Prêmio FCW 2005

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OS VENCEDORES DO PRÊMIO CONRADO WESSEL DE ARTE, CIÊNCIA E CULTURA

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2005

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INDICE FCW distribui prêmios para arte, ciência e cultura e faz filantropia

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Fundação dá a maior premiação do país para vencedores, R$ 100 mil

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A grande festa na Sala São Paulo, com recital de Arnaldo Cohen

~ej~ q~a~s são as ~ete ínstítuíçoes parceiras da fundação

JOSéGalizia Tundisi é especialista na análise de recursos hídricos

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0 pesquisador, cardiologista e homem público Adib jatene

0 perfil do inventor, empresário e benfeitor Conrado Wessel

6

AS contribuições de Luiz Carlos Fazuoli para a cafeicultura

2O

FábiO Lucas critica a

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s.ubs,e~viência a m?delos literários estrangeiros

Trabalho de Wanderley de Souza é referência no estudo sobre parasitas

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A luta de AzizAb'Sáber

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para que a ciência não se descole da realidade

AS fotos publicitárias que ganharam o prêmio de Arte

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Capa Mayumi Okuyama . Foto da capa: M iguel Boyayan

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o IDEAL DE

UM PESQUISADOR Fundação Conrado Wessel realiza o sonho de seu idealizador ao premiar a arte, a ciência e a cultura, e ao fazer filantropia

.undação Conrado Wessel (flCW), ao promover, por meio d .uma gestão dinâmica e realiza, ora, os maiores prêmios ací \ nais e grandes doações --~a'-uaí , evidencia a dimensão social .inigualável de Ubaldo GQI1radb.AugustoWessel, que a criou pretendendo uma instituição com "objetivos filantrópicos, beneficentes, educativos, culturais e científicos". No segmento das doações, o orçamento vem crescendo: em 2003, R$ 480 mil; em 2004,R$ 640 mil; em 200S,R$ 720 mil; em 2006, R$ 840 mil. Entre as entidades beneficiadas, por ser oportuno, cabe citar o Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Anualmente, sob o patrocínio da FCW, são enviados para o exterior, como neste ano para Hong Kong, na China, mais de 40 integrantes de todas as suas unidades. Lá eles compartilham com outros países das últimas técnicas e equipamentos mais avançados; trazem tais conhecimentos e aparelhos para São Paulo; aqui os aplicam, desenvolvem e, em vários casos, aperfeiçoam. Daí a maravilhosa destreza de 4

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nossos bombeiros com o atendimento cada vez mais eficaz. Além dessa permanente atuação de amplo espectro social, a FCW também beneficia mais de 2.600 jovens, crianças carentes e adultos, com as doações sistemáticas às Aldeias Infantis SOS do Brasil, ao Colégio Benjamin Constant, ao Hospital do Câncer da Fundação Antônio Prudente, à Promoção Social do Exército da Salvação e a outras instituições escolhidas anualmente pela diretoria. Entretanto, o que traduz o ideal de Conrado Wessel é o incremento à arte, à ciência e à cultura, que a fundação concretiza anualmente com a outorga do Prêmio FCW, desde 2002. Trata-se do maior prêmio destinado à arte, à ciência e à cultura no Brasil. Nesta quarta edição o prêmio à Fotografia Publicitária, na categoria Arte, foi distribuído a três fotógrafos, no total de R$ 140 mil líquidos; às respectivas agências foi concedido um diploma de honra ao mérito. Foi realizada ainda, na Sala São Paulo, uma exposição com as cem melhores fotos concorrentes, numa homena-

gem a 64 fotógrafos finalistas . Em Ciência e Cultura, os premiados foram pesquisadores em ciência e tecnologia e um crítico literário. Cada qual ganhou um troféu e R$ 100 mil líquidos - o maior valor para escolhas do gênero no país. Para Ciência e Cultura, o sistema de seleção dos ganhadores contribui significativamente para sua credibilidade entre a comunidade científica. Os nomes provêm de indicações de 140 universidades federais e estaduais, academias, institutos e outras entidades de produção científica e tradição cultural reconhecida. Ao confrontar os grandes nomes enaltecidos pela avaliação de júris formados por representantes do CNPq, Capes, FAPESp'SBPC,ABC, ABL, CTA e FCW, o diagnóstico imediato é de uma contribuição inestimável para o país. Esta edição destina-se a divulgar as ações da fundação para o público interessado - no caso, prováveis candidatos aos prêmios no futuro -, contar a história de Conrado Wessel e apresentar os ganhadores do Prêmio FCW de 2005, conhecidos este ano. • PESQUISA

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Crianças durante atividades em uma das unidades das Aldeias Infantis SOS Brasil, em São Paulo: benefícios a jovens carentes


o INVENTOR WESSEL EM FOCO Conrado Wessel criou a primeira fábrica brasileira de papel fotográfico

onrado Wessel era apaixonado pe a ciência e pela arte. Inventor ato e empreendedor obstinado, criou a primeira fábrica brasileira de papel fotográfico em 1921, utilizando tecno agia e patente próprias. entou sérios concorrentes estrangeiros, mas conquistou o mercado e formou um patrimônio imobiliário que, obedecendo ao desejo expresso em seu testamento, foi utilizado como lastro para criar uma fundação que apoiasse atividades educativas, culturais e científicas de seis entidades 6 ESPECIAL

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CONRADO

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e incentivasse a arte, a ciência e a cultura por meio de prêmios.A fundação foi instituída em 1994, um ano depois da sua morte, aos 102 anos. Nasceu em Buenos Aires, em 1891, filho de família tradicional de fabricantes de chapéus, em Hamburgo, na Alemanha, que imigrara para aArgentina, em meados do século XIX. No ano seguinte ao seu nascimento, o pai, Guilherme Wessel, migrou para Sorocaba e, posteriormente, para São Paulo, onde se tornou comerciante, além de

professor de Matemática no Seminário Episcopal, no bairro da Luz. Guilherme era um apaixonado pela fotografia e previa um grande futuro para o setor, inclusive no segmento dos clichês. Conrado Wessel herdou do pai essa paixão. Ainda jovem, ganhou dois prêmios em concursos promovidos pela Secretaria da Agricultura. Paralelamente às aulas, seu pai adquiriu uma loja de material fotográfico onde instalou um ateliê de fotografia e clicheria, na rua DiPESQUISA

FAPESP


Conrado Wessel com aparelho fotográfico, experiências

reita n° 20. Conrado o auxiliou na gerência da loja. Entretanto, por interesse do pai e seu foi estudar química em 1911, em Viena, na Áustria. Lá aprendeu fotoquimica na K.K. Lehr und Versuchs Antstalt, renomada escola de fotografia, especializando-se em clichês para jornais e revistas. Voltou ao Brasil dois anos depois. Seu projeto era ambicioso: sonhava com a criação de uma fábrica de papel fotográfico nacional. Na época, os fotógrafos do Jardim da Luz, um dos príncíPESQUISA

FAPESP

pais locais de lazer da cidade, trabalhavam com uma câmera-laboratório: uma caixa de madeira com uma objetiva sobre um tripé.A câmera era dividida em duas partes. A inferior continha os banhos de revelado r e fixador utilizados para o processamento químico de filmes e papéis. O papel utilizado era importado de fabricantes como a Kodak,Agfa e Gevaert. Continuando suas pesquisas para descobrir uma fórmula inovadora de banho ao papel e gerar um novo papel

em foto restaurada: e inovação

fotográfico, querendo mais "desenvolvimento técnico e comercial", como ele mesmo observou em uma página autobiográfica, tornou-se aluno ouvinte da Escola Politécnica. "Durante quatro anos fiz de tudo ali", contou. "Desde a preparação do nitrato de prata até os estudos das diferentes qualidades de gelatinas. Da ação dos halogênios como o bromo, o cloro e o iodo sobre o nitrato de prata. Fiz inúmeras experiências misturando o nitrato de prata ao brometo de potássio, ao cloreto de sódio e ao iodeto de potássio. Cheguei à conclusão de que a mistura de uma pequena dose de iodo ao bromo dava muito melhor resultado, assim como a adição do bromo ao cloro." Depois de muitas experiências, Conrado Wessel chegou a uma fórmula satísfatória para o papel, cujas provas, como ele sublinhou, agradaram muito ao seu pai. A patente de sua invenção, obteve-a em 1921, assinada pelo presidente Epitácio Pessoa. (Veja cópia do docu-

mento na página 8.) O próximo desafio era iniciar a produção. Faltavam-lhe máquinas e papel. As máquinas, ele adquiriu "por 8 contos e 500" de um estudante de fotoquímica que, tal como ele, tentara fundar uma fábrica de papel fotográfico. O negócio hão tinha dado certo e o equipamento estava disponível. As máquinas foram instaladas num pequeno prédio

ESPECIAL

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de propriedade do pai, na Barra Funda, em 1921. "As fórmulas que eu havia elaborado pareciam boas, mas não poderia assegurar que seriam boas também na fabricação", ele registrou, preocupado. O papel necessário para os testes foi mais difícil, já que no Brasil não havia nenhuma fábrica para fornecer o papel baritado. O material tinha que ser comprado na França, fabricado pela Rivers, ou naAlemanha, pela Scholler. Conrado Wessel saiu à cata de um importador. "Enquanto a encomenda não chegava, estudei como pendurar o papel emulsionado para secar no pequeno espaço de que dispunha", disse. O acaso, ele reconheceu, ajudou-o a encontrar a solução. Conrado Wessel estava na Tapeçaria Schultz, para a qual realizava um serviço de propaganda, quando lhe chamou a atenção o sistema de cortinas que se moviam por cordinhas usadas pelos tapeceiros. Fez um croqui do sistema utilizado na Schultz e imaginou que, empregando método semelhante, poderia secar mais de 100 metros de papel. O papel chegou e a pequena fábrica iniciou sua produção. "Foi um desastre", resumiu Conrado Wessel. Não se aproveitaram mais do que 10 centímetros dos 10 metros de papel emulsionados. Nova tentativa, nova frustração. O papel, ele descreveu, estava quase todo "eivado de pequenas bolhas e outras partículas indesejáveis" . Enquanto "matutava" sobre o problema, mais uma vez o acaso - e o olhar arguto trouxe a solução. Conrado Wessel foi chamado à fábrica das Linhas Correntes, no Ipiranga, para executar um servi8 ESPECIAL

PRÊMIO

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A patente foi conseguida

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Conrado Wessel em 1921

ço de clichés. Sozinho no salão de espera, reparou numa pequena máquina utilizada para passar goma no verso das etiquetas. Ele descreveu esse equipamento: "Havia uma cuba e um rolo imerso dentro dela. Com a máquina em movimento, o rolo passava uma certa quantidade da solução, deixando estrias sobre o papel, que também seguia seu curso. Eureca, pensei, meu problema está resolvido". Mais uma vez fez um croqui e adaptou a máquina de emulsionagem ao modelo daquela

utilizada para gomar etiquetas. E detalhou os resultados: "A máquina se resumia no seguinte: uma cuba de barro vidrado (naquela época não existia o aço inoxidável) cheia de emulsão e um rolo de ebonite que mergulhava nela. O papel passava entre um outro eixo fixo, regulado como o rolo. Dessa maneira, as bolhas ficavam todas na cuba. Mais tarde esse sistema foi melhorado, com mais de um rolo de ebonite, tornando impossível o surgimento de bolhas sobre o papel. Fizemos PESQUISA

FAPESP


Fábrica de papel fotográfico

Kodak-Wessel

e placa explicativa. Abaixo, folheto

com preços

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novas experiências com pleno êxito. Vamos fabricar e vender", comemorou. Nasceu assim a Fábrica Privilegiada de Papéis Photograficos Wessel. Conrado Wessel não imaginava, no entanto, que teria que enfrentar ainda a resistência dos fotógrafos, seus potenciais clientes. "Eles experimentaram o material, acharam bons os resultados, mas julgaram melhor continuar com o postal da Ridax, da Gevaert, apesar do preço do meu ser bem menor:' Foi nessa época que ele forjou o lema que o PESQUISA

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.acompanharia por toda a vida: "Insista, não desista". Os negócios iam mal até que a sorte - ou talvez a história - reverteu o risco do fracasso. No dia 5 de julho de 1924, Isidoro Dias Lopes deflagrou o movimento conhecido como a Revolução dos Tenentes. São Paulo ficou sitiada, isolada do resto do país. Aos fotógrafos da Luz faltou papel importado. "Numa manhã de um dos primeiros dias de revolução apareceu um deles em minha casa e perguntou se eu tinha postais

para vender", contou Conrado Wessel. A revolução abriulhe o mercado. Ao fim de 29 dias de cerco, os rebeldes se renderam. O fluxo de papel importado foi restabelecido, mas a fábrica de papéis criada por Conrado Wessel já tinha, definitivamente, conquistado a clientela que lhe permaneceu fiel. Os grandes fabricantes estrangeiros, como a Gevaert, tentaram ainda recuperar o mercado oferecendo produtos mais baratos. Conrado Wessel também baixou os preços. "Por incrível que pareça, estes postais mais baratos não foram aceitos pelos ambulantes. Nem os meus, nem os da Gevaert." A produção brasileira cresceu, Conrado Wessel comprou um prédio maior e consolidou sua posição no mercado. Não faltaram propostas de empresas estrangeiras interessadas em parceria com a agora próspera fábrica brasileira de papéis, até que Conrado Wessel firmasse um contrato com a Kodak, garantindo para ela praticamente toda a sua produção. Ficou acertado que a empresa norte-americana construiria uma fábrica nova em Santo Amaro, com maquinário moderno e chamada Kodak-Wessel, administrada por Conrado Wessel.Isso ocorreu em 1949 e durou até 1954.A partir dessa data a patente passou definitivamente à Kodak e o nome da fábrica deixou de ser Kodak-Wessel. Ao longo desse período, com o lucro dos negócios bem administrados, Conrado Wessel comprou imóveis nos bairros de Campos Elíseos, Barra Funda, -Santa Cecília e Hígíenópolis, que, no futuro, se tornariam o patrimônio da Fundação Conrado Wessel. •

ESPECIAL

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MArOJ3. PREMIAÇÃO DO PAIS ----------------------------------------------------------------------------------------~r_

FCW dá R$ 100 mil

líquidos aos vencedores de cada categoria

cada edição do Prêmio FCW e Arte, Ciência e Cultura, a fuadação vem aperfeiçoando seu ormato para torná-lo mais interessante e cobrir eventuais cunas. Na quarta edição, de 2' 5, <mjacerimônia de entregados prêmíos ocorreu em 12 de junho de 2006, na categoria Arte, repetiu-se a homenagem da FCW ao fotógrafo publicitário e às agências de publicidade às quais as fotos se vincularam - um diploma de honra ao mérito às três agências vinculadas aos três primeiros colocados. O Prêmio de Ciência, nas suas cinco modalidades, foi conferido apenas a pessoas naturais, reservando-se para outro exercício a avaliação dos nomes de pessoas jurídicas eventuais indicadas. Nesse sentido não se repetiu o fenômeno de 2004, quando duas instituições receberam prêmio. Na galeria de laureados pelo Prêmio FCW observa-se uma profusão de talentos brasileiros. Na primeira edição, em 2002, os prêmios na área de ciência foram distribuídos 10

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por meio de concurso nas escolas da rede pública de São Paulo. A FCW distribuiu 18 computadores e R$ 150 mil entre as escolas, professores e alunos premiados. Na área de literatura foram premiados três autores inéditos, selecionados por críticos literários entre 94 concorrentes: Noêmia Sartori Ponzeto, Maria Filomena Bouissou Lepecki e Santiago Nazarian. O prêmio foi a edição do livro inédiio de cada um, com tiragem de 2 mil exemplares, com noite de autógrafo no Museu da Casa Brasileira, em São Paulo. O prêmio de Arte foi conferido aos fotógrafos Klaus Werner Mitteldorf, Maurício Salomão Nahas Filho, Allard Willen Meindert van Wielink. Na segunda edição, em 2003, a premiação adquiriu novo formato para destacar o trabalho de pesquisadores vinculados a universidades e institutos de pesquisa. O prêmio foi dividido em seis categorias: Ciência Geral (Carlos Henrique de Brito Cruz foi o ganhador), Ciência Aplicada

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ao Meio Ambiente (Philip Martin Fearnside), ao Campo Qairo Vidal Vieira), ao Mar (Dieter Carl Ernst Heino Muehe), Medicina (Maria Inês Schmidt) e Literatura (Lia Luft). Na categoria Arte ganharam os fotógrafos Bob Wolfenson, Leonardo Martins Vilela e Márcia Ramalho. Para ampliar a participação dos cientistas, a FCW firmou acordo com entidades de fomento à ciência e tecnologia, entre elas a FAPESp,que passou a integrar a comissão de organização e avaliação das candidaturas. Os vencedores de cada categoria recebem um prêmio no valor de R$ 100 mil líquidos - o maior já conferido por uma instituição brasileira - e uma escultura de Vlavianos. A lista com o nome dos indicados foi submetida à avaliação de um júri formado por entidades parceiras da FCW. A partir do apoio da FAPESp, formou-se uma Comissão ]ulgadora constituída por oito entidades parceiras:ABC,ABL, Capes, CNPq, CTA, FAPESP, FCW e SBPC. PESQUISA

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(Veja o final desta edição, com a lista dosjurados e o 10gotipo das parceiras.) Em 2004, na terceira edição, ampliou-se para um total de 140 o universo das entidades convidadas a apresentar nomes-candidatos ao prêmio. Foram vencedores: o bíoquímico Isaias Raw, presidente da Fundação Butantan, em Ciência Geral. César Gomes Victora, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), em Medicina. Na categoria Ciência Aplicada à Água ganhou o almirante Alberto dos Santos Franco, especialista na análise e previsão das marés.Em Ciência Aplicada ao Campo, o escolhido foi o Instituto Agronômico, de Campinas (IAC). O Museu Paraense Emílio Goeldi, de Belém, foi o premiado em Ciência Aplicada ao Meio Ambiente. Ferreira Gullar, poeta maranhense radicado no Rio de Janeiro, foi o laureado em Literatura. Por fim, os premiados na categoria Arte (Foto Publicitária) foram os fotógrafos Ricardo CuPESQUISA

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nha, em primeiro lugar, Paulo Vainer, em segundo, e Felipe Hellmeister, em terceiro. Em 2005, na quarta edição apresentada nas páginas desta revista, o médico e cientista Wanderley de Souza, da UFRJ, recebeu o Prêmio FCW de Ciência Geral. Adib jatene, do Hospital do Coração, foi o premiado em Medicina. Na categoria Ciência Aplicada à Água ganhou José Galizia Tundisi, do Instituto Internacional de Ecologia e Gerenciamento Ambiental de São Carlos. Em Ciência Aplicada ao Campo, o escolhido foi Luiz Carlos Fazuoli, pesquisador do café do IAC. Azíz Nacib Ab'Sáber, da USp'foi o premiado na categoria Ciência Aplicada ao Meio Ambiente. Fábio Lucas, crítico literário da Academia Mineira de Letras, foi o laureado em Literatura. Os premiados na categoria Arte (Foto Publicitária) foram os fotógrafos Maurício Nahas, em primeiro lugar, Andréas Heiniger, em segundo, e Gustavo Rodrigues de Lacerda, em terceiro. • ESPECIAL

A escultura de Vlavianos é dada aos vencedores em Ciência Geral, Medicina, Ciência Aplicada ao Campo, Ciência Aplicada ao Meio Ambiente, Ciência Aplicada à Água, Literatura e Arte

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1. Vencedores em cada categoria; 2. Presidentes das instituições que fizeram as indicações; 3. Américo Fialdini Júnior, diretor presidente da FCW;4. Os premiados Fábio Lucas (esq.), Aziz Ab'Sáber e Antonio Bias Bueno Guillon, presidente do Conselho Curador da FCW;S.lsaac Roitman, do Ministério da Ciência e Tecnologia (esq.), e Ricardo Brentani, diretor presidente do Conselho Técnico-Administrativo da FAPESP;6. Os fotógrafos Maurício Nahas (esq.), Andreas Heiniger e Gustavo Lacerda; 7. Rubens Fernandes Junior, presidente do júri de Fotografia Publicitária (esq.), o pianista Arnaldo Cohen e sua esposa, Ann.

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FESTA DOS GANHADORES um recital do pianista Arnaldo Cohen, que tocou peças de Bach,Alberto Nepomuceno, Radamés Gnattali, Luis Levy, Francisco Braga, Ernesto Nazareth e Chopin. No local ocorreu também a Mostra de Fotografia Publicitária, com os melhores trabalhos dos fotógrafos do setor, que concorreram ao prêmio de Arte da FCW Confira alguns flashes da festa.

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No ENCALÇO DO PARASITA Radicado no Rio de Janeiro, o baiano Wanderley de Souza é referência internacional no estudo de protozoários que atacam o homem

ua CiQ cursava o colegial, hoje chama de ensino médio, o para ítoíegísta Wanderley de Souza já pensava em ser cientista. as havia um obstáculo geog / fi o a separá-lo de sua aspi ão.Nascido em 1951 no m ícípío baiano de Iguaí, Souza sabia que, naquele tempo, tedeixar a terra natal para perseguir seu objetivo. "Na Bahia, não havia então condições de ser pesquisador", relembra. "Eu teria de ir a São Paulo ou ao Rio de Janeiro." Escolheu a capital fluminense, onde entrou no curso de medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 1968. "Antigamente, quem queria virar pesquisador (nas áreas biológicas) fazia medicina", conta. "Hoje o caminho mais tradicional é cursar biologia." 14

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Desde o primeiro ano da faculdade, já na condição de bolsista de iniciação científica pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o jovem Wanderley abraçou a área que seria o centro de seus estudos, as doenças causadas por protozoários (seres vivos com apenas uma célula), como os parasitas da malária, da toxoplasmose e da leíshmaniose. Fez seus primeiros trabalhos sob orientação de Hertha Meyer, alemã emigrada para o Brasil na década de 1940, que foi uma das pioneiras na área de cultivo celular, e Cezar Antonio Elias, especialista em radiobiologia. Formou-se em 1974 e logo em seguida fez mestrado e doutorado no Instituto de Biofísica da

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UFRJ, analisando em detalhes a biologia do Trypanosoma cruzi, protozoário causador da doença de Chagas, até hoje um de seus principais objetos de estudo. "No curso de medicina, o que mais me interessou foi o estudo dos parasitas", conta Souza. "Sempre quis entender como eles penetravam nas células humanas." Desde então, Souza desenvolve uma bemsucedida carreira de pesquisador, ocupando hoje o cargo de chefe do Laboratório de Ultra-estrutura Celular Hertha Meyer do Instituto de Biofísca Carlos Chagas Filho da UFR]. Ele passou pequenas temporadas no exterior (México, Estados Unidos e Escócia), sem, no entanto, fazer um pós-doutorado formal fora do país. PESQUISA

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lulares, o laboratório também se dedica, com menor ênfase, ao estudo de estruturas de nematóides (vermes), tendo como modelo experimental o

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Wanderley de Souza: descrição detalhada de duas organelas do Trypanosoma cruzi, causador da doença de Chagas

De forma esquemática, os trabalhos conduzidos em seu laboratório podem ser agrupados em três grandes linhas: o estudo da organização estrutural de parasitas que provocam doenças no homem; sua interação com células do hospedeiro; e o desenvolvimento de novas drogas que possam ser utilizadas em quimioterapia. "Nos últimos oito anos, estamos intensificando a procura de novas drogas PESQUISA

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para combater os parasitas", diz Souza. Um dos alvos prioritários dos cientistas é desenvolver fármacos que atuem sobre a síntese do ergosterol, um tipo de composto solúvel em gorduras que é essencial para a sobrevivência e replícação de alguns parasitas. De função semelhante ao colesterol, o ergosterol controla a fluidez das membranas de certos protozoários. Além de pesquisar os parasitas uníce-

agente causador da filariose em roedores. Em alguns momentos da vida profissional o parasitologista exerceu, ao lado de seu trabalho de investigação científica, cargos na administração pública, sempre na área de educação ou pesquisa. Na década de 1990 foi o primeiro reitor da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) , em Campos dos Goytacazes, um projeto de instituição de ensino idealizado pelo antropólogo Darcy Ribeiro. Entre janeiro de 2003 e janeiro de 2004, foi secretário executivo do Ministério da Ciência e Tecnologia. Atualmente é secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação no Rio de Janeiro, posto que ocupa pela segunda vez. "Um dos maiores desafios do Brasil é transformar o nosso conhecimento básico em produtos com valor econômico", afirma Souza. "Também precisamos atrair mais empresas privadas para a pesquisa científica." Autor de mais de 400 artigos científicos publicados em revistas internacionais, sem contar o meio milhar de comunicados apresentados em congressos e os sete livros editados, Souza é um dos maiores especialistas na anatomia dos protozoários e nos mecanismos de invasão utilizados por esses parasitas para penetrar nas células humanas. Nesse campo de estudos, seus trabalhos de maior relevância talvez sejam as descrições pormenorizadas de duas importantes organelas do

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O parasitologista brasileiro é autor de mais de 400 artigos

Trypanosoma cruzi, o acidocalcissoma e o reservossoma, esta segunda descoberta pela própria equipe de Souza. Segundo o parasitologista, que será o presidente do 13° Simpósio Internacional de Protozoologia a ser realizado no Brasil em 2009, seus escritos científicos já foram citados cerca de 7 mil vezes em artigos de outros pesquisadores. "O Brasil é líder nos estudos de protozoários", comenta. 16

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publicados

em revistas

científicas

internacionais

Além da expressiva produção acadêmica, Souza também se orgulha de formar novas levas de pesquisadores. Já orientou cerca de 80 pós-graduados e contribuiu para a formação de núcleos de estudos em parasitologia em universidades de vários estados. "Temos de passar o conhecimento adiante, para outros grupos", diz. Somente em seu grupo na UFRJ trabalham cerca de 50 pessoas.

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Por sua atuação de destaque na ciência fluminense, Wanderley Souza, que é membro da Academia Brasileira de Ciências desde 1987 e daAcademia de Ciências do Terceiro ~undo desde 1990, recebeu o título honorífico de cidadão do estado do Rio de Janeiro. Esse baiano radicado há quase quatro décadas no Rio de Janeiro é casado e pai de três filhos - dois dos quais alunos de pós-graduação da Uenf. • PESQUISA

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CONHECI INTEGRAD Trajetória de José Galizia Tundisi inclui a criação de dois programas de pós-graduação

apr ndizado de história natural o olégio mexeu com a imagi ação e o rumo profissional de José Galizia Tundisi, 68 anos,qu em seu currículo registra q se cinco décadas de estu o e projetos dedicados a E ursos hídricos e meio ambiente, Era o [mal da década de 1950.Tundisi estudava em laú, no interior de São Paulo, cidade vizinha a Bariri, onde nasceu e ainda morava, e se encantou com as aulas dadas pelo professor Antonio Therezio Mendes Peixoto, a ponto de se lembrar, tantos anos depois, da importância desse mestre para as suas escolhas futuras. A primeira dessas escolhas foi o curso de história natural na Universidade de São Paulo (USP), vinculado à Faculdade de Filosofia. Naquele tempo não existia ainda o curso de ciências biológicas. "O curso de história natural tinha um pouco a tradição da velha escola alemã de naturalistas, influência do professor Ernest Marcus e outros fundadores da USP", diz Tundisi. As disciplinas contemplavam várias PESQUISA

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áreas, como zoologia, botânica, geologia, mineralogia, física, química e matemática. O curso, com duração de cinco anos, foi concluído em 1962. "A grande escola que eu tive relacionada com água e ecologia de águas foi no Instituto Oceanográfico da USP", diz o pesquisador. Foi lá que ele fez a iniciação científica, orientado pela professora Marta Vanucci, que trabalhava em um circuito internacional muito amplo e, com isso, trazia sempre idéias novas. "Fiquei muito interessado por essa nova dimensão da ciência a que fui apresentado, que não se limitava a descrever os

organismos, mas tinha como objetivo conhecer melhor as inter-relações entre os organismos e o ambiente, a base da ecologia", diz. A etapa seguinte foi o mestrado em oceanografia biológica pela Universidade de Southampton, na Grã-Bretanha, encerrado em 1966 com a dissertação "Alguns aspectos da produção de substâncias extracelulares pelas algas marinhas". Na volta ao Brasil fez o doutorado em ciências biológicas na USp,orientado por Francisco Lara, com a defesa da tese "Produção primária, standing stock do fitoplâncton e fatores ecológicos da região lagu-

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nar de Cananéia", em 1969. O pesquisador trabalhou no Instituto Oceanográfico da USP até 1971, quando foi para São Carlos, no interior de São Paulo, onde mora até hoje, fundar o curso de graduação em ciências biológicas da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). No ano seguinte criou o curso de graduação em biologia e mais tarde o programa de pós-graduação (mestrado e doutorado) de ecologia e recursos naturais, que em outubro completou 30 anos. "O programa de pós-graduação teve um papel importante na formação dos primeiros quadros profissionais no Brasil em ecologia, com uma visão mais sistêmica, e não apenas descritiva", diz Tundísí. Em 1984 ele voltou às origens acadêmicas. Foi novamente para a USP de São Car18

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los, desta vez no Departamento de Hidráulica e Saneamento. Lá, em 1989, criou outro curso de pós-graduação, chamado ciências da engenharia ambiental. "Foi uma evolução do processo, porque o curso de ecologia da UFSCar era mais básico,formava profissionais voltados para o problema da água, enquanto o curso da USP tinha fundamentalmente uma aplicação em água", relata. Após criar um curso de graduação e dois de pós-graduação na mesma cidade, em duas universidades diferentes, Tundisi foi convidado a presidir o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), onde ficou de 1995 a 1998, quando se aposentou da carreira acadêmica. Outros projetos estavam a caminho. A experiência e o conhecimento de Tundisi e de

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sua mulher, a pesquisadora Takako Matsumura-Tundisi, especialista em ecologia de sistemas, resultaram na criação do Instituto Internacional de Ecologia, em São Carlos, empresa que desenvolve pesquisas em planejamento e gestão de recursos hídricos e oferece serviços de consultoria na área. Entre os clientes estão várias empresas interessadas em resolver o problema da gestão das águas, grandes hidrelétricas e empresas de mineração. Tundisi também coordena um projeto, chamado Programa de Águas (Water Programme), parte de um programa mundial que reúne 96 academias de ciências e sob a responsabilidade da Academia Brasileira de Ciências. "A finalidade é estender essas idéias que desenvolvi no Brasil em termos de pós-graduação, pesPESQUISA

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José Galizia Tundisi: cinco décadas dedicadas ao estudo dos recursos hídricos

quisa e formação de recursos humanos para criar centros de pesquisa, inovação e capacitação", diz. Brasil, Polônia, China,]ordânia, Casaquistão e África do Sul integram a rede para itnplementar esses centros. "O grande gargalo que temos é formar gerentes qualificados que trabalhem na gestão das águas do ponto de vista da inovação", diz Tundisi. Isso significa ter uma visão mais ampla do processo de gestão, que não se limite apenas ao tratamento da água, mas sim o seu papel na economia local, regional e na saúde humana. Entre os planos atuais do pesquisador está a criação de um terceiro curso de pós-graduação, de recursos hídricos e desenvolvimento sustentável, no Centro Universitário Metropolitano de São Paulo (Unimesp) , em Guarulhos. "É um PESQUISA

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terceiro momento, em que y teresse de Tundisi por histómos trabalhar muito m 1S r a tural cinco décadas atrás questão da água na RegCo result u em 300 trabalhos putropolitana de São Paulo''; djz bllcad s, 24 livros lançados e a Tundisi, que prevê um cênârío fo maêão de 60 mestres e dounão muito alentador pata datotes espalhados por estados qui a duas décadas. "Em como Paraná, Santa Catarina, poucos países serão capaze~Afnazonas, Minas Gerais, Paraíde produzir e exportar alimenba, Mato Grosso e países vizitos a partir da água que posnhos. "Muitos mestres e doutosuem." E lembra que para prores que formei estão hoje lideduzir um boi são necessários rando cursos e programas de 4.500 metros cúbicos de água pós-graduação na América Iae outros milhares de litros para tina", diz. Muitos gerentes de um único quilo de arroz. A empresas de saneamento e inAmérica do Sul, com o aqüífedústrias também foram formaro Guarani, é um dos contínendos porTundisi, em cursos reates privilegiados nesse cenário lizados na América Latina e na que se desenha para o futuro África e em cursos ministrapróximo. "O Brasil tem um pados para gerentes de recursos pel estratégico para a produhídricos de países do Mediterção de alimentos não só para a râneo. Todos formados com nossa população, mas para o uma visão integrada dos promundo", diz o pesquisador. A cessos que englobam água, água disponível será a grande meio ambiente, saúde humana diferença entre os países. e economia. •

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Clf:NCIA

APLICADA

AO CAMPO

ENTUSIASMO PELO CAPE ./

As contribuições do pesquisador Luiz Carlos Fazuoli para a cafeicultura nacional

me o fruto e a mesma planta de c é que o pesquisador Luiz Car1~s Fazuoli, do Instituto ro ômico (lAC) em Camfina, se dedica a estudar, Fiá mais de 35 anos, trazen io uitas contribuições flarn o melhoramento genético da cultura cafeeira do país, são os mesmos com os quais seu pai, Guido Fazuoli, começou a trabalhar como meeiro, ainda na adolescência, depois de chegar ao Brasil, vindo da Itália, em 1923. Instalado inicialmente na cidade de Dois Córregos e posteriormente ]aborandi, duas cidades do interior paulista, o velho Fazuoli plantou e abanou café, e viu depois o filho se tornar engenheiro agrônomo, em 1969, na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo, já em sua própria fazenda no mesmo município de ]aborandi. "O fato de eu vir a estudar café foi uma simples coinci20

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dência", diz Luiz Fazuoli. Mas o café logo apareceria em sua vida. "Fiz estágio na Esalq, no período de 1967 a 1968, com a orientação do professor Eurípedes Malavolta, sobre nutrição do cafeeiro, e publiquei o meu primeiro trabalho científico em 1968", conta. Depois de formado, Pazuoli ganhou uma bolsa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para trabalhar com genética e melhoramento do milho no IAC."Eu havia me entusiasmado pelo melhoramento de plantas já no quinto ano da faculdade com o professor Ernesto Paterniani."Nessa prática agronômica, o pesquisador busca obter novas variedades para uma determinada cultura, normalmente levando o pólen de uma flor de uma planta mais resistente a uma doença para os órgãos femininos da flor de uma outra planta igual-

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mente resistente ou mais produtiva, por exemplo, num longo e demorado processo para resultar em uma linhagem diferente das existentes. "No melhoramento, é preciso acumular uma grande bagagem de conhecimento em botânica, nutrição, pragas e doenças", explica. No IAC, o trabalho inicial com milho tinha uma relação com seu passado. "Meu pai plantava milho naquela época e desde pequeno acompanhei a plantação, embora eu ajudasse mais no armazém dele em ]aborandi." Foi nessa cidade, na região de Ribeirão Preto, que Fazuoli nasceu, em 1940, e conheceu sua esposa. O conhecimento maior e a especialização no café, ele só iniciaria com o término de sua bolsa em 1970. "Acabou a bolsa e não havia vaga para mim. Aí recebi um convite para dar aula na Universidade Estadual Paulista (Unesp) de PESQUISA

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]aboticabal, mas, quase ao mesmo tempo, surge no Brasil a ferrugem, uma doença perigosa para o cafeeiro." Provocada por um fungo, a ferrugem ataca principalmente as folhas, deixando-as amarelas e os ramos secos, prejudicando, com o tempo, toda a planta. Originária da África, a doença atingiu primeiro as plantações de café próximas aos cacaueiros, na Bahia. "Com esse perigo iminente para São Paulo, o instituto resolveu contratar mais dois pesquisadores para trabalhar com o café diretamente com o doutor Alcides." O "doutor Aleides" citado por Fazuoli é o engenheiro agrônomo Aleides de Carvalho, reconhecido como a maior liderança científica da cafeicultura mundial. Ele trabalhou no IAC de 1935 a 1993 e foi o principal responsável por grande parte das variedades de café e pesquisas para entender e conPESQUISA

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trolar as doenças da planta. Fazuoli trabalhou por 23 anos sob a coordenação de Carvalho e é considerado seu discípulo e herdeiro direto nos estudos dos cafeeiros. "No IAC queriam alguém disposto a sair pelo estado para testar e estudar as novas variedades resistentes à ferrugem que chegou em São Paulo logo em seguida, em 1971", diz. Naquele tempo, Carvalho já tinha variedades imunes ao fungo. Ele começou a se preparar contra a ferrugem em 1950, com sementes colhidas nos experimentos em Campinas e outras enviadas pelo Centro de Investigação das Ferrugens do Cafeeiro (CIFC) de Portugal, país que lutava contra a doença nos cafezais em suas então colônias africanas, como Angola e Moçambique. "Passamos a testar as variedades não só em relação à doença, mas também em relação aos tipos de grãos, produ-

tividade e demais características agronômicas." Muitas dessas variedades foram cruzadas com outras desenvolvidas aqui no Brasil e resultaram em terceiras linhagens mais resistentes. Daí para frente, Fazuoli colaborou ou foi o principal artífice de muitas variedades de café, cada uma própria para uma região climática do estado e do país, com porte alto ou baixo, cores de fruto e qualidade da bebida. São cultivares mais antigas e disseminadas por todo o país, como a Mundo Novo, a Acaiá, a Icatu, até as mais recentes lançadas em 2000, como a Tupi IAC 1669-33, a Obatã IAC 1669-20 e a Ouro Verde IAC H501O-5, além de outras em fase final de seleção, como a Catuaí e uma variedade da Mundo Novo, resistentes à ferrugem.As atuais cultivares do IAC no Brasil representam 90% do café arábica (Coffea arabica) plantado

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Luiz Carlos Fazuoli: durante 35 anos mantém

a tradição do

IAC em produzir variedades

no país, relativos a dois terços dos 6 bilhões de pés de café brasileiros. O restante é de café robusta (Coffea canephora), predominante no estado do Espírito Santo, espécie de que o IAC também desenvolve novas variedades e dones. Muito das cultivares desenvolvidas no IAC também são produtivas em outros países. "Na Colômbia, 60% dos cafeeiros são da variedade Caturra, do IAC. Desde a década de 1970, o instituto recebe muitos pesquisadores desse país (segundo produtor mundial atrás do Brasil). Na Costa Rica, 55% da plantação é da cultivar Catuaí e os cafeeiros restantes, de Caturra." Fazuoli também foi consultor do Instituto Interamericano de Cooperação para a 22

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novas

de café

Agricultura (nCA) em países centro-americanos e africanos. Na trajetória acadêmica, ele fez o mestrado entre 1974 e 1977, na Esalq, mas o doutorado demorou um pouco. "ES"tava envolvido com o trabalho no IAC e não havia tempo", lembra Fazuoli. Iniciado em 1986, ele defendeu sua tese em 1991, na Universidade Estadual de Campinas, quando completou 51 anos de idade. Como professor, dá aulas na pós-graduação da Esalq e no IAC sobre melhoramento de café. Embora com tempo de trabalho para se aposentar, Fazuoli diz que vai esperar mais um pouco e continua acompanhando, como diretor do Centro de Café Alcides Carvalho do IAC,as pesquisas posteriores ao recém-finaliza-

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do Genoma do Café, em que se verificam, por exemplo, genes específicos, relacionados à qualidade da bebida. Ele também acompanha novidades como uma linhagem de cafeeiro com grãos descafeinados, em colaboração com a pesquisadora Maria Bernadete Silvarolla, e até uma variedade formada pelos cafés arábica e robusta, já chamada de arabusta. Casado e com três filhos que não seguiram a tradição familiar e se voltaram para o direito, Fazuoli mantém uma propriedade agrícola herdada do pai. "Ela está arrendada com cana e soja. Café eu não planto porque a região (Iaborandi, Barretos) é muito quente e não permite o plantio de café arábica." Palavra de quem conhece. • PESQUISA

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ClI::\CI:\

APLICADA AO .\IEIO A.\IBII·:l\TE

OGEÓGRAFO DA FOME Aziz Ab'Sáber luta para que a ciência não se distancie da realidade humana

o geógrafo

foge do estereótipo

de ciências centrado

rbi7~""da mais a um cientista derno do que falar em detêrrninismo geográfico, ma no caso do geógrafo Aziz b' a r, a controversa teoria parece er pregado uma peça em eu destino, como que o levan 0 a sua opção pelo bem-estar do homem comum e pela preservação da natureza. Filho de um libanês (cuja bandeira traz uma folha de cedro, árvore típica da região, símbolo de força e eternidade) e de uma brasileira do sertão florestal, o pesquisador, que acaba de completar 82 anos, nasceu em São Luiz do Paraitinga, cidadezinha do interior paulista que também foi berço de outro mestre da ciência nacional, Oswaldo Cruz, cuja casa era cuidada pelo padrinho de Aziz. Isso dá o que pensar. "Ningúern escolhe o lugar, o ventre, a condição socioeconômica e cultuPESQUISA

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ral para nascer. Nasce onde o acaso determinar. Por isso somos responsáveis por todos aqueles que estão agora nas favelas, na periferia", analisa o professor. Ab'Sáber, como se pode ver, foge do estereótipo- do homem de ciências centrado em livros e teorias. "Parto do princípio de que as pessoas precisam, em primeiro lugar, entender o que é cultura para, depois, entender o que é ciência. A cultura é um conjunto de valores do homem.A pesquisa agrega conhecimento à cultura, alimenta a ciência e acelera os processos evolutivos das sociedades", observa. Para ele, a ciência, em si, é inocente e para que seja útil à sociedade precisa se combinar com as outras ciências, para que surjam descobertas novas. "As ciências têm que se dirigir à socieda-

de homem

em livros e teorias

de, à comunidade humana. Isso faz as ciências do homem fundamentais em todo o corpo geral das ciências, a fim de que o progresso científico não fique por demais distanciado da realidade das comunidades humanas às quais será aplicado." A junção do científico e o social é a base do pensamento e, mais importante, da ação do geógrafo, filho de um imigrante iletrado que se preocupava com a educação de seus filhos e se mudou de São Luiz para Caçapava pensando em dar melhores chances a todos eles. Ainda assim, seus professores de geografia, confessa, não foram os melhores.A carência de livros e revistas, que a família não podia comprar, ele supriu, gosta de dizer, "lendo a paisagem". Ingressou na Universidade de São Paulo em 1941, disposto a estudar

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história e geografia, disciplinas integradas até o segundo ano. A opção pela última foi natural. Teve a sorte de ter como mestres alguns dos professores da famosa Missão Francesa, grupo de intelectuais da França que lecionaram na USP entre 1935 e 1946. Seu favorito foi o geomorfologista Pierre Monbeig, que, mexendo com sua vaidade, lhe ensinou o caminho da verdadeira pesquisa geográfica. Num trabalho de faculdade arriscou um pequeno avanço no terreno da teoria. O francês fez bico. "Aziz, gostei do seu trabalho, mas o aconselho a primeiro fazer análises para um dia chegar à teoria que você merece." O insigbt foi imediato. Ab'Sáber percebeu que livros e revistas acadêmicas, pelo menos as de seu tempo, não o levariam a lugar nenhum se não fosse a campo. "Mergulhei em uma série de pesquisas regionais: pesquisei o domínio dos morros florestados, seu processo de povoamento, o domínio dos cerrados, as chapadas e cheguei à Amazônia e ao Rio Grande do SuL" Revirando o país, começou, aos poucos, a tentar entendê-lo, ge' grafo nunca mais se es-, quece das lições de Monbeig e e como o professor o ensinou que toda teorização pre oce ermina por ser repetitiva e estéril e que, antes de conhe er na prática as rela@'(~ entre o homem e a terra, é impossível teorizar. Foi com esse pensamento que criou a sua celebrada Teoria dos Redutos. Em 1957, cicerone do geógrafo francês jean Trincart, numa expedição ao interior de São Paulo, mais especificamente na região entre Salto e Jundiaí, foi numa conver24

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sa com o companheiro de viagem que teve a iluminação para sua tão esperada teoria. Observaram linhas de pedra (stone tines) no meio de vários barrancos, em encostas de morros ou a cerca de 1 metro abaixo da superfíéie. Ao observar o chão pedregoso, Trincart intuiu que no passado havia, naqueles lugares, um clima mais seco, com uma flora de caatingas e cerrados. "Você conhece o Nordeste seco, sabe que tem chão pedregoso e que as raízes dos arbustos penetram pelo meio das pedras e se fixam. Então, essa linha de pedras representa outro ambiente, outro clima, outra combinação de fatores fisiográficos e ecológicos que existiram em outra época", avaliou o francês, aguçando a curiosidade de Ab'Sáber, que passou a mapear as linhas de pedra do país.

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Segundo a Teoria dos Redutos, durante o quaternário antigo, há cerca de 500 mil anos, o nível do mar desceu 100 metros do seu nível normal. O clima ficou mais frio e seco, reduzindo a tropicalidade e suas florestas. Os espaços deixados por elas foram ocupados por caatingas, vegetação característica de climas secos. Com o retorno do clima quente, o mar subiu novamente e a alta da umidade fez com que as florestas se expandissem novamente. Havia um porém: durante o tempo em que se mantiveram separadas, as vegetações se desenvolveram de forma diferenciada e, quando se emendaram, houve a reunião de várias florestas diversificadas. Ab'Sáber imediatamente se lembrou das observações de Charles Darwin, para o qual quando uma espécie é isolada em um PESQUISA

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ambiente, acumula tantas mutações que, depois de certo tempo, acaba se constituindo numa espécie diferente, isolada. "Ele foi genial. Mesmo sem saber da mudança dos oceanos, quando esteve em Galápagos, descobriu os 'refúgios insulares'." No caso brasileiro, os refúgios estavam em áreas continentais, e não em ilhas. "Compreendi que, no momento em que a semi-aridez predominou, as florestas recuaram para pontos mais úmidos. No processo de retropicalização, as caatingas foram abafadas, cedendo espaço para florestas densas, úmidas, com grande biodiversidade. Ora, nada se cria do nada. Não se cria uma biodiversidade fantástica onde não houve refúgios nem redutos", explica. O colega e amigo Paulo Vanzolini aproveitou a descoPESQUISA

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berta do amigo e a aplicou em seu campo de estudos, criando o conceito de "refúgios", ou seja, o contraponto do que teria acontecido aos animais submetidos a essas condições: para ele, a fauna teria se concentrado nesses locais de florestas, os refúgios. A mesma espécie teria ficado dividida em vários refúgios separados por barreiras ecológicas, submetidas a diferentes condições de sobrevivência. Cada uma teria sofrido especiação, fator que poderia explicar a grande biodiversidade da América do Sul. Mas o trabalho de Aziz Ab'Sáber não parou com essa teoria importante. Foi diretor, entre 1969 e 1982, do extinto Instituto de Geografia, atuando também no Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São

Paulo (Condephaat), onde iniciou o processo de tombamento da serra do Mar e foi o grande responsável pelos tombamentos da serra do japí, em Jundiaí, e da Pedra Grande, emAtibaia. O geógrafo foi presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) entre 1993 e 1995 e participou ativamente da elaboração do Projeto Floram (Reflorestamento da Amazônia), que visava integrar de forma ecologicamente sustentável a região ao resto do país, impedindo a destruição sistemática do ecossistema em nome de ganhos de capital. Seus estudos sobre o Nordeste e a Amazônia são referências acadêmicas fundamentais, o que não impede o geógrafo, mesmo octogenário, de manter a energia e a combatividade política de sempre. Suas críticas à falta de preparo dos governantes brasileiros em lidar com o meio ambiente e a nossa geografia são sempre ouvidas com respeito, embora quase não sejam implementadas pelos mandatários da nação. "O Brasil de hoje precisa cuidar do Brasil de amanhã" , costuma esbravejar, deixando claro a sua preocupação em pesquisar formas de manter o desenvolvimento do país sem que isso implique a destruição de suas reservas naturais. Mesmo a situação das cidades está na sua pauta de estudos, tendo criado projetos para a periferia das metrópoles que ajudariam a combater a influência do tráfico e da criminalidade sobre as crianças dessas áreas. "Quem não tem ética com o futuro e capacidade de pensar o futuro em diferentes níveis e profundidades de tempo deixa que a devastação aconteça", avisa. •

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\IEDICI'\A.

CORAÇÕES, INVENTaS E RECURSOS Adib Jatene tornou -se referência como cirurgião, pesquisador e homem público

s 77 anos de idade o cirur~o cardiovascular Adib jaten segue fazendo o que gosta. Há ete anos ele deixou a caeira de professor titular da Faculdà e de Medicina da USp, aposentando-se também do cargo diretor científico do Instituto do Coração (InCor). Mas suas mãos continuam a consertar corações praticamente todos os dias no Hospital do Coração, em São Paulo, instituição privada fundada por um grupo de senhoras da Associação Sanatório Sírio em 1976 e dirigida por jatene até hoje. Em pelo menos um aspecto a rotina do cirurgião tornou-se mais amena que no passado. Antigamente ele não dava conta de atender a multidão de pacientes que fazia questão de operar-se com ele e com mais ninguém. Hoje essa demanda já não é tão forte - mas: e cirurgião enxerga na mudança o coroamento de seu trabalho de professor. "A 26

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vida inteira eu lutei para que houvesse equipes de excelência espalhadas por todo o Brasil e hoje isso é uma realidade. E muitas dessas equipes têm grandes cirurgiões que eu ajudei a formar", afirma. Vinte e três anos atrás jatene já defendia essa tese com todas as letras, quando o en-: tão presidente da República, o general João Figueiredo, sofreu um enfarte e resolveu operar-se em Cleveland, nos Estados Unidos. "Na época, eu disse que qualquer paciente tinha direito de se operar onde quisesse, mas o desafio do Brasil era permitir que qualquer cidadão brasileiro tivesse acesso a equipes de cirurgiões de nível internacional em todo o território do país. Afinal, a rapidez no socorro médico é essencial para o sucesso do tratamento." Embora jatene tenha feito com as próprias mãos ou chefiado cerca de 100 mil opera-

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ções cardíacas, seus interesses nunca se limitaram ao bisturi. Secretário da Saúde do estado de São Paulo no início dos anos 1980, ele criou, na época, um plano estratégico para garantir um patamar mínimo de atendimento à população de baixa renda em todas as regiões da cidade. Boa parte dos hospitais construídos na periferia paulistana nos últimos anos é resultado desse plano, ainda que a carência de leitos persista. Sobre sua mesa de trabalho, no Hospital do Coração, há um mapa da capital paulista, dividido em sub-regiões, cada qual pintada com uma cor que revela o índice de leitos. Jatene segue no combate a esse flanco vulnerável. Ele lidera o Programa de Saúde da Família, coordenado pela Fundação Zerbini, responsável pela gestão do InCor, que construiu módulos de saúde nos bairros de Sapopemba e Vila PESQUISA

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Nova Cachoeirinha. "Temos equipes de saúde da família e grupos de especialistas para dar cobertura a elas", diz. No Instituto de Cardiologia Dante Pazzanese, em São Paulo,]atene exercita outra de suas paixões, a bioengenharia, que ao longo de sua carreira resultou no desenvolvimento de próteses, equipamentos cirúrgicos e de diagnósticos para suporte a operações cardíacas. Tais inventos substituíram similares importados e permitiram ampliar o acesso dos pacientes brasileiros a tratamentos. A inovação mais recente em que tem participação é um ventrículo cardíaco implantável eletromecânico destinado a pacientes na ma de espera por um transplante cardíaco. E, como se tais atividades não fossem suficientemente absorventes, jatene é membro de 32 sociedades científicas, preside o Conselho Deliberativo do Museu PESQUISA

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de Arte de São Paulo, o Masp, e supervisiona suas fazendas de gado no interior paulista. Adib Domingos Jatene nasceu em Xapuri, no Acre, no dia 4 de junho de 1929. Perdeu o pai, um comerciante libanês, vítima de febre amarela, quando tinha apenas 2 anos de idade. A adolescência" foi passada em Uberlândia, onde a mãe viúva instalou-se, abrindo um armarinho. Mais tarde, trocou Minas Gerais por São Paulo para fazer o ensino médio. E se graduou, aos 23 anos, pela Faculdade de Medicina da USP.Lá também faria sua pós-graduação, orientado pelo cirurgião Euryclides de Jesus Zerbini, com quem começou a trabalhar em 1951. Em 1955 foi lecionar numa faculdade de medicina em Uberaba, mas voltou a São Paulo dois anos mais tarde, como cirurgião do Hospital das Clínicas de São Paulo e do Instituto Dante Pazzanese.

Nessa época organizou no HC um laboratório - no qual desenvolveu o primeiro aparelho coração-pulmão artificial -, semente do futuro Departamento de Bioengenharia. Em 1961 deixou o HC e concentrou-se no Dante Pazzanese (que hoje é administrado por uma fundação que leva o nome do cirurgião). Lá organizou a Oficina de Bioengenharia, onde foram desenvolvidos instrumentos e aparelhos, hoje produzidos industrialmente e utilizados no Brasil e no exterior. Em 1983 sucedeu a Euryclides Zerbini na cadeira de professor titular de cirurgia cardiovascular da FMUSP e ajudou a desenvolver o Instituto do Coração, que se tornaria uma referência internacional de atendimento e pesquisa, inaugurando um modelo inovador de gestão hospitalar. Nele, o atendimento a particulares e convênios hospitala-

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res ajuda a financiar os leitos destinados aos pacientes do Sistema Único de Saúde. Os médicos do InCor, em vez de trabalhar em vários lugares, são estimulados a atuar exclusivamente lá dentro, recebendo salários maiores. E ainda podem, em determinados períodos, atender pacientes particulares em consultórios do hospital. "Até 1982, as verbas eram insuficientes para permitir um funcionamento adequado. Quando começamos a captar os recursos, não só colocamos o hospital para funcionar com capacidade plena como passamos a suplementar o salário dos funcionários e estimular fortemente a pesquisa" , lembra ]atene. Autor de cerca de 700 trabalhos científicos, ]atene deu contribuições no campo da cirurgia de revascularização do miocárdio e da cirurgia de cardiopatias congênitas. Descreveu a técnica de correção de transposição dos grandes vasos da base, conhecida hoje como Operação de ]atene. Em meados dos anos 1980 foi um dos principais artífices da realização de transplantes de coração, depois das experiências feitas pelo professor Euryclides Zerbini, no final dos anos 1960. Os transplantes tornaram-se viáveis com o surgimento de drogas imunossupressoras que conseguiram driblar o efeito da rejeição de órgãos. Nunca largou o bisturi mas, na década de 1990, deu vazão a seus talentos de homem público. Foi ministro da Saúde em dois governos. Com Fernando Collor, ficou apenas oito meses no cargo. Em 1995, com Fernando Henrique Cardoso, tornou-se célebre na batalha pela criação do imposto da saúde, que se 28

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Em 1985, Jatene liderou a retomada foi possível graças ao advento

Jatene (esq.) com o cirurgião

dos transplantes

de medicamentos

Euryclides Zerbini,

de coração no Brasil. Isso

contra a rejeição de órgãos

o professor que, nos anos 1950,

o ensinou a operar corações e o levou a rever os planos de voltar para o Acre

transformaria na atual CPMF. Repetia um mantra segundo o qual a saúde necessita mais do que outras áreas de recursos vinculados do orçamento. "Quando você constrói uma hidrelétrica, é preciso esperar ela ficar pronta para começar a ter receita. Mas quando você entrega um hospital público, gasta-se por ano com sua manutenção duas vezes o que foi destinado à obra. Por isso é preciso ter dinheiro vinculado", diz ]atene. Deixou o goWESSEL

vemo 18 dias após a aprovação da CPMF,que no entanto não se vinculou apenas à saúde, tampouco multiplicou os recursos do setor como ele desejava. ]atene diz que não guarda mágoas. Frustração mesmo, ele brinca, só a de não ter voltado para o Acre para trabalhar como médico no meio da selva, como planejara nos tempos de faculdade. "Mas aí eu conheci o professor Zerbini e acabei me desviando do projeto original." • PESQUISA

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o PATRIOTA DAS LE1RAS o

crítico Fábio Lucas ataca a subserviência a modelos estrangeiros

rndo acompanhou com incre ulidade os atentados de 11 de setembro, nos Estados Unidos, preferindo se convencer do seu caráter único, inusitado, barbaro, em vez de se concentrar na banalidade do m ue ele representava. No Brasil, um artigo de um crítico literário mineiro, Fábio Lucas, revelou justamente essa faceta: "O inimigo não está fora do mundo. O inimigo não é um estranho, não é um ser bizarro ou desconhecido. Para conhecer o inimigo, basta conhecer o mundo e reconhecer o homem". Aquele não era. o momento de falar em soluções, mas o trabalho de toda uma vida de Lucas trouxe o aprendizado do valor da literatura nesses instantes vitais, capaz de fazer do crítico um visionário mais preciso do que qualquer analista internacional: "A literatura é uma das múltiplas faces, através das quais o homem tenta romper a terrível consciência da morte. Há uma esperança de sobreviver além da sua capacidade física. Assim, a obra literária exerce uma função soPESQUISA

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Mineiro de Esmeralda, Lucas defendeu

Jorge Amado ao mostrar

que o baiano foi um dos poucos a furar o bloqueio

cial, porque traduz a continuidade do espírito humano", analisa Lucas. Com ele a boutade rodriguiana, de que o mineiro só é solidário no câncer, não funciona. Uma de suas maiores preocupações como crítico literário é justamente o narcisismo, o isolamento nocivo à configuração do gênero humano, que teria tomado conta do cenário das letras. Lucas lamenta o fim das escolas literárias do passado, o grupo de escritores que se uniam por afinidades eletivas, por projetos literários comuns, por uma visão de Brasil semelhante e, em muitos casos, pelo desejo de fazer com que um livro fosse

internacional

uma arma potente capaz de mudar a triste realidade do país, atrasado e corrompido pelo capital e pelo descaso. Para Lucas, os novos escritores só olham para o seu umbigo e só falam do próprio, incapazes de citar colegas ou defender pontos de vista sobre literatura. A mídia é, em boa parte, responsável por esse estado de coisas, para além das idiossincrasias pessoais. "Está havendo uma inversão: em vez de o jornalismo ir buscar na universidade as suas informações, muitos setores da pós-graduação é que estão se alimentando da informação jornalística", observa. Lucas lembra o caso das listas

ESPECIAL

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de livros escolhidos pelos vestibulares, em que o que se vê é uma repetição das obras já vitoriosas nos formadores de opinião literária. Também a mídia se encarregaria de fimcionar como caixa de ressonância da tendência da literatura de se deixar influenciar pela campeã de vendas da indústria cultural: a música popular. "Quando se fala em poesia, por exemplo, buscam-se principalmente os letristas que, no grande mercado literário brasileiro, tomaram o lugar dos escritores", avisa. Fábio Lucas provocou uma saudável polêmica pela coragem de escrever o artigo "A angústia da dependência", em que atacava a subserviência a modelos estrangeiros, que impediria o Brasil de formar um cânone nacional, incluindo, na sua crítica, um ataque ao culto a Borges. rr e jejunos de nossa cultura, c()~o Borges e seu amigo Bioy Casares, recebem imsado apoio da mídia, que lhe oferece todos os canais, ge Imeã te interditos aos escritore rasileiros" , escreveu. ~~)~ia ízam-se os alunos em notícias de jornal bafejadas pela aura de modernização ou de 'pós-modernidade'. Reitera-se que as letras perderam a sua aura em nosso tempo e que o escritor, na era da massificação, sofre um processo de hibernação. Revistas e jornais de larga circulação parecem sucursais de equivalentes norte-americanos. Praticamente excluíram os autores brasileiros dos destaques dos cadernos culturais", afirma. Assim, Lucas defende uma nova missão para o escritor: reconquistar o seu lugar no grande curso da cultura, já que a formação de um cânone brasileiro dependerá da 30

ESPECIAL PRÊMIO CONRADO

Fábio Lucas é autor de mais de 40 obras, entre críticas, ensaísticas e romance

disposição de eles adotarem um processo brasileiro de literatura."Isso significa: primeiro, conhecimento do nosso passado literário, pois é na continuidade que o cânone se cristaliza; segundo, prática de intercâmbio cultural com outras nações, de modo que as agremiações externas sejam enriquecimento, e não servidão; terceiro, despojamento da consciência ingênua, que se deslumbra com a presença do estrangeiro, a ponto de atribuir qualidade àquilo que não passa de diferença." Esse pensamento vem sempre acompanhado pela ação. Lucas teve a "ousadia" de defender Jorge Amado, hoje execrado como produto exótico por uma parcela da crítica, ao

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mostrar que (na contramão de nossa visão colonialista que vê na imitação de modelos importados uma forma de produzir boa literatura) o escritor baiano foi um dos poucos a furar o bloqueio internacional aos nossos escritores, levando ao mundo um estilo de contar vivências brasileiras. Efetivamente, este mineiro não é solidário só no câncer. Nascido em 1931, em Esmeralda, foi um leitor precoce, graças ao orgulho que a família votava a quem se dedicava às letras. A opção pela crítica, conta, veio por inibição de criar. "Apreciava mais comentar a obra dos outros." Mas criou coragem e, em 1996, exibiu sua veia criativa com o romance A mais bela PESQUISA

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listana de Letras e a União Brasileira de Escritores de São Paulo. Desde 1960 é membro da Academia Mineira de Letras e, no ano em que chegou a São Paulo, foi eleito para a Academia Paulista de Letras. É autor de mais de 40 obras, críticas e ensaísticas. Entre essas: Vanguarda,

história e ideologia da literatura (1985), O caráter social da ficção no Brasil (1987),Do barro ao moderno (1989), Mineiranças (1990), Fontes literárias portuguesas (1991), Luzes e trevas (1998), Murilo Mendes, poeta e prosador (2001), Literatura e comunicação na era da eletrônica (2001), Expressões da identidade brasileira

história do mundo, nada menos do que um livro sobre o amor. O pai o levou a fazer direito e, em 1953, ele se formou pela Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Inusitadamente, em 1963, o futuro grande crítico doutorou-se, na UFMG, em economia e história das doutrinas econômicas pela Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas. "Era o lado racional da minha atividade intelectual, mas não deixei a literatura." É verdade. Em Belo Horizonte, escreveu sobre livros para vários jornais, aprendendo muito nesse exercício crítico a ponto de, mais tarde, ser convidado por Otto Maria Carpeaux para ser seu sucesPESQUISA

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sor no rodapé literário do jornal Correio da Manhã. Transferiu-se para São Paulo em 1966. Quem interrompeú sua paixão literária foi o golpe militar de 1964. Em 1969, dando cursos na Universidade de Brasília, teve os direitos de magistério cassados. Exilou-se e optou de vez pela literatura, já que, lembra, era mais fácil dar aulas dessa área no exterior. Ajudou nisso a experiência adquirida na especialização feita na UFMG em teoria literária. Foi para os Estados Unidos. No exterior, lecionou em seis universidades norteamericanas e uma portuguesa. No Brasil, deu aula em cinco universidades, dirigiu o Instituto Nacional do Livro, em Brasília, a Faculdade Pau-

(2002). Sobre a questão da internet, tem grandes ressalvas, vendo a tecnologia de informação como um instrumento, e não como uma fínalidade.Aborda no texto de 2001 a questão da "estética da ilusão" ou o abandono do sujeito em detrimento do objeto. Para Lucas, está em voga um princípio de estetização da vida, da ideologia, do êxito sem nenhuma motivação filosófíca, política ou artística. O resultado é essa "estética da ilusão", em que se percebe o embelezamento da dependência e da injustiça. "Os cadernos culturais se tornaram ancilares da indústria do espetáculo, preferindo veicular o press release, barato e comercializador da obra a estabelecer um reduto da crítica. Toda vez que, por economia, elimina-se da mídia uma coluna de crítica literária, está-se fazendo para a saúde do espírito o mesmo que fechar postos de atendimento médico, para a saúde pública." Efetivamente, conhecer o inimigo é reconhecer o homem. •

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MELHORES FOTOS nos e R$ 80 mil. Em segundo lugar ficou Andreas Heiniger, também daAlmap BBDO, com o trabalho Gol. Sempre fiel a você ... e ganhou R$ 40 mil. terceiro lugar e R$ 20 mil foram para Gustavo Lacerda, da agência Lew Lara, com a campanha Lonas Alpargatas: o superpoder do caminhoneiro. •

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1° lugar:

Existem chances de cura ..., de Maurício Nahas 2° lugar:

Gol. Sempre fiel a você..., de Andreas Heiniger 3° lugar:

Lonas Alpargatas: o superpoder do caminhoneiro, de Gustavo Lacerda

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INSTITUIÇÕES

#tJAPESP

PARCEIRAS DA

FCW

Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP Ligada à Secretaria de Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento

Econômico

e Turismo, é

uma das principais agências de fomento à pesquisa científica e tecnológica do país. Desde 1962 a FAPESP concede auxílio à pesquisa e bolsas em todas as áreas do conhecimento, financiando outras atividades de apoio à investigação, ao intercâmbio e à divulgação da ciência e tecnologia em São Paulo.

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Capes Fundação vinculada ao Ministério da Educação, tem como missão promover volvimento da pós-graduação

C A P E 5

o desen-

nacional e a formação de pessoal de alto nível, no Brasil

e no exterior. Subsidia a formação de recursos humanos altamente qualificados para a decência de grau superior, a pesquisa e o atendimento da demanda dos setores público e privado.

8CNPq

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq

~1iM:itItItIII.~ ~.T~

Fundação vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCn, para apoio à pesquisa brasileira, que contribui diretamente para a formação de pesquisadores (mestres, doutores e especialistas em várias áreas do conhecimento). Desde sua criação, é uma das mais sólidas estruturas públicas de apoio à ciência, tecnologia e inovação dos países em desenvolvimento.

Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência - SBPC Fundada há mais de 50 anos, é uma entidade civil, sem fins lucrativos, voltada principalSOCIEDADE BRASILEIRA PARA PROGRESSO DA CIÊNCIA

o

--''ACADEMIA

~~BRASJLEIRA 0E CIENCIAS

mente para a defesa do avanço científico e tecnológico cional e cultural do Brasil.

e do desenvolvimento

educa-

Academia Brasileira de Ciências - ABC Sociedade civil sem fins lucrativos, fundada em 3 de maio de 1916, tem por objetivo contribuir para o desenvolvimento da ciência e tecnologia, da educação e do bem-estar social do país. Atualmente reúne seus membros em dez áreas: Ciências Matemáticas, Ciências Físicas, Ciências Químicas, Ciências da Terra, Ciências Biológicas, Ciências Biomédicas, Ciências da Saúde, Ciências Agrárias, Ciências da Engenharia e Ciências Humanas.

Academia Brasileira de Letras - ABL Fundada em 20 de julho de 1897 por Machado de Assis, com sede no Rio de Janeiro, tem por fim a cultura da língua nacional. É composta por 40 membros efetivos e perpétuos e 20 membros correspondentes

estrangeiros.

Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial - CTA Criado na década de 1950, é uma organização

do Comando da Aeronáutica

que tem

como missão o ensino, a pesquisa e o desenvolvimento de atividades aeronáuticas, espaciais e de defesa, nos setores da ciência e da tecnologia.



CRO OGRAMA DA PREMIAÇÃO

2006

Prazo para recebimento das indicações pela FCW

28 de fevereiro de 2007

Preparação dos dossiês dos indicados

Fevereiro a março de 2007

Julgamento e escolha dos premiados

Março e abril de 2007

Divulgação dos trabalhos

Abril de 2007

Premiação

4 de junho de 2007

FUNDAÇÃO

CONRADO

www.fcw.org.br

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