REPOSIÇÃO DE ÁGUA E ELETRÓLITOS NO PERÍODO PERIOPERATÓRIO Alberto Bicudo Salomão MD, PhD.
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Sequência de Prescrição
1. Dieta 2. Sonda Naso-gástrica OU Sonda Naso-enteral 3. Hidratação Venosa: (RL / SF / SG) mais tudo aquilo que entrar junto com a hidratação (NaCl20% / KCl19,1% / Vitamina C , etc ... 4. Antibióticos – colocar o dia de antibioticoterapia (D0 / D1 / D2) 5. Demais medicações e Sintomáticos – colocar primeiro medicações parenterais e depois as medicações orais 6. Cuidados de Equipe – curativo, mobilização e cuidados com drenos, cuidados com sonda vesical, Balanço Hídrico, Dextro, Curva Térmica, Fisioterapia, Oximetria de Pulso, Monitoração Contínua, SSVV, CCGG
Tipos de Dietas
Tipos de Dieta
DIETA VO ZERO: nada pela boca. DIETA LÍQUIDA RESTRITA: chás, suco, água. DIETA LÍQUIDA: tudo liquidificado e coado; não tem resíduos. DIETA SEMI-LÍQUIDA: apenas liquidificada, não é coada, tem resíduos. DIETA LEVE: sopas no almoço e jantar, lanches normais (bolachas...)
DIETA PASTOSA: arroz papa, feijão liquidificado, carne moída, frango desfiado, alimentos macios bem cozidos, pão careca) DIETA BRANDA: sem frituras e sem vegetais cruz DIETA GERAL: dieta livre
HIDRATAÇÃO VENOSA
Br J Anaesth 2006; 97: 755–7.
“Tradicionalmente os pacientes recebem 3 a 5 litros de fluídos EV no dia da operação e cerca de 2 litros dia nos próximos 3-4 dias levando a ganho de 3 a 6kg no período pósoperatório” Fearon K C e col. Enhance recovery after surgery. A consensus review of clinical care for patients undergoing colonic resection. Clinical Nutrition (2005)24, 466-477
FLUIDOS EM EXCESSO – GANHO DE PESO COMPLICAÇÕES Brandstrup B et al. Ann. Surg. 2003;238:641–648.
“ Colocar líquido é mais fácil do que tirar.”
HIDRATAÇÃO VENOSA NO PRÉ-OPERATÓRIO
INDICAÇÕES 1)
PACIENTES SOB JEJUM PROLONGADO ( TRADICIONAL 8 a 12h)
2)
PACIENTES SUBMETIDOS A PREPARO DE CÓLON
3)
SITUAÇÕES MÓRBIDAS DE EXCESSÃO: - Perdas volêmicas agudas no pré-operatório; - Desidratação pré-operatória; - Pacientes em riscos de crise Adsoniana; - Pacientes com níveis elevados de bilirrubinas;
JEJUM PRÉ - OPERATÓRIO
JUSTIFICATIVA: Risco de Aspiração Pulmonar
?
CARECE DE EVIDÊNCIAS !!!!
PREPARO DE CÓLON
FÍSTULAS INFECÇÃO
?
Meta-analysis of colorectal surgery with or without mechanical bowel preparation
Mechanical bowel preparation for elective colorectal surgery: a metaanalysis.
Br J Surg. 2004; 91:1125-30.
Arch Surg. 2004;1359-64.
MAIOR RISCO DE FÍSTULAS ASSOCIADAS AO PREPARO DE CÓLON
PREPARO DE CÓLON NÃO REDUZ A INCIDÊNCIA DE COMPLICAÇÕES SÉPTICAS
CONDUTA ATUAL NO PRÉ-OP SEM JEJUM PROLONGADO e SEM PREPARO DE CÓLON
H.V. PRÉ-OPERATÓRIA PODE SER DESNECESSÁRIA C/ JEJUM PROLONGADO
2 ml / Kg/ hora / jejum
C/ PREPARO DE CÓLON
Reposição (RL ou SF)
HIDRATAÇÃO VENOSA NO PER-OPERATÓRIO
1) 2) 3) 4) 5)
Jejum pré-operatório; Perdas insensíveis; Água perdida para o terceiro espaço; Perdas sanguíneas; Hipotensão por bloqueio de neuro-eixo;
REPOSIÇAO DE PERDAS DECORRENTES DO JEJUM PRÉ-OPERATÓRIO Tradicionalmente ... Adultos: 2 ml – kg – hora de jejum Acerto ... TEMPO DE JEJUM
ml-kg-h
2h
-----
2-4h 4-6h >8h
0,5 1 1,5
REPOSIÇAO DE PERDAS INSENSIVEIS
Tradicionalmente ...
1 a 4 ml – kg – h Acerto ...
1 ml – kg – h
REPOSIÇAO DE AGUA PERDIDA PARA O TERCEIRO ESPAÇO
Tradicionalmente ... PORTE Pequeno Medio Grande
ml-kg-h 4 6 8
PORTE Pequeno Medio Grande
ml-kg-h 2 4 6
Acerto ...
REPOSIÇAO DE PERDA SANGUINEA
PERDA até 7ml-kg ou Ht 2530%
REPOR Cristaloide 3:1 Coloide 1:1
Ht < 25-30%
Repor concentrado de hemacias
Cristal贸ides X Col贸ides 1. Soro fisiol贸gico (SF)
1. Albumina
2. Ringer Lactato (RL)
2. Dextrans
3. Ringer Simples (RS)
3. Gelatinas 4. Amido (starches)
USO DE CRISTALÓIDES Migram rapidamente para o EEC
edema
USO DE COLÓIDES Manter estabilidade hemodinâmica / e fluxo urinário Reposição de perda sanguínea (vol. a vol.)
FLUIDO
OSM
Permanece IV após 2 hs
COST / 0.5L
RL SF 0,9% 25% Alb 6% HES
273 308 1,500 310
20 % 20 % 100 % 100 %
0.45 0.45 1800 63
Fontana & Rainey In: O´Donnell & Nácul, Surgical Intensive Care Medicine. 2001:51-9.
Normal endothelial cell junction
McDonald DM, Microcirculation, 1999
Endothelial cell junction: Inflammatory reaction
McDonald DM, Microcirculation, 1999
OUTRAS HIPOTENSAO POR BLOQUEIOS EM NEUROEIXO HV: 500ML EM 15MIN e-ou vasopressores
Oliveira, 2008 www.projetoacerto.com.br-hidraperi.html
COLECISTECTOMIAS (02 HORAS) 1260-1680ml para 680ml COLECTOMIA (04 HORAS) 2800-3640ml para 1960ml
IMPORTANTE Manter diurese em torno de 0,5ml/kg/h
HIDRATAÇÃO VENOSA NO PÓS-OPERATÓRIO
> Tempo de jejum > Vol. H.V.
FLUIDOS EM EXCESSO – GANHO DE PESO COMPLICAÇÕES Brandstrup B et al. Ann. Surg. 2003;238:641–648.
Reposição de Líquidos no PO Necessidades Hídricas diária de um indivíduo adulto: 30 – 50 ml/kg (média de 40 ml/kg) É norma útil procurar não exceder na oferta hídrica afim de precaver-se de estados de hiper-hidratação e suas conseqências potenciais “RESTRIÇÃO” DE HV PÓS-OP
30 ml/Kg
Qual a melhor solução para reposição de perdas pós-operatórias a ser utilizada ?
Reposição de Líquidos no PO Soluções Glicosadas (frascos de 500 e 1000ml): Relembrando: 1g Glicose – 4cal
SORO GLICOSADO 5%
Cada frasco de 500ml equivale a 100cal: 50g de glicose para cada 1000ml do soro
SORO GLICOSADO 10%
Cada frasco de 500ml equivale a 200cal: 100g de glicose para cada 1000ml do soro.
Reposição de Líquidos no PO
Outras Soluções Cristalóides Rotineiramente Utilizadas SORO FISIOLÓGIC O A 0.9%
RINGER SIMPLES
RINGER LACTATO
Água – 100ml
Água – 100ml
Água – 100ml
NaCl – 0.90g
Lactato de Sódio – 0.3g
NaCl – 0.6g
NaCl – 0.6g
KCl – 0.03g
KCl – 0.03g
CaCl diidratado – 0.02g
CaCl diidratado – 0.02g
RELEMBRE !
JEJUM Um adulto normal em jejum absoluto, satisfaz suas necessidades energéticas com catabolismo
87% de gorduras (que fazem parte das reservas do organismo) 13% de proteínas (que fazem parte da estrutura de órgãos, uma vez que o organismo não tem reservas de proteínas)
Ácido alfacetoglutárico
Ácido acetoacético
Tais compostos cetônicos em excesso levam a acidose metabólica, no contexto de um processo conhecido como CETOSE DE JEJUM
RE-ALIMENTAÇÃO: PREVINE A CETOSE DIMINUIR TAMBÉM A PERDA PROTEÍCA (NITROGENADA) DECORRENTE DO JEJUM REVERTER A RESISTÊNCIA PERIFÉRICA A INSULINA
Reposição de Líquidos no PO
Não !
???
Não poderíamos no PO prescrever 300, 400, 500g, insulina de glicose afim Resposta ao trauma: estáEV suprimida, de promover um excelente aporte glucagon aumentado, e estão ocorrendo lipólise, calórico ? glicogenólise e neo-glicogênese.
Tendência a: hiperglicemia, acúmulo de corpos cetônicos e uréia sanguinea (tais substâncias são fortes determinantes da osmolaridade plasmática).
A oferta de um valor de glicose EV superior a 100-150g: estado hiperosmolar, com suas consequência: coma hiperosmolar e morte
RE-ALIMENTE SEU PACIENTE !!!!
E em uma operação bem mais complexa ????
Exemplo: Paciente M.S.A a uma esofagectomia transtorácica, devido a um CA de Esôfago.
Ă&#x2030; possĂvel re-alimetar precocemente este paciente ? Como ???
EM SITUAÇÕES COMPLEXAS, OPERAÇÕES DE GRANDE PORTE ... O CIRURGIÃO DEVE NO INTRA-OPERATÓRIO ESTAR PREOCUPADO EM CONSEGUIR UMA VIA PARA SUPORTE NUTRICIONAL PRECOCE NO PÓSOPERATÓRIO.
Balanço Hídrico - BH
Em alguns casos (pacientes instáveis, cirurgias de maior porte), o BH será fechado já no POI, em períodos de 6, 8 ou 12h. Todavia, para a maioria de nossos pacientes, fecharemos o primeiro BH na manhã do dia seguinte à operação GANHOS
EV: __ ml VO: __ ml AE: 400 a 600 ml
PERDAS
Diurese: __ ml ( __ ml/kg/h) Sondas: __ ml (caract.) Drenos: __ ml (caract.) PI: 800 a 1000 ml BH = GANHOS - PERDAS
SE NÃO HOUVER RETORNO DA DIETA
> 24H MANTER HIDRATAÇÃO VENOSA INICIAR REPOSIÇÃO DE ELETRÓLITOS
Reposição de Eletrólitos
Iremos de rotina repor somente os íons sódio e potássio, na medida que estes representam respectivamente os principais íons extra e intra-celular IREMOS REALIZAR TAL REPOSIÇÃO APENAS NOS CASOS QUE SE FIZER NECESSÁRIO E À PARTIR DO PRIMEIRO PO APRESENTAÇÃO DOS ELETRÓLITOS: NaCl 20%
3.4MEq/ml (amp 10ml)
KCl 19,1%
2.5Meq/ml (amp 10ml)
Reposição de Eletrólitos
REPOSIÇÃO DE SÓDIO ENTÃO, NOS EO CASOS QUE NECESSÁRIOS, NOS IMPORTA COMO ? IREMOS A Dosagem de Na+ iráISSO nos indicar a quantidade de água no SÓDIO ? organismo, ou seja,REPOR o nível O deÍON hidratação, o que será um reflexo osmolaridade plasmática A omissão dedaSódio da prescrição poderá se associar a
hiponatremia e hiposmolaridade, o que pode acarretar a Valorchamada Normal Na+ Síndrome Sérico de = 135 Intoxicação a 145 Meq/l Aquosa, ou “coma hiposmolar”, com redução global do espaço extraOsmolaridade plasma = 280hipovolemia, a 300 mOsm/kg vascular, hipotensão, coma e morte (aumenta na desidratação e caí na reposição de volume)
1 a 3 MEq / Kg
Glicose, uréia e o íon sódio são os principais responsáveis pelo Já uma reposição excessiva de Sódio irá se associar equilíbrio osmolar. Podemos calcular rapidamente a Ex.: com paciente com sódio de 160MEq/l 120MEq/l a hipernatremia, com estadosà hiperosmolares osmolaridade plasmática de umos paciente beira do leito pela ao já mencionado “como hiperosmolar” Osmlevando = 320 240 mOsm/l; portanto está hiperosmolar hiposmolar - hemodiluido - desidratado fórmula simplificada: Osm plasma = Na+ x 2
Reposição de Eletrólitos
REPOSIÇÃO DE POTÁSSIO Lembre-se que no POI ocorre uma tendência a hiperpotassemia, devido a destruição celular intensa no ato cirúrgico, com grande liberação íon. Assim, nesse momento não iremos repor potássio No PO contudo, dá-se uma tendência de perda de potássio, o que torna necessária sua reposição parenteral para os casos de jejum prolongado Valor Normal K+ Sérico = 3.5 a 5.0 Meq/l
REPOSIÇÃO:
1 a 2 MEq / Kg
LEMBRE-SE DA DESNUTRIÇÃO INTRA-HOSPITALAR IATROGÊNICA !
CASO HAJA PREVISÃO DE JEJUM POR MAIS DE 3-4 DIAS, PENSE EM UMA VIA ALTERNATIVA DE SUPORTE NUTRICIONAL !