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Cadernos de Educação Ambiental
H A B I TAÇ ão S U S T E N TÁV E L
Autores
Christiane Aparecida Hatsumi Tajiri Denize Coelho Cavalcanti João Luiz Potenza
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE COORDENADORIADEPLANEJAMENTOAMBIENTAL SÃO PAULO – 2012
Biblioteca – Centro de Referências de Educação Ambiental S24h SãoPaulo (Estado)SecretariadoMeioAmbiente/CoordenadoriadePlanejamento Ambiental.HabitaçãoSustentável.Tajiri,Christiane,AparecidaHatsumi;Cavalcanti, Denize Coelho; Potenza, João Luiz. – São Paulo : SMA/CPLA, 2011. 120 p. : 15,5 x 22,3 cm (Cadernos de Educação Ambiental, 9)
Bibliografia ISBN – 978-85-86624-87-2
1.HabitaçãoSustentável2.EficiênciaEnergética3.Água-SeleçãodeMateriais I.Tajiri,Christiane,AparecidaHatsumi,II.Cavalcanti,DenizeCoelho,III.Potenza, João Luiz IV. São Paulo (Est.) Secretaria do Meio Ambiente V. Título. VI. Série.
CDU 349.6
1a reimpressão
2012
Governo do Estado de SĂŁo Paulo Governador
Geraldo Alckmin
Secretaria do Meio Ambiente SecretĂĄrio
Bruno Covas
Coordenadoria de Planejamento Ambiental Coordenadora
Nerea Massini
Sobre a Série Cadernos de Educação Ambiental
A
sociedadebrasileira,crescentementepreocupadacomasquestõesecológicas,merecesermaisbeminformadasobreaagendaambiental.Afinal,o
direitoàinformaçãopertenceaonúcleodademocracia.Conhecimentoépoder. Cresce,assim,aimportânciadaeducaçãoambiental.Aconstruçãodoamanhãexigenovasatitudesdacidadania,embasadasnosensinamentosdaecologia edodesenvolvimentosustentável.Comcerteza,amelhorpedagogiaseaplicaàs crianças, construtoras do futuro. ASecretariadoMeioAmbientedoEstadodeSãoPaulo,preocupadaem transmitir,deformaadequada,osconhecimentosadquiridosnalabutasobrea agendaambiental,criaessainovadorasériedepublicaçõesintituladaCadernos deEducaçãoAmbiental.Alinguagemescolhida,bemcomooformatoapresentado,visaatingirumpúblicoformadoprincipalmenteporprofessoresdeensino fundamental e médio, ou seja, educadores de crianças e jovens. OsCadernosdeEducaçãoAmbiental,emfacedasuapropostapedagógica, certamentevãointeressaraopúblicomaisamplo,formadoportécnicos,militantesambientalistas,comunicadoresedivulgadores,interessadosnatemáticado meioambiente.Seustítulospretendemserreferênciasdeinformação,sempre precisas e didáticas. Osprodutoresdeconteúdosãotécnicos,especialistas,pesquisadorese gerentesdosórgãosvinculadosàSecretariaEstadualdoMeioAmbiente.Os CadernosdeEducaçãoAmbientalrepresentamumapropostaeducadora,uma ferramentafacilitadora,nessadifícilcaminhadarumoàsociedadesustentável.
Títulos Publicados • As águas subterrâneas do Estado de São Paulo • Ecocidadão • Unidades de Conservação da Natureza • Biodiversidade • Ecoturismo • Resíduos Sólidos • Matas Ciliares • Desastres Naturais
Apresentação do Secretário
O
setordeconstruçãociviléresponsávelpeloconsumodeaproximadamente40%dosrecursosnaturaisecontribuicomumterçodas
emissõesdegasesdoefeitoestufa.Portanto,aadoçãodenovastecnologiasnaconstruçãooureformasdehabitaçõesminimizameevitamos grandes impactos ambientais. Aadoçãodeumahabitaçãomaissustentáveltrazumasériedebenefícios,comoaminimizaçãodousoderecursosnaturaisedageraçãodepoluição,odesenvolvimentodaeconomialocaleaformalidadenasrelaçõesde trabalho,alémdoaumentodaeficiêncianousoderecursosfinanceirosna construção e valorização do imóvel pelo mercado. Outropontorelevanteabordadonapublicaçãoéaquestãodaescolha doterreno.Émuitoimportantequeomoradorantesdaaquisiçãodoterreno oudacasa,verifiqueseamesmanãoestálocalizadaemáreasdepreservaçãopermanente,áreascontaminadaseemáreascompotencialaenchentes, risco, hoje, tão comum nas grandes cidades. Iniciativassocioambientaisadotadasnaconstruçãoereformadeuma habitaçãosãofundamentaisparagarantiroavançoeconômicocomaharmonia da natureza.
Bruno Covas Secretário de Estado do Meio Ambiente
SUMÁRIO
01. Introdução • 11 02. Estado atual da Construção Civil • 15 03. O que é Sustentabilidade? • 19 04. Cuidados Necessários ao Adquirir um Imóvel • 23 05. O Que é uma Habitação Sustentável? • 29 06. Eficiência Energética • 33 07. Conservação da Água • 47 08. Seleção de Materiais • 59 09. Conforto Térmico • 75 10. Acessibilidade – Desenho Universal • 83 11. Estudos de Casos • 87 12. Avaliação de Sustentabilidade (Certificação) • 97 13. Políticas Públicas – Construções Sustentáveis • 101 Glossário • 105 Referências Bibliográficas • 109
Introdução
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caderno de educação ambiental habitação sustentável
1. Introdução
A
salteraçõesclimáticasobservadasnosúltimostemposrepresentam umdivisordeáguasnosetordaconstruçãocivil.Estudosdemonstram,
deformainquestionável,adimensãodosimpactosambientaisdecorrentes dessaatividade;favorecendo,assim,abuscaporformasalternativasdeconstrução. Grandepartedamudançapodeserverificadanouniversodasconstruções voltadasparaahabitação,setorquevemdespontandocomoumdosmaisaptos apromoveraeconomiadebaixocarbono,tãoemvoganodiscursodegovernos eempresasecujoobjetivoconsisteemfornecer,aoconsumidor,alternativas compotencialcadavezmenordeemissõesdegasesdeefeitoestufaegeração depoluentes,iniciandoumprocessodemudançacultural,noquedizrespeitoàs formas de se habitar um imóvel. Aconjugaçãodemelhordesempenhocommaiorcompetitividadesóépossívelapartirdemudançasdenaturezatecnológicaegerencial.Énecessáriolembrarque,enquantoopilareconômicoécondiçãoessencialparaosurgimentode umaempresa,ospilaressocialeambientalsãoresponsáveisporseucrescimento eperenidade.Asociedadevemcadavezmaisexigindoumagestãoresponsável ecompetitivaporpartedasempresas,deformaqueresponsabilidadeecompetitividadedevemcorresponderaaçõescomplementaresenãoexcludentes. Asrespostasparaasdemandasrelacionadasàlegislação,àopiniãopública eaosproblemasglobais–dentreosquaisadegradaçãodosrecursosnaturais, asmudançasclimáticas,apobrezaeacorrupção–podemserconcebidasde diferentesformasporpartedosgestores,tantodeempresasquantodosgovernos,sendoapioropçãonãofazernada,poisissoresultaemperdadetempo,de mercado e, consequentemente, de dinheiro. Assim,diantedasnovasdemandasporpartedoconsumidor,cadavezmais interessadoempropostasquecontemplemcritériosdesustentabilidade,osetordaconstruçãosevêforçadoainvestirempesquisaedesenvolvimentode
1. Introdução
tecnologiasverdes,criandoumasaudávelcompetiçãoentreasempresas,que impactam diretamente o meio ambiente. Nessesentido,oescopodopresentetrabalhoconsisteemdemonstraraos consumidoresqueexistemdiversasformasdesehabitar,semqueissocontribua deformasignificativaparaoesgotamentodosrecursosnaturais,semosquaisa vida no planeta se tornará impossível.
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Estado Atual da Construção Civil
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caderno de educação ambiental habitação sustentável
2. Estado Atual da Construção Civil
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construçãocivilbrasileiraconsomeatualmentealgoemtornode40% dosrecursosnaturaisextraídoseéresponsávelpelageraçãode,apro-
ximadamente,60%detodooresíduosólidourbano,alémdeutilizarmadeira emlargaescala,sendoesta,muitasvezes,extraídadematanativa,sema observância de critérios técnicos e legais. Apesardosurgimentodediversasiniciativasvoltadasàinclusãodecritérios sociaiseambientaisnosetordaconstruçãocivil,dentreosquaisacertificaçãode origemdosrecursos,verifica-sequeosmecanismospropostosparaaadequação dos processos ainda vêm sendo utilizados de forma incipiente. Aefetivaçãodossistemasdecertificaçãoé,namaioriadasvezes,prejudicadaporfatorescomofaltadeincentivoporpartedosgovernos,resistênciasa mudançasdeatitudeefaltadeinteressedoconsumidoremadquirir,naprática, produtoseserviçoscomcertificação,que,nosdiasdehoje,apresentamvalor superior às alternativas comuns disponíveis no mercado. Épossívelconstatar,ainda,queadificuldadedeimplementaraculturada certificaçãoedaconsideraçãodecritériossocioambientaisemempreendimentosdecorre,muitasvezes,daabordageminadequadadotemaaplicadaemrelaçãoaosconsumidores.Issoseexplicanamedidaemque,aocompraruma casa,oconsumidorestámuitomaispreocupadoemmostrarqueelatemum diferencialemrelaçãoàsdemais,comoumamadeiramaisbonitaedurável,um sistemainovadordecaptaçãodeáguaetc.,doquecomoimpactoqueacasa pode provocar sobre as mudanças climáticas. Emsuma,oconsumidorescolheoimóvelconsiderandofatorescomotamanhoadequadoparaacomodarsuafamília,conforto,localização,dentreoutros, sem se preocupar, por exemplo, com o aquecimento global. Assim,paraquehajaumamudançaefetivanessequadro,éprecisoque aquestãodasustentabilidadenaconstruçãocivilsejaassimiladapelasprópriasconstrutoraseincorporadoras,naformadeumaverdadeirapolítica
2. ESTADO ATUAL DA CONSTRUÇÃO CIVIL
institucionalderesponsabilidadesocioambientalenãoapenaspelosconsumidores finais. Outrodilemaresidenaresistênciadoconsumidorempagarumpreço superiorpelasustentabilidadedoimóvel,quepodechegara30%.Umasoluçãopossívelparaaquestãoconsistenanegociação,entreconstrutorase fornecedoresdosinsumos,naformadeeconomiadeescala,porexemplo,a fimdequeocustodeumaedificaçãocertificadasejaequiparadoaodeuma construção comum. Épreciso,também,queasempresasquecomercializaminsumosde origemcomprovadamentelegaladotemumaposturaproativaemrelação aospreços,poissealgumasempresaspassaremacomercializartaisitens compreçoscompetitivos,asdemaisterãoquefazeromesmoparaatender à demanda. Osprocessosdecertificação,tantodemateriaisquantodasprópriasedificações,vêmadquirindoimportâncianosetordaconstruçãocivilbrasileira.Apesar desetratardeumprocessogradual,podem-sevislumbraralgumasiniciativas decertificaçãoemedifíciosdoPaís,utilizando-se,porexemplo,modelosde certificaçãoamericanoseeuropeus,queabrangemnãoapenasautilizaçãode insumosdeorigemcomprovada,mastambémcritérioscomousoracionalde água,eficiênciaenergéticaerecomendaçõesparaambienteinterno,deformaa reduzirdeformacontundenteosimpactosdecorrentesdaexecuçãodaobrae, principalmente, da operação do edifício. Entretanto,háoutroproblemarelativoàscertificações:normalmentesó épossívelobtê-lasapósprocessoslongos,quepodemduraratéseismeses apósaconclusãodaobra.Issodesestimula,emparte,aprocuraporclientes comuns,resultandoemumíndicedecertificaçãodasedificaçõesinferiora 1% do total da construção civil brasileira. Épossívelconcluir,portanto,queaconsideraçãodecritériossocioambientaisemedificaçõesaindaéincipientenoBrasil.Asuaefetivaçãoécondicionadaàadoçãodeumanovaposturaporpartedosatoresintegrantesdo
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setordaconstruçãocivil,dosconsumidoreseprincipalmentedosgovernos, umavezqueestessãoresponsáveisporditarnovospadrõesdeconsumoe produçãopormeiodautilizaçãodeseuelevadopoderdecompra,que,no Estado de São Paulo, corresponde a cerca de 15% do PIB nacional.
O que ĂŠ Sustentabilidade
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caderno de educação ambiental habitação sustentável
3. O que é Sustentabilidade?
H
oje,muitoseouvefalaremsustentabilidade,seusbenefíciosesua importânciaparaapreservaçãodoplanetaparaasfuturasgerações.
Entretanto,apopularizaçãodotermoacabouporreduzirseusignificadoaum aspectorelacionadoàpreservaçãoambiental,quandonaverdaderepresenta muitomaisqueisso,atingindodiferentesaspectosdavidadaspessoas,sendo necessário, portanto, entender as origens desse conceito. Historicamente,pode-seafirmarqueoconceitodesustentabilidadecomeçouaserconstruídoapartirde1972,anodaConferênciadaOrganização dasNaçõesUnidassobreAmbienteHumano,realizadaemEstocolmo.Apartir dessemomentoseiniciouumprocessodetomadadeconsciênciamundial, nosentidodequevivemosemumúnicoplaneta,cujosrecursosnaturaissão finitosenoqualacapacidadedeabsorçãodapoluiçãogeradapelosseres humanosélimitada.Naquelaépoca,aposiçãodoBrasilbaseava-senaideia de que“a pior poluição é a miséria”, demonstrando, assim, a falta de preocupação ambiental dos governantes. Quinze anos após a Conferência, em 1987, foi publicado o Relatório “Nosso Futuro Comum”, elaborado pela Comissão Brundtland e fruto da avaliação do resultado de quinze anos de Estocolmo. Referido Relatório apresentouoconceitodeDesenvolvimentoSustentável,qualseja,o“desenvolvimentoquepermiteoatendimentodasnecessidadesdaspresentes geraçõessemcomprometeroatendimentodasnecessidadesdasfuturas gerações”. Nomesmoano,foipublicadaaprimeiraimagemdesatélitedoburacona camadadeozônio,naAntártica,fatohistóricoquesensibilizouomundopara a urgência da questão ambiental. Em seguida, em 1988, é criado o Painel IntergovernamentalsobreMudançasClimáticas(IPCC),comoobjetivode avaliarasinformaçõescientíficas,técnicasesocioeconômicasmaisrecentes sobre o tema.
3. O QUE É SUSTENTABILIDADE
Em1992,aConferênciadasNaçõesUnidassobreMeioAmbienteeDesenvolvimento,realizadanoRiodeJaneiro–emaisconhecidacomoRIO-92ou ECO-92–,marcouaadoçãodoconceitodedesenvolvimentosustentável,oque gerouprodutoscomoaAgenda21eaConvençãosobreaMudançadoClima. AAgenda21correspondeaumplanodeaçãoconstituídoporprincípiosparaaimplementaçãodeumnovopadrãodedesenvolvimentoparao séculoXXI,baseadonasustentabilidadeambiental,socialeeconômica.A ConvençãosobreaMudançadoClima,porsuavez,consistiuemumtratadonoqualospaísessignatáriossecomprometeramaestabilizar,pormeio deaçõesconjuntas,aconcentraçãodegasesdeefeitoestufanaatmosfera, garantindo,dessaforma,aproteçãodosistemaclimáticoparaaspresentes e futuras gerações. A partir da Convenção sobre a Mudança do Clima, foi estabelecido, em 1997, o Protocolo de Quioto, que representou o primeiro passo para odesenvolvimentodeaçõesvoltadasàreduçãodasemissõesdegasesde efeitoestufa,especialmenteporpartedospaísesindustrializados,estabelecendooMecanismodeDesenvolvimentoLimpo(MDL)paraospaísesem desenvolvimento. Foipublicadaem2005,apósosurgimentodessasConvençõesedarealizaçãodosencontrosperiódicosentrelíderesdegovernos,aAvaliaçãoEcossistêmicadoMilênio.Essedocumentoproporcionouasseguintesconclusões: ahumanidadeestáfazendoumverdadeirosaquenobancodosecossistemas globais,oquepodeacarretarumcolapsonacapacidadedoplanetadefornecer bens e serviços ambientais aos seres humanos. Além disso, as alteraçõesfeitasnosecossistemas,especialmentenosúltimoscinquentaanos, aumentaramoriscodemudançasabruptas,como,porexemplo,explosãode epidemias,eutrofizaçãodeáguascosteirasemudançasclimáticasregionais, induzidas pelo desmatamento. Em2007,oIPCCdivulgouseumaisbombásticorelatório,apontandoas conseqüênciasdoaquecimentoglobalaté2100,casonãosejafeitonada
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paraimpedi-lo.Apartirdaocorrênciadesseseventos,ahumanidadefoicolocadaperanteumasériededesafios,dentreosquaisanecessidadederedução dasemissõesdegasesdeefeitoestufaematé60%,combasenosdadosdo RelatóriodoIPCC.Essametapodeserconseguidapormeiodareformulação damatrizenergéticamundial,substituindo-seoscombustíveisfósseiseaumentando a participação de fontes renováveis. Diantedetaisdesafios,cabeaoPoderPúblico,nacondiçãodegrande consumidordeobraseserviçosdeengenharia,fomentaraindústriadaconstruçãocivilsustentávelpormeiodaregulaçãodosetor,sejaagindodeforma pioneiraeinovadoraoumedianteacelebraçãodecontratosemqueoscritériossocioambientaissãoaplicáveisàsobraspúblicas,dentreasquaisestão incluídasasedificaçõeseashabitaçõescomfinalidadesocial.Issogarante, ainda,ocumprimentodalegislaçãoambientalporpartedoscontratadose dos fornecedores atuantes ao longo da cadeia produtiva.
Cuidados Necess谩rios ao Adquirir um Im贸vel
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caderno de educação ambiental habitação sustentável
4. Cuidados Necessários ao Adquirir um Imóvel
A
oadquirirumapropriedade,sejaumterrenoouumaedificação,alguns cuidadosdevemsertomadosparaqueimprevistosnãoocorramdurante
eapósacompradoimóvel.Aausênciadeinformaçõessobreohistóricode ocupaçãoeolevantamentoatualizadodaáreajuntoaosórgãoscompetentes podeapresentarproblemasaofuturoproprietárioetambémparavizinhança.OcupaçãoemáreascontaminadaseemÁreasdePreservaçãoPermanente (APP),porexemplo,écomumepodeacarretarriscosàsaúdedapopulação,ao meio ambiente e prováveis transtornos legais ao proprietário. Portanto,identificarseapropriedadeestáouseráalocadaemumaárea contaminada,emumaAPPouemumaáreademanancialéfundamental.A seguir,sãodescritososlevantamentosaseremfeitosparagarantiraadequada aquisição de um imóvel.
Levantamento de informações Ohistóricodoimóvelpodeserrealizadomedianteolevantamentodeinformaçõescontidasemdocumentospreexistentesnosarquivosdeórgãospúblicos edeoutrasentidades.Paracadatipodeinformação,recomenda-seapesquisa emprefeituras,órgãosambientais,departamentosdeáguaeenergia,organizações não governamentais etc. Preliminarmente,recomenda-seaexigênciadacertidãodepropriedade doterrenoatualizada,afimdeverificarseasituaçãoencontra-seregular. Nessedocumento,requeridonoCartóriodeRegistrodeImóveis,épossível obterohistóricodoterrenoaolongodosanos(sefoivendido,arrendadoou hipotecado, por exemplo).
4. Cuidados necessários ao adquirir um imóvel
DeacordocomaResoluçãoSMAnº66/1996,osórgãosvinculadosàSecretaria doMeioAmbientedoEstadodeSãoPauloficamobrigadosapermitiroacessopúblico atodasasinformaçõesquetratemdematériaambiental,queestejamsobsuaguarda.
Aseguir,sãolistadas,paracadatipodetema,asinformaçõesnecessárias para que o futuro proprietário possa avaliar o imóvel: • Uso e ocupação do solo: verificar a existência de Plano Diretor Municipaloulegislaçãodeusoeocupaçãodosolo,nalocalidadeemquestão. Essasinformaçõesestabelecemdiretrizesdeocupação(tiposdeconstrução, adensamento, expansão territorial etc.). Pesquisas em departamentos de meio ambiente, de planejamento urbano ou de obras da Prefeitura do respectivo município também são necessárias. •Áreascontaminadas:verificarseaáreaaserocupadaapresentacon-
taminaçãocausadapelaintroduçãodesubstânciasouresíduosquecoloquememriscoasaúdehumanaeomeioambiente.Oórgãoresponsávelpelo controle das áreas contaminadas no Estado de São Paulo é a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo – CETESB. ACETESBmantématualizado,desde1989,ocadastrodetodasasáreascontaminadasdoEstado.Informaçõessobreumlocalespecíficopodem serobtidaspormeiodesuapáginanainternet(www.cetesb.sp.gov.br)ou pessoalmente,naprópriaagência,sendonecessárioparaissoonomedo logradouro, o número e o CEP. • Área de Proteção e Recuperação de Mananciais (APRM): as APRMs
GuarapirangaeBillingspossuemlegislaçãoespecífica(asLeisEstaduaisnúmeros12.233/06e13.579/09)quantoasuaocupação,naqualseencontram definidas as áreas de intervenção de cada bacia hidrográfica.
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caderno de educação ambiental habitação sustentável
Postosdeatendimentoparamaioresinformaçõesestãolocalizadosna cidadedeSãoBernardodoCampo(Poupatempo)enaEstaçãoGrajaúde trem da CPTM. •Áreascomocorrênciadedeslizamentos,erosõesdosoloeenchentes:o
InstitutoGeológico(IG),oInstitutodePesquisasTecnológicas(IPT)eaDefesa CivildoMunicípiopossuemimagens,fotografias,mapaseinformações,que permitemaidentificaçãoealocalizaçãodeáreassujeitasàocorrênciade deslizamentos, erosões e enchentes.
Figura 1 – Ocupação em Área de Proteção de Manancial (APM). Fonte: Acervo SMA.
4. Cuidados necessários ao adquirir um imóvel
Figura 2 – Ocupação em área de risco. Fonte: Acervo SMA.
Figura 3 – Áreas suscetíveis a enchentes. Fonte: Acervo SMA.
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O que é uma Habitação Sustentável?
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5. O que é uma Habitação Sustentável?
U
mahabitaçãopodeserconsideradasustentávelquandoaadequação ambiental,aviabilidadeeconômicaeajustiçasocialsãoincorpora-
dasemtodasasetapasdoseuciclodevida,ouseja,desdeafasedeconcepção,construção,usoemanutenção;até,possivelmente,emumprocesso de demolição. Umahabitaçãosustentáveltrazumasériedebenefícios,comoaminimizaçãodousoderecursosnaturaisedageraçãodepoluição,odesenvolvimentodaeconomialocaleaformalidadenasrelaçõesdetrabalho,além doaumentodaeficiêncianousoderecursosfinanceirosnaconstruçãoe valorização do imóvel pelo mercado. Oprojetodehabitaçãosustentáveldeveiniciar-sejánafasedeconcepção,naqualhámaioreschancesdeintervençãocomfoconasustentabilidade. A escolha do terreno é a primeira ação a ser realizada. Construí-loemáreasinapropriadaspoderesultaremgrandesimpactos ambientais.Portanto,avaliaranteriormenteondeoterrenoestáinseridoéde extremaimportância.Duranteoprocessodeseleção,éimportantepriorizar locaisquenãoincluamáreasrestritivasàocupaçãoequepossuaminfraestruturaadequada(saneamentoeacessoaotransportepúblico)eserviços básicos(bancos,supermercados,escolas,restaurantes,postosdesaúdeetc.). Apósaescolhadoterreno,passa-seàavaliaçãodasdiretrizesparaoprojeto,buscando-seotimizaroseudesempenhoemtodoociclodevida.Devem serestudadaseespecificadasnestafasedesdeaseleçãodosmateriaisatéa opçãodomaisadequadocoletordeenergiasolarparafinsdeminimização doscustos,evitando-seaolongodaconstruçãoodesperdíciodematerial,a produçãodesobraseexcessodeesforçosparaamanutenção,porexemplo. HánoBrasilconsiderávelrestriçãoporpartedapopulaçãoemadotar práticasdeconstruçãosustentável,normalmentedevidoaoscustosiniciais
5. O que é uma habitação sustentável?
superiores,secomparadoaumahabitaçãotradicional.Noentanto,aoanalisarmoscommaisatenção,veremosqueessecustoinicialmaiorserárevertido emganhoambientaleeconômicoposterior.Assim,ainstalaçãodeplacas solaresparaaquecimentodaáguaemumaresidência,porexemplo,possui umcustoinicialrelativamenteelevado;porém,oseuretornofinanceiroérápido,variandoemtornode6a18meses.Duranteesseperíodo,oconsumode energiaelétricaéextremamentereduzido,assimcomoovolumedeemissões de CO2 para o meio. Oaumentodademandarelativaàaquisiçãodemateriaiseequipamentossustentáveiscontribuiparaadiminuiçãodospreços.Boaspráticas,representadaspormudançasdehábitosedevalores,podemimpulsionara transformação do mercado no ramo da construção civil. Umahabitaçãosustentávelcontemplaosaspectosaseguir,sendoque cada um deles será explicado ao longo do presente trabalho: •Eficiênciaenergética–reduçãodoconsumodeenergiaemtodoociclo
de vida de uma habitação; utilização de fontes alternativas; • Uso racional da água – redução do consumo e da geração de
efluentes; •Materiais de construção sustentáveis – redução do uso de recursos
naturais,usodemateriaiseequipamentosquecausemmenorimpacto ambiental, reuso e reciclagem de materiais; •Confortotérmico–reduçãodautilizaçãodeprodutostóxicosegaran-
tia de conforto térmico aos ocupantes da habitação; • Acessibilidade – utilização do conceito de desenho universal.
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Figura 4 – Exemplo de casa sustentável. (Ilustração: Diego Vernille da Silva)
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Eficiência Energética
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caderno de educação ambiental habitação sustentável
6. Eficiência Energética SegundoLamberts,DutraeFerreira(1997),aeficiênciaenergéticapodeserentendida como:“aobtençãodeumserviçocombaixodispêndiodeenergia.Portanto,umedifício émaiseficienteenergeticamentequeoutroquandoproporcionaasmesmascondições ambientais com menor consumo de energia.”
A
sedificaçõesconsomemmaisenergiadoquequalqueroutrosetor.DeacordocomosdadosdoProgramaNacionaldeConservaçãodeEnergiaElétrica
–PROCELedaEmpresadePesquisaEnergética(EPE),ousodechuveiroelétrico numacasacomquatropessoas,porexemplo,éresponsávelpor22%dototal dacontadeluz.Osetorresidencialrespondeporquase23%doconsumototal deenergiaelétricanoPaís.Alémdisso,oaquecimentodeáguaparachuveiroé responsávelpor,aproximadamente,6%doconsumonacionaldeenergiaelétrica e,noperíododepico(entre18e21horas),por20%dademandadosistema. Atabelaabaixoapontaosaparelhosdomésticosquemaisconsomem energia em uma residência.
Tabela 1 – Consumo de energia de aparelhos domésticos. APARELHOS ELÉTRICOS Chuveiro elétrico
POTÊNCIA MÉDIA (watts)
MÉDIA UTILIZAÇÃO/ DIA
CONSUMO MÉDIO MENSAL (KWh)
3.500
40 min
70
Geladeira (uma porta)
90
24 horas
30
Lâmpada incandescente – 100 W
100
5 horas
15
1.200
20 min
12
Microcomputador
120
3 horas
10,8
Ar-condicionado 12.000 BTU
1.450
8 horas
174
Micro-ondas
(Fonte: Eletrobrás, 2010)
6. Eficiência energética
Aeletricidadeéresponsávelporgrandesemissõesdegasesdeefeito estufadevidoaofatodepartedesuageraçãoseraindabaseadaemcombustíveis fósseis. Existemtrêsformasprincipaisparadiminuirosefeitosdaemissãodesses gasesnageraçãodeenergia:reduçãodoseuconsumo,substituiçãodecombustíveisfósseisporenergiasrenováveiseaumentodaeficiênciaenergética. AçõescomooPROCELeoProgramaBrasileirodeEtiquetagem–PBEvêm sendoimplantadasnoBrasil.Aprojeçãoéquecercade10%dademandade eletricidade,em2030,seráatendidaporaçõesnaáreadeeficiênciaenergética (EPE, 2007). Porém,umadasbarreirasparaamelhoriadaeficiênciaenergéticaéa econômico-financeira.Comprarequipamentosmaiseficientesenvolve,em geral,custosiniciaismaisaltos.Issofazcomquemuitosconsumidoresnão queiramseresponsabilizareosdebaixarendanãotêmcondiçõesdearcar porcontadeseucapitallimitado.Masmuitosnãosabemqueoretornoinvestidopodeserrecuperadoempoucosanosouatémesmoemmeses,devidoà reduçãonacontadeluz.Oquenãosepodedeixardefazer,portanto,éum cálculo do custo-benefício do que será investido. Nocenáriobrasileiro,torna-secadavezmaisevidenteanecessidadede incentivoaousodetecnologiascomplementaresàatualgeraçãohidrelétrica. Ousodeenergiasolaredeconceitosdearquiteturabioclimática(ventilação eiluminaçãonatural)têmsemostradotécnicaseeconomicamenteviáveis paraosproblemasdereduçãodoconsumodeenergiaelétricanosetorresidencial brasileiro.
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caderno de educação ambiental habitação sustentável
Afimdepromoveraracionalizaçãodaproduçãoedoconsumodeenergiaelétrica, foicriado,peloGovernoFederal,oProgramaNacionaldeConservaçãodeEnergiaElétrica, oProcel,coordenadopeloMinistériodeMinaseEnergia–MME,pormeiodaEletrobrás. UmdosprodutosdesenvolvidospeloProgramaéoSeloProcel.Oselotemporobjetivoindicarosprodutosqueapresentamosmelhoresíndicesdeeficiênciaenergéticadentro de cada categoria e, assim, orientar o consumidor no ato da compra. NositedaEletrobrás(www.eletrobras.com/procel)háumcatálogocomtodososprodutos que receberam o Selo Procel no último ano. OsprodutoscomSeloProcelsãocaracterizadoscomonível“A”daEtiquetaNacional de Conservação de Energia (ENCE) do Inmetro. AEtiquetaNacionaldeConservaçãodeEnergiainformaoconsumodeenergiae/ou aeficiênciaenergética,classificando-senonível“A”osequipamentosdemenorconsumo deenergia/maiseficientesenonível“E”osdemaiorconsumo/menoseficientes,dentro de sua categoria.
FigURA 5 – Produtos que consomem menos energia são identificados com o selo Procel.
Benefícios • Reduçãodoconsumodeenergiaelétricae,consequentemente,adimi-
nuição da conta de luz; • Redução do risco de racionamento de energia; • Redução da emissão de gases de efeito estufa; • Redução dos impactos ambientais; • Geração de emprego e renda.
6. Eficiência energética
Aeficiênciaenergéticatemefeitospositivosnoemprego,criandonovasoportunidades denegóciosenatransformaçãodemercado.UmestudorealizadopelaBritishAssociation (UNE;ILO;IOEeITUC,2008)determinou,especificamenteparaosetorresidencial,quepara cada€1milhãogastosemprogramasdeeficiênciaenergética,11,3a13,5empregosforam criados.
Ações Sistema de aquecimento solar Osaquecedoressolarespromovemeconomiadeaté35%nacontadeluz mensaldasfamílias.Somentenoanode2007,forameconomizados,noBrasil, cerca de 620 GWh, energia suficiente para abastecer 350 mil residências. Com a ampliação da área instalada de aquecedores solares no Brasil para300milm2 ecomaeconomianademandadeenergiaelétricade122 MW,osetor,então,geraria11,2milpostosdetrabalho,eareduçãodaemissão anual de CO2 alcançaria 12,5 mil toneladas – a mesma capacidade de absorção de uma área verde de 16,8 km2 (Cunha, 2009). Osaquecedoressolaressãocompostos,portanto,porcoletor(ouplaca) solar, reservatório térmico e um componente auxiliar. (Fig.)
Figura6–Sistemadeaquecimentodeáguapormeiodecoletoressolares.Umbomaparelhodevetervidaútilde,nomínimo,20a30anos.(Ilustração:NatáliaMayumiUozumi)
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Figura7–Residênciacomcoletoressolaresparaaquecimentodaágua.(Fonte:Heliotek,2010)
Oaquecimentodaáguaéobtidopormeiodaabsorçãodaluzsolarpor coletores.Estes,geralmentefeitoscomchapasmetálicas,aquecemetransferem o calor para a água que circula em suas tubulações. Aáguaficaarmazenadaemumreservatóriotérmico–ouoschamados
boilers–,queamantémaquecidamesmoduranteosperíodosnubladose chuvosos. Paragarantirquenuncahaveráfaltadeáguaquenteemumaresidência, todoaquecedorsolartrazumcomponenteauxiliardeaquecimento,queutilizaoutrafontedeenergia(elétricaouagás),parasuprireventuaisnecessidades.Essecomponenteéautomaticamenteacionadoquandoatemperatura da água no reservatório esfria.
6. Eficiência energética
Ossistemasdeaquecimentosolardevemsercompatíveiscomainfraestruturadaedificaçãoecomasdemandasdousuário.Osdiferentesníveisde consumodeáguaquenteestãorelacionadoscomonúmerodepessoasede pontosdeuso,parâmetrosquepodemserestimados,medianteonúmerode dormitórios e de banheiros. Odimensionamentodoscoletoresasereminstaladosdependedealguns critérios: •Hábitodeconsumodosusuários:deacordocomaNBR7.198/NB128, o consumo médio mensal de água quente para residências é de 45 litros por pessoa (Tabela); Tabela 2 – Consumo médio de água quente para diversos projetos PROJETO
CONSUMO MÉDIO DE ÁGUA QUENTE
Alojamento provisório de obra
24 litros por pessoa
Residência
45 litros por pessoa
Escola
45 litros por pessoa
Hotel (excluindo cozinha e lavanderia)
36 litros por pessoa
Restaurante
12 litros por refeição
Lavanderia
15 litros por kg de roupa seca
Hospital
125 litros por leito
Fonte: Barroso-Krause, 2007.
•Característicadocoletorescolhido:cadacoletorapresentarendimentos
de eficiência diferenciados; •Condiçõesclimáticaslocais:omapeamentodadistribuiçãodorecurso
solarpermitereconheceráreasemqueoaproveitamentodessaenergia é potencialmente significativo.
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caderno de educação ambiental habitação sustentável
O Estado de São Paulo tem potencial de geração de energia solar de, aproximadamente,512TWh(Tabela).Asmaioresconcentraçõesderadiação solar se encontram no interior, conforme apresentado no mapa a seguir. Tabela 3 – Potenciais solares por faixa de radiação solar anual no Estado de São Paulo. POTENCIAIS SOLARES (TWh/ano)
%
512.047,55
100
4.5 – 5.0 (kWh/m /ano)
23.717,7
5
5.0 – 5.5 (kWh/m2/ano)
66.816,9
13
5.5 – 6.0 (kWh/m2/ano)
399.076,4
78
6.0 – 6.5 (kWh/m /ano)
22.436,55
4
RADIAÇÃO SOLAR ANUAL
2
2
Fonte: INPE/Labsolar, 2005.
FigURA8–Distribuiçãodaradiaçãosolaranual(kWh/m2/ano)noEstadodeSãoPaulo.Fonte:INPE/ Labsolar, 2005.
6. Eficiência energética
•Orientaçãosolar:emlatitudesmaisaltas,éimportantedirecionaros
coletores,sejaparaonorte(HemisférioSul,comooBrasil)ouparaosul (HemisférioNorte),diretamenteparaosol.Quantomaispróximodos trópicos, maior é a disponibilidade dos raios do sol. Entretanto,amaiordificuldadeparaadifusãodoaproveitamentoda energiasolarconsistenoinvestimentoinicialrelativamentealtoemequipamentoseinstalações,quandocomparadocomossistemasconvencionais. Emcompensação,ocustodeoperaçãoemanutençãoémínimo,contando-se apenascomogastodaenergiaelétricautilizadanaresidência,noaquecimento de água nos dias de pouca insolação. (Prado et al, 2007) Placas fotovoltaicas Assimcomoossistemasdeaquecimentodeágua,ossistemasfotovoltaicos possuem como base para o seu funcionamento a energia solar. Célulasfotovoltaicasconvertemaluzdosolemenergiaelétrica.Oelementobásicodeumsistemasolarfotovoltaicoéomaterialcondutor,que geralmente é o silício. Ossemicondutoresfeitosdesilíciosãoosmaisusadosnaconstruçãode célulasfotovoltaicaseasuaeficiênciaemconverterluzsolaremeletricidade pode variar entre 10 e 15%, dependendo da tecnologia adotada. Ossistemasfotovoltaicospodemserinstaladosemlocaisdistantesdas áreasurbanas,atuandocomocentraisgeradorasdeenergiaelétrica(Fig.A); instaladosemedificações(Fig.B);e,também,podemserinterligadosàrede dedistribuição.Esteúltimotipoconstituiumaformadegeraçãodescentralizadadeenergiaepodetrazerinúmerosbenefíciosàconcessionáriadeenergiaelétrica.Alémdereduzirosimpactosambientaisdasinstalaçõesdegeraçãoedetransmissão,aenergiaexcedenteéenviadaàredepública,aumentandoaeficiênciaenergéticadaconcessionária.Porém,noBrasilaindanão épermitidoqueaenergiageradaporconsumidoressejadisponibilizadana redeelétricadasconcessionárias,porcontadaausênciaderegulamentação.
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FigURA9–(A)Placasfotovoltaicas.(B)Placasfotovoltaicasinstaladasna“casaeficiente”,projetoem parceria com a UFSC/LABEEE e a Eletrobrás (Autoria: Anísio Elias Borges).
6. Eficiência energética
Aeletricidadeproduzidapormetroquadradodeplacasfotovoltaicas podeefetivamenteevitaraemissãodemaisde2toneladasdeCO2.Ossistemasfotovoltaicosintegradosàsedificaçõesgeramenergiadeformasilenciosa,sememissãodegasespoluentes,nãonecessitamdeáreaextra,uma vezqueospainéisfotovoltaicospodemserutilizadoscomotelhadosouser inseridos em fachadas. A instalação de 48 módulos fotovoltaicos em uma área de 6,8 m x 5 m, no telhado de uma casa no Reino Unido, deixou de emitir mais de 6 toneladas de CO2 por ano; e chegou a poupar US$ 2 mil em gastos com energia (Tabela).
Tabela 4 – Comparação entre uma casa comum e outra sustentável no Reino Unido TIPO DE CASA
kWh/m2 COMPRADOS DA REDE POR ANO
CUSTO DA ELETRICIDADE POR ANO (US$)
CUSTO DO GÁS POR ANO (US$)
CUSTO TOTAL POR ANO (US$)
EMISSÕES DE CO2 (g/ ano)
CUSTO DE CONSTRUÇÃO (US$/m2)
Casa sustentável
27
320
470
780
721
1.440
Casa comum
90
800
1.688
2.488
6.776
1.440
Economias
63
480
1.218
1.698
6.055
0 extra
*Ocustodeconstruçãofoicomparadocomaqueledeumacasadetamanhosimilarprojetadaporumarquiteto. Fonte: Roaf, Fuentes e Thomas, 2009.
Porcausadograudepurezadessescomponentes,quesãocristais,esta alternativadeenergiaaindaapresentacustoelevadonainstalaçãodosistema, variando, em média, entre R$ 2 mil e R$ 3 mil. Porém, o retorno do investimento pode se verificar em até quatro anos.
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•Vantagensdautilizaçãodeplacasfotovoltaicascomofontedeenergiaalternativa: • Fonte de energia limpa e renovável; • O silício não é tóxico; • Aenergiaégeradapeloconsumidorfinal,ouseja,nãoháperdascomtransmissão e distribuição; • Requer pouca área para a instalação das placas (telhados, fachadas, jardins); • Requerpoucamanutenção:umavezinstalados,precisamsomentequeassuperfícies sejam limpas; • As placas são silenciosas; • Economia de energia; • Não emissão de gases de efeito estufa; • Podem fornecer energia durante blecautes; • Retorno financeiro é de 2 a 5 anos; • A vida útil das placas fotovoltaicas pode ser superior a 20 anos.
Iluminação natural e artificial Tendo em vista o fato de se tratar de critério que requer menores investimentos,ousodailuminaçãonaturaldevesersemprepriorizado,pois contribuiparaareduçãodoconsumodeenergiaelétricaeparaamelhoriado conforto visual dos ocupantes. Aadequaçãoarquitetônicaquepermiteailuminaçãonaturalprevêa adoçãodesistemasdeaberturasverticaiseiluminaçãozenital.Ailuminação zenitalécaracterizadapelaentradadeluznaturalatravésdeaberturassuperioresdosespaçosinternosetemcomoobjetivootimizaraquantidadeea distribuição de luz natural em um espaço. (Fig.)
6. Eficiência energética
FigURA10–Exemplodeaberturaslateraiseiluminaçãozenitalparaaentradadeluz solar. (Ilustração: Natália Mayumi Uozumi)
Para complementar a eficiência do projeto de uma casa, sistemas de iluminaçãoartificialdevemserinstaladosquandoháanecessidadedeutilizaçãoparaperíodosmaiores,comoousodelâmpadasfluorescentesemcorredores,escadasegaragenscomsensoresdepresença.Atrocadelâmpadas incandescentesporfluorescentesreduzoconsumodeenergiaematé80%e tem durabilidade 10 vezes superior.
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FigURA11–Lâmpadasfluorescentesreduzemoconsumodeenergiaelétrica.Fonte: Siemens/Press Picture.
Conservação da Água
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7. Conservação da Água
A
escassezdeáguaéatualmenteumdosgrandesproblemassocioambientaiseoseudesperdícioagravaessasituação.Dos3,4bilhõesde
litrosdeágua/diaproduzidos,porexemplo,paraacidadedeSãoPaulo,30% sãoperdidosemvazamentosnastubulaçõeseporproblemasrelacionadosa medições e fraudes. ARegiãoMetropolitanadeSãoPaulotambémpossuialtosíndicesde consumodaágua.SegundoPorto(2003),ovalordoconsumomédio per
capitadiáriodaBaciadoAltoTietêéde235litros/hab.dia,odobrodorecomendávelpelaOrganizaçãodasNaçõesUnidas(ONU),queéde110litros/ hab.dia. EstudosmostramqueumapessoanoBrasilgastade50a200litrosde águadiariamenteemsuaresidência,dependendodaregião.Amaiorparte decorredousodochuveiro,responsávelpor55%doconsumo,contabilizando gastos de água em torno de 45 a 144 litros. FigURA 12 – Distribuição do consumo de água residencial.
Fonte: Gonçalves, 2009.
7. Conservação da água
Usoracionaleprogramasdeconservaçãodaáguaconstituemmedidaseficazesparareduziroconsumo,contribuindoparaasuapreservação. Estratégias–quevariamdesdemudançasdehábitodoconsumidoratéa implantaçãodenovastecnologias–garantemaqualidadenecessáriaparaa realização das atividades consumidoras, com o mínimo de desperdício. Campeões do desperdício de água residencial
Torneiras (25%) – Uma torneira meio aberta, por cinco minutos, gasta de 12 litros (banheiro) a 39 litros (cozinha) em casas e pode chegar a 80 litros em apartamentos. Bacia sanitária (5% a 14%) – As fabricadas a partir de 2003 gastam 6litrosporacionamento,masasantigasgastam a partir de 9 litros. Chuveiro (50% a 55%) – Uma ducha de 15 minutos consome 135 litros de água em casas e 243 litros em apartamentos; o chuveiro elétrico gasta, respectivamente, 45 e 144 litros. Máquinadelavar-roupas–Comcapacidadepara5kgderoupas, consome 135 litros de água. Tanque–Atorneiraabertapor15minutoschegaagastar279litros. Mangueira – Regar as plantas por 10 minutos pode gastar até 186 litros. Piscina–Umtanquemédionãocobertoperde,aproximadamente, 3.700 litros por mês com evaporação. Vazamentos – Um buraco de 2 mm em um cano desperdiça até 3.200 litros de água em um dia, e uma torneira gotejando, até 46 litros. Fonte: Didone e Iwakura, 2005. (Ilustração: Diego Vernille da Silva)
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Benefícios • Reduz a quantidade de água extraída das fontes; • Reduz o consumo; • Reduz o desperdício; • Evita a poluição; • Aumenta a eficiência do uso da água; • Aumenta a reutilização da água.
Ações Economizadores de água Autilizaçãodeequipamentoseconomizadoresdeáguaconstituimedida simplesepodeimpactarsignificativamentenareduçãodoconsumo.Atroca debaciassanitáriascomdescargasconvencionaisporoutrascomválvulasdo tipodualflush(escolhadedoisvolumesdedescarga,geralmentede6ou3 litros)ouciclofixo(volumedaordemde6litros)podereduzirematé50%o consumo de água. (Fig.)
As bacias sanitárias convencionais consomem até 12 litros de água por ciclo de descarga.
Torneirasdelavatórioscomoaquelasencontradasembanheirosecozinhasdevempossuirarejadores,quereduzemaseçãodepassagemdaáguae direcionamofluxodojato.Oarejadoréumapeçacircular,perfurada,encaixada na saídadeáguadatorneira.Oseuusotrazreduçãodecercade50% da vazão nas mesmas condições de uso.
7. Conservação da água
Muitoutilizadosemedificaçõespúblicascomoshoppings,cinemaserestaurantes,astorneirascomacionamentohidromecânico,ouseja,aquelasem queousuárioacionamanualmentealiberaçãodaáguaeasuainterrupção sedáapósdeterminadotempodefuncionamento,eliminamodesperdício deáguaocorridopelademoraoupelonãofechamentodoaparelho.Outro tipodetorneiratambémmuitoutilizadoéodeacionamentoporsensoresde presença. (Fig.)
FigURA13–Torneiracomacionamentohidromecânico,porsensordepresençaearejador para torneiras, respectivamente. (Ilustração: Diego Vernille da Silva)
Sistema de captação e aproveitamento da água da chuva Oaproveitamentodaáguadachuvacorrespondeaumaformaalternativaparaminimizarosproblemasdeabastecimentoregulardeágua,para reduziroseuconsumoresidencialetambémajudarnocontroledecheiase inundações que ocorrem em grandes cidades. Ossistemasdeaproveitamentodeáguadachuvaproporcionamuma economia no consumo residencial de até 45%. A água da chuva deve serutilizada para finsnãopotáveis,comoirrigação,limpezadegaragens e calçadas e em descargas sanitárias, desde que haja controle de sua qualidadeeapósaverificaçãodanecessidadedetratamentoespecífico, de forma que não comprometa a saúde dos usuários, nem a vida útil dos sistemas envolvidos.
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caderno de educação ambiental habitação sustentável
NoBrasil,oaproveitamentodaáguadachuvainiciou-se,principalmente, naregiãodosemi-áridonordestino,devidoaotempoprolongadodeescassez de água que a região sofre. Esse sistema é simples e consiste em utilizar telhadosoucalhasdascasascomoáreadecaptaçãoparaarmazenaressa água em cisternas. (Fig.)
FigURA14–Cisternaparaarmazenamentodeáguadechuva.(Ilustrações:DiegoVernilledaSilva)
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7. Conservação da água
NoEstadodeSãoPaulo,háumaleipromulgadaem2007(Leinº12.526), queobrigaaimplantaçãodesistemasdecaptaçãoeretençãodeáguada chuvaemlotes,edificadosounão,quetenhamáreaimpermeabilizadasuperior a 500 m2. Paraaimplantaçãodosistema,énecessárioumestudodeviabilidade queavalieaquantidadedeáguadachuvaaserarmazenada,ovolumeaser utilizado e a área do telhado disponível. Um sistema de captação de água da chuva consiste em: •Sistemadecoleta–sãoasáreasimpermeáveisconstituídas,geralmen-
te,pelostelhadoselajesdecoberturas.Otransportedaáguadachuva érealizadoporcalhasecondutoresverticaisehorizontaisatéossistemas de armazenamento, tratamento e distribuição; •Grade e sistema de descarte (ou reservatório de limpeza) – para a re-
tençãodemateriaiscomofolhas,gravetos,papéisetc.,utiliza-seuma gradeanteriormenteaosistemadedescarte.Essesistemacorresponde aumdispositivoquedescartaaáguadachuvadosprimeirosminutosqueforamcoletados,poisgeralmenteestevolumecarregagrande quantidade de carga poluidora; •Sistema de tratamento – atua na remoção da carga poluidora e a de-
sinfecção.Podem-seutilizarfiltrosdemúltiplascamadasoufiltrosde areia e a desinfecção pode ser feita por meio da cloração; • Sistema de armazenamento – armazenar a água que será utilizada
parafinsnãopotáveis.Quandooreservatórioestivercomoseuvolume máximo,umextravasorpossibilitaráaconduçãodoexcessodeáguada chuva para o sistema de drenagem pluvial; •Sistemadedistribuição–consisteemramaisquedistribuemaáguada
chuva para os pontos de utilização.
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FigURA15–Esquemadeaproveitamentodeáguadachuva.(Ilustração:NatáliaMayumiUozumi)
54 caderno de educação ambiental habitação sustentável
7. Conservação da água
Sistema de reuso de água cinza As águas cinzas são as provenientes do uso de lavatórios, chuveiros, banheirasemáquinasdelavarroupas.Sãoosefluentesquenãopossuem contribuição das bacias sanitárias e pias de cozinha. Aságuascinzaspodemserreutilizadasparaatividadescomoirrigação, limpezaedescargadesanitários.Estaságuasapresentamteoresdematériaorgânicaeturbidez;portanto,seureusodireto(emestadobruto)nãoé recomendável,sendonecessárioumpréviotratamentodoefluenteemnível secundário, com posterior desinfecção. Um sistema de reuso de água cinza compreende: •Sistemadecoletadeesgotosanitário–consisteemdoistiposdecon-
dutoresvisandoàseparaçãodaságuascinzaseáguasnegras(efluentes das bacias sanitárias); • Sistema de tratamento – as águas cinzas sofrem tratamento para a
remoção da carga poluidora e a desinfecção; •Reservatóriodearmazenamento–apósoprocessodetratamento,a
águadereusoéencaminhadaparaumreservatóriodearmazenamento exclusivo; •Sistemadedistribuiçãopredial–consisteemramaisesub-ramaisque
levam a água de reuso até o destino de utilização. Atualmente,existemnomercadoinúmerossistemasindustrializadosde tratamentodeesgotodomésticoquefacilitammuitoaimplantaçãodesistemasdereusodeáguaemedificaçõesresidenciaisepequenosconjuntos habitacionais.Aescolhadoequipamentodevesebasearnotipodeefluente a ser tratado e na sua vazão diária de contribuição.
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Figura 16 – Sistema de reuso de águas cinzas em uma residência multifamiliar. (Ilustração: Natália Mayumi Uozumi)
56 caderno de educação ambiental habitação sustentável
7. Conservação da água
Paraapráticadoreusodeáguascinzasdevemserconsideradasasseguintes recomendações: • Identificar as redes de água potável e as de reuso; •O sistema de reuso não pode ter contato com o sistema de abasteci-
mento de água potável, pois pode contaminá-lo; •Quandohouverusosmúltiplosdereusocomqualidadesdistintasde
água,deve-seoptarporreservatóriosindependenteseidentificadosde acordo com a qualidade da água armazenada; • O contato direto com a água cinza deve ser evitado; •Emcasodereusodeáguacinzanadescargasanitária,umtratamento
prévioincluindoumaetapadedesinfecçãodeveserprovidenciado; •Evitaraestocagemdeáguacinzabruta(semtratamentopréviocom
desinfecção).
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Seleção de Materiais
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8. Seleção de materiais
A
construçãociviléresponsávelpeloconsumode40%detodososrecursosextraídosdanatureza.Amadeira,porexemplo,dos64%produzi-
dosnaAmazônia,15%sãoconsumidospelosetornoEstadodeSãoPaulo, comaprobabilidadedeagrandemaioriadamadeirautilizadaserdeorigem ilegaloupredatória(IPT,2009),contribuindoparaaemissãode10toneladas de CO2 na atmosfera. Outromaterialmuitoutilizadonaconstruçãocivilegrandecontribuidor paraoefeitoestufaéocimento Portland. Paraaproduçãodocimento,há oprocessodedescarbonataçãodocalcário,querespondepelaemissãode 6%deCO2,nomundotodo.SomentenoBrasil,comproduçãoanualde38 milhõesdetoneladasdecimentoPortland(comum),liberam-senaatmosfera, aproximadamente, 22,8 milhões de toneladas/ano de gás carbônico. Portanto,paraarealizaçãodeumaconstruçãomaissustentável,exige-se aseleçãocorretademateriais,poisissoresultaránareduçãodosimpactos ambientaiscausadospelaextraçãoemanufaturadosrecursosnaturaiseem maiorbenefíciosocial,dentrodoslimitesdaviabilidadeeconômica,parauma dada situação. É na fase de concepção do projeto que deve ser realizada a avaliação deformaintegradadosaspectosambientais,econômicosesociaisdosmateriais,queserãoutilizados.Poisacorretaseleçãoeutilizaçãodosmesmos implicamnamenorgeraçãoderesíduosenadiminuiçãodosimpactospor eles ocasionados. Aprodução,otransporteeousodemateriaiscontribuemparaaocorrênciadediversosimpactossocioambientais.Ousosustentáveldestesrecursosdependedahabilidade dosprofissionaisemselecionaremosprodutosmaisadequadoseosfornecedorescom maior responsabilidade ambiental e social.
8. seleção de materiais
A avaliação dos materiais deve considerar os seguintes aspectos: •Custos:Avaliaraquelesmateriaisquepossuammelhorcusto-benefí-
cio.Sugere-sequesejamobservadososcustosnãoapenasdurantea construção, mas também na fase de uso e operação. • Qualidade e durabilidade: Quanto maior a sua vida útil, menor é
anecessidadedemateriaisdereposiçãooudemanutenção,paraque nãoocorraageraçãoderesíduos.Devem-sebuscarmateriaisemconformidadecomasnormastécnicasouprogramasdequalidade,como oProgramaBrasileirodaQualidadeeProdutividadedoHabitat(PBQPH), vinculado ao Ministério das Cidades. • Material local: Materiais cuja extração e produção tenham sido re-
alizadaslocalmente.Issoestimulaaeconomialocal(geraçãodeemprego e renda para mão de obra local) e minimiza a emissão de CO2 provenientedotransportedosmateriais,daextraçãoatéolocalda construção. • Resíduos gerados: Baixa geração de resíduos implica redução de
custosedeimpactosambientais.Deve-seavaliaraquantidadedos resíduossólidosgeradosduranteeapósafasedeconstruçãoeverificaropotencialdereutilizaçãocasoaedificaçãofordemolida,alémda toxicidadedomaterial,bemcomosehátecnologiaoudestinaçãofinal adequada para os resíduos. •Energia incorporada: Descreve a quantidade de energia usada para
produzirumobjeto.Aenergiaincorporadaéumamedidaimportante, porqueousodefontesdeenergianãorenováveléumadasprincipais razões para a emissão de gases de efeito estufa. • Formalidade:Verificar se os fabricantes e fornecedores dos mate-
riaisestãoemconformidadecomaslegislaçõestrabalhistas,fiscais e ambientais.
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• Relatórios de sustentabilidade: Buscar relatórios de sustentabili-
dadesocioambientaldasempresaseverificaroalcancedocompromissodelascomodesenvolvimentosustentável.Aexistênciadecertificaçõesrelacionadasàgestãoambiental,saúdeesegurançaocupacional deve ser valorizada (ex: série ISO 14000). Aseleçãodeprodutosecoeficientesdeveconsiderartodooseuciclo devida,desdeaseleçãodasmatérias-primas,passandopelosprocessosde fabricação,transporteedistribuição,uso,manutençãoereutilização,atéo destino do produto ao fim de sua vida útil. A Análise do Ciclo deVida (ACV) tem sido reconhecida como a forma maisabrangenteemaiseficienteparaaavaliaçãoambientaldeprodutos (John,2007)econsistenacompilaçãoeavaliaçãodasentradasesaídasde energiaemateriaisedosimpactosambientaispotenciaisdeumsistemaao longo de seu ciclo de vida (Fig.).
Figura17–EsquemasimplificadoparaaAnálisedoCiclodeVida(ACV)deumproduto.Fonte:Ferreira, 2004 – adaptado.
8. seleção de materiais
“GreenWashing”(“vernizverde”)=atodeinduzirosconsumidoresaoerroquanto àspráticassocioambientaisdeumaempresaouosbenefíciossocioambientaisdeumprodutoouserviço.AagênciademarketingTerraChoiceEnvironmentaldefiniualgunssinais para reconhecer o “verniz verde” dos materiais e serviços: •Sugerirqueummaterialéverdebaseadosomenteemumatributo(ex.conteúdo reciclado)semadevidaatençãoparaoutrosatributostãomaisimportantesdoseuciclo de vida, como consumo de energia, água etc. •Faltadeprovas:ofornecedornãoapresentaquaisquerdocumentosdeterceira parte que sustentem suas afirmações e que possam ser verificados. •Imprecisão:informaçõesgenéricaseimprecisas,quegeramdúvidaquantoaoreal benefício ambiental do produto durante todo o seu ciclo de vida. •Ofornecedorapresentadeclaraçõesexageradasoutotalmentefalsase/ouapresentaapenasosresultadosfavoráveis.Exemplos:“Fabricadocom90%dematéria-prima reciclada”,seminformarsobreabaixadurabilidade;“Produtonatural”,semmencionara presença de estabilizantes, corantes.
Benefícios •Reduçãodosimpactosambientaisnaextração,produçãoetransporte
dos materiais; •Diminuição dos custos com a gestão dos resíduos, pois há a redução
dos desperdícios; • Redução da emissão de gases de efeito estufa; •Aumentodadurabilidadedoempreendimentoemanutençãodeseu
desempenho; • Estímulo à economia local; • Estímulo à formalidade da cadeia produtiva do setor; •Estímuloàadequaçãodosmateriaisàsnormastécnicasdequalidade.
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Ações Madeira legal ou certificada Amadeiraéumdosmateriaismaisutilizadosnaconstruçãocivil;porém, estimativasindicamqueentre43e80%daproduçãoprovenientedaregião amazônicasejailegal(IPT,2009).Portanto,algunscuidadosdevemsertomados para que a madeira a ser utilizada seja de origem legal. Oprincipalcuidadonahoradacompradamadeiraconsistenaexigênciado DocumentodeOrigemFlorestal(DOF).ODOF,emitidopeloIBAMA,corresponde aumalicençaobrigatóriaparaocontroledotransporteearmazenamentodeprodutosesubprodutosflorestaisdeorigemnativa.Comestedocumentoépossível rastrearamadeiradesdesuaorigem,passandoportodososenvolvidos,desdeo transporteebeneficiamento,atéadestinaçãofinal,sejapormeiorodoviário,aéreo,ferroviário,fluvialoumarítimo.Assim,aspessoasfísicasejurídicasenvolvidas na cadeia de custódia da madeira ficam registradas no sistema DOF.
FigURA18–Torasdemadeirasprovenientesdeexploraçãoautorizadaeexemplode pátio de madeira organizada. Fonte: SMA, 2009.
8. seleção de materiais
Cuidados ao adquirir madeira legal • Exigir a nota fiscal; •ExigiroDocumentodeOrigemFlorestal(DOF)ououtrodocumentocorrelato,emi-
tidopeloÓrgãoEstadualdeMeioAmbiente(OEMA)dasespéciesnativas.MadeirasdeespéciesexóticascomorigemlegalnãonecessitamdoDOF.Entretanto, devem ser acompanhadas da nota fiscal da carga; •VerificarseocomerciantedemadeiraestáregistradonoCadastroTécnicoFlorestal
(CTF) do IBAMA; •Verificaralistaoficialdaflorabrasileiraameaçadadeextinção(http://www.ibama.
gov.br/flora/extincao.htm).Atente-separaespéciescomomogno,castanha-do-pará e pau-brasil, ameaçadas de extinção e cujo corte é proibido por lei.
AlémdoDOF,aexigênciadenotaoucupomfiscalédeextremaimportância,poisseocomercianteemitiuessedocumentosignificaquetambém comprouamercadoriacomnotafiscal,sendomaioresaschancesdeamadeira ser legalizada. OIBAMAtambémrecomendaqueocompradordemadeiraverifiquea inscriçãodocomerciantenoCadastroTécnicoFederal(CTF),procedimento quecomprovaoseuregistrojuntoaoórgãoambiental.Paraverificarainscrição,énecessárioconsultaroCNPJdaempresanositedoIBAMA(http:// www.ibama.gov.br/). Atuandotambémcomomecanismofomentadordeaçõesemfavordo comércio responsável, o Governo do Estado de São Paulo, por meio da SecretariadoMeioAmbiente,identificaasempresasquecomercializam produtosesubprodutosflorestaisdeformaresponsávelpormeiodoSelo “Madeira Legal” (Fig.).
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FigURA19–FiscalizaçãodetécnicosdaSecretariadoMeioAmbienteeoSelo“Madeira Legal”concedidoparaempresasquecomercializamprodutosesubprodutosdemadeira de forma correta. Fonte: Arquivo SMA
8. seleção de materiais
Outrapossibilidadedeadquirirmadeiralegalépormeiodacomprade madeirascertificadas.NoBrasil,existemdoissistemasdecertificação:oFSC–
ForestStewardshipCouncil,representadopeloConselhoBrasileirodeManejo Florestal,eoSistemadeCertificaçãoFlorestalBrasileiro(CERFLOR),doInmetro. Para o FSC existem dois tipos de certificação: manejo florestal e cadeia de custódia. A certificação do manejo florestal garante que aquela madeira foi manejada de acordo com critérios ambientais, sociais e econômicos adequados. Já o segundo tipo garante a origem da madeira, ou seja, a sua rastreabilidade (acompanhando a matéria-prima da floresta até o consumidor final). OCERFLORéumprogramanacionaldecertificaçãoflorestal,desenvolvidopeloSistemaBrasileirodeAvaliaçãodeConformidade(SBAC)implantado, gerenciado e acreditado pelo Inmetro. Asmadeirascertificadaspodemterorigemtantodeflorestasnativas quantodereflorestamentoscomespéciesexóticasepossuemumvalorde mercadomaisaltodoqueasdemais,sendoamadeiracertificada,emmédia, 20% mais cara do que a não certificada. Materiais reciclados Areciclagemassumesignificativaimportânciaparaaminimizaçãodos problemasambientaiscausadospelageraçãoderesíduossólidos.Deacordo com o IPCC (2007), os resíduos sólidos e líquidos são responsáveis por 2,8% da emissão de CO2 e de outros gases que colaboram para o aquecimento global. AreciclageméumadasáreasmaispromissorasnoBrasilcomrelaçãoa novasoportunidadesdegeraçãodeempregoerenda.Cercade500miltrabalhadoresjáestãoempregadosnoPaísreciclandooureaproveitandovários tipos de materiais, como aço, papel, plástico e vidro. Muitosmateriaispodemserrecicladoseaincorporaçãoderesíduosna produçãodenovosmateriaisdeconstruçãopermiteareduçãodoconsumo
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deenergiaedematérias-primas(Tab.)e,muitasvezes,possibilitaaprodução demateriaiscommelhorescaracterísticastécnicas,comoéocasodautilizaçãodaescóriadealto-forno(resíduoprovenientedaproduçãodoaço),que melhora o desempenho do concreto. (John, 2001) Nocasodoaço,autilizaçãodesucataépartedoprocessoprodutivo,chegando,emalgunscasos,arepresentar80%damatéria-primabásicaparaaproduçãodenovaschapasdeaço.DevidoaosganhoseconômicosesociaisnoBrasil, assucatasdemetalsãoasmaisvalorizadasnomercadomundial,poisexiste grandemercadodestematerialnoBrasil,representadoporinúmerossucateiros depequeno,médioegrandeportes,quecompõemumarededescentralizadae abrangente de pontos de recepção e encaminhamento da sucata de aço. TaBELA5–Porcentagemdereduçãodoimpactoambientalpormeiodaincorporaçãoderesíduosna fabricação do aço, vidro e cimento. IMPACTO AMBIENTAL
AÇO
VIDRO
CIMENTO (50% de escória)
Consumo de energia
74%
6%
40%
Consumo de matéria-prima
90%
54%
50%
Consumo de água
40%
50%
-
Poluentes atmosféricos
86%
22%
<50%
Poluição aquática
76%
-
-
Resíduos minerais
97%
79%
-
Fonte:Udaeta e Kanayama, 1997.
A reciclagem dos Resíduos da Construção Civil (RCC) também se caracterizacomoalternativaparaminimizarosgrandesimpactosambientais ocorridosnoscentrosurbanos.OBrasilgeraemtornode85milhõesdetoneladasderesíduosdaconstruçãocivil,osquais,sedispostosdeformairregular, acarretam, entre outras consequências: • Assoreamento de córregos e rios; • Entupimento de galerias e bueiros;
8. seleção de materiais
• Degradação de áreas urbanas; • Proliferação de escorpiões, aranhas e roedores que afetam a saúde
pública. A maior parte do resíduo é gerada pelo setor informal da construção (pequenasreformas,autoconstrução,ampliações)esuadestinaçãofinalé, geralmente,aolongodecursosd’água,deruaserodovias,agravandoaproblemáticadeenchentesnosmunicípios(Fig.).Estima-sequeapenas1/3do entulhosejageradopelosetorformaldaindústriadaconstruçãocivil(construtoras, por exemplo).
FiguRA 20 – Entulho depositado em áreas de preservação. Fonte: Acervo SMA.
ParaosgrandesvolumesdeRCCgeradospelosetorformal,aproblemática refere-seàadequadadisposiçãoematerrosdeinertes,poisodistanciamento eoesgotamentodeáreasparaadestinaçãodetaisresíduossãocrescentes. Aproximadamente80%detodooresíduodeconstruçãogeradoépassíveldereciclagem.Devidamentereciclados,osRCCapresentampropriedades físico-químicasapropriadasparaoseuempregocomomaterialdeconstrução e em processos de pavimentação.
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APrefeituraMunicipaldeSãoPaulopossuiáreasparaadeposiçãoregulardosresíduosdaconstruçãocivilprovenientesdepequenosgeradores,oschamadosECOPONTOS – Estações de Entrega Voluntária de Inservíveis. São37Ecopontosdestinadosarecebervoluntariamentepequenosvolumesdeentulho(até1m3),grandesobjetos(móveis,podadeárvores,etc.)eresíduosrecicláveis.Nosite daPrefeituradeSãoPaulo(www.prefeitura.sp.gov.br/secretarias/servicoseobras/limpurb) há uma lista com os endereços de todos os Ecopontos da Cidade de São Paulo.
Os RCC são majoritariamente de origem mineral, ou seja, a partir da misturadeconcretos,argamassas,cerâmicas,entreoutrosmateriais.Asusinas de reciclagem instaladas no Brasil separam e classificam os resíduos emdoistipos:vermelho(predominânciademateriaisdenaturezacerâmica) ecinza(predominânciademateriaisdenaturezacimentícia).Oagregado recicladoprovenientedoRCCmineralvermelhoéempregadoematividades deasfaltamento,principalmentebasesdepavimentos.JáoagregadoprovenientedoRCCmineralcinzaéutilizado,preferencialmente,emcalçadas, emblocosdeconcretoeemmobiliáriosurbanosàbasedecimento,como bancos e outros. A
8. seleção de materiais
B
C
FigURA21–(A)Ospisosintertravadosevitamaimpermeabilizaçãodosolo,poispermitemoescoamentodaságuas.(B)e(C)Tijolodesolo-cimentofabricadocom95%de terrae5%decimentoquerequerpoucaargamassa(sistemadeencaixe)egeramenos resíduos na obra. Fonte: Acervo SMA.
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Não utilização de materiais com substâncias perigosas Osmateriaisdeconstruçãoemumambienteinternopodemcausarproblemas à saúde do ocupante e do trabalhador na fase de construção. Presentesemtintaserevestimentos,adesivoseselantes,osCompostos OrgânicosVoláteis(COV)sãosubstânciasquímicasquepodemseremitidas emconcentraçõesmaiselevadasdentrodecasa(atédezvezesmaior)doque no ambiente exterior. À medida que o clima fica mais quente, as taxas de emissãodeCOVaumentam,causamdesconfortopeloseucheiroepodem iniciar os sintomas da síndrome do “edifício doente”.
ASíndromedoEdifícioDoenteadvémdabaixaqualidadeinternadosempreendimentos,comoamáventilação,limpezainternainadequadaefaltademanutençãodos equipamentos.Sãofalhasquefavorecemaproliferaçãodepoluentesdeorigemfísica, químicaoumicrobiológica.Asíndromepodeafetaraté60%daspessoasquevivemou trabalham nestas edificações.
OsprincipaisCOVsãobenzeno,tolueno,etilbenzenoexilenos,conhecidoscomoBTEX,osquaissãoaltamentetóxicos.OsCOVcausamirritações nos olhos, nas vias respiratórias e na pele e, também, podem levar ao desenvolvimentodecâncer.Atabelaaseguirmostraosprincipaisefeitosda exposição aos COV. AlgumasdicasparaminimizaraexposiçãoaosCOVemresidênciasou em outras edificações consistem em: • Não utilizar materiais que contenham COV; •Aumentaraventilaçãodacasaaoutilizarprodutosqueemitemcom-
postos orgânicos voláteis;
8. seleção de materiais
•Não armazenar os recipientes abertos e materiais similares em casa; • Identificar os COV e, se possível, eliminar a fonte. TabELA 6 – Efeitos nocivos à saúde humana pela exposição ao COV. SUBSTÂNCIA
EFEITO POTENCIAL
COV em geral
Narcóticospotentesecapazesdedeprimirosistemanervosocentral. Exposiçõespodemcausarirritaçõesnosolhos,nasviasrespiratóriase na pele. Síndrome do edifício doente.
COV (formaldeído)
Muitos produtos em chapas à base de madeira (compensados) são feitoscomcolasqueliberamformaldeído.Baixasconcentraçõesdogás podemirritarosolhos,onarizeagarganta,possivelmentecausando lágrimas,espirrosetosse.Essesprodutossãoamplamenteusadosem pisos, prateleiras e armários.
COV (tolueno)
Pode causar letargia, tontura e confusão, podendo evoluir para convulsões e até a morte.
Fibras de amianto
Entreasdoençasrelacionadasaoamianto,estãoaasbestose(doença crônicapulmonardeorigemocupacional)ecânceresdepulmãoedo trato gastrintestinal.
Fonte: John; Oliveira e Lima, 2007.
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Conforto TĂŠrmico
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9. Conforto Térmico Oprazertérmicoeoconfortopercebidopelousuárioconstituemitens definidoresdequãoótimaéumacasa,namedidaemqueoconfortotérmico éconsideradoumconceitosubjetivo,associadoàsensaçãotérmicaagradável ao homem (INMET, 2009), que varia de pessoa para pessoa. Oconfortotérmicodependerádevariáveisdoambiente,comotemperatura,umidaderelativaevelocidadededeslocamentodoar,alémdevariáveishumanas,taiscomovestimentaseatividadesfísicas.AINMETcriouum diagramacaracterizandoumazonadeconfortotérmicoemfunçãoapenas datemperaturaambienteedaumidaderelativadoar,comomostradona figura a seguir.
FigURA22–Diagramadeconfortotérmicodohomememrelaçãoàtemperaturaeà umidade relativa do ar. Fonte: INMET, 2009.
9. Conforto térmico
Nota-sequeoserhumanopodeestaremconfortoemumatemperatura quevariaentre18e30ºC.Abaixodos18ºCdeve-seevitaraentradadeventos,jáqueháanecessidadedecalorparaconforto,enquantoqueacimados 30ºC é necessário controlar a incidência de radiação solar. Existemdiversasestratégiasparaobterníveissatisfatóriosdeconforto térmico.Obomaproveitamentodaluznatural,ousodebrisesqueprotegem contraoexcessodeinsolação,garantindoaventilaçãodosambientes,ea implantação de telhados verdes são algumas delas.
Benefícios • Conforto térmico aos usuários; • Redução do consumo de energia.
Ações Ventilação natural Aventilaçãoconsistebasicamentenomovimentodoardentrodeum prédioeentreumaedificaçãoeoexterior,sendoqueumdosproblemasque maisafetamasensaçãodebem-estaréjustamenteoarejamentointerno dashabitações.Projetarumacasaemquesepriorizaaventilaçãonatural minimizaanecessidadedeutilizaçãodeaparelhosderefrigeração,comoarcondicionadoseventiladores,proporcionandootimizaçãodaeficiênciaenergética e do conforto térmico aos usuários. Antesdeprojetaranovaresidência,asparticularidadesdoclimaeda região devem ser verificadas, a fim de identificar as possíveis estratégias paramaximizaraventilaçãonaturaldacasa.Emclimasquenteseúmidos, a ventilação cruzada é a estratégia mais simples a ser adotada. Muitas janelaspermitemexcelenteventilaçãocruzada,comopodeserverificado no projeto abaixo (Fig.).
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FigURA23–Cortedeventilaçãocruzadaeefeitochaminé,exemplosdeventilação natural. (Ilustração: Natália Mayumi Uozumi)
Projetosemáreaspróximasàvegetaçãoouareservatóriosdeáguasão medidasquetambémajudamamodificaroambientedentroeforadacasa. Oprocessodeevapotranspiraçãodassuperfíciesdasfolhasresultaemresfriamentodoar(Fig.).Jáaáguainterferenobalançodeenergiadevidoasua altacapacidadetérmicaepeloconsumodecalorlatentepelaevaporação (Paula, 2004).
9. Conforto térmico
FigURA24–Usodevegetaçãocomosombreamentoparaconfortotérmicodeuma casa. (Ilustração: Natália Mayumi Uozumi)
Telhado verde
FigURA25–CasadoartesãoemPiracaia.Telhadoverdequefuncionacomoumfiltrocontraapoluição e na manutenção da umidade relativa do ar. Fonte: Acervo SMA.
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Otelhadoverde(ouecotelhado)consistenousodecoberturasvegetais (grama, flores, árvores e arbustos), ao invés de cerâmica ou cimento para revestir as lajes de casas e prédios. Aadoçãodetelhadosverdescorrespondeaumatecnologiaqueauxilia nareduçãodealgunsproblemasambientaisdecorrentesdaurbanização das grandes cidades. Auxilia na limpeza do ar, diminui o volume de água quecorreparaosesgotos,combateosfenômenosdeaquecimentoglobal e ilhas de calor e ainda permite os isolamentos térmicos e acústicos dos projetos (Tab.).
Ilhadecaloréumfenômenoqueocorrequandoatemperaturaemdeterminadas regiõesdoscentrosurbanosficamuitomaiordoqueatemperaturanasregiõesperiféricas, devido à alta concentração de fontes de calor, tais como: • Edifícios, vias pavimentadas e outras superfícies; • Poluição atmosférica; • Veículos que, consumindo combustíveis, liberam energia; • Falta de vegetação, o que resulta em baixa taxa de evaporação.
EmSãoPaulo,porexemplo,jáchegouaserregistradaumadiferençade10ºCentre umatemperaturamedidanocentroenaperiferiadacidade,enquantoqueamédiamundial é de 9ºC.
Um estudo realizado em Nova Iorque indicou que a implantação de 50% de telhados verdes na cidade reduziu a temperatura da superfície entre 0,1 e 0,8ºC.Também foi comprovado que os telhados verdes capturaram 80% das águas pluviais comparados com os 24% dos telhados convencionais (Tab.).
9. Conforto térmico
TabELA 7 – Benefícios da implantação do telhado verde
BENEFÍCIOS PRIVADOS
BENEFÍCIOS PÚBLICOS
Aumento da vida útil para a membrana do telhado
Redução do escoamento de águas pluviais
Redução do uso de energia para refrigeração
Redução da ilha de calor
Isolamento acústico
Melhoria da qualidade do ar
Produção de alimentos
Redução da emissão dos GEEs Melhoria da saúde pública Valor estético
Custos Custo líquido do telhado verde
Custos Administração do programa*
Custos de manutenção *Umprogramadeinfraestruturarequersuporteadministrativoemnívelmunicipal.Fonte:Rosenzweig, Gaffin e Parshall, 2006.
TabELA8–Diferençasderetençãodeáguaspluviaisentreostelhadosconvencionais e os verdes.
Precipitação de chuva retida (%)
Telhado convencional
Telhado verde
Retenção média
24%
80%
Retenção no pico do escoamento
26%
74%
Fonte: Rosenzweig, Gaffin e Parshall, 2006.
Otelhadoverdeconsistebasicamenteemumamembranaimpermeabilizante, camada drenante, isolamento térmico e cobertura vegetal (Fig.).
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FigURA26–Exemplodeumaestruturadetelhadoverde.(Ilustração:NatáliaMayumi Uozumi)
Avegetaçãocontribuideformasignificativaparaoestabelecimentode microclimaseajudanaformaçãodepequenosecossistemas,tornando-se pontodeatraçãodepássaros,insetosetambémcriandoespaçosdebemestarelazer.Oprocessodefotossínteseprovocaoresfriamentoevaporativo quediminuiatemperaturaeaumentaaumidadedoaremdiasquentesde verão, favorecendo o conforto térmico da região. Paraaescolhadasespéciesvegetaisénecessáriooconhecimentodoclima local,tipodesubstratoaserutilizadoeotipodemanutençãoqueseráadotada. Paraaimplantaçãodostelhadosverdesgasta-seemtornode1/3a½do custodaestruturasemvegetaçãoepodevariardeR$150,00aR$230,00/m2.
Alémdotelhadoverde,ostelhadosbrancostambémajudamnareduçãodoefeitode ilhadecaloreaumentodaumidadedaregião.Otelhadobrancoconsistenapinturacom tintabrancadostelhadoselajesdasresidências.Otelhadobrancoabsorvemenoscalore estima-sequeparacada100m2detelhadobrancosãocompensadas10tCO2porano,ou seja, 100 kg CO2 por m2 pintado.
Acessibilidade â&#x20AC;&#x201C; Desenho Universal
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10. Acessibilidade – Desenho Universal Rampasdeacessoepisosantiderrapantes,espaçoadequadoparaapassagemdecadeirasderodasebarrasdeapoiosãoalgumastécnicasarquitetônicasnormalmenteutilizadasparagarantiraacessibilidadedosocupantes queemalgummomentodavidapodemapresentardificuldadesdelocomoção e na execução de atividades dentro de sua casa (Fig.).
Figura27–Situações(carrinhodebebê,idoso,cadeirante,grávidas,mobilidadereduzidaedeficiência visual) que demandam projetos de acessibilidade.
Odesenhouniversalcriasoluçõessimplesqueasseguramatodasaspessoas,independentementedesuascaracterísticasfísicas,idadeouhabilidades, apossibilidadedeutilizarcomsegurançaeautonomiaosdiversosespaços construídoseosseusobjetos.Umaconstruçãoadaptáveltemcustosuperior de, no máximo, 1% em relação às construções convencionais. ALeiFederalnº10.098/2000estabelececritériosparaapromoçãodaacessibilidade daspessoasportadorasdedeficiênciaoucommobilidadereduzidanomobiliáriourbano, na construção e reforma de edifícios e nos meios de transporte e de comunicação.
10. Acessibilidade – desenho universal
Benefícios • Promove a inclusão social; • Torna os ambientes iguais para todos; •Minimizaosriscosepossíveisconsequênciasdeaçõesacidentaisou
não intencionais.
Ações Algumasmedidasparaaplicaroconceitodedesenhouniversalemuma residênciacomeçamcomadisposiçãoadequadadoseumobiliário.Quinas, excessodemóveiscongestionandooambiente,assimcomoousodetapetes eprateleirasatrapalhameoferecemriscosàmobilidadedaspessoas.Portanto,redistribuirosmóveiseadequá-loscorrespondeaumamaneirasimplese sem custos para a melhoria da acessibilidade de uma residência. Paraaconcepçãodenovosprojetose/oureformas,anormatécnicada ABNT NBR 9050/2004 dá diretrizes para a área de circulação, referenciais paraalcancemanual,dimensionamentodedegrauserampasdeacessoetc. A seguir, alguns parâmetros estabelecidos pela referida NBR: •Espaçoscomoportasecorredorescom0,8mdelarguraparaapassa-
gem de cadeira de rodas; •Espaçosdecirculaçãoadequadoseexistênciadeáreasderotaçãocom
espaçoslivresde1,50x1,50mparaalocomoçãoseguradocadeirante; • As barras de apoio junto à bacia sanitária, na lateral e no fundo,
devem ter comprimento mínimo de 0,80 m a 0,75 m de altura em relação ao piso; •As pias de cozinha devem possuir altura de, no máximo, 0,85 m, com
altura livre inferior de, no mínimo, 0,73 m.
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Estudos de Casos
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11. Estudos de Casos Aseguir,serãodescritosquatroestudosdeambientesplanejadoseconstruídosseguindocritériosdesustentabilidade.Trêsdelescorrespondemaresidências,sendooquartoprojetoumescritório,afimdeexemplificarquea sustentabilidade pode ser empregada em qualquer tipo de construção.
Casa com acessibilidade ProjetadaporMarcondesPerito–EngenhariaeArquitetura,acasaconstruídanacidadedeSãoPaulosegueosconceitosdodesenhouniversaletem ambientesquepodemseradequadosconformeasnecessidadesdousuário.
FigURA28–Escadascomcorrimãoesensoresdepresençaparailuminação.Fonte: Marcondes Perito Engenharia e Arquitetura
11. EstudoS de casos
FigURA29–Espaçoparaainstalaçãodeelevador.Fonte:MarcondesPeritoEngenharia e Arquitetura
FigURA30–Banheirocombarrasecadeiradeapoio.Fonte:MarcondesPeritoEngenharia e Arquitetura
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Características do projeto: •O acesso à casa é feito por uma rampa suave (6% de inclinação), com
guia rebaixada para pedestres; •Osambientespossuemespaçosuficienteparamanobradecadeirade
rodas; •Casonecessitedobenefícionofuturo,háinfraestruturaparaainstala-
ção de um elevador; •No piso térreo, um cômodo anexo a um banheiro acessível permite
usodiversificado,comoumasuíte,nocasodelimitaçãotemporáriaou permanente de algum morador; • Os banheiros possuem barras de apoio; • Sensor de presença na escada e corredor iluminado; •Piacomgabinetesremovíveisetamposcomvariaçõesreguláveispara
adaptação à altura do morador.
11. EstudoS de casos
Casa Eucaliptos LocalizadaemumaáreadereservaflorestalemCamposdoJordão-SP,a casade50m2,projetadaporAndréEisenlohr,foiconstruídacommadeirade reflorestamentoepreservandoatopografiadoterreno,semanecessidadede movimentação do solo.
FigURA31–Fachadacomvidrosamplos,idealparailuminaçãonatural.Fonte:André Eisenlohr
FigURA32–Utilizaçãodecoletoressolaresparaaquecimentodaágua.Fonte:André Eisenlohr
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FigURA33–Pilaresdesustentaçãocommadeirasdereflorestamento.Fonte:André Eisenlohr
Características do projeto: • Iluminação natural por meio de grandes painéis de vidro; • Sistema de aquecimento da água utilizando placas solares; •Pilaresdeeucalipto,vigasdejatobá,alémdeassoalhoedeckdemui-
racatiara provenientes de áreas de manejo sustentável; •95%dosresíduosdemadeiraforamaproveitadosparaacomposição
das paredes, armários e bancadas; •Utilização de lã de rocha reciclada para isolamento térmico entre as
paredes.
11. EstudoS de casos
Casa – lareira e ar-condicionado ecológicos ResidênciaconstruídanacidadedeSãoPaulo,oprojetocontemplainovações tecnológicas para garantir conforto térmico ao morador. Diminuindoatemperaturainternadaresidênciaematé5ºC,oarcondicionadoecológicofoiprojetadocombasenoconceitoderesfriamentoda evaporaçãodaágua.Aopassaratravésdacascata,oartorna-semaisfresco e úmido e é levado, então, para o interior da casa (Fig.). Outra tecnologia adotadaconsistenalareira,querecuperaocalorproduzidoeliberaarquente para o ambiente (Fig.).
FigURA34–Sistemadearcondicionadoecológicopormeioderesfriamentodaevaporação da água. Fonte: Consuelo-Jorge Arquitetura.
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FigURA35–Oisolamentotérmicoquecircundaalareirarecuperaeliberaocalorparaomeioexterno,promovendoumambientemaisquentenoinverno.Fonte: Consuelo-Jorge Arquitetura.
11. EstudoS de casos
Projeto Harmonia 57 OEdifícioHarmonia57éumedifíciocomercial,localizadonobairroda VilaMadalena,emSãoPaulo.Definidocomouma“novavisãosobreaarquitetura verde”, a água é o grande mote da construção e o sistema de tratamento e reuso da água de chuva é um dos protagonistas do projeto.
FigURA36–Sistemadereutilizaçãodeáguadachuva.Fonte:TriptyqueArquitetura. (Ilustração: Diego Vernille da Silva)
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Comooutroscritériosdesustentabilidadeadotadosnoprojeto,apreferênciapor iluminaçãoeventilaçãonatural,pormeiodesalascomgrandesjanelaseterraços,foi adotada. O resultado obtido é um ambiente de trabalho diferenciado daqueles dos grandesedifíciosdeescritório,queconsomemenergiapormeiodesistemasdeiluminação e ar-condicionado.
FigURA37–Fachadascomvegetaçãolocaleirrigaçãoportubulaçõesquerodeiamaedificação garantem o conforto térmico dos seus ocupantes. (Fonte: Triptyque Arquitetura)
Avaliação de Sustentabilidade (Certificações)
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12. Avaliação de Sustentabilidade (Certificações) Afimdeassegurarodesempenhoambientaldasedificaçõesnovase existentes,foramcriadosselosecertificaçõescomoferramentasdeavaliação da eficiência energética, do uso racional da água e de outros critérios de sustentabilidade. Essasmetodologiasdeavaliaçãoimpulsionamomovimentodasustentabilidadenaconstruçãocivil,poisinfluenciamarquitetoseengenheirosa adotarasmelhorespráticasnosprojetosenaexecuçãodeedificações,além denortearummovimentodemudançanoposicionamentodasociedadecivil em relação ao assunto, gerando uma transformação de mercado. Ascertificaçõesmencionadasacimasãodecarátervoluntário;havendo,atualmente,inúmerascertificaçõesqueavaliamedifícioscomerciais,residências,escolaseatébairros.AscertificaçõesLEED(LeadershipinEnergy
andEnvironmentalDesign),criadapelaONGamericanaUSGBC(U.S.Green BuildingCouncil),eAQUA(adaptaçãodofrancêsHQE–HauteQualiteEnvironnementale),aplicadapelaFundaçãoVanzolini,sãoasmaisconhecidasno Brasil.Entretanto,elassóforamaplicadasaquiparaedifícioscomerciais,não para residências. Diantedaevoluçãodocrescimentodaconstruçãociviledofocodasustentabilidadenosetor,aCaixaEconômicaFederallançouoselo“CasaAzul”, quequalificaráprojetosdeempreendimentosdentrodecritériossocioambientais,agrupadosemseiscategorias:inserçãourbana,projetoeconforto, eficiênciaenergética,conservaçãoderecursosmateriais,usoracionaldaágua e práticas sociais. Emrelaçãoàenergia,aEletrobráscriouoseloProcel–Edifica,emque avaliaaeficiênciaenergéticadosedifícios(comerciais,deserviçosepúblicos) comáreasuperiora500m2ouatendidosporaltatensão(grupotarifárioA). OsedifíciossãoclassificadosemníveisA,B,C,DeE,deacordocomaeficiên-
12. Avaliação de Sustentabilidade (certificações)
ciaenergética:nívelA–altaeficiência(baixoconsumodeenergia)eonível E – baixa eficiência (alto consumo de energia). Ocustoparaqueumaedificaçãosejareconhecidamentesustentável,por meio de um processo de certificação, corresponde a algo em torno de 5 a 10%docustodaconstrução.Ocorrequeaobtençãodacertificaçãoporparte dosinvestidoresgeraretornosnalocaçãoevendadeedificaçõescomerciais eresidenciais,ouseja,ovaloragregadoàedificação–usodemateriaissustentáveis,reduçãodosimpactosambientais,doconsumodeáguaeenergia etc – é superior aos investimentos.
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Políticas Públicas – Construções Sustentáveis
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13. Políticas Públicas – Construções Sustentáveis Considerandoosproblemasocasionadospelacriseeconômica,queacometeuospaísesrecentemente,dentreosquaisodesemprego,muitasnações têmadotadomedidasdeestímuloeconômicoeinvestimentos,sendoquealgunsdessespaísesoptaramporaçõesrelacionadasàrecuperaçãoambiental, como é o caso dos da União Europeia. Assim,investimentosemeficiênciaenergéticaemedifícios,nostransportes,nosaparelhoselétricos,bemcomonadiversificaçãodaofertadeenergia–priorizando-seasenergiasdefontesrenováveis,comoeólica,solare biomassa,especialmentenocasodepaísesemdesenvolvimento–,têmsido fundamentaisparaarestauraçãodeecossistemas,alémdegerarinúmeros empregos“verdes”,permitindoaretomadadocrescimentoeconômicode forma sustentável. Ressalte-se que o potencial para mitigar as mudanças climáticas, reduzindo-seasemissõesdegasesdeefeitoestufa,concentra-seemalguns setoreseconômicos,dentreosquaisodaconstrução.Entretanto,oaproveitamentodessepotencialdependedoenvolvimentodeoutrossetores, especialmenteosrelacionadosarecursoseconsumointensivodeenergia, como é o caso da mineração, do ferro, do aço, da indústria química e dos transportes. Tendoemvistaograueovolumedeimpactosambientaisocasionados pelaindústriadaconstruçãocivil,édeextremaimportânciaquesejamadotadaspolíticasporpartedopoderpúblico,nosentidodeminimizaresses impactos, tanto nas obras públicas quanto nas da iniciativa privada. NotocanteàprópriaAdministração,devemserestabelecidasregrasno âmbitodascomprasecontratações,deformaagarantiraescolhadasmelhoresalternativasdisponíveisnomercado,porpartedopoderpúblico.Éo casodositenseconomizadoresdeáguaeenergia,dosmateriaisfabricados
13. Políticas públicas – Construções sustentÁveis
apartirdautilizaçãoracionaldematérias-primasequegerembaixovolume de resíduos. EmSãoPaulo,existemalgumasaçõesnessesentido.Pode-secitar,por exemplo,oProtocolodaConstruçãoCivilSustentável,celebradoem2008, entreoGovernodoEstado,representadopelasSecretariasdoMeioAmbiente edaHabitação,eosetorprodutivo,estepormeiodediversasentidadespatronais atuantes no mercado da construção civil. ReferidoProtocolofoicelebradocomoobjetivodepromoveracooperaçãotécnicaeinstitucionalentreseussignatários,visandocriarcondiçõesque viabilizem,deformaobjetivaetransparente,aadoçãodeumconjuntode açõesparaconsolidaroprocessodedesenvolvimentosustentáveldosetorda construção civil e desenvolvimento urbano do Estado de São Paulo. Assim,aoaderiraoProtocolo,osrepresentantesdosetorprodutivose comprometem,dentrodesuaspossibilidades,aorientarosempreendedores acumpriralegislaçãoambientalvigentenoEstado.Alémdisso,deverãointroduzir,semprequeviáveltécnicaeeconomicamente,critériossocioambientaisemseusempreendimentos,deformaaminimizarosimpactosaomeio ambiente. Aopoderpúblicocouberamaregulamentaçãodoprocessodelicenciamentoambiental,integralmentetransferidoàCompanhiaAmbientaldoEstadodeSãoPaulo–CETESB,aelaboraçãoeaprovaçãodenormaselegislações ambientaisrelacionadascomosetordaconstruçãociviledesenvolvimento urbanoe oapoioà capacitaçãodosetorprodutivoquantoàaplicaçãoda legislação pertinente e aos processos de licenciamento. Osórgãosdogovernodevempromoveracompatibilizaçãodasregrasdo CódigoSanitáriocomasnormastécnicas,aspráticasconstrutivaseaspremissasdaconstruçãosustentável.Alémdisso,comprometem-seaimplantar essaspremissasnosprojetoselicitaçõesdeobraspúblicas,abrangendonovas construções e reformas de edificações e de obras de infraestrutura.
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Glossário Acessibilidade:deacordocomaNBR9050/04,possibilidadeecondiçãodealcance,percepçãoeentendimentoparaautilizaçãocomsegurançaeautonomiadeedificações,espaço, mobiliário, equipamento urbano e elementos. Agregado reciclado: material granular proveniente do beneficiamento de resíduos de construçãoqueapresentemcaracterísticastécnicasparaaaplicaçãoemobrasdeedificação, de infraestrutura, em aterros sanitários ou outras obras de engenharia. Águacinza:efluentedomésticoquenãopossuicontribuiçãodasbaciassanitáriasepias de cozinha. Áreacontaminada:áreaondehácomprovadamentepoluiçãooucontaminaçãocausada pelaintroduçãodesubstânciasouresíduosquenelatenhamsidodepositados,acumulados,armazenados,enterradosouinfiltradosequedeterminaimpactosnegativossobreos bens a proteger. Área de Preservação Permanente (APP): de acordo com o Código Florestal (Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965), área protegida, coberta ou não por vegetação nativa,comafunçãoambientaldepreservarosrecursoshídricos,apaisagem,aestabilidade geológica,abiodiversidade,ofluxogênicodefaunaeflora,protegerosoloeasseguraro bem-estar da população. Áreademanancial:áreadrenadaporcursosd’água,nascentes,rioserepresasutilizadas para o abastecimento humano e manutenção de atividades econômicas. Análise do Ciclo de Vida (ACV): estudo que avalia as entradas e saídas de energia e materiaisedosimpactosambientaispotenciaisdeumprodutoaolongodeseuciclodevida. Arquiteturabioclimática:harmoniae otimizaçãodoselementosarquitetônicoscomas características locais e o clima da região. Aquecimentosolardaágua:sistemaquecoletaenergiadaradiaçãosolareatransforma emcalor,queentãoédistribuídopormeiodeáguaquenteatéolocalondeseráutilizadoou armazenado para uso posterior.
Glossário
Glossário CompostosOrgânicosVoláteis(COV):compostosorgânicosqueevaporamatemperaturaambienteeparticipamdereaçõesfotoquímicasatmosféricas(nãoincluemomonóxidoeo dióxido de carbono). Aldeídos, cetonas e hidrocarbonetos são exemplos de COVs. Conforto térmico: sensação térmica agradável ao homem. Certificaçãoambiental:reconhecimento,porpartedeumaentidadeindependenteeacreditadaparaoefeito,dequeumprocessoqualquerestáemconformidadecomosrequisitos da norma de referência. Desenho universal: aquele que visa atender à maior gama de variações possíveis das característicasantropométricas(técnicasparamedirocorpohumanoousuaspartes)esensoriais da população. DocumentodeOrigemFlorestal(DOF):licençaobrigatóriaparaotransporteearmazenamento de produtos e subprodutos florestais de origem nativa. Eficiência energética: otimização no consumo de energia. Energia renovável: energia derivada de processos naturais que são repostos constantemente. Eutrofização:processopormeiodoqualumcorpod’águaadquireníveisaltosdenutrientes, provocando o acúmulo de matéria orgânica em decomposição. Filtro de múltiplas camadas: consiste em várias camadas de meios filtrantes de diferentestiposdemateriais(areia,pedregulho,brita)porondepassaoefluenteasertratado. Iluminação zenital: luz natural que entra por aberturas situadas nas coberturas de edificações. Isolamentotérmico:utilizaçãodetécnicas(usodemateriaiseprocessos)quedificultama dissipação de calor de um ambiente.
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Glossário Madeiralegal:madeiradeprocedêncialegalcomprovadapelaapresentaçãodoDOF(Documento de Origem Legal). Madeiracertificada:madeiraqueagrega,emseuprocessoprodutivo,exigênciasecaracterísticas ambientais e sociais estipuladas por certificadoras credenciadas. Placasfotovoltaicas:coletoresdeenergiasolarqueaconvertememenergiaelétricapor meio de células fotovoltaicas, geralmente feitas de silício. PlanoDiretorMunicipal:instrumentobásicoparaadefiniçãodapolíticadedesenvolvimentoeexpansãourbana,devendoestabelecerummodelocompatívelcomaproteçãodos recursos naturais em defesa do bem-estar da população. Procel: Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica. Radiação solar: energia radiante sob a forma de radiação eletromagnética emitida pelo Sol. Reciclagem:équalquertécnicaoutecnologiaquepermiteoreaproveitamentodeumresíduo,apósomesmotersidosubmetidoaumtratamentoquealtereassuascaracterísticas físico-químicas. Resíduos da Construção Civil (RCC): resíduos provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil. Telhadobranco:telhados,coberturaselajespintadoscomtintabranca.Estatécnicaconsiste em diminuir a absorção do calor. Telhadoverde:consistenaaplicaçãodevegetaçãoemtelhadoselajesdeedificaçõescom a finalidade de prover conforto térmico e retenção de águas pluviais. Usinafotovoltaica:usinageradoradeenergiapormeiodeinúmerasplacasfotovoltaicas instaladas em uma mesma área para abastecimento público.
Referências Bibliográficas
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Referências Bibliográficas BARROSO-KRAUSE,C.Instalaçãodecoletorsolar–Dicasparaarquitetura.Disponívelem:<http:// www.proarq.fau.ufrj. br//>. Acesso em: 14 out. 2009. CARNEIRO,A.P.;BRUM,I.A.S.;CASSA,J.C.S.Reciclagemdeentulhoparaproduçãodemateriaisde construção.In:Aproveitamentoderesíduossólidoscomomateriaisdeconstrução.Salvador: EDUFBA; Caixa Econômica Federal, 2001. 312p. CUNHA, A. Sol para todos. Construção & Negócios, ano 3, pp. 3-9, 2009. DIDONÊ,D.IWAKURA,M.Casasustentáveldevebeberpoucaágua.Disponívelem:<http://www. folhasp.com.br>. Acesso em: 21 out. 2009. ELETROBRÁS.Eletrodomésticos.Disponívelem:<http://www.eletrobras.com/procel>.Acessoem14 dez. 2010. EPE(EmpresadePesquisaEnergética).PlanoNacionaldeEnergia–PNE2030.RiodeJaneiro,2007. GONÇALVES.Manualdeconservaçãodeáguas.Disponívelem:<http://www.www.cbcs.org.br/userfiles/bancoDeConhecimento/ManualConservacaoDaAgua.pdf.Acessoem:22maio2010. INMET(InstitutoNacionaldeMeteorologia).Confortotérmicohumano.Disponívelem:<http://www. inmet.gov.br>. Acesso em: 11 dez. 2009. INPE(InstitutoNacionaldePesquisasEspaciais)/LABSOLAR.Brasil–SRSolarModelAnnualandSea-
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Referências Bibliográficas
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Ficha técnica Cadernos de Educação Ambiental Coordenação Geral
Silvana Augusto
Caderno Habitação Sustentável Autoria
Christiane Aparecida Hatsumi Tajiri Denize Coelho Cavalcanti João Luiz Potenza Comissão editorial
José Ênio Casalecchi Roberta Buendia Sabbagh Execução das figuras
Diego Vernille da Silva Natália Mayumi Uozumi Colaboração
Florência Chapuis Letícia Morse Gosson Jorge Márcia Maria do Nascimento Produção editorial
Imprensa Oficial do Estado de São Paulo – IMESP Editoração eletrônica
Teresa Lucinda Ferreira de Andrade
Revisão do texto
Denise Scabin Pereira Wilson Ryoji Imoto CTP, Impressão e Acabamento
Imprensa Oficial do Estado de São Paulo – IMESP Fotoscedidas:AcervoSMA,AndréEinsenlohr,AnísioEliasBorges,Consuelo-JorgeArquitetura,Heliotek,MarcondesPerito-EngenhariaeArquitetura, Triptyque Arquitetura.
Secretaria de Estado do Meio Ambiente Avenida Professor Frederico Hermann Jr., 345 S達o Paulo SP 05459-010 Tel: 11 3133-3000 www.ambiente.sp.gov.br Coordenadoria de Planejamento Ambiental Avenida Professor Frederico Hermann Jr., 345 S達o Paulo SP 05459-010 Tel: 11 3133-3636 www.ambiente.sp.gov.br/cpla
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