Informe Paraguaçu n°03

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Informe Paraguaçu :: Publicação Especial do Projeto Aguás do Paraguaçu Restauração ecológica da microbacia do córrego Ibicoara: uma estratégia para conectar florestas, pessoas e negócios.

Núcleo Chapada - Instituto de Permacultura da Bahia :: Edição 3 :: Ano 03 :: Dezembro de 2019

RESTAURAÇÃO ECOLÓGICA: CUIDANDO DE ECOSSISTEMAS E DAS PESSOAS ENVOLVIDAS p. 10

ASSOCIATIVISMO

FAMÍLIAS

COMO ESTRATÉGIA

SISTEMA

PARCERIA COM

TECNOLOGIA

SAF’s LANÇAM

AGRICULTORAS

DE FORTALECIMENTO

AGROFLORESTAL

A PREVFOGO É

SOCIAL: TERREIRO

NOVO OLHAR

MOBILIZAM AÇÕES

PARA AGRICULTORES

COM CAFÉ FECHA UM

DESTAQUE NO

SUSPENSO NA

SOBRE A FAZENDA

DE RESTAURAÇÃO

FAMILIARES

CICLO SUSTENTÁVEL

7° WILDFIRE

SECAGEM DO CAFÉ

IBICOARA

AMBIENTAL

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ASSOCIATIVISMO COMO ESTRATÉGIA DE FORTALECIMENTO PARA AGRICULTORES FAMILIARES

O fortalecimento das relações entre as

O segundo dia começou com degustação

famílias agricultoras da comunidade da Fazenda

do café produzido na própria região e o grupo

Ibicoara foi o propósito do Curso de Associativismo

conheceu diferentes processos de coagem como

realizado nos dias 1 e 2 de novembro.

a prensa francesa, coador de papel e o coador de

metal com parede dupla.

A formação envolveu os participantes do

projeto Águas do Paraguaçu e ressaltou a força da

união das famílias agricultoras para reorganizar a

do presidente da associação da comunidade

associação atual ou até criar uma nova.

disponibilizando o estatuto para conhecimento de

O curso foi facilitado por Felipe Toé,

todos. A comunidade possui uma associação que

advogado e assessor jurídico de cooperativas de

foi fundada no ano 2000 e embora não tenha a

pequenos agricultores, e serviu para empoderar a

presença de um socio-fundador continua ativa.

comunidade de conhecimentos sobre as vantagens

do associativismo na conquista de objetivos

pode começar a partir da reunião de um grupo de

comuns e despertar o potencial presente nos traços

7 pessoas que tenham interesse em comum e que

culturais de uma comunidade comprometida com a

sejam realmente todos agricultores e do mesmo

restauração ecológica da Chapada Diamantina.

porte econômico para que não haja nenhuma

vantagem, nem financeira.

No primeiro dia foi discutido sobre as

Retomamos a atividade com a participação

Uma associação de agricultores familiares

dimensões do associativismo e os processos

necessários para a fundação de uma associação.

público e que o ambiente seja aberto. Usar as

Na fundação é importante que o local seja

redes sociais para divulgação, além também das estratégias que já existem como colar cartaz na igreja, em postos de saúde da família e etc., também são cuidados necessários.

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Dentre as vantagens de uma

associação destaca-se a oportunidade de crescimento para todos os associados como por exemplo a compra de equipamento para uso comum como uma máquina de despolpar café. Uma associação pode cobrar pelos serviços prestados e isso é importante porque ela precisa de renda. Um

dos objetivos pode ser oferecer equipamentos para melhorar a forma de produção para os associados.

O estatuto é um documento que representa

comunidade que conheça o manejo, o beneficiamento

a lei da associação, tem que, ter objetivos e

e os traços culturais da comunidade que além de

finalidade. Os objetivos são a parte do estatuto que

produzir um café especial está comprometida com

diz sobre a identidade da associação.

a restauração ecológica da Chapada Diamantina.

Felipe

ressaltou

a

importância

dos

Outro potencial é um vendedor da

Como experiência local bem sucedida foi

documentos de registro da associação estarem

citado o caso das cooperativas de cafés especiais de

dentro da legalidade, isso inclui o pagamento de

Piatã que ao longo de 20 anos vem construindo um

algumas taxas como o registro de ata de fundação e

novo modelo de produção

estatuto e a necessidade de ter um contador.

melhorias para todos os cooperados.

Na associação cada produtor transforma

que

tem

trazido

“Meu nome é Felipe Toé eu trabalho em

Já as

comunidades como a de vocês, sindicatos de

cooperativas recebem os produtos transformando-

trabalhadores rurais e também com associações.

os em um só produto. No seguimento de cafés

Nosso propósito é de trazer para vocês o Curso

especiais o formato de associação é o mais

de Associativismo para que vocês tenham certeza

indicado, pois é preciso saber de quem é o produtor.

de que depende de vocês da união de vocês para

Existe uma identidade entre o café o

poder reorganizar a associação e se vocês acharem

produtor que faz com que cada café tenha o seu

importante, trazer para a comunidade uma

próprio “DNA” e o comprador quer saber qual é o

associação de produtores de café, micro produtores

“DNA” do café.

ou pequenos produtores de café. Eu agradeço a

o seu produto e a venda é individual.

oportunidade de poder participar desse projeto que já tem três anos e meio de duração”.

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SISTEMA AGROFLORESTAL COM CAFÉ FECHA UM CICLO SUSTENTÁVEL

De 4 a 6 de novembro de 2019 as famílias

agricultoras integrantes do projeto Águas do Paraguaçu participaram do Curso de práticas agroecológicas para a cafeicultura que destacou a importância da agrofloresta para o melhoramento da produção do café. A assessoria foi feita por Kleumon Moreira, agricultor especialista em pós-colheita, que ao final ensinou como fazer a montagem de um sistema de terreiro suspenso. Esse terreiro contribui para o melhoramento da qualidade do café após a colheita.

A comunidade da Fazenda Ibicoara já produz

um café considerado especial, porém essa qualidade se perde no processo de beneficiamento. A transição agroecológica para o modelo de produção de cafés especiais é feita em etapas a partir de estratégias simples como colheita seletiva, a secagem em terreiro suspenso, até o café ficar pronto para ser armazenado.

No sistema agroflorestal o cultivo do café

é feito em um sistema de consórcio de espécies funcionais com espaçamento entre as árvores, proporciona biodiversidade, alimento saudáveis para as famílias e aumento de produtividade.

No manejo agroecológico existem estratégias

como deixar o capim crescer nas entrelinhas para manter a terra coberta, por exemplo. Com essa prática a cobertura do capim vai adubando o solo e ainda mantendo a temperatura baixa.

No início é difícil fazer toda a colheita

seletiva. “Vai ter um pouco de trabalho até as famílias irem se adaptando a esse processo de qualidade, porque hoje para sobreviver no café tem que fazer café de qualidade” complementa Kleumon. A primeira mudança é enxergar o café como um alimento. O café é uma fruta que se amadurecer demais ou se grão estiver verde perde valor de mercado. O ponto dele é o cereja.

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Seja pelo baixo valor pago por lata ou

Outra possibilidade é cada um ter um

para diminuir o tempo e aumentar o volume de

despolpador manual e adaptar um motor, nesse

produção, o hábito de raspar o galho é uma cultura

caso só descasca e não separa os frutos verdes

muito enraizada nos que trabalham na colheita do

tem que colher só os maduros. Custa em torno de

café. É preciso fazer a separação dos grãos do maior

R$5mil. Esse faz em torno de 30 a 40 latas/hora. O

para o menor, do verde para o cereja e separar tudo.

despolpapor menor é mais portátil e com qualquer

A produção será em menor quantidade, mas em

carrinho é possível fazer o transporte de uma

maior qualidade.

propriedade para a outra.

Após a colheita seletiva, o próximo salto de

São medidas que – podem ser adotadas pelo

qualidade é na secagem fora da terra O problema

grupo produtivo interessado que precisa decidir

todo é o café ir direto para o chão. Você tem que

qual porte do equipamento vão adquirir e como

usar uma lona, qualquer coisa que separe o café

será o uso compartilhado de forma planejada de

do chão para ir melhorando a qualidade. “A terra

acordo com a época da colheita seletiva.

puxa todo o segredo do café” lembra Seu Messias,

agricultor participante do projeto.

um processo de classificação como “bica corrida”,

Uma alternativa simples é a secagem em

por exemplo, quando o grão não tem separação

lona, deixando sempre coberta durante a noite

de peneiras e é o cliente que irá processar. Quanto

para evitar a umidade. Depois de seco, pode ser

mais a entrega do café for pronta o valor sobe.

Após a colheita seletiva o café passa por

armazenado em sacos para descansar. Não pode molhar quando começa a secar. Também é possível reutilizar os sacos de adubo para armazenar café, mas é preciso lavar para que não contamine o cheiro.

Os agricultores participaram da construção

de uma tecnologia social de secagem do café conhecida como terreiro suspenso ou terreiro de bancada. Esse modelo de secador de café suspenso surgiu na Etiópia (África), numa região bastante pobre.

Pela proximidade entre as propriedades é

mais estratégico a aquisição de um despolpador de porte médio que separa os grãos verdes e despolpa de 100 a 120 latas/ hora e custa em torno de 12 a R$13 mil.

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PARCERIA COM A PREVFOGO É DESTAQUE NA 7° EDIÇÃO DO WILDFIRE

As propriedades rurais participantes do

projeto Águas do Paraguaçu que compõem a Fazenda Desde 2016, quando o projeto Águas do

Ibicoara estão em áreas sensíveis, principalmente

Paraguaçu iniciou suas atividades uma relação de

as mais próximas do entorno da porção sudoeste do

parceria com a Brigada Federal de Assentamento

Parque Nacional da Chapada Diamantina - PNCD,

Rosely Nunes - Itaetê/Ba Prevfogo vem se

a sofrerem desmatamento, incêndios florestais em

fortalecendo.

áreas remanescentes de Mata Atlântica.

Os frutos dessa parceria foram destaque

Durante

o

processo

destacamos

a

na 7ª edição do Wildfire 2019 Brasil - Conferência

participação nos Cursos de Restauração Ecológica,

Internacional sobre Incêndios Florestais realizada

Curso de Produção de mudas e coletas de sementes,

em Campo Grande/MS nos entre 28/10 a 01/11/19.

Palestra de Incêndio Florestal, retirada dos

Na conferência o pôster do projeto foi representado

fatores de degradação e implantação de Sistemas

por Rejane Carneiro Salvador de Oliveira - Gerente

Agroflorestais (SAF).

Estadual do Fogo - PREVFOGO/IBAMA e Denilson

Foram implantadas 21 técnicas de restauração

Barbosa de Oliveira - Coordenador Estadual do

de áreas degradadas, com utilização de 110

PREVFOGO/IBAMA/BA.

espécies regionais e 40.000 mudas plantadas, com

mortalidade de 5% em outubro de 2018.

Um dos principais objetivos da Conferência

Internacional sobre Incêndios Florestais (Wildfire) é a troca de conhecimentos entre profissionais de todas as nacionalidades ligados ao manejo do fogo e ao controle de incêndios florestais.

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São 30 brigadistas envolvidos que já

participaram de ações como plantios de espécies nativas regionais, com técnicas distintas, em áreas de fragmentos florestais e áreas desmatadas, manutenção e monitoramento da restauração ecológica e capacitações através de palestras.

O envolvimento dos brigadistas no processo

de restauração ecológica foi fundamental para o alcance dos resultados do projeto e fez com que a equipe do PA Rosely Nunes, município de ItaetêBA, hoje esteja mais apta para as atividades de conservação que desenvolvem.

Na visão de Reinaldo, chefe de Brigada

Prevfogo e participante ativo desde o início das atividades “algumas pessoas tem o hábito de ver a terra limpar e, desse jeito, achar que tá zelando mais do que o outro. Você pode até passar a foice, mas deixar a cobertura. Até hoje você vê uns tipos de roça que só é pastagem. E outros que você vê a cobertura em cima por causa da umidade ne”.

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TECNOLOGIA SOCIAL: TERREIRO SUSPENSO NA SECAGEM DO CAFÉ

Na região onde fica a nascente de Bocaina,

mora o agricultor Seu Cloves ou Tota como é conhecido na Fazenda Ibicoara. Assim como seus pais, nasceu e cresceu na região e trabalha junto com sua esposa Dona Dimar com quem tem 3 filhos, todos agricultores.

Quando ainda era solteiro foi trabalhar

em São Paulo, mas depois voltou atraído pela agricultura. O cultivo do café nacional já era feito desde a época de seu pai; “pra catar café antes, a gente subia de escada e enchia os baldes” lembra Seu Tota.

A produção de café e mandioca sempre

foram tradição na família que dispõe de água na propriedade. “Tem o brejo que alagava na época da cheia nesse tempo mesmo agora, plantava arroz

construção de uma tecnologia social de secagem do

e feijão produzia bastante. A região era chuvosa

café conhecida como terreiro suspenso ou terreiro

quando chega setembro a janeiro era época de

de bancada.

chuva. Hoje é mais difícil.” Seu Cloves, novembro

de 2019.

qualidade para o seu café é, na secagem, sair do

O sistema agroflorestal consorcia espécies

terreiro de terra. “A neblina às vezes vai até um

de interesse do agricultor e também as espécies

dia todo sem dar uma trégua. Aí pode demorar

arbóreas desse ecossistema. Dessa forma o

um pouco mais a secagem por isso” relembra seu

agricultor pode ter floresta e garantir a soberania

Tota. Ao final da atividade seu Osvaldino avalia que

alimentar da família e até aumentar a renda com a

“se nós tivermos a condição de secagem boa, nós

diversificação desses cultivos.

conseguimos isso aí que ele tá dizendo.”

Seu Tota tem um plantio de café encostado

O primeiro passo para conseguir trazer

O envolvimento da comunidade local no

naquela mata e recebeu assessoria em técnicas

processo troca de saberes e a construção paulatina

agroecológicas na cafeicultura e pela proximidade

de uma consciência de preservação dos bens

com outros agricultores a sua propriedade foi

naturais é dos resultados que o projeto Águas do

escolhida como local para realização da prática de

Paraguaçu trouxe para comunidade local.

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SISTEMAS AGROFLORESTAIS LANÇA NOVO OLHAR SOBRE A FAZENDA IBICOARA

“É importante manter as bordas bem feitas,

porque o vento atrapalha. Uma alternativa é a Grevílea que faz muita cobertura e também é uma

O clima ameno na Chapada Diamantina

aliado a altitude e as baixas temperaturas, ajudam a produzir alimentos e plantar árvores como é a produção dos Sistemas Agroflorestais com o Café. Prática incentivada pelo projeto Águas do Paraguaçu.

“Geralmente a gente planta café, feijão,

milho, verduras.” Assim a agricultora Dona Laura Chagas descreve as culturas de sua propriedade situada próxima à nascente do Valo, a 1050 metros de altitude.

Junto com seu marido Seu Manoel Messias

faz parte de um grupo de 34 famílias agricultoras da Fazenda Ibicoara que estão mobilizadas a melhorarem a qualidade de vida e do ambiente.

A produção de alimentos em um ambiente

de floresta permite que as famílias agricultoras mantenham cultivos tradicionais como mandioca e café e estabeleçam consórcios com diferentes espécies e que promovam a restauração dos processos ecológicos da região.

leguminosa, ela fixa nitrogênio no solo“ explica Kleumon Moreira, técnico responsável pelo curso de técnicas agroecológicas na cafeicultura. O vento retira a umidade das plantas e compromete seu desenvolvimento.

É a própria família de agricultores que fazem

todo trabalho: colheita, despolpa e seca. Assim o trabalho é dividido para não ficar pesado.

A produção de café especial exige algumas

medidas que estão ao alcance de todos e oferece grandes vantagens. Para quem trabalha na colheita machuca menos a mão e é um trabalho mais moderado. As apanhadeiras lá tão ganhando numa faixa de R$50 a R$100 a diária. “Nem uma empresa grande, como a Fazenda Progresso, não paga uma diária dessa.” Edgar.

O potencial da Fazenda Ibicoara para

ser uma região produtora de micro lotes de café especial é grande. “Vai ter um pouco de trabalho até as famílias irem se adaptando a esse processo de qualidade, porque hoje para ter um bom resultado com o café tem que fazer café de qualidade”

complementa Kleumon.

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RESTAURAÇÃO ECOLÓGICA: CUIDANDO DE ECOSSISTEMAS E DAS PESSOAS ENVOLVIDAS

Depois de três anos a paisagem da Fazenda

incêndios no ano e nesses três anos de projeto

Ibicoara vem mudando com o envolvimento das

apenas um aconteceu. O projeto trabalhou muito o

famílias agricultoras do Projeto Águas do Paraguaçu

tema incêndio florestal, uma vez que é o fator de

que contribuem com a manutenção dos campos

degradação das áreas em restauração.

implantados.

Ao longo desse ano, realizamos dois

ecossistemas quanto para as pessoas envolvidas.

cursos, encontros de trocas de experiência, sobre

Mobilizar as famílias em torno da restauração foi

restauração ecológica e a manutenção das áreas.

um foco de trabalho desde o início da primeira fase

O diálogo entre as famílias proprietárias fortalece

do projeto, hoje 14 famílias fazem a capina de suas

o compromisso com o processo de restauração das

áreas, o que já é uma grande ajuda para o processo

áreas onde vivem. Uma das agricultoras relatou

de restauração e também uma esperança.

que antes era só mato, que usava a área apenas de

passagem e que hoje virou um lugar onde ela vai

processo de restauração ecológica de 30 hectares

com os netos para eles “malinarem”.

de Floresta estacional semidecidual, envolvendo

São comuns relatos do notável aumento

40 propriedades e 38 famílias. A fazenda Ibicoara

dos passarinhos nas áreas, mas o que chama

é vizinha de uma das zonas intangíveis do Parque

atenção é como as árvores estão crescendo e como a

Nacional da Chapada Diamantina e abriga os

mortalidade das mudas foi maior nas áreas.

últimos remanescente deste tipo de floresta da

Uma troca muito interessante é sobre os incêndios

região.

florestais. Os agricultores relatam que antes a Fazenda Ibicoara tinha mais de dois grandes

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A restauração é um processo tanto para os

O projeto Águas do Paraguaçu deu início ao


FAMÍLIAS AGRICULTORAS MOBILIZAM AÇÕES DE RESTAURAÇÃO AMBIENTAL

Basta entrar no quintal da agricultora

de 5 mil árvores. Essa é uma espécie de porte maior

Adenir Ribeiro dos Santos para se deparar com

e mais resistente do que a arbustiva e tão antiga

uma imponente jaqueira de mais de 100 anos.

que ”tem ali um pé que a gente nem sabe quem

Dona Adenir, nasceu em Campo Alegre, povoado de

plantou”.

Ibicoara, e ao lado dos filhos Jucelino e Jucelito é

responsável por cuidar do Sítio Engenho Velho, na

famílias agricultores do Projeto Águas do Paraguaçu

Fazenda Ibicoara.

vem desenvolvendo um olhar diferente sobre os

Na sombra da jaqueira, Dona Adenir

bens naturais, buscando uma nova forma de se

recebeu em sua propriedade a visita técnica de

relacionar com a natureza, integrando o sistema

Kleumon Moreira técnico responsável por facilitar

produtivo à sucessão de processos ecossistêmicos.

o curso de técnicas agroecológicas na cafeicultura

Em 3 anos e meio de processo formativo as

destinado às famílias agricultoras participantes do projeto Águas do Paraguaçu, ocorrido emnovembro de 2019.

“Quando eu vim pra aqui era tudo mata”

explica Dona Adenir que é uma das poucas agricultoras que ainda cultivam a primeira variedade de café no Brasil que se chama típica ou nacional e tem uma produção

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Dona Adenir afirma que sua renda principal

Dona Lourdes é uma das agricultoras

vem da roça de café, mas também planta outras

participantes do projeto que mora no povoado

culturas como feijão e hortaliças. As estratégias

vizinho de Cascavel e diariamente faz o percurso até

adotadas no seu sítio envolvem a intensificação da

a sua propriedade na Fazenda Ibicoara. “Venho de

cobertura do solo, com a presença de matéria seca

lá todo dia porque aqui a terra é vermelha, próxima

nas entrelinhas do café e o consórcio com árvores

da região de mata. Lá é mais a região dos gerais”.

frutíferas e nativas nas bordas, com a presença

Com uma produção de café, morango e feijão Dona

de leguminosas como o Canjão e a Grevília.

Lourdes também aposta em outro potencial para

Jucelino acompanha a mãe no trabalho desde

a geração de renda que é o beneficiamento das

cedo e aprendeu que “hoje a gente tem que ter um

frutas da região como a amora que está presente no

pouquinho de tudo pra ajudar”.

quintal de todas as casas.

Jucelito mora ao lado da mãe e conta que na

região o período de colheita do café mobiliza toda a comunidade. “Aqui no tempo que vai catar o café é um livramento, aqui vira até lama” disse Dona Adenir.

Durante

agroecológicas

a na

assessoria

em

técnicas

cafeicultura

as

famílias

agricultoras sentiram-se bastante entusiasmadas para adoção de boas práticas na perspectiva da produção de cafés especiais.

Equipe técnica - Coord. Geral: Catarina Camargo | Coord. Técnica: Ana Cláudia Costa Destefani |Consultoria de Mapeamento: Daniele Villar | Técnico de Campo: Lourinaldo Mourato | Auxiliar Administrativo: Camenilza Santos | Coord. Administrativo: Leila Aquino | Comunicador: Ravi Santiago EXPEDIENTE - Textos: Ravi Santiago | Revisão: Catarina Camargo e Cinara Del Arco| Projeto Gráfico: Ravi

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Parceria:

Apoio:

Iniciativa:

Realização:

Santiago | Fotos: Leila Aquino, Ravi Santiago e Arquivo IPB


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