Chuva de Baleias

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Péricles Emr



go... Ele estava preparando uma viagem... não sabia como ia ser nem o que ia ver... viver ou encontrar... mas vivenciaria cada momento de forma particular saboreando cada pedacinho que o mundo lhe oferecesse e em troca ele levaria cultura e escambos para quem quisesse e estivesse disposto a ouvir ou ter um desenho que contasse a história daquele artista viajante.

como seria a vida se Vivêssemos com os dinossauros

Ele foi para Nova York um dia. Ficou tão impressionado com o tamanho daquele dinossauro exposto no museu de ciências naturais que demorou uns bons minutos olhando aquela magnitude. são treze metros de altura. a cabeça é enorme e os dentes parecem lanças. Cada um deles! Então quis voltar para lá, para morar, estudar cada um daqueles ossos e entender se aquilo realmente poderia ser verdadeiro. Onde estão os verdadeiros, sempre que você ouve falar ou vê algo exposto em um museu é uma réplica. uma réplica inteira, ou só pedaços. uma coisa que poderia ficar pensando se não estivesse fazendo nada de melhor. apenas viajando naquelas formas arenosas. .

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beeee... beeee... o dia estava tremendamente quente. e o ar estava tão seco que o nariz não escorria. o gosto de sangue na garganta cantava em nossas goelas. mesmo assim sentíamos bem, sobretudo o dia estar lindo para se fazer qualquer coisa. mesmo que ficar a toa. o sol estalava o ar e ainda eram 18hs. como podia; antigamente, me lembro quando garotinho, que as 18hs o céu já estava escuro. eu voltava da escola e andava uns 6 quarteirões até o ponto de ônibus. e depois de 45 minutos eu andava mais um quarteirão até chegar em casa. fome. sempre com fome. comia e assistia televisão. a vida era tão simples. pra que querer mais? ele se perguntava. Nos perguntávamos. sabia que era difícil manter essa simplicidade intacta. teria que sair. teria que fazer outras coisas. teria que fazer alguma coisa. Que não fosse ficar em casa vendo televisão. por que sair? me sinto tão confortável, tão tranquilo. cordeirinhos... béééé... béééé...

Time O relógio marcava 1:29 a.m. Ele dava vários cliques na câmera e ela se exibia. Aquele clima ébrio o excitava...

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janelas sem almas Experimente subir no parapeito de um terraço de um prédio bem alto. Desses que do último andar você vê o horizonte cercado por luzinhas coloridas das janelas sem almas. As estrelas no céu se fundem a elas e tudo vira uma coisa só. Um mar de luzes. Essa era a visão que Alberto tinha de sua janela quando olhava por ela. Ele gostaria de não olhar, mas não tinha como. Ele não se sentia bem dentro de sua própria casa. Não que a companhia fosse ruim. Ele não tinha nenhuma mesma. Por semanas, ou talvez meses, Alberto não encontrou uma só mulher. Só fazia olhar pela janela. Às vezes pensava em comprar binóculos para tentar ver o que acontecia na casa das outras pessoas. Mas ficava desanimado com a perspectiva que também era possível não acontecer nada diferente do que acontecia na sua própria casa. A TV da sala ficava acesa em qualquer canal, e com a luz ambiente apagada as cores nas janelas brilhavam amarelas, azuis e verdes. Às vezes viam-se algumas vermelhas também. E muitas delas eram brancas. Todas em casas vazias como a dele.

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Reencontro Ele estava sentado na cadeira de costas para a rua e de frente para ela. Seus óculos escuros escondiam um olhar de surpresa por ver que ela estava tão... Diferente. _ Na verdade você esta linda. Nossa! Admirado e surpreso por vê-la tão bem após tanto tempo, ajeitou a postura para mostrar todo interesse no que ela tinha para falar. Ela também usava óculos escuros e atrás deles seus olhos não escondiam a satisfação de vê-lo ficar tão eufórico na sua presença. O sentimento que ele estava tendo naquele momento era muito bom. Não podia explicar o que era, mas ele estava feliz em vê-la daquela forma. Ela estava esguia, usava uma camiseta rosa que destacava seu ombro e o colo dos seios. Ficavam lindos em seu corpo. Uma cintura fina e definida rodeada por um cinto marrom de couro cru em cima de uma calça jeans lavada. Nos pés calçava um salto que segundo ela o tão destacado objeto era o melhor amigo de uma mulher, quase tanto quanto seu namorado. _ Se você não souber escolher um sapato, ele ira te machucar. Era agora seu lema. Parecia um tanto bobo se ela não estivesse tão confiante e atraente e ao mesmo tempo falando alguma coisa sem importância; aquilo era importante para ele. Ficaram horas conversando e poderiam ficar mais horas e horas se ela não tivesse que pegar um vôo de trabalho. Agora morava em Belo Horizonte e trabalhava viajando por outras cidades do país. Mais uma surpresa para ele. _ Enfim, você conseguiu o que queria então. _ Sim. Ela dizia empolgada. Eu acho que consegui o que queria sim. Agora quero mais dinheiro. Risos.

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Em sua memória ficou aquela pessoa que literalmente apagou a outra, o seu passado. O jeito irrequieto e descolado de falar e usar o corpo de forma expressiva com gestos de cintura, braços e mãos hipnotizou-o a ponto daquilo ter ficado gravado em sua mente durante as próximas semanas que se seguiram. Ele não sabia se a veria de novo e aquela inquietação tomou conta dela também. Agora o caminho deles os afastavam de novo para algo mais concreto, já que ela havia conseguido aos 25 anos dar um rumo em sua vida, o que ele aos 37 não estava nem perto de fazer. Ou com vontade.

Vida Simples _ Coisas alegres são boas para viver! Disse Magno, aquele cara alto com um uniforme de ascensorista que trabalhava no prédio mais alto do centro da cidade. _ Precisamos de mais alegria, para dar força para continuarmos. Ele dizia com um belo sorriso no rosto, sempre cumprimentando as pessoas que entravam lá. Balões coloridos, doce de leite embrulhado na palha, sapatos folgados ou chinelos de dedo, pinturas aquareladas, sorrisos, fotografias de belas paisagens, cerveja gelada na praia, outras culturas e histórias. Viver uma vida, Magno era ascensorista, mas ele também era um ser vivente, ele viajava nos livros e nos álbuns, ele conseguia retirar dali a magia e em seu rosto estava sempre estampado essa expressão de felicidade, de uma vida simples e aconchegante.

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Tiro! Ela era linda. Pelo menos era o que parecia. Ali, parada diante ao beiral daquela varanda jardinada, que ficava no vigésimo quinto andar daquele antigo hotel de luxo. Usava um vestido longo, talvez fosse uma camisola de tecido leve. Deixava suas formas a mostra contra a baixa luz que penetrava o ambiente. O contorno dos quadris, o volume da bunda, o desenho das coxas até chegar em um tornozelo bem definido e terminar em pés delicados, empinados para deixá-la um pouco mais alta. Fez um movimento e esticou os braços e depois o pescoço colocando a cabeça para fora do beiral, deixando o vento dançar em seus cabelos. Aquele ali era o momento ideal, era o que ele deveria ter feito. Seu contato havia sido claro "execute o serviço e terá um milhão em sua conta". Aquilo valeria um milhão. A vida dela, toda a situação montada. Ele não queria mais fazer. Ele tinha se apaixonado. Ela voltou seu corpo para dentro e abaixou sua cabeça exibindo um belíssimo perfil. BAM! Seus olhos se cruzaram. Ela tinha feito um movimento rápido com o corpo girando o quadril. Sua boca exibia um batom vermelho reluzente e suas pálpebras fecharam devagar. Quando abriram ele estava caindo para trás. O soco que a bala deu em seu peito foi tão forte que o derrubou, fazendo-o cair em cima da mesinha de centro daquela sala decorada por móveis barrocos. Os estilhaços de vidro voaram em todas as direções e o sangue escorria pelo peito dele. Se apoiou nos cotovelos, mas a dor intensa não o permitiu levantar. Ela se aproximou com passos languidos. Parecia serpentear com aquela roupa longa e translucida. Ele pode ver o cano do revolver em todo seu aspecto visual. A borda redonda e prateada brilhou uma luz amarela e depois vermelha. BAM! FIM! 9



um tempo _ E se não for para me dar dinheiro... isso é lucro, então não negocio! Ele falou isso e eu ali sentando diante dele ouvindo tal frase e pensando... amanhã todos vão estar mortos, então por que tá todo mundo vivendo num estresse danado ao invés de curtir seu tempo fazendo o que gosta... não dava para entender aquela "matemática", ele pensava que a conta poderia estar certa em algum momento, mas nunca dava exato. nesse caso um mais um nunca dava dois o que significava que ele sempre estava se matando de trabalhar para somente pagar contas. _ Aonde está a parte boa? ele perguntava... passavam-se minutos. Dias. Meses. aonde?

Peso O ser humano é tão burocrático que até para doações ele encontra empecilhos e cria regras que barram a ajuda humanitária. Doar um sofá em bom estado é algo incrivelmente difícil. Não entendi o porquê ainda, já que levam duas estantes que equivalem ao sofá. Quero ver na hora em que levantarem a mala dos quadrinhos rsrsrs está superpesada!

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O Palhaço A certa altura da vida, Nestor já não tinha tanta esperança. talvez por que começasse a se sentir velho e cansado. mas ainda não tinha atingido os quarenta. e também esperança em que? não se conformava com as perdas da vida, trabalho, esposa, filhos, amigos, mais trabalho, para que isso tudo se não se levava nada daqui? Ele precisava de alguma coisa que lhe preenchesse a vida. alguma coisa para agarrar e fazer sentido para sua existência ínfima perto da idade das estrelas. Nestor andava por uma rua e "pulou" em sua frente um poste de concreto. desses que ligam os fios de energia. e lá estava um pedaço rasgado de um cartaz sobre um emprego. ele leu o anúncio, pegou uma pequena agenda no bolso e anotou um endereço. em quarenta e cinco minutos ele estava de frente para uma enorme tenda colorida. não havia movimento aquela hora da tarde e ele procurou com os olhos pelo lugar que parecesse um escritório entre tantos traillers, tendas, jaulas, carros. caminhou até um que julgou ter a aparência mais formal. bateu na porta de metal e após alguns segundos a porta abriu. de lá de dentro pulou um anão fantasiado de palhaço e golpeou Nestor dezenas de vezes no peito. Nestor morreu. Música Escrita Existia só um momento. O momento que ele tocava as teclas e elas tornavam a vida de sua história. Os barulhos pelos corredores espreitavam os sons produzidos pelos dedos dançarinos. Como que fosse isso mesmo, uma dança para uma orquestra muito bemfeita, um toc após o outro produzindo uma música em forma escrita. 12


Falsa Liberdade "Só podia vir de você, Pat!" Ele sempre ouvia aquilo, de todo mundo. Não achava nem bom nem ruim. Mas a medida que a frequência aumentava ele se perguntava se sua loucura estava mais aparente. "Você fala tudo o que pensa!" e quando Pat começou a por essa idéia na cabeça, de que a sinceridade e sua loucura ética por uma vida, que fosse realmente vivida e que poderia ter valido a pena. Ele olhava para as pessoas andando apressadamente na rua. Só pensavam em comprar e ter. E isso lhes trazia muita satisfação. Eram os benditos rótulos. Rótulo de prêmio. Rótulo de carro. Rótulo de jóia. Rótulo de status. Rótulo para amarrar. Rótulo para deixar tudo cercado e fazer acreditar que essa era a vida ideal. Ter. Possuir. Pagar para isso. E muito, a vida inteira. Pat estava cansado e acreditava que poderia viver sem ter e não ser um miserável para isso. Acreditava que o ser humano tinha perdido sua essência, a paixão, o instinto. Não é para domar essas coisas, Pat só queria deixar a vida literalmente levar, para ver o que era isso mesmo, com algo que todo mundo fala que quer ter, que as vezes pode até ser mesmo, quando você compra uma cobertura ou faz a viagem para Europa. A campainha tocou e ele foi atender. Um cara dos correios com aquela roupa amarela lhe estendia uma caixa com os seguintes dizeres: "finalmente você conseguiu."

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Medo de Altura Estava em pé em cima de uma tábua de madeira. Essa tábua estava pendurada para fora do vão do que seria a janela de um edifício em construção. A altura entre a tábua e o chão era de mais ou menos vinte e cinco metros. Todo o edifício estava envolvido em uma estrutura de metal acortinado para proteger os pedestres de eventuais quedas de objetos. Mas essa grade não resistiria ao peso de um corpo humano. Ainda mais se fosse um adulto de um metro de oitenta e cinco e pesando uns noventa e três quilos. O corpo testaria a tensão da enorme cerca e se ela não cedesse funcionaria como um jogo de pinball, com ela rebatendo o corpo parede abaixo até atingir o solo totalmente em pedaços. O mais curioso é que se você fosse uma formiga ou até mesmo um camundongo, era capaz de cair como uma folha que se solta de um galho alto de uma árvore. Sentiria um leve impacto amortecido pelo vento e sairia correndo em seu frenesi de um lado para o outro, procurando comida ou que quer que seja. Oscar era uma daquelas pessoas que faziam parte da infeliz estatística que o colocava na categoria entre a pobreza e a estupidez. Subiu quase oitocentos degraus a pé, segurando o corrimão e tentando não se esforçar tanto. Queria estar "inteiro" quando chegasse ao topo do edifício. Entrou pelo batente de uma porta já colocada do apartamento que seria o de cobertura daquele lugar. atravessou o ambiente que seria a cozinha que ele reconheceu pelo tipo de encanamento que a pia recebe. Logo após outro batente estava atravessando a sala, um ambiente pequeno e desconfortável para assistir a TV. 14


Oscar não era grande nem gordo, portanto passar pelos escombros formados pelas madeiras, tijolos e maquinário não era tarefa difícil. Chegou a uma grande janela, que deveria ser do quarto principal, um pouco maior que o outro ao lado. Olhou para baixo e testou sua coragem inclinando o corpo um pouco. Sua visão turvou-se rapidamente e ele sentiu uma leve vertigem. Deu alguns passos para o lado e escorou o ombro na parede ainda em argamassa. Suas pernas estavam fracas e entre elas passou uma barata. Ela corria muito ligeira e fazia movimentos o tempo todo com as antenas. Parava e mexia as antenas, continuava a correr. Oscar levou um susto. Não gostava de insetos em particular baratas. Ela então deu meia volta e foi para cima dele. Naquele momento de total covardia Oscar quis fazer uma manobra para escapar e sentiu que o chão lhe escapara também. Era como aqueles barulhinhos de vídeo game tipo molas com luzes e não lembrava direito quantas cores eram do arco-íris, mas conseguia distinguir todas em várias formas. Uma sensação de frio constante na barriga e que era prazeroso e fazia rir. Lembrou do sorriso de sua esposa e ficou feliz. Não sentiu o vento nem a grade. Somente o chão e depois o ar.

Shared Life Não gostaria de me sentir culpado por não querer ter nenhum tipo de obrigação. Por que ficar nesse lengalenga de dar tantos nomes, lugares, ondes e comos para uma outra pessoa? Por que não podemos compartilhar apenas o que estamos afim? E cada um que compartilhe como e quando quiser.

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A Arte de Roubar Corações O primeiro é um choque Vem de dentro pra fora Afoga o estomago em acido E sobe para a garganta ardendo _ o que é “ardendo”? Ela me pergunta com sotaque francês... Ele nunca havia imaginado que franceses pudessem ser tão legais afora metidos pra caralho. E gostava deles. E gostava dela. E não importa a língua, sabemos os corpos que se permitem são como um só. O toque do telefone os trouxe de volta a realidade... Olhos se cruzam, sorrisos também sabendo que apenas seremos amigos porque pessoas como eu... hahaha... podemos “roubar” corações!

Uma pessoa de atitude Ela é dessas que come a abelha... veio devagar, de leve, mansa... não precisa floreio, direta e discreta. Me conquista todos os dias e meu corpo responde querendo, que aquele papo de amigos sobre conhecer uma só pessoa que te supre os sentidos. E você percebe que a devolutiva é verdadeira, aproveitam seus momentos únicos e terão muitas histórias alegres para contar.

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Uma Linha Azul Escura Quando ele abriu a porta sorriu. Estava de frente para o azul do mar. Barquinhos, pássaros diferentes, vegetação imponente com vários tons de verde. Quantos lugares você conheceu e aproveitou com essa diversidade de cores? Ele apontou para longe onde o horizonte cobria com uma linha azul escura e ela sorriu para os dois.

Vida na Matrix Seria esse o paradoxo da existência? Trabalho X Ócio criativo. Ela resolve tudo na minha louca mente de uma maneira tão leve que não sei se consigo explicar aquilo que só sentindo para saber... entregas! UAU! Parecia um tanto brega para uma frase dita sem pensar muito e confusa de sentimentos. Não sei viver sem entrega, sem paixão... não há de viver um sentimento senão sentindo-o verdadeiro. As sensações no corpo físico humano são bizarras. Os sintomas que nos colocam a dispor de milhões de células querendo fazer uma coisa que o resto de seu corpo. Por que nos preocupamos tanto e gastamos, nesse caso é gastar, nossa energia por algo que não sabemos. Se vamos viver até os 100 que sejam bons certo? Uma mente positiva é uma mente utópica, o que se vende são copias baratas de situações de vida em streaming na internet.

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Para que serve a Arte Tinham/haviam muitos artistas naquela casa. A arte conseguia amenizar os ânimos. Por amor a ela deixávamos diferenças de atitudes de lado, crescia de forma instantânea e multiplicava rápido. Aprender a paciência, a ouvir, a ser mais positivo a acreditar ou o melhor respeitar essa diversidade tão ampla. Procurar entender o todo, como somos e fazermos parte desse todo, de algo que não sabemos e ao menos entendemos, e a curiosidade que move alguns a procurar respostas em algo que foi criado lindo, puro, positivo como que para contar histórias ou criar comunicação e estreitar as relações. A arte faz isso!

Sentindo! Até que alguns acontecimentos possam se tornar algo que você sinta que destrincha sua carne e assopra forte como pontadas. Sai de dentro de seus músculos, corre nas veias e arrepiam os poros, você consegue sentir tudo isso. Estou chapado e as situações as vezes se assemelham. Em um dado momento, pessoas se reúnem e convivem como uma amalgama de ideias e valores que buscam espaço e respeito. Todos personagens principais em suas próprias histórias e se entendem o espirito, conseguem colaborar como um só... Difícil uma palavra para isso.

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Passa um perfume... Os franceses são muito chatos! Mais chatos do que alemães ou americanos! Aquela garota foi a única a tentar uma conversa direta e sua simpatia foi aparecendo aos poucos. Essa barreira de se crer em civilização... enfim... passa um perfume que... passa...

Terça e Outros Dias Não quero ter a pressão. e o poder das palavras e aquilo que você gera conectando-se ao universo. O que você acredita gera energia e é de onde viemos. De uma explosão de energia. Tentar até conseguir fazer a coisa toda fluir positivamente sabendo que existem coisas que são ruim, energias ruins... Qual é o dia de hoje. Geralmente as terças são bizarras. Sem mais por hoje... Só para vermos até onde vai... Se o que somos e o que “temos” que é ser perante essa tal sociedade. Todos veem o que está de errado, por que é tão difícil mudar? E o que realmente precisa ser mudado? Sem ter nenhum motivo, o jogo vira e volta e faz você perceber que tudo que há de uma conexão... dentro de suas limitações, tente imaginar uma sociedade sem as mazelas, ou seja só positividade.

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Somos Universo Sobre ser um adulto segundo as convenções sociais, sendo uma criança brincalhona tentando entender de certa forma um mesmo porque, crendo na imensa ideia que é o universo, portanto ínfimo em sua existência, importante por esse momento...

Escolhe Eu Eu falei que estava de boa, aliás como tento estar desde que me atirei nessa vida de artista viajante... Por quantas vezes na vida a gente faz igual as mesmas coisas de que qualquer um faz e consideramos isso um erro. Por quantas mulheres irei me apaixonar e acreditar que existe só uma para cada um de nós. Somos 7.4 bilhões, como podemos escolher e ser escolhido por apenas 1?

Vagabundeando... Mil ideias passam sobre suas cabeças em uma conversa regada de álcool e maconha. Para os caretas somos bicho grilo, vagabundos buscando um lugar para suas artes. Para eles pouco importava as críticas. Quer “ser” feliz, use seu tempo para fazer suas coisas. Coisas que você gosta e então pode vagabundear para os outros!

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Ploc! A concentração de energia despendida pensando em alguém que esta tão longe fisicamente deixa a cabeça cheia e com um estalo, quando não pensa em nada, quando se sente no limbo, esvazia-se a mente e então não há nada. Nem dor. A saudade vai se tornando boas lembranças!

Curtos Devaneios “Algum dia de junho... a cabeça frita e você sabe o porquê. É você mesmo quem inventou os problemas e depois fica louco, não sabe como resolver algo que nem existia... ou existe!” “A primeira coisa que penso quando acordo, é em como poderia te surpreender e ao mesmo tempo me dar tanto prazer quanto a você...” “Estamos no mês de maio. Não sei exatamente, mas acho que é o dia 8. As convenções sociais já perderam sentido a tempos e fico procurando uma desculpa para “viver”...” “São quantos amores e quantos se tornaram amizades, quantos conseguimos manter e quem se interessa em manter...” “Fazer a diversão ser o motivador. Ser eclosão. O ponto de interesse. O orgasmo!”

o

ponto

de

“Realmente são diversas emoções que passam nesse mês de julho. Além de não saber decidir o que fazer e muito menos quando, os sentimentos afloram de todos os lados e de diversas fontes como água potável.” 21



Perdido... Perdido em sua própria mente. Perdido por não achar o rumo, mesmo não sabendo qual deva ser... Perdido por não querer se entregar e por querer acreditar. Perdido por amor sem razão... Perdido por que pessoas convivem e não sabem o por que estão fazendo o que estão...

Qual é mesmo o dia de hoje?

Até que ponto podemos chegar dentro de uma positividade social. Aos 42 anos estava certo de apenas uma coisa na vida. Não ia fazer algo que não gostava. Ia fazer o que ama, mesmo que as feridas fossem maiores, mais sangrentas e então mais marcantes. Vivia em conflito por não saber o grande porque de tudo isso, tentava se concentrar em ser uma boa pessoa, todo mundo acredita nisso, não é?! Mesmo fazendo coisas pequenas, não ruins, talvez umas mentirinhas de vez em quando, isso não afetava sua atitude honesta ou a guerrilha para se fazer ser. Uma guerra interna, para tentar entender um todo completo, desde as histórias contadas em livros, dados como documentadas por objetos e transcritos de épocas, a um abraço carinhoso em quem você escolhe sentir amor. De entender a química de uma célula até um lápis na mão... Não sei mais qual é o dia, e nem mesmo quantos sentimentos explodindo em minha cabeça... quantas pessoas irão, ao que parece num final comum para todos!

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Um Novo Relacionamento Agora é sempre um novo capítulo. Se não está “perdendo” tempo pensando no passado ou planejando um futuro inexistente, está vivendo o momento do agora! A história a seguir conta um pouco da minha breve experiência com diversos relacionamentos e muitos níveis de profundidade. Quando digo relacionamentos são com quaisquer pessoas com a qual tive um envolvimento que me marcou de alguma forma. Uma das coisas mais difíceis que venho aprendendo é o controle sobre os sentimentos. Se você vive em uma sociedade pautada em mentiras, culpas e medos, expor seus sentimentos mais íntimos assusta a cultura evolutiva social de diversas formas. Além da confusão emocional, o sentimento de perfuração (as vezes com dor física), todo o corpo altera para entrar num modo de transe e se manter fazendo o que está fazendo e esquecer a “pessoa amada”. Ser verdadeiro é difícil demais, geralmente estamos jogando o jogo e está tão natural que não nos importamos com as pequenas lorotas. Ele levantou seus olhos para a garota que estava sentada com as pernas abertas, toda largada. A cena beirava o sensual flertando com o irônico, jovens de classe média que se acham adultos sem ter vivido a “babilônia” Aquele sorriso começava a surtir efeito, ela abaixou a cabeça com timidez e ele segurou seu queixo. “_ Você tem um sorriso lindo né?” Era uma pergunta exclamativa. “_ Você tem medo de se apaixonar?” Ela tinha uma caneta na mão e rabiscava qualquer coisa em uma revista velha sobre a mesinha de centro. “_ Eu me apaixono sempre...” ”_ Sempre?” Ela olhou surpresa. Eram duas horas da manhã e estavam parados diante um do outro e os dois sem graça se despediram naquela noite com um meio beijo. 24


Devaneios voando soltos “São poemas controversos de sentimentos ambíguos por sermos obrigados a conviver e fazer coisas que não queremos e mesmo assim fazemos para que não haja guerra.” “Não precisa ser uma disputa e as vezes sim, precisa ser falado, lido e escrito para ver se todos estamos entendendo direito...” “Naqueles dias que a mente cria para todos os lados e você consegue saciar sua sede de tudo o que gosta de experenciar seja fazendo, ou como expectador.” “Elas me desorientam. Nos desorientam. Não entendo um montão de coisas delas. Não entendo o jogo. Por que jogar? Posso te conquistar todos os dias se é isso que quer... mas as vezes na confusão, só se vê um longe nada...” “Qual deve ser o limite de tempo se acaso ele existisse... e o que passa então? Num universo de infinitas possibilidades, aos sentimentos escassos do agora, por querer sentir o mesmo como olhar um quando, uma paisagem linda... algo que só se guarda na memória até você se apagar...”

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Ele versus Ela Ele estava usando um mocassim marrom. Há tempos não se via alguém usando aquele tipo de sapato. Ela estava sentada em uma cadeira segurando o canudinho de sua bebida colorida. Usava um batom vermelho que destacava sua boca em sua pele branca. Ele sentou a sua frente e dedilhou na mesa. Ela abaixou os óculos Ray-Ban e apertou um pouco os olhos. Ele sabia o que viria em seguida. A história iria se repetir mais uma vez. Era instinto aquilo, só podia ser. Não havia de ter outra explicação para ele entrar em tantas enrascadas quando o assunto era relacionamento. O garçom chegou com um chope claro e ele agradeceu com a cabeça. Sua barba estava por fazer a alguns dias e já começava a criar um volume ao redor de sua face. Ele coçou e ela começou a falar alguma coisa sobre ser maduro e homens são coisas que não andam juntas, e que ele era mais um cara não sincero que ela conhecia, e falava com todas as letras de um jeito nervoso que não queria mais nada com ele. Aquilo o deixava espantado não pelo fato de ela tomar uma decisão como aquela, mas pela forma como ela colocava as coisas. Ele não teve a menor chance de resposta e soltou um sorriso cretino que a fez levantar da mesa deixando uma nota de vinte. Ele terminou o chope e pagou a conta. Deixou a nota de vinte sobre a mesa e o garçom pegou a nota colocando-a no bolso do avental.

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23 horas... "São 23 horas. Um dia corrido. Mesmo assim andando a passos lentos, os sapatos marrom de couro. Pensamentos vazios, sentimentos vazios. Queria poder encontrar com ela de novo. Pelo menos saber seu nome. Subo as escadas vagarosamente (dizem que quando se sabe escrever não se usa advérbios para definir a intensidade, mas e daí, to só contando minha história, num sou escritor). Onde pus a chave?! Foi uma noite louca naquele sábado. Beijos molhados, seios, mãos, suor, gozo. Foi intenso, e sequer sei quem é ela. No bolso debaixo da carteira. Minha nossa, que dor de cabeça. Não consegui concluir o trabalho, maldito redator que fudeu minha criação. Quase 3 horas arrebentando o cérebro para criar um cartaz para mais uma campanha estúpida, e o cara me vem com aqueles textos chinfrim. O cheiro da bebida misturado com aquele perfume barato. Ela não tinha nenhuma classe, parecia mesmo uma prostituta. Mas como era gostosa, sabia como tratar um homem. Mesmo esse homem sendo eu, 36 anos, divorciado, alcoólatra, com um trabalho ridículo de assistente de direção de arte. Podia ter seguido a carreira de meu pai, engenheiro civil, bom salário, uma bela casa e viagens tranqüilas. Finalmente abro a porta, tudo escuro. Tento procurar o interruptor de luz e tropeço em alguma coisa. Maldição, ser solteiro é padecer em bagunça. Luz. Uma garrafa de vodka, escorrendo. Sinto um cheiro de cigarro no ar. Mas eu parei de fumar. Ou não?! De qualquer forma, vou andando pela casa, e vejo outra garrafa, dessa vez de vinho, praticamente vazia, encostada no sofá. A TV ligada. Quem esteve na minha casa. Aliás, como alguém que não eu entrou na minha casa?! Putz, por que não me lembro mais das coisas?! 27


Vou até a cozinha e tem vários copos e garrafas de cerveja para todos os lados. Parece que fizeram uma festa aqui na minha ausência. Mas quem porra?! Bebo um gole direto da garrafa e “merdaaaa!!! Cerveja quente é a pior coisa do mundo!” Arranco minha camisa e caminho lento para meu quarto. Queria poder tomar um banho, mas não sei por que, estou tão enjoado, tão cansado. Parece que estive aqui ontem, e que participei dessa loucura que está minha casa. No entanto, não me lembro mesmo de nada. Chego ao quarto, mais zoneado ainda. Várias roupas no chão, a cama desfeita, um travesseiro no chão, e lógico, não poderia faltar mais uma garrafa vazia. Tiro os sapatos, e sento na beirada da cama. Se eu deitar, só me levanto amanhã. E provavelmente chego atrasado de novo no trabalho. Por que cheguei atrasado hoje?! O que aconteceu que não consigo me lembrar?! Vontade louca de mijar. Vou ao banheiro. Quer dizer, em algum momento irei ao banheiro. Nesse momento minha cabeça num para de doer, e me encosto na cama. Me enrosco no lençol e que coisa estranha. Um roupão, e não é meu, eu num uso roupão. Esse cheiro... hmmmm... é dela... Será que ela esteve aqui comigo?! Para tudo, por que não me lembro?! Como posso lembrar que transei com a mulher mais maravilhosa do mundo, mas num sei nada sobre ela e muito menos se foi aqui?! Ai esse cheiro é muito bom. Mas perai! O que é isso?! Essas manchas, isso é sangue! Minha nossa senhora, o que aconteceu aqui porra?! Me levanto de supetão e caio. Maldita pressão baixa. Enjôo. Preciso chegar ao banheiro, esse cheiro; vou morrer sufocado. Arrasto-me até o banheiro e juro que não queria ter feito isso. A visão é horrível. Sangue por todos os lados. Peças de roupas íntimas femininas jogadas no chão. 28


Apesar de minha visão estar turva, consegui distinguir alguma coisa dependurada na banheira. Levanto-me recostado a porta e descalços piso em sangue. É um braço, um braço! Minha mãe do céu, o que houve aqui?! Suicídio?! Assassinato?! Por que merda não consigo me lembrar do que aconteceu?! Chego na banheira e sim, o pior estava por vim. Minha deusa loira. O ser que me deu o maior prazer da minha vida, estava ali, deitada, com os pulsos cortados, numa expressão horrorosa. E eu, atônito, sem saber o que realmente aconteceu. São 23 horas. Mais um dia corrido.

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Absurdos vividos pela existência humana... Imagine só, você com quase quarenta anos de idade e todos aqueles seus sonhos de infância de ser astronauta, de adolescente de viajar pelo mundo, de jovem adulto de conquistar seus objetivos profissionais e pessoais até os 30. A sociedade sufoca de tal forma, que não há como escapar, os 10% da população mundial que não se encaixam no sistema, ou são zilionários e “fazem” o sistema, ou são pobres indigentes perambulando às cegas por aí. Claro que você deve estar se perguntando, mas que história é essa pensei que fosse um livro de auto-ajuda e tudo mais. Bom, tenho uma confissão para te fazer. Nas próximas páginas desse livro, a história que você vai ler não tem a ver somente com a preservação da natureza e do planeta, tem a ver com o que nós somos. Esse cara que vocês zirão conhecer; é esse camarada ali, sentado à sua direita dentro do ônibus, ou provavelmente metrô, se você estiver em uma metrópole grande como São Paulo ou Nova York. Esse cara usando uns óculos redondos de aros finos, com cara de nerd usando camisa xadrez. É ele também não sabe, mas sua história pode mudar muita coisa na vida de muita gente, e lógico, principalmente para ele mesmo. É como ter uma bola de ferro presa por uma corrente a seu pé. O que quer que você faça se não estiver dentro dos padrões, pode ser considerada loucura. Pior, pode ser considerado crime. Se você é apaixonado por plantas, e gosta de transar com sua samambaia, tome cuidado, pode ter alguém com tal absurda ideia de criar uma lei contra isso. Quando digo alguém é que, infelizmente, e no mundo real, quem vota num país como o nosso não sabe em quem votar. O fato de ser obrigatório, e ainda aceitarem analfabetos nas eleições, com certeza tem influência negativa sobre nossa sociedade. 30


Quem está lá, sempre arruma um meio de continuar, e agregar quem sempre soma as falcatruas que as câmeras capturam e mostram para a população. Mas do que isso adianta; uma cesta básica para um morto de fome vale mais do que uma cena de roubo flagrante. Dinheiros escondidos nas cuecas e meias, e sabe mais lá onde. Então somos forçados a andarmos em fila indiana e passar por constrangimentos surreais em pleno século XXI com tanta tecnologia disponível e acessível. Se bem que antes de levar o meio, que tal, justificá-lo primeiro. Alfabetizar a população não significa somente ensinar a ler e a escrever ou assinar o nome. Educação é civilidade, é necessária uma reforma nesse sentido da alfabetização. E não estou falando de ensinar regras de etiqueta e para que serve tantos garfos e facas diferentes, se no fim o alimento sai da mesma forma, seja qual for. A ideia é educar mesmo, ser gentil, prestativo, educado, “com licença”, “por favor” e “desculpe” deveriam ser palavras incrustadas em nossas peles e deveriam ser expelidas a todo momento para termos o mínimo de convivência dentro da sociedade. O problema é que com a loucura que está tudo hoje, uma correria sem fim, não temos tempo sequer para sentar com os amigos e tomarmos aquela cervejinha... Aliás, amigos, esses agora só do trabalho ou da faculdade. Amizade de infância não existe e conhecer pessoas nas grandes cidades fora desse círculo hoje, é praticamente um abuso. Se quiser paquerar, faça com a colega de mesa ao lado, é, essa ruivinha de cabelos cacheados. Sim, sei que não é essa garota pode não fazer seu tipo, mas afinal, o que são umas sardas e uns óculos fundo de garrafa? Ela sabe tocar violino e fazer crochê! Você já se sentiu uma formiguinha? 31


Andando em fila, a essa hora da madrugada para ir trabalhar, e provavelmente a única razão de você estar indo trabalhar, é ter o mínimo para pagar todas as contas que se acumulam mensalmente. Por que fazer isso, por que escolhemos isso? Quem foi que disse que isso era o melhor para todos? Quando foi que a sociedade se transformou no monstro sugador de energias boas e alegrias? Felicidade é um estado de momento, não um sentimento. Se você busca a felicidade vai ser difícil encontrar, mas se realizar uma tarefa que lhe dê prazer, seja qual for, conversar, ler, desenhar, ficar à toa, comer, passear, viajar, jogar baralho, não importa, você será feliz nesse momento. A melhor definição para quem vive a vida à toa, não deveria ser “vagabundo”, por que não trabalha, mas vocês já pensaram o quanto tempo gastam da vida de vocês, para os outros ficarem ricos, por que vocês, hm, salarinho de merda né. E para que? Expliquem-me para que? Me dêem realmente uma boa razão para me orgulhar de me levantar as 8horas da manhã e trabalhar feito uma mula de carga até as 19horas, onde teoricamente o único momento de prazer é o almoço, e se você, invariavelmente trabalha para alguém, em uma empresa, comércio, escola ou o que quer que seja, se você tiver a sorte de ter apenas um companheiro de trabalho, você poderá escolher onde, quando, o que, como e por que almoçar o que está almoçando, e sem necessariamente ouvir nenhuma fofoca alheia sobre a vida da secretária do chefe do setor x, y sei lá das quantas, nem que aluna deu em cima de um funcionário blá blá, finalmente você senta sozinho, e logo após comer, ouvir “sozinho?” O que você pode fazer, compartilhem um momento no café.

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Uma vez numa conversa entre amigos, e claro, quando só tem homens, daqueles clássicos machos, os assuntos involuntariamente passam por mulheres, carros, sexo, motos, trabalhos administrativos, relógios Rolex e lutas afins, do tipo de coisas que eu imagino se minha porção feminina não é mesmo muito aguçada. Voltando, uma fala para o da minha esquerda “cara, eu trabalho muito para isso! Ter um carrão da hora, pegar umas minas...” os outros 2 que compõem a roda só ficam dando risadas, balançando seus corpos pesados de forma desajeitada. Definitivamente não é isso que quero, não comparo esses tipos de seres humanos aos homens das cavernas. Eles sim sabiam viver, dormiam, acordavam, comiam, trepavam, comiam de novo, fugiam ou caçavam os bichos, tudo na natureza, ao natural. Somos bichos, o que fizemos para nós mesmos? Criar regras e tentar dar sentido para todas as coisas que acontecem a nossa volta foi um tremendo de um erro grotesco de alguns idiotas sem o que fazer, que ao invés de procurar coisas bacanas para se fazer como transar ou acordar ao meio dia e comer uma maçã, não, inventaram que tinha que ter hierarquia, deveríamos seguir religiões, partidos políticos, times de futebol, e até as tribos da escola com quem eu me identificaria. Para que mesmo? Somos tão reféns de nossas crendices que esquecemos que tudo não passou de alguns que passaram um “telefone sem fio” adiante e como tem gente para tudo nesse mundo, uns acreditam, compram a ideia, se juntam a guerrilha, e está aí, um viva para as guerras. Ele tem vontade de escrever, mas gosta de tanta coisa, e quer escrever tanta coisa, e tudo ao mesmo tempo, que não consegue focar. Quer escrever uma história alegre para as crianças, uma história de aventuras e perigos para adolescentes, histórias ficcionais baseadas em fatos reais de pessoas próximas. O cotidiano é uma chatice danada. 33


E os relacionamentos idem. Então tá, digamos que eu então concorde com essa baboseira toda de que acordar cedo pra caraléo e enfrentar um trânsito absurdo e claro, torça para que seja de carro, por que pelo menos ninguém fedendo ficará te encoxando ou te empurrando e espremendo pra cima de outras pessoas que estão tão mau humoradas quanto você. Todas, feito formiguinhas, seguindo em suas filas indianas pelas ruas, indo para o trabalho, para o que mesmo? Eu quero entender a real vantagem disso, qual é o orgulho das pessoas falarem “Ai, mas meu filho é trabalhador, não tira férias há três anos!” Explica!!! Então por que foi inventado o “sentido”? Buscar alguma coisa por algum interesse, algo que nos motive a continuar vivos. Mas por que dessa forma e quem foi o idiota que organizou isso assim? Se vocês acham que felicidade é conseguir comprar a casa própria ou o carro do ano, lembrem-se, ninguém leva nada “material“ daqui. Outro dia conversando com um amigo na sala de casa, ele falava agitado sobre ganhar um concurso e conquistar seus objetivos de vida, “quais são seus objetivos mesmo? ”perguntei de forma ingênua, mas eu já deveria saber, ou melhor, eu já sei da resposta, nem sei por que me iludo tanto, “eu quero ter um carro chique, um apartamento fodido, TV do caráleo e tudo mais...”, no fim do papo coloquei minha mão em seu ombro e olhei pra ele bem no fundo “me faz um favor... se é isso que quer, faça de forma consciente, olha onde e como estamos vivendo, e veja se isso realmente é bom...” E esse lance todo de multiversos, Ets, OVNIs, Nasa, Marte, Lua, EUA, reptilianos, Illuminati, 11 de setembro, mas que confusão maluca, quanta informação cruzada, não sabemos mais de nada, não sabemos de fato das verdades, das verdades históricas, nossos livros mentem, tudo que aprendemos é uma grande farsa.

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Vou dormir pensando em como será o fim do mundo, para entender o mínimo possível sobre qualquer assunto, qualquer coisa. Dizem que a teoria de Einstein não está correta, e que tem pessoas que acreditam que a terra é plana. Por que somos obrigados aos absurdos, por que não deixem os loucos viverem como animais, esses sim, se não tem consciência, são totalmente livres de qualquer obrigação inútil inventada pelo homem, pois enquanto dormíamos na grama, em árvores ou cavernas, quando acordávamos deveríamos pensar “oh, que fome, pegarei uma fruta e depois ficarei coçando o saco olhando o melhor filme da natureza...”

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Não Entendendo mas Levando... Vou te falar, sem modéstia nenhuma, estou entre os dez melhores jogadores de sinuca que já conheci. Se isso não é muita coisa para você, o que me diz de saber que eu conheço muitas pessoas, mas muitas mesmo. Uma vez até me chamaram para um torneio ou algo assim. Não estava muito afim dessa coisa toda de jogar por grana e fama, mas quando se tem talento, não tem volta, a coisa acontece naturalmente, e uma hora ou outra, você estará fazendo parte de toda uma máfia ligada aos jogos de azar e cassinos corruptos espalhados pelo mundo. Mas sinuca não é jogo de cassino, não, não é mesmo, mas é um dos melhores jogos onde a sorte vai te ajudar tanto quanto seu talento, e suas chances de ganhar dobram. Então esse é meu jogo preferido, mesmo ganhando alguns mil dólares no poquer ou dados em Las Vegas. Um amigo meu me contou que sua ex-mulher estava morando na Alemanha, pois é apaixonada por arte e sabe que por lá tem muitos artistas e que Berlim é uma cidade que você vive de forma bacana com pouca grana e tudo mais. Ela voltou frustrada, pois disse que todo mundo é blasé e ficam empinando seus narizes e pincéis em cima das telas se achando Gauguin ou Picasso, e que no fim dessa história todo mundo é artista e se dá bem e ela não gostou disso. Me explica!!! A sociedade é tão absurda que nos coloca implicações constantes para o que quer que sejamos ou conquistemos dentro dessas regras. Se você ficar muito famoso pagará por não ter uma vida privada, e se você for um operário batalhador do dia a dia, conquistará sua cerveja no final da tarde, e isso te deixará confortável para a jornada das 14 horas do dia seguinte. Aves exibem suas penas e cores, homens exibem seus carros e apartamentos e cartões de crédito. Artistas literalmente podem pintar agora “a natureza morta”. 36


Viajar o mundo e receber toda essa cultura que existe é a única coisa que importa realmente, e que na verdade vejo razão em existir. Conhecer outros países, outros lugares, seus costumes e tradições, para encaixar em alguma coisa que a gente pode falar que vivenciou e essas coisas todas deixarão marcas o suficiente para quando você não existir mais nesse plano, pessoas saberem de sua existência. Sempre pensei que isso fosse a mais importante conquista de qualquer ser humano, mas que grande tolice a minha não é mesmo. Quando vemos documentários de animais na África, aquele leopardo bocejando e apertando os olhos, enquanto ao longe se vê impalas saltando e pastando por toda aquela relva verde. Antes viajávamos e conhecíamos territórios e animais e outras tribos e não precisávamos de passaporte e a linguagem dos sinais e grunhidos funcionavam bem. Como podemos voltar a sermos livres novamente? De várias coisas interessantes desse mundo afora a música com certeza é uma das mais importantes de todas. Música anima o espírito (se é que eles existem!) e de qualquer forma alteram seu humor. Somos sensíveis as músicas, aos seus toques e afinamentos, vozes e instrumentos nos tocam talvez bem mais profundo do que gostaríamos. Eu sempre gostei de rock. No início, iniciado pelos amigos da irmã mais velha, bandas nacionais iniciavam suas carreiras no auge dos meus oito anos de idade nos anos 80. Conhecer Raul Seixas e Iron Maiden mudaram tudo. Confesso que li O Alquimista de Paulo Coelho, e também que gostei muito, pois era ouvindo essas músicas e lendo esse livro, que eu produzia vários desenhos hachurados e sombreados, influenciado também pela arte do grande Bóris Vallejo. A música me ajudou a gostar das artes, pois uma coisa inspira a outra, seja pintura, escrita ou esculpida.

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Hoje não leio mais Paulo Coelho, mas não discrimino quem lê. A falta de preconceito unida à ingenuidade da época mostra-nos aberturas para conhecermos novidades e usufruí-las sem medo. Não dá para acreditar que fomos feitos para ficar até o fim das nossas vidas com o amor eterno da adolescência ou da faculdade. Não do mesmo. E de novo quem foi o idiota que inventou isso, colocou como regra que o monogamismo é o ideal para uma sociedade salutar, com estrutura familiar formada e tudo mais. Por que será que tem tanta gente que se separa e que trai o companheiro ou companheira, que finge e dissimula para levar uma vida as vezes dupla, ou quem sabe até mesmo mais amantes. Fazemos isso por que somos bichos, e na natureza é raríssimo encontrar um animal que fica com apenas um parceiro ou parceira para o resto da vida. E nos forçamos a isso ou fomos forçados, não sei bem, de qualquer forma, possuímos capacidade de gostar de várias pessoas ao mesmo tempo, então por que não aproveitar não é mesmo. O mesmo se diz de religião, política e times de futebol. Tudo criado para nos controlar, acreditamos ter segurança por que todos os domingos têm jogos, missas ou alguma eleição. Somos ovelhinhas, que formamos filas ou aglomerados conforme as regras criadas por eles. Eles quem mesmo? Ai que está, já tem tanto tempo que a sociedade caiu no absurdo da posse material, que esquecemos como é viver livre e com escolha de se fazer o que quiser e quando quiser. Não sabemos quem nos controla, e só pensamos que precisamos pagar as contas no final do mês e comprar aquela TV de 82” que pendura na parede feito um quadro. Talvez meu problema seja ser uma pessoa crédula demais. Mas o problema está no que eu acredito. Teorias da conspiração.

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Leio o assunto e fico pirando e meus miolos fritam com essas ideias loucas, algumas bem absurdas, outras que você para e pensa e chega à seguinte conclusão “se isso é verdade, e aí, o que deveríamos fazer? ” Não sei bem ao certo se tem uma resposta para essa pergunta, eu também tenho medo de “sair da linha” e ver o que rola além do muro invisível. Às vezes sinto muitas saudades de alguns “amigos” que tive na vida. Claro, pessoas passam pelas nossas vidas mesmo, a maioria delas a gente nem se lembra e tem sempre um vazio real rondando e formando um buraco no estomago. Século XXI e as redes sociais dominam todas as relações de comunicação, profissional ou pessoal, afetivas ou negociatas, o que nos me faz pensar “não vou tentar entrar em contato coisa nenhuma, a época já foi, o lance é para a frente, sempre em frente...” Por que querendo ou não, o tempo todo estamos de bico na história de alguém. E alguém também faz história na sua vida. E talvez não seja por que permitimos isso, simplesmente em algum momento de nossas vidas, deixarmos o livro aberto para qualquer um ler e interferir na história se tornou algo normal. Aliás, por que isso é realmente importante? Se você usar um ponto de vista radical, mas completamente viável e acessível, olhar por um telescópio gigante e apontar para o céu, e depois usar um microscópio para ver como é dentro de uma célula humana, entende esse negócio todo, é tudo a mesma coisa e então, por que preocupamos tanto não é mesmo. São exatamente nesses momentos que tenho as melhores ideias. Preciso aproveitá-las e sempre lembrar de anotar, pois com a preguiça tudo se vai muito rápido. Alguns amigos falam que gostariam de voltar à infância ou adolescência e viver toda aquela zoeira e loucuras da época. Eu não gostaria não. 39


Foi uma época muito boa mesmo, tudo o que aconteceu, acho que não mudaria praticamente nada, talvez só algumas coisinhas, mas nada relevante eu acho. Gostei demais de tudo, só acho que daqui para a frente tem que ir sempre melhorando não é. Mesmo assim, quando estava conectado ao MSN e via alguns amigos das antigas online, eu preferia sair, apesar de pensar alguns segundos se valeria a pena um resgate. Mas na maioria das vezes eu acho que não, e quando uso esses recursos, geralmente o interesse é o que normalmente se é, sexo.

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Por conta da Curiosidade Luci tinha 26 anos num corpo distribuído em um metro e cinquenta e cinco de altura e seu rosto não era nem bonito nem feio. Era bem comum na verdade. Ela tinha uma boca carnuda e os olhos grandes e expressivos enquadrados por um cabelo preto cortado como o de um homem, só que repicado com longas pontas. Andava com roupas estilo pin-up e gostava de dançar se esfregando e se contorcendo. Naquela noite Ric (apelido carinhoso que algumas pessoas o chamavam) tinha resolvido que ficaria com Luci. Apesar de seus interesses serem outros e de ela lhe lembrar de uma ex-namorada, ele simplesmente não resistia a uma mulher languida. Ficou encarando aquelas jóias negras que penetravam sua mente tentando acompanhar o movimento de seu corpo e de sua boca. Apontou os dedos para ela e fez um gesto para que o seguisse até o pequeno palco. Foi ela se aproximar o suficiente de Ricardo para ele lhe morder o lábio inferior. Segundos depois eles estavam se atracando. O beijo não era de todo bom, ele teve que segurar a cabeça de Luci para ditar um ritmo mais desejável, já que ela não parava de balançá-la de um lado para o outro. Hora dava umas lambidas, hora mordiscava. Era nítido que ela gostava daquilo, e que homem “não gosta” de ver uma mulher ficar tarada diante de seus olhos. Ficaram nesses movimentos durante um bom tempo e depois foram se sentar em um sofá num canto escuro daquele pub. Entre beijos e amassos eles soltavam algumas frases ou outras tentando parecer interessantes para si mesmos. Ela gostava muito de cultura em geral, ler um bom romance, ver filmes iranianos e ir a exposições de artes grego-romanas, mas ele estava mesmo interessado no seu decote e o quão aqueles seios seriam acariciados pelas suas mãos. 41


Ele não fazia isso para os outros e, portanto começara a ficar cansado daquilo. Disse a ela que aquela noite não poderia levá-la para casa. Poderia ter inventado mil desculpas para poupá-la de algum mal estar indesejado. Mentir era a solução que movia o mundo inteiro e o dos relacionamentos. Ao querer ser sincero e realmente expor suas ideias o choque que isso causava talvez não fosse o suficiente para ser considerado como certo. O problema é que ele acabara de sair de um relacionamento que considerava “estável”, de quase cinco anos e não estava preparado para o que fosse acontecer em sua solteirice. E ele não tinha gostado de ficar totalmente com Luci. Um lance que atrapalha muito no cotidiano humano é a expectativa que você cria de uma pessoa visualmente e o que ela é quando abre a boca pela primeira vez. Enfim ele sabia que iria ficar mais uma vez com Luci e que aquilo acabaria em sexo. Poderia então testar a teoria do beijo. Passou-se duas semanas para reencontrá-la. Nesse período Ric estava procurando o que fazer, tentando organizar idéias e tralhas para seguir a sua vida após a separação. Antes todos os problemas da humanidade fossem só separação, mas o que você leva depois é tão chato e dolorido, quando você bate sem querer o osso da canela na quina da cama. É uma dor que dá raiva. Resolveu que não iria arrumar o apartamento de um quarto e sala. Deixaria ali fotos, roupas, espaços vazios e buracos inertes das coisas de sua ex. Seria uma homenagem e um funeral. Ele não pensava que aquilo poderia atrapalhar qualquer coisa que acontecesse depois por que ele simplesmente não lembrava mais que estavam por ai. Então foi viver a vida. Nesse mesmo dia um amigo de Ric ligou: _ Tocaaa Ric!!! Onde você está cara? _ perguntou Hélio. _ Estou saindo do atelier. O que está pegando? _ Estou em um bar, aqui na rua Augusta, vem pra cá. A Luci também está aqui. 42


Ao ouvir aquilo ele já sabia o que iria acontecer e como a noite terminaria. Pensou que tinha que passar em uma farmácia e comprar camisinhas, mas não fez isso e foi direto pro bar encontrar com eles. Hélio sempre se vestia com elegância, parecia um mafioso da Yakusa com aqueles ternos alinhados e cortes modernos e um chapéu coco na cabeça. Quando ele chegou ao bar logo o viu. E também a Luci, e a Camila e Pat também. E aquele cara que namorava com ela e Ric nunca lembrava o nome. O cara era até gente boa só que ele não costumava memorizar nomes de pessoas que não seguiriam em sua vida. _ Oi pessoal! _ Oi Ric! Todo mundo se cumprimentou e ficaram ali bebendo, flertando, todos meio blazê, falando sobre sexo e relacionamentos. Acho que em qualquer roda de amigos, em qualquer situação, mesmo em uma reunião de trabalho, sei lá, esses assuntos dominam as mesas e sempre tem alguém te olhando diferente ou percebemos quem está de olho em quem. Ou não? Ficou pensando que em sua cabeça que aquilo tudo era uma verdadeira loucura e que ele não entendia por que as pessoas ficavam juntas daquela maneira, tão ciumentas e possessivas. Eram bichinhos de estimação de pessoas inseguras e obedeciam cegamente todas as suas vontades e mimos em troca de sexo. E a maioria das vezes depois de um tempo não era mais tão gostoso de fazer como já tinha sido há tempos atrás. No fim da noite foram parar na porta da casa de Ric e ele já tinha trocado uns beijos com Luci. Mas percebeu algo terrível naquela noite. Ele já não tinha mais paciência mesmo para gente que fala demais querendo parecer mais inteligente do que os outros. Por que falar de Godard ou Truffaut fazia você parecer mais culto e descolado do que falar de revistas em quadrinhos? 43


As pessoas queriam aparecer até com isso, com coisas pequenas, bobas e sem importância, mas que faziam para elas algum sentido, algo que poderiam se sustentar e ser alguém melhor por saber mais sobre assuntos considerados culturalóides. Ric e Hélio só queriam ficar de boa fumando seu baseado e bebendo e falando coisas desinteressantes, e ela ficava lá falando e falando sem parar e fazendo mil caras e bocas e tentado parecer desejosa. Aquilo foi cansando e quando percebeu, olhou o relógio que marcava cinco horas da madrugada e eles não haviam transado ainda e ela estava chatíssima. O tesão havia desaparecido e ele foi ao banheiro lavar o rosto tentando achar alguma sobriedade, pois não sabia como iria fazer aquela noite. Hélio estava impaciente e com sono e em um alto grau de bebedeira e sinceridade que pediu a Ric para levá-la para o quarto e fazê-la calar a boca. Tarefa que obviamente não conseguiu fazer. Os detalhes como a cor de sua calcinha ou a forma que fizeram sexo por quase três horas seguidas não são tão importantes assim para serem contados. Foi árduo, cansativo, trabalhoso e no fim ele não gostou. Ele tinha dado o melhor de si para ela, só que a contrapartida não foi positiva, pelo menos naquele dia. _ Aí gente, eu vou confessar _ Luci estava lá, sentada só de calcinha, meia calça e uma camiseta transparente _ eu sou uma putinha. Ela dizia isso e dava um gole no vinho. Claro que já sabia o que estava acontecendo ali. Essa era a única vantagem que ele via na velhice. A tal experiência realmente conta, quanto mais velho ficamos, mais espertos e cheios de manias também. Explicar a atração de mulheres jovens por homens mais velhos era fácil. Quando novos somos como os filhotes de gazela que só ficam lá pulando e fazendo graça.. 44


Quando velhos somos como lobos, sabemos sobre o tempo e o ritmo, ou pelo menos ele achava que sabia. Ele não solta um uivo à toa e conseguia fazer ecoar um sentido para que todos percebam sua presença. Ele sabe jogar o jogo sem modéstia nenhuma. Mas mesmo assim, mesmo sabendo tudo que sabe foi para cama com Luci e sentiuse triste e ressacado. O lance não era ele ser o melhor do mundo naquilo. Já havia levado várias notas baixas ao longo da vida e até abaixo de zero ele ficou, e tem muita gente que se mata por ficar abaixo da média. Então ele estava no lucro, estava lá e vivendo a parada toda. Lógico que vários fatores ajudavam. A química não ter rolado, o beijo não ter rolado, o cheiro não ter rolado. Se há algo que é fato de imediato para um sexo ser bom e gostoso é que você já vai saber disso no beijo. Se o beijo for do jeito que você gosta e vou te falar, existem mil maneiras de beijar e deixar uma pessoa louca; é bem provável que quando for trepar com essa pessoa do beijo bom, que o sexo seja tão bom quanto. Enfim nas duas próximas semanas ele sabia o que poderia acontecer caso ela tivesse gostado tanto que ficaria lhe procurando. Nesse caso faço uma ressalva por que acho que tem momentos que vivemos que é importante ficar sozinho. E ele queria ficar sozinho, precisava daquilo. Adorava ficar dentro de seu apê com tudo fechado, luzes apagadas somente sentindo o ambiente. Aquilo lhe revigorava e o levava para um mundo onde ele dominava completamente suas emoções. Então há primeira semana foi desse jeito. Ele ia para o atelier e produzia tudo o que precisava para o deixar satisfeito e atender a demanda das galerias. Voltava de noite e só queria tomar um banho quente e deitar no sofá por horas e horas até acordar no outro dia e perceber que seu sofá era bem melhor que sua cama.

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Foi quando o telefone tocou. Era um invento que ele não gostava muito. Sabia da importância para as comunicações e os negócios e para os homens ricos que ficavam mais ricos por conta de telefones, mas aquele aparelho celular que tinha era na verdade uma coleira de uma rede de pessoas que queriam sua presença em algum momento. Não o deixavam ficar sozinho. Mas ninguém pode viver sozinho numa megalópole, ou pode? _ Oi? Mesmo tendo visto o número de Hélio na bina do celular Ric atendeu. Sabia que ele estaria com a Luci. _ E ai man, como você está? _ Cansado cara... _ O que você andou aprontando hein? Hahaha Estou aqui em um bar perto da sua casa sabe, aquele que fomos uma vez, de mesas laranja? _ Sei... _ Então vem pra cá. Estou com a Luci aqui bebendo umas cervejas e trocando idéia. _ Não sei não cara. Ontem eu sai e enchi a cara. Conheci uma chilena linda. Uma pele linda, um cabelo lindo. Fiquei com ela a noite inteira batendo papo e bebendo. Estou cansadão. _ Hahaha você é demais cara! Meu ídolo cara! Como pode isso. Você tem um super poder de atrair mulheres cara. Eu quero ser assim, me ensina como que faz, hahaha! Momentos como esse são constrangedores para qualquer pessoa. Ouviu aquilo e ficou pensando que Hélio e talvez algumas outras pessoas achassem que ele era desses caras que saem à caça de mulheres diferentes a cada noite. _ Então estamos aqui te esperando, se você quiser vir e tal. Então ele decidiu falar o que vinha a sua cabeça e resolver logo a questão: _ Olha Hélio, quero que você fale uma coisa para a Luci. 46


Fale agora que estou contigo no telefone. _ O que é cara? _ Diga a ela que eu não vou ficar com ela hoje. Estou cansado cara, não estou a fim de ver mulher alguma. _ Sério mesmo? É para eu dizer isso? _ É sim. Pode dizer agora, que eu estou falando isso. Despedimos e desligamos os telefones. Eles ficaram no bar bebendo e Ricardo voltou para o sofá onde aquela maravilha mulher com sotaque castelhano dormia feita uma gata enrolada na coberta. Logo depois ela foi embora e até umas onze da noite, quando Luci ligou, eles trocaram mensagens por celular e aquilo foi bem chato também. Imaginou que ser para alguém algo que você definitivamente não quer ser é uma das coisas que mais incomodam em relacionamentos. Por que raios temos que ser super e ultra quando simplesmente podemos ser só nós mesmos, fazendo aquele feijão com arroz que já satisfaz? Ele visualizava aquilo enquanto ouvia as palavras saindo do fone e hipnotizando-o. _ Quer dizer então que você ficou com uma chilena? _ Foi isso mesmo. _ A memória dele o fez viajar para o momento em que viu a chilenita entrar no bar. Ele foi até ela quase de imediato. Conversaram sobre assuntos diversos e terminaram a noite em sua casa. _ E foi bom? _ Foi sim... Ficaram mudos por alguns segundos. _ Eu estou voltando para casa. _ Há! Eu achei que você já estivesse na sua casa. _ Pensei que poderia te ver hoje. _ Hoje não..._ Ele ficou relutante em falar, mas resolveu disparar a sinceridade na qual galgava sua “nova idéia de vida”._E Luci... _ Oi, pode falar. _ Não goste de mim sabe. Eu não sou um cara legal. Por favor, não goste de mim.

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_ Ei, não é isso. Não é nada disso o que você está pensando. _ Mesmo? _ Sim. Eu não vou gostar de você. Só quero saber se você não quer ser meu PA? Ele parou por mais alguns segundos antes de falar: _ Opa, claro! Desligou o telefone e foi dormir. Em seu último relacionamento “sério” com uma mulher Ric aprendeu uma coisa que não se sabe se é uma verdade generalizada e se vale para qualquer pessoa, mas era com certeza uma verdade para ele; a curiosidade valia mais que a intimidade quando o assunto era sexo. E por mais gostoso e perfeito e colorido que havia sido aquilo tudo, ver que havia várias outras mulheres pelo mundo o deixava fascinado de curiosidade de saber se aquela japonesa baixinha de cabelos espetados era mais safada que aquela colombiana ruiva dos olhos azuis e da pele alvacenta. E em qual momento ele pensou que tudo teria mudado. Que tinha mudado.

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Desenho _ Ei olha, esse é meu novo desenho! Carlos levantara um papel com vários traços e cores e formas diferentes e tudo combinava bastante. As outras crianças ficaram curiosas, olhavam espantadas, umas riam, outras faziam "oohhhh" e "uauuu" e a professora chamou a atenção de Carlos e ele caminhou até a mesa dela. Colocou o papel sobre sua mesa e ela fitou-o por alguns minutos sem nada dizer. Pediu licença aos alunos e com o desenho de Carlos na mão foi até a sala da diretora. O aluno ficou junto a classe esperando. Mais de meia hora depois a professora surge, com o desenho na mão e a diretora com sua secretaria ao lado. Ela aponta para o aluno e faz um gesto para que ele as siga. Vão andando pelos corredores da escola passando pelos armários estudantis, pelas salas de aula, até chegarem a um grande portão de madeira, que para Carlos era enorme. Ele levantou sua cabeça ao máximo para ver o topo do batente e nesse momento ouviu o barulho da maçaneta girando. Ao olhar para fora a expressão em seu rosto foi a mesma que seus colegas fizeram para ele ao mostrar o desenho. Lá fora um céu de infinito azul claro contrastava com as poucas nuvens vermelhas. Pássaros coloridos e variados voavam cantando para todos os lados e seguindo o horizonte pode ver uma imensa floresta brilhando uma luz arroxeada de onde minúsculos pontos de purpurina eram rastros de asas de borboletas e libélulas. Dois "unicórnios" trocaram carícias com os focinhos. Pararam e olharam em direção a Carlos. Ele montou em um deles e seguiu em direção ao espaço longíguo, invisível entre céu e terra.

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Esta é uma obra ficcional e quaisquer semelhança com pessoas, lugares e assuntos alienígenas podem ser fofocas e especulações criadas pela mente imaginativa desse humilde artista. ;) Péricles Emr 2016

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