CAL: PROCESSO, PRODUÇÃO E APLICAÇÃO
INTRODUÇÃO
CAL produto estratégico, básico e vital para o desenvolvimento – Volume utilizado – Multiplicidade de seus usos – Valores sociais envolvidos
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CONCEITO DE CAL VIRGEM
Principal produto de calcinação de rochas calcárias NORMA NBR 6453/03 : produto composto predominante por óxido de cálcio ou por óxido de cálcio e magnésio, resultante da calcinação à T de 900 a 1.200ºC de calcários calcíticos, calcários magnesianos e dolomitos
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HISTÓRIA DA CAL
Uso da cal pelo homem primitivo remonta aos primórdios da Idade da Pedra (Período Paleolítico Superior: 10 a 25 mil anos). Evidências: Gruta de Lascaux (Fr)
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Gruta de Lascaux
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HISTÓRIA DA CAL
Pintura de cavernas
Cor branca: cal Cor vermelha: argila ferruginosa Cor preta: óxido de manganês Líquidos misturados: gordura, sangue e urina
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HISTÓRIA DA CAL
Pirâmides do Egito
1350 a.C Vedação das câmaras e juntas dos blocos
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HISTÓRIA DA CAL
800 a.C.: etruscos foram os primeiros a utilizarem argamassa na construção de túmulos 600 a.C.: romanos começam a usar cal
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HISTÓRIA DA CAL
Via Ápia (312 a.C): 4 camadas – Básica: pedras chatas, 20 – 60 cm – De cascalho: misturado com cal: 22,5 cm – Central: 30 cm, cascalho de pequena granulometria e areia grossa, misturados com cal (concreto romano) – Capa de r. vulcânicas: sobre a argamassa, ainda fresca: 15 cm
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MURALHA DA CHINA (228 a.C) • mistura bem compactada de argila e cal, com eventuais adições de clara de ovo • 3 partes de cal
com 2 partes de argila e compactação com discos de ferro
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HISTÓRIA DA CAL
75 A.C.: uso médico de soluções de água de cal material arenoso vulcânico da região de Pozzuoli misturado com cal, cascalho e água = cimento pozolânico. 1.217: cal (virgem e moída) utilizada em guerra 11
Coliseo de Roma (80 d.C)
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HISTÓRIA DA CAL NO BRASIL
1.549: Thomé de Souza ordena a criação da 1a. mineração no Brasil: depósitos de calcário da Baía de Todos os Santos Até 1930: uso na construção, açúcar, cortume de couro e tratamento de água Década de 50: surto da construção, açúcar, celulose e siderurgia
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ORIGEM DOS CALCÁRIOS/DOLOMITOS
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MATร RIAS-PRIMAS
Mรกrmores e dolomitos
Calcรกrios sedimentares e concheiros
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APLICAÇÃO DOS CALCÁRIOS
Fabricação de cal
Fabricação de cimento portland
Fundente em metalurgia
Corretivo de solos
Fabricação de refratário
Fabricação de vidro
Produtos químicos 16
Rochas Calcรกrias
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MINERALOGIA DOS CALCÁRIOS
CALCITA (CaCO3) – CaO = 56% ARAGONITA ( CaCO3) – CaO = 56% DOLOMITA (Ca,Mg(CO3) – CaO = 30,4% e MgO = 21,7% MAGNESITA ( MgCO3) – MgO = 47,8% 18
Calcita (CaCO3)
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Aragonita (CaCO3) 20
IMPUREZAS DOS CALCĂ RIOS
Quartzo
Feldspato
Talco
Mica
Serpentina
Pirita
Hematita
Magnetita
Apatita
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FABRICAÇÃO DE CAL
Pedreira de calcário (Minercal) 22
FLUXOGRAMA DE PROCESSO FATORES DE INFLUÊNCIA
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FORNOS DE CAL
Forno de barranco descontínuo – produção: 3-4 t/dia
Forno de barranco contínuo – produção: 10 t/dia
Forno vertical metálico de cuba simples – produção: 350 t/dia
Forno vertical metálico de cubas múltiplas e fluxos paralelos – produção até 500 t/dia Forno rotativo
– Produção até 1000 t/dia 24
FABRICAÇÃO DE CAL
Forno antigo (Portugal)
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FABRICAÇÃO DE CAL
Forno Antigo de barranco em alvenaria (China) 26
FABRICAÇÃO DE CAL
Fornos Verticais (sec. XIX)
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FABRICAÇÃO DE CAL
Forno Vertical de Barranco (Itararé) 28
ESQUEMA DE FORNO DE BARRANCO
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FABRICAÇÃO DE CAL
Forno de calcinação Vertical AZBE (Mineracal): 250 t/dia
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ESQUEMA DE FORNO AZBE
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FABRICAÇÃO DE CAL
Forno rotativo (Klabin) – 1000 t/d
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PROCESSO DE PRODUÇÃO CALCÁRIO
CAL VIRGEM + CO2 1000ºC
CAL VIRGEM + H2O
CAL HIDRATADA
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CONDIÇÕES DE CALCINAÇÃO: – T e PCO2
CaCO3 100%
CaO + CO2 56%
44%
Reação de decomposição: ENDOTÉRMICA (43 kcal/mol)
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IMPACTO AMBIENTAL: EMISSÃO DE CO2
Fonte: – Decomposição do calcário: 770 kg CO2 /t (1,75 t de calcário/t de cal virgem) – Uso de combustível: gás natural, óleo combustível, lenha e carvão vegetal – 241 kg CO2 /t 35
MICROESTRUTURA DA TRANSFORMAÇÃO
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MICROESTRURA DA TRANSFORMAÇÃO
700ºC
900ºC
7 1000ºC 0 0 º C
1500ºC
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SEQUENCIA DE FORMAÇÃO DAS FASES
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CLASSIFICAÇÃO DA CAL VIRGEM
Cal virgem cálcica – 90 a 100% de CaO
Cal virgem magnesiana – 65 a 90% de CaO
Cal virgem dolomítica – 58 a 65% de CaO
+ hidratada 39
CAL HIDRATADA CAL VIRGEM + H2O
CAL HIDRATADA
Reação fortemente exotérmica – Cal cálcica – Cal dolomítica
272 kcal/kg 211 kcal/kg
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CLASSIFICAÇÃO DA CAL HIDRATADA
Cal hidratada cálcica
Cal hidratada magnesiana
Cal hidratada dolomítica
+ hidratada 41
Aplicações da Cal Absorção Aglomeração Causticação Desidratação Floculação Fluxo e aglutinação Hidrolização Lubrificação
Matéria-prima Neutralização Solvente Outros: – combate à cólera – Desinfecção – Correção de acidez – Cozinha (doces) – Medicina caseira 42
USO DA CAL NO BRASIL
Metalurgia e Siderurgia – 45,9% Construção Civil – 30,3% Álcalis – 4,8% Papel e Celulose – 3,8% Indústria Química e Metalúrgica – 3,8% Tinta – 3,1% Açúcar – 3,0% Outros – 4,2 %
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PRODUÇÃO MUNDIAL 2008
China : 175 M t – 77,5%
USA : 19,8 M t – 8,77%
Japão : 9,0 Mt – 4,0%
Russia : 8,0 Mt – 3,5%
Brasil : 7,0 Mt – 3,1%
Alemanha : 7,0 M t – 3,1%
México : 6,5 M t – 5,4% 44
PRODUÇÃO BRASILEIRA
Brasil: 6,8 Mt em 2008
Crescimento modesto com queda em 2008
Região Sudeste: 73% da Produção Brasileira
Região Sul: 14% da produção
Tipos de produtores: • Integrados: produzem cal a partir do calcário próprio • Não integrados: produzem cal e compram calcário • Transformadores: realizam moagem e produzem cal • Cativos: produzem cal para consumo próprio (siderurgia) 45
CONSUMO PER CAPITA (kg/hab)- 2007
Belgica : 193
Alemanha : 130
Polonia : 119
Russia : 112
Brasil : 40 46
CENÁRIO DA INDUSTRIA NO BRASIL
Produtores: mais de 100
Produção: 1 a 1000 t/dia de cal virgem
Dispersão das unidades de fabricação
Facilidade e abundância de oferta
Menor custo entre os reagentes alcalinos e aglomerantes cimentícios
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MERCADO
Crescimento em função do mercado e disponibilidade de calcário
Principais produtores: SP, RJ,MG,BA, CE, PR, ES e PB
Principais consumidores: construção civil, siderurgia, ind. química, pelotização, açúcar e celulose.
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DESAFIOS
Apoio técnico e financeiro à pequena mineração
Acesso à atualização e modernização da tecnologia
Implementar programas de capacitação ambiental
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Panorama futuro favorável: crescimento da construção civil e recuperação da siderúrgia
Papel importante no desenvolvimento de uma nação pela multiplicidade de seus usos 50
A CAL NA CONSTRUÇÃO CIVIL
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REQUISITOS E CRITÉRIOS DE QUALIDADE DA CAL
NBR
6453/03
norma de cal virgem
NBR
7175/03
norma de cal hidratada
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CICLO DA CAL COMO ARGAMASSA NA CONSTRUÇÃO CIVIL Argamassa:
mistura de cal, água e areia para construções
Cal
hidratada hidráulica: ligante
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CICLO DAS FASES
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CICLO DA CAL COMO ARGAMASSA NA CONSTRUÇÃO CIVIL
Mecanismo de cimentação da cal – – – – – –
preenchimento de vazios e encobrimento dos grãos evaporação de água livre recristalização dos hidróxidos cristalização de carbonatos entrelaçamento de cristais recristalização de silicatos e aluminatos neoformados
aumento da idade 55
CICLO DA CAL COMO ARGAMASSA NA CONSTRUÇÃO CIVIL
Mineralogia dos produtos de reação: – – – – – – – –
portlandita – Ca(OH)2 brucita – Mg(OH)2 calcita – CaCO3 aragonita – CaCO3 hidromagnesita – 3MgCO3.Mg(OH)2.3H2O nesquehonita – MgCO3.3H2O silicatos de cálcio hidratado – CSH aluminato de cálcio hidratado – CA 56
BIBLIOGRAFIA :
Anuário Estatístico: Setor de transformação de Não Metálicos. Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação Mineral – 2007 – Brasilia: SGM, 72 p.
Callister, W.D. – 2000 Materials science and engineering – an introduction.
Cincotto, M.A., Quarcioni, V.A. e John, V.M. – 2007. Cal na Construção Civil. Materiais de construção civil e Princípios da Ciência e Engenharia de Materiais ed. G.C.Isaia – São Paulo: IBRACON, 2007. 2v.
Guimarães, J.E.P. -1990. A indústria da cal no Brasil. Panorama do setor no início da década de 80. 2º ed. Associação Brasileira de Produtores de Cal, 45 p.
Pereira, L.S. e Ferreira, G.E. – 2009. A Industria de Cal no Brasil. XVII Jornada de Iniciação Científica – CETEM – RJ, 178-184
Veiga, M.M e Paschoal, J.O.A. 1991. Panorama do Setor de Materiais e suas relações com a Mineração. CETEM, CNPq, Rio de Janeiro, 126 p..
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