E S P E C I A L prêmio
FCW
F u n d a ç ã o C o n r a d o We s s e l
Os vencedores do Prêmio Conrado Wessel de Arte, Ciência e Cultura 2006
conselho curador e diretoria da FCW
Presidente Dr. Antonio Bias Bueno Guillon Membros Dr. José Álvaro Fioravanti Dr. José Antonio de Seixas Pereira Neto Dr. José Hermílio Curado Capitão PM Kleber Danúbio Alencar Júnior Dr. Lélio Ravagnani Filho Dr. Reinaldo Antonio Nahas Prof. Stefan Graf Von Galen
Diretor Presidente Dr. Américo Fialdini Júnior Diretor Vice-Presidente Dr. Sérgio Roberto de Figueiredo Santos e Marchese Diretor Financeiro Dr. José Moscogliatto Caricatti Diretor Administrativo Dr. Adilson Costa Macedo
Dr. José Moscogliatto Caricatti
F undação C onrado W essel Rua Pará, 50 - 15º andar Higienópolis - 01243-020 São Paulo, SP - Brasil Tel./fax: 11 3237-2590 www.fcw.org.br diretoria@fcw.org.br
índice 4
FCW apóia a arte, a ciência e a cultura e distribui bolsas de estudo
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Já foi premiado um elenco de biografias de importância capital para o país
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Festa na Sala São Paulo teve o piano de Arnaldo Cohen e o violino de Moisés Cunha
38
As sete instituições parceiras que colaboram com a FCW
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Aldo Rebouças garante que há soluções para a seca do Nordeste
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Carlos Nobre tornou-se um combativo defensor da Amazônia
6
A vida e obra do inventor, empresário e filantropo Conrado Wessel
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Pesquisa em temas variados marca a carreira de Ricardo Brentani
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Magno Ramalho melhora geneticamente o feijoeiro há mais de 30 anos Capa Mayumi Okuyama | Foto da capa Miguel Boyayan
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Sérgio Mascarenhas dissemina conhecimento e oportunidades na física
23
Escritora Ruth Rocha valoriza a criança com senso crítico
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Conheça os ganhadores de Foto Publicitária e Ensaio Fotográfico
U ma referência nacional
Fundação Conrado Wessel tem forte atuação no apoio à arte, à ciência e à cultura; e na concessão de bolsas para pós-doutores e jovens talentos musicais
No 13º ano de sua cria ção, a Fundação Con ■ rado Wessel (FCW) tor nou-se uma referência no cenário naci onal: a de apoio à arte, à ciência e à cultura. A própria existência deste suplemento especial da re vist a Pesq uis a FAP ESP, pelo quarto ano consecutivo, confir ma o fato. Ubaldo Conrado Au gusto Wessel legou à FCW um patrimônio basicamente consti tuído de imóveis que os atuais dirigentes conseguiram dinami zar, multiplicar e consolidar a partir de 2000. Esse esforço tor nou possível uma forte atuação de apoio à arte, à ciência e à cul tura, com a outorga anual dos 4 ESPECIAL PRÊMIO CONRADO WESSEL
maiores prêmios do país desde 2002.Além deles, concede bolsas de estudo de pós-doutorado pa ra os Grandes Prêmios Capes de Teses e para talentos musicais na Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, um reconheci do pólo de excelência no ensino e desenvolvimento de músicos. As atividades da Fundação não se enc err am no mund o acadêmico. Todos os anos são concedidas grandes doações a seis entidades beneficiár ias. Em 2007, o Corpo de Bombeiros de São Paulo pôde, com os re curs os rep ass ad os pela FCW, mandar para Adelaide, na Aus trália, 42 bombeiros a fim de
part ic ip ar em do World Fire Games. No ano passado 45 de les for am a Hong Kong; no próximo ano deverão ir a Li ver pool. Os objetivos filantró pic os dess e int erc âmb io são incalculáveis. Pelo menos um bombeiro de cada unidade da cor poração no estado de São Paulo foi premiado com uma viagem de trabalho ao exter ior a fim de aperfeiçoar-se. Missão cumprida - Os núme ros também são expressivos em relação às outras entidades be neficiadas, o Hospital do Cân cer, a Prom oç ão Soc ia l do Exército da Salvação, as Aldeias PESQUISA FAPESP
GABRIEL VALLEJO/FAAP
Apresentação do violinista Moisés Bonella Cunha, primeiro bolsista da FCW em música, com o pianista Arnaldo Cohen na cerimônia na Sala São Paulo, em 2007
Infantis SOS do Brasil, a Esco la Benjamin Constant da Vila Mar ia n a, em São Paulo, e as mais de 2.800 famílias que anu alm ent e rec eb em don at ivos. São quatro quotas para donatá rias individuais e uma quinta transformada em cestas básicas. Somando todos os beneficiár i os – não estão incluídos neste cálculo os prêmios e as bolsas –, além do Corpo de Bombeiros, na atual gestão a FCW já con tabiliza milhões de reais em do aç õe s. Os núm eros ind ic am clar am ent e que a Fund aç ão cumpre sua missão de entidade socialmente responsável. No seu principal segmen to, o dos prêmios FCW à arte, PESQUISA FAPESP
à ciência e à cultura e das bol sas de est ud o, a inst it uiç ão oferece a cientistas e universi tár io s os maiores prêm io s e bols as con hec id os no Bras il. Para premiar as categor ias de Fotog rafia Publicitár ia, Ensaio Fot og ráf ic o, Ciê nc ia Ger al, Ciência Aplicada (Água, Cam po, Meio Ambiente), Medici na, Literatura e Prêmio Almi rante Álvaro Alberto, a FCW despende pelo menos 30% de seu mov im ent o brut o anua l. O Prêm io Alm ir ant e Álvaro Alb ert o é o maio r atribuíd o pelo Cons el ho Nac ion al de Desenvolvimento Científico e Tecn ol óg ic o (CNPq), com patrocínio da FCW.
Ela procura sempre a com panhia de grandes instituições para trabalhar. São as entidades parceiras que avaliam os nomes dos cientistas e universitár ios indicados aos prêmios e às bol sas. Esse filtro de informações é dem or ad o, ing ent e e de alta responsabilidade. As instituiçõ es são, além do CNPq, a Capes, a FAPESP, a ABC, a ABL, a SB PC, o CTA e a Universidade de Indiana, nos Estados Unidos. Essa relação (mais informações na página 38) traz a certeza da ele vação de princípios, isenção e étic a acim a de tudo. É ass im que se crist aliz a o fut uro e é por tudo isso que a FCW se tornou referência nacional. ■ ESPECIAL PRÊMIO CONRADO WESSEL 5
O entusiasmo de um inventor Apaixonado por fotografia, Conrado Wessel criou a primeira fábrica brasileira de papel fotográfico
Ciê nc ia e arte sempre foram as paix õe s de ■ Conrado Wessel. Como inven tor nato, criou um papel foto gráfico inovador; como empre endedor obstinado, foi dele a primeira fábrica brasileira para produzir esse papel. Há 86 anos, Conrado conseguia junto com o pai, Guilherme Wessel, a ex pedição da carta patente do in vento, assinada pelo presidente Epitácio Pessoa. Mesmo com a forte concor rência estrangeira, ele conq uist ou o merc ad o e formou um patrimônio imobi liár io que, obedecendo ao de 6 ESPECIAL PRÊMIO CONRADO WESSEL
sejo expresso em seu testamen to, foi utilizado como lastro para criar uma fundação que apoiasse atividades educativas e culturais de seis entidades e incentivasse a arte, a ciência e a cultura por meio de prêmios. A Fundação foi instituída em 1994, um ano após sua morte, aos 102 anos, e hoje cumpre exemplarmente as metas de seu idealizador. Conrado Wessel nasceu em Buenos Aires, em 1891, filho de família tradicional de fabrican tes de chapéus de Hamburgo, na Alemanha, em meados do sécu lo XIX. No ano seguinte ao seu
nascimento, a família mig rou para Sorocaba, inter ior de São Paulo, e poster iormente para a capital paulista.Apaixonado por fotografia, Guilherme Wessel, o pai, previa um grande futuro pa ra o setor. Paralelamente às aulas de matemática que lecionava no Sem in ár io Episc op al de São Paulo, no bairro da Luz, perto da Escola Politécnica, ele alugou uma loja onde instalou uma cli cher ia e na qual também vendia mater ial fotográfico, na rua Di reita n° 20. Conrado herdou a paixão do pai e sempre se aventurou a PESQUISA FAPESP
Conrado Wessel na foto clássica com seu aparelho fotográfico: “Insista, não desista”
exper iências misturando o ni trato de prata ao brometo de potássio, ao cloreto de sódio e ao iodeto de potássio. Cheguei à conclusão de que a mistura de uma pequena dose de iodo ao bromo dava muito melhor re sultado, assim como a adição do bromo ao cloro.”
FUNDAÇÃO CONRADO WESSEL
Depois de muitas exper i ências, Conrado Wessel ■ chegou a uma fór mula satisfa
fazer fotos – ainda jovem, ga nhou dois prêmios em concur sos promovidos pela Secretar ia de Agricultura.Também auxili ava Guilher me na gerência da loja. Por insistência do pai foi paraViena, na Áustria, em 1911, estudar química. Lá aprendeu fotoquímica na K.K. Lehr und Versuchs Antstalt, renomada es cola de fotografia, especializan do-se em clichês para jornais e revistas. Voltou ao Brasil dois anos depois com um projeto ambicioso: sonhava com uma fábrica de papel fotográfico na cional. Posteriormente, Conra PESQUISA FAPESP
do assistiu por quatro anos às aulas na Escola Politécnica co mo aluno-ouvinte do curso de engenhar ia química e foi um assistente informal do professor alemão Roberto Hottinger, res ponsável pela cadeira de bio química, físico-química e ele troquímica. “Durante quatro anos fiz de tudo ali”, contou Wessel. “Des de a preparação do nitrato de prata até os estudos das diferen tes qualidades de gelatinas. Da ação dos hal og ên io s como o bromo, o cloro e o iodo sobre o nitrato de prata. Fiz inúmeras
tór ia para o papel, cujas provas, como ele sublinhou, agradaram muit o ao seu pai. “Em plen a pujança da mocidade, taxado de louco inclusive pelo então re presentante de uma indústria estrangeira de fotog rafia que por todos os meios quis me per suadir a desistir de continuar no meu sonho de fabricar papel fotográfico no Brasil, no ano de 1921 eu instalei a fábrica de pa péis fotográficos situada à Rua Lopes de Oliveira, 198”, escre veu Wess el. “Comp rei umas máquinas que estavam de posse do dr. Picarollo, professor de fi losofia na Escola Normal, hoje Caetano de Campos. Quando eu soube que ele e o filho que riam vender as máquinas me apressei em comprá-las. Depois de regatear consegui adquir ir tudo por oito cont os e qui nhentos.” Na época, os fotóg rafos do Jardim da Luz, um dos principais locais de lazer da cidade, traba lhavam com uma câmera-labo ratório. Era uma caixa de madei ra com uma objetiva sobre um tripé. A câmera era dividida em duas partes. A infer ior continha ESPECIAL PRÊMIO CONRADO WESSEL 7
os banhos de revelador e fixador utilizados para o processamento químico de filmes e papéis. O papel utilizado era importado de fabricantes europeus. O próximo desafio de Wes sel era iniciar a produção. “As fórmulas que eu havia elabora do pareciam boas, mas não po der ia assegurar que ser iam boas também na fabricação”, ele re gistrou, preocupado. O papel necessár io para os testes foi mais difícil, já que no Brasil não havia nenhuma fábrica para fornecer o papel bar itado. O mater ial ti nha que ser comprado na Fran ça, fabricado pela Rivers, ou na Alemanha, pela Scholler. O jo vem inventor saiu à cata de um importador.“Enquanto a enco menda não chegava, estudei co mo pendurar o papel emulsio nad o para sec ar no peq uen o espaço de que dispunha”, disse. O acaso ajudou-o a encon trar a solução. Wessel estava na Tapeçar ia Schultz, para a qual realizava um serviço de propa ganda, quando lhe chamou a atenção o sistema de cortinas que se moviam por cordinhas usadas pelos tapeceiros. Fez um croqui do sistema utilizado na Schultz e imag inou que, em pregando método semelhante, poder ia secar mais de 100 me tros de papel. O papel chegou e a pequena fábrica iniciou sua produção. “Foi um desastre”, resumiu. Não se aproveitaram mais do que 10 centímetros dos 10 metros de papel emulsionados. Nova ten tativa, nova frustração. O papel, ele descreveu, estava quase todo “eivado de pequenas bolhas e outras partículas indesejáveis”. Enquanto pensava sobre o pro blema, mais uma vez o acaso – e o olhar arguto – trouxe a solu ção.Wessel foi chamado à fábri ca das Linhas Correntes, no Ipi ranga, para executar um serviço 8 ESPECIAL PRÊMIO CONRADO WESSEL
Carta patente de novo processo de produção de papel fotográfico assinada pelo presidente Epitácio Pessoa em 1921
de clichês. No salão de espera, reparou numa pequena máquina utilizada para passar goma no verso das etiquetas. “Havia uma cuba e um rolo imerso dentro dela. Com a máquina em movi mento, o rolo passava uma certa quantidade da solução, deixando estrias sobre o papel, que tam bém seguia seu curso. Eureca, pensei, meu problema está resol vido”, descreveu. Mais uma vez fez um croqui e adaptou a má quina de emulsionagem ao mo delo daquela utilizada para go mar etiq uet as. E det al hou os resultados: “A máquina se resu mia no seguinte: uma cuba de
■
bar ro vidrado (naquela época não existia o aço inoxidável) cheia de emulsão e um rolo de ebonite que mergulhava nela. O papel passava entre um outro eixo fixo, regulado como o rolo. Dessa maneira, as bolhas fica vam todas na cuba. Mais tarde esse sistema foi melhorado, com mais de um rolo de ebon it e, tor nando impossível o surg i mento de bolhas sobre o papel. Fiz em os novas exp er iê nc ia s com pleno êxito.Vamos fabricar e vender”, comemorou. Nasceu assim a Fábrica Privilegiada de Papéis Photographicos Wessel. Ele não imag inava, no en tanto, que ter ia que enfrentar ainda a resistência dos fotógra PESQUISA FAPESP
FOTOS FUNDAÇÃO CONRADO WESSEL
Fábrica de papel Kodak-Wessel (ao lado) e placa explicativa. No alto, as caixas de papel fotográfico
fos, seus pot enc ia is clie nt es. “Eles exper imentaram o mate rial, acharam bons os resulta dos, mas julgaram melhor con tinuar com o postal da Ridax, da Gevaert, apesar de o preço do meu ser bem menor.” Foi nessa época que Wessel forjou o lema que o acompanhar ia por toda a vida: “Insista, não desista”. Os neg óc io s iam mal até que a histór ia reverteu o risco do fracasso. No dia 5 de julho de 1924 Isidoro Dias Lopes de flagrou o movimento conheci do como a Revolução dos Te nentes. São Paulo ficou sitiada, isolada do resto do país. Aos fotóg rafos da Luz faltou papel importado. “Numa manhã de PESQUISA FAPESP
um dos primeiros dias de revo luç ão aparec eu um del es em minha casa e perguntou se eu tinha postais para vender”, con tou. A revolução abriu-lhe o mercado. Ao fim de 29 dias de cerco, os rebeldes se renderam. O fluxo de papel importado foi restabelecido, mas a fábrica de pap éis cr iad a por Conr ad o Wessel já tinha, definitivamente, conquistado a clientela que lhe permaneceu fiel. Os grandes fabricantes es trang eiros, como a Gevaert, tent ar am aind a rec up er ar o mercado oferecendo produtos mais baratos. Wessel também baixou os preços. “Por incrível que pareça, estes postais mais
baratos não foram aceitos pelos ambulantes. Nem os meus, nem os da Gevaert”, escreveu. A produção brasileira cres ceu, Conrado Wessel comprou um prédio maior e consolidou sua posição no mercado. Não faltaram propostas de empresas est rang eir as int eress ad as em parcer ia com a agora próspera fábrica brasileira de papéis, até que o inventor – e agora em presár io – firmasse um contrato com a Kodak, garantindo para ela praticamente toda a sua pro duç ão, por muit os anos. Em 1949 ficou acertado que a sua patente ser ia cedida à empresa norte-amer icana, mediante um acordo societár io de construção de nova fábrica em Santo Ama ro com maquinár io moderno e o nome de Kodak-Wessel, sob a gerência e participação nos lucros de Conrado Wessel. Isso ocorreu em 1949 e durou até 1954. A partir dessa data a pa tente passou definitivamente à Kodak e o nome da fábrica dei xou de ser Kodak-Wessel. Ao long o dess e per íod o, com o lucro dos negócios bem administrados, Conrado Wessel comprou imóveis nos bair ros de Campos Elísios, Barra Fun da, Santa Cecília e Higienópo lis e os deixou, em testamento, como pat rim ôn io inic ia l da Fundação Conrado Wessel. ■ ESPECIAL PRÊMIO CONRADO WESSEL 9
U m time
dos sonhos O Prêmio FCW já reconheceu um elenco de biografias de importância capital para o país
Na galeria dos laurea dos nas últimas edições ■ do Prêmio FCW de Arte, Ciên cia e Cultura vislumbram-se bi ografias que ajudaram e seguem ajudando o Brasil a enfrentar seus desafios e incertezas. Na ca tegor ia Ciência Geral já houve dois premiados no campo da bi olog ia e dois no de física. São nomes que produziram densas contribuições para o desenvol vimento do país, como Isaias Raw, precursor da educação ci entífica e artífice da transforma ção do Instituto Butantan no maior centro nacional de produ ção de vacinas; Wanderley de Souza, parasitologista com mais de 400 artigos científicos publi cados em revistas internacionais; o ex-reitor da Unicamp e atual diretor científico da FAPESP Carlos Henrique de Brito Cruz, especialista em fenômenos ultrarápidos, laser e semicondutores; e Sérgio Mascarenhas, professor da USP e autor de descobertas dos bioeletretos e de novos mé todos de dosimetria e datação arqueológica. A massa crítica que adensou a respeitabil id ad e do prêm io contempla ainda intelectuais de primeira grandeza como o crí
tico Fábio Lucas e os escritores Ferreira Gullar e Lya Luft e ci entistas da área médica como o cirurgião Adib Jatene e o onco logista Ricardo Renzo Brenta ni, atual diretor presidente da FAPESP. Na categor ia Ciência Aplic ad a, a imp ort ânc ia dos laureados pode ser vista na me sa dos brasileiros. A fartura de cenoura, milho e café e a força do agron eg óc io têm uma dív id a com pesquisadores como Jairo Vid al, Luiz Carl os Faz uol i ou Magn o Ram al ho. Da mesm a forma, fez um justo reconheci mento a pesquisadores que pro duziram contribuições decisivas no estudo dos recursos hídricos e dos oceanos e na defesa da Amazônia, como é o caso de Aziz Ab’Sáber, de José Galizia Tundisi e de Aldo Rebouças. A FCW chegou a essa cole ção de grandes nomes graças a indicações feitas por 142 entida des do país e à ajuda de uma equipe de busca, for mada por profissionais de absoluta compe tência, que pesquisam currículos para apresentar à comissão julga dora, à qual cabe definir o ga nhador em cada área. Essa co missão é composta por membros indicados por oito entidades e
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ministérios parceiros do prêmio (veja o final desta edição com a lista dos jurados e o logotipo das parcei ras). Os vencedores de cada ca tegoria recebem um prêmio no valor de R$ 100 mil líquidos – o maior já conferido por uma ins tituição brasileira – e uma escul tura do artista plásticoVlavianos. Segundo informa a FCW, a par tir do próximo ano os prêmios terão substancial aumento. Entre maio e junho de 2007, 70 imagens de fotógrafos finalis tas do Prêmio FCW de Arte per maneceram expostas na 8ª Feira Internacional Del Libro de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia. O sucesso da iniciativa motivou o interesse para a participação da FCW em novos eventos interna cionais. Além de ultrapassar as fronteiras do país, a edição 2006 do Prêmio FCW de Arte buscou novos horizontes dentro do ter ritório nacional. Ao lado da tra dicional categoria Fotografia Pu blicitár ia, passou a contemplar também Ensaios Fotog ráficos Temáticos. O mote deste ano é o meio ambiente brasileiro. A pre miação está prog ramada para acontecer no Museu Nacional da República, em Brasília, no dia 17 de outubro. A escolha de Brasília PESQUISA FAPESP
Alberto Franco
Philip Fearnside
2003
PESQUISA FAPESP
LEO RAMOS MIGUEL BOYAYAN
Ferreira Gullar
FRANCISCO EMOLO/JORNAL DA USP
Dieter Muehe
LEO RAMOS
Lya Luft
EDUARDO CESAR
MIGUEL BOYAYAN
EDUARDO CESAR
César Victora
Jairo Vieira
EDUARDO CESAR
LÉO RAMOS ASCOM/INPA
Isaias Raw
MIGUEL BOYAYAN
Maria Inês Schmidt
ARQUIVO PESSOAL
Brito Cruz
DIVULGAÇÃO
MARCOS ESTEVES/EMBRAPA
EDUARDO TAVARES
MIGUEL BOYAYAN
Os vencedores em seis categorias entre 2003 e 2005
2004
Wanderley de Souza
Adib Jatene
Luiz Carlos Fazuoli
Fábio Lucas
José Galizia Tundisi
Aziz Ab’Sáber
2005
como sede da premiação não foi ocasional. A intenção é levar co mo referência à capital do país o conceito de eficácia social estabe lecido na missão da FCW. A partir de 2006 a Fundação passou a patrocinar também o Prêmio Almirante Álvaro Alber to de Ciência e Tecnologia, cri ad o em 1981, des at ivad o em 2000 e reativado em 2006 por conv ên io ent re a Fund aç ão Conrado Wessel e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CN Pq), um dos mais tradicionais do país. O prêmio de 2006 foi con cedido ao pesquisador Fernando Galembeck, da Universidade Es tadual de Campinas (Unicamp), que recebeu diploma, medalha e o montante de R$ 150 mil das mãos do presidente da Repúbli ca. O prêmio é concedido anu almente, em sistema de rodízio, entre três grandes áreas do co nhecimento: Ciências da Vida; Ciências Humanas e Sociais; e Ciências Exatas, da Terra e En genhar ias, esta última a área se lecionada este ano. A participa ção da FCW no prêmio com pleta seu esforço de apoiar a pesquisa, o talento e a integrida de cívica e intelectual do país. ■
ESPECIAL PRÊMIO CONRADO WESSEL 11
1.
1. Ganhadores ladeados por Antonio Bias Bueno Guillon (esq.) e Américo Fialdini Jr., respectivamente presidente do Conselho Curador e diretor presidente da FCW; 2. Diretoria da FCW e integrantes do júri; 3. (da esq. para dir.) deputado Vaz de Lima, presidente da Assembléia Legislativa, Américo Fialdini Jr., José Caricatti, diretor financeiro da FCW, e Brasília de Arruda Botelho, responsável pelo cerimonial; 4. (da esq. para dir.) Gwyn Richards, diretor da Jacobs School of Music da Universidade de Indiana, o ex-embaixador Sérgio Amaral, Arnaldo Cohen, Bárbara, esposa de Richards, Fialdini e Renata Fialdini, presidente da categoria Medicina; 5. (da esq. para dir.) conselheiros Reinaldo Nahas, Stefan Von Galen e José Álvaro Fioravanti; presidente Antonio Bias; diretor Sérgio Marchese; e conselheiro Lélio Ravagnani Filho; 6. Público durante a cerimônia
5. 12 ESPECIAL PRÊMIO CONRADO WESSEL
6. PESQUISA FAPESP
FOTOS FERNANDO SILVEIRA
3.
2.
4.
M úsica para
os vencedores Um recital do pianista Arnaldo Cohen, acompanhado do ■ jovem violinista Moisés Bonella Cunha, marcou a cerimônia de premiação dos vencedores do Prêmio FCW 2006 de Arte, Ciência e Cultura. Cohen, também professor da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, e Cunha, primeiro bolsista da FCW em música, tocaram PESQUISA FAPESP
para uma platéia de cerca de mil pessoas da Sala São Paulo, na capital paulista, no dia 4 de junho. Os dez vencedores, os integrantes do júri que fez a escolha final, pesquisadores, publicitários, fotógrafos, o Conselho Curador e os diretores da Fundação estiveram presentes. Veja nestas páginas alguns momentos da cerimônia. ESPECIAL PRÊMIO CONRADO WESSEL 13
ciência geral
D inamismo e
generosidade Sérgio Mascarenhas dissemina conhecimento e oportunidades na pesquisa e educação em física
Alg uns substant ivos relativos a determinadas disposições humanas de humor costumam ser insistentemente repetidos quando o físico Sérgio Mascarenhas, 79 anos feitos em maio passado, é o alvo de uma conversa. Entusiasmo, por exem plo. Ou dinamismo. Em parte porque ao longo de sua vida, como observa o empresário José Fernando Perez, 62 anos, tam bém físico e ex-diretor científi co da FAP ESP (1994-2005), Mascarenhas sempre tenha co locado “essas duas belas qualida des a serviço de duas iniciativas” que o distinguem de forma mu ito especial no meio da comuni dade científica: “a formação de pess oa l e a criaç ão de novos fronts institucionais” para o de senvolvimento da ciência no Brasil. “A área de física da Uni versidade de São Paulo (USP) em São Carlos, no final dos anos 1950, a Embrapa Instrumenta ção Agropecuár ia, no final da década de 1960, e a Universida de Federal de São Carlos (UFS
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Car), no começo dos anos 1970, são algumas das fundamentais criações institucionais de Mas carenhas”, resume Perez, até re centemente professor titular do Instituto de Física da USP em São Paulo. No ques it o for m aç ão de pessoal, é tão forte a vinculação do nome de Sérg io Mascare nhas à sua dimensão de educa dor que Vanderlei Bagnato, 48 anos, professor titular de física na USP de São Carlos, diz que conhecia sua fama muito antes de se tornar aluno da universi dade. “Moleque ainda, corren do pelas ruas da cidade, jogando bola, eu já ouvia falar do profes sor Sérg io Masc aren has e da unidade de física que estava se instalando na Engenhar ia.” Na verd ad e, Masc aren has chegara a São Carlos antes mes mo de Bagnato aportar no mun do. Em 1956 ele desembarcou na cidade com a mulher, a física Yvonne P. Mascarenhas, vindos ambos de seu amado Rio de Ja neiro natal, porque ele entende
14 ESPECIAL PRÊMIO CONRADO WESSEL
ra que naquele centro universi tário emergente teria uma chan ce de provocar o desenvolvi mento da física do estado sólido, ou física da matéria condensada, área incipiente no Brasil e muito distante do prestígio que desfru tava entre nós a física de partícu las, por exemplo – mas, em sua visão, absolutamente estratégica para o país. O jovem car ioca de Copacabana percebia, com uma clareza surpreendente para seus verdes anos,“que o futuro da so ciedade estava nos semicondu tores do estado sólido, aquilo que deu o transistor, e depois a explosão dos computadores”, disse ele numa longa entrevista que concedeu a Pesquisa FA PESP (edição 137, de julho de 2007), logo depois de ganhar o Prêm io Conr ad o Wess el. Na verdade, essa área da física está nos fund am ent os do mund o contemporâneo, porque ela é que está na base dos computa dores, da informática, da tecno logia da informação e das tele comunicações. PESQUISA FAPESP
por seu trabalho à frente do Cen tro de Pesquisa em Óptica e Fo tônica (Cepof), marcado por um forte caráter educativo e de di vulgação da ciência com a popu lação de São Carlos, a par da pes quisa de ponta que ali se faz. Tanta ênfase no lado edu cad or de Masc ar en has pode gerar a falsa noção de que a pesquisa científica em si não teve tanto peso em seu cami nho. Ao contrár io, ela sempre teve, principalmente a pesquisa exper imental, e, hoje ainda, a investigação que visa deter mi nados aperfeiçoamentos tecno lóg icos, em especial na área de física médica, ocupa muitas ho ras de seus dias. É cur ioso como o jovem que até os 15 ou 16 anos, segundo suas próprias re velações, parecia que iria se en caminhar mal na vida, tão avo ado e desinteressado dos estu
■
dos se mostrava, far ia anos de pois as descobertas dos bioele tretos e de novos métodos de dosimetria e datação arqueoló gica, entre outras, e estabelece ria col ab or aç ões importantes com alguns dos mais respeita dos físicos do século passado, como Lars Onsager, da Univer sidade Yale, ganhador do Prê mio Nob el por seu trab alho sob re efeit os fís ic os fora do equilíbrio.Vale a pena retomar aqui o que diss e com muit a graça o próprio Mascarenhas a esse respeito, na citada entrevis ta a Pesquisa FAPESP, depois de qual if ic ar Ons ag er como um cientista de “visão realmen te ampla, interdisciplinar”. “Ele fez umas equações, um
Mascarenhas: empenho na formação de pessoal e na criação de novos fronts institucionais
FOTOS MIGUEL BOYAYAN
Mal se instalara, Mascarenhas começou a pensar em abrir as portas dos laboratór ios de física para alunos que haviam acabado de entrar no curso ginasial. E tempos depois, no fim dos anos 1960,Vanderlei Bagnato foi um daqueles muitos meninos que fi caram fascinados com o universo excitante que o jovem professor descortinava, impelindo-os sua vemente para o mundo da pes quis a cie nt íf ic a. “E mais: ele transmitiu a idéia de quanto era necessário a comunidade acadê mica oferecer à comunidade lo cal algo de que é tão capaz, isto é, lhe dar ferramentas para desper tar a curiosidade, o interesse geral pelo conhecimento”, diz. Uma lição que, sem ter sido exatamen te discípulo de Mascarenhas, da do que se encaminhou para ou tro campo da física e fez só even tuais disciplinas com ele, Bagnato incorporou muito bem, a julgar
PESQUISA FAPESP
ESPECIAL PRÊMIO CONRADO WESSEL 15
Mascarenhas publicou com Onsager um dos raros trabalhos dele na área de transições de fase com aparecimento de campos elétricos. “Me orgulho muito disso, porque ele era muito bom e muito generoso. Há cientistas assim e há outros muito arrogan tes”, diss e. Ele man if est a, aliás, com grande freqüência o reconhecimento à generosidade alheia, quando toda sua vida pro fissional parece demonstrar que precisamente a generosidade sempre foi uma das marcas de sua prática. E isso, recorrendo ainda à mesma entrevista, em paralelo à “entrega à atividade intelectual incessante, incansável, pragmática em larga medida, junto com uma imaginação fervilhante, um bor bulhar de idéias sem fim”, que torna a biografia de Sérgio Mas carenhas “uma das mais ricas e multifacetadas na comunidade científica brasileira”. Sérgio Mascarenhas gra duou-se em química pela ■ Universidade Federal do Rio de
“Há cientistas generosos e outros muito arrogantes”, diz o físico, dono de uma das mais ricas e multifacetadas biografias da comunidade científica
modelo, que diz o seguinte: tu do o que acontece na vida co mum são estados de equilíbrio. E esses estados não levam a mu ita coisa porque não se tem ex cit aç õe s, flut uaç õe s fora do equilíbrio. Ele começou a ver que imp ort ant e na fís ic a era também o que saía do equilí brio. Isso vale para muito mais conceitos e situações, claro, mas Onsager conseguiu relacionar quantitativamente, pela primei ra vez, efeit os fís ic os fora do equilíbrio. Eu apliquei as equa ções dele para entender quanti tativamente aquele efeito que eu descrevera, e publiquei numa
revista famosa naquele tempo, Il Nuovo Cimento. As contas que fiz com a equação do Onsager bateram com a parte exper i mental. E quando Onsager viu o meu trabalho dando base real às equações dele, gostou muito. Quando apresentei o trabalho na Eur op a, ele foi de uma imensa gentileza. E eu, de re pent e, me vi sent ad o à mesa num hotel, na Suíça, explicando as equações de Onsager para Onsager! Nossa Senhora! Só mesmo brasileiro e car ioca! Ele calmo, quietinho, não ficou me lindrado.Acabei ficando grande amigo dele.”
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Janeiro (UFRJ) em 1951 e em física pela mesma instituição em 1952.Acumula doutoramento e pós-docs por grandes centros de pesquisa inter nacionais, entre eles Princeton, Harvard e Lon dres. No Brasil espalhava expe riências educacionais para além de São Paulo, mas voltava sem pre a São Carlos, onde hoje, professor aposentado da USP, pode-se contudo encontrá-lo tocando o Instituto de Estudos Avançados da mesma universi dade, elaborando a idéia de um grande portal de divulgação ci entífica, ou em andanças pelos laboratór ios de física, química e medicina, aperfeiçoando um de seus mais novos inventos, um aparelho para medir de for ma não invasiva a pressão intracra niana.Ativo sempre, voltado pa ra a ciência e com imensa preo cupação social. ■ PESQUISA FAPESP
ciência aplicada à água
O homem das
águas subterrâneas Aldo Rebouças garante que há solução para a seca do Nordeste
blicar o relatór io Bruntland – o primeiro documento a suger ir a inclusão do tema sustentabilida de na agend a de des envolv i mento dos países –, Aldo da Cunha Rebouças, um jovem geólogo formado pela Univer sidade Federal de Pernambuco, já alertava os órgãos públicos para o fato de que a má gestão e o uso inadequado da água com prom et er iam a qual id ad e da oferta do produto. Ao longo de mais de 40 anos de pesquisa, ele defendeu obsessivamente a pre miss a de que “o conc eit o de água abundante, inesgotável e gratuita, uma dádiva de Deus ou de qualquer outra figura cósmi ca, da Igreja ou de políticos, dos coronéis ou do homem, da na tureza”, era uma ficção obsoleta. Brandiu esse alerta diante de vár ios gover nos. No final dos anos 1960 e início de 1970, foi diretor da Bacia Escola de Hi drogeologia da Super intendên cia do Des envolv im ent o do Nordeste (Sudene). “Constatei que o problema do Nordeste PESQUISA FAPESP
MIGUEL BOYAYAN
Em 1962, um quarto de século antes de a Orga ■ nização das Nações Unidas pu
não é de seca, mas de cerca”, lembra. A reg ião tem uma im portante fonte de recursos hídri cos: a água subterrânea. Boa par te dessa água está proteg ida da evaporação e poder ia abastecer o dobro da população do Polí gono das Secas, que compreen de nove estados do Nordeste e o norte de Minas Gerais. “A água subter rânea está presente nos terrenos sedimentares e não pre cisa de nenhum tratamento es pecial, exceto a cloração”, expli cou em entrevista à Radiobras, em 1999. Esse potencial, no en tanto, é subaproveitado, apesar de as tecnologias de retirada dessa água serem relativamente sim ples e de baixo custo: basta uma
bomba manual ou cataventos movidos a energ ia eólica que custam entre R$ 200 e R$ 400. Um inventár io recente dos po ços já perfurados revelou, no en tanto, que cerca de 30 mil deles não estavam equipados para a extração de água. Uma das soluç õe s para o Nordeste, na sua avaliação, esta ria na construção de poços arte sianos inclinados, já que a região está localizada sobre uma fratura de rochas antigas, pré-cambria nas, de muito movimento. A outra, e a regra vale para todo o país, está na educação. “O cida dão brasileiro precisa ser infor mado ao máximo para utilizar de forma cada vez mais eficiente ESPECIAL PRÊMIO CONRADO WESSEL 17
cada gota d’água disponível, re duzindo-se os desperdícios nas grandes cidades onde ainda se utilizam bacias sanitárias que ne cessitam de descargas que con somem de 18 a 20 litros, quando se tem modelos no comércio que necessitam de apenas 6 li tros”, afirmou em entrevista ao Diário de Petrópolis, em 2003. Hoje Reb ouç as ass ist e perplexo ao debate sobre ■ a transposição do rio São Fran cisco. “Um absurdo”, como ele qualifica o projeto, movido por interesses políticos e pela velha rixa entre engenheiros – “que só se preocupam com a água que está acima do solo” – e geólogos – “que só se preocupam com a água subterrânea”. Sugere reite radamente que é preciso investir mais no homem e menos em obras: “Não adianta construir barragens se os homens não sa bem usá-las”, argumenta. Cita o exemplo de regiões em Israel e nos Estados Unidos, com o mes mo clima, e que são bastante prósperas. Para ele, a seca do Nordeste dever ia ser encarada como uma oportunidade.“Tudo que se planta no semi-árido dá, ele não é um solo pior para o cultivo que os outros.” Rebouças tem fundamenta do suas teses sobre hidrologia na hist ór ia da hum an id ad e. Em 2003 recorreu a esses dois argu mentos para criticar o governo de Luiz Inácio Lula da Silva que elegeu o programa Fome Zero como política prioritária de go verno, em detrimento de ações de democratização do sanea mento e acesso à água potável. “Há 25 mil anos a.C., pelo me nos, já se sabia que o uso cada vez mais eficiente da gota d’água disponível era a alternativa mais barata de combate à fome. Pare ce, todavia, que esta lição não foi aprendida até agora, à medida
que ainda se procura combater a fome com a distribuição de ali mentos, como fez a Coroa por tuguesa nas suas tentativas inici ais de colonização do Brasil”, escreveu na época. No mesmo texto invocava o Código Ha murabi, editado na Babilônia entre 1850 e 1750 a.C., como o primeiro documento a “definir o direito de uso da água por to do e qualquer indivíduo, pres crevendo estímulos às práticas consideradas adequadas e casti gos severos aos que infringissem essas condições”.
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Hoje, aos 70 anos, involunta riamente aposentado por doença, acha que o Brasil – contemplado pela natureza com a maior des carg a méd ia de água doce de todo o mundo: 34 mil metros cúbicos per cap it a/ano – não aprendeu a lição.“Aqui não falta água, falt a água boa. Tod as as águas estão contaminadas pelo esgotamento sanitário”, lamenta. “Assim, fica difícil explicar ao mundo de água escassa que até nas cidades mais importantes da reg ião amaz ôn ic a, tais como Manaus e Belém, quase metade PESQUISA FAPESP
EDUARDO CESAR
“Aqui no Brasil não falta água. Falta boa água”, diz Aldo Rebouças
das populações que aí vivem es teja sujeita aos mesmos proble mas de saneamento básico que ocorrem nas regiões metropoli tanas de Fortaleza, Recife ou São Paulo, por exemplo.” Vai ainda mais longe em suas crít ic as: “Est am os ■ perdendo tempo e enrolando o mundo, querendo que todos co loquem dinheiro aqui, quando tem um serviço público três ve zes mais caro do que lá fora, já que a corrupção domina”. E va ticina:“O país vai precisar sofrer PESQUISA FAPESP
o que estão sofrendo os países carentes de água para aprender”. A água foi objeto de suas te ses de mestrado e doutorado, na Universidade de Strasbourg, na França; e de pós-doutorado, na Universidade Stanford, nos Es tados Unidos. Nas suas andan ças pelo mundo, assistiu ao pri meiro seminár io patrocinado pela Unesco, em 1965, em Was hington, que resultou num pro grama mundial de estudos so bre as águas subter râneas. “Foi feito um balanço hidrológico e constatou-se que 30% da água
do planeta era subter rânea. O homem já tinha pisado na Lua e ainda não sabia o que havia sob os seus pés...” No início dos anos 1970, a nova descoberta fez a geologia “explodir” como a ciência do fu turo, tendo como meca a França. Rebouças estava lá, desenvolven do a tese de doutorado sobre a bacia Potiguar. “Mostrei que o projeto de desenvolvimento pa trocinado pelo Banco Mundial estava instalado na reg ião mais cara da bacia, sem nenhuma im portância do ponto de vista hi drológ ico. A reg ião cor reta, e mais barata, era a da Serra do Mel e de Serra Azul, onde estavam os minifúndios”, lembra. Em meados de 1970 o Nor deste “não lhe coube mais”. Já casado com dona Suzana e com três filhos, Rebouças transfer iuse para a Universidade de São Paulo (USP), onde realizou o que considera a sua maior con tribuição para a hidrologia bra sil eir a: desc reveu o aqüíf ero Guarani, um manancial de água doce subterrânea de proporçõ es gigantescas, localizado na re gião centro-leste da Amér ica do Sul, que se estende pelo Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina. “Descobri que o cristalino tem muita água”, resume, modesto. Até então a ciência descrevia apenas uma parte dessa imensa formação, o aqüífero Botucatu. A descoberta de Rebouças foi batizada pelo geólogo uruguaio, Danilo Anton, em memór ia dos povos indígenas da região. ■
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medicina
V astos
interesses
Pesquisas em temas variados e liderança acadêmica marcam a biografia de Ricardo Brentani
Em quase cinco décadas de carreira, o mé-dico e ■ pesq uis ad or Ric ard o Renz o Brentani produziu cerca de 150 a rt ig o s c ie nt íf ic o s e m revistas internacionais que evi denciam uma trajetór ia ir re quieta. Já no terceiro ano do curso da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), que concluir ia em 1962, Brentani assinou com o professor Michel Rabinovitch um artigo na revista Nature, so bre a atividade de uma enzima, a ribonuclease. Sob a liderança de Rabinovitch, que hoje é pro fessor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Brenta ni fazia parte de um grupo de jovens pesquisadores que ganha ria destaque no ambiente acadê mico, ao lado de Nelson Fausto, hoje professor da Universidade de Washington,Thomas Maack, que teve de deixar o Brasil em 1964 e fez carreira na Universi dade Cor nell, e Sérg io Henr i que Ferreira, professor da Facul dade de Medicina da USP em
Ribeirão Preto e ex-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). O início de carreira estudan do a estrutura e a atividade do RNA, então um campo novo da ciência, levou Brentani a interes sar-se por proteínas das membra nas celulares, como colágenos e lamininas. Esse interesse gerar ia um artigo seminal, publicado na revista Science em 1985, mostran do que receptores de laminina estavam presentes nas membra nas de estafilococos patogênicos. O estudo, escrito em parcer ia com José Daniel Lopes, mostrou pela primeira vez como a bacté ria Staphylococcus aureus deixava a circulação sangüínea para fazer abscessos a distância. Depois des se achado descobriu-se que ou tras bactérias e também protozo ários patogênicos usavam o mes mo mecanismo. A descoberta abriu caminho para a busca de novas estratégias de desenvolvi mento de drogas microbianas e quimioterápicas e recebeu 300 citações em outros artigos.
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Outros artigos marcar iam a carreira irrequieta do pesquisa dor, que nasceu em Trieste, na Itália, e radicou-se em São Pau lo na infância. Ele trata com ca rinho especial três artigos que ass in ou na Nat ur e em 1964, 1967 e 1997. Os dois primeiros, no campo da bioquímica, foram feitos em parcer ia com sua mu lher, a professora da FMUSP Maria Mitzi Brentani (um deles, aliá s, res ult ou de sua tese de doutorado, sob orientação de Isaias Raw, que provou a ação do nucléolo no processamento do RNA-mensageiro). O artigo mais recente tem entre os auto res a psiq uiat ra Hel en a Paul a Brentani, terceira dos quatro fi lhos do cientista, e trata de aspec tos da doença psiquiátrica causa da por príons, proteínas que se multiplicam como um ser vivo, que produz a doença incurável no cérebro conhecida como mal da vaca louca. A identificação de um receptor celular ligado à do ença da vaca louca foi o mote de outro artigo publicado em 1997, PESQUISA FAPESP
FOTOS EDUARDO CESAR
O cientista: cerca de 150 artigos em quase cinco décadas de carreira
esse em parceria comVilma Mar tins, uma das pupilas de Brentani no Instituto Ludwig. “O Bren tani é um pesquisador que per tence a uma categoria rara. Em vez de se enterrar num mesmo assunto a carreira inteira, como faz a maioria, teve a capacidade de descobrir problemas originais diversos para estudar e envolveu alunos e assistentes na busca por respostas”, define o professor Isa ias Raw.“Conheci-o ainda estu dante e ele já demonstrava uma notável capacidade de fazer pesquisa.” Os sinais da influência aca dêmica de Brentani vão muito além do elenco de papers que publicou. Em 1981 tornou-se o primeiro professor titular da Fa culdade de Medicina da Univer PESQUISA FAPESP
sidade de São Paulo e também do Brasil numa jovem especiali dade, a oncologia, e foi um dos principais artífices da criação do serviço de oncologia no Hospi tal das Clínicas de São Paulo. Responsável pelo Laboratór io de Oncol og ia Exper im ental, um dos 62 laboratór ios de in vestigação médica da faculdade, Brentani foi convidado por su cessivos diretores da FMUSP a presidir vár ias vezes a Comissão de Pesquisa da instituição. Na USP e à frente do braço brasileiro do Instituto Lud wig de Pesquisa sobre o Câncer entre 1982 e 2005, Brentani esti mulou o florescimento de uma geração de pesquisadores, entre os quais Roger Chammas, hoje pro
■
fessor do Departamento de Radi ologia da FMUSP, o epidemiolo gista Eduardo Franco, que traba lha na Universidade McGill, no Canadá, e a bioquímica Luiza Villa, sucessora de Brentani na di reção do instituto. Franco e Luiza coordenam o estudo longitudinal Ludwig/ McGill, um dos maiores já feitos sobre a infecção de HPV e câncer cervical em mulheres. “Se não tivesse vindo trabalhar conosco, talvez o Eduardo não ti vesse conquistado a realização profissional que obteve. A Luiza desenvolveu uma linha de pesqui sa que foi crucial para o desenvol vimento de uma vacina contra o papilomavírus que já está no mer cado e vai erradicar 5% dos tumo res que atingem os humanos”, orgulha-se Brentani.
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Brentani: habilidade em levantar problemas originais e coordenar equipes
No períod o em que o cien tista esteve à frente do Ludwig, o instituto dedicou-se intensi vam ent e a pesq uis as volt ad as para compreender as causas do câncer e identificar alvos de di agnóstico e intervenção tera pêutica. A parcer ia do Ludwig com o Hosp it al do Cânc er – Fund aç ão Ant ôn io Prud ent e, em cujas instalações o instituto func ion ou até rec ent em ent e, ajudou a alcançar marcos im portantes. No âmbito do Proje to Genoma Humano do Cân cer, uma rede de pesquisadores de 30 instituições liderados por Brentani conseguiu identificar, em menos de um ano, 1 milhão de seqüências de genes de tu mores mais freqüentes no Brasil e abriu caminho para a procura de novas formas de diagnóstico
e tratamento do câncer a partir do estudo de genes expressos. A partir de 1990, o cientista passou a dirigir também o Hos pital do Câncer, que, sob sua ba tuta, tornou-se um centro de re ferência internacional.“Eu acha va que o hospital devia ser mais que um hospital. Devia ser um centro de ensino e pesquisa. Em 1996 credenciamos uma pósgraduação no MEC.Trata-se do único hospital privado que tem pós na área no MEC.A primeira avaliação foi 4, a segunda 6 e a terceira 7, a nota máxima. Foi um dos dois com 7 na área médica”, diz o professor. “Essa visão de centro de ensino e pesquisa foi a redenção para o problema de re cursos. Hoje é um hospital finan ceiramente sadio.” Agora o co mando do hospital está a cargo de
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um executivo, mas Brentani se gue como diretor presidente do Conselho Administrativo. Em abril de 2005 assumiu o cargo de diretor presi ■ dente do Conselho TécnicoAdministrativo (CTA) da FA PESP. “É uma posição honrosa que representa o coroamento de uma carreira”, disse o pesquisa dor. Aposentado na USP desde o último dia 21 de julho, quando completou 70 anos, Brentani viu-se, depois de muito tempo, longe de laboratór ios. Mas não se queixa.“Passei minha carreira ajudando a formar pessoas e es timulando-as a prog redir. Não tem sentido, a essa altura, com petir com a cria”, explica.“Hoje prefiro me limitar a conversar com os garotos e dar palpites.”■ PESQUISA FAPESP
literatura
I ndependência ou morte
FOTOS MIGUEL BOYAYAN
Escritora Ruth Rocha valoriza a criança com senso crítico
Ruth Rocha: “Criança precisa aprender o valor da liberdade e do respeito”
“Emília começou uma feia bon eca de pano, ■ dessas que nas quitandas do in ter ior custavam 200 réis. Mas rapidamente evoluiu, e evoluiu cabritamente – cabritinho no vo – aos pinotes. E foi adqui rindo tanta independência que, não sei em que livro, quando lhe perguntam: ‘Mas que você é, afinal de contas, Emília?’, ela respondeu de queixinho empi nado:‘Sou a Independência ou Morte’. E é.Tão independente que nem eu, seu pai, consigo dominá-la”, desabafou Mon teiro Lob at o em cart a a um amigo. Pois é justamente essa “fer inha” a grande inspiração da escritora Ruth Rocha, au tora de 130 livros inf antis que já venderam mais de 12 milhõ es de exemplares e foram tra duzidos para 23 línguas, entre as quais hindu, chinês e grego. Tudo isso dist ribuíd o em 30 anos de car reira de muita coe PESQUISA FAPESP
rência. “A Emília me influen ciou para o resto da vida. Ela representa a força da irreverên cia, do humor, da independên cia. Quando escrevo histór ias, os valores que passo para as cri anças são meus valores. Tenho raiva de gent e aut or it ár ia e prezo a independência, a justi ça, a liberdade, o respeito pela criança e pelo país”, conta. Daí a sua felicidade em po der lembrar que,“mandada pe la Emília”, não se contentou com o final de seu maior su cesso, Marcelo marmelo martelo, em nome dessa coerência. “Ao ter minar a histór ia, ia fazer o personagem desistir, mas voltei atrás, pois pensei que não po dia acabar sem dar um toque de esperança para os leitores.” Outro grande prazer dessa “es critora espivetada” é, após ter total convicção do que escre veu, sentir os efeitos sobre as crianças. “Um dia, uma garoti
nha que tinha lido O reizinho mandão me encontrou e falou: ‘Eu era muito mandona, mas depois do livro eu mudei’. É muit o imp ort ant e a cria nç a aprender o valor do respeito, da liberdade”, avisa. Paulistana, cresceu na Vila Mar iana ouvin do as histór ias que lhe contava o avô, Ioiô, que ensinou à pe quen a Ruth o praz er de ler Mac had o de Ass is, Man ue l Bandeira, Cecília Meirelles e seu ídolo maior, Lobato. “Eu era uma menina introvertida, tímida, leitora compulsiva; mas, na intimidade, era expansiva, aleg re e eng raçada”, confessa. Por um “acaso do destino”, seu primeiro emprego foi na bibli oteca do Colég io Rio Branco, em São Paulo, onde o paraíso estava ao alcance de suas mãos, nas estantes. Leu e não parou: hoje tem uma biblioteca de 4 mil volumes.Tem também qua tro filhos e 18 netos.
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“Não acho que as crianças sejam tão felizes como os adultos acham”
A posição ocupada não pa recia condizer com a recémformada em sociologia e políti ca pela Univers id ad e de São Paulo (USP), mas foi determi nante na escolha da sua carreira. Como vivia cercada por crian ças, algo raro numa bibliotecá ria, a diretor ia da escola convi dou Ruth para ser orientadora pedagógica, que levou a jovem de volta para a academia, onde fez pós-graduação em orienta ção educacional na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), exercendo a nova profissão por 15 anos. O tempo foi precioso pa ra a futura escritora, pois ■ ens in ou a ela a efet ivam ent e entender as crianças a partir da perspectiva dos pequenos, e não do alto, como adulta.“Esse con tato foi fund am ent al para eu entender as crianças. Minha lin guagem se prende a um senti mento de grande solidar iedade
por elas.Acho mesmo que, em bora se venda por aí a idéia de que são felizes (e, efetivamente, passam por momentos de gran de aleg ria), sinto que elas não são tão felizes assim como os adultos pensam”, explica. “Elas se sent em imp ot ent es. Daí a identificação grande que sinto com as crianças, pois quando era pequena sentia um forte de sejo de liberdade, mas me sentia inc ap az e, logo, inf el iz. Isso, creio, acontece com as crianças também”, avalia.Assim o cuida do com o seu trabalho.“Tudo o que é feito para crianças de manda cuidado, embora a men sagem não precise ser transmi tida de for ma tão explícita. O autor tem de ter um veículo, ou seja, uma histór ia boa e verossí mil. Feito isso, ele pode tratar de qualquer tema”, avisa. Não sem razão, sua escola foi a imprensa. Em 1967 começou a escre ver artigos sobre educação para a revista Claudia e foi uma das
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criadoras da antológica Recreio, onde publicou, a partir de 1969, suas prim eir as hist ór ias. Foi promovida, dentro da Editora Abril, a diretora da divisão de infanto-juvenis e, em 1976, lan çou Marcelo marmelo martelo, so bre um menino que gosta de inventar nomes para as coisas. Quando transformado em livro, vend eu mais de 1 milhão de exemplares e continua um hit da seção de infantis das livrar ias. Em 1978, outro sucesso, O rei zinho mandão.“Com sua lingua gem lúdica, sua ironia e seu sen so crítico, Ruth passa valores ser iíssimos às crianças. Suas his tór ias abandonam a moral dos contos antigos e trazem verda deiras lições de vida”, elog ia a expecialista em literatura infan til Nelly Novaes Coe lho, da USP. “O trabalho de Ruth é um dos mais relevantes da lite ratura infantil no Brasil. Quan do a criança lê seu livro, repen sa sit uaç õe s que ocor rem na PESQUISA FAPESP
vida real e passa a reagir de for ma mais crítica a partir dos no vos val ores apres ent ad os por ela”, faz eco outra especialista do gênero, a professora Mar isa Lajolo, da Universidade Estadu al de Campinas (Unicamp).Afi nal, quantos autores podem se “gab ar” de ter cons eg uid o adaptar para a garotada a Odis séia, de Homero, fruto de três anos de pesquisa, e que vendeu 6 mil exemplares em 15 dias? Tanto cuidado com sua obra rendeu-lhe quatro ■ prêmios Jabuti, da Associação Paulista de Críticos de Arte, e o Monteiro Lobato, da Academia Brasileira de Letras, bem como teve seu nome incluído várias ve zes para o Hans Christian Ander sen, o “Nobel dos infantis”. Em especial, o que chama a atenção na literatura de Ruth é seu ma nejo impecável da linguagem, acertado na medida para seus lei tores. “Sua vasta produção or PESQUISA FAPESP
questra um diálogo interno cons tante, o que possibilita que seus livros sempre se renovem e se enr iq ueç am. O hum or, por exemplo, dessacraliza o texto, pa trocinando um olhar maroto ao tema”, nota Marisa Lajolo. Para a pesquisadora, Ruth traz a realida de de seu tempo para dentro da obra e, depois de deixar o leitor sorrindo, devolve a ele essa reali dade.“Mas, na operação de rir do narrado, o leitor já está crítico e lúcido.Transformado pela leitura divertida”, analisa. Isso está presente em Leila menina, O jacaré preguiçoso, A me nina que não era maluquinha, Mil páss ar os pelo céu, na sér ie das Aventuras de Alvinho, em Sapo vi ra rei, vira sapo e nos seus muitos outros originais, bem como nas histórias que reconta, incluindose mesmo a Flauta mágica, de Mozart, e os Músicos de Bremen, dos irmãos Grimm. Com toda essa exper iência, Ruth dá um conselho para os pais comprarem
livros para seus filhos, tomando cuidado com a grande “quanti dade de porcar ia que está no mercado”. “Leiam com senso crítico. História para criança não é bobagem, pois se está forman do uma mente. É preciso inspirar as crianças a ir mais longe, a cri ticar o que está errado. Há, por aí, muita história sem pé nem cabe ça, livros que ensinam confor mismo. Tomem cuidado com isso. É o futuro de seus filhos que está nessas páginas. Mas como ter adultos capazes de escolher livros com sabedor ia se eles mesmos não lêem?” Boa pergunta e que merece uma reflexão dos pais. Ruth já sabe a sua resposta. Per guntada se a Ruth criança gosta ria dos livros da escritora Ruth Rocha, não titubeia. “Adorar ia, pois, quando jovem, gostava des se estilo lobatiano, de histór ias eng raç ad as e ass er t ivas”, diz. “Minha literatura não traiu, não.” Ninguém duvida. E quem sou ber, que conte outra. ■
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ciência aplicada ao meio ambiente
O engenheiro da floresta
Sem olhar somente para as nuvens, Carlos Nobre tornou-se um dos mais combativos defensores da Amazônia
Em outub ro de 1975, com a hab it ua l voz ■ baixa e pausada, José Dion de Melo Teles, então presidente do Conselho Nacional de Desen volvimento Científico e Tecno lógico (CNPq), ligou para War wick Estevão Kerr e anunciou: “Está aqui um engenheiro do ITA que quer trab alhar na Amazônia”. Sempre acolhedor, à frente do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (In pa), Kerr ped iu: “Mand a ele para mim”. Formado pelo Ins tituto Tecnológico de Aeronáu tica (ITA), Carlos Affonso No bre tinha então 24 anos, gran des esperanças e um problema imediato para resolver: ar rumar roupa para viajar no dia seguin te a Manaus; como até aquele momento pensava em voltar do Rio no mesmo dia, não levara bagagem. Essa conversa o colocou em uma trajetór ia que não o levou só à Amazônia, já então sob in tenso desmatamento por causa dos projetos agropecuários apoi ados pelo gover no federal, mas o tornaria um dos maiores espe cialistas em Amazônia, respeitado
mundialmente – o trabalho cien tífico de Nobre é hoje essenci al para entender as relações en tre a floresta tropical e o clima, os impactos dos desmatamentos no clima reg ional e global e os impactos do aquecimento glo bal na Amazônia. Tempos depois, com o apo io de Kerr, ele se mudou para Cambridge, nos Estados Uni dos, para fazer doutorado em meteorolog ia com o reconhe cido Jule Char ney no Instituto de Tecn ol og ia de Mass ac hu setts (MIT). Teve de est ud ar muito sobre nuvens, chuvas e correntes de ar, mas não ficou só nos livros. Acompanhou as passeatas do movimento ambi entalista emergente e aprovei tou para assistir às palestras do c ie nt i st a p ol ít ic o N o a m Chomsky, cujos livros come çou a ler com avidez. “Chomsky me ajud ou a consolidar o conhecimento de como func ion am as rel aç õe s políticas e sociais no mundo”, conta ele. Foi também como descobriu que era de fato pos sível pensar politicamente com independência. Participou do
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movimento estudantil e era por demais crítico, o que lhe trouxe alguns problemas no ITA. Esse paul ist an o nasc id o em 1951 descobriu no meio do curso de engenhar ia eletrônica que gos tava mesmo era de fazer pesqui sa. Seu trabalho de conclusão de curso era um modelo matemático de dispersão de poluentes em São José dos Campos, a meio caminho entre São Paulo e Rio de Janeiro. Ao voltar do MIT, começou a trabalhar no Instituto Nacio nal de Pesquisas Espaciais (Inpe), também em São José dos Cam pos. Tentou, mas não se sentiu confortável nas roupas de pes quisador ambiental típico; difícil s a b e r s e f o i p o r t e r l i d o Chomsky ou, lá pelos 15 anos, o Primavera silenciosa, o livro de Rachel Carson que abriu os ol hos do mundo (e dele próprio) para a consciência ambiental ao mostrar como um inseticida, o DDT, não mat ava só ins et os, mas também outros animais, in clus ive o ser hum an o. Nob re merg ul hou ent ão nas leit ur as sobre a histór ia e as políticas de ocupação da Amazônia. PESQUISA FAPESP
FABIO COLOMBINI
“Acho que hoje leio mais sobre geopolítica do que so bre meteorolog ia”, comenta, exemp lif ic and o alg uns aut o res pref er id os: a geóg raf a Bert ha Becker, da Univers i dad e Fed er al do Rio de Ja neir o (UFRJ), o soc iól og o arg ent in o Edua rd o Viol a, da U n ive rs id ad e d e B r as íl i a (UnB), e o antropólogo Ro bert o Araúj o, do Mus eu Pa raens e Emíl io Goe ld i. Int e PESQUISA FAPESP
ress ad o por ciê nc ia s soc ia is, ainda que nem sempre se sin ta à vont ad e com os conc ei tos que podem levar para um lado ou para out ro, gost a tamb ém de convers ar com pesquisadores como o antro pól og o cub an o Emíl io Mo ran, profundo conhecedor da Amazônia brasileira que atu alm ent e lid er a um grup o de pesq uis a na Univers id ad e de Indiana, nos Estados Unidos.
As leituras, conversas, via gens, o trabalho e, claro, a visão de mund o próp ria de quem com eç ou a trab al har aos 14 anos e estudou em escolas pú blicas de per ifer ia fizeram de Nobre um dos mais combati vos defensores da Amazônia e respeitável crítico da política pública – ou da falta de políti ca, como ele diz – do governo fed er al para a maio r florest a brasileira.
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EDUARDO CESAR
“Um modelo de desenvol vimento capaz de efetivamente integ rar a Amazônia à econo mia nacional deve ser baseado em ciência e tecnologia, mas o governo federal ainda não acre dita que deva investir pesada mente na Amazônia”, comenta. Para ele, por trás dessa situa ção persistem resquícios de uma visão arcaica, segundo a qual a Amazônia seria apenas um espa ço a ser conquistado, em nome da soberania nacional, como há 30 anos – e não um espaço de riquezas e oportunidades de valor mundial que preservem a floresta. “Os 500 anos de exploração da Amazônia geraram apenas quatro produtos globais, a castanha, a borracha, o guaraná e o açaí”, ob serva.“Será que a Amazônia não pode oferecer mais e ser uma matriz de escala global?” Dotado da rara habilidade de apresentar os proble ■ mas ambientais em linguagem simples, Nobre às vezes cria ter mos – e encrencas. Em um estu do publicado em 1991 na revis ta Journal of Climate, ele lançou o termo savanização para descrever o que pode acontecer com a Amazônia em conseqüência do desmatamento e do aquecimen to global: a floresta alta, densa e úmida pode se transformar em outro tipo de floresta, menos densa, mais seca e menos rica em biodiversidade, como o Cerrado, um tipo de savana. Os especia listas em Cerrado se revoltaram: como um engenheiro ousa de preciar o Cerrado? Seu propósi to, evidentemente, não era pro vocar nem ofender, mas alertar para perdas que, a seu ver, po dem ser evitadas. Anos atrás, em um momento de autocrítica da ciência bra sileira, Nobre comentou na TV que os cientistas do Experimen to de Grande Escala da Bios fera-Atmosfera na Amazônia
Nobre, ao avaliar o desempenho da primeira fase do LBA: “Tínhamos a ilusão de que o conhecimento naturalmente se converteria em tecnologia”
(LBA), um programa interna cional de pesquisas que ele havia ajudado a planejar e a coordenar, haviam obtido muito conheci mento sobre a Amazônia, mas não sabiam como transformá-lo em políticas públicas para a re gião.“Tínhamos a ilusão de que o conhecimento naturalmente se converter ia em tecnologia”, diz. Reestruturado, o LBA co meça uma segunda fase no pró ximo ano e talvez consiga suprir essa deficiência. Em agosto, muitos anos de pois de se embrenhar pela flores ta por expedições de quase dois
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meses, medindo o fluxo de gás carbônico e de vapor d’água, Nobre esteve por uma semana no norte de Mato Grosso. Seu propósito era ver como andava o desmatamento. Gostou do que viu. Pela primeira vez, nas con versas e no campo, notou que o desmatamento ilegal começa a não ser mais socialmente aceito. “A floresta começa a ser tratada com mais respeito”, comentou Nobre enquanto segurava no colo uma quase-poodle preta à frente da casa em que vive com a esposa,Ana Amélia Costa, oito cães e oito gatos. ■ PESQUISA FAPESP
ciência aplicada ao campo
E scolha
acertada
MAGNO PATTO RAMALHO/UFLA
Magno Patto Ramalho participa do melhoramento genético do feijoeiro há mais de 30 anos
Planta de ciclo curto, o feijoeiro ideal tem alta produtividade, resistência a doenças e boas propriedades culinárias
De fala man s a, o m in e ir o M a gn o ■ Antonio Patto Ramalho con
ta que a escolha da profissão, feita por falta de opção, foi a decisão mais acertada da sua vida. “Hoje estou cada vez mais convicto de que apren demos a gostar das coisas”, diz o professor do curso de agro nomia da Universidade Fede ral de Lavras (Ufla), em Minas Ger ais, esp ec ial iz ad o em genética e melhoramento de plantas. Filho de pai ferroviá rio, constantemente transfer i do de cidade, Magno quer ia ser eng en heiro civ il, para construir fer rovias e ser um prof iss ion al bem-suc ed id o. PESQUISA FAPESP
Aos 15 anos, depois de vár ias mudanças, voltou para Ribei rão Vermelho, cidade ao sul de Minas onde nasceu, com cerca de 4 mil habitantes. Após ter minar o coleg ial em Lavras, mun ic íp io viz in ho, dec id iu estudar agronomia ali mesmo, já que não ti n ha como se manter em Belo Hor izonte para cursar engenhar ia civil. O caminho profissional de Magno Ramalho, hoje com 59 anos, casado e pai de dois filhos adultos, começou a ser traçado em 1968, quando es ta va no segundo ano da faculdade. “O professor de genética me disse que estava indo embora e que eu ficar ia no lugar dele”, con
ta. Alguns anos depois isso efe tivamente ocorreu. Logo após a formatura foi contratado em 1971 como auxiliar de ensino e começou a dar aulas, inicial mente de estatística. O profes sor de apenas 22 anos teve como primeiro desafio encarar uma turma com 180 estudan tes. Naquela época, eram pou cos professores para muitos alunos. Em pouco tempo rea lizou a profecia do antigo pro fessor e começou a dar aulas de genética na universidade. Pas sados 36 anos, Magno Rama lho já participou da formação de mais de 4 mil agrônomos. Em 1972, um ano após ser contratado pela universidade
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mineira, mudou-se para Pira cicaba, no inter ior de São Pau lo, para fazer o mestrado em agronomia genética e melho ramento de plantas pela Escola Super ior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Univer si da de de São Pau lo, onde também fez o doutorado. Ainda na graduação viu despertado seu interesse pela cultura do feijoeiro. “Escolhi o feijoeiro para meu trabalho de conclusão de curso porque é uma cultura de ciclo curto”, conta o professor. “Foi amor à primeira vista e desde então tenho trabalhado com melho ramento dessa planta.” Magno Ram al ho trab al hou com outras espécies durante curtos períodos de tempo, mas calcu la que 85% da pesquisa realiza da nesses anos todos tem como tema o feijão. O foco principal do melhoramento genético, área de sua pesquisa, é aumen tar a produtividade da cultura. “Para isso precisamos de culti vares tolerantes ao estresse bió tico causado por agentes pato gênicos”, relata. Nas três últimas déca das part ic ip ou ativa ■ mente do processo de redu ção de dan os provoc ad os pelas doenças, com expressi vos avanços. “Inúmeras linha gens de cultivares resistentes a uma ou mais raças de deter minado patógeno foram obti das, mas a vid a útil dess as linhagens é efêmera e logo aparecem novas raças exig in do a substituição da cultivar”, diz. Ramalho ressalta que esse é um trabalho conjunto, feito por um pe queno gru po de melhor istas que tem dedica do a vida a isso. Por essa razão acredita que o prêmio recebi do por ele é tam b ém um reconhecimento ao trabalho dos colegas.
Magno Ramalho acompanha no campo o resultado dos melhoramentos feitos na cultura do feijoeiro
Além do trabalho com os patógenos, com a introdução do feijão-car ioca, o pesquisa dor e outros melhor istas deram início à seleção para obter vár i os tipos de feijão semelhante ao car ioca, porém mais produ tivos que o original.“O melho ramento é uma acumulação de vantagens, vamos sempre acres centando alguma coisa nova”, diz. Isso re sul tou em no vas linhagens surg idas nesses 30 anos que o feijão-car ioca está no mercado. A busca é sempre por linhagens que associem alta prod ut iv id ad e, res ist ênc ia a inúmeras doenças, cor de grãos dentro do padrão comercial e
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boas propriedades culinár ias. “Para conseguir um feijão com pad rão com erc ia l, exist em muitas dificuldades a serem ultrapassadas”, relata o pesqui sador. Apenas com a cor do grão existem pelo menos 18 genes descritos. Isso significa que quando se cruza uma linha gem car ioca com outra de padrão de cor diferente, o pre to por exemplo, para recuperar uma out ra lin hag em com padrão car ioca, é necessár io manusear alguns milhares de plantas, pois a probabilidade de se concentrarem todos os alelos (genes que determinam PESQUISA FAPESP
e atendimento a agricultores. “O contato com os agriculto res é essencial para os melho ristas, significa a oportunidade de identificar problemas que pod em ser res olv id os pelo mel hor am ent o gen ét ic o”, relata.
ÂNGELO ABREU/UFLA
O livro Genética na agro pecuária, de autor ia de ■ Ramalho em parceria com
características) favoráveis à cor desejada é muito pequena. Durante um curto período, de 1979 a 1981, esteve afastado da universidade, mas manteve o vínculo. Foi quando, a con vite, ocupou o cargo de chefe adjunto técnico da Embrapa Milho e Sorgo, em Sete Lago as, Mi nas Ge rais. “Foi uma exper iência muito boa, que me permitiu entender melhor o agron eg óc io e as vár ia s nuances das pesquisas em um país da di men são do Bra sil”, diz o pesquisador. Em 1982 voltou para a universidade e envolveu-se definitivamente com o ensino de genética. Em PESQUISA FAPESP
1986 participou da criação do programa de pós-graduação da Ufla, que já titulou cerca de 300 mestres e douto res em gen ét ic a e mel hor am ent o. Desses, pelo menos 70 mestres e 20 doutores foram orienta dos por Rama lho, que tam bém foi coordenador do pro grama entre 1988 e 1993. “Em todo o lugar do Brasil que eu vou encontro um ex-aluno”, diz o professor. “Isso significa que ajudei a for mar alguém, dar um rumo na vida.” A extensão universitár ia também sempre esteve presente em sua vida profissional, por meio de palestras, dias de campo, visitas
João Bosco dos Santos e César Augusto Pereira Pinto, está na terceira edição e é utilizado em quase todos os cursos de ciências agrárias do Bras il. Ent re as vár ia s ativ id ad es administrativas que tomou par te destacam-se o cargo de pre sid ent e reg ion al de Min as Gerais da Sociedade Brasileira de Genética, de membro do comitê assessor da Coordena ção de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Ca pes), do Ministér io da Educa ção, e de membro da Comis são Técnica Nacional de Bios seg ur anç a (CTNBio), do Ministér io da Ciência e Tec nolog ia. Preside atualmente a Sociedade Brasileira de Melho ramento de Plantas, associação que ajudou a criar em 1993, e também é membro do comitê assessor de agronomia do Con selho Nacional de Desenvolvi mento Científico e Tecnológico (CNPq). “Minha luta é para que os órgãos de fomento per cebam que o melhoramento convencional não pode acabar, porque a sociedade humana sempre viveu em função dis so”, diz Ramalho. “As técnicas biotecnológicas modernas são uma ferramenta adicional, mas a sele ção de plan tas foi, é e continuará sendo a principal força que a sociedade tem para moldar as plantas e os animais, visando atender os seus inte resses de alimentos, fibras, fru tos e medicamentos.” ■
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1º
Foto publicitária 1º lugar Tim: viver sem fronteiras, de Gustavo Lacerda 2º lugar Abraço, de Ricardo de Vicq
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PESQUISA FAPESP
2º
arte
M elhores fotos Nestas duas páginas é possível ■ ver as fotos vencedoras do Prêmio FCW de Arte 2006, categoria Foto Publicitária. Gustavo Lacerda ganhou com Tim: viver sem fronteiras, da agência Lew Lara. O segundo lugar ficou com Ricardo de Vicq, com Abraço, da agência PESQUISA FAPESP
TBWA/BR. Nas quatro páginas seguintes estão os Ensaios Fotográficos. O primeiro lugar é de Tiago Santana, com O chão de Graciliano, e o segundo ficou com Julio Bittencourt, com o trabalho Numa janela do edifício Prestes Maia 911. Os ganhadores dividiram um prêmio de R$ 286 mil. ■ ESPECIAL PRÊMIO CONRADO WESSEL 33
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Ensaio fotográfico 1º lugar O chão de Graciliano, de Tiago Santana
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Ensaio fotográfico 2º lugar Numa janela do edifício Prestes Maia 911, de Julio Bittencourt
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I nstituições P arceiras
da
FCW
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP Ligada à Secretar ia de Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Tur ismo, é uma das principais agências de fomento à pesquisa científica e tecnológica do país. Des de 1962 a FAPESP concede auxílio à pesquisa e bolsas em todas as áreas do conheci mento, financiando outras atividades de apoio à investigação, ao intercâmbio e à divul gação da ciência e tecnologia em São Paulo.
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Capes Fundação vinculada ao Ministér io da Educação, tem como missão promover o desen volvimento da pós-graduação nacional e a formação de pessoal de alto nível, no Brasil e no exter ior. Subsidia a formação de recursos humanos altamente qualificados para a docência de grau super ior, a pesquisa e o atendimento da demanda dos setores público e privado.
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq Fundação vinculada ao Ministér io da Ciência e Tecnologia (MCT), para apoio à pesqui sa brasileira, que contribui diretamente para a formação de pesquisadores (mestres, dou tores e especialistas em vár ias áreas do conhecimento). Desde sua criação, é uma das mais sólidas estruturas públicas de apoio à ciência, tecnologia e inovação dos países em desen volvimento.
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC Fundada há mais de 50 anos, é uma entidade civil, sem fins lucrativos, voltada principal mente para a defesa do avanço científico e tecnológico e do desenvolvimento educacio nal e cultural do Brasil.
Academia Brasileira de Ciências – ABC Sociedade civil sem fins lucrativos, fundada em 3 de maio de 1916, tem por objetivo contribuir para o desenvolvimento da ciência e tecnologia, da educação e do bem-estar social do país. Atualmente reúne seus membros em dez áreas: Ciências Matemáticas, Ci ências Físicas, Ciências Químicas, Ciências da Terra, Ciências Biológicas, Ciências Biomé dicas, Ciências da Saúde, Ciências Agrár ias, Ciências da Engenhar ia e Ciências Humanas.
Academia Brasileira de Letras – ABL Fundada em 20 de julho de 1897 por Machado de Assis, com sede no Rio de Janeiro, tem por fim a cultura da língua nacional. É composta por 40 membros efetivos e perpé tuos e 20 membros correspondentes estrangeiros.
Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial – CTA Criado na década de 1950, é uma organização do Comando da Aeronáutica que tem como missão o ensino, a pesquisa e o desenvolvimento de atividades aeronáuticas, espa ciais e de defesa, nos setores da ciência e da tecnologia.
JÚRI DOS PRÊMIOS FCW CIÊNCIA GERAL
INSTITUIÇÃO DE ORIGEM
Erney Plessmann Camargo – Presidente do Júri CNPq Alejandro Szanto de Toledo USP Gerhard Malnic USP Isaac Roitman Min. da Ciência e Tecnologia Marco Antonio Sala Minucci IEAv Osvaldo Augusto Brazil Esteves Sant’Anna Instituto Butantan Walter Colli USP
PARCEIRA QUE INDICOU
FCW FAPESP CNPq Min. da Ciência e Tecnologia CTA SBPC ABC
CIÊNCIA APLICADA À ÁGUA José Galizia Tundisi – Presidente do Júri IIE Eric Arthur Bastos Routledge Seap/PR José Almir Cirilo UFPE Mônica Ferreira do Amaral Porto USP Ricardo Hirata USP Sergio Antonio da Conceição Freitas IEAPM
FCW Sec. de Aqüicultura e Pesca CNPq FAPESP SBPC Marinha do Brasil
CIÊNCIA APLICADA AO CAMPO Jorge Almeida Guimarães – Presidente do Júri Capes Armando Bergamin Filho Esalq/USP Ernesto Paterniani Esalq/USP Félix Humberto França Embrapa Joaquim José de Camargo Engler FAPESP José Oswaldo Siqueira UFLA José Roberto Postali Parra Esalq/USP
FCW CNPq SBPC Ministério da Agricultura FAPESP Capes ABC
CIÊNCIA APLICADA AO MEIO AMBIENTE Carlos Alberto Vogt – Presidente do Júri Adalberto Luis Val Bráulio Ferreira de Souza Dias
FAPESP e Unicamp USP Ministério do Meio Ambiente
FCW ABC Ministério do Meio Ambiente
UFRJ Ibama IEA/USP USP
Capes CNPq FAPESP SBPC
Fabio Rubio Scarano Marcus Luiz Barroso Barros Umberto Giuseppe Cordani Vera Lucia Imperatriz Fonseca
MEDICINA Renata Caruso Fialdini – Presidente do Júri FCW Erney Felicio Plessmann de Camargo CNPq Moacyr Scliar ABL Moisés Goldbaum Ministério da Saúde
FCW FAPESP ABL Ministério da Saúde
LITERATURA Celita Procopio de Carvalho – Presidente do Júri FCW Alfredo Bosi IEA/USP Benjamin Abdala Jr. USP Carlos Alberto Ribeiro de Xavier Ministério da Educação Carlos Alberto Vogt FAPESP e Unicamp Domício Proença ABL Elmer Cypriano Barbosa Fundação Biblioteca Nacional Marisa Philbert Lajolo Unicamp
FCW CNPq Capes Ministério da Educação FAPESP ABL Ministério da Cultura SBPC
cronograma da premiação 2007
Prazo para recebimento das indicações pela FCW
29 de fevereiro de 2008
Preparação dos dossiês dos indicados
Março de 2008
Julgamento e escolha dos premiados
Março e abril de 2008
Divulgação dos trabalhos
Abril de 2008
Premiação
2 de junho de 2008
Fundação Conrado Wessel www.fcw.org.br