting the Brazilian washed coffees is based on an important mark that consists in a technical study conducted by the Cecafé, in 2004, which included a series of cherry quality checking operations, comprising coffees produced in different regions. The quality tests, conducted in New York by tasters from several countries, resulted into the defeat of the barriers of technical nature. It was still necessary to surmount other factors of political and bureaucratic nature, which prevented the Country from taking part in these contracts for so many years. Now, the chance is no longer far away.A sign towards this end was sent by the New York Futures Exchange (ICE Futures US) in a recent communication, according to Rodrigo Costa, vice-president of Institutional Sales with the Newedge Group. According to Costa, the stock exchange has an interest in a bigger number of agents. “It is pro-business”, he remarks. Nevertheless, even if the move had been confirmed in May 2010, deliveries could only be carried out on the basis of the contracts that expire in May 2013, considering that there are open contracts expiring in March that year.


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Produz, mas não rende Baixo retorno financeiro é uma das queixas dos cafeicultores; em cinco anos, os custos aumentaram 48,38% e o preço do grão subiu apenas 3,87% As cotações do café arábica, que representa 75% da produção nacional, mantêm-se estáveis há cinco anos, enquanto o custo de produção, no mesmo período, elevouse quase 50%. Em razão disso, reduziu-se a rentabilidade da lavoura e muitos produtores abandonaram a cultura ou diminuíram suas áreas. Numa tentativa de evitar o agravamento da situação, algumas alternativas vêm sendo tentadas, como a mecanização da colheita, com o uso de equipamentos que reduzem a mão de obra, muito cara e escassa em algumas regiões; a alteração no preparo, isto é, no modo de colheita e de secagem do grão; e a irrigação, 36

que aumenta a produtividade e a qualidade do produto. Estudo da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostra que, de 2006 a 2009, a média dos preços relativos do arábica teve incremento de apenas 3,87%, ao passo que o custo variável de produção aumentou 48,38% em igual período. No caso do gasto operacional, o acréscimo foi de 50,14% e, num comparativo com o custo total, a diferença foi de 45,68%. De acordo com o levantamento, a cotação média de 2009 do arábica tipo 6, bebida dura, ficou 2,32% abaixo do preço mínimo de R$ 261,69 a saca de 60 quilos. Esse descompasso, aponta o relatório, tem afetado bastante a rentabi-


Sílvio Ávila

lidade do produtor e, por conseguinte, a sua performance. Uma saída para reduzir os custos seria introduzir alterações no sistema de colheita, que representa, pelo menos, 50% das despesas totais, ficando a outra metade dividida entre fertilizantes (30%) e demais gastos com água, energia e outros. A P&A Consultoria, de Espírito Santo do Pinhal (SP), analisou as diversas formas de colheita e concluiu que a mais econômica é com colheitadeira mecânica. A derriça mecânica, que utiliza um instrumento em forma de garras, é um sistema intermediário que também apresenta algumas vantagens. Além de substituir a mão de obra humana pela máquina, os volumes colhidos superam em 20 vezes o sistema seletivo e em até quatro vezes a derriça manual. Na colheita seletiva, os operários retiram dos pés apenas os grãos maduros, mas, segundo o estudo da P&A, é o sistema de maior custo para os cafeicultores. No caso da derriça manual, os grãos são retirados com as mãos, o que permite obter volume de três a cinco vezes maior que no processo seletivo. Com o uso de colheitadeiras mecânicas, no entanto, as diferenças são maiores. “Além de ser um trabalho menos desgastante para o agricultor, permitir uma colheita seletiva e ter um baixo custo, a máquina colhe um volume 500 vezes maior que o sistema seletivo, 100 vezes superior à derriça manual e 25 vezes mais

que a derriça mecânica”, afirma Carlos Brando, diretor presidente da P&A. Ele acrescenta que, no Brasil, apenas 1% da colheita é feita de forma seletiva, na maior parte dos casos o processo é de derriça, seja ela mecânica (15%) ou manual (61%), sendo em torno de 18% realizado por colheitadeiras. Pelas vantagens do uso de maquinário, Brando defende que haja uma migração da colheita por derriça manual para a mecânica e, quando possível, para a mecanizada, além de recomendar a associação com o sistema irrigado. MECANIZAÇÃO TOTAL A empresa Husqvarna preparou o “kit café”, composto por quatro equipamentos que, segundo a companhia, garantem melhoria na produtividade e na rentabilidade em todas as fases. Elói Fernandes, diretor de Vendas, ressalta que, ao invés de o produtor adquirir várias máquinas para diversas utilidades, a empresa oferece um pacote mais prático e versátil. A novidade é formada por quatro equipamentos: os aparadores, com acessórios para podar e esqueletar; o atomizador; o soprador e uma motosserra. O atomizador é utilizado para aplicação de defensivos agrícolas. Seu mecanismo permite o lançamento de insumos líquidos impulsionados por um jato de ar. Os aparadores funcionam como máquinas de derriçar, mas, com a adição de acessórios disponíveis, podem ser usados no esqueletamento e na poda. O soprador é destinado à limpeza do cafezal e do terreiro. Outra alternativa para o aumento da rentabilidade na produção cafeeira foi analisada por um grupo de pesquisadores do Instituto de Economia Agrícola, órgão vinculado à Secretaria da Agricultura e Abastecimento (SAA) do Estado de São Paulo. A equipe avaliou os custos, a rentabilidade e os investimentos na produção do café cereja descascado (CD) que, por oferecer maior qualidade, permite preços de 20% a 50% maiores que os do grão com secagem em terreiro. No preparo desse tipo de café, os grãos derriçados na lavoura são lavados para separação de possíveis pedras e torrões. Em seguida, os grãos em estado verde, cereja e passa são submetidos ao descascamento numa grade separadora rotatória, na qual os verdes permanecem íntegros e os cerejas (maduros) e os passas são descascados.Após separação das cascas, obtémse o café pergaminho, que é secado ao sol e em secadores. Afora os preços melhores, o preparo do CD permite diminuir os custos de secagem, com redução de até 40% do volume a ser secado, e de armazenagem, uma vez que as cascas e parte da mucilagem foram retiradas. A ausência de verdes e pretos melhora o sabor da bebida, que também expressa baixa acidez (característica do preparo natural), sabor adocicado e aroma intenso, qualidades que ampliam o potencial de mercado do café submetido a esse processo de preparo. 37


Scarce profits Low financial return is a common complaint by coffee farmers; in five years, production costs soared 48.38% and coffee bean prices went up only 3.87%

Inor /Ag. Assmann

Prices of Arabica coffee, which represents 75% of the national production, have remained stable for five years, while production costs soared 50% over the same period. This resulted into lower income, inducing many farmers to get out of the business, or reduce considerably the planted area. In an attempt to prevent the situation from getting even more serious, some alternatives have been tested, like harvest mechanization, with the use of equipment that reduce the need for manual labor, very expensive and scarce in some regions; alterations to the preparation, that is to say, in the harvesting and drying methods; and irrigation to boost both product quality and yield.

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A study conducted by the National Supply Company (Conab) shows that, from 2006 to 2009, prices of Arabica coffee went up only 3.87%, on average, whilst variable production costs soared 48.38% over the same period.With regard to operational costs, they rose 50.14% and, compared to total costs, the difference reached 45.68%. According to the survey, average prices of type 6 Arabica coffee, hard beverage, in 2009 stayed 2.32% below the minimum price of R$ 261.69, per 60 kg sack. This lack of conformity, the report points out, has strongly affected the profits of the growers and, as a result, their performance, too. A way out to reduce costs consists in introducing altera-


tions to the harvesting system, which represents, at least, 50% of total expenses, while the other half is split between fertilizers (30%) and costs related to the consumption of water, energy and others. P&A Consultoria, based in Espírito Santo do Pinhal (SP), made an analysis of the various types of harvesting systems and concluded that the most cost-effective is the use of a mechanical harvester. Strip-picking the berries, by means of a toothed device, is an intermediate system that poses some advantages. Besides replacing human labor with machine operations, harvested volumes are 20 times as big as in the selective system and four times as big as in manual picking. The selective harvesting system consists in picking only the ripe beans, which, according to the P&A study, is the system that incurs the highest costs for the growers. In the case of manual picking, the beans are picked by hand, which results into harvested volumes three to five times bigger compared to the selective process. If mechanical harvesters are used, there will be even bigger differences. “Besides being less exhaustive for the grower, and allowing for selective harvest at low cost, a machine harvests a volume 500 times larger than the selective system, 100 times larger than manual picking and 25 times more than mechanical picking”,

says Carlos Brando, director president of P&A. He adds that in Brazil, only 1% of the harvest is done selectively, in most cases it is strip picking, either mechanically (15%) or manually (61%), and 18% is harvested by machine. Considering the advantages from harvesting by machine, Brando anticipates a migration from manual picking to mechanical picking and, whenever possible, to machine picking, and he concludes recalling the need for the association to resort to irrigation systems. TOTAL MECHANIZATION Swedish company Husqvarma prepared the “Coffee Kit”, consisting of four pieces of equipment which, according to the company, are an assurance of yield and profitability in all phases. Elói Fernandes, Sales Director, points out that, instead of acquiring several machines for different uses, the growers should buy the company’s versatile and practical package. The novelty consists of four pieces of equipment: pruners, with accessories for trimming and thinning; atomizer; blower and a chainsaw. The atomizer is for applying agrochemicals. Its mechanism is for spraying liquid inputs through a jet of air. The pruners work as berry stripping machines, but with available accessories they can be used for trimming and thinning purposes. The blower is for cleaning coffee fields and terraces. Another alternative for higher profits from the coffee plantations was analyzed by a group of researchers of the Agricultural Economy Institute, a division of the Agriculture and Supply Department (SAA) of the State of São Paulo.The team evaluated the costs, profits and investments in the production of depulped coffee cherries, which, because of their higher quality, fetch 20% to 50% higher prices, compared to beans dried on a terrace. In the preparation of this type of coffee, the berries picked in the field go through a washing process to remove any stone or lump particles. Then the beans, in their green, cherry and raisin stage are submitted to the depulping process in a rotating sieve separator, in which the green berries continue wholegrains, while the cherries (ripe) and raisins are hulled. After separating the hulls, what results is the socalled hulled coffee, also known as pergamino coffee, which is dried in the sun and in specific drying devices. Apart from the better prices, the preparation of cherry coffees incurs lower drying costs, with a reduction of 40% of the volume to be dried, and also lower warehousing costs, since part of the hulls and mucilage have been removed.The absence of green and dark berries enhances the flavor of the beverage, which also expresses low acidity levels (a characteristic of natural preparations), sweetened taste and intense aroma, qualities that broaden the market potential of coffees submitted to such preparation processes. 39


RENDIMENTO IRRIGADO Como parte do desafio de ampliar a rentabilidade dos cafeicultores, uma das possibilidades analisadas é o uso da irrigação na lavoura. Nesse sentido, a Embrapa Cerrados, com sede em Planaltina (DF), vem testando a tecnologia de estresse hídrico controlado como forma de obter alta produtividade e qualidade do grão. De acordo com informações do Departamento de Café do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), ao qual a Embrapa é vinculada, a tecnologia estabeleceu-se no Cerrado brasileiro e vem sendo validada no Oeste baiano com resultados bastante promissores. O Cerrado é responsável por 40% da produção nacional e o Oeste baiano, por mais 5%. Segundo o departamento do Mapa, na cafeicultura irrigada é possível otimizar fatores de produção, como arranjo de plantas, fertilização e aplicação de água, de modo a obter alta produtividade e qualidade do produto. O resultado é o cultivo sustentável, pois utiliza a

IRRIGATED PROFIT As part of the challenge to broaden the profits of the coffee farmers, one of the possibilities analyzed is the use of irrigation systems. To this end, Embrapa Cerrados, based in Planaltina (DF), has been testing the controlled hydric stress technology as a manner to reach high yields and high quality coffees. According to information from the Coffee Department of the Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply (Mapa), to which Embrapa is linked, the technology has set foot in the Brazilian Cerrado and is being put into practice in Western Bahia, with rather promising results. The Cerrado region is responsible for 40% of the national production volumes, while Western Bahia produces 5%. According to the Ministry of Agriculture’s department, in irrigated coffee growing it is possible to maximize such production factors as plant arrangement, fertilization and water application, so as to achieve high yields and good quality. The result

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água de forma eficaz, diminui o custo de produção, aumenta a rentabilidade da atividade agrícola e diminui o impacto negativo sobre o meio ambiente. O projeto da Embrapa Cerrados avalia níveis crescentes de estresse hídrico, visando à uniformização da florada, bem como aspectos nutricionais, cultivares e densidade de plantio, com o objetivo de estabelecer tecnologias de produção adequadas ao bioma Cerrado. O estresse hídrico controlado, no período de junho a agosto, permite o desenvolvimento das gemas de modo a obter floração uniforme, de acordo com o informado pelo Departamento do Café. Essa uniformização da florada possibilita o aumento de produtividade, com obtenção de mais de 80% de grãos cereja no momento da colheita. Essa tecnologia, associada a outras práticas culturais, além de beneficiar o cafeeiro, reduz os custos das lavouras, com economia de mais de 30% de água e de energia. O resultado é uma produção anual de 75 sacas beneficiadas por hectare, com produto de melhor qualidade e expressivo valor no mercado.

is sustainable cultivation, as it utilizes the water as effectively as possible, reduces the production cost, boosts the profits of the agricultural activity and cushions the negative impacts on the environment. The Embrapa Cerrados project evaluates rising levels of water stress, with an eye towards uniform flowering, equally including nutritional aspects, cultivars and planting density, with the aim to establish production technologies appropriate to the Cerrado biome. Controlled water stress, from June to August, prompts the development of the buds in uniform manner, as dictated by the Coffee Department. This flowering uniformity leads to higher yields, which in turn result into more than 80% of cherry beans at harvest. This technology, in combination with other cultural practices, in addition to benefiting the coffee plants, reduces production costs, while water and energy savings reach 30%.The result is an annual crop of 75 sacks of processed coffee per hectare, of excellent quality and expressive value in the market.


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Sílvio Ávila

Mercado não é problema Café orgânico tem alta demanda, tanto para consumo interno como no exterior, mas falta produção para atender a esse público Surgido entre as décadas de 1980 e 1990 no Brasil, o café orgânico atingiu o auge no período entre 2002 e 2004. Hoje a produção está em torno de 70 mil sacas de 60 quilos ao ano, das quais 55 mil sacas são exportadas, tanto em forma natural como depois do processamento. Os principais clientes são Japão, Estados Unidos e Europa, onde o consumo de produtos naturais tem crescido nos últimos anos. Para Cássio Franco Moreira, presidente da Associação de Cafeicultura Orgânica do Brasil (Acob) e coordenador do Programa de Agricultura da WWF (Fundo Mundial para a Natureza, em português), esse tipo de grão constitui-se em importante alternativa para as regiões de montanha, onde, por ter preço superior ao produto convencional, pode suportar os custos maiores com mão de obra. Além disso, o solo nessas localidades geralmente é mais fértil e a lavoura agroecológica não sofre tanto a pressão de pragas e doenças. Mas não é apenas nessa região que o café orgânico se dá bem. Como destaca o presidente da Acob, desde que seja feito um bom trabalho técnico, com adoção das práticas recomendadas e manejo correto, ele alcança boa produtividade e qualidade, garantindo a rentabilidade. Moreira afirma

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que o preço médio de uma saca de orgânico está em torno de R$ 550,00, o dobro de uma saca do convencional. Assim representa alternativa real para continuar na cafeicultura. Por não seguir os princípios, muitos agricultores que entraram nesse tipo de cultivo, mais por estímulo de momento do que por conhecimento técnico, acabaram desistindo. Atualmente, calcula-se em torno de 400 o número de produtores entre pequenos, médios e grandes. Desses, de 250 a 300 são de regime familiar. Geralmente os pequenos cafeicultores pertencem a associações ou cooperativas, vendendo sua produção em conjunto. A área plantada, calcula Moreira, oscila entre 4 mil e 5 mil hectares. As principais regiões de plantio são Sul e Zona da Mata de Minas Gerais; região da Mogiana, em São Paulo; Chapada Diamantina, na Bahia; e Espírito Santo. O maior estímulo para a produção desse tipo de café é a demanda existente, tanto no mercado interno como, principalmente, no externo, uma vez que 78,5% da colheita nacional se destina a esse público. “O que falta é produção, pois a demanda é grande”, assinala o presidente da Acob. Ele defende também políticas públicas que incentivem e apoiem o setor.


Market is no problem Organic coffee is in great demand, both at home and abroad, but there is not enough production for all these people São Paulo; Chapada Diamantina, in Bahia; and Espírito Santo. The very stimulus for the production of this type of coffee is the discerning demand at home and especially abroad, since 78.5% of the national harvest is destined for this type of clients. “The problem is, organic coffee is in short supply, and demand is soaring”, remarks the president of Acob. He also insists on the need for public policies on behalf of the sector.

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First grown in Brazil in the 1980s and 1990s, organic coffee reached its peak from 2002 to 2004. Now production reaches approximately 70 thousand 60 kg sacks, of which 55 thousand are shipped abroad, either fresh or processed. The main clients are Japan, the United States and Europe, where the consumption of natural products has been soaring lately. Cássio Franco Moreira, president of the Brazilian Association of Organic Coffee Producers (Acob) and coordinator of the Agriculture Program at the World Wide Fund for Nature (WWF), maintains that this type of coffee turns into an important alternative for the hilly regions, where, because of its higherthan-conventional coffee prices, it could withstand the higher labor costs. Furthermore, the soil in these regions is normally more fertile, and ecological fields are not very susceptible to pests and diseases. Nonetheless, it is not only in this region that organic coffee performs well. The president of the Acob points out that, provided good technical work is carried out, with the implementation of recommended practices and correct management, this type of coffee produces high yields and good quality beans, assuring good profits. Moreira says organic coffees fetch about R$ 550 per sack, on average, twice as much as conventional coffees, thus providing a real alternative for farmers to stay in the coffee growing business. For not complying with the recommended principles, many farmers who joined this type of farming on the spur of the moment rather than on a technology-based decision, soon gave up. Currently, it is estimated that there are about 400 growers, including small, medium and commercial enterprises. Of these, 250 to 300 are family farmers. Usually, small-scale farmers are members of associations or cooperatives, and sell their production in groups.The planted area, according to Moreira, ranges from 4 to 5 thousand hectares. The main regions are southern Minas Gerais and Zona da Mata; Mogiana region, in

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Terraabençoada Geografia diversificada de Minas Gerais contribui para a qualidade da produção cafeeira, dividida em quatro regiões As diferenças regionais em termos de solo, clima e altitude das lavouras cafeeiras de Minas Gerais proporcionam características variadas aos grãos e determinam as formas de cultivo. Elas colaboram para que o Estado seja o principal produtor brasileiro e um dos maiores do mundo em quantidade e qualidade. Na safra 2010, conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção deve ficar em torno de 24 milhões de sacas do produto beneficiado, resultado 20,4% superior ao obtido anteriormente. A área ocupada é de 1,1 milhão de hectares, com rendimento de 23,77 sacas de 60 quilos por hectare. A atividade está distribuída em quatro regiões bem definidas: Sul, Matas, Cerrado e Chapada. Metade do café cultivado no Estado é proveniente do Sul. A região de relevo acidentado possui uma diversidade de sistemas de produção, onde predominam pequenos e BOAS PRÁTICAS O governo de Minas Gerais foi o primeiro no Brasil a ter um programa de certificação de propriedades cafeeiras. O Certifica Minas Café foi criado em 2005 com o objetivo de estimular os cafeicultores para o aperfeiçoamento dos processos produtivos, melhorando os controles administrativos e cultivando o grão com mais eficiência, responsabilidade e, consequentemente, sustentabilidade. “As propriedades certificadas, a maioria da agricultura familiar, ganham um novo status com

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médios produtores. As maiores cooperativas cafeeiras do Brasil também estão localizadas nessa área. “Tem avançado na mecanização, embora ainda utilize muita mão de obra”, observa Gilman Viana Rodrigues, secretário de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). Na região das Matas de Minas, no leste do Estado, há a maior concentração de propriedades familiares, com uso intensivo de mão de obra. Por ser uma zona montanhosa, não permite o emprego de máquinas na colheita. Situação oposta ocorre no Cerrado, formado por planícies com estações bem definidas, onde estão grandes propriedades mecanizadas, bastante tecnificadas e com uso crescente de irrigação. O mesmo verifica-se na Chapada, região de planalto. No entanto, nessa área também podem ser encontradas pequenas propriedades, que realizam uma cafeicultura quase artesanal.

o uso de boas práticas de produção”, enfatiza o secretário de Agricultura, Gilman Viana Rodrigues. O cadastro no programa, a assistência técnica e as orientações para adequações das propriedades são feitas pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater). As auditorias preliminares de checagem das modificações, que devem estar de acordo com as exigências internacionais, são realizadas pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA). A auditoria final fica a cargo da cer-

tificadora IMO Control, um organismo de avaliação de conformidade independente que verifica a adaptação das propriedades e emite um certificado de reconhecimento internacional. Até 2009, haviam sido certificadas 1.026 propriedades. Para 2010, a meta é chegar a 1.200 propriedades. Também em 2009 a secretaria assinou um convênio com a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) que permite às empresas comprar os grãos das áreas que possuem certificação, via internet, com maior remuneração para o produtor.


Blessedland Diversified geography in Minas Gerais contributes towards the good quality of the coffee produced in four distinct regions

BEST PRACTICES The State Government was the first to introduce a certification system for coffee producing farms. The Certifica Minas Gerais Café was created in 2005 with the aim to stimulate the coffee farmers to improve their production practices, keeping an eye towards their administrative controls and cultivating the crop with higher efficiency, responsibility and, consequently, sustainability. The certified holdings, most of them small-scale family farmers, boost their

where small and medium-scale producers predominate. The largest coffee cooperatives of Brazil are also located in this region. “There have been advances in mechanization, but manual work is still intensely used”, observes Gilman Viana Rodrigues, State Secretary of Agriculture, Livestock and Supply (Seapa). In the Matas de Minas region, eastern portion of the State, family farms are very common, where manual work is intensely used. As it is a hilly region, there is no way using harvesting machines. In the Cerrado region things are exactly the opposite, formed by plains, with well defined seasons, huge mechanized commercial farms are located there, vastly mechanized, technologically advanced, and plenty of irrigation systems. The same holds for Chapada, a plateau region. Nevertheless, this area is also home to small-scale farms, which grow coffee with labor-based traditional methods.

status with the use of best production practices”, emphasizes secretary of agriculture Gilman Viana Rodrigues. The record of the program, technical assistance and directives towards adjusting the farms are under the responsibility of the Rural Extension and Technical Assistance Company (Emater). Preliminary audits for checking the necessary changes, which must comply with international standards, are conducted by the Minas Gerais Agriculture Institute (IMA). The final audit is carried out by

the IMO Control certifying company, a compliance evaluation organism which checks farm adaptation and issues an international recognition certificate. By 2009, 1,026 rural holdings had been certified. For 2010, the target is to reach 1,200 farms. The state department also signed an agreement with the Brazilian Coffee Industry Association, in 2009, which allows the companies to purchase coffee beans in certified areas, via internet, with higher remuneration for the growers.

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Regional soil, climate and altitude differences of the coffee fields in Minas Gerais are responsible for a variety of characteristics of the beans, which define the cultivation methods. They have a great share in the State’s status as leading Brazilian producer and one of the biggest producers around the globe in quantity and quality. In the 2010 crop year, according to data released by the National Supply Company (Conab), production volumes are estimated at around 24 million sacks of processed coffee, up 20.7% from the previous year. The area devoted to coffee is 1.1 million hectares, with yields of 23.77 normal coffee sacks per hectare. Coffee is grown in four distinct regions: South, Matas, Cerrado and Chapada. Half of the coffee harvested in the State comes from the South. The region, characterized by uneven geographical features, boasts a variety of production systems,

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Sílvio Ávila

Minadodegrãos Além de ter a maior lavoura nacional de café, Minas Gerais responde por 68% das exportações brasileiras do produto Os apreciadores de um bom café têm endereço certo para explorar os diferentes aromas e sabores que a bebida oferece. Minas Gerais apresenta, em quatro grandes regiões produtoras, um verdadeiro panorama da cafeicultura brasileira. O Estado é responsável por 50,9% da safra nacional. Se for considerada apenas a lavoura do grão arábica, o índice sobe para 67%. Referência nacional em produtividade e qualidade no arábica, o produto é o segundo item na pauta das exportações de Minas Gerais, perdendo apenas para o minério de ferro. Em 2009, o grão representou US$ 2,9 milhões, correspondendo a 51,5% do total do agronegócio mineiro nas vendas externas. O secretário Gilman Viana Rodrigues, da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), lembra que 68% do café exportado pelo Brasil sai de Minas 48

Gerais, tendo como principal destino a Alemanha. Diante da redução dos estoques mundiais, do aumento do consumo e da quebra de safra em países concorrentes, o secretário acredita que os cafeicultores terão boa expectativa de mercado para o grão. No entanto, ele ressalta que os produtores convivem com a elevação dos preços dos insumos. “A cafeicultura, tradicional no Estado e principal item da pauta do agronegócio mineiro, é um setor com logística eficiente, gerando vantagem competitiva que poderá ser bem aproveitada num possível ajuste de preços, que remunere adequadamente”, entende. Além de produtor, Minas Gerais também é um grande mercado de café. Segundo Rodrigues, o Estado foi pioneiro na elaboração de critérios para a aquisição do produto, incentivando o cultivo e o consumo de grãos de qualidade.


Coffeeeverywhere Besides being home to the largest coffee plantations in Brazil, Minas Gerais accounts for 68% of all our national coffee exports Coffee aficionados know the right address when it comes to exploring the different aromas and flavors of this beverage. In four huge production belts, Minas Gerais showcases the entire Brazilian coffee farming scenario. The State is responsible for 50.9% of the national production volumes. If only Arabica coffee is considered, then this proportion rises to 67%. National reference in Arabica coffee productivity and quality, the product ranks second on the export agenda of Minas Gerais, coming only after iron ore exports. In 2009, coffee exports raked in US$ 2.9 billion, corresponding to 51.5% of all agribusiness foreign sales. Secretary of Agriculture, Livestock and Food Supply, Gilman Viana Rodrigues, recalls that 68% of all Brazilian coffee exports come from Minas Gerais, and the main destination is Germany.

In light of the shrinking global stocks, rising consumption and crop frustration in competitor countries, the secretary maintains that the growers harbor great expectations for their sales. Nevertheless, he warns that the growers are also incurring higher production and input costs.“Coffee farming, traditional in the State and major item on the State’s export agenda, is a sector that takes advantage of an efficient logistic structure, generating competitive advantages that could play a relevant role in terms of price adjustments, leading to compensatory remuneration”, he understands. Besides producing coffee, Minas Gerais is also s huge market for the beans. According to Rodrigues, the State was a pioneer in defining criteria for the acquisition of the product, promoting the cultivation and consumption of quality beans.

Arbustos frutíferos • Fruit plants Comparativo – Parque cafeeiro em produção UF/Região Minas Gerais Sul e Centro-Oeste Cerrado (Triângulo, Noroeste e A. Parnaíba) Zona da Mata (Jequitinhonha, Mucurí, Rio Doce, Central e Norte) Espírito Santo São Paulo Paraná Bahia Cerrado Planalto Atlântico Rondônia Mato Grosso Pará Rio de Janeiro Outros Brasil

2009 Área (1) Cafeeiros (2) (ha) (mil covas) 1.000.731 3.081.714 506.468 1.519.404

2010 Área (3) Cafeeiros (4) (ha) (mil covas) 1.007.400 3.103.308 509.634 1.528.902

Variação (%) (3)(1)

(4)(2)

0,7 0,6

0,7 0,6

159.042

556.647

162.217

567.759

2,0

2,0

335.221

1.005.663

335.549

1.006.647

0,1

0,1

479.798 182.020 85.180 126.170 12.088 91.373 22.709 154.335 15.272 12.407 13.923 23.073 2.092.909

1.086.832 404.995 290.100 288.642 66.481 173.609 48.552 261.907 37.035 27.940 29.238 55.306 5.563.709

470.380 208.012 82.700 139.550 12.273 103.344 23.933 154.335 13.805 12.460 13.100 23.188 2.124.930

1.078.498 462.827 292.800 320.188 67.499 201.521 51.168 261.134 33.408 27.437 27.437 55.419 5.662.805

(2,0) 14,3 (2,9) 10,6 1,5 13,1 5,4 (9,6) 0,4 (5,9) 0,5 1,5

(0,8) 14,3 0,9 10,9 1,5 16,1 5,4 (0,3) (9,8) (0,6) (6,2) 0,2 1,8

Fonte: Convênio Mapa - Spae/Conab - Maio de 2010

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Pequenogigante Com área de apenas 0,5% do território brasileiro, Espírito Santo participa com um quarto da produção nacional de café Com apenas 0,5% do território brasileiro, o Espírito Santo é o segundo maior produtor nacional de café, sendo responsável por 25% dos grãos colhidos. São em torno de 500 mil hectares cultivados, para uma previsão de produção em 2010 de 11 milhões de sacas beneficiadas de 60 quilos, conforme levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A produtividade, entre as espécies arábica e conilon, é de 23,45 sacas por hectare. A atividade é desenvolvida em 60 mil propriedades rurais, espalhadas por todos os municípios capixabas, exceto a capital, Vitória. Em 80% dessas localidades, o café é a principal fonte geradora de renda, sendo responsável por 43% do Produto Interno Bruto (PIB) agrícola do Estado. Toda a cadeia produtiva envolve a mão de obra de 400 mil trabalhadores. Na lavoura a ocupação é basicamente de agricultores familiares, com área média de 4,8 ha para o arábica e 9,4 ha ao conilon. A produção estadual de café está dividida em 74% de lavouras de conilon ou robusta e 26% de arábica. O conilon é plantado em 64 municípios, 50

em regiões quentes, com altitudes inferiores a 500 metros. O arábica está presente em 43 municípios, com altitude superior a 500 metros. Nos próximos 15 anos, a qualidade é o foco da cafeicultura do Espírito Santo. O governo estadual está trabalhando no novo Plano Estratégico de Desenvolvimento da Agricultura Capixaba (Pedeag), que inclui a temática café, principal atividade primária do Estado. O pesquisador Romário Gava Ferrão, do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), explica que as ações começaram em 2003, de forma geral, e a partir de 2007, com o ajuste da proposta, passou a ser trabalhado regionalmente. O Estado responde por 72% da safra nacional de conilon e, segundo Ferrão, que também é coordenador do Programa Estadual de Cafeicultura, nos últimos 15 anos a produção triplicou no Espírito Santo. A previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para 2010 é de colheita de 8,1 milhões de sacas de 60 quilos beneficiadas. “Justamente pelo uso da tecnologia”, justifica.


Sílvio Ávila

PRODUÇÃO DOBRADA No Estado, o robusta é cultivado em três regiões distintas. O Noroeste possui uma topografia mais acidentada. No Nordeste, zona mais plana, estão os produtores mais tecnificados, que se utilizam de irrigação e atingem as maiores produtividades. “Alguns conseguem colher mais de 100 sacas por hectare”, enfatiza Romário Gava Ferrão, pesquisador do Incaper. O Sul, um pouco menos de-

senvolvido, completa o mapa com 20% do total cultivado. De acordo com o previsto no Pedeag, a meta para o conilon até 2025 é dobrar a produção e a produtividade, sem aumentar a área plantada. Segundo Ferrão, uma análise feita pela empresa Nestlé mostrou que as variedades de robusta desenvolvidas pelo Incaper possuem qualidade superior. No entanto, muitas vezes o produto que chega ao mercado deixa a dese-

TEM PARA OS DOIS Assim como o conilon, o café arábica também é cultivado em três regiões diferentes no Espírito Santo. Na serrana está a cafeicultura mais evoluída, em estágio adiantado de tecnologia. No Sul e no Caparaó, divisa com Minas Gerais, estão as lavouras menos desenvolvidas. As melhorias no cultivo e a diminuição das desigualdades entre os produtores estão previstas no novo Pedeag. Conforme Romário Gava Ferrão, do Incaper, todo o parque cafeeiro deverá ser substituído com o emprego de no-

jar. “A deficiência está no processo de colheita, secagem, beneficiamento e armazenagem”, enumera Ferrão. Para melhorar o processo e não perder em competitividade, o governo estadual, em parceria com 26 instituições, está realizando um amplo programa de treinamento dos cafeicultores. “Se melhorarmos a qualidade, poderemos colocar mais conilon nas misturas, no solúvel e no café espresso”, entende.

vas bases tecnológicas, como o uso das variedades certas, a melhoria nas técnicas de manejo e de colheita e a secagem em terreiros adequados. “Nos próximos 15 anos, queremos dobrar a produtividade e a produção, chegando a pelo menos 30% de grãos em qualidade superior”, enfatiza. Uma estratégia adotada pelo governo estadual e que já surtiu efeito foi a realização de concursos de qualidade. Ocorrem etapas municipais e regionais e os vencedores seguem para as competições nacionais. 51


Little giant With an area corresponding to 0.5% of the national territory, the State of Espírito Santo is responsible for one fourth of the total coffee volumes With an area of only 0.5% of the national territory, Espírito Santo is the second biggest coffee producer in Brazil, and is responsible for 25% of the total harvest. According to a survey conducted by the National Supply Company (Conab), some 500 thousand hectares are devoted to coffee, with an estimated harvest of 11 million 60-kg sacks of processed coffee for the 2010 crop.Yields of both Arabica and conilon varieties are estimated at 23.45 kilos per hectare. In all, there are 60 thousand coffee producing holdings scattered across all the municipalities of the State, except the capital city, Vitória. In 80% of these farms, coffee is the main source of income, and is responsible for 43% of the State’s Agribusiness Gross Domestic Product (GDP). The production chain employs a workforce of 400 thousand people. At field level, coffee growing is basically a family business, where 4.8 hectares are planted to Arabica and 9.4 hectares to conilon, on average. The total production in the state is split into 74% conilon fields and 26%, Arabica. Conilon coffee is grown in DOUBLE PRODUCTION In the State, robusta is cultivated in three specific regions. The Northwest is characterized by rough topography. The Northeast comprises flat areas, home for the more technology-oriented producers, who resort to irrigation systems and reach the highest yields. “Some of them harvest upwards of 100 sacks per hectare”, says Romário Gava Ferrão, Incaper researcher. The South, not as developed as the two

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64 municipalities, in warm regions, with altitudes below 500 meters. Arabica is present in 43 municipalities, in altitudes above 500 meters. Over the next 15 years, quality will be the focus in coffee farming in Espírito Santo. The state government is now engaged in working out the new Strategic Development Plan for Agriculture (Pedeag), which includes coffee, major primary activity across the State. Researcher Romário Gava Ferrão, of the State’s Rural Extension and Technical Assistance Institute (Incaper), explains that the initiatives started in 2003, in general, and from 2007 onward, the proposal was adjusted, and regional works started. The State represents 72% of the entire national crop of conilon and, according to Ferrão, who also coordinates the State Coffee Growing Program, over the past 15 years production tripled in Espíritio Santo. The National Supply Company (Conab) estimates a total production volume of 8.1 million 60-kg sacks of processed coffee. “And technology is credited for this success story”, he explains.

other regions, complements the map with 20% of the planted area. The target set forth by the Pedeag for conilon is to double its production and yields by 2025, without increasing the planted area. According to Ferrão, a survey conducted by Nestlé showed that the robusta varieties developed by Incaper are of superior quality. Nevertheless, frequently, upon reaching the market, the product lacks in quality. “The deficiency lies in the har-

vesting, drying, processing and warehousing processes”, clarifies Ferrão. So as to improve the process, without losing competitiveness, the state government, jointly with 26 institutions, is now engaging the coffee growers in a vast and comprehensive training program. “If we improve the quality of the coffee, we will be able to add more conilon to the mixtures, soluble and espresso coffees”, he explains.


bases, like the use of right varieties, improvement of management practices, which also holds for harvesting and drying in appropriate terraces. “Over the next 15 years, we want to double our yield and production volumes, reaching at 30% of specialty coffee beans”, he stresses. A strategy introduced by the state government, which has already yielded good results, consists in quality contests. Municipal and regional contests are held, and the winners go for national contests.

Sílvio Ávila

THERE IS ROOM FOR TWO Following on the heels of conilon, Arabica coffee is also cultivated in three distinct regions in Espírito Santo. The region known as Serrana is home to producers who resort to sophisticated technology. In the South and in Caparaó, bordering with Minas Gerais, the coffee fields are less developed. The new Pedeag foresees a reduction in inequalities between the growers. According to Romário Gava Ferrão, from Incaper, the entire coffee park is to be replaced with new technological

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O mercador

São Paulo lidera os negócios envolvendo o café, sendo responsável por 45% do processamento industrial e até 70% da exportação

Sílvio Ávila

Se Minas Gerais lidera a produção brasileira de café, São Paulo é o polo dos negócios envolvendo a commodity. O Estado é responsável por 65% a 70% da exportação, 45% do processamento industrial do grão e mais de 40% do consumo nacional da bebida. O engenheiro agrônomo Celso Vegro, pesquisador do Instituto de Economia Agrícola (IEA),

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órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo (SAA), destaca ainda a liderança paulista em pesquisa agronômica e a concentração do sistema financeiro, associada à presença da principal bolsa de valores do País. A produção do grão foi a mola propulsora do desenvolvimento paulista. A primeira fazenda foi instalada no início


do século 19, na região do Vale do Paraíba, na divisa com o Rio de Janeiro. Em poucos anos, a cultura expandiu-se por São Paulo, atingindo também o Paraná. Com o advento do Programa Brasileiro do Álcool (Pró-Álcool), que começou a funcionar efetivamente na década de 1980, a cafeicultura perdeu espaço para a cana-de-açúcar. Conforme o estudo Estrutura produtiva da cafeicultura paulista, publicado pelo IEA em julho de 2009, em 12 anos houve redução de 15,20% no número de unidades produtoras de café no Estado. No entanto, no mesmo período, a área diminuiu apenas 4,12%. Uma das constatações do trabalho é a concentração da produção nas regiões da Mo-

giana e do Sudoeste, diferente da safra de 1996, quando a atividade estava disseminada pelo território estadual. Para Vegro, a redução de área foi compensada pelos ganhos de produtividade. O estudo do IEA demonstra essa realidade. No período analisado, entre 1996 e 2008, intensificou-se o adensamento dos talhões. Junto com a queda na extensão destinada à atividade, ocorreu incremento no número de plantas cultivadas, que passaram de 380 milhões para 512 milhões, aumento de 34,6% no parque cafeeiro, sem prejuízos à produção, que apresentou taxa de crescimento de 1,04% ao ano. Atualmente, metade das lavouras implantadas em São Paulo possuem mais de 3 mil plantas por hectare. Segundo os pesquisadores do IEA, esse número permite a mecanização de todas as etapas do manejo da cultura e oferece incremento substancial na quantidade colhida. Levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado em maio de 2010, indica produção estadual de 4,355 milhões de sacas beneficiadas no ano, aumento de 27,2% em relação a 2009, que registrou 3,423 milhões de sacas. A área é calculada em 208 mil hectares em produção, acréscimo de 14,3% na comparação com 2009, quando a extensão foi de 182 mil ha. EFICIENTE Ao contrário de se constituir um problema, o fato de haver diminuído o número de produtores de café em São Paulo revela o grau de profissionalismo alcançado pelos que permaneceram na atividade e que passaram a ter um perfil mais competitivo. Uma das conclusões do estudo do Instituto de Economia Agrícola (IEA) é a tendência de o cultivo se concentrar mais nos cinturões em que se obtêm melhor eficiência agronômica e econômica. É o caso dos plantios na região da Mogiana e do Sudoeste do Estado. Dessa forma, acreditam os autores do trabalho, o padrão de adensamento das lavouras irá avançar ainda mais, liberando áreas sem prejuízo da produção. “Mais surpreendente ainda é que toda essa modernização ocorre em lavouras majoritariamente de sequeiro, sendo a irrigação de cafezais a próxima fronteira tecnológica a ganhar mais consistência no segmento”, concluem os pesquisadores. O avanço da mecanização da colheita é outro fator considerado no estudo como indício de eficiência do setor. Conforme avaliaram os pesquisadores, o uso de máquinas nessa etapa atinge 24% da área e 29% da quantidade de plantas cultivadas. Junto com o adensamento das lavouras, o relatório lembra que essa tecnologia precisa ser associada a outras, como adubações equilibradas, tratamentos fitossanitários e podas. 55


Themerchant São Paulo leads coffee businesses and is responsible for 45% of industrial processing and 70% of exports Minas Gerais leads coffee production in Brazil, São Paulo is the business hub involving this commodity. The State is responsible for 65% to 70% of all exports, 45% of industrial processing and 40% of national coffee consumption. Agronomic engineer Celso Vegro, researcher at the Agricultural Economy Institute (IEA), an organ of the State’s Secretariat of Agriculture and Supply (SAA), also highlights the leadership of the State in agronomic research and the concentration of the finance system, associated with the main stock exchange in the Country. Coffee was the driving force behind São Paulo’s great development. The first coffee farm was established in the early 1800s, in the Vale do Paraíba region, which sits at the borders between São Paulo and Rio de Janeiro. In a few years, the crop spread across the entire State, and reached the State of Paraná. With the advent of the Brazilian Alcohol Program (Pro-Alcohol), which began to operate effectively in the 1980s, coffee began to lose ground to sugarcane. According to the study, Productive structure of coffee farming in São Paulo, published by the IEA in July 2009, over a 12-year period the number of coffee producing holdings fell 15.20% throughout the State of São Paulo. Nonetheless, during the same period, the planted EFFICIENT Instead of becoming a problem, the smaller number of coffee growers in São Paulo reveals the degree of professionalism achieved by those who continued in the activity, and developed a more competitive profile. One of the conclusions of the IEA study is the trend for coffee cultivations to move to belts where more efficient agronomic and economic results are achieved. It is the case of the coffee farms in Mo-

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area only shrank 4.12%. The above study ascertained that coffee farming moved almost entirely to the Mogiana and Southwest regions, contrary to 1996, when the crop was still present across the state territory. In Vegro’s view, the reduction in area was compensated by productivity gains. IEA’s study attests to this reality. Over the analyzed period, 1996 to 2008, dense plantations were introduced. Parallel with the smaller planted areas, the number of coffee trees rose from 380 million to 512 million, representing an increase of 34.6% of the coffee park, without any damages to production volumes, which went up 1.04% a year. Nowadays, half of the coffee fields established in São Paulo hold more than 3 thousand tree per hectare. According to IEA researchers, this number favors mechanized operations for all the stages of the crop and boosts substantially the size of the crop. A survey conducted by the National Supply Company (Conab), released in May 2010, points to the production of 4.355 million processed sacks of coffee a year, up 27.2% from 2009, when 3.423 million sacks were harvested. The planted area is estimated at 208 thousand hectares under production, up 14.3% from 2009, when 182 thousand hectares were planted.

giana and in the Southwest. Therefore, the authors of the study believe that dense plantation patterns will advance even further, liberating areas without affecting production volumes. “Even more surprising is the fact that this modernization process is occurring overwhelmingly in dryland cultivations, which will obviously lead to irrigation systems, a technology likely to gain consistency in the segment”, the researchers conclude.

Advances in mechanized harvesting operations is another factor viewed by the study as a sign of efficiency.According to the evaluation by the researchers, the use of machinery at this stage reaches 24% of the area and 29% of the number of coffee trees under production. Along with dense plantations, the study recalls that this technology has to be associated with others, like balanced fertilization, phytosanitary treatments and trimming operations.


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Inor /Ag. Assmann

Umestilosalvador Regiões distintas dedicam-se ao cultivo de café na Bahia, mas o esforço em favor da qualidade uniformiza a linguagem da cadeia produtiva A cafeicultura baiana, uma das mais tradicionais do País, está em meio a uma transição, na qual a qualidade final do produto constitui o farol. Os crescentes níveis de exigência do mercado quanto à rastreabilidade e à padronização de processos e de produtos tendem a levar a uma gradativa seleção dos cafeicultores, de maneira que só os realmente eficientes ou dotados de boa estrutura permanecerão na atividade. A constatação é do fiscal federal agropecuário Antonio César Neri de Souza Santos, que atua no escritório do Mi58

nistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) em Vitória da Conquista, na área de Planalto do Sul da Bahia. Há mais de 30 anos, Cesar Neri, como é conhecido junto à cadeia produtiva, testemunha a evolução no cultivo e no beneficiamento dos grãos baianos. Parte desse salto deve ser creditado à união de forças do segmento, especialmente por meio da Associação Baiana dos Produtores de Café (Assocafé) e de entidades regionais, como a Associação dos Cafeicultores do Oeste da Bahia (Abacafé).


a colheita poderia ter chegado a 1 milhão de sacas, não houvesse ocorrido perda de 30% devido ao déficit hídrico. A alternativa para não ficar sujeitado ao regime do clima é apostar na irrigação, mas nem todos os produtores dispõem de capital para o investimento. Em virtude da estiagem, o resultado, mesmo na bienualidade alta, superou apenas levemente o do período anterior, fechado em aproximadamente 600 mil sacas em ciclo de bienualidade baixa. Ainda assim, a região mantém-se como a mais importante na cafeicultura estadual, tendo em vista que a produção baiana situa-se em 2,5 milhões de sacas. A colheita no Estado ocorre entre junho e agosto e proporciona um café natural, despolpado quase que obrigatoriamente por exigências do clima. “Aqui, por essa razão, precisamos fazer pelo menos duas catadas”, comenta Neri.

Ele próprio é cafeicultor e conhece de perto as diversas etapas que, ao longo das décadas recentes, levaram os grãos do Estado a se imporem pela qualidade nos cenários nacional e internacional. O que evidencia o bom momento é a eleição de amostras do Estado em primeiro lugar na lista dos melhores cafés nacionais, principalmente no nicho dos especiais. A cafeicultura é um pilar secular no cenário do agronegócio de Vitória da Conquista, mas quando Neri chegou à região, em meados dos anos de 1970, a atividade recém estava se expandindo. Na temporada 2009/10, esse polo responderá por cerca de 700 mil sacas, conforme dados colhidos pelo fiscal agropecuário, que acompanha regularmente o desempenho da atividade no Estado. Na verdade,

MOSAICO A exemplo do Planalto da Conquista — que compreende, entre outras localidades, Vitória da Conquista, Barra do Choça, Poções, Encruzilhada e Ribeirão do Largo —, a região Oeste desponta na atividade em termos de Brasil. É a área da mecanização e da irrigação, em propriedades mais extensivas voltadas ao arábica. Deverá colher 550 mil sacas na safra 2009/10, com destaque para os municípios de Luís Eduardo Magalhães, Barreiras, São Desidério e Cocos. Por sua vez, o polo de Brejões (Santa Inês, Jabaquara, Jequié) prevê 350 mil sacas na temporada, mas é talvez a região mais problemática do ponto de vista da continuidade. Mesmo sendo atividade secular nesses municípios, berço dos cafés de qualidade, é hoje a área que mais sofre com a profissionalização geral da cadeia, especialmente por falta de mão de obra. Assim, acabou sendo superada pela Chapada Diamantina, em cidades como Piatã e Mucugê, que deve colher próximo de 600 mil sacas nesse ciclo, a maior parcela delas de cafés especiais. Por fim, o mapa da cafeicultura baiana é delineado com a produção do Extremo Sul, próximo à divisa com o Espírito Santo, a única do Estado a investir no robusta, ou conilon, por razões de altitude, colhendo em torno de 550 mil sacas. Com isso, graças à diversidade de origens, conforme o fiscal agropecuário do Mapa César Neri, a Bahia tem conseguido oferecer grãos variados, tanto arábica quanto conilon, a fim de atender a uma clientela cada vez mais diferenciada, no País e no exterior. 59


Winningstyle Distinct regions cultivate coffee in Bahia, but quality-oriented efforts make the production chain speak the same language Coffee farming in Bahia, very traditional in Brazil, is now going through a transition period, where the focus is the quality of finished products The ever-increasing market requirements concerning traceability, process and product standardization tend to lead to gradual selection of growers, meaning that only the really efficient and equipped with good infrastructure will stay in the business. This is what was ascertained by federal agriculture inspector César Neri de Souza Santos, who works with the Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply (Mapa), in Vitória da Conquista, in South Bahia’s plateau area. For more than 30 years, César Neri, as he is known by the production chain, has been witnessing the evolution in the production and processing of Bahia’s coffee. In part, this leap forward derives from the joint efforts of the segment, particularly through the Bahian Coffee Producers’ Association (Assocafé) and regional entities, like the Association of Western Bahia Coffee farmers (Abacafé). He himself is a coffee farmer and knows all too well the different steps which, over the recent decades, have led the berries produced in the State to an outstanding position in both the domestic and international markets. What attests to the good moment is the first place of the samples of Bahia on the list of the best national coffees, particularly in the specialty coffees terrain. Coffee farming is a century-old pillar in the agribusiness scenario of Vitória da Conquista, but when Neri arrived in the region, in the mid 1970s, the activity was still at a fledgling stage. In the 2009/10 crop year, this coffee hub is expected to produce 700 thousand sacks, according to figures released by the agricultural inspector, a man who follows closely the performance of the activity in the State. In fact, the crop could reach 1 million sacks, had there not been a drought that caused 30-percent losses. The alternative for finding a way around the climatic problems is irrigation, but many farmers cannot afford such an innovation. In light of the drought, despite the upswing in coffee’s biennial cycle, this year’s crop is only slightly bigger than the previous one, which reached 600 thousand sacks, as a result of the biennial cycle. Nevertheless, the region is the 60

most important in the entire State’s coffee farming business, which reaches 2.5 million sacks. In the State, harvest takes place June through August and provides for natural coffee, depulped almost entirely because of the climatic conditions. “Here, for this reason, we must do at least two pickings”, Neri comments.


For its part, the Brejões hub (Santa Inês, Jabaquara, Jequié) is projecting 350 thousand sacks for the season, but it is perhaps the most problem-affected region in terms of continuity. Although being a century-old activity in these municipalities, cradle of quality coffees, it is now the area most affected by the general professional status of the chain, especially for its deficiency in workforce. Therefore, it ended up being outstripped by Chapada Diamantina, in municipalities like Piatã and Mucugê, which are expected to harvest close to 600 thousand sacks, most of them specialty coffees.

Finally, the map of the coffee farming business in Bahia is delineated with the production of the Far South, near the borders with Espírito Santo, the only region in the state that invests in robusta, or conilon, for reasons of altitude, with a harvest of approximately 500 thousand sacks. Because of this, thanks to the diversity of origins, in the words of Mapa’s agriculture inspector César Neri, Bahia has always offered a variety of coffee beans, either Arabica or conilon, in order to meet the needs of an ever more discerning clientele, at home and abroad.

Inor /Ag. Assmann

MOSAIC Following the example of Planalto da Conquista – which comprises, among other regions,Vitória da Conquista, Barra do Choça, Poções, Encruzilhada and Ribeirão do Largo —, the western region stands out in the activty in terms of Brazil. It is characterized by irrigation and mechanization systems, and by extensive farms geared towards Arabica coffees. The region is estimated to harvest 550 thousand sacks in the 2009/10 crop, where the highlights are the municipalities of Luís Eduardo Magalhães, Barreiras, São Desidério and Cocos.

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Volta por cima Investimentos em tecnologia e na qualificação dos produtores têm levado o Paraná a reconquistar lugar de destaque na cafeicultura brasileira Com o passar das safras, o Paraná vem reconquistando seu lugar de destaque na cafeicultura brasileira. O Estado, que junto com São Paulo foi um dos maiores produtores do País, viu seu parque cafeeiro ser dizimado por uma forte geada em 1985. Para aqueles que não quiseram abandonar a cultura, começou o esforço de recuperação da atividade. A solução veio com o plantio adensado dos cafezais, que teve início na década de 1990. Conforme Francisco Carlos Simioni, chefe do Departamento de Economia Rural (Deral), órgão da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (Seab), o novo modelo tecnológico possibilitou que os cafeicultores tivessem aumento de produtividade com redução do custo médio. A partir de 2000, a meta da Seab passou a ser a retomada do cultivo de grãos de qualidade. Foi instituído o prêmio Café Qualidade Paraná, que a cada ano escolhe os produtores que obtêm melhor resultado em suas lavouras e assim podem agregar valor ao produto comercializado. E a ação governamental junto aos agricultores têm surtido efeito positivo. Simioni lembra que, em 2000, o Paraná tinha 165 mil hectares dedicados à cultura e obtinha produtividade de 16 sacas por hectare. Em 2010, são 94 mil hectares plantados, com rendimento de 25 sacas. O incentivo à produção de qualidade é uma constante no Estado. O chefe do Deral explica que para obter financiamento bancário para utilizar na condução da lavoura, o produtor precisa antes passar por um curso de capacitação. As orientações incluem estímulo à prática do plantio adensado, que representa 70% do total produzido, e são repassadas por técnicos do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) e do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar). O café estadual tem conquistado importantes prêmios nos concursos promovidos pela Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), obtendo o primeiro lugar na categoria grão natural em 2006 e 2009. As propriedades cafeeiras do Paraná são basicamente de agricultura familiar, com área média de quatro hectares. As lavouras concentram-se em três regiões. Metade da área plantada encontra-se no chamado Norte Pioneiro, 62

que, como o próprio nome diz, foi a primeira região onde se cultivou o grão no Estado. O restante está distribuído entre o Norte Central, com 35% da área, e o Noroeste, com 10%. Apesar de haver condições para utilizar máquinas, os produtores realizam a colheita manual.


2009, ficam minimizados”, observa. Mesmo a perspectiva de uma boa temporada não tem animado os cafeicultores do Estado. Franzini explica que os preços da saca têm se mantido estáveis, enquanto o custo de produção aumentou. O principal item a engrossar os gastos é a mão de obra para colheita, que representa 49% do total gasto com a lavoura. Em muitos municípios, os trabalhadores são disputados entre os cafeicultores e os produtores de cana-de-açúcar. A colheita de café intensifica-se nos meses de junho, julho e agosto, encerrando em setembro. Francisco Carlos Simioni, chefe do Deral, alerta que, para os agricultores não ficarem no prejuízo, a produtividade deveria ser em torno de 35 sacas por hectare. “O produtor consegue se manter porque possui propriedade diversificada, tendo outras lavouras e criação de animais”, afirma.

Sílvio Ávila

FARTA E CARA No ciclo 2010, existe previsão de colheita de 2,1 milhões de sacas de café beneficiado no Paraná, avanço de 43,1% em relação às 1,4 milhão de sacas do período anterior. A produtividade é estimada em 25,39 sacas por hectare, sendo que a cultura contabiliza 82,7 mil ha em produção e outros 11,4 mil em formação. Os números são do segundo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), com base no Relatório de Safra do Departamento de Economia Rural (Deral). Conforme o técnico Paulo Sérgio Franzini, responsável pelo Setor do Café no departamento, na temporada 2010 o clima tem contribuído para que os grãos completem o ciclo vegetativo em condições favoráveis. “Dessa forma, o efeito da desuniformidade das floradas irregulares da safra passada, causado pelos problemas climáticos do inverno de

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Sílvio Ávila

Making a comeback Investments in technology and grower qualification have paved the way for Paraná to win back its prominent position in Brazil’s coffee farming business

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As time goes by, and crop after crop, the State of Paraná is winning back its prominent position in Brazilian coffee farming. The State that, along with São Paulo was once a major producer in the Country, witnessed its coffee park being decimated by severe frost conditions in 1985. For those who refused to get out of the business, it was time for enormous efforts towards recovering the activity. The solution came with dense coffee fields, a system that started in the 1990s. According to Francisco Carlos Simioni, head of the Rural Economy Department (Deral), an organ of the State Secretariat of Agriculture and Supply in Paraná (Seab), the new technological model made it possible for the growers to increase the productivity rates, whilst reducing their average costs. In the year 2000, Seab’s target consisted in revitalizing quality grain cultivations. The Paraná Quality Coffee prize was created, which consists in selecting the growers who achieve the best results in their fields, thus adding value to the product at commercialization. And this government initiative aimed at the growers has yielded good results. Simioni recalls that, in 2000, Paraná devoted 165 thousand hectares to coffee, with yields reaching 16 sacks per hectare. In 2010, ABUNDANT BUT COSTLY The 2010 crop is estimated to reach 2.1 million sacks of processed coffee in the State of Paraná, up 43.1% from the 1.4 million sacks in the previous year. Yields are reckoned at 25.39 sacks per hectare, and the crop now consists of 82.7 thousand hectares under production, while 11.4 thousand hectares are now going through the growing stage. The figures come from the second survey conducted by the National Supply Company (Conab), based on the Crop Report of the Rural Economy Department (Deral). According to technician Paulo Sér-

it is 94 thousand hectares, and 25 sacks per hectare. Incentive to quality production is never relinquished in the State. The chief executive of Deral explains that if farmers want to have access to crop financing schemes, they must first take a capacity building course. The guidelines include stimuli to dense plantations, now representing 70% of the total in the State, and the courses are given by technicians from the Rural Extension and Technical Assistance Institute in Paraná (Emater) and from the Paraná Agronomic Institute (Iapar).The coffee produced in the State has won noteworthy awards in contests staged by the Brazilian Coffee Industry Association (Abic) and, in 2006 and 2009, it won the first place. The coffee growing farms in Paraná are basically family farming operations, where four hectares are devoted to the crop, on average. The fields are particularly concentrated in three regions. Half of the planted area is located in the so-called Pioneer North, which, living up to its name, was the first region where coffee was grown in Paraná.The remaining areas are scattered across the Central North, with 35% of the total, and the Northwest, with 10%. Although these areas are appropriate for mechanization, the farmers harvest their coffee by hand.

gio Franzini, responsible for the Coffee Department, in the 2010 season the climate has been contributing for the beans to complete their vegetative cycle under favorable conditions. “Therefore, the ripple effects from the lack of uniformity stemming from the erratic flowering conditions in the previous crop, caused by the climate problems in the 2009 winter months, are being minimized”, he observes. Not even the perspectives of a good season have encouraged the coffee growers in the State. Franzini explains that prices per sack have remained stable, while the produc-

tion cost soared. The main item that pushes costs up is labor at harvest time, which represents 49% of all field expenses. In several municipalities there is competition for labor between sugar cane and coffee growers. The coffee harvest reaches its peak in the months of June, July, August and finishes in September. Francisco Carlos Simioni, chief-executive of Deral, warns that, for the farmers not to incur losses, yields should reach 35 sacks per hectare. “It is diversification that keeps the farmers in the business, as they grow other crops and run livestock operations”, he notes. 65


Sílvio Ávila

Ficou difícil Produtores de café conilon de Rondônia têm problemas a resolver para ganhar qualidade no cultivo O Estado de Rondônia, no Norte do País, cultiva quase 20% da safra brasileira de conilon. Apesar de fatia significativa do mercado – em 2010 são esperadas 2,2 milhões de sacas de 60 quilos –, os produtores ainda têm uma série de problemas a serem resolvidos para melhorar a qualidade e aumentar a produtividade. O técnico agrícola Milton Messias, responsável pelo Programa de Desenvolvimento da Cafeicultura no Estado, destaca que a qualidade ruim do grão rondoniense se deve à desvalorização do conilon. “Os atravessadores não pagam um diferencial para o café superior. É tudo especulação para nivelar o produto por baixo”, observa. Sem uma resposta financeira, os cafeicultores costumam não se preocupar muito com os procedimentos de pós-colheita. NO CAMINHO CERTO O governo de Rondônia, por intermédio da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Regularização Fundiária (Seagri), criou o Fundo de Apoio à Cafeicultura. Uma das providências previstas é a instalação de postos de classificação oficial da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que inexistem no Estado. Estão sendo instaladas também unidades demonstrativas, que servirão de local para orientação aos produtores 66

Em Rondônia, a cafeicultura é uma atividade basicamente de agricultura familiar. Das 110 mil propriedades rurais do Estado, em torno de 30% possuem a cultura como principal fonte de renda. A maior região produtora é a Zona da Mata, localizada no Centro do Estado. A atividade tem participação de aproximadamente 4% no Produto Interno Bruto (PIB) local. O conilon rondoniense é comercializado para os estados de Paraná, São Paulo e Espírito Santo. Na safra 2010, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê colheita de 2,2 milhões de sacas de 60 quilos, 41,7% mais que no período anterior. O bom desempenho é creditado à maior intensidade de chuvas no período de floração da lavoura, assim como à incorporação de novas áreas de plantio.

quanto à colheita, secagem, armazenagem e comercialização. A difusão dessas informações será realizada por meio de dias de campo. “Pretendemos distribuir sementes de clones superiores em produtividade, além de entregar calcário para correção de solos e incentivar a construção de terreiros para secagem e de tulhas para armazenagem”, enfatiza Milton Messias, técnico agrícola responsável pelo Programa de Desenvolvimento da Cafeicultura no Estado. Conforme Messias, a intenção é es-

timular o associativismo entre os produtores, para que eles possam ser melhor remunerados. A própria Conab, explica ele, deve começar a adquirir o grão de Rondônia pelo preço mínimo estipulado. “Isso vai valorizar o produto e também deve melhorar a qualidade, porque somente cafés que passam por classificação serão comercializados”, destaca. Em Rondônia, o preço praticado pela saca de 60 quilos fica entre R$ 95,00 e R$ 110,00. O preço mínimo da Conab é de R$ 150,00.


Lots of difficulties Conilon coffee producers in Rondônia have problems to solve if better crop quality is to be achieved The State of Rondônia, located in the North of the Country, is responsible for almost 20% of Brazil’s conilon coffee volumes. In spite of a hefty chunk in the market – the forecast for 2010 is 2.2 million 60-kilo sacks – the growers still need to solve a series of problems to improve quality and raise productivity rates. Farm technician Milton Messias, responsible for the Coffee Farming Development Program in the State, points out that the bad quality of the beans produced in Rondônia has a lot to do with the fact that conilon coffee has lost its allure. “Middlemen do not pay any difference for superior coffees. It is all just speculation to keep prices at the lowest level possible”, he observes. Without any financial response, the coffee growers tend to bother ON THE RIGHT TRACK The government of Rodônia, through the State Secretariat of Agriculture, Livestock and Estate Regularization (Seagri), created the Coffee Economy Defense Fund. One of the immediate steps is the installation of official grading stations by the National Supply Company (Conab), which do not exist in the State. Demonstration units are also being set up, with the aim to train the growers in procedures to be fol-

very little about post-harvest procedures. In Rondônia, coffee farming is essentially a family business. Of the 110 thousand rural holdings in the State, in about 30% coffee is the main source of income. Zona da Mata is the leading producing region, located in the Central Portion of the State. The share of the crop is about 4% of the State’s Gross Domestic Product (GDP). The coffee produced in Rondônia is sold in the states of Paraná, São Paulo and Espírito Santo. The National Supply Company (Conab) estimates the 2009/10 crop at 2.2 million 60-kilo sacks, up 41.7% from the previous period. The regular and intense rains during the flowering stage are credited with the good performance, as well as the incorporation of new areas.

lowed at harvesting, drying, warehousing and commercialization. Information spreading is conducted through field days. “It is our intention to distribute seeds of highly productive varieties, deliver lime for soil correction purposes and encourage the construction of terraces for bean drying and storage granaries”, emphasizes Milton Messias, farm technician responsible for the Coffee Growing Development Program in the State.

According to Messias, the intention is to stimulate the growers to get organized into associations, for the purpose of improving their remuneration. Conab, he explains, is set to acquire the coffee of Rondônia at pre-established floor prices. “This is going to push up the value of the product and improve its quality as well, as only graded coffees will be commercialized”, he notes. In Rondônia, the price of 60-kilo sacks ranges from R$ 95 to R$ 110. Conab’s floor price is R$ 150. 67


Procedência valiosa Produtores do Cerrado mineiro trabalham para obter denominação de origem e conquistar maior inserção no mercado mundial de cafés finos Pioneiro em obter a certificação de indicação geográfica para o café no Brasil, o Cerrado mineiro é referência de organização setorial e de qualificação de produto. Ações que enfatizam a qualidade pela adoção de tecnologia agrícola, dos insumos à pós-colheita e ao beneficiamento, e ferramentas de gestão e associativismo desenvolvidas na região são referenciais para todo o País. A indicação demarca o terroir do grão, o que numa tradução livre pode ser considerado o “sabor regional”, resultante da relação entre características geográficas, solo e microclima, que determinam padrões qualitativos, de tipicidade e identidade, inclusive sensorial, do café produzido no Cerrado mineiro. O novo desafio da região, formada por 55 municípios, é obter a denominação de origem, selo que assegura maior acesso aos mercados, principalmente o europeu, e diferenciais de qualidade e de preços. O processo entrará no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), por meio da Federação dos Cafeicultores do Cerrado Mineiro, no segundo semestre de 2010. Uma vez habilitada, a denominação de origem será registrada na União Europeia, obtendo assim a

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chancela para ampliar a presença naquele mercado. A expectativa inicial é de que, uma vez conquistada a distinção, em três anos a região esteja comercializando pelo menos 20% de sua safra, ou 1 milhão de sacas, dentro desse padrão. No prazo de cinco a 10 anos, a meta é alcançar 70% da produção atual, em torno de 3,5 milhões de sacas. O limitante será a qualidade do café, pois existem padrões mínimos de exigência para que o consumidor consiga distinguir as características intrínsecas da região. O estabelecido é que o produto alcance 75 pontos (de uma escala de 0 a 100) da Associação Americana de Cafés Especiais, a Specialty Coffee Association of America (SCAA). “Acreditamos que até 70% da produção regional terá condições de alcançar esse padrão de bebida e atender às exigências internacionais”, revela José Augusto Rizental, superintendente da Federação dos Cafeicultores do Cerrado Mineiro (FCC). Lembra, porém, que não são apenas critérios de qualidade da bebida que definirão a denominação de origem. “É preciso ter controle rigoroso dos processos e propriedades sustentáveis”, acrescenta.


Inor /Ag. Assmann

A PARTE E O TODO A denominação de origem que é buscada pela cafeicultura do Cerrado mineiro não é o objetivo final da região, mas apenas um dos processos para alcançar status diferenciado de valorização do produto e de posicionamento nos mercados. A Federação dos Cafeicultores do Cerrado Mineiro (FCC) desenvolveu um planejamento estratégico para alcançar esse objetivo em parceria com as oito cooperativas e as seis associações que a integram, em 55 municípios, além do apoio da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Atualmente, as atenções estão voltadas ao tripé de sustentabilidade econômica, ambiental e social. Na parte econômica, a gestão da propriedade e a redução dos custos de produção integram o programa Educampo, ferramenta de organização e benchmark via parceria com o Sebrae de Minas

Gerais. “Aspectos sociais e ambientais são trabalhados dentro dos conceitos da certificação da propriedade com auditorias anuais”, destaca José Augusto Rizental, superintendente da FCC. A federação desenvolve o conceito da marca Café do Cerrado, buscando entender, junto ao mercado, se suas metas de posicionamento estão de acordo com a demanda dos consumidores. O segmento ainda trabalha no sentido da integração comercial como forma de evitar a disputa interna de clientes, que leva à pressão baixista sobre os preços. “Todas são medidas que se complementam, fortalecendo a cadeia produtiva, a estrutura montada no Cerrado mineiro e, por fim, refletindo na qualidade e na valorização do café”, explica Rizental. Outras práticas importantes são as visitas de agentes da FCC aos clientes fora do Brasil e a organização da vinda de compradores internacionais para conhecerem

as propriedades, a infraestrutura e os processos de produção na região, ampliando a credibilidade do produto no mercado internacional. O superintendente da FCC destaca que a indicação geográfica alcançada há cinco anos pelo Cerrado mineiro, a primeira do Brasil na área de cafés, alterou o perfil produtivo regional. “Nossos sistemas de produção são mais eficientes e houve uma mudança cultural, que busca a sustentabilidade e a agregação de valor e de qualidade ao café”, revela. Segundo Rizental, ao entender esses mecanismos, o cafeicultor não só valoriza o seu grão mas também sua fazenda, seu município e sua região. “Hoje o Cerrado mineiro é o maior fornecedor de algumas das maiores empresas mundiais nessa área”, afirma. Reconhecido pelo sabor adocicado e suave, pelo aroma achocolatado, pela baixa acidez e pelo corpo moderado, o café do Cerrado também é muito usado nos blends para dar corpo à mistura.

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Sílvio Ávila

Valuableorigin Producers scattered across the Minas Gerais Cerrado region are seeking denomination of origin with an eye towards working their way into global specialty coffee markets Pioneer geographical indication certificate holder in Brazil, the Minas Gerais Cerrado region is a reference in sectorial organization and coffee quality. Initiatives geared towards agricultural technologies, from inputs to post-harvest and processing operations, along with management tools and associative organization throughout the region, are seen as references for the entire Country. The indication demarcates the terroir of the coffee beans, which, in a free interpretation, could be taken as “regional flavor”, resulting from the relation between geographical characteris70

tics, soil and microclimate, which determine qualitative patterns, including typicity, identity and sensorial traits of the coffee beans produced in the Cerrado of Minas Gerais. The new challenge of the region, comprising 55 municipalities, is to obtain the denomination of origin certificate, a seal that facilitates market access, particularly to the European market, and makes a difference in prices and quality. The application will be forwarded to the National Industrial Property Institute (Inpi) through the Federation of Coffee Producers of the Minas Gerais Cerrado region, in the sec-


ond half of 2010. Once duly qualified, the denomination of origin will be registered in the European Union, which is to pave the way for expanding the presence in that market. The initial expectation is that, once the distinction has been achieved, in three years the region is trading at least 20% of its crop, or one million sacks, within this new pattern. Within five to ten years, the target is to achieve 70% of the present production volumes, about 3.5 million sacks. The limiting factor will be the quality of the beans, since there are minimum requirement standards for the consumers to distinguish the intrinsic characteristics of the region. The target consists in 70 points (on a 0 to 100 scale) set by the Specialty Coffee Association of America (SCAA). “It is our belief that up to 70% of our regional production will be able to achieve the beverage standards and meet international requirements”, says José Augusto Rizental, superintendent of the Cerrado Coffee Growers’ Federation (FCC). He nevertheless recalls that the denomination of origin is not only defined by quality criteria. “A strict control over sustainable farms and processes is equally required”, he adds.

THE PART AND THE WHOLE The denomination of origin, now being sought by the coffee farmers throughout the Cerrado region in Minas Gerais, is not the region’s ultimate goal, but just one of the processes to make the coffee produced in the area reach a status as a highly valued product and bigger market shares. The Federation of Coffee Producers of the Cerrado region in Minas Gerais (FCC) developed a strategic plan towards reaching this objective, jointly with the eight cooperatives and six associate members, scattered across 55 municipalities, in addition to the support from the Brazilian Coffee Industry Association (Abic) and from the Brazilian Micro and Small Business Support Service (Sebrae). At the moment, much attention is focused on the economic, social and environmental sustainability tripod. In economic terms, farm management and lower production costs are part of the Educampo program, an organization tool and benchmark via partnership with the Sebrae division in Minas Gerais. Social and environmental aspects are treated within the farm certification concepts with annual audits”, José Augusto Rizental, superintendent at the FCC, points out. The federation is also creating the Café do Cerrado brand, in an attempt to understand, in conjunction with the market, if the positioning targets are in line with consumer demands. The segment is also concerned with commercial integration moves as a manner to avoid internal competition for clients, which normally leads to downward price pressure. “All these measures complement one another, strengthening the production chain, the structure mounted in the Minas Gerais Cerrado and, finally, reflecting on the quality and value of the coffee”, Rizental explains. Other meaningful initiatives include visits of FCC agents to clients abroad and the invitation of international delegations to visit the Brazilian farms, infrastructures and production processes, boosting the credibility rate of the products in the international scenario. The FCC superintendent stresses that the geographical indication conquered five years ago by the Cerrado region in Minas Gerais, the first in Brazil in the area of coffees, has altered the regional production profile. “Our production systems are more efficient and there has been a cultural change, which seeks sustainability, added value and quality”, he comments.According to Rizental, upon coming to grips with these mechanisms, coffee growers do not only value their coffee, but equally their farms, municipality and region. “Nowadays, the Minas Gerais Cerrado is the largest supplier to some of the biggest global companies of the sector”, he declares. Acknowledged for its rather sweet and smooth flavor, chocolate aroma, low acidity rates, the medium-bodied coffee of the Cerrado region is also used in blends for bodied mixtures. 71


Sílvio Ávila

O diamante da Chapada Região de Piatã, na Chapada Diamantina, posiciona a Bahia no seleto grupo dos cafés top de linha Os agentes do café no Brasil e no mundo voltam seus olhos com muita atenção para a Chapada Diamantina, na Bahia. E isso não acontece por pouca coisa. Todos querem entender qual o segredo da excelência dos grãos colhidos naquela região do Estado. Por uma razão muito simples: em 2009, um lote colhido pelo produtor Cândido Vladimir Ladeia Rosa, na Fazenda Ouro Verde, do município de Piatã, foi o grande campeão do 10º Concurso de Qualidade Cafés do Brasil – Prêmio Cup of Excellence, com 91,08 pontos do júri internacional. A avaliação é conduzida pela

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Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) e pela Alliance for Coffee Excellence (ACE). É um feito e tanto. Essa distinção, que agrega valor máximo ao produto, acaba por colocar em evidência toda a produção regional, e estende seus reflexos igualmente a outros polos do Estado, afirmando a importância de ações e de programas para a sofisticação do café cultivado na Bahia. Agora, o Brasil e o mundo querem provar dos grãos colhidos na Chapada Diamantina. E a cadeia produtiva empenha-se em contabilizar ao máximo a seu favor.


Os resultados, assegura, têm sido satisfatórios. “Estamos firmando nossa presença junto a ambientes muito remuneradores”, enfatiza. Em janeiro, enviou as primeiras 25 sacas à Inglaterra, para um torrefador que trabalha com alta qualidade. “É um bom começo”, define. Além de garantir espaços em novos e promissores mercados, ele comemora os sinais positivos desse bom momento junto às propriedades. Afinal, a Chapada Diamantina, graças à altitude, que em alguns casos chega a 1.400 metros, configura um microclima raro, onde os cafés arábica se desenvolvem com plenitude. Colhidos entre maio e setembro, necessitam ser despolpados, o que permite à região estar um passo à frente no beneficiamento. Vem daí um dos principais argumentos da qualidade da bebida preparada com esse grão.

O cafeicultor e industrial Michael Alcântara, que desempenha funções junto à Secretaria Municipal da Agricultura de Piatã, é um desses entusiastas. Ele acreditou de tal forma nas oportunidades surgidas pela popularidade dos cafés da Chapada Diamantina que decidiu ir mais além nos negócios: ao invés de simplesmente comercializar os grãos, implantou há cerca de três anos uma torrefadora e hoje disponibiliza ao mercado café gourmet sob marca própria. “O primeiro despolpador na região foi meu”, frisa. Além disso, viajou aos Estados Unidos a fim de estabelecer contato com importadores, numa medida arrojada para divulgar seus produtos diferenciados junto a mercados muito seletos. Alcântara participa ativamente de eventos da cadeia, promovendo degustações de sua bebida.

UNIDOS PELO CAFÉ O fato de tradicionalmente efetuar o despolpamento dos seus grãos não é o único diferencial da Chapada Diamantina. O trabalho quase artesanal também influi, e muito. O produtor Michael Alcântara lembra que Piatã, com seus 20 mil habitantes, aglutina em seu entorno pequenas propriedades dedicadas à cafeicultura, e que se estendem por localidades como Mucugê, Ibicoara, Barra da Estiva, Jussiape, Abaíra e Seabra, num raio de aproximadamente 100 quilômetros. Alcântara, por exemplo, possui nove hectares de café em sua Fazenda Divino Espírito Santo e espera colher 500 sacas na safra 2010. O município de Piatã como um todo registra em torno de 18 mil sacas, das quais 5 mil são de cafés classificados como especiais. A Chapada Diamantina, enquanto isso, prevê cerca de 600 mil sacas nessa temporada. Para coordenar a inserção do produto no mercado, os produtores criaram em 1997 a Associação dos Cafeicultores do Município de Piatã (Ascamp), iniciativa ampliada em 2003 com a fundação da Cooperativa Agrícola dos Cafeicultores do Município de Piatã (Coocamp). Nos dois casos, a expectativa da cadeia é que ocorra fortalecimento do setor e maior poder de barganha na realização de negócios. A preocupação é também reverberar ao máximo os ganhos à coletividade. Há pelo menos 150 anos, a economia regional está firmemente apoiada sobre os cafezais. “Hoje, esse produto praticamente responde por 100% da renda nessas localidades”, observa. 73


Chapada’sjewel Piatã region, in Chapada Diamantina, assigns Bahia a definite position among the top-of-line coffees Brazilian and world coffee agents are looking towards Chapada Diamantina, in Bahia, with great interest. And this is not happening by chance. All of them are eager to come to grips with what makes the coffees of this region so special. There is a very simple reason behind it: in 2009, coffee harvested by producer Cândido Vladimir Ladeia Rosa, at Fazenda Ouro Verde, municipality of Piatã, was the winner of the Cup of Excellence Award, granted by the 10th Cup of Brazil Coffee Quality Contest, with a score of 91.08 points by an international jury.The evaluation is conducted by the Brazilian Specialty Coffees Association (BSCA) and by Alliance for Coffee Excellence (ACE). It is a real accomplishment. This distinction, which adds maximum value to the product, brings the entire regional production in the limelight, and spreads its effects to other production belts across the State, attesting to the importance of initiatives and programs that are focused on making Bahian coffee more and more sophisticated. Now, Brazil and the world are eager to try the beans harvested in Chapada Diamantina. And the production chain is sparing no effort in taking maximum advantage of the favorable situation. Industrialist and coffee grower Michael Alcântara, who performs several roles at the Agriculture Department of Piatã, is one of the advocates. He vehemently believed in the opportunities arising from the popularity of the Chapada Diamantina coffees and decided to go beyond common business practices: Instead of simply trading the beans, three years ago, he set up a coffee roasting plant and now supplies the market with a specific brand of gourmet coffees. “The first de-pulper of the region was mine”, he notes. Later, he went on a business trip to the United States with the intention to make contacts with importers, in a bold step to make his products known in discerning and selective markets. Alcântara actively participates in all the events staged by the production chain, where he promotes tasting sessions of his beverage. The results, he insists, have been satisfactory. “We are steadily working our way into highly remunerating markets”, he emphasizes. In January, he shipped the first 25 sacks to Britain, to a high quality coffee roasting company. “It is a good start”, he defines. Besides opening the way to74

wards new and promising markets, he celebrates the positive indicators of this moment with the rural holdings. Thanks to altitude, which reaches 1,400 meters in some places, Chapa Diamantina is known for its peculiar climate, where Arabica coffees grow vigorously. Harvested from May to September, they need to be depulped, which has historically given the region an edge in terms of processing. This is a major argument that attests to the quality of the beverage prepared with this bean.


harvest of 600 thousand sacks this year. To coordinate the insertion of the product into the market, in 1997 the coffee producers created the Coffee Producers’ Association of Piatã (Ascamp), an initiative that was expanded in 2003 with the foundation of the Coffee Growers’ Agricultural Cooperative of Piatã (Coocamp). In both cases, the expectation of the production chain is for a stronger sector, with more bargaining power in business closing matters. There is also great concern about reverberating the gains across the community. For at least 150 years, the regional economy has strongly relied on coffee plantations. Now, this commodity accounts for practically 100% of the income in those districts”, he observes. Inor /Ag. Assmann

UNITED BY COFFEE The fact that traditionally the beans of the region are depulped is not the only difference at Chapada Diamantina. Artisanship is also a factor, and means a lot. Producer Michael Alcântara recalls that Piatã, with its 20 thousand people, is surrounded by small coffee growing holdings, including districts like Mucugê, Ibicoara, Barra da Esvina, Jussiape, Abaíra and Seabra, lying within a 100 km radius of the town. Alcântara, for example, devotes nine hectares to coffee at his Fazenda Divino Espírito Santo and expects to harvest 500 sacks in the 2009/10 crop. The municipality of Pietã, as a whole, harvests about 18 thousand sacks, of which 5 thousand are graded as specialty coffees. In the meantime, Chapada Diamantina, expects a

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Salto para a qualidade Cafeicultores paranaenses trabalham para conquistar certificação internacional e indicação geográfica Com mais de 120 anos de história na cafeicultura, o Norte Pioneiro do Paraná resolveu enfatizar suas características e promove a atualização nos sistemas produtivo e de gestão das propriedades cafeeiras. O objetivo é tornar-se um referencial em cafés especiais e, de maneira geral, conferir qualidade ao produto regional. Em dois anos de trabalho, a região já colhe resultados positivos, demonstrando que unidos em torno de objetivos comuns, e bons projetos, há um horizonte promissor para os cafeicultores. “O mundo quer cafés de qualidade e nós estamos alcançando um patamar diferenciado para atendê-lo”, revela Odemir Capello, consultor do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), em Jacarezinho (PR). Atualmente, três projetos estão em andamento, em diferentes estágios, envolvendo os 7,5 mil produtores de 45 municípios do Norte Pioneiro. No primeiro deles, as 123 propriedades ligadas à Associação de Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná (Acenpp) se enquadraram no Código Comum para a Comunidade Cafeeira (4C), passo importante para obter certificações internacionais. Agora as primeiras propriedades buscam conseguir o 76

selo UTZ Certified, um dos principais programas de certificação no mundo. No terceiro, mas não menos importante projeto, a região deverá obter, ainda em 2010, a indicação de origem, mecanismo de valorização dessa matéria-prima. A primeira grande vitória foi alcançada pela Acenpp em setembro de 2009 com a certificação oficial 4C para as 123 propriedades que integram a entidade. O 4C é concedido a integrantes da cadeia produtiva internacional do café que seguem um código de conduta regulado por boas práticas e visam à sustentabilidade social, econômica e ambiental do processo produtivo à comercialização. Luiz Fernando de Andrade Leite, presidente da Acenpp, diz que o 4C conduz o cafeicultor às práticas que são base da padronização da qualidade do grão. “Isso nos credencia às certificações referenciais para o mercado e que agregam valor ao produto”, destaca. Com reconhecimento internacional, associados da Acenpp receberam proposta de compra de 4 mil sacas com preço até US$ 70 acima da média praticada no mercado. Indústrias e redes varejistas associadas têm o compromisso de comprar e comercializar volumes crescentes com padrão 4C.


MARCADAS Até o final de 2011, cerca de 30 propriedades cafeeiras do Norte Pioneiro, praticantes dos conceitos 4C, receberão o selo da UTZ Certified. Odemir Capello, consultor do Sebrae em Jacarezinho (PR) e gestor do projeto Cafés Especiais, diz que serão realizados diagnósticos individuais nas propriedades onde há interesse em obter a distinção. “Após será desenvolvido um plano indicando as melhorias, como forma de facilitar as auditorias necessárias à certificação”, detalha. Ao mesmo tempo, o Sebrae capacitará em gestão os cafeicultores em processo de certificação. Consultores ajudarão a implantar os conceitos nas propriedades, pois o processo em grupo impõe aos envolvidos o preenchimento dos requisitos.“Se um não atender às demandas, os demais serão prejudicados”, avisa Capello. Luiz Fernando de Andrade Leite, presidente da Acenpp, afirma que a certificação eleva o valor do produto e abre novos mercados. “Para alcançar o reconhecimento UTZ, é preciso atender a exigências como boas prá-

ticas agrícolas, padrões de registro da produção, uso racional e documentado de defensivos, proteção aos direitos trabalhistas e às questões ambientais e sociais. A rastreabilidade dos grãos obriga o cafeicultor a melhor gerenciar a produção”, explica o presidente. Os cafeicultores são avaliados por auditor independente, que confere se a produção está em acordo com o código de conduta da UTZ. A inspeção é anual. Depois de certificados, os produtores serão orientados sobre gerenciamento das fazendas, redução de custos de produção e acesso ao crédito. Uma propriedade já conquistou o selo e a meta é chegar ao final de 2010 com seis nessa condição. Em 2012, a meta é comercializar 70 mil sacas de café certificado. “Hoje é diferencial, mas no futuro a certificação será obrigatória no mercado”, avisa Capello. Também é meta, até o final de 2010, que 45 municípios cafeeiros do Norte Pioneiro do Estado obtenham a indicação geográfica do produto, título que confere identidade própria

IDENTIDADE O Paraná figurou como um dos principais produtores de café do País em 2009, com mais de 158 mil toneladas de grãos e destaque para a região do Norte Pioneiro, responsável pela colheita de aproximadamente 50% do total. A região tem 7,5 mil produtores em pequenas propriedades de 45 municípios. Em 2009, os 109 associados da Associação de Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná (Acenpp) produziram 70 mil sacas e exportaram 6 mil delas. De acordo com o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), o grão do Norte Pioneiro é leve, encorpado, com intenso aroma e sabor, doce e caramelado. A região destaca-se pela altitude acima de 500 metros,

ao café regional. A indicação estabelece ligação entre as características e a origem do grão. Por consequência, cria um fator diferenciador entre esse produto e os demais disponíveis no mercado, tornando-o mais atraente e confiável. Uma vez reconhecida, a indicação geográfica só poderá ser utilizada pelos membros dessa localidade que produzem café de maneira homogênea e padronizada. A região assumiu a ideia de que quem faz a qualidade do grão é o produtor, do lado de dentro da porteira, e o resultado da comercialização depende desse fator inicial. A ênfase nos cafés especiais, explica Leite, da Acenpp, dá-se em razão do mercado. Enquanto o consumo do produto comum cresce 2% ao ano, o especial avança cerca de 20% no mesmo período. Cita ainda que a evolução da renda da população brasileira, o nível de informação do consumidor mundial e a possibilidade de experimentar uma bebida de melhor qualidade, fideliza clientes. “Sempre que puder comparar, o cliente prefere a qualidade”, afirma.

latitude de 23º Sul e temperatura média de 20ºC a 22ºC. O projeto que impulsiona o salto qualitativo do café paranaense começou em 2006 e, em março de 2008, foi criada a Acenpp. A região realiza a Feira Internacional de Cafés Especiais do Norte Pioneiro (Ficafé), que além do foco na degustação por cafeterias, está voltada à comercialização de contratos futuros, exportação e oferta de matéria-prima para cafés especiais e comuns. “No caso de alguns nichos, houve comercialização de sacas a R$ 661,00”, revela Luis Fernando de Andrade Leite, presidente da Acenpp. Ele organiza uma rodada de negócios internacionais para o evento em 2010, que será realizado nos dias 25 e 26 de novembro no centro de eventos do município de Jacarezinho.

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Coffee growers in Paraná are set to conquer international certification and geographical indication For more than 120 years in the coffee farming business, Norte Pioneiro, in Paraná, decided to put emphasis on its characteristics and promotes modern production and management systems in the coffee growing farms. The purpose is to turn into a reference of specialty coffees and, by and large, check the quality of the regional products. In operation for two years now, the region is beginning to reap positive results, clearly demonstrating that joint efforts towards a specific project unfold a promising horizon for the coffee growers. “The world is looking for quality coffees, and we are making strides towards meeting their discerning requirements”, comments Odemir Capello, consultant with the Brazilian Micro and Small Business Support Service (Sebrae), in Jacarezinho (PR). Currently, three projects are underway, now at different stages, involving 7.5 thousand producers in 45 municipalities in Norte Pioneiro. In the first of them, the 123 farms linked to the Paraná State Norte Pioneiro Specialty Coffees Association (Acenpp) fit into the Coffee Growing Community’s Common Code (4C), an important step towards conquering international certifications. Now the first rural holdings are applying for the UTZ 78

Certified seal, a major certification program in the world. In the third project, but not less important, the region shall obtain the indication of origin, before the end of this year, a mechanism that boosts the value of the raw material. The first relevant victory was achieved by the Acenpp in September 2009 with the 4C official certification for the 123 farms, members of the entity.The 4C is awarded to members of the international coffee production chain, which comply with a code of conduct ruled by best practices, aimed at making the coffee production and commercialization processes socially, environmentally and economically sustainable. Luiz Fernando de Andrade Leite, president of Acenpp, maintains that the 4C leads the coffee growers towards adopting practices that are the basis for coffee bean quality and standardization. “This gives us the credentials for referential certifications for market purposes, whilst adding value to our products”, he notes. With international acknowledgement under their belts, Acenpp associate members received a purchasing proposal for 4 thousand sacks, at US$ 70 per sack, which outstrips average market prices. Industries and associate retail chains are committed to purchase and sell rising volumes of 4C standard coffees.


MARKED Until the end of 2011, about 30 coffee growing farms in Norte Pioneiro, which comply with the 4C concepts, will be granted the UTZ Certified seal. Odemir Capello, Sebrae consultant in Jacarezinho (PR) and in charge of the Specialty Coffees project, refers to individual diagnoses to be conducted on the farms with an interest in the distinction. “What follows is a plan pointing out the improvements to be carried out, as a manner to facilitate the audits necessary for this type of certification”, he details. In the meantime, it is up to the Sebrae to qualify the coffee growers undergoing the certification process. Consultants will help with implementing the concepts in the farms, since any group process requires the parties involved to meet a number of requisites. “If one of them fails to meet the demands, all of them will suffer the consequences”, Capello warns. Luiz Fernando de Andrade Leite, president of Acenpp, maintains that certification boosts the value of the product and paves the way for new markets. “If the UTZ recognition is to be achieved, certain requirements have to be complied with, and they include best agricultural practices, records of production patterns, rational and documented use of agrochemicals, respect for labor rights, and social and environmental concerns. Grain traceability forces the producers to manage their production properly”, the president comments. The coffee growers are evaluated by an independent auditor, who checks their production for its compliance with the UTZ code of conduct. Inspections are made on

IDENTITY The State of Paraná stood out as a major coffee producer in 2009, with more than 158 thousand tons of coffee beans, where the region of Norte Pioneiro deserves special mention for the production of approximately 50% of this total. The region comprises 7.5 thousand producers on small holdings scattered across 45 municipalities. In 2009, the 109 members of the Specialty Coffee Growers’ Association of Norte Pioneiro, Paraná (Acenpp) produced 70 thousand sacks and

an annual basis. After being certified, the growers are given directives on farm management, cost reduction and access to credit lines. One farm has already conquered the seal, and the target is to come to year’s end with 6 farms in the same position. The target for 2012 is to trade 70 thousand sacks of certified coffee. “Now, it makes a difference, but in the future certification will be mandatory”, Capello warns. Another target set for the end of 2010 consists in 45 coffee growing municipalities in Norte Pioneiro to achieve geographical indication for the product, a title that confers an identity of its own to regional coffees.The indication establishes a liaison between the characteristics and the origin of the grains. In consequence, it creates a distinguishing factor between the product and others in the market, making it more alluring and reliable. Once recognized, the geographical indication can only be used by the members of the specific location, where coffee is produced in homogenous and standardized manner.The region has bought into the idea that the grower is responsible for bean quality, inside the farm gate, and the commercialization result depends on this initial factor. It is the market that is credited with emphasis on specialty coffees, explains Leite, of Acenpp. While conventional coffee consumption soars at a rate of 2% a year, specialty coffees soar 20%. He also mentions that the rising purchasing power of the Brazilian population, the degree of information of international consumers and the chance to try a better quality beverage create loyal customers.“Whenever consumers can afford specialty coffees, they will jump at them”, he concludes.

exported 6 thousand of them. According to the Agronomic Institute of Paraná (Iapar), the beans coming from Norte Pioneiro are light, bodied, with intense aroma and flavor, sweet and caramelized. The region stands out for its over 500 meter altitude, at 23 degrees south latitude and average temperatures ranging from 20 to 22 degrees Celsius. The project that drives the qualitative leap of the Paraná coffee started in 2006 and, in March 2008, the Acenpp was created. The region hosts the Norte Pioneiro International Specialty

Coffees Fair (Ficafé), which, in addition to being focused on coffeehouse tasting sessions, is also geared towards negotiating futures contracts, exports and supply of coffee beans for common and specialty coffees. “In the case of some niches, there have commercialization rounds where a sack of specialty coffee fetched R$ 661”, says Luiz Fernando de Andrade Leite, president of Acenpp. He is organizing an international business round for the 2010 event, scheduled for 25 and 26 November, in the events center of Jacarezinho. 79


A olhos vistos Avanço tecnológico do conilon ajudou a triplicar a produtividade da cultura nos últimos 15 anos

É expressivo o avanço tecnológico da cultura do café conilon no Brasil, cujo predomínio produtivo está no Espírito Santo. Hoje o cultivo nesse Estado é referência global. Os melhores clones de robusta do mundo são gerados com tecnologia do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), que também desenvolveu método de manejo que triplicou a produtividade e a produção cafeeira do Espírito Santo ao longo de 15 anos. Com essas ferramentas houve a renovação dos cafezais e do parque industrial, medidas favorecidas também pela melhora nos preços das safras mais recentes devido à quebra produtiva no Vietnã. “O perfil do cafeicultor de conilon, antes associado à agricultura familiar, está mudando para uma produção mais empreendedora e profissional, com propriedades maiores e tecnificadas”, atesta Gil Barabach,

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analista da consultoria Safras & Mercado. Segundo ele, esses cafeicultores, instalados no Nordeste do Espírito Santo e no Sul da Bahia, têm foco na qualidade, no menor custo de produção e na competitividade comercial. “Ele demanda mais tecnologia para assegurar posição no mercado”, afirma. O avanço tecnológico do grão capixaba está associado à ação do Incaper, que estabeleceu um planejamento estratégico para a cultura até 2025. Romário Gava Ferrão, pesquisador do instituto e coordenador do Programa Estadual de Cafeicultura, diz que nos últimos 15 anos, por meio de programas de pesquisa e transferência de tecnologias, foi possível triplicar a produtividade e a colheita do Estado. “Hoje 40% da cafeicultura foi renovada de acordo com as novas bases tecnológicas”, afirma. De nove sacas por hectare as lavouras passaram a produzir, em média, 28 sacas. Em 1993, eram produzidas 2,4 milhões de sacas; atualmente, são 8,1 milhões. O aumento de área no período foi de apenas 7%. “Na época, um excelente cafeicultor colhia 60 sacas de conilon, hoje são 150”, conta. Há 25 projetos em desenvolvimento no instituto para melhorar a qualidade e duplicar a produtividade do café capixaba. “O desafio é chegar a 50 sacas por hectare nos próximos 15 anos, mas com a qualidade que o mercado demanda, associando produção à sustentabilidade econômica, social e ambiental”, explica Ferrão.


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MELHORIA CONTÍNUA Além dessas ações, há especial atenção do Incaper à evolução dos processos de colheita, transporte, secagem, armazenamento e beneficiamento com a campanha de Melhoria da Qualidade do Café Conilon do Espírito Santo. “São processos que, se não forem realizados da forma devida, interferem na qualidade final do produto”, revela Romário Gava Ferrão, pesquisador do instituto. As ações são enfatizadas por treinamentos para técnicos, cafeicultores e trabalhadores do setor. Os concursos de qualidade do robusta realizados no Estado têm sido importantes para divulgar as práticas mais adequadas para

a melhoria do produto final. Ainda fazem parte dos desafios dessa cadeia produtiva o uso racional e eficiente da irrigação nas regiões com déficit hídrico e a consorciação dos cafezais com silvicultura e fruticultura, com uso de espécies florestais, banana, coco, mamão papaia, pupunha e seringueira, entre outras, como alternativa de renda e redução do impacto climático na cafeicultura. Ferrão ainda enumera a necessidade de evolução das máquinas de colheita mecânica para o robusta, espécie em que o grão fica mais “agarrado” ao pé do que o arábica. “Existem trabalhos para adequar essas máquinas

à cultura do conilon e esperamos uma evolução significativa para as próximas safras”, revela. O Incaper tem como meta também diminuir a desigualdade produtiva e na aplicação de tecnologias nas diferentes regiões do Espírito Santo. Segundo Ferrão, enquanto o Nordeste capixaba, de terras planas, propriedades maiores e mais tecnificadas, avança em produtividade e qualidade, o Sul e o Noroeste, de topografia mais acidentada e produtores de perfil da agricultura familiar, demandam mais atenção para evoluir. “Dedicaremos mais energia a esses setores para reduzir as diferenças”, destaca.

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With naked eye Technology advances in the production of conilon coffee tripled yields over the past 15 years There have been expressive technology advances in the production of conilon coffees in Brazil, especially in the State of Espírito Santo, leading producer in the Country. Now the State is a global reference in the production of conilon.The best robusta clones in the world are produced by the Research, Rural Extension and Technical Assistance Institute of Espírito Santo (Incaper), which also developed a management method that tripled the yields and the production volumes throughout the State over the past 15 years. These tools triggered the renewal of the coffee plantations and of the industrial park, measures that also relied on such factors as better prices in the recent crops, induced by crop frustrations in Vietnam. The profile of the conilon grower, which had always 82

been associated with family farming operations, is now changing to more professional and enterprising production systems, with larger holdings and the use of more technology”, says Gil Barabach, analyst with Safras & Mercados consulting company. According to him, these coffee growers, established in Northeast Espírito Santo and in South Bahia, are focused on quality, low production costs and commercial competitiveness. “Conilon is more exacting in terms of technology if market positions are to be assured”, he argues. Technology advances in the production of conilon coffees in the State of Espírito Santo are associated with initiatives taken by Incaper, which outlined a strategic plan for the crop that extends through 2025. Romário Gava


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Ferrão, researcher at the Institute and coordinator of the State Coffee Farming Program, argues that over the past 15 years, by means of research and technology transference programs, the yields tripled throughout the State. “Now 40% of all coffee plantations have been renewed in accordance with new technological bases”, he says. From nine sacks per hectare the fields began to produce 28 sacks, on average. In 1993, total production reached 2.4 million sacks; nowadays, it is 8.1 million sacks. The planted area rose only 7% over the period. “At that time, a successful coffee grower harvested 60 sacks of conilon, now it is 150 sacks. There are 25 projects underway in the institute to improve the quality and double the yields of coffee in Espírito Santo.“The challenge is to harvest 50 sacks per hectare over the next 15 years, but with the quality required by the market, associating production with social, economic and environmental sustainability”, Ferrão explains.

CONTINUOUS IMPROVEMENT In addition to these initiatives, Incapar is particularly focused on the evolution of the processes that involve harvesting, transport, drying, warehousing and milling, through the Conilon Coffee Quality Improvement campaign staged in Espírito Santo. “These are processes that, if not carried out properly, interfere with the quality of the finished product”, says Romário Gava Ferrão, researcher at the institute. All these actions involve training sessions for technicians, coffee growers and workers of the sector. The conilon coffee quality contests conducted in the State have been playing an important role in spreading the appropriate practices for the enhancement of the final product. The challenges of the production chain also include rational and efficient use of irrigation systems in regions where dry spells are common, and intercropping coffee with common trees, fruit trees, banana, coconut, papaya, peachpalm and rubber trees, as a manner to boost farmers’ income and reduce environmental impacts caused by coffee farming. Ferrão also refers to the need to resort to more modern machinery for robusta, as in this type of coffee the beans cling more firmly to the branches than Arabica beans. “There are works going on towards adapting the machinery to conilon coffee and we hope for substantial progress over the coming crops”, he admits. One of Incapar’s targets consists of reducing production inequalities and inequalities in the use of technologies in all regions across the State. According to Ferrão, while in Northeast Espírito Santo, where flat land, bigger farms and more technology-oriented holdings prevail, yields are making strides, in the South and Southwest, with rough topography and family farmers, more attention is needed when it comes to improvements. “We are set to devote more energy to these sectors in order to reduce the differences”, he concludes. 83


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Do bom e do melhor

Abic apresenta os melhores da cafeicultura nacional no Guia da Qualidade dos Cafés do Brasil A Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) lançará em 2010, pela segunda vez, uma publicação referencial voltada a apresentar a avaliação e as características de grão e qualidade global de bebida nas diversas regiões e microrregiões cafeeiras do País. Trata-se do Guia Abic da Qualidade dos Cafés do Brasil, que teve a primeira edição lançada em setembro de 2009. As considerações publicadas cobrem a produção de Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Rondônia e São Paulo. A edição traduz o resultado das avaliações da safra, realizadas por uma equipe de especialistas selecionados pela Abic, em trabalho conjunto com técnicos de cooperativas e associações. Nessa análise são retratadas a classificação física dos grãos, a avaliação sensorial da qualidade global da bebida na xícara e as informações sobre processos e métodos de secagem dos lotes e características de tipicidade, clima e geografia da sua origem. O objetivo do trabalho é mostrar ao mercado os diferentes padrões de grãos que o Brasil pode oferecer. “O guia é referência da alta qualidade dos nossos cafés, colaborando com o trabalho realizado pelos profissionais de compra das empresas para aquisição de lotes de boa qualidade”, destaca Nathan Herszkowicz, diretor execu84

tivo da Abic. “O Brasil possui uma diversidade imensa de aromas e sabores, e essa publicação mostra exatamente esse leque de opções”, complementa. A Abic lançará uma edição atualizada a cada ano, de forma que os diferentes elos da cadeia produtiva possam acompanhar a evolução da qualidade em cada região, tanto decorrente das variações de clima e condições meteorológicas, quanto a melhoria em função de investimentos em tecnologia e nas práticas de colheita e de preparação dos lotes. Em 2009, foram 18 regiões abrangidas, mas, em 2010, a publicação terá um número maior, com participação de mais cooperativas. A novidade será a análise não só do “café típico” (bica corrida) de cada região, mas também do “café exemplar”, de excelência. “O mercado terá em mãos informações sobre o produto típico e o melhor café de cada uma das regiões produtoras”, explica Herszkowicz. Segundo ele, a receptividade do guia pelo mercado foi “excelente”, o que motiva a associação a continuar o trabalho.“Os elogios são por reunir informações técnicas, de logística e comerciais, e servir de vitrine ao identificar as diversas regiões. As indústrias elogiam o fato de a edição servir como referência de novos fornecedores”, ressalta.


Simplythebest Abic’s Brazilian Coffee Quality Guide features the best of the national coffee farming business products and the best coffees of every region will be available to the market”, explains Herszkowicz. According to him, the market took a great interest in the Guide, a fact that encourages the association to go on with the work. “Praises include technical, logistic and commercial information, including the Guide’s role as showcase of the different regions. The industries view the Guide as a reference for attracting new suppliers”, he notes. Inor /Ag. Assmann

The Brazilian Coffee Industry Association (Abic) is this year launching the second edition of a reference publication featuring evaluations and characteristics of coffee beans and global quality of the beverage throughout the different coffee growing regions and micro-regions across Brazil. It is Abic’s Brazilian Coffee Quality Guide, whose first edition came out in September 2009.The evaluations cover the coffee crops in Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná and São Paulo. The edition translates the results of all crop assessments, conducted by a team of specialists selected by Abic, who worked jointly with association and cooperative technicians. This analysis portrays physical bean grading, sensorial assessments of the global quality of the beverage in the cup and information on batch drying processes and methods, along with such typical characteristics as climate and geographical origin. The goal of the work is to keep the market informed about the different bean patterns Brazil is in a position to produce. “The guide is a reference of the high quality of our beans, lending support to all professionals responsible for purchasing good quality coffee batches”, says Nathan Herszkowicz, executive director of Abic. “Brazil boasts an enormous diversity of aromas and flavors, and this publication features this spectrum of options”, he complements. Abic is set to launch an updated edition every year, so as to make it possible for the different links of the production chain to follow closely every region’s quality evolution steps, derived either from climate and meteorological changes or from improvements stemming from technology investments in harvesting and batch preparation procedures. In 2009, the publication covered 18 regions, but in 2010, it will cover a bigger number of regions and cooperatives. The novelty will be an analysis not only of the “typical coffee” (milled, unsieved coffee) of every region, but also an analysis of the “special coffee”. “Details of the typical

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Cópiaperfeita Cafeicultores poderão começar a testar o desempenho de mudas clonadas de café arábica no final de 2011 Em pouco tempo, os cafeicultores poderão utilizar mudas clonadas de café arábica com resistência ao bicho-mineiro-do-cafeeiro (Leucoptera coffeella) e à ferrugem (Hemileia coffeicolla), boa qualidade de bebida e alta produtividade. Para alcançar esses resultados, há 12 anos são selecionados, por meio de propagação vegetativa, plantas matrizes com caracterísicas de grande interesse agronômico e econômico. A previsão é começar, no final de 2011, a distribuição de mudas clonadas aos produtores de cooperativas de Minas Gerais e de outras regiões produtoras. Nessa etapa serão avaliados a adaptação e o comportamento agronômico das plantas selecionadas. “Será uma boa opção para a região do Cerrado, que sofre com a ocorrência do bicho-mineiro”, relata o pesquisador Carlos Henrique Carvalho, da Embrapa Café, de Brasília (DF), e coordenador do estudo. No decorrer de 2010 e 2011, os clones serão multiplicados para serem repassados aos produtores no final de 2011. “É necessário um ano e meio para desenvolver uma muda clonada”, explica Carvalho. Futuramente, a multiplicação do material poderá ser feita em biofábricas de iniciativa privada ou de cooperativas com o repasse da tecnologia desenvolvida pela Embrapa. O pesquisador destaca que a técnica da clonagem permite que as novas plantas tenham as mesmas característi-

cas das originais, enquanto na multiplicação por sementes isso não ocorre com tanta fidelidade, como é o caso das híbridas. O desenvolvimento de cultivares de café arábica envolve um longo processo. Normalmente, demora cerca de 30 anos para uma nova cultivar chegar ao campo. Esse tempo pode ser reduzido para aproximadamente 10 anos com a seleção de plantas matrizes de grande importância agronômica e produção de mudas clonadas. Segundo Carvalho, a técnica de reprodução é considerada a mais adequada alternativa para a multiplicação de plantas híbridas (cruzadas geneticamente) em larga escala. Em caráter experimental, a propagação por embriogênese somática foi testada com sucesso para a multiplicação de híbridos em alguns países da América Central. Cultivares obtidas por esse processo apresentam comportamento semelhante ao das oriundas de sementes, não havendo limitação para usá-las. A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), por demanda levantada pelo Polo de Excelência do Café (PEC/Café), é uma das instituições que apoiam financeiramente o projeto, além da Fundação de Apoio à Tecnologia Cafeeira (Procafé), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), por meio dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT), e do Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café.

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Perfectcopy Coffee growers will be able to test the performance of cloned Arabica seedlings in late 2011 Before long, the coffee growers will be able to utilize cloned Arabica coffee seedlings with resistance to the coffee leaf miner (Leucoptera coffeella) and to rust (Hemileia coffeicolla), good beverage quality and high productivity. To reach these results, for 12 years now, parent plants have been selected through vegetative propagation, conveying characteristics of huge agronomic and economic interest. The distribution of cloned seedlings is supposed to start in late 2011, firstly, to cooperative members in Minas Gerais and other coffee producing regions.The evaluations during this phase include adaptation and agronomic behavior of the cloned plants.“They will be a good option for the Cerrado region, where the leaf miner is wreaking havoc”, says researcher Carlos Henrique Carvalho, of Embrapa Coffee, in Brasília (FD), and coordinator of the study. During 2010 and 2011, the clones will be propagated and passed on to growers in late 2011. “It takes a year and a half to develop a cloned seedling”, Carvalho explains. In the future, the propagation of the material could be carried out by privately owned biofactories or by cooperatives, through the

technology developed by Embrapa. The researcher notes that the cloning technique allows for the new plants to convey the original characteristics, while in the seed propagation method it does not happen so precisely, like the case of the hybrids. The development of Arabica coffee varieties requires a long process. Normally, it takes 30 years for a new cultivar to reach the farms. This period could be reduced to approximately 10 years with the selection of parent plants of huge agronomic importance and the production of cloned seedlings. According to Carvalho, the propagation technique is viewed as the most appropriate alternative for the propagation of hybrid plants (genetically crossed) on a large scale. On a trial basis, the somatic embryogenesis propagation method was tested with success for the propagation of hybrids in some Central America countries. Cultivars obtained through this process display a similar behavior to plants coming from seeds, and, therefore, there is no objection to their use. The Research Support Foundation in Minas Gerais (Fapemig), by request of the Coffee Excellence Hub (PEC/ Café), is one of the institutions that lend financial support to the project, along with the Coffee Technology Support Foundation (Procafé), the National Council for Scientific and Technological Development, the National Technology and Science Institutes (INCT), and the Brazilian Consortium for Coffee Research and Development.

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Unindoforças Pesquisa testa variedades oriundas das duas principais espécies de café, o arábica e o robusta, para enfrentar o aquecimento global O café está entre as culturas que poderá ser mais atingida pelos efeitos do aquecimento global previstos para os próximos anos. Estudos estão buscando cada vez mais alternativas para garantir o bom desempenho da planta em condições mais quentes. Um exemplo é o projeto Tolerância ao calor e à seca em materiais genéticos de Coffea arabica, de tipos arábicas derivados de híbridos interespecíficos e de café robusta, desenvolvido pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC), no Estado de São Paulo. O trabalho é recente e financiado, em parte, pelo Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café. O pesquisador Luiz Carlos Fazuoli, do Centro de Café “Alcides Carvalho” do IAC, destaca que os estudos visando aos cruzamentos interespecíficos começaram no instituto em 1950. “É de conhecimento geral que as es90

pécies de café robusta (Coffea canephora), excelsa (Coffea dewevrei), liberica (Coffea liberica) e racemosa (Coffea racemosa) são tolerantes ao calor e têm variabilidade para tolerância à seca”, acrescenta. Segundo Fazuoli, no IAC existem muitos híbridos entre o arábica, essas espécies e vários genótipos que estão sendo avaliados e selecionados. “Alguns têm apenas tolerância ao calor, mas necessitam de irrigação, e outros são tolerantes à seca”, aponta. No entanto, várias progênies derivadas desse trabalho, como a Icatu de porte baixo, a Catuaí SH3 e a Mundo Novo SH3, estão em fase adiantada de seleção. “Esses materiais estão sendo avaliados em regiões quentes, com e sem irrigação e em condições de casa de vegetação.” O assunto envolvendo a cafeicultura e as mudanças do clima se tornou ainda mais urgente a partir dos dados apon-


tados pelo estudo Aquecimento global e cenários futuros da agricultura brasileira, realizado por Embrapa, Universidade de Campinas (Unicamp) e Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri), em 2008. “No caso da cafeicultura, o déficit hídrico e o calor intenso provocam o abortamento da florada da planta”, argumenta o pesquisador Eduardo Delgado Assad, da Embrapa Informática Agropecuária, de Campinas (SP). Sua avaliação refere-se apenas à espécie arábica.A conilon ou robusta é mais resistente e apta à produção em regiões de clima mais quente. “Esse cenário pode ser modificado com trabalhos de biotecnologia e melhoramento genético, tornando as plantas mais tolerantes a essas ameaças”, observa Assad. Atualmente, uma das prioridades da pesquisa em café brasileiro é desenvolver soluções para minimizar os efeitos do aquecimento global na cultura. Os projetos são conduzidos pelas instituições que participam do Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café, sob coordenação da Embrapa Café, de Brasília (DF).

ALTERNATIVAS A pesquisadora Mirian Eira, gerente adjunta técnica da Embrapa Café, destaca que, nos últimos anos, materiais genéticos de grande potencial e maturação diferenciada foram lançados e estudos foram realizados para selecionar cultivares adaptadas à seca e aos extremos térmicos. Além disso, experiências voltadas à irrigação também reduzem a vulnerabilidade climática da planta. “A tecnologia de irrigação tem evoluído no desenvolvimento de novos equipamentos e na aplicação racional, como em novas práticas culturais, com estresse hídrico controlado aliado à adubação balanceada”, salienta. Práticas de manejo, como adensamento e arborização da plantação, são igualmente alternativas que diminuem os efeitos do aumento da temperatura nas regiões produtoras do grão. De acordo com Mirian, outros projetos nas áreas de biotecnologia, agroclimatologia e fisiologia do cafeeiro estudam as características do clima e das plantas, buscando mitigar as condições adversas do aquecimento global e manter o Brasil na liderança da produção mundial de café. Na avaliação do pesquisador Eduardo Delgado Assad, da Embrapa Informática Agropecuária, o aumento da temperatura irá fatalmente ocorrer, apenas não se sabe em que nível. Essa mudança vai alterar o mapa da produção agrícola no Brasil, provocando a migração de plantas de uma região para outra com melhores aptidões climáticas. O café, por exemplo, que sempre encontrou boas condições para se desenvolver no Sudeste, deverá se adaptar às novas características climáticas ou poderá ser produzido mais ao sul do Brasil. O estudo sobre aquecimento global e agricultura baseou-se em dois possíveis cenários. Um pessimista, prevendo aumento de temperatura entre 2ºC e 5,4ºC, e outro, um pouco mais otimista, com a temperatura subindo entre 1,4ºC e 3,8ºC. Várias culturas vão sofrer os impactos dessa alteração, entre elas algodão, arroz, café, cana-de-açúcar, feijão, girassol, mandioca, milho e soja. Os cenários foram montados para os anos de 2010, 2020, 2050 e 2070, usando como base o Zoneamento de Riscos Climáticos de 2007 e o mais recente relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC). 91


Joiningefforts Research centers are testing varieties stemming from the two leading coffee species, Arabica and robusta, to withstand global warming Coffee is one of the crops that could be hardest hit by the effects of global warming forecast for the coming years. Studies are seeking alternatives to make sure the plant performs well under warm climate conditions. An example is the project Tolerance to heat and drought conditions in genetic materials from Coffea Arabica, of the Arabica types derived from interspecific hybrids of robusta coffee, developed by the Campinas Agronomic Institute (IAC), in the state of São Paulo. The work started recently and is partly financed by the Brazilian Consortium for Coffee Development and Research. Researcher Luiz Carlos Fazuoli, of IAC’s “Alcides Carvalho” Coffee Center, maintains that the studies on interspecific crossings started at the institute in 1950. “Everyone knows that such species as coffee robusta (Coffea canephora), excelsa (Coffea dewevrei), liberica (Coffea liberica) and racemosa (Coffea racemosa) are tolerant to warm temperatures and present variable tolerance to drought conditions”, he adds. According to Fazuoli, at IAC, there are lots of hybrids among the Arabica varieties, these species and several genotypes now being analyzed and selected. “Some of them are only tolerant to warm temperatures, but require irrigation, while others are tolerant to drought conditions”, he explains. Nevertheless, several breeds derived from this research work, like the small size Icatu cultivar, the Catuaí SH3 and Mundo Novo SH3, are now at an advanced selection stage. “These cultivars are being tested in warm regions, with and without irrigation, nd in greenhouses”. The question involving coffee farming and climate changes has become all the more urgent after the conclusions reached by the study Global warming and future scenarios of brazilian agriculture, conducted by Embrapa, University of Campinas (Unicamp) and the Center of Meteorological and Climatic Studies Applied on Agriculture (Cepagri), in 2008. “In the case of coffee farming, water deficiencies and intensely warm temperatures cause the flower buds to drop”, argues researcher Eduardo Delgado Assad, of Embrapa Agriculture Informatics, in Campinas (SP). His evaluation refers only to the Arabica species. Coni92

lon or robusta is more resistant and adapts to warm temperature regions. “This scenario could be changed through biotechnology and genetic enhancement work, making the plants more tolerant to these threats”,Assad notes. One of the current priorities of Brazil’s coffee research works is to come up with solutions that minimize the effects of global warming on the crop. The projects are conducted by the institutions that have joined the Brazilian Consortium for Coffee Development and Research, under the coordination of Embrapa Coffee, in Brasília (DF).


Embrapa Agriculture Informatics researcher Eduardo Delgado Assad maintains that higher temperatures will surely occur, but we do not know to what extent this will happen. The change will alter the agriculture production map in Brazil, triggering the migration of plants from one region to others, where climate conditions are better. Coffee, for example, which always found its ideal conditions in the Southeast, will have to adapt to the new climate conditions or could shift to South Brazil. The study on global warming and agriculture is based on two possible scenarios. A pessimistic one, foreseeing temperature rises ranging from 2°C to 5.4°C, and the other, little more optimistic, with temperature rises ranging from 1.4°C to 3.8°C. The following crops are subject to suffer the impacts from the alteration: cotton, rice, coffee, sugarcane,, black-beans, sunflower, cassava, corn and soybean. The scenarios were projected for the years 2010, 2020, 2050 and 2070, based on the 2007 Climatic Risks Zoning study, and more recently on the report released by the Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC).

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ALTERNATIVES Researcher Mirian Eira, technical assistant manager at Embrapa Coffee, explains that, over the past years, genetic cultivars of great potential and different maturing stages have been launched and studies were conducted to select cultivars resistant to drought conditions and extremely warm temperatures. Furthermore, experiments geared towards irrigation have also shown a reduction in the plant’s vulnerability to climatic conditions. “The irrigation technology has progressed into the development of new equipment for rational use of water, as well as the use of new cultural practices, strict control over hydric stress, along with balanced fertilization”, she points out. Management practices, like dense plantation and rows of trees for protecting the coffee plants also cushion the effects of high temperatures in the coffee farming regions. According to Mirian, other projects in the areas of biotechnology, agroclimatology and coffee tree physiology are conducting studies on the characteristics of the climate and the trees, seeking to cushion the adverse global warming conditions and keep Brazil’s leadership status in global coffee production.

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Café do sertão Projeto vai testar se a cafeicultura pode ser viável em áreas irrigadas do Vale do Submédio São Francisco

Em aproximadamente quatro anos, será possível avaliar a viabilidade técnica e econômica do plantio de café em áreas irrigadas do Vale do Submédio São Francisco, no sertão nordestino. As pesquisas começaram há cerca de quatro anos e, segundo o pesquisador José Maria Pinto, da Em-

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brapa Semiárido, de Petrolina (PE), tiveram bons resultados no pré-experimento. Em decorrência disso, a Embrapa Café, em Brasília (DF), aprovou a continuidade do projeto, que vai envolver investimentos financeiros de até R$ 250 mil. A intenção é possibilitar que a cafeicultura seja mais


Sílvio Ávila

uma alternativa para diversificar a agricultura na região. “A espécie pode substituir o plantio da goiaba, que enfrenta problemas com nematoides”, aponta o pesquisador. Inicialmente, a instalação do projeto vai ocupar de dois a três hectares com as espécies arábica e conilon. O plantio será utilizado para a realização de testes de manejo e de desempenho produtivo nas condições do ambiente quente e seco do vale. “A região oferece características boas para o

conilon e adequadas para o arábica”, destaca Pinto. Ele observa que a agricultura irrigada da região lida com frequentes problemas produtivos e de mercado, em consequência de riscos climáticos e de cotações baixas. Na sua avaliação, o café está menos sujeito à sazonalidade de preços, além de não ser perecível, podendo ser armazenado e posto à venda em períodos favoráveis de mercado. Além disso, a cultura exige mão de obra durante todo o ciclo produtivo. O sistema de irrigação e o ambiente seco permitem planejar a produção para a época do ano de maior demanda, como ocorre com a manga e a uva, culturas de alta produtividade no Submédio São Francisco. Assim que forem vencidas as barreiras técnicas, diz o pesquisador, existe um grande mercado a ser explorado. No caso do grão conilon, utilizado no processamento de café solúvel, a demanda brasileira anual é de 11 milhões a 12 milhões de sacas, enquanto a produção nacional é de apenas 7 milhões de sacas. “Pode se tornar uma alternativa competitiva para a agricultura irrigada do Vale”, afirma.

EM TESTE As variedades de arábica utilizadas no projeto são Ouro Verde, Obatã, Tupi, Acauã, Topázio MG 1190 — esta resistente à ferrugem (Hemileia coffeicolla) e ao estresse hídrico —, Rubi MG 1190, Sacramento, Araponga, Pau Brasil, Catiguá MG1, MG2, MG3 e MG4, Paraíso, Oeiras, Catuaí Vermelho, Catuaí Amarelo, Seriema, IPR 98, Iapar 59 e IPR 103. Com as cultivares do conilon serão realizados dois ensaios. Um com variedades de propagação por sementes. Nesse caso, serão utilizados os materiais Incaper 8151 ou Robusta Tropical; duas seleções de Kouilou; quatro seleções de Robusta e uma de Bukodensis. Outro ensaio será com cultivares clonais, como Encapa 8141, Robustão Capixaba (composta por 10 clones), Incaper 8142 e Conilon Vitória, esta composta por 13 clones. Além das duas Embrapas, o projeto conta com a participação da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf/Chesf); da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA); do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper); do Instituto Agronômico de Campinas (IAC); da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e do Banco do Nordeste. 95


Coffee in the sertão region Project to test if coffee farming could be viable in irrigated areas in the Sub-Middle São Francisco River Valley It will take four years for a full assessment of the technical and economic viability for the establishment of coffee plantations in irrigated areas throughout the Sub-Middle São Francisco River Valley, in the northeastern sertão. Research works started four years ago and, according to researcher José Maria Pinto, of Embrapa Semiarid, in Petrolina (PE), showed good results in their pre-trials. As a consequence, Embrapa Coffee, in Brasília (FD), gave its approval to the continuity of the project, which will require investments of approximately R$ 250 thousand. The intention is to turn coffee farming into one more crop diversification alternative in the region. “Coffee could replace guava plantations, now suffering from nematode problems”, the researcher comments. Initially, the establishment of the project is going to occupy two to three hectares devoted to Arabica and conilon coffees.The plantation will be utilized for production performance and management tests under the warm and dry weather conditions of the valley. “The region boasts good characteristics for conilon and appropriate for Arabica”, Pinto explains. He observes that the region’s irrigated agriculture frequently has to deal with production and market problems, as a result of erratic climate conditions and low prices. In his view, coffee is less subject to price seasonality, is not perishable and can be stored over longer periods and placed on the market in favorable times. Moreover, the crop is labor intensive during the entire production cycle. An irrigation system and dry environment conditions allow for planning the production in accordance with periods of strong demand, similar to what happens with mangos and grapes, highly productive crops in the Sub-Middle São Francisco River Valley. Once the technical barriers have been surmounted, the researcher remarks, there is a huge market to be explored. In the case of conilon, utilized in soluble coffee processing, annual demand in Brazil reaches 11 to 12 million sacks, whilst the national production volumes barely reach 7 million sacks. “It might turn into an alternative competitive crop for irrigated agriculture in the Valley”, he explains. 96


cloned cultivars, like Encapa 8141, Robustão Capixaba (consisting of 10 clones), Incaper 8142 and Conilon Vitória, the latter consisting of 13 clones. Beside the two Embrapas, the project relies on the participation of the following organs: Development Company of the São Francisco and Parnaíba Valleys (Codevasf/Chesf); Bahian Agricultural Development Company (EBDA); Rural Extension and Technical Assistance Research Institute of Espírito Santo (Incaper); Agronomic Institute of Campinas (IAC); Agricultural Research Company of Minas Gerais (Epamig) and Northeast Bank.

Inor /Ag. Assmann

ON TRIAL The Arabica varieties included in the project are as follows: Ouro Verde, Obatã, Tupi, Acauã, Topazio MG 1190 – the latter is resistant to hydric tress -, Rubi MG 1190, Sacramento, Araponga, Pau Brasil, Catiguá MG1, MG2, MG3 and MG4, Paraíso, Oeiras, Catuaí Vermelho, Catuaí Amarelo, Seriema, IPR 98, Iapar 59 and IPR 103. Two trials have been scheduled for the conilon cultivars. One with the seed propagation variety. In this case, the following cultivars will be used: Incaper 8151 or Robusta Tropical; two selections of Kouilou; four of Robusta and one of Bukodensis. Nther trial wil be with

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Sobcontrole

Cafeicultores contam com um aliado contra a ferrugem, o fungicida Celeiro lançado pela empresa Ihara O mercado já dispõe de produtos que controlam com eficiência doenças que comprometem a qualidade e a produtividade do cafezal. Um deles é o fungicida Celeiro, lançado em 2009 pela empresa Ihara, tradicional fabricante de defensivos agrícolas. O seu uso é recomendado para o controle, inclusive durante longo período, da ferrugem do cafeeiro (Hemileia vastatrix), doença que pode causar prejuízos que afetam a produção em quase sua totalidade. Contra os problemas causados por fungos, como phoma (Phoma tarda), cercosporiose (Cercospora cofeicola) e antracnose (Collethotrichum gloeosporioides), a empresa oferece o Cercobin 700 WP. “Esse tratamento protege a planta e, principalmente, as flores do café no período de produção, preservando a rentabilidade das plantas”, explica Rodrigo Naime Salvador, consultor técnico de Culturas, Planejamento e Marketing da Ihara. “É considerado um dos mais eficazes no controle de doenças da florada, com ação curativa e protetora sobre o cafeeiro”, aponta. O fungicida ainda possui registro para ser utilizado no manejo de doenças que afetam outras culturas, como citros, 98

soja, feijão, tomate, mamão, melão, batata, maçã, melancia, morango, pepino, flores e uva. Segundo Salvador, o Cercobin tem grande aceitação entre os cafeicultores de todo o Brasil, principalmente no Sul de Minas Gerais e no Triângulo Mineiro. Para o controle de plantas daninhas é utilizado o herbicida Flumyzim, que evita a mato-competição. De acordo com Salvador, a cultura do café tem custo aproximado de R$ 10 mil por hectare, distribuído entre mão de obra, operações mecanizadas, fertilizantes e processos pós-colheita. “Os defensivos agrícolas representam cerca de 10% desse custo, portanto, devem ser usados de maneira adequada e sempre com orientação de um agronômo, pois isso elimina perdas e confere competitividade”, orienta. Uma das orientações da área de pesquisa da empresa é desenvolver produtos seletivos aos problemas; tecnologias que reduzem o número de aplicações, com maior período de controle; e doses menores para diminuir o risco de acidentes entre as pessoas que trabalham com os defensivos. Outra ação é a promoção de programas voltados aos produtores rurais e seus filhos.


Sílvio Ávila

Undercontrol

Coffee farmers can now rely on an ally in their fight against Asian rust, fungicide Celeiro launched by lhara There are products available in the market for efficiently controlling diseases that jeopardize both coffee yields and quality. One of them is known as fungicide Celeiro, launched in 2009 by lhara company, traditional manufacturer of agrochemicals. Its use is recommended for the control, over long periods, a disease called coffee leaf rust (Hemileia vastatrix), which can cause losses that hit the entire production volume. Against problems caused by fungi, like phoma (Phoma tarda), cercosporiosis (Cercospora cofeicola) and anthracnose (Collethotrichum gloeosporioides), the company offers the Cercobin 700 WP. “This treatment protects the plant and, particularly, the flowers during the productive stage, preserving the yields of the plants”, explains Rodrigo Naime Salvador, technical consultant with lhara’s Cultures, Planning and Marketing department. “It is viewed as one of the most effective in controlling diseases that break out during the flowering stage, with a curative and protection action over the coffee plant”, he notes. The fungicide also bears a register to be used for controlling other crop diseases, like citrus, soybean, tomato,

papaya, melon, potato, apple, watermelon, strawberry, cucumber flowers and grapes. According to Salvador, Cercobin is a product that is widely used by the coffee farmers all over Brazil, especially in South Minas Gerais and in Triângulo Mineiro. For controlling weeds, most farmers resort to a herbicide known as Flumyzim, which prevents weed competition. Salvador calculates the cost of producing coffee at approximately R$ 10 thousand per hectare, split into labor, mechanized operations, fertilizers and post-harvest processes. “Agrochemicals account for approximately 10% of this cost and should therefore be used adequately and always under the advice of an agronomist, since they eliminates losses and boost competitiveness”, he recommends. One of the recommendations of the company’s research department is the development of products specific for the problems; technologies that reduce the number of applications, reaching longer control periods; and smaller doses in order to reduce the risk of accidents among the people who deal with agrochemicals. Another initiative involves programs devoted to rural producers and their children. 99




Devercumprido Brasil registra acréscimo de 4,15% na demanda de café em 2009, aproximando-se da meta de consumir 21 milhões de sacas em 2012

Inor /Ag. Assmann

Que país é este? Para a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) e outros setores do agronegócio, o Brasil é muito mais que o país do futebol e do carnaval. Enquanto Estados Unidos e praticamente toda a Europa retraíram o consumo de café em 2009, devido à crise financeira mundial, o Brasil assegurou o sucesso da indústria nacional. No entender de Nathan Herszkowicz, diretor executivo da Abic, o desempenho do setor superou as expectativas. “Acreditávamos que, em função da crise, o mercado evoluiria no máximo 3% no decorrer de 2009.”

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No entanto, a crise não afetou o setor e o consumo no Brasil, que aumentou em 740 mil sacas, saltando de 17,65 milhões de sacas, em 2008, para 18,39 milhões em 2009, registrando crescimento de 4,15%. As exportações, no entanto, ficaram a desejar. Em 2009, as vendas do grão torrado e moído totalizaram US$ 29,6 milhões, contra US$ 35,6 milhões em 2008, decréscimo de 16,9%. O solúvel registrou embarque de US$ 460,5 milhões em 2009, queda de 18,5% na comparação com 2008, quando foram comercializados externamente US$ 565,6 milhões.“As


razões dessa redução, de acordo com análise da Abic, estão ligadas ao menor volume de compras do mercado norte-americano, principal importador do café industrializado brasileiro, na esteira da crise econômica que afetou os negócios e a economia daquele país no ano passado”, observa Herszkowicz. Além dos Estados Unidos, nos últimos anos o Brasil tem buscado abrir novos mercados, entre os quais Japão, Coreia do Sul, Argentina, Chile e países do continente europeu. Também são realizadas ações promocionais em mercados considerados traders, ou seja, países ou regiões com alto potencial de comercialização do produto e baixo consumo, como Panamá, Chile, Turquia e Cingapura. Além disso, a Abic foca em nações que, apesar de tradicionais na compra de grãos verdes do Brasil, não importam o produto industrializado, caso do Canadá. “Nossa estimativa para as exportações em 2010 é de atingir a cifra de US$ 30 milhões”, adianta o diretor executivo.

Para desempatar o placar dos resultados da cafeicultura em 2009, o segmento de cafés superiores e gourmet apresenta crescimento de 15% ao ano. No entender da Abic, maiores investimentos em produtos e no marketing interno impulsionaram as vendas das marcas mais conhecidas. Além disso, o fato de chegar às prateleiras, mensalmente, novas marcas de grãos especiais fez com que o mercado brasileiro apresentasse oferta significativa de produtos de alta qualidade aos consumidores nacionais.

O CAMINHO Para 2010, a Abic projeta consumo interno de 19,31 milhões de sacas, incremento de 5% em volume.“As vendas do setor, em 2009, podem ter atingido R$ 6,8 bilhões e espera-se que cheguem a R$ 7,1 bilhões em 2010. Com isso, a meta da Abic de o consumo interno atingir 21 milhões de sacas parece que poderá ser alcançada em 2012”, relata Nathan Herszkowicz, diretor executivo da associação. Entre os principais motivos que podem ajudar na conquista do objetivo, ele destaca o impulso da economia brasileira, as previsões de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e do consumo das classes C, D e E, e a estimativa de que as classes A e B poderão crescer 50% até 2015. No entanto, para que o Brasil supere o desafio, deverá manter a evolução anual de pelo menos 5%. No que depender da Abic, todos os esforços serão feitos para atingir o objetivo. “A Abic continua a estimular o aumento do consumo geral e a oferta de cafés diferenciados, ampliando a adesão das empresas aos seus diversos programas de qualidade e certificação, como o Selo de Pureza, o Programa de Qualidade do Café (PQC) e o Programa Cafés Sustentáveis do Brasil (PCS)”, destaca Herszkowicz. Outro desafio do setor é a inserção dos produtos em diferentes mercados ou segmentos. Conforme o diretor executivo, a associação vem criando estratégias para atingir nichos como o consumo fora do lar e o de cafeterias e cafés especiais. “Nesse sentido, a alta gastronomia foi eleita a porta de entrada para produtos de alta qualidade, certificados, de grande valor agregado e com capacidade para gerar boa percepção de marcas de valor.” Dessa maneira, desde 2009 os grãos brasileiros estão marcando presença, além de feiras tradicionais, em eventos destinados a chefs de cuisine e restaurateurs, principalmente no mercado chileno, onde é promovida a Semana do Café Gourmet do Brasil — Sabor y Saber. “No evento oferecemos degustações de grãos das diversas regiões produtoras e cursos básicos para baristas, de latte art e de preparo de drinques à base de café”, afirma Herszkowicz. 103


Inor /Ag. Assmann

Dutyfulfilled Demand for coffee soared 4.15% in Brazil, in 2009, getting closer to the consumption target of 21 million sacks by 2012 What country is this? For the Brazilian Coffee Industry Association (Abic) and other agribusiness sectors, Brazil is much more than the country of football and carnival. While in the United States and most of Europe coffee consumption receded in 2009, due to the global economic downturn, Brazil ensured the success of the national industry. Nathan Herszkowicz, executive director of Abic, understands that the performance of the sector has outstripped expectations. “It was our belief that, in light of the crisis, the market would soar no more than 3% in 2009”. However, the crisis did neither affect the sector nor consumption in Brazil, where it rose 4.15%, representing 740 thousand sacks, jumping from 17.65 million sacks in 2008 to 18.39 million in 2009. Exports, nevertheless, lagged behind. In 2009, sales of roasted and ground beans totaled US$ 29.6 million, compared to 104

US$ 35.6 million in 2008, down 16.9%. Shipments of soluble coffees amounted to US$ 460.5 million in 2009, down 18.5% from 2008, when foreign sales reached US$ 565.6 million.“The reasons for these reductions, according to Abic sources, are linked to the smaller volumes acquired by the United States, leading importer of Brazilian industrialized coffees, in line with the economic crisis that affected the economy and the businesses in that country, last year”, Herszkowicz observes. Besides the United States, over the past years, Brazil has been seeking new markets, especially Japan, South Korea, Argentina, Chile and European countries. Promotional operations are also conducted in the markets known as traders, that is to say, countries or regions that boast high coffee commercialization potential but consumption is still low, like Panama, Chile, Turkey and Singapore. Other Abic initiatives


include nations that traditionally buy green coffees from Brazil, but do not import our industrialized coffees. Canada is an example. “Our exports in 2010 are estimated at US$ 30 million”, the executive director anticipates. To break the tie of the coffee farming results in 2009, the segment of specialty and gourmet coffees presents a

THE RIGHT TRACK For 2010, Abic projects domestic consumption at 19.31 million sacks, up 5% in volume from 2009. “The sales of the sector, in 2009, may have reached R$ 6.8 billion and it is hoped that they will rise to R$ 7.1 billion in 2010. Therefore, Abic’s target of 21 million sacks in domestic consumption looks as if it could be achieved in 2012”, says Nathan Herszkowicz, executive director of the association. Among the main reasons that might help with conquering the objective, he cites the soaring Brazilian economy, the forecast for a rise in the Gross Domestic Product (GDP) and soaring consumption in classes C, D and E, and the chance for classes A and B to

15-percent rise a year. Abic officials understand that bigger investments in products and domestic marketing drove up sales of well known brands. Furthermore, the fact that new brands of specialty coffees reached supermarket shelves on a monthly basis, broadened the spectrum of new, high quality coffees available to our domestic consumers.

grow 50%, by 2015. Nevertheless, for Brazil to conquer the challenge, an annual evolution of 5% is needed. As far as Abic is concerned, every effort will be done to achieve the target. “Abic is constantly stimulating the consumption of coffee in general and the offer of specialty coffees, broadening the adhesion of companies to its quality and certification programs, known as Purity Seal, Coffee Quality Program (CQP) and Brazil Sustainable Coffees Program (BSCP)”, Herszkowicz remarks. Another challenge of the sector is the insertion of the product in different markets or segments. According to the executive director, the association has been creating strategies to achieve such niches as out-of-home

consumption, coffeehouses and specialty coffees. “To this end, high gastronomy was elected the entrance gate for coffees of high quality, certified, of great added value and with the capacity to generate good perception of highly valued brands.” As a result, since 2009 Brazilian coffee beans are present not only in traditional fairs, but in events destined for chefs de cuisine and restauranteurs, particularly in the Chilean market, where every year we stage Brazil’s Gourmet Coffee Week – Sabor y Saber. “In this event we offer tasting sessions of coffees from several different producing regions and basic courses for baristas, latte art and the preparation of coffeebased drinks”, says Herszkowicz.

Dólares cafeeiros • Coffee dollars Exportações brasileiras de café Cafés Verde Solúvel Torrado e moído Extratos, Essenciais Total

Valor (US$ mil) 3.761.605 460.599 29.573 27.117 4.278.894

2009 Quantidade (t) 1.639.392 64.799 5.419 5.595 1.715.205

2008 Valor Quantidade (US$ mil) (t) 4.131.674 1.556.921 565.667 74.732 35.627 6.658 29.517 5.583 4.762.485 1.643894

Var. (09/08) Valor Quantidade (US$ mil) (t) -8,96 5,30 -18,57 -13,29 -16,99 -18,61 -8,13 0,21 -10,15 4,34

Fonte: MDIC/Secex Conversão Verde em sacas de 60kg: peso líquido/60 Conversão Solúvel em sacas de 60kg: peso líquido *2,6/60 Conversão Torrado e Moído em sacas de 60kg: peso líquido *1,19/60 Conversão Extratos, Essenciais em sacas de 60kg: peso líquido *2,6/60

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Sílvio Ávila

Dinheiro não faltou Estimativa indica que as indústrias cafeeiras investiram 15% a mais no primeiro semestre de 2010, se comparado a igual período do ano anterior Um investimento de aproximadamente R$ 100 milhões. Segundo estimativa da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), essa é a cifra que o setor movimentou em 2009. No entender de Nathan Herszkowicz, diretor executivo da entidade, os recursos destinaram-se, principalmente, para aquisição de café via Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), drawback para grãos arábica de alta qualidade e investimento e modernização do parque industrial. Em 2010, a Abic aposta que o setor continue aquecido. “No primeiro semestre, estimamos que as indústrias estejam investindo 15% a mais”, observa Herszkowicz. Um dos motivos para a maior injeção de crédito, na comparação com igual período anterior, pode estar atrelado ao cenário livre da crise financeira mundial, fator que em 2009 deixou as empresas mais cautelosas. A industrialização concentrada em poucas companhias 106

é uma das características do setor, que em 2009 apresentou crescimento. Em 2008, as 10 maiores indústrias respondiam por 71,01% do volume total das associadas da Abic, enquanto no ano seguinte elas participaram com 72,90%. Por outro lado, as 315 menores empresas tiveram participação quase estabilizada, correspondendo a 6,95% da produção total das associadas. Com base nesses dados, a Abic avalia que as indústrias mostraram um desempenho muito distinto, com as maiores crescendo acentuadamente e as menores estáveis ou decrescendo. A entidade também manteve a hipótese, bastante conservadora, de que as empresas não associadas e o consumo não cadastrado (informal e nas fazendas) não cresceram, contribuindo com 0% na média final, ou seja, que o grupo das maiores empresas assumiu parte do mercado das menores.


No shortage of money According to estimates, investments in the first half of 2010 are up 15% from the same period last year An investment of approximately R$ 100 million. According to the Brazilian Coffee Industry Association (Abic), this is the amount of resources the sector used in 2009. Nathan Herszkowicz, executive director of the entity, maintains that these resources were, for the most part, destined for the acquisition of coffee via the Coffee Economy Defense Fund (Funcafé), drawback for high quality Arabica beans and investments in modernizing the industrial park. For 2010,Abic bets on the continuity of the rising trend of the sector. “In the first half of the year, in our estimation the industries are investing 15% more than last year”, observes Herszkowicz. One of the reasons that account for rising credit figures, compared to the equal period last year, might be linked to a scenario now free from the global financial crisis, a factor that made the companies more cautious last year. Industrialization concentrated in only a few companies

is one of the sector’s characteristics, which reacted considerably in 2009. In 2008, the 10 biggest industries account for 71.01% of the total volume of all Abic member companies, while in the following year their share was 72.90%. On the other hand, the 315 minor companies had an almost stable share, corresponding to 6.95% of the total production of the associate companies. On the grounds of these data, Abic understands that the industries had a very distinct performance, with the major ones making strides, while the minor companies remained stabilized, or even receded. The entity also kept a rather conservative hypothesis, in that the non-associated companies and non-registered consumption (informal and on the farms) did not make any progress, giving a 0% contribution to the final average, meaning that the major companies assumed part of the market of the smaller companies. 107


Norma que dá gosto Café torrado e moído ganha regulamento técnico que estabelece padrões de qualidade ao produto comercializado no Brasil

Inor /Ag. Assmann

É notícia para ser saboreada: após três anos de tratativas, negociações setoriais e trabalho técnico, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) publicou, em maio de 2010, por Instrução Normativa, o Regulamento Técnico para o Café Torrado em Grão e Café Torrado e Moído. As normas definem o padrão mínimo de qualidade para o pro-

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duto que será comercializado no mercado brasileiro.A cadeia produtiva ganhou prazo de nove meses para se adaptar às regras, que serão cobradas a partir de fevereiro de 2011. Segundo o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, a regulamentação ajudará a acabar com o mito de que o café bom é vendido para o exterior e o ruim, consumi-


do no Brasil. “O mercado cresce 5% ao ano e tornou o País o segundo maior consumidor mundial”, diz. Robério Silva, diretor do Departamento de Café (Decaf) do Mapa, considera a medida importante para promover o consumo. O regulamento exige que os cafés oferecidos aos consumidores, em grãos torrados ou torrados e moídos, tenham qualidade global mínima igual ou superior a quatro pontos, em escala de zero a 10, além de impureza máxima de 1% e nível de umidade de 5%. Não será admitida matéria estranha ao grão. Nathan Herszkowicz, diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), observa que a medida será um divisor de águas tão importante quanto o lançamento do Selo de Pureza em agosto de 1989, programa responsável pelo resgate da credibilidade do produto e pelo aumento do consumo. “O regulamento terá impacto positi-

vo na melhoria dos padrões dos cafés do dia a dia, elevando o nível da qualidade em todo o País. Ao mesmo tempo, dará aos cafeicultores a oportunidade de melhorarem os grãos de suas colheitas, evitando e reduzindo a produção de baixa qualidade que deteriora a bebida final”, frisa. Os critérios não se prendem ao tipo, mas aos padrões de pureza, qualidade global e umidade, o que determina a elevação da média qualitativa do produto torrado e moído. A instrução normativa define critérios para características sensoriais, como aroma, sabor, fragrância e sabor residual. O nível de acidez, amargor ou adstringência e o corpo da bebida estão entre os pontos avaliados por um classificador credenciado pelo Ministério da Agricultura. Serão observados ainda estado de conservação, aparência, odor e informações de rotulagem, como fabricante, lote, validade e, se for o caso, país de origem. NA PRÁTICA Quando a Instrução Normativa vigorar, fiscais do ministério passarão a monitorar o café. Haverá coleta de amostras no comércio varejista e em indústrias, que serão encaminhadas a laboratórios credenciados para análise da presença de impurezas.Também será realizada a prova na xícara. Lotes que não atenderem às exigências serão recolhidos.“A identificação de produto que não alcance os padrões determinados levará à indicação de café em inconformidade com as normas”, avisa Robério Silva, do Decaf. Os fabricantes que não atenderem aos critérios terão lotes recolhidos e serão autuados. O produto será desclassificado e a comercialização proibida se detectada presença de matéria estranha, impurezas acima de 1% ou mau estado de conservação. A indústria estará sujeita às penalidades previstas em lei, como advertência e multas. Em caso de reincidência, pode ser fechada. O regulamento significa que o mercado passará a ser disputado não mais pelos menores preços, mas por aqueles que apresentarem melhor qualidade, segundo Nathan Herszkowicz, diretor executivo da Abic. “O Brasil passa a ser o primeiro país a adotar, em norma oficial, as modernas técnicas de avaliação sensorial do produto final, o café torrado e moído, para definir as características da qualidade recomendável, aquelas que tornam a bebida apreciada e que impulsionam o consumo”, destaca o dirigente. Até hoje, em todo mundo, a qualidade sempre foi aferida por avaliação, classificação e degustação do grão cru, isto é, da matéria-prima. Porém, como o processo de industrialização, torração e moagem e a embalagem influenciam nas características da bebida degustada pelos consumidores, tornou-se também necessário utilizar as metodologias de avaliação sensorial para qualificá-la conforme seu consumo. 109


Inor /Ag. Assmann

An alluring standard Technical regulation sets quality standards for roasted and ground coffee sold in Brazil It is news to be enjoyed: after three years of debates, sectorial negotiations and technical works, finally, in May 2010, the Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply (Mapa), published a Normative Instruction that sets the Technical Rules for Roasted Coffee Beans and Ground Roasted Coffee. The standards define the minimum quality limits for the product to be sold in the Brazilian market. The production chain was granted a nine month period to adjust to the new rules, which will enter into full force as of February 2011. According to Wagner Rossi, Minister of Agriculture, the regulation will put an end to the myth that has it that the good coffee is shipped abroad and the bad one consumed in Brazil. “The market has been soaring 5% a year, turning Brazil into the second biggest consumer of coffee in the world”, he says. Robério Silva, director of the Coffee Department (Decaf) at the Ministry of Agriculture, views the measure as a consumption boosting tool. The regulation requires all coffees, either roasted beans or ground roast110

ed coffees, to have minimum global quality standards equal or superior to four points, on a 0-10 point rating scale, besides maximum 1 percent impurity rate and 5 percent humidity levels. No foreign matter will be tolerated. Nathan Herszkowicz, executive director of the Brazilian Coffee Industry Association (Abic), observes that the measure will be a watershed, equal in importance compared to the Purity Seal launched in August 1989, a program responsible for rescuing the credibility of the product and for boosting consumption. “The new regulation will impact positively on the standards of our everyday coffees, boosting their quality levels throughout the Country. In the meantime, it will grant the growers the chance to enhance their beans and harvests, avoiding and reducing the volumes of low quality coffees that deteriorate the final beverage”, he notes. The criteria are not linked to the type of coffee, but to purity, global quality and humidity standards, which add to the qualitative levels of the roasted and ground beans. The


IN PRACTICE Once the Normative Instruction enters into full force, inspectors from the ministry of agriculture will begin to monitor the coffee. There will be a collection of samples from retail stores and industries, which will be forwarded to accredited laboratories for analyses checking for impurities. The cup test will also be carried out. Batches that do not comply with the requirements will be withdrawn from the market. The identification of products falling behind defined quality standards will be labeled as coffees not complying with standards”, warns Robério Silva, of Decaf. Manufacturers who do not comply with the criteria will have their products withdrawn from the market and will be charged with misconduct. Any product containing foreign matter, over 1-percent impurities or is in bad condition will be discarded. The industries will be subject to the penalties set by law, including warning and fines. In case of a repeat, they could be shut down. The regulations translate into a market no longer disputed on the grounds of lower prices, but by quality-oriented products, says Nathan Herszkowicz, executive director of Abic. “Brazil turns out to be the first country to officially adopt modern sensorial assessment techniques for final products, roasted and ground coffees, to define the recommended quality characteristics, the ones that make the beverage delicious and therefore boost consumption”, the official comments. Up until now, all over the world, quality definitions have always been based on green bean assessment, grading and tasting, that is to say, through raw material evaluations. However, as the industrialization, roasting, milling and packing processes exert an influence over the characteristics of the beverage savored by the consumers, it also became necessary to resort to sensorial assessment methodologies to qualify the beverage in accordance with its consumption.

Inor /Ag. Assmann

normative instruction defines criteria for sensorial characteristics, like aroma, flavor, fragrance and aftertaste.The acidity, bitterness or astringency levels and flavor intensity are assessed by graders accredited by the Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply (Mapa). Other features to be observed include conservation status, appearance, odor, and such labeling information as name of manufacturer, batch, expiring date and, if it is the case, country of origin.

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Divulgação

À italiana Lavazza investe no Brasil com o objetivo de criar uma base produtiva de café industrializado nas Américas Líder no mercado de café na Itália e presente em mais de 90 países, agora a torrefadora Lavazza tem planos para conquistar as Américas. Nessa empreitada o Brasil terá papel fundamental, servindo como base produtiva no continente. A relação entre a empresa e o país tropical começou em meados do século passado com a importação de café verde para a preparação de blends. Posteriormente, deu-se a abertura de uma subsidiária, em 2005, seguida da aquisição da empresa carioca Café Grão Nobre e da paulista Café Terra Brasil, em 2008. Recentemente foi feito o anúncio de uma nova fábrica, ainda sem local definido, que deve iniciar as operações em 2011. Para a Lavazza, o País apresenta uma economia forte e tem importância significativa, não somente pelo fato de ser o maior produtor mundial, mas por ser o segundo maior mercado consumidor. Segundo Gaetano Mele, presidente executivo, o Brasil está na primeira posição da lista de prioriTRAJETÓRIA A Lavazza é uma das mais importantes torrefadoras de café do mundo. É líder de mercado na Itália, com 47% de participação no setor varejista, e opera em mais de 90 países nos segmentos que denomina de Lar, Fora do Lar e coffee shops. A história da marca começou em uma pequena mercearia aberta por Luigi Lavazza em 1895, num bairro histórico de Turim. Uma pequena loja especializada em 112

dades da Lavazza. Respondendo por 50% do café consumido na Itália, em 2008 a empresa teve faturamento de 1,1 bilhão de euros. Mesmo com os números de 2009 ainda não divulgados, é estimada receita próxima à do ano anterior. A companhia destaca-se no segmento de espresso e as cápsulas de café são uma das principais apostas. As vendas do produto cresceram 22% em 2009 no Brasil, apesar de ser importado. As iniciativas da empresa não se restringem ao Brasil. A Lavazza adquiriu também 100% do capital da empresa Coffice, que opera na Argentina no mercado de distribuição para escritórios, empresas e eventos. A transação é consequência da estratégia de expansão em mercados emergentes, especialmente na América do Sul. Desde 2007, a torrefadora aposta na Índia, onde comprou uma empresa local e deverá investir em uma fábrica, para ser a base de fornecimento para países asiáticos. China e Rússia são outros dois mercados em análise.

torrefação e venda de café, de 1927, tornou-se o que agora é conhecido como Luigi Lavazza SpA. No início dos anos 1960, a empresa foi a primeira na Itália a introduzir o grão moído embalado a vácuo. Ao mesmo tempo, o sucesso do Café Paulista – blend 100% composto pelos cafés provenientes do Estado de São Paulo – levou ao aumento na produção e, em 1965, uma nova fá-

brica foi inaugurada em Settimo Torinese, hoje uma das fábricas de café mais importantes do mundo. Nos anos 1980, a companhia expandiu-se na Europa, com filiais na França, na Alemanha, na Áustria, no Reino Unido, e nos Estados Unidos, seguidos por Espanha, nos anos 1990, e Suécia, em 2009. Atualmente, iniciou campanha para conquistar consumidores na Europa Oriental, com Polônia e Romênia na liderança.


Italian style

Lavazza invests in Brazil focused on creating an industrialized coffee production basis in the Americas 1895, in a historical district in Turin. A small store specialized in roasting and coffee sales, and in 1927, it became what is now known as Luigi Lavazza SpA. In the early 1960s, the company pioneered the vacuum packed ground coffees in Italy. In the meantime, the success of Café Paulista – with a blend consisting 100% of coffees from São Paulo – made production soar and, in 1965, a new factory was inaugurated in Torinese, now one of the most important coffee factories in the world. In the 1980s, the company spread across Europe, with subsidiaries in France, Germany, Austria, the United Kingdom, and in the United States, followed by Spain, in the 1990s, and Sweden in 2009. Now the company is engaged in conquering the consumers in Eastern Europe, with Poland and Rumania in the leadership. Divulgação

Leader in the coffee market in Italy and with businesses in more than 90 countries, now coffee roasting company Lavazza is planning to conquer the Americas. In this assignment Brazil will play a fundamental role as production basis in the continent. Business relations between the company and the tropical country started in the twilight years of the past century with imports of green coffee for blend preparations. Later, a subsidiary was inaugurated, followed by the acquisition of two Brazilian companies: Café Grão Nobre, in Rio de Janeiro, in 2005 and Café Terra Brasil, in São Paulo, in 2008. Recently, the construction of a new factory was announced, with its venue not defined yet, but scheduled to start operating in 2011. According to Lavazza, the Country boasts a strong economy and plays a significant role, not only because it is the leading coffee producer, but because it is the second largest consumer. Executive president Gaetano Mele maintains that Brazil comes first on Lavazza’s list of priorities. With 50% of Italy’s domestic market, in 2008 the company raked in 1.1 billion euros. Although no 2009 figures have been released so far, similar revenues to the previous year are estimated. The company stands out for its espresso coffees, and coffee capsules are among its major bets. Although being imported, sales soared 22% in Brazil in 2009. The company’s initiatives are not restricted to Brazil. Lavazza also acquired 100% of the capital of Coffice, a company that operates in Argentina in the distribution market for offices, companies and events. The transaction derives from the expansion strategy in emerging markets, particularly in South America. Since 2007, the coffee roasting company is betting on India, where it purchased a local company and will invest in a factory, to serve as basis for supplying the countries in Asia. China and Russia are also being analyzed by the company. TRAJECTORY Lavazza is a leading coffee roasting company in the world. It ranks first in Italy, with a share of 47% in the retail sector, and has operations in upwards of 90 countries in the segment known as HOME, OUT-OFHOME and coffee shops. The history of the brand goes back to a small grocery store opened by Luigi Lavazza in

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Sテュlvio テ」ila


Educação que começa em casa Pesquisa mostra que o consumo do café continua crescendo no Brasil, com destaque entre os jovens de 15 a 26 anos A Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) realiza anualmente, desde 2003, um levantamento de informações que permite acompanhar a evolução do mercado de consumidores de café no Brasil. Além disso, serve como um guia para o setor estimular a venda da bebida e descobrir novos nichos ou oportunidades. O estudo Tendências de consumo de café, realizado em 2009 e divulgado em fevereiro de 2010, mostra entre os principais indicadores o aumento no consumo, em sete anos, por jovens de 15 a 26 anos. Na faixa dos 15 aos 19 anos, o incremento no período foi de 9,4%; entre jovens dos 20 aos 26 anos, o crescimento foi de 15,7%. Números importantes para um setor que tem como desafio introduzir a bebida entre esse público. A faixa etária dos 27 aos 35 anos apresentou elevação de 15,1%. Entre os motivos para esse desempenho, Nathan Herszkowicz, diretor executivo da Abic, destaca a melhoria da qualidade do produto oferecido aos consumidores e o expressivo aumento da classe C. Dados do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas mostram que a participação dessa classe na população brasileira se elevou, no período 2003 a 2008, de 37,6% (65,9 milhões de pessoas) para 49,2% (91,8 milhões de pessoas). Para a Abic, a combinação de preço praticamente estável, há muitos anos, do grão torrado e moído nas prateleiras com ampliação da renda e da classe C, resultou na maior participação no mercado de café no Brasil. “Afinal, a maior renda permite a experimentação de novas categorias e a aquisição de cafés mais caros por essa faixa da população”, acrescenta Herszkowicz. O grão moído usado para coar e filtrar ainda é o carrochefe do consumo no País e corresponde a 93% da bebida em casa e 96% fora do lar. No entanto, o estudo mostra in-

cremento, nos últimos sete anos, dos cafés especiais, principalmente entre as classes A e B. Em função da ascensão desses grupos da população, ampliou também o número de cafeterias e o conceito de local agradável para se tomar café, assim como o preparo de espresso pelos baristas. Esse fenômeno, conforme a pesquisa, resultou na maior demanda fora de casa. “Em sete anos de acompanhamento, verificamos que esse comportamento cresceu em 170%, com destaque para os consumidores de classe C, onde esse hábito aumentou 242%, saltando de 14% para 48%”, observa o diretor executivo da Abic. O modo de preparo também sofreu algumas alterações. O uso do coador de pano caiu nas classes A e B, mas subiu na C de 70%, em 2004, para 82% em 2009. O número de cafeteiras elétricas adquiridas teve alta de 16%, e 15% dos entrevistados pretendem comprar o eletrodoméstico nos próximos 12 meses. Quanto à importância da bebida, ela continua como a segunda principal do brasileiro, perdendo apenas para a água. No conceito de qualidade, percebido espontaneamente, pureza e aroma ao abrir a embalagem são os atrativos que conquistam o consumidor. “Aspectos ligados à certificação de qualidade e procedência começam a ganhar importância, assim como a predisposição em pagar mais por qualidade”, acrescenta Herszkowicz. Conforme o diretor executivo, a pesquisa é uma importante ferramenta de trabalho para os industriais e seus profissionais de desenvolvimento de produtos, marketing e prospecção de mercados. Para a Abic, a pesquisa mostra que o setor está trilhando o caminho certo. “Só com qualidade poderemos estimular que os consumidores tomem mais cafés por dia, já que o produto tem uma penetração de 97% junto aos brasileiros acima de 15 anos”.

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Education starts at home Survey shows coffee consumption on the rise in Brazil, particularly among 15 to 26-year-olds Since 2003, the Brazilian Coffee Industry Association (Abic) has been conducting a survey, on a yearly basis, of the evolution of the coffee consumer market in Brazil. Additionally, it serves as guide for the sector to stimulate the sales of the beverage and discover new market niches and opportunities. The study Coffee consumption trends, 116

conducted in 2009 and released in February 2010, points to soaring consumption of coffee by young people aged 15 to 26, over a period of seven years, as a major indicator. In the 15-19 age group, consumption rose 9.4% over the period; among 20 to 26-year-olds, consumption of coffee soared 15.7%. These figures mean a lot for a sector


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whose challenge consists in attracting consumers from this public. Among the 27-35 age group consumption went up 15.1%.The credit of this performance, according to Nathan Herszkowicz, chief-executive at Abic, goes to the improved quality of the product offered to the consumers and the expressive increase in the number of class C people. Data from Getúlio Vargas Foundation’s Social Policies Center attest to the rising share of this class of the Brazilian population from 2003 to 2008, jumping from 65.9 million people to 91.8 million, up 37.6% and 49.2%, respectively.

For Abic, the combination of rather stable prices, for years now, of both roasted and ground beans on the supermarket shelves, along with the soaring purchasing power of class C, resulted into the rising share of coffee in the Brazilian market. After all, higher income allows for trying new categories and the acquisition of more expensive coffees by this age group of the population”, Kerszkowicz adds. Ground beans used for straining and filtering are still the flagship of consumption in Brazil and correspond to 93% of the beverage at home and 96% out of the home. However, the study shows a rising trend in the consumption of specialty coffees, over the past seven years, especially in classes A and B. The rising number of these population groups, also pushed up the number of coffeehouses and the concept of pleasant venue for taking coffee, as well as the preparation of espressos by baristas. This phenomenon, according to the research, resulted into more people having coffee out. “Over a seven year period, we ascertained that this behavior soared 170%, where class C consumers stand out with a 242-percent rise, jumping from 14% to 48%, observes Abic’s executive director. Coffee preparation also suffered some changes. The use of the cltoth strainer dropped in classes A and B, but soared from 70% in class C, in 2004, to 82% in 2009.The number of electric coffee makers acquired by consumers rose 16%, and 15% of the interviewed people expressed the intention of buying this kitchen device over the next 12 months. With regard to the importance of the beverage, it still ranks second in consumption in Brazil, coming only after water. In quality perception, perceived spontaneously, purity and aroma upon opening the package are attractions that allure the consumers. “Such variables as quality certification and indication of origin, are beginning to play an important role, as well as the intention to pay more for quality products”, Herszkowicz adds. According to the executive director, market research is an important tool for the industries and for their product development, marketing and market prospecting teams. Abic officials take it that research works are showing that the sector is on the right track. “Quality is the only way to encourage the consumers to take more coffee every day, seeing that the product is popular with 97% of all over 15 year old Brazilians’. 117


Mudança de hábito

Crise financeira mundial abriu as portas dos lares para o café, possibilitando novas tendências de mercado O setor de cafés processados vive uma nova realidade de consumo. Após a crise financeira mundial, que teve seu ápice no final de 2008 e atualmente apresenta reflexos mais intensos na Grécia, os consumidores, principalmente os da Europa, estão cautelosos. Para Paulo Henrique Leme, consultor da P&A Marketing Internacional, a reação não é de recuo na demanda, mas de mudança no hábito de tomar a bebida. Conforme estimativa da empresa, o consumo de cafés processados em 2010 deve apresentar incremento de 2,5%, resultando em 134,6 milhões de sacas.“Até 2020, se o índice de crescimento se mantiver em 2,5% ao ano, teremos uma demanda mundial de 173,2 milhões de sacas. Mas também trabalhamos com a hipótese de 3%, que, além de ser realista, pode gerar uma demanda de 182,7 milhões de sacas”. No entender de Leme, a principal mudança no setor é o novo local que as pessoas escolheram para saborear a bebida.“Os consumidores deixaram de tomar café fora de casa e passaram a preparar no lar sua própria bebida. Nos estabelecimentos pagavam em média US$ 3,00 a xícara ou o copo, o que era mais caro”, observa. Além da economia no bolso, a nova rotina ajudou a criar outra tendência – a do crescimento das máquinas domésticas. “Elas levam praticidade ao hábito de tomar café 118

dentro de casa e permitem que o consumidor controle alguns aspectos importantes do preparo, como temperatura da água, quantidade e pressão da extração”. Nesse mercado, Leme destaca as máquinas de monodose de espresso, como Nespresso, iperespresso (Illycaffé) e Senseo. No Brasil, o crescimento de cafés especiais é de 15% ao ano, resultado considerado expressivo. No entanto, o volume consumido ainda é pequeno. Atualmente, cerca de 95% do mercado brasileiro é de grãos tradicionais, 3% de especiais e apenas 2% de gourmet. Até 2012, a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) estima que o Brasil se torne o maior consumidor do mundo com o montante de 21 milhões de sacas. “Apesar do pequeno consumo de café gourmet e especial, o País tem um grande potencial para crescer nesses setores”, avalia o consultor. Como motor para alavancar esses segmentos, Leme aponta o espresso comercializado nas lojas, a venda de produtos à base da bebida com leite, tanto quentes como frios, e os cafés orgânicos e certificados, estes em ascensão. “Os mercados tradicionais, como Estados Unidos, Europa e Japão valorizam muito esses cafés, que são grãos de maior valor agregado devido à questão da sustentabilidade.”


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PARA BEBER Em relação aos países consumidores, China, Índia, Indonésia e Filipinas são nações emergentes e grandes apostas do setor. “O mercado asiático é nossa menina dos olhos. Só a Índia consome atualmente 1,5 milhão de sacas por ano, mas se ela passasse à média de um quilo por habitante ao ano, teríamos um adicional de 17,5 milhões de sacas de 60 quilos, que é aproximadamente o consumo do Brasil hoje, com a média de 5 quilos por habitante ao ano”, aponta o consultor Paulo Henrique Leme, da P&A Marketing Internacional. Além da aposta nos emergentes, o setor não descuida dos fiéis amantes da bebida. Atualmente, a empresa presta assessoria à Colômbia para promover o consumo no país.Através do programa Toma Café, lançado pela Federação Nacional de Cafeicultores da Colômbia, a meta é aumentar em 30%, nos próximos seis anos, a ingestão per capita, que hoje é de 1,87 quilos de café verde. Os países produtores consomem

35,36 milhões de sacas por ano e o Brasil representa 50% desse total. “De todos os países produtores o que tem consumo considerável é o Brasil. Os demais demandam muito pouco e há um grande potencial para aumentar o consumo na Colômbia, no Vietnã e na África”, destaca Leme. O grande desafio do setor, no entender do consultor, é a conquista dos jovens devido à grande oferta de outros produtos, como energético, refrigerante e chá gelado. Para resultados satisfatórios na conquista desse público, ele cita o exemplo do Brasil, onde há o trabalho de educação junto às escolas, mostrando os benefícios da bebida, como a melhora da atenção. “Também é importante focar a sociabilidade. O jovem está voltando a frequentar cafeterias, onde se encontra com os amigos, acessa a internet, ouve música e toma café”. Além disso, é importante oferecer novos produtos. Leme cita o exemplo do Japão, onde bebidas prontas para beber à base de extrato de café conquistaram o paladar dos jovens.

Entre grandes • The big ones

Relação das 10 maiores indústrias de café associadas da Abic (outubro/2009) Classificação atual UF Empresa 1 SP Sara Lee Cafés do Brasil Ltda. 2 CE Santa Clara Indústria e Comércio de Alimentos Ltda. 3 SP Melitta do Brasil Indústria e Comércio Ltda. 4 SE Indústrias Alimentícias Maratá Ltda. 5 SP Cia. Cacique de Café Solúvel 6 SP Mitsui Alimentos Ltda. 7 PR Café Damasco S/A 8 MG Café Bom Dia Ltda. 9 PB São Braz S/A Indústria e Comércio de Alimentos 10 MA Produtos Alimentícios Ribamar Cunha Ltda. Fonte: Abic

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Changinghabits Global financial downturn paved the way for coffee to enter the homes, opening new market trends The processed coffee sector is going through a new consumption reality. After the global financial downturn, which peaked in late 2008 and is now negatively and severely affecting the Greek economy, consumers, particularly throughout the European Union, are very cautious. Paulo Henrique Leme, consultant with P&A Marketing International, says the reaction is not translating into shrinking demand, but into a change in the habit of drinking coffee. According to company sources, consumption of processed coffees throughout 2010 is likely to soar 2.5%, totaling 134.6 million sacks. “By 2020, if the soaring consumption rate keeps at 2.5% a year, global demand will reach 173.2 million sacks. But we also consider a possible 3-percent rate, which, in addition to being realistic, could generate demand levels of 182.7 million sacks”. In Leme’s view, a major change in the sector is the venue 120

chosen by the population for sipping their coffee. “Consumers have stopped drinking coffee out and are now preparing the beverage in their own homes. In coffee houses they used to spend US$ 3 per cup or glass, which was really expensive”, he comments. In addition to spending less money, the new routine paved the way for a new trend – a rise in the purchase of home equipment. “These coffee machines make it very practical to have coffee at home and give consumer the chance to control some important features in the preparation, like the temperature of the water, amount and extraction pressure”. In this market, Leme highlights the MonoDose espresso pods, like Nespresso, Iperespresso (Illycafé) and Senseo. In Brazil, consumption of specialty coffees has been rising 15% a year, a result taken as very expressive. None-


theless, volumes consumed are still small. Currently, 95% of the Brazilian market consists of traditional beans, 3% specialty beans and 2% gourmet. Until 2012, the Brazilian Coffee Industry Association (Abic) maintains that Brazil will become the leading consumer of coffee in the world, some 21 million sacks a year. “Although only negligible amounts of gourmet and specialty coffees are consumed, the Country boasts considerable potential to make COFFEE BOUND With regard to coffee consuming countries, China, India, Indonesia and the Philippines are emerging nations and a great bet for the sector. “The Asian market is the pupil of our eyes. Currently, India alone consumes 1.5 million sacks a year, but if that country raised its consumption to one kilo per person a year, we would have an additional volume of 17.5 million 60-kilo sacks a year, which represents approximately what Brazil consumes per year, with an average of five kilos per person”, says Paulo Henrique Leme, of P&A Marketing International. In addition to betting on the emerging countries, the sector does not relinquish the loyal aficionados of the beverage. Currently, the company

strides in these sectors”, the consultant comments. The driving forces that are likely to boost this segment, says Leme, are the espresso coffees sold by shops, coffee and milk based products, either cold or hot, organic and certified coffees, now on the rise. “The traditional markets, like the United States, Japan and Europe greatly appreciate these types of coffee, which consist in beans of high added value stemming from sustainability concerns”.

is providing consultancy services for Colombia, in order to boost consumption in that country.Through the Drink Coffee program, launched by the National Federation of Coffee Producers of Colombia, the target is to increase per capita consumption by 30% over the next six years, considering a consumption of 1.87 kilos of green coffee now. The coffee producing countries consume 35.36 million sacks per year and Brazil represents 50% of this total. “Of all coffee producing countries, Brazil is the only one where consumption reaches considerable figures. In the other countries, consumption is small, and there is great potential for a boost in consumption in Colombia, in Vietnam and Africa”, observes Leme. The great challenge of the sector,

as consultant sees it, is to win over the young, since there are a variety of other alluring products, like energetic drinks, soft drinks and cool tea. For satisfactory results in the conquest of this public, he cites the example of Brazil, where coffee-oriented educational works take place in schools, highlighting the benefits of the beverage, which is supposed to keep students focused. Sociability is a factor that should not be overlooked.Young people are again going to coffeehouses, where they meet friends, have access to the internet, listen to music and sip coffee”. It is also important to offer new products. Leme recalls the example of Japan, where ready-to- drink beverages, based on coffee extracts, have conquered the palate of the young.

Subindo • Rising

Evolução do consumo interno de café – Produção total anual (volume em sacas de 60 kg) – Outubro/2009 Ano anterior Período atual Categoria % (nov/2007 a out/2008) (nov/2008 a out/2009) Empresas associadas 11.045.940 11.739.600 6,28 Empresas não associadas 3.678.750 3.678.750 Total de empresas cadastradas 14.724.690 15.418.350 4,71 Consumo não cadastrado 1.953.260 1.953.260 Total geral de café torrado e moído 16.677.940 17.371.600 4,16 Empresas de café solúvel 979.330 1.018.320 3,98(1) Total nacional de consumo de café 17.657.270 18.389.920 4,15 Consumo per capita – Café em grão cru 5,64 5,81 Consumo per capita – Café torrado e moído 4,51 4,65 Fonte: Abic

(1) Fonte: Mercado

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Espresso mais perto Café espresso conquistou o paladar do brasileiro e, desde 1997, é levado para dentro dos lares em diversas versões com estilo e bom gosto

Sílvio Ávila

Desde 1997, a distância entre o consumidor e uma xícara de café cremoso e aromático é cada vez menor. Isso porque foi naquele ano que as máquinas domésticas de espresso chegaram ao Brasil. A partir disso, com a permissão dos amantes da bebida, adentram os lares e marcam presença nas cozinhas com estilo e bom gosto. Mas antes de fazer o trajeto das cafeterias até as casas, os equipamentos trilharam um caminho mais longo. Conforme Maria Fernanda Peres Brando, consultora de marketing da P&A Marketing Internacional, foi na Itália que surgiu o invento.“Conta a lenda que, em 1901, o industrial Luigi Bezerra idealizou o sistema com o objetivo de diminuir a pausa do café de seus funcionários. No entanto, foi somente nos anos 1950

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que a máquina de espresso com padrões modernos, como a conhecemos hoje, foi introduzida no mercado”. Nos estabelecimentos brasileiros, como restaurantes, padarias e cafeterias, ela chegou nos anos 1990.“O hábito de tomar espresso estava associado ao consumo fora de casa, por isso a expansão da bebida se deu a partir dos grandes centros urbanos, como São Paulo e Rio de Janeiro”. Para a consultora, a demanda do consumidor brasileiro por uma bebida de melhor qualidade, com preparo prático e rápido, logo fez o hábito de tomar café espresso se tornar parte da rotina de alguns segmentos específicos de mercado, como escritórios e outros ambientes de trabalho. A consequência foi a introdução no ambiente doméstico. “A partir de 1997 começa no País a disseminação das máquinas de espresso”. Entre as vantagens do equipamento, Maria Fernanda ressalta o produto final — um café com mais consistência de qualidade que os métodos tradicionais de preparo e a fácil regulagem da máquina, com itens como temperatura da água e quantidade de grãos ou pó que podem ser monitorados com facilidade. “O custo para o consumidor de preparar o espresso em casa é reduzido quando comparado ao preço na cafeteria, por exemplo”, observa. A tarefa mais difícil pode ser a escolha do equipamento, pois diversas marcas, preços e modelos, com diferentes opções de funcionalidades, estão disponíveis para venda. “Há máquinas que preparam exclusivamente espresso, mas há opções multifuncionais, que podem preparar bebidas como cappuccinos, chás e até mesmo sopas”, destaca Maria Fernanda. Uma novidade recente no segmento são as máquinas de sachê “universal”, que permitem o uso de diferentes marcas de café. Outro destaque está relacionado à facilidade do uso e de limpeza, uma vez que não existe contato com a matéria-prima, que vem acondicionada dentro de cápsula ou sachê. Para um resultado final que agrade ao paladar, Maria Fernanda lembra que não é só o equipamento que conta. Fatores, como blend apropriado, qualidade do produto e grau de moagem, devem ser observados.


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Espressos handier now Espresso coffees have conquered the palate of the Brazilian people and, since 1997, have been entering the homes in different versions, styles and tastes Since 1997, the distance between the consumer and a steamy and aromatic coffee mug has been shrinking. It is because it was way back in 1997 that the first espresso machines arrived in Brazil. From then on, with the permission of the coffee aficionados, these machines have been entering the homes and marking their presence in the kitchens, with style and taste. But before making it from the coffeehouses to the homes, the machines followed a longer path.According to Maria Fernanda Peres Brando, marketing consultant at P&A Marketing, the invention was born in Italy. “Legend has it that in 1901, industrialist Luigi Bezerra idealized the system with the intention to speed up the coffee break time of his employees. Nevertheless, it was only in the 1950s that modern espresso machines were launched in the market”. In Brazilian restaurants, bakers shops and cafeterias, the machine arrived in the 1990s.The habit of drinking espresso coffee was associated with having coffee out, that is why the popularity of the beverage started in big urban centers, like São Paulo and Rio de Janeiro”. In the consultant’s view, the desire of the Brazilian consumers for an easy to prepare and better quality beverage, soon turned the habit of having espresso coffee into routine practice in some specific market segments, like offices and other work environments. In consequence, espressos made

it to the domestic environment.“The dissemination of espresso machines throughout Brazil started in 1997”. The many advantages of the equipment, according to Maria Fernanda, show in the final product – coffee more consistent in quality, compared to traditional preparation methods; easily adjustable machines; items like water temperature, amount of beans or powder, easy to monitor. “The cost to prepare the coffee at home is very small compared to its price in a coffeehouse, for example”, she observes. The difficult part might be the right choice for the equipment, since there are several brands, prices and models, with different functionalities, available in the market. “There are machines exclusively for espressos, but there are also functional options, which also prepare other beverages, like cappuccinos, teas, and even soups”, says Maria Fernanda. A recent novelty in the segment is a set of “universal” sachet machines, which allow for the use of different coffee brands. Another characteristic is ease of use and cleaning, since there is no contact with the raw material, which comes in capsules or sachets. For a final palate pleasing result, Maria Fernanda recalls that it is not just the equipment that counts. Factors like appropriate blend, product quality and milling degree are also observed. 123


Tri eficiente Uma nova tecnologia para seleção de café está disponível aos produtores brasileiros. Lançada durante o evento Expocafé, realizado em junho de 2010 em Três Pontas (MG), a Sanmak Led 24 Plus é a mais moderna selecionadora de café e amendoim da empresa Buhler Sanmak. O equipamento é o único do País a contar com o sistema tricromático de seleção, além de nove diferentes sensibilidades, proporcionando maior capacidade de detecção de defeitos. O processo conta com exclusivo sistema de iluminação da câmara de leitura com LEDs de alta luminosidade, que garante excelente qualidade de seleção e menor índice de resíduo na comparação com outras tecnologias.A produtividade é outro ponto forte do maquinário. Com 24 canais, o dobro em relação ao modelo anterior, e sistema de alimentação de grãos por esteira, há mais uniformidade no alinhamento do produto

e a capacidade de produção é de 96 sacas por hora. A empresa, especializada em selecionadoras eletrônicas por cores para todos os tipos de grãos, dispõe também de produtos com tecnologia monocromática e bicromática. Com mais de 30 anos de atuação no segmento, a Sanmak Indústria de Máquinas diferencia-se pela garantia e pela segurança de seus equipamentos. Sua equipe especializada é formada por profissionais capacitados para cada segmento. Em janeiro de 2010, a indústria foi adquirida pelo Grupo Buhler, da Suíça, passando a adotar o nome Buhler Sanmak. O grupo é reconhecido internacionalmente por fornecer soluções e equipamentos para processamento de alimentos, com venda anual em torno de US$ 2 bilhões. Com a aquisição, o objetivo é expandir a participação nos mercados em desenvolvimento e oferecer novas tecnologias e soluções de seleção.

A new technology for selecting coffee is now available to the Brazilian growers. Launched during the Expocafé event, held in June 2010, in Três Pontas (MG), Sanmak Led 24 Plus is the most modern coffee and peanut separator ever launched by Buhler Sanmak.The equipment is unique in the Country in

terms of a trichromatic separation system, in addition to nine different sensitivities, boosting its defect detecting capacity. The process counts on an exclusive lighting system for the reading chamber with LEDs of high luminosity, which ensures excellent selection quality and lower residue rate compared to other technologies. Output is just one more reference of the machinery.With 24 channels, twice as many as compared to the previous device, and conveyor bean feeder system, providing for more uniformity in product alignment and a production capacity of 96 sacks an hour. The company, specialized in electronic color selectors for all types of grains, also supplies products based on monochromatic and bichromatic technologies. With more than thirty years in the segment, Sanmak Indústria Máquina makes a difference in terms of equipment guarantee and safety. Its specialized team consists of skilled professionals for every different segment. In January 2010, the industry was acquired by Grupo Buhler, from Switzerland, and adopted the name of Buhler Sanmak.The group is internationally known for its solutions in food processing equipment, with annual sales reaching about US$ 2 billion. With the acquisition, the target is to expand its share in the developing markets and offer new selection solutions and technologies.

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Extremelyefficient

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Para colher mais e melhor A inovação da tecnológica tem sido a garantia dos importantes avanços na cadeia produtiva do café no Brasil. Nesse cenário, a colheita mecanizada foi um passo revolucionário, que contribuiu para a competitividade do produto nacional. E uma das principais referências nessa área é a Dragão Sol, que está há 12 anos no mercado. Seus produtos resultam do conhecimento de mais de 30 anos dedicados ao desenvolvimento de pesquisas, com forte inserção na realidade da cafeicultura. A Dragão Sol é a única empresa no mercado que dá suporte pós-venda após o término da garantia do maquinário. “Mais importante que a venda, é o pós-venda. O desenvolvimento tecnológico da Dragão Sol é para que o produtor de café ganhe mais a cada dia, desde os pequenos aos médios e grandes produtores. A empresa sempre busca soluções junto ao cafeicultor e colaboradores para melhor aperfeiçoamento das máquinas”, destaca Milton Koji Obara, do departamento técnico.

Em 2010/2011, a empresa está oferecendo novidades ao setor. Ela acaba de lançar uma opção para equipar produtores de café preocupados com o meio ambiente.Trata-se do Dragão Eco Solução Sugoi: em uma única operação de ida e volta nas ruas de café, o equipamento enleira, recolhe, abana, tritura os galhos e armazena-os em depósito próprio. Ela tem um sistema de seis ciclones que decanta a poeira nas válvulas da descarga. A tecnologia permite eliminar 95% da terra recolhida e 5% da poeira em tuchos de saída com impacto visual brando. Outro destaque que chega ao mercado é a Dragão Tigre, com sistema de esteira e pneumático. Em uma operação, abana, recolhe os galhos, tritura-os e armazena-os em depósito próprio. Esse maquinário é indicado a pequenos e médios produtores. E as evoluções não param. Está em desenvolvimento a Dragão Eco Solução Automotriz, com sistema de 3 rodas e um motor de 100cv MWM. A empresa ainda comercializa colhedoras, enleiradeiras, recolhedoras, recolhedoras para terreirão, carretas, trituradores e varredores.

For bigger and better harvests Technology innovation has triggered important strides in the coffee supply chain in Brazil. Within this scenario, mechanized harvesting was a revolutionary leap, which contributed towards the competitiveness of the national product. And a major reference in this area is Dragão Sol, now for 12 years in the market. Its products derive from the knowledge acquired over 30 years devoted to research works, strongly focused on the reality of coffee farming. Dragão Sol is the only company in the market that gives post-sale support after machinery warranty expires. “Post-sale services are in fact more important than sales. Dragão Sol’s technologi-

cal development is geared towards ever-increasing grower gains, whether small, medium or commercial producers. For solutions, the company keeps close contact with growers and collaborators, for machinery improvement purposes”, explains Milton Koji Obara, of the technical department. In 2010/2011, the company is offering novelties in the sector. It has just launched an option for coffee farmers concerned with the environment. It is the Dragão Eco Solução Sugoi: in a once-over two-way operation through the coffee rows the equipment build ridges, picks, fans, grinds the branches and stores them in its own depot. It has a six cyclone system which de-

cants the dust in the discharge valves. The technology eliminates 95% of soil particles and 5% of dust though outlet tappets causing mild visual impact. Another highlight now making it to the market is Dragão Tigre, with a conveyor and pneumatic system. In one operation, it fans, picks up branches, crushes them and stores them in its own depot. This machinery is recommended for small and medium-scale producers. And evolutions do not stop there. Now under development, Dragão Eco Solução Automotriz, with a threewheel system and a 100cv MWW engine.The company also sells harvesters, ridge making devices, pickers, terrace pickers, carts, grinders and sweepers. 125


Sílvio Ávila

A pesquisa se encontra Considerado o maior evento nacional de transferência de tecnologia e de extensão do agronegócio café, a Expocafé teve a sua 13ª edição realizada entre os dias 15 e 18 de junho de 2010 em Três Pontas, Sul de Minas Gerais. Desde 1998 o evento era promovido pela Universidade Federal de Lavras (Ufla), mas em 2010 passou a ser coordenado pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig). Na abertura do evento, Baldonedo Arthur Napoleão, presidente da Epamig, anunciou a criação do Parque Tecnológico do Café, a ser instalado na Fazenda Experimental de Três Pontas. O investimento de R$ 1,5 milhão prevê a constru-

ção de uma estrutura permanente para abrigar a Expocafé. Durante a cerimônia ocorreu o lançamento do livro Café arábica: do plantio à colheita, com informações obtidas em 35 anos de pesquisas da Epamig. A organização da obra ficou a cargo dos pesquisadores Paulo Rebelles e Rodrigo Luz. Um dos destaques da programação foi o Simpósio de Cafeicultura Mecanizada, cujo tema era Mecanização e mudanças no processo produtivo do café. Atividade mostrou o trabalho realizado por Epamig, Ufla e parceiros para desenvolver cultivares adaptadas à colheita mecanizada e seletiva. A 13ª Expocafé contou com a participação de cerca 200 empresas.

Research takes place Viewed as the biggest national event in technology transference and coffee agribusiness extension, Expocafé’s 13th edition was held 15 through 18 June 2010, in Três Pontas, South Minas Gerais. Since 1998 the event had been promoted by the Federal University of Lavras (Ufla), but in 2010 it came under the coordination of the Minas Gerais Agriculture Research Corporation (Epamig). At the inauguration of the event, Baldonedo Arthur Napoleão, presi126

dent of Epamig, announced the creation of the Coffee Technological Park, to be established at Fazenda Experimental in Três Pontas. The R$ 1.5 million dollar investment is geared toward the construction of a permanent venue for the Expocafé. The opening ceremony also featured the launching of the book Coffea Arabica: from planting to harvest, which contains information collected over a period of 35 years of research work by Epamig.

The book was written by researchers Paulo Rebelles and Rodrigo Luz. One o f the highlights on the agenda was the Mechanization and Coffee Farming Symposium, whose subject was Mechanization and changes in the coffee production process.The activity showed the work carried out by Epamig, Ufla and partners for the development of cultivars adapted to mechanized and selective harvesting. The 13th Expocafé attracted approximately 200 companies.


Coffeebreak 12º Agrocafé – Simpósio Nacional do Agronegócio Café Data: 23 a 25 de março de 2011 Local: Salvador (BA) Contato: (71) 3241-4494 – assocafe@terra.com.br www.assocafe.com.br

18º Encafé – Encontro Nacional das Indústrias de Café Data: 12 a 16 de novembro de 2010 Local: Serhs Natal Grande Hotel – Natal (RN) Contato: (21) 2206-6161 – encafe@abic.br – www.abic. com.br/encafe

5º Encontro Nacional do Café Data: Maio de 2011 Local:Vitória da Conquista (BA) Contato: (71) 3241-4494 – assocafe@terra.com.br www.assocafe.com.br

Fenicafé 2011 – Encontro Nacional de Irrigação da Cafeicultura do Cerrado Data: 6 a 8 de abril de 2011 Local: Araguari (MG) Contato: (34) 3242-8888 www.fenicafe.com.br

Exposição da SCAA – Associação Americana de Cafés Especiais Patrocinador oficial: Brasil Data: 29 de abril a 1º de maio de 2011 Local: Houston – Texas (EUA) Contato: (34) 3831-2096 – comunicação@cafedocerrado.org

Sílvio Ávila

18º Seminário do Café do Cerrado Data: 21 a 24 de setembro de 2010 Local: Espaço Cultural Municipal Joaquim Constantino Neto – Patrocínio (MG) Contato: (34) 3831-8080 – www.acarpa.com.br

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Título: Café no Mundo * Dimensão: 30 x 30 cm * Técnica: Acrílica sobre linho Data: 2009 * Artista:Valéria Vidigal * www.valeriavidigal.com.br

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